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Semana de Letras 2008  Universidade Estácio de Sá –  campus Millôr Fernandes PALESTRA:  “Diálogos possíveis: letras e telas de Angola, Cabo Verde e Moçambique” Por: Ricardo Silva Ramos de Souza (Ricardo Riso)* Dia: 04/11/2008 – às 21h * Autor do blog  http://ricardoriso.blogspot.com  e integrante do Conselho Editorial da revista acadêmica África e Africanidades – http://www.africaeafricanidades.com
APRESENTAÇÃO Esta apresentação de literaturas e artes plásticas de Angola, Cabo Verde e Moçambique pretende contribuir para a divulgação dos artistas desses países, distanciando-se do que se entende como arte africana e questionando o conceito singular das artes no continente africano.  A seleção buscou trabalhos que representam a diversidade, a multiplicidade e o hibridismo nas linguagens artísticas, que, de certa maneira, traduzem as indefinições e as incertezas de um mundo globalizado regido por um neoliberalismo claudicante, cada vez mais próximo do caos. Para isso, enfatizamos, na maior parte, a produção realizada nas últimas três décadas, período em que as estéticas vanguardistas e temas universais solidificam esses artistas, porém, sem abandonar as propostas do outrora.  Esta breve amostragem procura estimular a percepção de que a produção contemporânea em relação à história recente dos três países, intercala uma crítica voraz, em alguns momentos irônica, e por vezes sarcástica diante das irrealizações prometidas pelos governantes, sem esquecer os sonhos e o lirismo para amenizar a difícil vivência do cotidiano. O que foi dito até aqui será evidenciado nas obras angolanas pós-1980. Nelas, o desencanto predomina no poema de João Tala e em algumas obras de Antonio Olé. Por outro lado, Ondjaki e Fernando Kafukeno relêem as lembranças da tenra idade para reconstruir poeticamente a história. Já Jorge Gumbe e Van procuram recriar a memória esgarçada por séculos de opressão, enquanto E. Bonavena e José Luís Mendonça escrevem versos com metáforas surreais e insólitas chamando a atenção do absurdo da situação atual.  De Cabo Verde, não poderia faltar a produção poética da geração da revista  Claridade , ora em diálogo com a insularidade em Jorge Barbosa e Bela Duarte, ora contrapondo temas como a evasão e a emigração em Manuel Lopes e Abraão Vicente.
Destacamos, também, o momento de afirmação da cabo-verdianidade em Ovídio Martins e Manuel Figueira e o cantalutismo de David Hopffer Almada e o já citado Manuel.  Até chegarmos nas décadas de 1990 e 2000 com a valorização das minorias marginalizadas na voz feminina de Dina Salústio e Vera Duarte e nas telas de Tchalê Figueira e José Maria Barreto. Além do expressionismo ensolarado, colorido e dançante das telas de Kiki Lima. Em Moçambique, José Craveirinha e Malangatana Valente, cânones que transcendem as artes, homens símbolos no processo de independência do país, estão presentes com seus trabalhos de intenso e histórico diálogo. A multiplicidade das culturas que formam o país e o profundo mergulho no eu lírico de Eduardo White e Luís Carlos Patraquim, serão sentidos em belos poemas que trilham a linha tênue entre poesia e prosa. Assim como os celebrados textos de Mia Couto que passeia com mestria por diversos gêneros, mantendo a ousadia lingüística e o comprometimento com o lírico.  Nas obras de Roberto Chichorro e Naguib, encontraremos o intenso trabalho de memória e reconstrução do passado em telas carregadas de sonhos poéticos de fascinante exaltação à vida. Esperamos com esta pequena relação de artistas, humildemente, colaborar com o rompimento de estereótipos fabricados pela grande mídia, que menospreza tudo o que se relaciona à África, que a trata não como um continente com diversas etnias, mas como um só país de um único povo, detentor de uma cultura “inferior” e “primitiva”. Diante da qualidade dos trabalhos e textos dos artistas aqui expostos, torcemos para que as letras e telas de Angola, Cabo Verde e Moçambique mereçam maior destaque no meio acadêmico e uma ampla visibilidade com o público em geral.  Ricardo Riso
Angola: incerteza, desencanto, distopia, ironia, memória, oralidade, sonhos esgarçados
Paula Tavares, José Luís Mendonça, João Melo, E. Bonavena, João Tala, Fernando Kafukeno e Ondjaki são alguns dos principais nomes da recente produção literária angolana.  Todos esses poetas, nascidos entre 1955 e 1965, compõem a “geração das incertezas” em definição do crítico literário e também poeta, Luís Kandjimbo (SECCO, 2006, p. 94). Tal geração é posterior à “geração do silêncio” dos anos 1970, reveladora de nomes como David Mestre, Arlindo Barbeitos e Ruy Duarte de Carvalho. Essa geração era “ voltada para a redescoberta ética e estética da palavra poética (...), tendo-se caracterizado pela consciência crítica em relação ao ato de escrever (...). O poema passou a ser, desse modo, o lugar de encontro do poeta consigo mesmo, o local, portanto, da descoberta existencial, política e literária. Nesse sentido, deu passagem à poética dos anos 1980, que radicalizou, em vários aspectos, as conquistas estéticas da década de 1970, diferenciando-se dela, contudo, por não adotar a práxis do silêncio.” (SECCO, 2006, p. 93-94) A década de 1980 representa o período de desilusão com a utopia revolucionária de um país independente, causada, dentre outros fatores, pela guerra civil iniciada em 1977, entre MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola, o principal partido na luta contra o colonialismo e liderado pelo poeta Agostinho Neto) e a UNITA (União Nacional para a Libertação Total de Angola, oposicionista e sob o comando de Jonas Savimbi, apoiado pela África do Sul e contrário ao regime socialista imposto em Angola). Com isso, o desencanto, que se estende aos poetas revelados nos anos 1990, leva a poesia a ter, “ como traço marcante, a temática da decepção e da angústia diante da situação de Angola, que ainda não resolveu completamente a questão da fome e da miséria. As dúvidas em relação ao futuro interceptam as possibilidades entreabertas pelos ideais libertários dos anos 60, e a poesia se interioriza, não se atendo explicitamente às questões sociais”. (SECCO, 2006, p. 94)
Replanejar o país, repensar a poesia e valorizar a cidadania são algumas das atitudes assumidas pelos novos poetas no período pós-colonial que, segundo Carmen Lucia Tindó Secco: “ Muitos dos poetas da poesia angolana das últimas décadas fazem de seus poemas lugares de novas memórias pelas quais buscam repensar o cotidiano da sociedade, refletindo sobre a persistência das tradições, a fragilidade das mudanças sociais e as novas formas de relações humanas existentes nos tempos atuais. Transformam, desse modo, suas composições poéticas em locais políticos, onde o amor, os sonhos e a amizade surgem como alternativas críticas para libertar o pensamento e os sentimentos de cada cidadão dos paradigmas partidários utópicos e fechados, característicos dos tempos regidos por um ethos revolucionário.” (SECCO, 2007, p. 160) Paula Tavares, a única poetisa selecionada, representa uma renovação na poesia angolana, que, segundo Inocência Mata aparece com “uma escrita em que a voz da mulher se fazia ouvir na sua individualidade, na sua feminilidade, na sua corporalidade, mesmo utilizando os mesmos ‘materiais’, tanto substanciais (os elementos da natureza e da sociocultura angolanas) e formais (os recursos da linguagem) dos ‘consagrados’, aqueles que, pela escrita, nos fizeram imaginar a comunidade pela figuração simbólica do elemento feminino como matriz do nacional, da concertação e da força comunitária vital. É, pois, a partir desses sinais de inflexão literária que gosto de pensar o ‘local da cultura’ de ‘Ritos de Passagem’: é que não descurando a dimensão comunitária, ‘Ritos de Passagem’ anuncia uma busca individual, mais íntima e sonhadora, mesmo quando sua preocupação última é coletiva” (TAVARES, p. 9) Enquanto Ondjaki, o único nascido com o país independente, já é há algum tempo um nome consolidado da nova literatura angolana. Seus textos em poesia, romances e contos geralmente enveredam pelos caminhos intermináveis e férteis da memória. Ao recorrer às lembranças da tenra idade, conduz-nos a uma escrita
sensível, comovente e sonhadora, entretanto, isto não quer dizer que seja passível aos problemas sociais e políticos de seu país estimulados pelo fim das utopias e engolidos pela ganância inescrupulosa do capital estrangeiro, com a conivência de uma elite submissa e corrupta. Ricardo Riso BIBLIOGRAFIA: MATA, Inocência. Passagem para a diferença. In: TAVARES, Paula.  Ritos de Passagem.  Lisboa: Caminho, 2007. Coleção Outras Margens, 71. p. 7-13. SECCO, Carmen Lucia Tindó. Sendas de sonho e beleza (algumas reflexões sobre a poesia angolana de hoje). In: CHAVES, Rita; MACEDO, Tânia (ORG).  Marcas da diferença : as literaturas africanas de língua portuguesa. São Paulo: Alameda, 2006. p. 93-104. SECCO, Carmen L. T. R. A poesia angolana atual e a procura por outras formas de politização. In: CHAVES, Rita; MACEDO, Tânia et alli. (orgs).  A kinda e a missanga : encontros brasileiros com a literatura angolana. São Paulo: Cultura Acadêmica; Luanda: Nzila, 2007.
“ As mesmas palavras largadas ao chão cheias de   [caminhos. As mesmas palavras esquecidas largadas nos   [caminhos. Palavras boçais repletas de tempestades. Palavras insatisfeitas repetidas nos comícios febris palavras convulsivas palavras complicadas palavras vazias destemperadas incertezas; o tédio das palavras muitas palavras! Todas essas palavras como nos ofuscaram ninguém mais se lembra. Esquecemo-las nos   [comícios. Nunca mais lhe daremos o valor da palavra   [humana com nossas vidas lidas nos comícios. Nunca mais.” (TALA, João.  Lugar Assim.  Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2004. p. 29)
Desintegrações II   – Antonio Ole Técnica mista s/tela. 2004. http://www.artafrica.info/html/artistas/artista.php?ida=143
Tudo escorre! Na crista da onda, a loucura por excelência. Escorre este oceano de dor, o verdugo, o inocente, gatunos e vândalos, escorre a mentira nas línguas putrefactas, a ordem no canhão, o rancor, as lágrimas, a solidão, a exaltação do mal em medalhas de bronze da ignomínia, escorre a chacina no Bié. Escorrem na capital os dinheiros em bolsos sem fundo, as palavras em líricas gargantas cacarejantes no Huambo, a escuridão de ovos metálicos que explodem, a densidade, o grito abafado da luz. Uma pátria sem rosto, de corpo dilacerado, se levanta sonâmbula entre os monstros divinizados que a dividem.   (Bonavena, E.  Os limites da luz.  Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003.   p. 58-59)
Sem Título  -  Fernando Alvim http://www.artafrica.info/html/artistas/artistaficha.php?ida=106
Nos dias em que o céu não estava tão escuro, eu gostava de imitar as lesmas do meu jardim, e deitar-me ali mesmo ao sol. Lá na cozinha, o camarada António fazia barulho com os pratos e com os copos, ele sempre demorava muito tempo a lavar a loiça. Esse barulho é que acostumava me adormecer. “Menino, acorda então... Faz mal ficar com a cabeça ao sol... Depois a mãe vai ralhar com o menino...”, ele gostava de dizer. “Mas já passou quanto tempo, António?... Ainda nem adormeci um bocadinho...”, eu queria refilar. “Ê menino!, passou mais de vinte minuto...” Acordei com os pingos da chuva a me bombardearem as pernas e as bochechas. De repente, começou a cair uma carga d’água daquelas valentes. Fui pra baixo do telheiro e fiquei a ver a água cair. Lembrei-me imediatamente do Murtala: na casa dele, quando chove, só podem dormir sete de cada vez, os outros cinco esperam todos encostados na parede onde há um tectozinho que lhes protege. Depois é a vez dos outros dormirem, assim mesmo, juro, sete de cada vez. Sempre que chove de noite, o Murtala, no dia seguinte, dorme nos três primeiros tempos. Ao ver aquela tanta água, lembrei-me das redacções que fazíamos sobre a chuva, o solo, a importância da água. Uma camarada professora que tinha a mania que era poeta dizia que a água é que traz todo aquele cheiro que a terra cheira depois de chover, a água é que faz crescer novas coisas na terra, embora também alimente as raízes dela, a água faz “eclodir um novo ciclo”, enfim, ela queria dizer que a água faz o chão dar folhas novas. Então pensei: “Epá... E se chovesse aqui em Angola toda...?” Depois sorri. Sorri só. Ondjaki.  Bom dia camaradas.  Rio de Janeiro: Agir, 2006. p. 136-137.
Sem Título - Antonio Ole -  Fotografia. http://www.artafrica.info/html/expovirtual/expovirtual.php?ide=1
Tinha sido nomeado, há menos de um ano, administrador de uma subsidiária da companhia estatal de petróleo, o que o catapultou, definitivamente, para o reduzido e fechado círculo que comanda os destinos do país, com toda a justiça, aliás; (...) Detalhe: aparentemente, e falando curto e grosso (vocês já me conhecem, não é?), ele não tinha grande  breine  para ser administrador de porra nenhuma, quanto mais dessa empresa em que o colocaram, mas um extraordinário acaso tornou possível o que ainda hoje muitos consideram inacreditável. O facto é que, um dia qualquer, (...) reencontrou um amigo de infância que não via praticamente desde a independência e que, segundo ele sabia, se tinha tornado uma das pessoas mais influentes do país.  (MELO, João. Uma estória canina. In:  The serial killer e outras estórias risíveis ou não.  Lisboa: Caminho, 2004.   p. 22-23) O Doutor Chico, em vez de dirigir convenientemente a ELMA, U.E.E., como rezam os manuais de gestão da coisa pública (pelo menos desde que o capitalismo, nos principais centros, se civilizou), utilizou o seu cargo de director-geral, desde o primeiro dia, para resolver os inúmeros problemas pessoais, ou seja, para se safar, como costuma afirmar o já várias vezes mencionado povo em geral. É por isso que, a partir de uma dada altura, quando a roubalheira passou a ser feita às escâncaras, isto é, quando a gestão se transformou, digamos assim, em simples “mamação”, os trabalhadores o apelidaram de “Chico Mamão” (o que, obviamente, não tem nada a ver com a fruta homônima). (...) De igual modo não apontarei o meu dedo acusatório aos variados indícios do seu espantoso, gradual e consistente enriquecimento nos últimos dez anos.  (MELO, João. O rabo do chefe. In:  The serial killer e outras estórias risíveis ou não.  Lisboa: Caminho, 2004. p. 34-35)
CCCP - Yonamine Óleo s/tela. 190 x 190 cm. 2005.
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os mortos não dormem os mortos não dormem são quissanjes de profundos teclados em repouso atravessam levemente o rio  da eternidade e a sua voz levita e é o  maximbombo de um certo munhungo extraterrestre discam os signos da noite nas grandes mansões em que sonhamos os mortos não dormem caminham connosco vivendo a vida que esquecemos. (MENDONÇA, José Luís.  Um canto para mussuemba.  Lisoba: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. p. 30)
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As coisas delicadas tratam-se com cuidado. Filosofia Cabinda desossaste-me cuidadosamente inscrevendo-me no teu universo como uma ferida uma prótese perfeita maldita necessária conduziste todas as minhas teias para que desaguassem nas tuas sem remédio meio pulmão respira em ti o outro, que me lembre mal existe   Hoje levantei-me cedo   pintei de tacula e água fria   o corpo aceso   não bato a manteiga   não ponho o cinto VOU   para o sul saltar o cercado luanda, 1984 (TAVARES, Paula.  Ritos de Passagem.  Lisboa: Caminho, 2007. p. 54)
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Papagaios de papel meu papagaiouééé!... deu atum... deu atum... deu atum... e os ndengues na berrida solidária pelos becos do musseque olhando o papagaio de papel que esvoaça meu papagaiouééé!... deu atum... deu atum... deu atum... e os ndengues regressam suados só com a imagem do papagaio de papel a esvoaçar meu papagaiouééé!... deu atum... deu atum... deu atum...  (KAFUKENO, Fernando. A Sublimação da Aresta. p. 32)

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Semana de Letras 2008 - Letras e Telas de Angola

  • 1. Semana de Letras 2008 Universidade Estácio de Sá – campus Millôr Fernandes PALESTRA: “Diálogos possíveis: letras e telas de Angola, Cabo Verde e Moçambique” Por: Ricardo Silva Ramos de Souza (Ricardo Riso)* Dia: 04/11/2008 – às 21h * Autor do blog http://ricardoriso.blogspot.com e integrante do Conselho Editorial da revista acadêmica África e Africanidades – http://www.africaeafricanidades.com
  • 2. APRESENTAÇÃO Esta apresentação de literaturas e artes plásticas de Angola, Cabo Verde e Moçambique pretende contribuir para a divulgação dos artistas desses países, distanciando-se do que se entende como arte africana e questionando o conceito singular das artes no continente africano. A seleção buscou trabalhos que representam a diversidade, a multiplicidade e o hibridismo nas linguagens artísticas, que, de certa maneira, traduzem as indefinições e as incertezas de um mundo globalizado regido por um neoliberalismo claudicante, cada vez mais próximo do caos. Para isso, enfatizamos, na maior parte, a produção realizada nas últimas três décadas, período em que as estéticas vanguardistas e temas universais solidificam esses artistas, porém, sem abandonar as propostas do outrora. Esta breve amostragem procura estimular a percepção de que a produção contemporânea em relação à história recente dos três países, intercala uma crítica voraz, em alguns momentos irônica, e por vezes sarcástica diante das irrealizações prometidas pelos governantes, sem esquecer os sonhos e o lirismo para amenizar a difícil vivência do cotidiano. O que foi dito até aqui será evidenciado nas obras angolanas pós-1980. Nelas, o desencanto predomina no poema de João Tala e em algumas obras de Antonio Olé. Por outro lado, Ondjaki e Fernando Kafukeno relêem as lembranças da tenra idade para reconstruir poeticamente a história. Já Jorge Gumbe e Van procuram recriar a memória esgarçada por séculos de opressão, enquanto E. Bonavena e José Luís Mendonça escrevem versos com metáforas surreais e insólitas chamando a atenção do absurdo da situação atual. De Cabo Verde, não poderia faltar a produção poética da geração da revista Claridade , ora em diálogo com a insularidade em Jorge Barbosa e Bela Duarte, ora contrapondo temas como a evasão e a emigração em Manuel Lopes e Abraão Vicente.
  • 3. Destacamos, também, o momento de afirmação da cabo-verdianidade em Ovídio Martins e Manuel Figueira e o cantalutismo de David Hopffer Almada e o já citado Manuel. Até chegarmos nas décadas de 1990 e 2000 com a valorização das minorias marginalizadas na voz feminina de Dina Salústio e Vera Duarte e nas telas de Tchalê Figueira e José Maria Barreto. Além do expressionismo ensolarado, colorido e dançante das telas de Kiki Lima. Em Moçambique, José Craveirinha e Malangatana Valente, cânones que transcendem as artes, homens símbolos no processo de independência do país, estão presentes com seus trabalhos de intenso e histórico diálogo. A multiplicidade das culturas que formam o país e o profundo mergulho no eu lírico de Eduardo White e Luís Carlos Patraquim, serão sentidos em belos poemas que trilham a linha tênue entre poesia e prosa. Assim como os celebrados textos de Mia Couto que passeia com mestria por diversos gêneros, mantendo a ousadia lingüística e o comprometimento com o lírico. Nas obras de Roberto Chichorro e Naguib, encontraremos o intenso trabalho de memória e reconstrução do passado em telas carregadas de sonhos poéticos de fascinante exaltação à vida. Esperamos com esta pequena relação de artistas, humildemente, colaborar com o rompimento de estereótipos fabricados pela grande mídia, que menospreza tudo o que se relaciona à África, que a trata não como um continente com diversas etnias, mas como um só país de um único povo, detentor de uma cultura “inferior” e “primitiva”. Diante da qualidade dos trabalhos e textos dos artistas aqui expostos, torcemos para que as letras e telas de Angola, Cabo Verde e Moçambique mereçam maior destaque no meio acadêmico e uma ampla visibilidade com o público em geral. Ricardo Riso
  • 4. Angola: incerteza, desencanto, distopia, ironia, memória, oralidade, sonhos esgarçados
  • 5. Paula Tavares, José Luís Mendonça, João Melo, E. Bonavena, João Tala, Fernando Kafukeno e Ondjaki são alguns dos principais nomes da recente produção literária angolana. Todos esses poetas, nascidos entre 1955 e 1965, compõem a “geração das incertezas” em definição do crítico literário e também poeta, Luís Kandjimbo (SECCO, 2006, p. 94). Tal geração é posterior à “geração do silêncio” dos anos 1970, reveladora de nomes como David Mestre, Arlindo Barbeitos e Ruy Duarte de Carvalho. Essa geração era “ voltada para a redescoberta ética e estética da palavra poética (...), tendo-se caracterizado pela consciência crítica em relação ao ato de escrever (...). O poema passou a ser, desse modo, o lugar de encontro do poeta consigo mesmo, o local, portanto, da descoberta existencial, política e literária. Nesse sentido, deu passagem à poética dos anos 1980, que radicalizou, em vários aspectos, as conquistas estéticas da década de 1970, diferenciando-se dela, contudo, por não adotar a práxis do silêncio.” (SECCO, 2006, p. 93-94) A década de 1980 representa o período de desilusão com a utopia revolucionária de um país independente, causada, dentre outros fatores, pela guerra civil iniciada em 1977, entre MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola, o principal partido na luta contra o colonialismo e liderado pelo poeta Agostinho Neto) e a UNITA (União Nacional para a Libertação Total de Angola, oposicionista e sob o comando de Jonas Savimbi, apoiado pela África do Sul e contrário ao regime socialista imposto em Angola). Com isso, o desencanto, que se estende aos poetas revelados nos anos 1990, leva a poesia a ter, “ como traço marcante, a temática da decepção e da angústia diante da situação de Angola, que ainda não resolveu completamente a questão da fome e da miséria. As dúvidas em relação ao futuro interceptam as possibilidades entreabertas pelos ideais libertários dos anos 60, e a poesia se interioriza, não se atendo explicitamente às questões sociais”. (SECCO, 2006, p. 94)
  • 6. Replanejar o país, repensar a poesia e valorizar a cidadania são algumas das atitudes assumidas pelos novos poetas no período pós-colonial que, segundo Carmen Lucia Tindó Secco: “ Muitos dos poetas da poesia angolana das últimas décadas fazem de seus poemas lugares de novas memórias pelas quais buscam repensar o cotidiano da sociedade, refletindo sobre a persistência das tradições, a fragilidade das mudanças sociais e as novas formas de relações humanas existentes nos tempos atuais. Transformam, desse modo, suas composições poéticas em locais políticos, onde o amor, os sonhos e a amizade surgem como alternativas críticas para libertar o pensamento e os sentimentos de cada cidadão dos paradigmas partidários utópicos e fechados, característicos dos tempos regidos por um ethos revolucionário.” (SECCO, 2007, p. 160) Paula Tavares, a única poetisa selecionada, representa uma renovação na poesia angolana, que, segundo Inocência Mata aparece com “uma escrita em que a voz da mulher se fazia ouvir na sua individualidade, na sua feminilidade, na sua corporalidade, mesmo utilizando os mesmos ‘materiais’, tanto substanciais (os elementos da natureza e da sociocultura angolanas) e formais (os recursos da linguagem) dos ‘consagrados’, aqueles que, pela escrita, nos fizeram imaginar a comunidade pela figuração simbólica do elemento feminino como matriz do nacional, da concertação e da força comunitária vital. É, pois, a partir desses sinais de inflexão literária que gosto de pensar o ‘local da cultura’ de ‘Ritos de Passagem’: é que não descurando a dimensão comunitária, ‘Ritos de Passagem’ anuncia uma busca individual, mais íntima e sonhadora, mesmo quando sua preocupação última é coletiva” (TAVARES, p. 9) Enquanto Ondjaki, o único nascido com o país independente, já é há algum tempo um nome consolidado da nova literatura angolana. Seus textos em poesia, romances e contos geralmente enveredam pelos caminhos intermináveis e férteis da memória. Ao recorrer às lembranças da tenra idade, conduz-nos a uma escrita
  • 7. sensível, comovente e sonhadora, entretanto, isto não quer dizer que seja passível aos problemas sociais e políticos de seu país estimulados pelo fim das utopias e engolidos pela ganância inescrupulosa do capital estrangeiro, com a conivência de uma elite submissa e corrupta. Ricardo Riso BIBLIOGRAFIA: MATA, Inocência. Passagem para a diferença. In: TAVARES, Paula. Ritos de Passagem. Lisboa: Caminho, 2007. Coleção Outras Margens, 71. p. 7-13. SECCO, Carmen Lucia Tindó. Sendas de sonho e beleza (algumas reflexões sobre a poesia angolana de hoje). In: CHAVES, Rita; MACEDO, Tânia (ORG). Marcas da diferença : as literaturas africanas de língua portuguesa. São Paulo: Alameda, 2006. p. 93-104. SECCO, Carmen L. T. R. A poesia angolana atual e a procura por outras formas de politização. In: CHAVES, Rita; MACEDO, Tânia et alli. (orgs). A kinda e a missanga : encontros brasileiros com a literatura angolana. São Paulo: Cultura Acadêmica; Luanda: Nzila, 2007.
  • 8. “ As mesmas palavras largadas ao chão cheias de [caminhos. As mesmas palavras esquecidas largadas nos [caminhos. Palavras boçais repletas de tempestades. Palavras insatisfeitas repetidas nos comícios febris palavras convulsivas palavras complicadas palavras vazias destemperadas incertezas; o tédio das palavras muitas palavras! Todas essas palavras como nos ofuscaram ninguém mais se lembra. Esquecemo-las nos [comícios. Nunca mais lhe daremos o valor da palavra [humana com nossas vidas lidas nos comícios. Nunca mais.” (TALA, João. Lugar Assim. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2004. p. 29)
  • 9. Desintegrações II – Antonio Ole Técnica mista s/tela. 2004. http://www.artafrica.info/html/artistas/artista.php?ida=143
  • 10. Tudo escorre! Na crista da onda, a loucura por excelência. Escorre este oceano de dor, o verdugo, o inocente, gatunos e vândalos, escorre a mentira nas línguas putrefactas, a ordem no canhão, o rancor, as lágrimas, a solidão, a exaltação do mal em medalhas de bronze da ignomínia, escorre a chacina no Bié. Escorrem na capital os dinheiros em bolsos sem fundo, as palavras em líricas gargantas cacarejantes no Huambo, a escuridão de ovos metálicos que explodem, a densidade, o grito abafado da luz. Uma pátria sem rosto, de corpo dilacerado, se levanta sonâmbula entre os monstros divinizados que a dividem. (Bonavena, E. Os limites da luz. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2003. p. 58-59)
  • 11. Sem Título - Fernando Alvim http://www.artafrica.info/html/artistas/artistaficha.php?ida=106
  • 12. Nos dias em que o céu não estava tão escuro, eu gostava de imitar as lesmas do meu jardim, e deitar-me ali mesmo ao sol. Lá na cozinha, o camarada António fazia barulho com os pratos e com os copos, ele sempre demorava muito tempo a lavar a loiça. Esse barulho é que acostumava me adormecer. “Menino, acorda então... Faz mal ficar com a cabeça ao sol... Depois a mãe vai ralhar com o menino...”, ele gostava de dizer. “Mas já passou quanto tempo, António?... Ainda nem adormeci um bocadinho...”, eu queria refilar. “Ê menino!, passou mais de vinte minuto...” Acordei com os pingos da chuva a me bombardearem as pernas e as bochechas. De repente, começou a cair uma carga d’água daquelas valentes. Fui pra baixo do telheiro e fiquei a ver a água cair. Lembrei-me imediatamente do Murtala: na casa dele, quando chove, só podem dormir sete de cada vez, os outros cinco esperam todos encostados na parede onde há um tectozinho que lhes protege. Depois é a vez dos outros dormirem, assim mesmo, juro, sete de cada vez. Sempre que chove de noite, o Murtala, no dia seguinte, dorme nos três primeiros tempos. Ao ver aquela tanta água, lembrei-me das redacções que fazíamos sobre a chuva, o solo, a importância da água. Uma camarada professora que tinha a mania que era poeta dizia que a água é que traz todo aquele cheiro que a terra cheira depois de chover, a água é que faz crescer novas coisas na terra, embora também alimente as raízes dela, a água faz “eclodir um novo ciclo”, enfim, ela queria dizer que a água faz o chão dar folhas novas. Então pensei: “Epá... E se chovesse aqui em Angola toda...?” Depois sorri. Sorri só. Ondjaki. Bom dia camaradas. Rio de Janeiro: Agir, 2006. p. 136-137.
  • 13. Sem Título - Antonio Ole - Fotografia. http://www.artafrica.info/html/expovirtual/expovirtual.php?ide=1
  • 14. Tinha sido nomeado, há menos de um ano, administrador de uma subsidiária da companhia estatal de petróleo, o que o catapultou, definitivamente, para o reduzido e fechado círculo que comanda os destinos do país, com toda a justiça, aliás; (...) Detalhe: aparentemente, e falando curto e grosso (vocês já me conhecem, não é?), ele não tinha grande breine para ser administrador de porra nenhuma, quanto mais dessa empresa em que o colocaram, mas um extraordinário acaso tornou possível o que ainda hoje muitos consideram inacreditável. O facto é que, um dia qualquer, (...) reencontrou um amigo de infância que não via praticamente desde a independência e que, segundo ele sabia, se tinha tornado uma das pessoas mais influentes do país. (MELO, João. Uma estória canina. In: The serial killer e outras estórias risíveis ou não. Lisboa: Caminho, 2004. p. 22-23) O Doutor Chico, em vez de dirigir convenientemente a ELMA, U.E.E., como rezam os manuais de gestão da coisa pública (pelo menos desde que o capitalismo, nos principais centros, se civilizou), utilizou o seu cargo de director-geral, desde o primeiro dia, para resolver os inúmeros problemas pessoais, ou seja, para se safar, como costuma afirmar o já várias vezes mencionado povo em geral. É por isso que, a partir de uma dada altura, quando a roubalheira passou a ser feita às escâncaras, isto é, quando a gestão se transformou, digamos assim, em simples “mamação”, os trabalhadores o apelidaram de “Chico Mamão” (o que, obviamente, não tem nada a ver com a fruta homônima). (...) De igual modo não apontarei o meu dedo acusatório aos variados indícios do seu espantoso, gradual e consistente enriquecimento nos últimos dez anos. (MELO, João. O rabo do chefe. In: The serial killer e outras estórias risíveis ou não. Lisboa: Caminho, 2004. p. 34-35)
  • 15. CCCP - Yonamine Óleo s/tela. 190 x 190 cm. 2005.
  • 16.
  • 17. Espaços de África - Antonio Ole http://www.artafrica.info/html/expovirtual/expovirtual.php?ide=1
  • 18. os mortos não dormem os mortos não dormem são quissanjes de profundos teclados em repouso atravessam levemente o rio da eternidade e a sua voz levita e é o maximbombo de um certo munhungo extraterrestre discam os signos da noite nas grandes mansões em que sonhamos os mortos não dormem caminham connosco vivendo a vida que esquecemos. (MENDONÇA, José Luís. Um canto para mussuemba. Lisoba: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. p. 30)
  • 19. Visão de uma dança – Jorge Gumbe http://www.artafrica.info/html/artistas/artistaficha.php?ida=213
  • 20. As coisas delicadas tratam-se com cuidado. Filosofia Cabinda desossaste-me cuidadosamente inscrevendo-me no teu universo como uma ferida uma prótese perfeita maldita necessária conduziste todas as minhas teias para que desaguassem nas tuas sem remédio meio pulmão respira em ti o outro, que me lembre mal existe Hoje levantei-me cedo pintei de tacula e água fria o corpo aceso não bato a manteiga não ponho o cinto VOU para o sul saltar o cercado luanda, 1984 (TAVARES, Paula. Ritos de Passagem. Lisboa: Caminho, 2007. p. 54)
  • 21. Sem título – Van http://www.artafrica.info/html/artistas/artistaficha.php?ida=201
  • 22. Papagaios de papel meu papagaiouééé!... deu atum... deu atum... deu atum... e os ndengues na berrida solidária pelos becos do musseque olhando o papagaio de papel que esvoaça meu papagaiouééé!... deu atum... deu atum... deu atum... e os ndengues regressam suados só com a imagem do papagaio de papel a esvoaçar meu papagaiouééé!... deu atum... deu atum... deu atum... (KAFUKENO, Fernando. A Sublimação da Aresta. p. 32)