1. O documento apresenta um módulo introdutório sobre integração de mídias na educação, dividido em 4 etapas.
2. A etapa 1 aborda conceitos-chave como mídias, tecnologias e evolução do conceito de mídia.
3. Novas terminologias como multimídia, hipertexto e hipermídia são introduzidas no contexto das transformações proporcionadas pelos computadores e digitalização.
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
Módulo Introdutório 2009
1. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação
Módulo Introdutório:
Integração de Mídias
na Educação
Material de auxílio ao cursista
(conteúdo on-line do curso; exceto
multimídia e Textos de Apoio)
2. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação
MÓDULO INTRODUTÓRIO: Integração de Mídias na Educação
Sumário
ETAPA 1 ................................................................................................................ 1
ETAPA 2 .............................................................................................................. 10
ETAPA 3 .............................................................................................................. 23
ETAPA 4 .............................................................................................................. 40
CRÉDITOS
Equipe Técnica da SEED
Viviane de Paula Viana
Diretora de Produção e Capacitação de Programas em EAD
Patricia Vilas Boas
Coordenadora-Geral de Capacitação e Formação em EAD
Alexandre Mathias Pedro
Coordenação do Programa
Equipe Técnica de Implementação e Acompanhamento
Angela Maria Martins
Francisco Roberto Vasconcelos Lima
Luciana dos Santos
Ronara de Castro Azevedo Alcântara
Stela Fontes Ferreira da Cunha
Vania Barbosa
Autoria:
José Manuel Moran
Maria da Graça Moreira da Silva
Maria Elizabeth B. de Almeida
Maria Elisabette B. Brito Prado
Equipe de Desenho Educacional e Produção:
Adriano Tanganeli
Flavio Sapucaia
Felipe Casaburi
Ricardo Stein
Silvia Fernanda Correia
Produção (PDF) desse material: NCE/USP
3. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
ETAPA 1
Apresentação
Transcrição do áudio do vídeo
Esse é o início das 4 etapas do Módulo Introdutório
deste curso. Participe professor! Vamos explorar
esse ambiente virtual, como funcionam os seus
diferentes recursos e como realizaremos as
atividades que envolvem leituras, debates no
fórum e a produção de documentos por vocês.
Vamos lá! Contamos com a participação de todos!
Estamos vivendo em um mundo em constantes mudanças. Essas mudanças foram aceleradas nos últimos
dez anos, principalmente pelos avanços científicos e tecnológicos que, juntamente com as transformações
sociais e econômicas, revolucionaram as formas como nos comunicamos, nos relacionamos com as
pessoas, os objetos e com o mundo ao redor. Encurtaram-se as distâncias, expandiram-se as fronteiras, o
mundo ficou globalizado. As novas mídias e tecnologias estão relacionadas com todas essas
transformações.
Nesta etapa, além de nos familiarizarmos com o ambiente virtual de aprendizagem - e-ProInfo - e nos
conhecermos um pouco mais, vamos também iniciar nossa trajetória conhecendo o que são mídias e
tecnologias e seu papel na educação.
Objetivos específicos:
• Abordar o que são mídias e tecnologias.
• Entender a evolução do conceito de mídias.
• Conhecer novas terminologias como multimídia, hipertexto, hipermídia e tecnologias da informação
e comunicação.
• Refletir sobre o papel da tecnologia da informação e comunicação na educação.
Tecnologia e TICs
Antes de iniciar, temos que ter claros alguns conceitos-chave que serão trabalhados ao longo de todo o
curso. Vale lembrar que o foco de nossas atividades é o debate sobre a integração de mídias na educação.
- Mas... o que são mídias? O que é tecnologia?
- Quais mídias você utiliza em seu dia a dia?
Pense um pouco sobre seu dia de hoje:
- Como você acordou? Utilizou um despertador?
- Como preparou seu café? Usou uma cafeteira? O leite
estava na geladeira?
- Leu seu jornal? Assistiu às notícias no rádio ou TV?
- Como foi para a escola? Observou a sinalização no
caminho?
- Como foi sua aula? Leu um texto? Usou o computador? O
vídeo? Uma música? Dançou?
- Como teve acesso a este curso? Usou alguma mídia?
Alguma tecnologia?
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 1
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
4. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Quando ouvimos falar em tecnologia, normalmente nos vem à cabeça a idéia de complexos artefatos
tecnológicos, de forma que não nos damos conta de que utilizamos diversas tecnologias que já estão
incorporadas ao nosso cotidiano. Podemos citar como exemplos simples: canetas, lápis, talheres, óculos,
termômetros etc.
Do grego tekhno- (de tékhné, ‘arte’,) e -logía (de lógos, ou
‘linguagem, proposição’).
Tecnologia é um termo usado para atividades de domínio
humano, embasada no conhecimento, manuseio de um
processo e ou ferramentas e que tem a possibilidade de
acrescentar mudanças aos meios por resultados adicionais à
competência natural, proporcionando desta forma, uma evolução
na capacidade das atividades humanas, desde os primórdios do
tempo, e historicamente relatadas como revoluções
tecnológicas.
A tecnologia pode ser vista, assim, como artefato, cultura, atividade com determinado objetivo, processo de
criação, conhecimento sobre uma técnica e seus processos etc.
A terminologia TIC (tecnologias de informação e comunicação), especificamente, envolve a aquisição, o
armazenamento, o processamento e a distribuição da informação por meios eletrônicos e digitais, como
rádio, televisão, telefone e computadores, entre outros. Resultou da fusão das tecnologias de informação,
antes referenciadas como informática, e as tecnologias de comunicação, relativas às telecomunicações e
mídia eletrônica.
Mídias
Nos dias atuais, se tornou necessário criar espaços para a identificação e o diálogo entre várias formas de
linguagem, permitindo que as pessoas se expressem de diferentes maneiras.
A linguagem por si só, já constitui um instrumento de interação entre o pensamento humano e o seu meio.
Essa comunicação pode ocorrer de modo direto ou pode ser mediada por outros instrumentos e artefatos
(tecnologias).
Considerando-se que o indivíduo se desenvolve e interage com o mun-
do utilizando suas múltiplas capacidades de expressão por meio de va-
riadas linguagens constituídas de signos orais, textuais, gráficos,
imagéticos, sonoros, entre outros, as mídias passam a configurar
novas maneiras para os indivíduos utilizarem e ampliarem
suas possibilidades de expressão, constituindo novas
interfaces para captarem e interagirem com o mundo.
Termo usado para referenciar um vasto e complexo sistema de
expressão e de comunicação.
Literalmente “mídia” é o plural da palavra “meio”, cujos correspondentes
em latim são “media” e “medium”, respectivamente.
Na atualidade, mídias é uma terminologia usada para: suporte de
difusão e veiculação da informação (rádio, televisão, jornal), para
gerar informação (máquina fotográfica e filmadora).
A mídia também é organizada pela maneira como uma informação
é transformada e disseminada (mídia impressa, mídia eletrônica,
mídia digital...), além do seu aparato físico ou tecnológico
empregado no registro de informações (fitas de videocassete, CD-ROM,
DVDs).
2 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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A palavra escrita, o discurso oral, o som, a imagem estática e em movimento formam o substrato da mídia.
Evolução da conceituação de mídia
Considerando a mutação das terminologias ao longo do tempo, bem como a amplitude que elas abarcam
nos dias atuais, comumente é usado o termo “mídias”, no plural, pois como bem destaca Santaella:
“O termo mídias no plural visa pôr em relevo os traços diferenciais de cada mídia, para caracterizar a cultu-
ra que nasce nos trânsitos, intercâmbios e misturas entre os diferentes meios de comunicação” (1992, p.
138).
Assim, a palavra mídias foi adotada e redimensionada nas sucessivas décadas do século XX, com o intuito
de ampliar e tornar flexível o conceito.
Acompanhe sua evolução:
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 3
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6. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Com relação às tecnologias da mídia de massa, destacam-se três grandes transformações segundo Dizard
(1998):
Abordaremos com mais profundidade, ao longo do curso, as diferentes mídias e como elas vão sendo ou
podem ser incorporadas ao cotidiano das escolas.
Novas terminologias
Por efeito dos computadores e da digitalização, todas as formas e instrumentos da mídia estão cada
vez mais se fundindo em sistemas inter-relacionados (Dizard, 1998). A tecnologia computacional
torna-se assim o elo para todas as formas de produção de informação e de entretenimento: som, vídeo,
mapas e impressos.
Com o advento do computador, com a crescente importância de comunicação texto-áudio-visual e do
acesso e utilização de informações em todos os campos de atuação dos indivíduos, novas formas de
combinação de aparatos tecnológicos foram viabilizadas, bem como surgiram novas nomenclaturas para
referenciar as novas formas de comunicação e de aquisição, armazenamento, processamento, produção e
distribuição de informação.
Diversos conceitos, já utilizados em contextos anteriores à era da informática, foram redimensionados e
retornaram com novo vigor.
4 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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7. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
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8. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Mídia antiga e nova mídia
Enfocando as transformações ocorridas na mídia, à medida em que as mesmas se adequavam às novas
realidades da era da informação, Dizard (1998) opta por adotar a nomenclatura mídia antiga e nova
mídia enquanto as formas de interação e de fusão entre as mesmas estão se configurando.
Uma lista parcial da nova mídia inclui os computadores
multimídia, CD-ROM, discos laser, os aparelhos de fac-símile,
bancos de dados portáteis, livros eletrônicos, redes de
videotextos, telefones e satélites de transmissão direta de
televisão etc.
Tomadas em conjunto, as inovações tecnológicas de
telecomunicações e de informação possibilitam o
fornecimento de informações praticamente em toda parte
e sob qualquer forma - verbal e sonora, impressa ou em vídeo.
6 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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9. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Dizard (1998), adequando as novas tecnologias à definição de mídia de massa, destaca que a inovação
mais importante é a distribuição de produtos de voz, vídeo e impressos num canal eletrônico
comum, muitas vezes em formatos interativos bidirecionais que dão aos consumidores mais controle
sobre quais serviços recebem, quando obtê-los e sob que forma, ao contrário, por exemplo, das mídias de
massa tradicionais, como a televisão e o jornal, onde o indivíduo tem um papel puramente passivo, de re-
ceptor da informação.
TICs na educação
O advento das TICs revolucionou nossa relação com a informação. Se antes a questão-chave era como ter
acesso às informações, hoje elas estão por toda parte, sendo transmitidas pelos diversos meios de
comunicação. A informação e o conhecimento não se encontram mais fechados no âmbito da escola, mas
foram democratizados. O novo desafio que se abre na educação, frente a esse novo contexto, é como
orientar o aluno a saber o que fazer com essa informação, de forma a internalizá-la na forma de
conhecimento e, principalmente, como fazer para que ele saiba aplicar este conhecimento de forma
independente e responsável.
Segundo Almeida, compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas pelas
tecnologias disponíveis na escola, bem como criar dinâmicas que permitam estabelecer o diálogo entre as
formas de linguagem das mídias, são desafios para a educação atual.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
journalContent.action?editionId=2&categoryId=8
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10. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Síntese
As conseqüências culturais e sociais provocadas por uma nova tecnologia emergente não podem ser
compreendidas isoladamente. É importante analisar cada mídia integrada às demais mídias disponíveis em
seu contexto espaço-temporal sempre considerando que velhas e novas mídias coexistem, assim como os
meios de comunicação ora se integram e complementam, ora competem entre si.
Agora que já conheceu um pouco mais sobre mídias e a
evolução de seu conceito, retome a sua rotina. Pense em
um dia típico de sua vida.
- Você já havia pensado em quantas tecnologias usa em
seu dia-a dia?
- Quais tecnologias usou hoje? Quais mídias?
- Como as novas mídias interativas influenciam nosso dia
a dia?
Pesquise na web os seguintes termos:
- Meios de comunicação
- Veículos de comunicação
- Comunicação em massa
- Telecomunicação
Sugestão:
Pesquise na Wikipedia:
Acesse o site http://pt.wikipedia.org/wiki
- Localize a opção Busca
- Digite a palavra a ser pesquisada
- Clique no botão busca
Boa navegação!
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
journalContent.action?editionId=2&categoryId=4
8 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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11. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Pedagogia de projetos e integração de mídia. Disponível
em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/ppm/tetxt5.htm. Acesso em 26/09/2005.
BELLONI, M. L. (2001) O que é mídia-educação / Maria Luiza Belloni - Campinas, SP: Autores Associados
(Coleção polêmicas do nosso tempo; 78)
DIZARD, W. P. (1998) A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação / Wilson Dizard
Jr.; tradução [da 2ª ed.], Edmond Jorge; revisão técnica, Tony Queiroga - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
MC LUHAN (1979), M. Os meios de comunicação como extensões do homem. 5ª ed. São Paulo,
Cultrix (trad. Brasileira).
SANTAELLA, L (1992). Cultura das mídias (2ª Ed. 1996) SP: Experimento.
Para a delimitação de terminologias foram consultados alguns pesquisadores por correio eletrônico, livros,
bem como dicionários e enciclopédias eletrônicas (Houaiss, TechWeb (http://content.techweb.com) e
Wikipedia (http://www.wikipedia.org)).
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 9
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ETAPA 2
Apresentação
Transcrição do áudio do vídeo
Estamos entrando na segunda etapa durante essas duas
próximas semanas, onde continuaremos desenvolvendo
a rede colaborativa de aprendizagem e como trabalhar
isso na sociedade da informação.
Por isso é muito importante que vocês desenvolvam as
atividades e, principalmente, as discussões no fórum do
curso.
Como a Educação está relacionada com as mudanças sociais, tecnológicas e culturais da nova Sociedade da
Informação e Comunicação? Quais as demandas dessa nova Sociedade?
Nesta etapa serão tomados alguns dos olhares e vozes para condução e contribuição das discussões que
têm como palco a educação e a Sociedade da Informação e Comunicação.
Objetivos específicos:
• Debater questões sobre a Sociedade da Informação e Comunicação;
• Apresentar as novas competências para a Sociedade da Informação e Comunicação;
• Abordar as possibilidades de construção da rede colaborativa de aprendizagem;
• Analisar a recontextualização do papel da escola diante das demandas da sociedade atual;
• Refletir sobre a mudança de atitudes e concepções para conviver nessa sociedade.
Uma Sociedade em Mudança
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
Nas últimas décadas do século XX, assistimos a um acentuado movimento de mudanças nas organizações
sociais, conseqüente e interdependente dos movimentos de mudanças políticas, econômicas, científicas e
culturais.
Esse movimento impulsionou e foi impulsionado, de um lado, pelos avanços das pesquisas, das descobertas
científicas e do desenvolvimento dos mais sofisticados meios tecnológicos de informação e comunicação e,
de outro, pelas complexas inter-relações do mercado internacional, cada dia mais globalizado.
Segundo Castells, três processos independentes começam a se gestar no final dos anos 60 e princípios dos
70 e convergem hoje para a “gênese de um novo mundo”. São:
• a revolução das tecnologias da informação;
• a crise econômica tanto do capitalismo quanto do estadismo e sua subseqüente reestruturação;
• o florescimento de movimentos sociais e culturais - feminismo, ambientalismo, defesa dos
direitos humanos, das liberdades sexuais, etc.
”A interação desses três processos, paralelos, mas independentes, durante o último quarto do sécu-
lo XX produz uma redefinição histórica das relações de produção, de poder e de experiência (indivi-
dual e social) que acabaram produzindo uma nova sociedade.” (grifo nosso). RUIZ, Osvaldo.
2002.
10 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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13. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Estamos vivendo nesta nova sociedade em constante mudança, que está se organizando e reorganizando de
acordo com as características da sociedade em rede, da globalização da economia e da virtualidade, as quais
produzem novas e mais sofisticadas formas de exclusão. Apenas adentrando criticamente nessa sociedade e
buscando compreender seus instrumentos e dinâmicas de mobilização e expansão é que podemos nos apropriar
e utilizar seus recursos e meios de interação para a emancipação humana.
Essas características e contradições da sociedade atual vão gradativamente influenciando em nosso dia a dia,
afetando a forma como nos comunicamos, trabalhamos, nos relacionamos com os demais, aprendemos e
ensinamos. Aos poucos vamos alterando nossos hábitos e nossas atividades cotidianas.
A Educação na nova sociedade
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
A educação em todos os níveis - desde o ensino fundamental até o curso de pós-graduação - não tem sido
alheia aos movimentos de mudanças, ao desenvolvimento científico-tecnológico nem aos movimentos
sociais, políticos e econômicos em curso na nova sociedade.
Durante muitos anos, acreditou-se que a escola fosse um lugar protegido, neutro, distante das
manifestações sociais transformadoras, por imaginá-la um lugar inócuo, como se fosse possível concebê-la
sem a sua história, sem suas inter-relações com a cultura ou com a realidade, sem os conflitos que lhe são
inerentes. Atualmente não entendemos que a escola seja considerada de forma apartada de sua
comunidade e da realidade que a cerca, ela está imersa na cultura, na comunidade, na representação
social e política, em contínua interação com o seu contexto.
As Escolas e Universidades, muitas vezes consideradas como um mundo isolado, são:
“... um dos principais agentes de difusão de inovações sociais porque gerações após gerações de
jovens que por ali passam, ali conhecem novas formas de pensamento, administração, atuação e
comunicação e se habituam com elas.” (Castells, 1999. p.380).
Dentre os principais agentes que vêem provocando o repensar da educação brasileira e explicitam a
necessidade de mudanças em seus espaços, tempos e modos de trabalho, desde a última década do
século XX, desponta o acesso à rede mundial de computadores - a Internet, viabilizado pela Rede
Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que potencializou a incorporação das tecnologias de informação
e comunicação nas esferas culturais, administrativas, acadêmicas e científicas de suas atividades.
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 11
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
14. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Perto de 15% das escolas públicas brasileiras possuem laboratórios de informática, um percentual bem
maior dispõe de recursos de TV, vídeo, rádio e outras tecnologias. Não existe escola que não disponha de
algum recurso tecnológico, dos mais convencionais até computadores e Internet. As influências dessas
tecnologias se fazem presente no dia a dia das escolas mesmo que não estejam incorporadas ao ensino e à
aprendizagem.
Os alunos trazem para as escolas questões que dizem respeito diretamente ao mundo interconectado por
meio das mídias fazendo com que os professores se sintam desafiados.
Sua escola participa das mudanças?
- Em que aspectos as tecnologias influem no cotidiano de
sua escola?
- Como você analisa o papel da sua escola frente às
mudanças?
- Você se sente preparado para ensinar e aprender na
Sociedade da Informação e Comunicação?
- Quais os principais desafios da Sociedade da Informação e
Comunicação?
- De que maneira você pode utilizar nas suas atividades
com alunos os recursos tecnológicos disponíveis em sua
escola?
As tecnologias e as novas linguagens de comunicação que viabilizam invadem a sala de aula. A linguagem das
mídias, repletas de imagens, movimentos e sons, atrai as gerações mais jovens.
Criar espaços para o uso dessas novas formas de linguagem e o diálogo entre elas ajuda os alunos a trazerem
a sua realidade cotidiana para a sala de aula e a se expressarem conforme o seu mundo. Ao mesmo tempo,
a discussão sobre as influências das mídias na sociedade ajuda a desenvolver o olhar crítico do aluno sobre o
complexo jogo de poder e marketing que sutilmente permeia os meios de comunicação.
A mídia impressa, a televisão, o vídeo, o rádio, a Internet, a hipermídia são ótimos recursos para mobilizar os
alunos em torno de problemáticas, quando se intenta despertar-lhes o interesse para iniciar estudos temáticos,
desenvolver projetos ou trazer novos olhares para os trabalhos em andamento. Para tanto, é importante
conhecer quais os objetivos pedagógicos das atividades e quais as características principais das mídias
disponíveis. Nesse último aspecto os alunos são excelentes parceiros dos professores.
Quais as possibilidades da Internet?
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
Atualmente é inquestionável que o advento da Internet vem possibilitando a ampliação e a rapidez no
acesso à informação, provocando grande parte das mudanças e simbolizando a Sociedade da Informação
e Comunicação, ao propiciar:
12 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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15. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 13
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16. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Estar “conectado” é uma condição para estar incluído na Sociedade da Informação e
Comunicação.
A escola pública e os telecentros podem representar as alternativas viáveis para que as classes menos
favorecidas tenham acesso a essa sociedade. Daí a necessidade de políticas públicas que possam diminuir o
fosso entre os que têm acesso em casa, nas escolas e em diferentes espaços e aqueles que carecem de
todos os recursos, dos mais básicos e essenciais às tecnologias de informação e comunicação.
Mas não basta o acesso, é preciso educação de qualidade para que os aprendizes consigam atribuir
significado às informações e utilizem as tecnologias para resolver problemas de sua vida e de seu contexto.
É imprescindível ressignificar as idéias de Paulo Freire para o mundo digital. É preciso criar condições para
que os alunos das escolas públicas tenham condições de ler o mundo digital e reescrever a sua própria
história; a história do mundo e da sociedade conectada, na qual ele se encontra inserido.
Sociedade Conectada
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
A conexão se expressa também pelos serviços de correio eletrônico, pela comunicação instantânea, nas
conferências pelo computador dentre outras construídas a cada dia. O acesso à informação, ou ainda, à
conexão, é, atualmente, uma definição de característica de vida.
Não só o acesso à informação, mas também às novas mídias e tecnologias da informação e comunicação
contribuem para:
“a formação de comunidades de aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimen-
to, a comunicação, a formação continuada, a gestão administrativa, pedagógica e de informações.”
(ALMEIDA, 2001).
Permitem a incorporação de novos ambientes de aprendizagem nas escolas, e permitem também
levar esses ambientes para além dos muros das escolas rompendo com as limitações das grades
curriculares e fazendo da escola um espaço de produção de conhecimento articulado com outros espaços
que hoje também trabalham com o conhecimento. A produção científica também é impactada pelos novos
ambientes de aprendizagem e ignorar suas conseqüências no fazer pedagógico é crer em sua neutralidade
e prejudicar uma geração de aprendizes.
Em diferentes graus, as instituições de ensino estão diante de novos desafios, provocados tanto pelos
avanços tecnológicos como pelas conseqüentes demandas que trazem em seu bojo. A educação, apesar de
suas enormes e diversificadas carências, tem incorporado gradualmente as tecnologias e outros agentes
que compõem seu cenário atual e acenam para cenários futuros.
Na sociedade de hoje, a Sociedade da Comunicação e Informação, quais os
principais desafios da educação?
Texto de autoria do Professor José Manuel Moran
Educar numa sociedade em mudanças rápidas e profundas nos obriga a reaprender a ensinar e a aprender,
a construir modelos diferentes dos que conhecemos até agora. Ensinar e aprender hoje não se reduz a
estar um tempo numa sala de aula. Implica em modificar o que fazemos dentro da sala de aula e organizar
ações de pesquisa e de comunicação que permitam a professores e alunos continuar aprendendo em
ambientes virtuais, acessando páginas na Internet, onde encontram textos, novas mensagens, salas de aula
virtuais, possibilidade de orientação a distância, etc.
Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas tecnologias nos trarão soluções rápidas para
a educação. Sem dúvida as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, o espaço e o tempo, a
comunicação audiovisual e a estabelecer pontes novas entre o presencial e o virtual, entre o estar juntos e
o estarmos conectados a distância.
14 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
17. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Mas se ensinar dependesse só de tecnologias já teríamos achado as melhores
soluções há muito tempo, não é mesmo?
Elas são importantes, mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são os desafios maiores
que enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora em que estamos pressionados pela transição
do modelo de gestão industrial para o da informação e do conhecimento.
Nosso desafio maior é caminhar para um ensino e educação de qualidade, que integre todas as dimensões
do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração do sensorial, intelectual,
emocional, ético e tecnológico em si mesmas, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que
expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando.
Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando conseguimos integrar
dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais,
musicais, lúdicas e corporais.
Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e na seqüência para o computador e a
Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio, não é verdade?
Segundo a professora Maria da Graça, as novidades que essas novas tecnologias trouxeram para a
educação refletiram no repensar e na reconstrução de conceitos fundamentais. Os novos ambientes
utilizados para a aprendizagem, os ambientes virtuais, viabilizados pelos sistemas tecnológicos na rede
mundial de computadores, reúnem professores e alunos no ciberespaço e possuem características não
encontradas
Registro
Uma das características é a possibilidade de registro e de recuperação da trajetória
dos alunos e dos docentes. O registro de acesso e das participações dos alunos nas
atividades, nas discussões em grupos e nas diversas áreas dos ambientes virtuais
permite a análise da evolução e os avanços do processo de ensino e aprendizagem.
Hipertexto
O hipertexto, o desenho, a leitura e a navegação não-linear - antes
materiais impressos, portáveis, concretos e lineares e, agora, materiais fluidos,
interligados e rizomáticos no ciberespaço - reconfiguram o espaço textual.
Essa nova forma de comunicação e de escrita da sociedade informático-
midiática tornou-se também uma metáfora (Ramal, 2003) para outras
dimensões da realidade e das novas formas de pensar e de aprender e de
uma nova ecologia, cognitiva e social.
O hipertexto confere ao usuário, segundo a sua trajetória, a possibilidade de
navegação não- linear no texto, com a abertura de novas janelas, de novas associações e de informações
alcançáveis. Seu design sugere formas de organizar o pensamento multidimensional e não hierarquizado. A
rede de computadores é fecunda para esse tipo de construção por meio da interligação de suas páginas:
“... o hipertexto permite - ou, de certo modo, em alguns casos até mesmo exige, a participação de
diversos autores na sua construção, a redefinição do papel de autor e leitor e a revisão dos mode-
los tradicionais de leitura e escrita. Por seu enorme potencial para se estabelecerem conexões, ele
facilita o desenvolvimento de trabalhos coletivamente. ..”
Ramal, 2003. p.87
Autoria coletiva
A participação coletiva na construção de hipertexto ou em diversas outras
construções no ciberespaço confere aos professores a autoria coletiva, não
mais solitária da sala de aula. Os hipertextos em construção podem ser
adensados por diversas contribuições e pelas participações de
diferentes atores e autores, como os próprios alunos - novos autores
também do processo de ensino e não somente no processo de
aprendizagem.
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 15
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
18. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Rede
Nascem novos autores, cujas obras podem ter o alcance multiplicado
pela rede. A idéia de “rede” é expandida, e o que era entendido
apenas como a interconexão entre computadores passa a ser
entendido também como uma metáfora de organização do
ciberespaço onde todas as vozes podem ser ouvidas, onde flui a
intersubjetividade, onde os conhecimentos se constroem
coletivamente:
“ Nenhum ponto é privilegiado em relação a outro, nem
univocamente subordinado a qualquer um; cada um possui
seu próprio poder (eventualmente variável com o decorrer
do tempo) a sua zona de incidência ou sua força
determinante original ...”
(Serres, s/d. Apud Ramal, 2003, p.140)
Tecnologias na escola e criação de redes de conhecimento
Texto de Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida
A rede tecnológica por si mesma não garante mudanças na educação, embora propicie novas formas de
lidar com a informação, de produzir conhecimento e de estabelecer comunicação entre as pessoas,
permitindo conexões entre pessoas, idéias, conceitos, crenças e valores.
O uso das tecnologias de informação e comunicação para a criação de redes de conhecimentos favorece a
democratização do acesso à informação, a troca de informações e experiências, a compreensão crítica da
realidade e o desenvolvimento humano, social, cultural e educacional. Tudo isso poderá levar à criação de
uma sociedade mais justa e igualitária.
Como criar redes de conhecimentos? O que significa aprender quando se trabalha com redes de
conhecimentos? Como inserir o uso de redes de conhecimentos na escola? O que cabe ao educador nessa
criação?
A fim de saber mais sobre essas e outras questões relacionadas com a
criação de redes de conhecimentos na escola, consulte o texto “
Tecnologia na escola: criação de redes de conhecimentos “ , de Maria
Elizabeth Bianconcini de Almeida, disponível no livro:
Boletim do Salto para o Futuro, série Tecnologia na Escola.
Programa 2, 2001. Disponível em:
http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2001/tec/tectxt2.htm
16 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
19. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
“Hoje dispomos de poderosíssimos instrumentos materiais e intelectuais para captar informações de uma
vastíssima porção da realidade, processar essa informação e compartilhar o resultado desse processamento
praticamente com toda a humanidade. Hoje cada indivíduo pode compartilhar conhecimentos e compatibilizar
comportamentos com um número surpreendente de outros indivíduos espalhados pelo planeta. Esse número
deve crescer, chegando eventualmente a atingir toda a humanidade. Inconscientemente, estamos incorporando
esse compartilhar conhecimentos e compatibilizar comportamentos na nossa evolução biológica e intelectual.
Estamos, inconscientemente, chegando à civilização planetária.” (DAMBRÓSIO, 2000, Salto para o Futuro,
Série Tecnologia e Currículo).
As Novas competências
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
A Sociedade da Informação e Comunicação demanda por novas competências para aprender, ensinar,
trabalhar e se relacionar com os demais.
“Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacida-
des, informações etc.) para solucionar uma série de situações”. Philippe Perrenoud
O autor apresenta o que é imprescindível saber para ensinar bem numa
sociedade em que o conhecimento está cada vez mais acessível:
1) Organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2) Administrar a progressão das aprendizagens;
3) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4) Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5) Trabalhar em equipe;
6) Participar da administração escolar;
7) Informar e envolver os pais;
8) Utilizar novas tecnologias;
9) Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10) Administrar a própria formação.
Conheça as obras de Philippe Perrenoud e saiba mais sobre
as novas competências:
PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para
Ensinar. Porto Alegre. Editora Artmed. 2000.
PERRENOUD, Philippe et alli. Formando professores
profissionais. Quais estratégias? Quais competências?
Porto Alegre, Editora Artmed, 2001.
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 17
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
20. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Modernização ou mudanças?
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
O uso das tecnologias da informação e comunicação pode imprimir na educação tanto a “modernização”
como a “mudança” (Almeida, F., 2003):
A modernização está relacionada com a implantação de infra-estrutura tecnológica, como redes de
computadores, laboratórios de informática, acesso à Internet, bem como a disponibilização de recursos
multimídia para os alunos e professores, tais como lousas eletrônicas ou projetores multimídia.
A mudança pedagógica está proximamente relacionada com raízes mais profundas na educação e na
emergência de novos paradigmas educacionais.
Inovar nem sempre significa mudar
“... não se pode esperar que as tecnologias da informação e comunicação funcionem como
catalisadores dessa mudança, uma vez que não basta o rápido acesso a informações continuamen-
te atualizadas nem somente adotar novos métodos e estratégias de ensino e de gestão.”
(ALMEIDA, 2002. p. 41)
A escola é desafiada também a ultrapassar a lógica da exclusão social, cujo mapa das desigualdades
sobrepõe-se ao da exclusão digital, da pobreza e da violência. Buscam-se oportunidades de acesso e
permanência aos espaços do ensino e a utilização de novas mídias e das tecnologias da informação e da
comunicação.
Sob essa ótica, as instituições de ensino, para fazer frente às novas demandas e à formação de
profissionais qualificados para uma nova e mais competitiva entrada no mercado de trabalho, cada vez
mais seletivo e excludente, necessitam operar e já operam diversas adequações.
O acesso à escola e às tecnologias não é suficiente por si só para promover a mudança educacional, pois
nem mesmo num primeiro olhar pode ser considerado democrático ou igualitário. A alteração e abertura
das grades curriculares - uma mudança na ordenação, nos procedimentos e nos conteúdos - também não
tocam novas melodias, pois se desenham como variações sobre um mesmo tema.
Vale dizer que, como o mundo globalizado não se equaciona mais com a escola, nem com as ofertas dos
cursos universitários, o conhecimento científico-tecnológico e a pesquisa tornam-se as forças propulsoras,
com imediatas repercussões nas áreas política e social. Isso acontece por meio do desenvolvimento
decorrente da pesquisa formal e pelos esforços aplicados na produção de conhecimentos abstratos, por
meio da educação formal e informal e do treinamento proporcionado pelas empresas.
Os países passam a ser classificados mundialmente pela possibilidade de geração e distribuição de
conhecimentos bem como pela gestão do conhecimento produzido numa nova lógica de serviços que se
impõe ao capital e à indústria.
Por um lado, a globalização da economia e os avanços tecnológicos demandam, cada dia mais, a alta
qualificação. Os países que não conseguem se adequar rapidamente às novas exigências correm o risco de
aumentar a defasagem social, econômica e cultural entre os mais e os menos desenvolvidos. A educação é,
então, uma chave para o desenvolvimento sustentável e para o aumento da empregabilidade.
Por outro lado, as exigências de alta qualificação profissional e as demandas da sociedade são fatores de
concentração de mercado, de renda, de competição global e de exclusão social.
18 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
21. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Clique aqui para ler o texto quot;Dez novas competências para uma
nova profissãoquot; (http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/
material/introdutorio/pdf/etapa2_as_novas_competencias.pdf) do
professor Philippe Perrenoud.
Que Educação queremos?
Texto de Maria da Graça Moreira da Silva
“A mudança da qual falamos
É aquela que altera os rumos da sociedade, via educação
O que é a nova sociedade?
Com participação democrática nas decisões políticas,
Com justa distribuição de renda,
Com oportunidade de trabalho digno para todos,
Com equidade na fruição e produção da cultura,
Com liberdade de expressão e acesso à educação e saúde etc.”
Almeida, Fernando. 2003, p.2
Renova-se, a cada dia, a discussão sobre a mudança educacional e não se contesta a necessidade de novos
paradigmas. A polifonia das discussões em torno dos rumos, do alcance, da sua penetração e da sua
estrutura é mais do que instigante, ela é convergente. Portanto, é necessário tomar as perspectivas, a partir
de múltiplos olhares para compreendê-la.
No entanto, as necessidades de mudanças vão além: as instituições de ensino necessitam voltar seu olhar
para dentro de seus muros e repensar, reorganizar e reposicionar sua própria estrutura e seu currículo.
“Não se trata de substituir a educação presencial pela virtual, mas de analisar as potencialidades de
cada uma dessas modalidades e as possibilidades de criar uma dinâmica que as articule em um
processo colaborativo... há necessidade de que as universidades propiciem o desenvolvimento de
propostas inovadoras, assumindo uma postura de abertura e flexibilidade em relação a projetos
criativos, ousados e desafiadores.” (ALMEIDA, 2001).
Propostas inovadoras, conforme aponta Almeida, estão também neste momento, relacionadas à
incorporação das tecnologias da informação e comunicação na educação - presencial ou a distância. Essa
incorporação somente se dinamiza por meio da apreensão dessas pelos docentes. Essa apreensão não se
dá de imediato, ao simples contato, sem o entendimento de seu significado, seu alcance, suas
potencialidades e limitações. Essa se dá por meio de processos de formação continuada no contexto que
implicam e mesclam-se com a reflexão sobre os paradigmas e temas emergentes da educação.
A discussão sobre novos currículos e práticas educacionais torna-se fundamental neste cenário, pois de
nada adiantaria trocar a roupagem de velhas práticas. Portanto, a inserção das tecnologias da informação e
comunicação - presencial ou a distância - é entendida em conjunto com novas oportunidades para se
repensar e redesenhar os currículos e traduzir novas práticas à luz da discussão de novas aprendizagens.
Na sociedade atual aprendente, a trajetória da aprendizagem é desenhada ao aprender. As novas
aprendizagens não cabem em velhos currículos. Não se entende por currículo “grade curricular” que
aprisiona um conjunto de disciplinas e dita os tempos e espaços escolares em pequenas unidades, muitas
vezes desconexas. Mas os novos currículos estão relacionados ao currículo moldado pelo professor
(Sacristán, 2000) que se transformam e se formam na ação, dando lugar a novas aprendizagens.
Clique aqui para ler o texto quot;Situando o uso da mídia em
contextos educacionaisquot; (http://www.webeduc.mec.gov.br/
midiaseducacao/material/introdutorio/pdf/
etapa2_1_situando_usoMidias_Beth.pdf) da professora Maria
Cecília Martins.
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 19
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
22. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Desafios com as novas mídias
Texto de autoria do Professor José Manuel Moran
A Internet, as redes, o celular, a multimídia estão revolucionando nossa vida no cotidiano. As tecnologias
são apenas apoios, meios. Mas elas nos permitem realizar atividades de aprendizagem de formas
diferentes às de antes. Podemos aprender estando juntos em lugares distantes, sem precisarmos estar
sempre juntos numa sala para que isso aconteça.
Ensinar e aprender com tecnologias telemáticas são desafios que até agora não foram enfrentados com
profundidade. Temos feito adaptações do que já conhecíamos. O ensino presencial e a distância começa a
ser fortemente modificados e todos nós, organizações, professores e alunos são desafiados a encontrar
novos modelos em todas as situações. As tecnologias telemáticas, que começam a permitir ver-nos e ouvir-
nos facilmente, colocam em xeque o conceito tradicional de sala de aula, de ensino e de organização dos
procedimentos educativos.
Manter o currículo e as normas tal como estão na prática é insustentável. As secretarias de educação
precisam ser mais pró-ativas e incentivar mudanças, flexibilização, criatividade.
Professores, alunos e administradores podem avançar muito mais em organizar currículos mais flexíveis,
aulas diferentes. A rotina, a repetição, a previsibilidade, tudo isso é uma arma letal para a aprendizagem. A
monotonia da repetição esteriliza a motivação dos alunos.
São muitos os recursos à nossa disposição para aprender e para ensinar. A chegada da Internet, dos
programas que gerenciam grupos e possibilitam a publicação de materiais estão trazendo possibilidades
inimagináveis vinte anos atrás. A resposta dada pela escola até agora ainda é muito tímida, deixada a
critério de cada professor, sem uma política institucional mais ousada, corajosa, incentivadora de
mudanças. Está mais do que na hora de evoluir, modificar nossas propostas, aprender fazendo.
Todos os que estamos envolvidos em educação precisamos conversar, planejar e executar ações
pedagógicas inovadoras, com a devida cautela, aos poucos, mas firmes e sinalizando mudanças. Sempre
haverá professores que não querem mudar, mas uma grande parte deles está esperando novos caminhos,
o que vale a pena fazer.
Se não os experimentamos, como vamos a aprender?
Não basta tentar remendos com as atuais tecnologias. Temos quer fazer muitas coisas diferentemente. É
hora de mudar de verdade e vale a pena fazê-lo logo, chamando os que estão dispostos, incentivando-os
de todas as formas - entre elas a financeira - dando tempo para que as experiências se consolidem e
avaliando com equilíbrio o que está dando certo. Precisamos trocar experiências, propostas, resultados.
Síntese
Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de que os alunos não agüentam mais
nossa forma de dar aula. Os alunos reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por
horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a vida.
Colocamos tecnologias nas escolas, mas, em geral, para continuar fazendo o mesmo de sempre - o
professor falando e o aluno ouvindo - com um verniz de modernidade.
As tecnologias são utilizadas mais para ilustrar o conteúdo do professor do que para criar
novos desafios didáticos.
O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos, histórias, linguagens. Esperavam-se
muitas mudanças na educação, mas as mídias sempre foram incorporadas marginalmente. A aula continuou
predominantemente oral e escrita, com pitadas de audiovisual, como ilustração. Alguns professores
utilizavam vídeos, filmes, em geral como ilustração do conteúdo, como complemento. Eles não modificavam
substancialmente o ensinar e o aprender, introduziam um verniz de novidade, de mudança, mas era mais
na embalagem.
O computador trouxe uma série de novidades, de fazer mais rápido, mais fácil. Mas continua sendo utilizado
mais como uma ferramenta de apoio ao professor e ao aluno. As atividades principais ainda estavam
20 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
23. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
focadas na fala do professor e na relação com os textos escritos.
Hoje, com a Internet e evolução tecnológica, podemos aprender de muitas formas, em lugares diferentes,
de formas diferentes. A sociedade como um todo é um espaço privilegiado de aprendizagem. Mas ainda é a
escola a organizadora e certificadora principal do processo de ensino-aprendizagem.
Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há informações demais, múltiplas fontes,
visões diferentes de mundo. Educar hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e
também o são as competências necessárias. As tecnologias começam a estar um pouco mais ao alcance do
estudante e do professor. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os
alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos ou separados.
Clique aqui para ler o texto quot;Tecnologias de comunicação e
interaçãoquot; (http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/
material/introdutorio/pdf/etapa2_Tec_com_e_interacao.pdf) do
professor José Manuel Moran.
Com a Internet e outras tecnologias surgem
novas possibilidades de organização das aulas
dentro e fora da Escola?
A escola e seus professores podem se organizar
para estas mudanças inevitáveis, da forma mais
adequada, equilibrada e coerente?
Revista Nova Escola on-line
Vale a pena conferir os artigos:
”Os Novos Pensadores da Educação” (http://
revistaescola.abril.com.br/edicoes/0154/aberto/
mt_243601.shtml ou http://midiasnaeducacao-
joanirse.blogspot.com/2008/12/os-novos-pensadores-da-
educao.html)
”A democratização do ensino exige nova linguagem
em classe” (http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/
0177/aberto/mt_243192.shtml ou http://
midiasnaeducacao-joanirse.blogspot.com/2008/12/
democratizao-do-ensino-exige-nova.html)
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 21
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
24. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Referências Bibliográficas
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PUC SP. São Paulo: 2003.
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colaborativos de aprendizagem. MCT/PUC SP São Paulo. 2001.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A ERA DA INFORMAÇAO: ECONOMIA, SOCIEDADE E CUL V.1.
São Paulo. Editora Paz e Terra. 2003.
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ALMEIDA, Fernando (organizador). Educação a distância: formação de professores em ambientes
virtuais e colaborativos de aprendizagem. MCT/PUC SP São Paulo. 2001.
PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar . Porto Alegre. Ed. Artmed.
RAMAL, Andréa. Educação na Cibercultura . Porto Alegre. Ed. Artmed. 2003.
RUIZ, Osvaldo. Manuel Castells e a “Era da Informação”. 2002. http://www.comciencia.br/
reportagens/internet/net16.htm#1. Acesso em 20/08/2005.
SILVA, Maria da Graça Moreira. Novos Currículos, Novas Aprendizagens. Tese de doutorado. Programa
de Pós-graduação em Educação e Currículo. PUC SP. São Paulo. (2004)
22 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
25. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
ETAPA 3
Apresentação
Transcrição do áudio do vídeo
Nas próximas duas semanas estaremos participando da terceira
etapa do Módulo Introdutório do curso de Mídias na Educação.
Esta é uma etapa bastante importante porque nela teremos um
panorama geral do uso das mídias e tecnologias na sala de aula.
Como a TV, o rádio e a Internet podem ser usados de forma
articuladas na educação? Neste módulo estaremos debatendo e
discutindo esses e outros temas e, principalmente, as novas
representações e as linguagens que essas novas mídias nos
brindam.
Os meios de comunicação exercem uma influência avassaladora na população. Só vinte por cento das
pessoas lêem jornal, enquanto noventa e cinco por cento vêem televisão e ouvem rádio. A televisão e o
rádio dizem que só querem entreter, mas, ao mesmo tempo, vão disseminando idéias, emoções, valores.
Eles educam informalmente, continuamente, voluntariamente, porque ninguém é obrigado a assistir. Sabem
como se comunicar com a população, captar suas ansiedades e desejos. A escola não pode continuar
ignorando esses meios, precisa discuti-los, analisá-los e utilizá-los. Este é o propósito desta etapa do Módulo
Introdutório: Discutir os meios de comunicação e de informação e como utilizá-los melhor dentro e fora da
escola.
Nesta etapa iremos conhecer as relações entre a comunicação e a educação.
Objetivos específicos
• Compreender que a educação é fundamentalmente um processo complexo de comunicação, que
estabelece relações significativas para a aprendizagem.
• Conhecer como os meios possibilitam a comunicação com a população e como podemos
compreendê-los melhor na educação.
• Identificar as novas formas de aprender e ensinar com o uso das mídias destacando uma postura
de leitor crítico e de autoria;
• Apresentar o papel das Mídias na Educação (TV, rádio, computador);
• Explorar diferentes linguagens e representações;
• Propiciar o desenvolvimento da visão integradora das mídias na prática docente.
Interações entre comunicação e educação
Texto de José Manuel Moran
“Um indivíduo consegue hoje um diploma de curso superior sem nunca ter aprendido a comunicar-
se, a resolver conflitos, a saber o que fazer com a raiva e outros sentimentos negativos.”
Carl Rogers
A comunicação educativa
A comunicação é um campo de trocas, de interações, que permitem perceber-nos, expressar-nos e
relacionar-nos com os outros, ensinar e aprender. Comunicar-nos é entrar em sintonia, aproximar, trocar,
intercambiar, dialogar, expressar, influenciar, persuadir, convencer, solidarizar, tornar transparente, comungar.
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 23
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
26. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Nos vários ambientes que freqüentamos, nos comunicamos como pessoas realizadas ou insatisfeitas,
abertas ou fechadas, confiantes ou desconfiadas, competentes ou incompetentes, egoístas ou generosas,
éticas ou aéticas. Todas essas variáveis interferem nos vários níveis e ambientes de comunicação pessoal,
grupal e organizacional.
Como a educação se relaciona com a comunicação?
A educação é fundamentalmente um processo de comunicação e de informação. De troca de informações e
de troca entre pessoas. Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e organizações -
transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da
sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das
habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais,
sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos realizados e produtivos.
Todos nos educamos o tempo todo. Educamo-nos por meio das múltiplas formas de comunicação, das
inúmeras interações com as pessoas que convivemos e com as instituições de que participamos. Todos nos
educamos e somos educados pelos demais. Estamos sempre ensinando e aprendendo por meio de múltiplas
formas de comunicação.
Educar é ajudar a compreender a si mesmo, os outros, o mundo. É um processo de desvendamento e
integração de níveis mais complexos da realidade, aprendendo a encontrar significado para o que está
solto, disperso; integrando as dimensões externas e internas, passado e presente, o individual e o social. E,
também, é um processo de aprender a “desaprender”, a deixar de lado o que não nos serve mais, o que
não nos ajuda mais a evoluir.
Educar também é ajudar a desenvolver todas as formas de comunicação, todas as linguagens: aprender a
dizer-nos, a expressar-nos claramente e a captar a comunicação do outro e a interagir com ele.
Educar é aprender a comunicar-nos verdadeiramente: a ir tornando-nos mais transparentes,
expressando-nos com todo o corpo, com a mente, com todas as linguagens, verbais e não-
verbais, com todas as tecnologias disponíveis.
Informação e comunicação na educação
Cada pessoa vê o mundo de um jeito específico e este lhe parece tão firme, tão claro, que imagina que o
outro também deve enxergá-lo da mesma forma. Mas ao falar com ele, fica-se surpreso quando, às vezes,
não se é bem compreendido, quando não se aceita imediatamente o que se considera evidente. O que é
claro para uma pessoa só é claro para ela. Não significa que o seja igualmente para o outro. O mundo que
alguém vê não coincide com o que o outro vê. Pode ser parecido, mas não o mesmo.
Reflita um pouco sobre as seguintes questões:
- Como você se percebe na relação com o outro?
- Como você se relaciona com o mundo?
- Como se relaciona com a cultura?
- Como são os feedbacks que recebe de seus
colegas?
24 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
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27. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
O que determina a nossa visão de mundo?
O mundo que vemos é, em parte, orientado pela história de um povo, pela sua cultura, educação, religião
e, em parte, pela nossa experiência pessoal, pelas nossas formas de interagir com o mundo, de comunicar-
nos de forma aberta ou fechada, confiante ou desconfiada.
Estamos sempre dentro de um contexto maior, que nos envolve como os peixes na água e que nos parece “
natural “. É tão natural que não o percebemos ou o damos por pressuposto. E, ao mesmo tempo, o contexto
está em nós. Queiramo-lo ou não, a sociedade está o tempo todo interagindo, comunicando-se conosco,
orientando-nos, balizando a nossa percepção e a ação. A sociedade reforça certos comportamentos e
desaprova outros. Envia-nos continuamente feedbacks de aprovação ou desaprovação, de incentivo - se
não questionamos os princípios básicos - ou de desaprovação - se não os confrontamos.
Uma parte de cada um de nós está codificada, articulada, claramente organizada. Mas uma outra
parte nos escapa ; está desarticulada, parece desconexa, sem sentido. Há informações, em nós,
claramente sistematizadas, que tanto nós como os outros captamos e agimos em função delas.
Mas e as outras? Se nem mesmo eu encontro o seu significado, se não consigo organizá-las,
como vou esperar que os outros as compreendam?
É no processo de comunicação que essa desorganização diminui, que consigo encontrar áreas de
significação no caos, no “ inconsciente “ tanto meu como no do outro. O outro lê nas entrelinhas do não-
verbal, do que sugiro, do que deixo escapar, da entonação e me devolve a sua leitura, que me ajuda a ler-
me, a compreender-me a partir da sua leitura. Se as interpretações de muitas pessoas sobre mim são
convergentes, se coincidem no essencial, a minha leitura sobre mim mesmo se modificará.
A comunicação é educativa. Por que nos comunicamos?
Texto de José Manuel Moran e Maria Elizabeth Almeida
“A simples introdução dos meios e das tecnologias na escola pode ser a forma mais enganosa de
ocultar seus problemas de fundo sob a égide da modernização tecnológica. O desafio é como inserir
na escola um ecossistema comunicativo que contemple ao mesmo tempo: experiências culturais
heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da comunicação, além de
configurar o espaço educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu
encanto”. (MARTÍN BARBERO, 1996, p.12)
Pensando bem, a nossa visão de mundo é perpassada pelas relações que estabelecemos com ele, ou seja,
todo o sistema de comunicação simbólica ( verbal, imagético, textual...) existente no mundo influi em nosso
ser. Ao nos comunicarmos com o outro também influímos em seu modo de ser, agir e pensar.
Somos sujeitos da construção da sociedade e vamos nos constituindo como pessoas nas relações que esta-
belecemos com ela; à medida que modificamos o mundo, somos transformados por ele.
O mestre Paulo Freire nos alertava que a educação sozinha não pode transformar o mundo, mas alguma
coisa ela pode fazer para modificá-lo.
Para saber mais sobre as idéias de Paulo Freire
relacionadas com a comunicação e a informática na
educação, leia:
Paulo Freire: Re-Leitura Para Uma Teoria Da Informática
Na Educação, de autoria da Professora Margarita Victoria
Gomez.
Disponível na Biblioteca Freiriana do Instituto Paulo
Freire: http://www.paulofreire.org/
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 25
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
28. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Clique aqui para ler o texto a Informação e comunicação na
educação (http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/
introdutorio/pdf/etapa3_comunicacao.pdf) do Professor José Manuel
Moran.
Integração tecnológica, linguagem e representação
Texto de Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida e Maria Elisabette Brisola Brito Prado
O uso de tecnologias como apoio ao ensino e à aprendizagem vem evoluindo vertiginosamente nos últimos
anos, podendo trazer efetivas contribuições à educação, presencial ou a distância. Entretanto, para evitar ou
superar o uso ingênuo dessas tecnologias, é fundamental conhecer as novas formas de aprender e de
ensinar, bem como de produzir, comunicar e representar conhecimento, possibilitadas por esses recursos,
que favoreçam a democracia e a integração social.
O uso das mídias digitais, especialmente da hipermídia, incorpora distintos recursos tecnológicos à
tecnologia digital, proporciona o diálogo entre as diferentes linguagens, transforma as maneiras de
expressar o pensamento e de comunicar, interfere na comunicação social e induz mudanças observáveis na
produção dos materiais veiculados com suporte em outras tecnologias. Exemplos da interferência da
tecnologia digital na comunicação com suporte em outras tecnologias são observados nas imagens da
televisão, no design de material impresso, nos programas de rádio etc.
A natureza da incorporação às mídias digitais de linguagens e meios convencionais de comunicação (áudio,
vídeo, animação, material impresso...), de uso consolidado antes do advento e da disseminação dos
computadores, evidencia a necessidade de um planejamento que considere as características específicas de
suas linguagens e potencialidades tecnológicas, propiciando a criação de uma sinergia para a concepção e
realização de ações educacionais inovadoras.
Para compreender o cenário de possibilidades que se descortina com a integração de tecnologias no ensino
e na aprendizagem, é necessário ter clareza das intenções e objetivos pedagógicos, das possíveis formas
de representação do pensamento, das características de narratividade, roteirização e interação entre as
tecnologias. Por conseguinte, as mudanças dos ambientes educativos com a presença de artefatos
tecnológicos e linguagens próximas do universo de interesses do aluno proporcionam o acesso a uma gama
diversa de manifestações de idéias, permitem a expressão do pensamento imagético e criam melhores
condições para a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano e da civilização.
CYBER MOVIE - Telecine adotou a linguagem
“CyberMovie”: de olho nos jovens
26 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
29. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
A integração entre tecnologias, linguagens e representações tem papel preponderante na
formação de pessoas melhor qualificadas para o convívio e a atuação na sociedade,
conscientes de seus compromissos para com as transformações de seu contexto, a
valorização humana e a expressão da criatividade.
O acesso às informações, que são veiculadas em distintas mídias e em diferentes linguagens, possibilita
que estejamos imersos na cultura da aldeia global e do mundo interconectado, o que traz influênci-
as em nossos sistemas de representação pessoais e coletivos. Entretanto, os significados que atribuí-
mos às informações que nos chegam de todos os lugares, a qualquer momento, dentro de um fluxo
incontrolável, se desenvolvem pela apropriação das informações que nos são significativas, de acordo com
nossas crenças, atitudes, valores e concepções, que retratam nosso modo de vida e as formas simbólicas
compartilhadas.
Portanto, estamos diante de um sistema híbrido, que mescla o global com o particular, o contexto
com o universal, o pessoal com o social, o convencional com o atual e com o virtual.
Compreender essa complexidade, refletir sobre a diversidade de fontes de informações, desenvolver a
criticidade para reconhecer sua origem e veracidade, identificar suas potencialidades e contribuições para
articular saberes cotidianos, científicos, técnicos, sociais, emocionais, artísticos e estéticos são ações que
induzem a reflexão sobre quem somos e para onde queremos ir, para a redescoberta do ser humano.
Original publicado em maio de 2005 para o Programa Salto para o Futuro. Disponível em: http://
www.tvebrasil.com.br/salto/.
Redimensionando o ensinar e o aprender com o uso de tecnologias
Texto de José Manuel Moran e Maria da Graça Moreira da Silva
Buscamos identificar as contribuições das tecnologias de acordo com suas propriedades intrínsecas,
redimensionar as práticas e alargar o olhar para englobar diferentes sistemas de conhecimentos e de
significados, maneiras distintas de sentir, pensar, compreender, interpretar e representar o mundo, a vida e
a si mesmo.
Há que se reencontrar o sentido mais humanístico, interativo e integrador da educação, que leve
professores e gestores a repensar a necessidade de se tomar consciência de que o uso de tecnologias
permite redimensionar os espaços de ensinar e aprender, sonhar e amar, vislumbrando a provisoriedade do
conhecimento, as novas possibilidades das práticas da escola, a necessidade da formação continuada para
atender às características de mudança da sociedade atual e para resgatar o valor do saber e a sensibilidade
do ser.
Portanto, a intenção em abordar este tema é a de incitar a reflexão e novos estudos sobre:
• o entrelaçamento de elementos característicos das tecnologias utilizadas em educação, das mais
convencionais à mídia digital;
• as mudanças que ocorrem nesses elementos e nas práticas pedagógicas que apóiam, quando
integrados aos processos de produção e expressão de conhecimentos;
• as contribuições para transformar o ensino e melhorar a aprendizagem do aluno, sujeito na produção,
gestão e uso de tecnologias.
Integrando a TV na Educação
Assista às experiências educacionais, apresentadas no Programa Salto
para o Futuro - Série Integração tecnológica, linguagem e
representação, veiculado no período de 02 a 06 de maio/2005.
Tais experiências retratam o uso articulado de diferentes tecnologias e
mídias, revelando as potencialidades de práticas pedagógicas, que
fomentam a autoria dos alunos e o desenvolvimento de atitudes
críticas e reflexivas sobre a sua realidade.
Caso não esteja conectado à internet, clique aqui (http://
www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutorio/pdf/
integracao_tecnologica.pdf) para acessar o conteúdo.
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 27
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
30. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
A TV e a educação
Texto de José Manuel Moran
A informação e a forma de ver o mundo predominante no Brasil provêm fundamentalmente da televisão.
Ela alimenta e atualiza o universo sensorial, afetivo e ético que crianças e jovens - e grande parte dos
adultos - levam a para sala de aula. Como a TV o faz de forma mais despretensiosa e sedutora, é muito
mais difícil para o educador contrapor uma visão mais crítica, um universo mais abstrato, complexo e na
contramão da maioria como a escola se propõe a fazer.
A TV fala da vida, do presente, dos problemas afetivos - a fala da escola é muito
distante e intelectualizada - e fala de forma impactante e sedutora - a escola, em geral,
é mais cansativa, concorda?
O que tentamos contrapor na sala de aula, de forma desorganizada e monótona, aos modelos consumistas
vigentes, a televisão, o cinema, as revistas de variedades e muitas páginas da Internet o desfazem nas
horas seguintes. Nós mesmos, como educadores e telespectadores, sentimos na pele a esquizofrenia das
visões contraditórias de mundo e das narrativas (formas de contar) tão diferentes dos meios de
comunicação e da escola.
Percebeu que na procura desesperada pela audiência imediata e fiel, os meios de comunicação
desenvolvem estratégias e fórmulas de sedução mais e mais aperfeiçoadas: o ritmo alucinante das
transmissões ao vivo, a linguagem concreta, plástica, visível?
Mexem com o emocional, com as nossas fantasias, desejos e instintos. Passam com incrível facilidade do
real para o imaginário, aproximando-os em fórmulas integradoras, como nas telenovelas.
A escola precisa exercitar as novas linguagens que sensibilizam e motivam os alunos, e também combinar
pesquisas escritas com trabalhos de dramatização, de entrevista gravada, propondo formatos atuais como
um programa de rádio uma reportagem para um jornal, um vídeo, onde for possível. A motivação dos
alunos aumenta significativamente quando realizam pesquisas, onde se possam expressar em
formato e códigos mais próximos da sua sensibilidade. Mesmo uma pesquisa escrita, se o aluno
puder utilizar o computador, adquire uma nova dimensão e, fundamentalmente, não muda a proposta
inicial.
Clique aqui para ler o texto A linguagem da TV e
a Educação (http://www.webeduc.mec.gov.br/
midiaseducacao/material/introdutorio/pdf/
etapa3_TV_educacao.pdf) do Professor José
Manuel Moran.
Acesse os recursos educacionais no Portal
do professor (http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/main.action)e
veja o vídeo De onde vem a televisão?
Caso no esteja conectado internet, clique
aqui (http://www.webeduc.mec.gov.br/
midiaseducacao/material/introdutorio/video/
dominio-efsi-cie-0031.wmv) para acessar o
conteúdo.
28 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
31. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Se a TV é um meio de comunicação tão presente no cotidiano de nossa vida e as informações que transmite
são tão importantes para o mundo atual, por que ela continua a despertar debates calorosos entre
educadores e pais enquanto nossos filhos passam horas diante da telinha? Como educadores o que
sentimos ao assistir a programas que expõem a vida privada das pessoas e que tanto atraem crianças,
adolescentes e jovens? O que eles dizem sobre esses programas? Qual o seu gosto estético?
Aprofunde essas idéias no artigo Debate:
televisão e educação de abertura da
série do Salto para o Futuro, de autoria
de Rosa Maria Bueno Fischer
Selecione o link Debate: Televisão e
Educação (http://www.tvebrasil.com.br/
salto/boletins2003/dte/index.htm)- 23/
06 a 27/06
Agora pense sobre:
- O que você assistiu na TV na última semana?
- O que mais chamou sua atenção? Um filme? Um
documentário? O Telejornal?
- Você usaria esse programa em sala de aula?
- Em que esse programa poderia atrair a atenção de
seus alunos?
Como a televisão e as mídias se comunicam
Texto de José Manuel Moran, Maria Elizabeth Almeida e Maria da Graça Moreira da Silva
Por que será que os meios de comunicação cativam e provocam tanto impacto?
Os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais
de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensagens, que facilitam a
interação, com o público. A TV fala primeiro do “sentimento” - o que você sentiu”, não o que você
conheceu; as idéias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva.
A televisão e o vídeo partem do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos.
Mexem com o corpo, com a pele, as sensações e os sentimentos - nos tocam e “tocamos” os outros, estão
ao nosso alcance por meio dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente.
Que pistas isso dá para nós, professores, no desenvolvimento da nossa ação
pedagógica na sala de aula?
Que desafios a escola precisa enfrentar diante do que é veiculado pela televisão?
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 29
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
32. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Clique aqui para ler o texto Como a televisão e as mídias se
comunicam (http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/
introdutorio/pdf/etapa3_TV_e_midias.pdf) do Professor José Manuel
Moran.
Livro on-line: Integração das Tecnologias na Educação
Outra sugestão interessante é a leitura do texto da Professora Vani
Kenski, que pode ser encontrado no artigo “As tecnologias invadem
nosso cotidiano” (pp 92-94).
O Livro encontra-se disponível na Internet para leitura e impressão, no
site do programa Salto para o Futuro do MEC.
Orientações:
• Para visualizar as páginas é necessário que você utilize um
programa denominado Adobe Acrobat (http://
www.acrobat.com/)
• Você pode copiar esse programa para seu computador, para
tanto acesse o site http://www.adobe.com/products/
acrobat/main.htmle siga as orientações.
• Em caso de dúvidas, consulte o suporte técnico para ajudá-lo.
• Acesse o site: http://www.tvebrasil.com.br/salto/livro/
3sf.pdf
30 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
33. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
O cinema na escola
Texto de Maria Elizabeth Almeida
Cinema é espetáculo; é arte em movimento; é poesia, emoção, alegoria, narração, mistério e realidade; é
cultura, beleza e entretenimento. Mas afinal, como aproximar o cinema da escola organizada em séries,
disciplinas e grades de conteúdo? Como aproximar essa arte que tanto nos atrai das atividades de sala de
aula?
A Professora Laura Maria Coutinho, da UnB, considera que o desafio
“para educadores e professores que se interessam por cinema como método de trabalho, poderia ser o
de estudar esse artefato cultural, indo além do enredo, a partir da decomposição de seus dois
elementos básicos - imagens e sons - abordados de várias formas, seja no grande plano-seqüência em
que se constitui o filme - do momento em que acende a luz ao instante em que se apaga.”
O que acontece com a escola quando novas tecnologias são introduzidas em seus espaços? E o que ocorre
com as tecnologias quando elas entram na escola? É possível fazer o casamento da escola com as
tecnologias?
Para saber mais, consulte Boletins 2005 do Salto para o
Futuro, série Refletindo sobre a linguagem do cinema,
de Laura Maria Coutinho.
Selecione o link Refletindo sobre a linguagem do
cinema - 04/04 a 08/04
Caso no esteja conectado internet, clique aqui para
acessar o conteúdo (http://www.webeduc.mec.gov.br/
midiaseducacao/material/introdutorio/pdf/
refletindo_sobre.pdf).
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 31
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
34. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Integrar as mídias na escola
Texto de José Manuel Moran e Maria Elizabeth Almeida
Antes de a criança chegar à escola, já passou por processos de educação importantes: pelo familiar
e pela mídia eletrônica. No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e emocionalmente, a criança
vai desenvolvendo as suas conexões cerebrais, os seus roteiros mentais, emocionais e suas linguagens. Os
pais, principalmente a mãe, facilitam ou complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais ou
menos maduras, o processo de aprender a aprender dos seus filhos.
Sabemos todos que a criança também é educada pela mídia, principalmente pela televisão. Aprende a
informar-se, a conhecer - os outros, o mundo, a si mesmo - a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, ouvindo,
“tocando” as pessoas na tela, que lhe mostram como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relação com a
mídia eletrônica é prazerosa - ninguém obriga - é feita por meio da sedução, da emoção, da exploração
sensorial, da narrativa - aprendemos vendo as estórias dos outros e as estórias que os outros nos contam.
Mesmo durante o período escolar, a mídia mostra o mundo de outra forma - mais fácil, agradável,
compacta - sem precisar fazer esforço. Ela fala do cotidiano, dos sentimentos, das novidades.
A mídia continua educando como contraponto à educação convencional,
educa enquanto estamos entretidos.
Diante da constatação de que as mídias envolvem e estão envolvidas com um complexo sistema de
comunicação que incorpora organizações de distintos setores (empresarial, financeiro, político...), se torna
necessário identificar suas influências nos espaços escolares e enfrentar o desafio de desenvolver a
consciência crítica dos alunos para que possam compreender a mídia como instrumentos que permitem
tanto a manipulação do pensamento e a manutenção do poder como a emancipação humana e a
democratização da informação.
Para avançar além da leitura crítica, é preciso criar condições que propiciem aos alunos a
participação ativa no debate e na incorporação de mídias, trabalhando com as diferentes
linguagens de representação que caracterizam as mídias.
Novas linguagens
Texto de Maria Elizabeth Almeida
A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus
códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para
usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos
indivíduos e a formação de cidadãos responsáveis.
Se a educação fundamental é feita pelos pais e pela mídia é necessário:
• ações de apoio aos pais para que incentivem a aprendizagem dos filhos desde o começo das vidas
deles, por meio do estímulo, das interações, da orientação pelo exemplo, do afeto.
• a educação para as mídias, para compreendê-las, criticá-las e utilizá-las da forma mais abrangente
possível.
• Compreender que a educação para as mídias tem sentido quando se faz a educação por meio das
mídias.
32 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
35. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Não se trata de propor mudanças na educação pela ótica do domínio das tecnologias sob a justificativa da
modernidade e sim de propiciar aos alunos a utilização das mídias para a expressão de idéias, a produção
de conhecimento, a comunicação e a interação social.
A educação para os meios começa com a sua incorporação na fase de alfabetização. Alfabetizar-se não
consiste só em conscientizar os códigos da língua falada e escrita, mas dos códigos de todas
as linguagens do homem atual e da sua interação. A criança, ao chegar à escola, já sabe ler histórias
complexas, como uma telenovela, com mais de trinta personagens e cenários diferentes.
E o que a escola faz com essas habilidades todas?
Elas são praticamente ignoradas pela escola.
Esta no máximo utiliza a imagem e a música como suporte para facilitar a compreensão da linguagem
falada e escrita, mas não pelo seu intrínseco valor. As crianças precisam desenvolver mais conscientemente
o conhecimento e prática da imagem fixa, em movimento, da imagem sonora... e fazer isso parte do
aprendizado central e não marginal. Aprender a ver mais abertamente, o que já estão acostumadas a ver,
mas que não costumam perceber com mais profundidade (como os programas de televisão).
Você poderá se aprofundar no assunto ou trocar idéias sobre
esse temas com outros professores na área Interação e
Comunicação do Portal do Professor:
• Acesse o Portal do Professor (http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/main.action)
• Pesquise o item Interação e Comunicação.
• Localize as salas de chat ou fóruns que tenha interesse.
• Navegue pelas diversas opções de Blogs
Observação - Esse espaço pode ser visitado sem estar
logado no Portal. Nesse caso, poderá ler os comentários mas
não poderá interagir. Caso queira postar algum comentário
basta se logar e acessar o espaço desejado: chat, fóruns. Os
Blogs e Inovações interativas possuem acesso livre de senha,
pois são links para outros espaços fora do Portal.
Endereço de acesso direto para a área de Interação e
Comunicação: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
interaction.action
Rádio na educação
Texto de Maria Elizabeth Almeida e Maria da Graça Moreira da Silva
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36. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Em educação, velhas e novas tecnologias podem conviver harmoniosamente e potencializar a
aprendizagem se forem integradas às práticas pedagógicas com vistas à democratização da informação, da
interação social, da socialização de experiências, da produção e disseminação de conhecimentos.
Nesse sentido, a linguagem do rádio é um excelente instrumento de socialização por meio de práticas que
incentivem o protagonismo do estudante e ampliem as possibilidades para que os alunos possam atribuir
significado às informações que manipulam por meio de situações que lhes despertem o prazer pelo
aprender.
Integrar o rádio na educação para com e pelas mídias vem se constituindo prática freqüente dos sistemas
de ensino, incentivada por programas públicos de formação de educadores, cujos programas educativos
destinados à capacitação de professores alfabetizadores de jovens e adultos vêem ajudando a reduzir os
índices de analfabetismos dessa população.
Escola Brasil
• Acesse o link da Escola Brasil:
www.escolabrasil.org.br
• Selecione um programa
• Clique na opção
O Programa Escola Brasil é veiculado de
segunda a sexta, às 20 horas (horário de
Brasília), pelas rádios Nacional de Brasília
(AM - 980 KHz), Nacional da Amazônia (OC -
11.780 KHz/25m e 6.180 KHz/49m) e pelo
satélite da Radiobrás para todo o Brasil
(Banda C-3.770 MHz, polarização horizontal),
além de outras emissoras parceiras
espalhadas por todo o País.
Você encontrará mais fontes para leituras e
aprofundamento relacionadas a esse tema no
Portal do Professor:
• Acesse o Portal do Professor (http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/main.action)
• Pesquise no item Links
• Busque a opção Rádio Escola
• Navegue pelas diversas opções.
Leia a entrevista Rádio pela Educação atinge 35 mil alunos
no Pará em http://www.vflow.com.br/~midiativa/
blog/?p=294
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37. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
A utilização do vídeo, CD e DVD na educação
Texto de José Manuel Moran
A partir de múltiplas experiências de pesquisa com vídeo com professores e alunos apresentamos um
roteiro simplificado e esquemático com algumas formas de trabalhar com o vídeo, o CD e o DVD na sala de
aula. Como roteiro não há uma ordem rigorosa e pressupõe total liberdade de adaptação destas propostas
à realidade de cada professor e dos seus alunos.
A fim de ajudar a identificar em que situação as práticas pedagógicas mais usuais se encontram em relação
ao uso do vídeo, relacione os tipos de utilização de vídeos comumente utilizados com a descrição:
R: 4, 5, 1, 3 e 2
- Você conhece alguma situação de utilização de
mídias como as apresentadas?
- Conhece algum colega que tenha se
deslumbrado? Que tenha usado um vídeo para
substituir uma ausência?
- Como podemos fazer para usar o vídeo de modo
significativo, isto é, que traga contribuições
significativas ao ensino e à aprendizagem?
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 35
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
38. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Orientações para utilização do vídeo, CD e DVD na sala de aula
Texto de José Manuel Moran
Após refletir sobre os tipos de utilização comuns, porém não necessariamente consistentes, apresentamos
sugestões dos principais tipos de utilização de vídeos, CD e DVD na sala de aula:
36 Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP
39. Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação - SEED - MEC
Sugerimos começar por vídeos mais simples , mais fáceis e exibir depois vídeos mais complexos e
difíceis, tanto do ponto de vista temático quanto técnico. Pode-se partir vídeos próximos à sensibilidade dos
alunos, vídeos mais atraentes, e deixar para um segundo momento a exibição de vídeos mais artísticos,
mais elaborados.
Clique aqui para ler o texto Utilização do vídeo, CD e DVD na sala de
aula (http://www.webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/
introdutorio/pdf/etapa3_como_ver_o_video.pdf) do Professor José Manuel
Moran.
- Escolha um vídeo conhecido.
- Faça um resumo da história
- Analise como conta a história para atrair
nossa atenção (que recursos visuais e
Módulo Introdutório: Integração de Mídias na Educação 37
Material (PDF) produzido pelo NCE/USP