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A terceira idade de João Wesley
Rev. Duncan Alexander Reily, pastor e historiador Metodista
Na casa de Samuel e Susana Wesley, onde João nasceu e se criou, não se falava muito
em aniversários e festas. Aparentemente, o único aniversário enfatizado era o quinto, pois
quando chegava esse dia, Susana ensinava a criança o alfabeto, tanto as letra maiúsculas
como as minúsculas em um dia só. No dia seguinte a criança começava a aprender a ler,
sendo a Bíblia a sua cartilha, começando com Gênesis 1.1.
José Carlos Barbosa em seu valioso e original livro Adoro a Sabedoria de Deus colocou,
sob data de 28 de junho, três trechos do Journal de João Wesley, a partir de 1779, a primeira
vez que ele assim celebrou um seu aniversário. Eis a tradução de Barbosa do trecho, porém
com ligeiras correções:
Mal posso crer que hoje começo 68 anos da minha vida! Quão maravilhosos são os
caminhos de Deus! Como tem me guardado desde a minha meninice! De dez aos
quatorze anos, tive somente pão como alimento e nem sequer o suficiente. Creio que,
em vez de me prejudicar, isso me deu a base da minha boa saúde. Quando cresci,
depois de ler o livro de doutor Cheyne, decidi ser parco em minha alimentação e beber
bastante água. Esse foi outro grande meio de manter minha saúde até os meus 27
anos. A partir daí, comecei a cuspir sangue e o fiz por vários anos. Um clima cálido me
curou o mal. Depois, estive próximo da morte por conta de uma febre, que me deixou
mais saudável do que nunca. Onze anos mais tarde, tive tuberculose em terceiro grau
e, em três meses, Deus curou-me. Desde essa data, não mais conheci mais dor ou
enfermidade e agora estou bem melhor de saúde do que aos 40 anos! É a obra de
Deus!
O aniversário passou a ser um dia especial de reflexão sobre as bênçãos e ação de
graça. No dia 28 de junho de 1771, Wesley se encontra na Irlanda. Ele testemunha de sua
“voz” e “vigor” eram o mesmo que gozava quando tinha 29 anos. Ele não mencionou seu
aniversário em 1772 e 73, mas retoma o tema em 1774. No seu registo ele se apresenta como
um homem gozando uma saúde perfeito apesar dos seus 71 anos. Mas a verdade é que
Wesley nem sempre esbanjava saúde! Ele registrou no seu Journal sob data de 6 de janeiro,
1754:
Iniciei as notas sobre o novo testamento, uma obra que eu nunca teria tentado fazer, se
não estivesse tão enfermo a ponto de não poder viajar ou pregar, mas com saúde
suficiente para poder ler e escrever.
Comentando sobre a mesma enfermidade no prefacio à as Notas, ele apresenta seu
estado de saúde em termos bem mais dramáticos: “Tenho recentemente recebido um forte
chamado de Deus para ‘levantar-me e ir-me daqui’ (cp. João 14.31), estou convencido que
tentar semelhante coisa, não o posso protelar.”
Mas vinte anos mais tarde no seu aniversário eis o que ele escreveu:
Hoje sendo meu aniversário, o primeiro dia do meu 72º ano, perguntei: Como é que

me acho com a mesma força como há 30 anos? Que minha visão está
consideravelmente melhor e meus nervos mais firmes e estavam então? Que
não tenho nenhuma das enfermidades que geralmente que acompanham a
velhice? A causa fundamental é a vontade de Deus, o qual faz aquilo que deseja
fazer. Os meios principais são:
1) meu hábito de sempre levantar às quatro da madrugada, durante esses
últimos cinquenta anos;
2) minha prática de pregar às cinco da manhã, um dos mais saudáveis exercícios
do mundo;
3) meu hábito de nunca viajar menos que 4500 milhas por ano...
Como para provar o seu estado de saúde, ele mencionou “à noite, preguei em
Yarm; por volta das onze do dia seguinte em Osmotherly e à noite, em Thirsk.”
Excepcionalmente, enquanto ele evangelizava na Irlanda, ele ficou bastante
doente. No dia 17 de junho, 1775, ele estava com febre alta e alguns dias depois, ele
se considerava “mais morto do que vivo”; mas sobre o dia 28 (o seu aniversário) ele
escreveu: “...confiando em Deus, para o espanto dos meus amigos, parti rumo a
Dublin” e no fim do dia ele estava mais forte do que estivera naquela manhã.
No seu aniversário de 1776 ele repete o que escreveu em 1774 mas acrescenta
que pregava melhor que quando tinha 23 anos. Ele acrescenta como razões, sua
capacidade de, em caso de necessidade “dormir imediatamente” e o fato de “nunca ter
perdido uma noite de sono em toda a sua vida”. E ele concluiu, surpreendentemente,
por mencionar “duas febres violentas e duas profundas tuberculoses” que ele chamou
de “remédios fortes”! E ainda sua tranqüilidade de espírito e a ajuda de Deus, resposta
a muitas orações. Em 1777, ele escreveu: “...pelo especial favor de Deus, encontro
todas as minhas faculdades de corpo e de mente como estavam quando eu tinha 24.”
(ou seja meio século antes)! Em 1778, ele repete o do ano anterior; em 1779 não
menciona o aniversário. Mas em 1780 ele afirma que estava igual em vigor quando
tinha apenas 27 anos, pela bênção de Deus.
Parafraseando Números 23.23 ele exclamava:
“Isto tem Deus obrado”,
principalmente pelo meu constante exercício, meu levantar cedo, e minha pregação de
manhã e de tardinha.” Em 1781 nada de novo; idem 1782, quando começa seu 80 th ano
de vida. Ele celebrou esse aniversário numa aldeia Morava na Holanda. Lembrando o
Salmo 90.10, Wesley declara que ele havia alcançado 80 anos e seus olhos não haviam
escurecido.
Barbosa incluiu o registro de Wesley sobre seu aniversário de 1784.
Resumidamente ele afirmou estar com forma física e mental como estava 40 anos
antes, o que ele imputava, não a causas secundárias, mas ao “Senhor Soberano de
todos”. Afirmou também, que não tinha mais aquelas dores que enfrentara na mocidade
como dor de cabeça, de dente, e outras “desordens”. Em 1785 ele atribui a Deus o fato
de nunca sentir cansaço e repete isso em 1786. Ele não menciona seu aniversário em
1787. Acho provável que a emoção gerada pelo seu encontro com João Howard,
famoso pela reforma das prisões inglesas, tenha feito Wesley esquecer do seu
aniversário. A coisa começa a mudar em 1788, mas não abruptamente.
Ele sente uma deterioração da visão e da memória, etc. Em 1789 esses mesmos
sintomas continuam e em maior grau. Mas todos esses fatos não conseguiram derrotálo. Ele escreveu: “O que temeria se eu me inquietasse pelo dia de amanhã (cp. Mt.
6.34), e que meu corpo sobrepujasse a mente e criar teimosia ou rabugice. ...mas tu, ó
Senhor, responderás por mim.”
A importante narrativa dos seus últimos dias, escrita por Elizabeth Richie, é muito
reveladora do seu estado espírito e das suas atividades nesse período. No dia 17 de
fevereiro, 1791, ele pregou em Lambeth: Ele voltou para sua casa na City Road bem
resfriado. Mas no dia seguinte ele pregou em Chelsea onde foi obrigado a para
algumas vezes por causa do resfriado. Teve que deixar seus cooperadores cuidar das
suas tarefas por alguns dias mas, na quarta-feira seguinte, dia 23, ele pregou seu último
sermão na casa de uma família que ele estava evangelizando. Foi o começo do fim.
Mas, temos o veterano até o último momento espalhando a boa nova de salvação em
Cristo. Na sexta-feira, ele pediu que a senhorita Richie lesse o livro que ele estava
lendo quando começou a doença que lhe seria fatal. Tratava-se da trágica narrativa de
um escravo do Caribe, chamado Gustavo Vassa. Tão comovido e ofendido ficou
Wesley que ele escreveu sua última carta para William Wilberforce, parlamentar que
havia lutado pela abolição da escravidão.
Wilberforce escreveu nas costas da carta: “João Wesley, suas últimas palavras”.
Eis o texto da carta de Wesley escrita apenas um mês antes da sua morte:
Caro Senhor: A não ser que o poder divino tenha levantado o senhor para ser um
Athanatius contra mundum, não sei como pode prosseguir no seu glorioso plano
de opor-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e
da natureza humana. A não ser que Deus tenha levantado o Sr. Exatamente para
isso, ficará exausto pela oposição de homens e demônios; mas se Deus é por ti,
quem será contra ti? [Rm 8.31] . Porventura são todos eles juntos mais fortes do
que Deus? Ó não se canse de fazer o bem [2 Ts 3.13]. Prossiga no nome de
Deus e na força do seu poder [Ef 6.10], até que mesmo a escravidão Americana
(a mais vil que já viu o sol) desapareça perante Ele.
Lendo esta manhã um tratado escrito por um pobre Africano, chamou-me a
atenção aquela circunstância que alguém que tem pele preta, sendo injustiçado
ou injuriado por um homem branco, não pode ter qualquer reparação; sendo a lei
em todas as nossas colônias que o juramento de um negro contra um branco
nada vale. Que vilania esta!
Que Aquele que tem-no guiado desde a mocidade continue a fortalecê-lo nisto e
em todas as coisas é a oração de,
Caro Senhor,
Seu afetuoso servo,
Wilberforce escreveu no envelope: “As últimas palavras de João Wesley.
Wesley nunca se recuperou daquele forte resfriado, apesar de toda a atenção e
tratamento do Dr. João Whitehead, médico e amigo dele de longa data. Ele também
teve as atenções de dedicadas mulheres (notadamente Elizabeth Richie - autora do
detalhado relato da sua doença e morte e sua sobrinha Sarah Wesley, e de diversos
dos seus pregadores como James Rogers e Joseph Bradford.
Quais foram as últimas palavras que lhe saíram dos lábios? Seriam “O melhor de
tudo é que Deus está conosco? Conforme a narrativa de Richie, ele de fato, reunindo
todas as suas forças, pronunciou estas palavras, duas vezes. Mas, pouco tempo
depois, ele se despertou e, entre outras palavras, falou “O Senhor está conosco, o Deus
de Jacó é o nosso refúgio¨(Salmos 46.7).
Durante a última noite da sua existência terrestre, James Rogers e mais dois dos
pregadores fizeram vigília; eles testificam que, durante aquela noite, o moribundo tentou
cantar um dos seus hinos favoritos, baseado em Salmo 146. Mas ele só conseguiu
pronunciar “Louvarei... Louvarei”. Estava tentando dizer, “Louvarei ao Senhor durante
minha vida” (ou, em inglês, “I’ll praise my maker while I’ve breath”). Com certeza, foram
suas últimas palavras no sentido comum do termo, embora ele conseguisse despedir
alguns com a palavra “Farewell” (adeus).
Para mim, porém, muito mais que suas “últimas palavras”, ele nos deixou a herança
da sua fé e o testemunho da sue vida inteira. Portanto, como o fiel Abel, João Wesley,
“depois de morto, ainda fala” (Hb 11’.4).

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A terceira idade_de_john_wesley

  • 1. A terceira idade de João Wesley Rev. Duncan Alexander Reily, pastor e historiador Metodista Na casa de Samuel e Susana Wesley, onde João nasceu e se criou, não se falava muito em aniversários e festas. Aparentemente, o único aniversário enfatizado era o quinto, pois quando chegava esse dia, Susana ensinava a criança o alfabeto, tanto as letra maiúsculas como as minúsculas em um dia só. No dia seguinte a criança começava a aprender a ler, sendo a Bíblia a sua cartilha, começando com Gênesis 1.1. José Carlos Barbosa em seu valioso e original livro Adoro a Sabedoria de Deus colocou, sob data de 28 de junho, três trechos do Journal de João Wesley, a partir de 1779, a primeira vez que ele assim celebrou um seu aniversário. Eis a tradução de Barbosa do trecho, porém com ligeiras correções: Mal posso crer que hoje começo 68 anos da minha vida! Quão maravilhosos são os caminhos de Deus! Como tem me guardado desde a minha meninice! De dez aos quatorze anos, tive somente pão como alimento e nem sequer o suficiente. Creio que, em vez de me prejudicar, isso me deu a base da minha boa saúde. Quando cresci, depois de ler o livro de doutor Cheyne, decidi ser parco em minha alimentação e beber bastante água. Esse foi outro grande meio de manter minha saúde até os meus 27 anos. A partir daí, comecei a cuspir sangue e o fiz por vários anos. Um clima cálido me curou o mal. Depois, estive próximo da morte por conta de uma febre, que me deixou mais saudável do que nunca. Onze anos mais tarde, tive tuberculose em terceiro grau e, em três meses, Deus curou-me. Desde essa data, não mais conheci mais dor ou enfermidade e agora estou bem melhor de saúde do que aos 40 anos! É a obra de Deus! O aniversário passou a ser um dia especial de reflexão sobre as bênçãos e ação de graça. No dia 28 de junho de 1771, Wesley se encontra na Irlanda. Ele testemunha de sua “voz” e “vigor” eram o mesmo que gozava quando tinha 29 anos. Ele não mencionou seu aniversário em 1772 e 73, mas retoma o tema em 1774. No seu registo ele se apresenta como um homem gozando uma saúde perfeito apesar dos seus 71 anos. Mas a verdade é que Wesley nem sempre esbanjava saúde! Ele registrou no seu Journal sob data de 6 de janeiro, 1754: Iniciei as notas sobre o novo testamento, uma obra que eu nunca teria tentado fazer, se não estivesse tão enfermo a ponto de não poder viajar ou pregar, mas com saúde suficiente para poder ler e escrever. Comentando sobre a mesma enfermidade no prefacio à as Notas, ele apresenta seu estado de saúde em termos bem mais dramáticos: “Tenho recentemente recebido um forte chamado de Deus para ‘levantar-me e ir-me daqui’ (cp. João 14.31), estou convencido que tentar semelhante coisa, não o posso protelar.”
  • 2. Mas vinte anos mais tarde no seu aniversário eis o que ele escreveu: Hoje sendo meu aniversário, o primeiro dia do meu 72º ano, perguntei: Como é que me acho com a mesma força como há 30 anos? Que minha visão está consideravelmente melhor e meus nervos mais firmes e estavam então? Que não tenho nenhuma das enfermidades que geralmente que acompanham a velhice? A causa fundamental é a vontade de Deus, o qual faz aquilo que deseja fazer. Os meios principais são: 1) meu hábito de sempre levantar às quatro da madrugada, durante esses últimos cinquenta anos; 2) minha prática de pregar às cinco da manhã, um dos mais saudáveis exercícios do mundo; 3) meu hábito de nunca viajar menos que 4500 milhas por ano... Como para provar o seu estado de saúde, ele mencionou “à noite, preguei em Yarm; por volta das onze do dia seguinte em Osmotherly e à noite, em Thirsk.” Excepcionalmente, enquanto ele evangelizava na Irlanda, ele ficou bastante doente. No dia 17 de junho, 1775, ele estava com febre alta e alguns dias depois, ele se considerava “mais morto do que vivo”; mas sobre o dia 28 (o seu aniversário) ele escreveu: “...confiando em Deus, para o espanto dos meus amigos, parti rumo a Dublin” e no fim do dia ele estava mais forte do que estivera naquela manhã. No seu aniversário de 1776 ele repete o que escreveu em 1774 mas acrescenta que pregava melhor que quando tinha 23 anos. Ele acrescenta como razões, sua capacidade de, em caso de necessidade “dormir imediatamente” e o fato de “nunca ter perdido uma noite de sono em toda a sua vida”. E ele concluiu, surpreendentemente, por mencionar “duas febres violentas e duas profundas tuberculoses” que ele chamou de “remédios fortes”! E ainda sua tranqüilidade de espírito e a ajuda de Deus, resposta a muitas orações. Em 1777, ele escreveu: “...pelo especial favor de Deus, encontro todas as minhas faculdades de corpo e de mente como estavam quando eu tinha 24.” (ou seja meio século antes)! Em 1778, ele repete o do ano anterior; em 1779 não menciona o aniversário. Mas em 1780 ele afirma que estava igual em vigor quando tinha apenas 27 anos, pela bênção de Deus. Parafraseando Números 23.23 ele exclamava: “Isto tem Deus obrado”, principalmente pelo meu constante exercício, meu levantar cedo, e minha pregação de manhã e de tardinha.” Em 1781 nada de novo; idem 1782, quando começa seu 80 th ano
  • 3. de vida. Ele celebrou esse aniversário numa aldeia Morava na Holanda. Lembrando o Salmo 90.10, Wesley declara que ele havia alcançado 80 anos e seus olhos não haviam escurecido. Barbosa incluiu o registro de Wesley sobre seu aniversário de 1784. Resumidamente ele afirmou estar com forma física e mental como estava 40 anos antes, o que ele imputava, não a causas secundárias, mas ao “Senhor Soberano de todos”. Afirmou também, que não tinha mais aquelas dores que enfrentara na mocidade como dor de cabeça, de dente, e outras “desordens”. Em 1785 ele atribui a Deus o fato de nunca sentir cansaço e repete isso em 1786. Ele não menciona seu aniversário em 1787. Acho provável que a emoção gerada pelo seu encontro com João Howard, famoso pela reforma das prisões inglesas, tenha feito Wesley esquecer do seu aniversário. A coisa começa a mudar em 1788, mas não abruptamente. Ele sente uma deterioração da visão e da memória, etc. Em 1789 esses mesmos sintomas continuam e em maior grau. Mas todos esses fatos não conseguiram derrotálo. Ele escreveu: “O que temeria se eu me inquietasse pelo dia de amanhã (cp. Mt. 6.34), e que meu corpo sobrepujasse a mente e criar teimosia ou rabugice. ...mas tu, ó Senhor, responderás por mim.” A importante narrativa dos seus últimos dias, escrita por Elizabeth Richie, é muito reveladora do seu estado espírito e das suas atividades nesse período. No dia 17 de fevereiro, 1791, ele pregou em Lambeth: Ele voltou para sua casa na City Road bem resfriado. Mas no dia seguinte ele pregou em Chelsea onde foi obrigado a para algumas vezes por causa do resfriado. Teve que deixar seus cooperadores cuidar das suas tarefas por alguns dias mas, na quarta-feira seguinte, dia 23, ele pregou seu último sermão na casa de uma família que ele estava evangelizando. Foi o começo do fim. Mas, temos o veterano até o último momento espalhando a boa nova de salvação em Cristo. Na sexta-feira, ele pediu que a senhorita Richie lesse o livro que ele estava lendo quando começou a doença que lhe seria fatal. Tratava-se da trágica narrativa de um escravo do Caribe, chamado Gustavo Vassa. Tão comovido e ofendido ficou Wesley que ele escreveu sua última carta para William Wilberforce, parlamentar que havia lutado pela abolição da escravidão. Wilberforce escreveu nas costas da carta: “João Wesley, suas últimas palavras”. Eis o texto da carta de Wesley escrita apenas um mês antes da sua morte: Caro Senhor: A não ser que o poder divino tenha levantado o senhor para ser um Athanatius contra mundum, não sei como pode prosseguir no seu glorioso plano de opor-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e
  • 4. da natureza humana. A não ser que Deus tenha levantado o Sr. Exatamente para isso, ficará exausto pela oposição de homens e demônios; mas se Deus é por ti, quem será contra ti? [Rm 8.31] . Porventura são todos eles juntos mais fortes do que Deus? Ó não se canse de fazer o bem [2 Ts 3.13]. Prossiga no nome de Deus e na força do seu poder [Ef 6.10], até que mesmo a escravidão Americana (a mais vil que já viu o sol) desapareça perante Ele. Lendo esta manhã um tratado escrito por um pobre Africano, chamou-me a atenção aquela circunstância que alguém que tem pele preta, sendo injustiçado ou injuriado por um homem branco, não pode ter qualquer reparação; sendo a lei em todas as nossas colônias que o juramento de um negro contra um branco nada vale. Que vilania esta! Que Aquele que tem-no guiado desde a mocidade continue a fortalecê-lo nisto e em todas as coisas é a oração de, Caro Senhor, Seu afetuoso servo, Wilberforce escreveu no envelope: “As últimas palavras de João Wesley. Wesley nunca se recuperou daquele forte resfriado, apesar de toda a atenção e tratamento do Dr. João Whitehead, médico e amigo dele de longa data. Ele também teve as atenções de dedicadas mulheres (notadamente Elizabeth Richie - autora do detalhado relato da sua doença e morte e sua sobrinha Sarah Wesley, e de diversos dos seus pregadores como James Rogers e Joseph Bradford. Quais foram as últimas palavras que lhe saíram dos lábios? Seriam “O melhor de tudo é que Deus está conosco? Conforme a narrativa de Richie, ele de fato, reunindo todas as suas forças, pronunciou estas palavras, duas vezes. Mas, pouco tempo depois, ele se despertou e, entre outras palavras, falou “O Senhor está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio¨(Salmos 46.7). Durante a última noite da sua existência terrestre, James Rogers e mais dois dos pregadores fizeram vigília; eles testificam que, durante aquela noite, o moribundo tentou cantar um dos seus hinos favoritos, baseado em Salmo 146. Mas ele só conseguiu pronunciar “Louvarei... Louvarei”. Estava tentando dizer, “Louvarei ao Senhor durante minha vida” (ou, em inglês, “I’ll praise my maker while I’ve breath”). Com certeza, foram suas últimas palavras no sentido comum do termo, embora ele conseguisse despedir alguns com a palavra “Farewell” (adeus).
  • 5. Para mim, porém, muito mais que suas “últimas palavras”, ele nos deixou a herança da sua fé e o testemunho da sue vida inteira. Portanto, como o fiel Abel, João Wesley, “depois de morto, ainda fala” (Hb 11’.4).