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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 
27 
Volume 15 - Número 2 - 2º Semestre 2015 
ATIVIDADE DO VENENO DE Rhinella jimi (STEVAUX, 2002) (ANURA: BUFONIDAE) 
SOBRE CEPAS MICROBIANAS 
Jacqueline Ramos Machado Braga1*; Mariane Alves da Silva2; Norma Suely Evangelista-Barreto3; 
Arielson dos Santos Protázio4 
RESUMO 
A pele dos anfíbios contém várias substâncias com uma larga variedade de propriedades 
farmacológicas, que funcionam como defesa contra predadores e microrganismos patogênicos. 
Estudos voltados para a avaliação do efeito de substâncias naturais, sobre o controle do crescimento 
microbiano, são promissores na prospecção de novos fármacos. O presente estudo teve como objetivo 
avaliar as propriedades antibacterianas do veneno de Rhinella jimi contra bactérias Gram-negativas 
(Escherichia coli e Salmonella enterica) e Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Enterococcus 
faecalis). Foram extraídas amostras de veneno de quatro sapos, que foi liofilizado, diluído e estocado 
a 4oC para utilização nos ensaios. A atividade antibacteriana foi avaliada através de ensaio em disco 
em triplicata. Os resultados não mostraram inibição de crescimento bacteriano, tanto para bactérias 
Gram-negativas, quanto para Gram-positivas, mesmo em elevadas concentrações do veneno de R. 
jimi. Estes dados sugerem um provável efeito protetor do veneno de R. jimi sobre a microbiota da 
epiderme do anfíbio, que remete a um possível papel destas comunidades bacterianas na imunidade 
inata, podendo elas serem crucias na proteção contra patógenos, principalmente fungos. Isto sugere 
uma possível nova função deste veneno para a sobrevivência desta espécie. 
Palavras chave: Atividade antibacteriana, sapo cururu, toxina. 
POISON ACTIVITY OF Rhinella jimi (STEVAUX, 2002) (ANURA: BUFONIDAE) ON 
MICROBIAL STRAINS 
ABSTRACT 
The skin of amphibians contains substances with a wide variety of pharmacological properties that 
act as defense against predators and pathogens. Studies aimed at evaluating the effect of natural 
compounds on the control of microbial growth, are promising in the search for new drugs. The present 
study aimed to evaluate the antibacterial properties of R. jimi poison against Gram-negative bacteria 
(Escherichia coli and Salmonella enterica) and Gram-positive (Staphylococcus aureus and 
Enterococcus faecalis). Were extracted poison samples of four frogs that were lyophilized, diluted 
and stored at 4°C for use in the tests. The antibacterial activity was evaluated by disk test in duplicate. 
The test results showed no activity of inhibiting bacterial growth for both, the Gram negative bacteria 
and Gram positive, for even high concentrations of R. jimi poison. These data suggest a probable 
protective effect of R. jimi poison on the micro biota of amphibian’s epidermis, and a possible role of 
these bacterial communities in the innate immunity that may be important to protect against 
pathogens, especially fungi. This suggests a possible new function of this poison to the survival of 
this specie. 
Keywords: Antimicrobial activity, cururu frog, toxin.
28 
INTRODUÇÃO 
Os anfíbios são constituintes de uma 
classe de animais vertebrados conhecidos por 
possuírem glândulas cutâneas mucosas e 
granulosas excretoras de substâncias químicas 
produzidas em sua pele, que são utilizadas em 
sua defesa em momentos de constante estresse ou 
de perigo. Tais substâncias vêm, ao longo do 
tempo, sendo estudadas com relação às suas 
atividades biológicas, como o efeito anestésico, 
alucinógeno e antimicrobiano (PINTO et al., 
2009). 
Segundo Brand et al. (2006), a pele dos 
anfíbios é um órgão de grande importância e 
exerce funções fisiológicas relacionadas ao 
equilíbrio de fluídos, transporte de íons, 
respiração e defesa. É na pele dos anuros onde se 
encontram glândulas secretoras de substâncias 
químicas, em sua maioria de natureza protéica, 
cuja expressão e acúmulo é uma característica 
bem conservada no grupo. Existem dois tipos de 
glândulas na pele dos anfíbios: as glândulas 
mucosas, que secretam mucina e são 
responsáveis pela manutenção da humidade 
corporal e termorregulação; e as glândulas 
granulosas que secretam peptídeos relacionados 
à defesa do animal contra predadores e patógenos 
(TOLEDO; JARED, 1995). 
As substâncias extraídas da pele dos 
anfíbios foram introduzidas na sociedade pelos 
asiáticos, em práticas religiosas e medicinais. O 
bufadienolídeo encontrado na secreção das 
glândulas de sapos do gênero Bufo, também foi 
isolado em plantas, e é uma das principais causas 
de envenenamento e morte de gado na África. Os 
bufadienolídeos como as bufogeninas e 
bufotoxinas, encontradas em elevada 
concentração na pele de sapos, são inibidoras da 
bomba de Na+K+ATPase, o que por sua vez 
explica os efeitos cardiotóxicos e arteriais 
provocados em algumas espécies de mamíferos 
(NOGUEIRA, 2000). 
O sapo Rhinella jimi (Stevaux, 2002) está 
inserido no grupo Rhinella marina (Linnaeus, 
1758). O bufonídeo R. jimi popularmente 
conhecido como “sapo cururu”, apresenta pele 
espessa e coberta por glândulas distribuídas no 
antebraço, pés, cloaca, e parte posterior da 
cabeça. Esta espécie possui hábitos noturnos e 
está geograficamente distribuída em toda a 
região Nordeste do Brasil, tanto em lugares de 
baixas altitudes, como de altitudes elevadas, não 
havendo especializações entre as populações 
(STEVAUX, 2002). Apesar de sua ampla 
distribuição geográfica e de sua abundância na 
Região Nordeste, ainda são reduzidos os estudos 
realizados com substâncias biologicamente 
ativas extraídas a partir da pele desses anfíbios. 
Os sapos do gênero Rhinella utilizam 
suas glândulas granulosas paratóides para se 
defender contra predadores. Estas glândulas 
secretam toxinas como a bufogenina, bufotenina, 
bufotoxina e substâncias como epinefrina, 
serotonina, ergosterol 5-hidroxitriptamna e o 
colesterol (SONNER et al., 2008). A bufotenina 
é atualmente classificada como droga. Acredita-se 
que os efeitos da bufotenina são semelhantes 
ao de um envenenamento leve, que inclui 
alucinações brandas de curta duração. Entretanto, 
a pele desses sapos contém outros compostos que 
potencializam seu efeito trazendo um maior risco 
para a saúde humana e animal (MARTINEZ-SILVESTRE, 
2012). 
Atualmente, vários estudos vêm 
utilizando testes microbiológicos com o veneno 
de sapo contra bactérias causadoras de certas 
doenças em seres humanos, sendo estas bactérias 
disponíveis no ambiente em que animais e 
vetores de doenças habitam. Os estudos 
realizados buscam a elaboração de drogas como 
antibióticos e anticancerígenos. Entretanto, 
apenas algumas espécies de anfíbios 
demonstraram tal atividade antibacteriana. A 
maioria dos venenos da pele de anfíbios 
apresenta alguma atividade antimicrobiana 
devido aos compostos presentes nos mesmos, 
mas ainda são reduzidos os estudos referentes ao 
veneno de R. jimi (PINTO et al., 2009). 
No estudo de Tempone (2008), foram 
isolados alguns bufodienolídeos do veneno de R. 
jimi que mostraram atividades leishmanicida e 
tripanossomatída, inibindo desidrogenases 
mitocondriais parasitárias. Em estudo mais 
recente, Ferreira (2013) descreveu diferenças 
significativas na composição química do veneno 
de R. marina e R. guttatus e demonstrou que 
alguns componentes específicos apresentaram 
efeitos citotóxicos contra células neoplásicas 
inibindo sua proliferação, quando expostas a 
estes compostos. 
A bufotenina e as aminas biogênicas, 
encontradas nos venenos de sapos do gênero 
Rhinella e outros anfíbios, atuam tanto sobre
29 
bactérias Gram-positivas, quanto Gram-negativas 
(FREITAS, 2003). O controle 
bacteriano e a rápida resistência desenvolvida 
aos fármacos existentes constituem-se numa 
preocupante realidade (ROSSI; ANDREAZZI, 
2005). O desenvolvimento de novos 
medicamentos e a busca por novas substâncias 
antibacterianas, a partir de fontes naturais, tem 
sido um dos grandes interesses da indústria 
farmacêutica. Por esta razão, estudos voltados 
para a avaliação do efeito de substâncias naturais 
sobre o controle do crescimento microbiano 
tornam-se promissores. O presente estudo 
buscou avaliar as propriedades antibacterianas do 
veneno de R. jimi contra bactérias Gram-negativas 
(Escherichia coli e Salmonella 
enterica) e Gram-positivas (Staphylococcus 
aureus e Enterococcus faecalis). 
MATERIAL E MÉTODOS 
Extração do veneno de Rhinella jimi 
Quatro exemplares de sapos da espécie R. 
jimi foram coletados e identificados (STEVAUX, 
2002) na cidade de Cruz das Almas, Bahia. A 
extração do veneno foi realizada em meio 
silvestre, com posterior liberação do animal em 
seu habitat natural, logo após o término da coleta. 
Todo o procedimento obedeceu às regras de 
experimentação e bem estar do animal. Para a 
extração por compressão da região glandular, o 
animal foi colocado dentro de um saco com uma 
abertura, onde as glândulas paratóides foram 
inseridas na perfuração e o veneno recolhido em 
vidro de relógio (PINTO et al., 2009). O veneno 
bruto foi mantido sob refrigeração (4ºC) até sua 
utilização no intervalo de 24 horas. Para a 
elaboração do extrato bruto, uma alíquota de 0,5g 
de veneno foi diluído em 50ml de salina (PBS 
0,9%) (FREITAS, 2003). 
Ensaio de atividade antibacteriana 
Foram colhidas colônias de E. coli 
(ATCC 25922) e S. enterica (Gram-negativas), S. 
aureus (ATCC 6538) e E. faecalis (ATCC 29212) 
(Gram-positivas), suspensas em 5ml de solução 
salina (0,9%) e homogeneizadas. A turbidez do 
inóculo foi ajustada a 0,5 da escala de 
MacFarland (1,5 x 108 UFC/ ml). Com o auxílio 
de swab estéril, foi feita a inoculação dos 
microrganismos em placas de petri contendo 
meio Ágar Mueller-Hinton. 
Foram aplicados nas placas os discos 
contendo o veneno de R. jimi em duas diferentes 
concentrações: solução estoque (100 g/L) e na 
diluição de 1:10, os discos brancos (PBS 9%), e 
discos contendo antimicrobianos comerciais 
(Quadro 1). As placas inoculadas foram 
incubadas a 37oC por 24 h e todos os ensaios 
foram realizados em triplicata. 
Quadro 1. Microrganismos utilizados no ensaio e seus 
respectivos controles. 
Microorganismos Controle 
Negativo 
(resistente) 
Controle 
Positivo (sensível) 
Escherichia coli Tetraciclina Ampicilina 
Salmonella enterica Tetraciclina Gentamicina 
Staphylococus aureus Gentamicina Vancomicina 
Enterococus faecalis Tetraciclina Gentamicina 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Os resultados dos testes microbiológicos 
demonstraram que o veneno de R. jimi não 
apresentou atividade antibacteriana sobre 
colônias de S. aureus, E. coli, E. faecalis e S. 
enterica. Este resultado foi confirmado através 
da observação direta em placa, onde foi possível 
observar a formação de halos de inibição apenas 
nos controles usados com os antibióticos 
comerciais (Figura 1) (Tabela 1).
Figura 1. Ausência de formação de halos de inibição com o veneno de Rhinella jimi (V) e no controle (PBS), e presença 
de halo de inibição nos controles com antibióticos comerciais (setas). (A) Escherichia coli, (B) Salmonella enterica, (C) 
Enterococus faecalis e (D) Staphylococus aureus. 
Tabela 1. Tamanho (mm) dos halos de inibição de crescimento bacteriano e desvio padrão, nos testes com veneno de 
30 
Rhinella jimi e seus controles. 
Microorganismo Veneno PBS Controle 
negativo 
(resistente) 
Escherichia coli S/I S/I 9,7 ±1,3 (T) 18,5± 2,3 (A) 
Salmonella enterica S/I S/I 26,7± 0,9 (T) 23,1±0,7 (G) 
Staphylococus aureus S/I S/I 18,6±2,1(V) 19,5±1,5 (G) 
Enterococus faecalis S/I S/I 9,4±1,4 (T) 21,6±2,6 (G) 
*S/I:Sem Inibição 
Controle positivo 
(sensível) 
* Antibióticos: (T) Tetracliclina, (V) Vancomicina, (A) Ampicilina e (G) Gentamicina 
É crescente a atenção dada atualmente 
aos agentes terapêuticos em potencial, 
principalmente àqueles que são compostos de 
amplo espectro de atividade antimicrobiana 
sintetizados pelas glândulas granulosas e serosas 
presentes na pele de anuros (FREITAS, 2003). 
No entanto, nossos resultados demonstraram que 
o veneno de R. jimi não apresenta tal atividade 
para as cepas bacterianas testadas. Ao testar a 
atividade antibacteriana do veneno de R. icterica, 
Pinto (2009) encontrou apenas uma leve 
atividade sobre duas das colônias testadas no 
presente estudo, S. aureus e E. coli. 
Nossos achados corroboram o estudo de 
Brito (2009), onde avaliando a atividade 
antibacteriana de estratos e frações de pele de R. 
jimi para E.coli e S. aureus, concluiu que esta 
espécie não produz compostos com atividade 
antibacteriana para estas bactérias. De acordo 
com Lauer et al. (2007), embora não sejam muito 
estudadas, as comunidades bacterianas da pele 
dos anfíbios possuem uma importante função 
biológica, podendo estar relacionadas à proteção 
da pele contra a invasão de outros 
microrganismos potencialmente patogênicos.
31 
A produção de peptídeos antimicrobianos 
provenientes das secreções de anfíbios é 
considerada parte da resposta imune inata 
primitiva contra microrganismos patogênicos, e 
está amplamente difundida no grupo (REDDY et 
al., 2004). Apesar disso, é possível que anfíbios 
e a flora bacteriana que reside em sua pele 
tenham desenvolvido uma relação evolutiva 
altamente complexa, em que bactérias se 
tornaram uma extensão do sistema imune desses 
animais (WOODHAMS et al., 2007). Brito 
(2009), avaliando a atividade antibacteriana de 
estratos e frações de pele de R. jimi para as 
bactérias E.coli e S. aureus, concluiu que esta 
espécie não produz compostos com atividade 
antibacteriana. Este mesmo resultado foi 
encontrado em nosso estudo, onde a ineficiência 
de ação antibacteriana foi estendida para as 
bactérias S. entérica e E. faecalis. 
Embora exista carência de estudos, é 
possível que as comunidades bacterianas da pele 
dos anfíbios possuam uma importante função 
biológica relacionadas à proteção da pele contra 
a invasão de outros microrganismos 
potencialmente patogênicos (LAUER et al., 
2007). Segundo Woodhams et al. (2007), a 
microbiota mutualista é uma extensão do sistema 
imune dos anfíbios, neste sentido, podemos 
inferir que anfíbios resistentes a determinadas 
doenças podem apresentar grande diversidade de 
simbiontes que diminuem as chances de 
colonização da pele por patógenos. 
Segundo Brito (2009), é incomum que 
compostos presentes na pele de um anfíbio 
possam apresentar atividade protetora contra 
linhagens bacterianas, como foi observado no 
presente estudo com o veneno de R. jimi, visto 
que a pele desses animais tem como uma de suas 
principais funções a defesa contra organismos 
patogênicos, dentre eles, as bactérias. Por esta 
razão, nossos resultados sugerem a existência de 
um mecanismo em R. jimi onde os compostos de 
sua pele atuariam na proteção da flora bacteriana 
associada que, em contrapartida, protegeria o 
anuro da colonização por outros microrganismos 
patogênicos. Esta suposição pode ser suportada 
pela análise biológica da pele dos anfíbios, que 
em razão de ser úmida e sem queratina, poderia 
se caracterizar como um ambiente propício à 
proliferação de vários micro-organismos, 
principalmente fungos. O estudo de Becker e 
Harris (2010), realizado com a salamandra 
Plethodon cinereus, sugere que a comunidade 
bacteriana cutânea é um componente importante 
da defesa inata da pele de P. cinereus para a 
quitridiomicose. 
Ao avaliar a atividade antifúngica de 
extratos de pele de R. jimi, Santos (2010) 
verificou que a presença de alcalóides, na 
resposta do animal contra estes patógenos, tem 
um papel muito importante na imunidade inata 
deste anfíbio. O estudo indicou também, que a 
pele de R. jimi possui vários compostos ativos. 
Entretanto, o extrato bruto do veneno de suas 
glândulas não apresentou atividade antifúngica, o 
que caracteriza o veneno desta espécie como uma 
mistura complexa de substâncias que juntas não 
apresentam atividade antimicrobiana. 
Os resultados obtidos por Sá (2005), ao 
avaliar as atividades imunomoduladoras de 
extratos de peles e glândulas paratóides de 
anuros, mostraram que apesar dos anuros serem 
uma potencial fonte de moléculas com atividade 
imunomoduladora, não foi verificada modulação 
da atividade de macrófagos expostos ao veneno 
de R. jimi. Por outro lado, os testes realizados por 
Freitas et al. (2003) demonstraram que alguns 
compostos isolados do veneno de R. schnneideri 
exerceram alta atividade antibacteriana para E. 
coli, B. subtilis, P. aerogenosa, S.aureus, E. 
aerogenes, K. pneumonae. Isso nos revela que 
apesar do veneno de R. jimi não ter demonstrado 
atividade antibacteriana, o mesmo não ocorre 
com outras espécies do mesmo gênero. 
Em nossos resultados, a falta de atividade 
antibacteriana do extrato bruto do veneno de R. 
jimi sugere que a microbiota da epiderme deste 
anfíbio pode possuir um papel na resposta imune 
inata, pois a manutenção dessas comunidades 
bacterianas pode ser importante na proteção 
contra ataques de patógenos, principalmente 
fungos. Compostos isolados das glândulas 
paratóides e da pele de anfíbios podem apresentar 
atividades contra vários microrganismos, 
podendo ser utilizados como agentes terapêuticos 
e farmacológicos. O presente estudo pode servir 
de base para investigações futuras de 
bioprospecção de compostos isolados com 
propriedades farmacologicamente ativas 
extraídas do veneno de sapos do gênero Rhinella.
32 
CONCLUSÃO 
O presente estudo forneceu evidências de 
que o veneno do sapo Rhinella jimi não 
apresentou atividade antibacteriana sobre 
colônias de bactérias Gram-positivas (S. aureus e 
E. faecalis) e Gram-negativas (E. coli e S. 
enterica). Partindo-se do pressuposto que a 
microbiota da epiderme de R. jimi possa estar 
relacionada à imunidade inata deste animal, é 
possível que a manutenção destas comunidades 
bacterianas protejam estes anuros do ataque de 
patógenos, o que aponta para estudos futuros 
desta microbiota e dos componentes do veneno 
com evidentes propriedades protetoras para o 
animal. 
AGRADECIMENTOS 
Agradecemos à MSc Irana Paim (UFRB) 
pelo auxílio no desenvolvimento dos ensaios 
microbiológicos e ao Dr. Alexandre Moraes 
Pinheiro (UFRB) pela contribuição no 
processamento das amostras de veneno. 
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ALFORD, R.A.; HARRIS, R.N.Innate immune 
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peptides and more. Animal Conservation, 
London, v. 10,n.4, p. 425-428, 2007. 
______________________________________ 
1- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 
(UFRB) Centro de Ciências Agrárias, 
Ambientais e Biológicas (CCAAB) - Setor de 
Biologia - Laboratório de Imunobiologia 
(IMUNOBIO). Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, 
Cruz das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380- 
000. Fone: 75-91806963. 
* Autor para correspondência 
jacquebraga@ufrb.edu.br ou 
jacquebraga@globo.com 
2- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 
(UFRB) - Centro de Ciências Agrárias, 
Ambientais e Biológicas (CCAAB) - Setor de 
Biologia - Laboratório de Imunobiologia 
(IMUNOBIO). Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, 
Cruz das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380-000 
marianealves07@gmail.com 
3- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 
(UFRB) - Centro de Ciências Agrárias, 
Ambientais e Biológicas (CCAAB) Núcleo de 
pesquisa em Pesca e Aquicultura (NEPA) - 
Laboratório de Microbiologia Geral e do 
Pescado. Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, Cruz 
das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380-000 
nsevangelista@yahoo.com.br 
4- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 
(UFRB) . Centro de Ciências Agrárias, 
Ambientais e Biológicas (CCAAB). Rua Rui 
Barbosa, n.740, Centro, Cruz das Almas- Bahia 
–Brasil - CEP:44380-000 
neu_ptz@hotmail.com

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Artigo bioterra v15_n2_04

  • 1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 27 Volume 15 - Número 2 - 2º Semestre 2015 ATIVIDADE DO VENENO DE Rhinella jimi (STEVAUX, 2002) (ANURA: BUFONIDAE) SOBRE CEPAS MICROBIANAS Jacqueline Ramos Machado Braga1*; Mariane Alves da Silva2; Norma Suely Evangelista-Barreto3; Arielson dos Santos Protázio4 RESUMO A pele dos anfíbios contém várias substâncias com uma larga variedade de propriedades farmacológicas, que funcionam como defesa contra predadores e microrganismos patogênicos. Estudos voltados para a avaliação do efeito de substâncias naturais, sobre o controle do crescimento microbiano, são promissores na prospecção de novos fármacos. O presente estudo teve como objetivo avaliar as propriedades antibacterianas do veneno de Rhinella jimi contra bactérias Gram-negativas (Escherichia coli e Salmonella enterica) e Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis). Foram extraídas amostras de veneno de quatro sapos, que foi liofilizado, diluído e estocado a 4oC para utilização nos ensaios. A atividade antibacteriana foi avaliada através de ensaio em disco em triplicata. Os resultados não mostraram inibição de crescimento bacteriano, tanto para bactérias Gram-negativas, quanto para Gram-positivas, mesmo em elevadas concentrações do veneno de R. jimi. Estes dados sugerem um provável efeito protetor do veneno de R. jimi sobre a microbiota da epiderme do anfíbio, que remete a um possível papel destas comunidades bacterianas na imunidade inata, podendo elas serem crucias na proteção contra patógenos, principalmente fungos. Isto sugere uma possível nova função deste veneno para a sobrevivência desta espécie. Palavras chave: Atividade antibacteriana, sapo cururu, toxina. POISON ACTIVITY OF Rhinella jimi (STEVAUX, 2002) (ANURA: BUFONIDAE) ON MICROBIAL STRAINS ABSTRACT The skin of amphibians contains substances with a wide variety of pharmacological properties that act as defense against predators and pathogens. Studies aimed at evaluating the effect of natural compounds on the control of microbial growth, are promising in the search for new drugs. The present study aimed to evaluate the antibacterial properties of R. jimi poison against Gram-negative bacteria (Escherichia coli and Salmonella enterica) and Gram-positive (Staphylococcus aureus and Enterococcus faecalis). Were extracted poison samples of four frogs that were lyophilized, diluted and stored at 4°C for use in the tests. The antibacterial activity was evaluated by disk test in duplicate. The test results showed no activity of inhibiting bacterial growth for both, the Gram negative bacteria and Gram positive, for even high concentrations of R. jimi poison. These data suggest a probable protective effect of R. jimi poison on the micro biota of amphibian’s epidermis, and a possible role of these bacterial communities in the innate immunity that may be important to protect against pathogens, especially fungi. This suggests a possible new function of this poison to the survival of this specie. Keywords: Antimicrobial activity, cururu frog, toxin.
  • 2. 28 INTRODUÇÃO Os anfíbios são constituintes de uma classe de animais vertebrados conhecidos por possuírem glândulas cutâneas mucosas e granulosas excretoras de substâncias químicas produzidas em sua pele, que são utilizadas em sua defesa em momentos de constante estresse ou de perigo. Tais substâncias vêm, ao longo do tempo, sendo estudadas com relação às suas atividades biológicas, como o efeito anestésico, alucinógeno e antimicrobiano (PINTO et al., 2009). Segundo Brand et al. (2006), a pele dos anfíbios é um órgão de grande importância e exerce funções fisiológicas relacionadas ao equilíbrio de fluídos, transporte de íons, respiração e defesa. É na pele dos anuros onde se encontram glândulas secretoras de substâncias químicas, em sua maioria de natureza protéica, cuja expressão e acúmulo é uma característica bem conservada no grupo. Existem dois tipos de glândulas na pele dos anfíbios: as glândulas mucosas, que secretam mucina e são responsáveis pela manutenção da humidade corporal e termorregulação; e as glândulas granulosas que secretam peptídeos relacionados à defesa do animal contra predadores e patógenos (TOLEDO; JARED, 1995). As substâncias extraídas da pele dos anfíbios foram introduzidas na sociedade pelos asiáticos, em práticas religiosas e medicinais. O bufadienolídeo encontrado na secreção das glândulas de sapos do gênero Bufo, também foi isolado em plantas, e é uma das principais causas de envenenamento e morte de gado na África. Os bufadienolídeos como as bufogeninas e bufotoxinas, encontradas em elevada concentração na pele de sapos, são inibidoras da bomba de Na+K+ATPase, o que por sua vez explica os efeitos cardiotóxicos e arteriais provocados em algumas espécies de mamíferos (NOGUEIRA, 2000). O sapo Rhinella jimi (Stevaux, 2002) está inserido no grupo Rhinella marina (Linnaeus, 1758). O bufonídeo R. jimi popularmente conhecido como “sapo cururu”, apresenta pele espessa e coberta por glândulas distribuídas no antebraço, pés, cloaca, e parte posterior da cabeça. Esta espécie possui hábitos noturnos e está geograficamente distribuída em toda a região Nordeste do Brasil, tanto em lugares de baixas altitudes, como de altitudes elevadas, não havendo especializações entre as populações (STEVAUX, 2002). Apesar de sua ampla distribuição geográfica e de sua abundância na Região Nordeste, ainda são reduzidos os estudos realizados com substâncias biologicamente ativas extraídas a partir da pele desses anfíbios. Os sapos do gênero Rhinella utilizam suas glândulas granulosas paratóides para se defender contra predadores. Estas glândulas secretam toxinas como a bufogenina, bufotenina, bufotoxina e substâncias como epinefrina, serotonina, ergosterol 5-hidroxitriptamna e o colesterol (SONNER et al., 2008). A bufotenina é atualmente classificada como droga. Acredita-se que os efeitos da bufotenina são semelhantes ao de um envenenamento leve, que inclui alucinações brandas de curta duração. Entretanto, a pele desses sapos contém outros compostos que potencializam seu efeito trazendo um maior risco para a saúde humana e animal (MARTINEZ-SILVESTRE, 2012). Atualmente, vários estudos vêm utilizando testes microbiológicos com o veneno de sapo contra bactérias causadoras de certas doenças em seres humanos, sendo estas bactérias disponíveis no ambiente em que animais e vetores de doenças habitam. Os estudos realizados buscam a elaboração de drogas como antibióticos e anticancerígenos. Entretanto, apenas algumas espécies de anfíbios demonstraram tal atividade antibacteriana. A maioria dos venenos da pele de anfíbios apresenta alguma atividade antimicrobiana devido aos compostos presentes nos mesmos, mas ainda são reduzidos os estudos referentes ao veneno de R. jimi (PINTO et al., 2009). No estudo de Tempone (2008), foram isolados alguns bufodienolídeos do veneno de R. jimi que mostraram atividades leishmanicida e tripanossomatída, inibindo desidrogenases mitocondriais parasitárias. Em estudo mais recente, Ferreira (2013) descreveu diferenças significativas na composição química do veneno de R. marina e R. guttatus e demonstrou que alguns componentes específicos apresentaram efeitos citotóxicos contra células neoplásicas inibindo sua proliferação, quando expostas a estes compostos. A bufotenina e as aminas biogênicas, encontradas nos venenos de sapos do gênero Rhinella e outros anfíbios, atuam tanto sobre
  • 3. 29 bactérias Gram-positivas, quanto Gram-negativas (FREITAS, 2003). O controle bacteriano e a rápida resistência desenvolvida aos fármacos existentes constituem-se numa preocupante realidade (ROSSI; ANDREAZZI, 2005). O desenvolvimento de novos medicamentos e a busca por novas substâncias antibacterianas, a partir de fontes naturais, tem sido um dos grandes interesses da indústria farmacêutica. Por esta razão, estudos voltados para a avaliação do efeito de substâncias naturais sobre o controle do crescimento microbiano tornam-se promissores. O presente estudo buscou avaliar as propriedades antibacterianas do veneno de R. jimi contra bactérias Gram-negativas (Escherichia coli e Salmonella enterica) e Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis). MATERIAL E MÉTODOS Extração do veneno de Rhinella jimi Quatro exemplares de sapos da espécie R. jimi foram coletados e identificados (STEVAUX, 2002) na cidade de Cruz das Almas, Bahia. A extração do veneno foi realizada em meio silvestre, com posterior liberação do animal em seu habitat natural, logo após o término da coleta. Todo o procedimento obedeceu às regras de experimentação e bem estar do animal. Para a extração por compressão da região glandular, o animal foi colocado dentro de um saco com uma abertura, onde as glândulas paratóides foram inseridas na perfuração e o veneno recolhido em vidro de relógio (PINTO et al., 2009). O veneno bruto foi mantido sob refrigeração (4ºC) até sua utilização no intervalo de 24 horas. Para a elaboração do extrato bruto, uma alíquota de 0,5g de veneno foi diluído em 50ml de salina (PBS 0,9%) (FREITAS, 2003). Ensaio de atividade antibacteriana Foram colhidas colônias de E. coli (ATCC 25922) e S. enterica (Gram-negativas), S. aureus (ATCC 6538) e E. faecalis (ATCC 29212) (Gram-positivas), suspensas em 5ml de solução salina (0,9%) e homogeneizadas. A turbidez do inóculo foi ajustada a 0,5 da escala de MacFarland (1,5 x 108 UFC/ ml). Com o auxílio de swab estéril, foi feita a inoculação dos microrganismos em placas de petri contendo meio Ágar Mueller-Hinton. Foram aplicados nas placas os discos contendo o veneno de R. jimi em duas diferentes concentrações: solução estoque (100 g/L) e na diluição de 1:10, os discos brancos (PBS 9%), e discos contendo antimicrobianos comerciais (Quadro 1). As placas inoculadas foram incubadas a 37oC por 24 h e todos os ensaios foram realizados em triplicata. Quadro 1. Microrganismos utilizados no ensaio e seus respectivos controles. Microorganismos Controle Negativo (resistente) Controle Positivo (sensível) Escherichia coli Tetraciclina Ampicilina Salmonella enterica Tetraciclina Gentamicina Staphylococus aureus Gentamicina Vancomicina Enterococus faecalis Tetraciclina Gentamicina RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos testes microbiológicos demonstraram que o veneno de R. jimi não apresentou atividade antibacteriana sobre colônias de S. aureus, E. coli, E. faecalis e S. enterica. Este resultado foi confirmado através da observação direta em placa, onde foi possível observar a formação de halos de inibição apenas nos controles usados com os antibióticos comerciais (Figura 1) (Tabela 1).
  • 4. Figura 1. Ausência de formação de halos de inibição com o veneno de Rhinella jimi (V) e no controle (PBS), e presença de halo de inibição nos controles com antibióticos comerciais (setas). (A) Escherichia coli, (B) Salmonella enterica, (C) Enterococus faecalis e (D) Staphylococus aureus. Tabela 1. Tamanho (mm) dos halos de inibição de crescimento bacteriano e desvio padrão, nos testes com veneno de 30 Rhinella jimi e seus controles. Microorganismo Veneno PBS Controle negativo (resistente) Escherichia coli S/I S/I 9,7 ±1,3 (T) 18,5± 2,3 (A) Salmonella enterica S/I S/I 26,7± 0,9 (T) 23,1±0,7 (G) Staphylococus aureus S/I S/I 18,6±2,1(V) 19,5±1,5 (G) Enterococus faecalis S/I S/I 9,4±1,4 (T) 21,6±2,6 (G) *S/I:Sem Inibição Controle positivo (sensível) * Antibióticos: (T) Tetracliclina, (V) Vancomicina, (A) Ampicilina e (G) Gentamicina É crescente a atenção dada atualmente aos agentes terapêuticos em potencial, principalmente àqueles que são compostos de amplo espectro de atividade antimicrobiana sintetizados pelas glândulas granulosas e serosas presentes na pele de anuros (FREITAS, 2003). No entanto, nossos resultados demonstraram que o veneno de R. jimi não apresenta tal atividade para as cepas bacterianas testadas. Ao testar a atividade antibacteriana do veneno de R. icterica, Pinto (2009) encontrou apenas uma leve atividade sobre duas das colônias testadas no presente estudo, S. aureus e E. coli. Nossos achados corroboram o estudo de Brito (2009), onde avaliando a atividade antibacteriana de estratos e frações de pele de R. jimi para E.coli e S. aureus, concluiu que esta espécie não produz compostos com atividade antibacteriana para estas bactérias. De acordo com Lauer et al. (2007), embora não sejam muito estudadas, as comunidades bacterianas da pele dos anfíbios possuem uma importante função biológica, podendo estar relacionadas à proteção da pele contra a invasão de outros microrganismos potencialmente patogênicos.
  • 5. 31 A produção de peptídeos antimicrobianos provenientes das secreções de anfíbios é considerada parte da resposta imune inata primitiva contra microrganismos patogênicos, e está amplamente difundida no grupo (REDDY et al., 2004). Apesar disso, é possível que anfíbios e a flora bacteriana que reside em sua pele tenham desenvolvido uma relação evolutiva altamente complexa, em que bactérias se tornaram uma extensão do sistema imune desses animais (WOODHAMS et al., 2007). Brito (2009), avaliando a atividade antibacteriana de estratos e frações de pele de R. jimi para as bactérias E.coli e S. aureus, concluiu que esta espécie não produz compostos com atividade antibacteriana. Este mesmo resultado foi encontrado em nosso estudo, onde a ineficiência de ação antibacteriana foi estendida para as bactérias S. entérica e E. faecalis. Embora exista carência de estudos, é possível que as comunidades bacterianas da pele dos anfíbios possuam uma importante função biológica relacionadas à proteção da pele contra a invasão de outros microrganismos potencialmente patogênicos (LAUER et al., 2007). Segundo Woodhams et al. (2007), a microbiota mutualista é uma extensão do sistema imune dos anfíbios, neste sentido, podemos inferir que anfíbios resistentes a determinadas doenças podem apresentar grande diversidade de simbiontes que diminuem as chances de colonização da pele por patógenos. Segundo Brito (2009), é incomum que compostos presentes na pele de um anfíbio possam apresentar atividade protetora contra linhagens bacterianas, como foi observado no presente estudo com o veneno de R. jimi, visto que a pele desses animais tem como uma de suas principais funções a defesa contra organismos patogênicos, dentre eles, as bactérias. Por esta razão, nossos resultados sugerem a existência de um mecanismo em R. jimi onde os compostos de sua pele atuariam na proteção da flora bacteriana associada que, em contrapartida, protegeria o anuro da colonização por outros microrganismos patogênicos. Esta suposição pode ser suportada pela análise biológica da pele dos anfíbios, que em razão de ser úmida e sem queratina, poderia se caracterizar como um ambiente propício à proliferação de vários micro-organismos, principalmente fungos. O estudo de Becker e Harris (2010), realizado com a salamandra Plethodon cinereus, sugere que a comunidade bacteriana cutânea é um componente importante da defesa inata da pele de P. cinereus para a quitridiomicose. Ao avaliar a atividade antifúngica de extratos de pele de R. jimi, Santos (2010) verificou que a presença de alcalóides, na resposta do animal contra estes patógenos, tem um papel muito importante na imunidade inata deste anfíbio. O estudo indicou também, que a pele de R. jimi possui vários compostos ativos. Entretanto, o extrato bruto do veneno de suas glândulas não apresentou atividade antifúngica, o que caracteriza o veneno desta espécie como uma mistura complexa de substâncias que juntas não apresentam atividade antimicrobiana. Os resultados obtidos por Sá (2005), ao avaliar as atividades imunomoduladoras de extratos de peles e glândulas paratóides de anuros, mostraram que apesar dos anuros serem uma potencial fonte de moléculas com atividade imunomoduladora, não foi verificada modulação da atividade de macrófagos expostos ao veneno de R. jimi. Por outro lado, os testes realizados por Freitas et al. (2003) demonstraram que alguns compostos isolados do veneno de R. schnneideri exerceram alta atividade antibacteriana para E. coli, B. subtilis, P. aerogenosa, S.aureus, E. aerogenes, K. pneumonae. Isso nos revela que apesar do veneno de R. jimi não ter demonstrado atividade antibacteriana, o mesmo não ocorre com outras espécies do mesmo gênero. Em nossos resultados, a falta de atividade antibacteriana do extrato bruto do veneno de R. jimi sugere que a microbiota da epiderme deste anfíbio pode possuir um papel na resposta imune inata, pois a manutenção dessas comunidades bacterianas pode ser importante na proteção contra ataques de patógenos, principalmente fungos. Compostos isolados das glândulas paratóides e da pele de anfíbios podem apresentar atividades contra vários microrganismos, podendo ser utilizados como agentes terapêuticos e farmacológicos. O presente estudo pode servir de base para investigações futuras de bioprospecção de compostos isolados com propriedades farmacologicamente ativas extraídas do veneno de sapos do gênero Rhinella.
  • 6. 32 CONCLUSÃO O presente estudo forneceu evidências de que o veneno do sapo Rhinella jimi não apresentou atividade antibacteriana sobre colônias de bactérias Gram-positivas (S. aureus e E. faecalis) e Gram-negativas (E. coli e S. enterica). Partindo-se do pressuposto que a microbiota da epiderme de R. jimi possa estar relacionada à imunidade inata deste animal, é possível que a manutenção destas comunidades bacterianas protejam estes anuros do ataque de patógenos, o que aponta para estudos futuros desta microbiota e dos componentes do veneno com evidentes propriedades protetoras para o animal. AGRADECIMENTOS Agradecemos à MSc Irana Paim (UFRB) pelo auxílio no desenvolvimento dos ensaios microbiológicos e ao Dr. Alexandre Moraes Pinheiro (UFRB) pela contribuição no processamento das amostras de veneno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECKER, M. H.; HARRIS, R.N. Cutaneous Bacteria of the Redback Salamander Prevent Morbidity Associated with a Lethal Disease. PLoS ONE, v. 5, n.6, e10957, 2010. BRAND, G. D.; LEITE, J. R. S.; DE SÁ MANDEL, S. M.; MESQUITA, D. A.; SILVA, L. P.; PRATES, M. V.; BLOCH JR, C. Novel dermaseptins from Phyllomedusa hypochondrialis (Amphibia). Biochemical Biophysical Reserch Communications. Leiden, v. 347, n. 3, p. 739-746, 2006. BRITO, S. V. Investigação antibacteriana de extratos e frações da pele de Rhinella jimi (Stevaux, 2002) (Anura: Bufonidae) – Brasil. 2009. 54 f. Dissertação (Mestrado em Bioprospecção Molecular) – Universidade Regional do Cariri, Crato. 2009. FERREIRA, P.M.P.; LIMA, D.J.B.; DEBIAS, B.W.; SOARES, B.M.; MACHHADO, K.C.; NORONHA, J.C.; RODRIGUES, D.J.; SINHORIN, A.P.; JUNIOR, G.M.V. Antiproliferative activity of Rhinella marina and Raebo guttatus venom extracts from southern Amazon.Toxicon. Mato Grosso, v. 72, p. 34-5, 2013. FREITAS, C. I. A. Estudo sobre a atividade antimicrobiana de substâncias extraídas e purificadas de secreções da pele de anfíbios – Brasil. 2003. 180 f. Tese (Doutorado em Farmacologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. 2003. LAUER, A.; SIMON, M. A.; BANNING, J. L.; ANDRÉ, E.; DUNCAN, K.; HARRIS, R. N. Common cutaneous bacteria from the Eastern Red-Backed salamander can inhibit pathogenic fungi. Copeia, Lawrence, v. 2007, n. 3, p. 630- 640, 2007. MARTÍNEZ-SILVESTRE, A. El sapo de caña. Animalia, Cidade do México, n.235, p. 36-39, 2012. NOGUEIRA, R. M. D..Status epilepticus induzido por marinobufogenina, uma substância isolada das glândulas parotóides do Bufo paracnemis, Lutz 1925. 2000. 171 f. Tese (Doutorado em Farmacologia) – Universidade Federal do Ceará, Fotaleza. 2000. PINTO, E. G.; FELIPE, A. C.; NADALETTO, D.; RALL, V. L. M.; MARTINEZ, R. M. Investigação da atividade antimicrobiana do veneno de Rhinella icterica (Amphibia, Anura). Revista do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v.68, n.3, p. 471-475, 2009. REDDY, K. V. R.; YEDERY, R. D.; ARANHA, C. Antimicrobial peptides: premises and promises. International Journal of Antimicrobial Agents. Leiden, v. 24, n. 6, p. 536-547, 2004. ROSSI, F.; ANDREAZZI, D. B. Resistência Bacteriana: interpretando o antibiograma. 1ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 118 p. SÁ, M. S. Avaliação inicial de atividades imunomoduladoras de extratos de peles e gândulas paratóides de anuros do semi-árido brasileiro. 2005. 82 f. Dissertação (Mestrado em
  • 7. 33 Patologia) – Fundação Oswaldo Cruz, Salvador. 2005. SANTOS, K. K. A.; MATIAS, E. F. F.; ALMEIDA, T. S.; COSTA, J. G. M.; COUTINHO, H. D. M. Atividade antifúngica de extratos vegetais e animais da Região do Cariri. Cadernos de Cultura e Ciência, Cariri, v. 1, n. 2, p. 53-65, 2010. SONNER, L.; ROZZA, D.B; WOLFFENBÜTTEL, A.N.; MEIRELLES, A.E.W.; PEDROSO, P.M.O.; OLIVEIRA E.C.; DRIEMEIER, D. Intoxicação por veneno de sapo em um canino. Ciência Rural, Santa Maria, v. 38, n. 6, p. 1787-1789, 2008. STEVAUX, M.N. A new species of Bufolaurenti (Anura, Bufonidae) from northeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia,Curitiba, v.19, suppl 1, p.235-42, 2002. TEMPONE, A.G.; PIMENTA, D.C.; LEBRUN, I.; SARTORELLI, P.; TANIWAKI, N.N.; ANDRADE JR, H.F.; ANTONIAZZI, M.M.; JARED, C. Antileishmanial and antitrypanosomal activity of bufadienolides isolated from the toad Rhinella jimi paratoid macrogland secretion. Toxicon, Leiden,v.52, n.1 ,p.13-21, 2008. TOLEDO, R.C.; JARED. C. Cutaneous granular glands and amphibians venoms. Comparative Biochemistry and Physiology, Leiden,v.111, n. 1, p.1-29, 1995. WOODHAMS, D.C.; ROLLINS-SMITH, L.A.; ALFORD, R.A.; HARRIS, R.N.Innate immune defenses of amphibian skin: antimicrobial peptides and more. Animal Conservation, London, v. 10,n.4, p. 425-428, 2007. ______________________________________ 1- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) - Setor de Biologia - Laboratório de Imunobiologia (IMUNOBIO). Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, Cruz das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380- 000. Fone: 75-91806963. * Autor para correspondência jacquebraga@ufrb.edu.br ou jacquebraga@globo.com 2- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) - Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) - Setor de Biologia - Laboratório de Imunobiologia (IMUNOBIO). Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, Cruz das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380-000 marianealves07@gmail.com 3- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) - Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) Núcleo de pesquisa em Pesca e Aquicultura (NEPA) - Laboratório de Microbiologia Geral e do Pescado. Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, Cruz das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380-000 nsevangelista@yahoo.com.br 4- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) . Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB). Rua Rui Barbosa, n.740, Centro, Cruz das Almas- Bahia –Brasil - CEP:44380-000 neu_ptz@hotmail.com