O documento aborda o tema da ética empresarial. Discute a evolução histórica do conceito de ética desde a Grécia Antiga até os dias atuais e como a ética se aplica nas empresas modernas. Também descreve os principais modos de regulação do comportamento como a ética, moral, costumes e direito. Explora como as empresas podem integrar formalmente princípios éticos e como a cultura e responsabilidade de uma empresa influenciam sua abordagem ética.
1. ÉTICA EMPRESARIAL
ANA CARINA NEVES DA COSTA
Aluno Nº 21120586
PEDRO JORGE MONTEIRO DA COSTA
Aluno Nº 20101052
RESUMO: O trabalho abordará a Ética nas Empresas e as vantagens sociais e
económicas que a sua adopção acarretará. Far-se-á uma breve descrição da evolução da
Ética, desde o seu nascimento até aos nossos dias. Focar-se-á a interligação existente
entre os diversos modos de regulação do comportamento. Descreve-se a formalização
da Ética nas Empresas, tendo em conta o papel que o gestor ocupará na difusão do
documento aos seus colaboradores. Por fim esclarecer-se-á a influência da cultura e
responsabilidade sobre a componente ética na empresa.
INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MAIO DE 2008
2. ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………... 3
2. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ÉTICA
2.1. A ética na civilização grega …………………………………………………. 3
2.2. A ética na idade média ………………………………………………………. 4
2.3. A ética aplicada ……………………………………………………………… 4
3. MODOS DE REGULAÇÃO DO COMPORTAMENTO
3.1. A ética ……………………………………………………………………….. 5
3.2. Moral ………………………………………………………………………… 5
3.3. Costumes …………………………………………………………………….. 6
3.4. Direito ……………………………………………………………………….. 6
3.5. Deontologia ………………………………………………………………….. 6
4. COMO INTEGRAR A ÉTICA NA EMPRESA
4.1. A influência do dirigente sobre o comportamento dos seus 7
colaboradores…………………………………………………………………
4.2. O processo de formalização da ética ………………………………………... 7
5. ÉTICA E CULTURA 9
5.1. A influência da cultura da empresa sobre a componente ética ……………… 10
6. ÉTICA E RESPONSABILIDADE 12
6.1. A ética como clarificação do contrato psicológico ………………………….. 13
6.2. A gestão do pessoal na política ética da empresa …………………………… 14
6.3. O Respeito pelos Parceiros da empresa ........................................................... 14
7. CONCLUSÃO ……………………………………………………………… 14
8. CONCEITOS CHAVE …………………………………………………….. 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SITES CONSULTADOS
2
3. 1.INTRODUÇÃO
Hoje em dia, devido à velocidade das mudanças sociais e ao desenvolvimento do
capitalismo, já não se sabe ao certo se a verdade deve ser dita custe o que custar, ou se,
em determinados casos, mentir e omitir, para salvaguardar os interesses da empresa, é
também assumir uma postura ética.
Pretendemos explicar a recente relação de parceria entre dois domínios aparentemente
incompatíveis: o do lucro e o da educação das vontades, a ética.
Nesta perspectiva, a ideia é demonstrar que a Ética nem sempre deve ser entendida
como ameaça ou obstáculo, mas como uma alavanca para o sucesso das empresas.
Não há empresa, no cenário contemporâneo, com pretensões de aumento da sua
competitividade, que escolha tratar a ética não como aliada, mas como adversária.
Certamente não há uma causa única e explicativa deste movimento em torno da ética,
mas é provável que a concorrência entre empresas, aliada às crescentes exigências de
clientes cada vez menos tolerantes com abusos, estejam a forçar as empresas a levar em
conta este tema. Perante clientes cada vez mais exigentes, as empresas pensam bastante
antes de oferecer bens ou serviços que marquem negativamente as suas imagens. Ao
perceberem que não podem ser abusivos em relação aos clientes, as empresas estão a
introduzir a Ética nas suas empresas.
2. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ÉTICA
A Ética tem servido, ao longo dos tempos como uma espécie de semáforo que regula o
desenvolvimento histórico e cultural da humanidade, num cruzamento entre a Moral, a
Filosofia, a Religião e a Sociedade.
Etimologicamente, a Ética provem da palavra grega ethos, que significa costume. A
Ética estuda a moral, o dever fazer, a qualificação do bem e do mal, a melhor forma de
agir colectivamente. Avalia os costumes e diz quais as acções moralmente válidas,
tendendo a estabelecer os princípios de valorização e condução da vida.
A evolução do conceito de Ética tem sido determinada pela mudança de hábitos,
costumes sociais e padrões morais que determinam a conduta dos indivíduos perante a
sociedade onde se inserem, ao longo das várias épocas históricas.
2.1. A Ética na Civilização Grega
Na Civilização Grega, a Ética apresentava uma relação muito próxima com a política,
tendo por base a cidadania e a forma de organização social.
Atenas era o ponto de encontro da cultura grega onde nasceu uma democracia com
assembleias populares e tribunais e as teorias éticas incidiam sobre a relação entre o
3
4. cidadão e a polis, em que o comportamento do indivíduo era fundamental para se
alcançar o bem-estar colectivo.
Apesar das diferenças das várias correntes filosóficas, pode dizer-se que todas têm um
ponto comum: o homem deverá pôr os seus conhecimentos ao serviço da sociedade, de
modo a que cada um dos seus membros possa ser feliz.
A Ética na civilização grega era apenas normativa, limitando-se a classificar os actos do
homem como correctos ou incorrectos e adequados ou inadequados a uma determinada
situação.
Com as conquistas de Alexandre Magno Atenas perde a domínio político, dando lugar a
um vasto império constituído por uma diversidade de povos, línguas e culturas, que se
misturam e fundem numa panóplia multifacetada, onde as questões políticas perdem
proeminência porque os indivíduos deixam de estar ligados à cidade-Estado.
A Ética passa a reger-se por teorias mais individualistas que analisam de diversas
formas o modo mais agradável de viver a vida. Já não se concilia o homem com a
cidade, mas sim com o Cosmos. Em todas estava subjacente a procura da felicidade
como o bem supremo a atingir, embora cada um dos seus seguidores optasse por vias
diferentes para lá chegar.
2.2. A Ética na Idade Média
O conceito de Ética, na Idade Média afasta-se da natureza, indo ao encontro da moral
cristã. A Ética e a Moral unem-se numa simbiose que a Igreja considerava perfeita, uma
vez que Deus é identificado como o Bem, a Justiça e Verdade, o modelo que todos
deveriam seguir, para atingir a felicidade.
No final do século XIV, com o início do Renascimento, assiste-se a um regresso ao
humanismo da Antiguidade. Nesta época, verifica-se um crescimento monetário, o que
leva, ao desenvolvimento de um novo estrato social, a burguesia, regulando-se esta por
novos valores éticos.
Esta época coincide, com o apogeu dos Descobrimentos, permitindo assim a descoberta
de novos povos, culturas e religiões, o que leva ao surgimento de novas teorias éticas
que se afastam do Cristianismo, gerando assim alguns conflitos. Começavam assim a
ser quebrados os pilares de uma Ética normativa, assente em valores da Antiguidade.
2.3. A Ética Aplicada
Na Idade Contemporânea, surgem alguns ramos distintos aplicados aos diferentes
campos do saber e das actividades do ser humano. Surge a noção de “Ética Aplicada”,
que estabelece regras para áreas específicas, analisando os comportamentos adequados a
seguir em situações concretas.
4
5. Os alicerces da Moral são postos em causa, a Ciência e a Economia, vêem assim
substituir a Religião.
Começa a falar-se de uma “Ética Utilitarista”, que defende que tudo o que contribua
para o progresso social é bom, e de uma “Ética Revolucionária”, que incita os
trabalhadores a mobilizarem-se na reconstrução de uma sociedade em ruptura.
No final do século XX, fala-se de uma multiplicidade de Éticas, continuando no entanto
a existir uma ética normativa de raiz moral.
O rápido desenvolvimento das tecnologias vem por a baixo valores adquiridos ao longo
do tempo, contribuindo assim para as desigualdades a nível mundial. A Economia
sugere um modelo que serve de guia para o desenvolvimento, em que os modos de
produção, dinheiro, mercado, lucro ou comércio prevalecem sobre os valores da Ética.
3. MODOS DE REGULAÇÃO DO COMPORTAMENTO
3.1. A Ética
A Ética é um modo de regulação dos comportamentos que provêm do indivíduo e que
assenta no estabelecimento, por si própria, de valores para dar sentido às suas decisões e
acções. Faz um apelo ao juízo pessoal do indivíduo e também as suas responsabilidades.
Os princípios éticos são linhas orientadoras, pelas quais o Homem rege o seu
comportamento. A Ética apresenta em simultâneo uma dimensão teórica, estudando o
“bem” e o “mal”, e uma dimensão prática, no que diz respeito ao que se deve ou não
fazer.
Apesar da Ética ser bastante auto-reguladora, permitindo aos indivíduos gerir os seus
próprios comportamentos, é aplicada no contexto não apenas individual, mas social, no
seio de um grupo onde os valores são partilhados.
A Ética ocupa assim, o ponto de partida da regulação dos comportamentos, uma vez que
favorece a reflexão, sendo a sua perspectiva preventiva.
3.2. Moral
A Moral é um conjunto de regras, valores e proibições, vindas do exterior do homem,
ou seja, impostas pela política, religião, filosofia, a ideologia e os costumes sociais, que
impõem ao homem que faça o bem. É uma aceitação das regras dadas.
Esta tem uma dimensão imperativa, uma vez que obriga a cumprir um dever criado num
valor moral imposto por uma autoridade.
5
6. 3.3. Costumes
Os Costumes são formas de pensar e de viver no seio de um grupo. Regem-se por regras
informais e não escritas que orientam as práticas do grupo e que traduzem as suas
expectativas de comportamento.
São uma forma de hetero regulação implícita que existe desde que os indivíduos vivem
em sociedade. As regras informais são transmitidas oralmente através da socialização
pela educação.
3.4. Direito
O Direito, tal como a Ética, tem um carácter obrigatório e normativo, sendo regulador
das relações humanas. É o modo de regulação dos comportamentos mais operante nas
sociedades democráticas.
O objectivo deste é favorecer a coexistência entre os indivíduos, protegendo os direitos
de cada um, procurando evitar conflitos e sancionar os indivíduos que violem a lei.
A principal diferença entre a Ética e o Direito reside no tipo de regulação. Na Ética as
obrigações e os deveres são internos, enquanto que no Direito os deveres impostos pela
legislação são externos, uma vez que estes são dirigidos aos outros.
3.5. Deontologia
A Deontologia surge da necessidade de um grupo profissional se auto regular. Mas a
sua aplicação manifesta-se em hetero-regulação, uma vez que os membros do grupo
devem cumprir as regras estabelecidas num código.
O objectivo da Deontologia é reger os comportamentos dos membros de uma profissão
para alcançar a primazia no trabalho, garantindo a confiança do público e proteger a
reputação da profissão.
Os princípios e normas reguladoras dos comportamentos nem sempre estão compilados
numa regulamentação jurídica. Neste sentido a Deontologia é uma disciplina da Ética
especialmente adoptada ao exercício de uma profissão.
6
7. 4. COMO INTEGRAR A ÉTICA NA EMPRESA
4.1. A influência do dirigente sobre o comportamento dos seus
colaboradores
Os dirigentes condicionam o espírito e os valores da empresa. Estes devem ser
conscientes dos efeitos que as suas decisões e comportamentos têm sobre o clima e as
relações sociais nas suas organizações.
Esta influência está ligada à dimensão da organização, sendo mais visível, nas pequenas
organizações.
A direcção geral, tem o poder de formular a política ética, mas o recurso à formalização
supõe uma tomada de consciência da necessidade de uma existência ética própria à
empresa.
4.2. O processo de formalização da ética
A formalização da ética é um fenómeno que se expande nas empresas, contudo
apresenta inúmeras dificuldades.
A empresa que deseja formalizar a sua ética deve optar por duas lógicas principais:
- uma lógica de natureza coerciva, cujo principal objectivo é assegurar o máximo
respeito pelas regras emitidas pela empresa;
- uma lógica de natureza cultural, cujo principal objectivo é fazer com que os
colaboradores adiram as valores ou às finalidades da empresa.
Para a elaboração do documento, podem distinguir-se duas etapas, sendo elas a
elaboração e a difusão do documento.
A elaboração da formalização da ética consiste na constituição de um grupo de
trabalho, constituído por um responsável, escolhido pelo dirigente da empresa, que será
incumbido de orientar a reflexão ética. Este rodeia-se de um grupo de trabalho que
reúne pessoas do departamento de recursos humanos e da direcção jurídica.
As secções do documento abordam os direitos dos colaboradores e a sua conduta, que
são frequentemente redigidas pelos responsáveis do pessoal. Quanto aos juristas, estes
são passíveis de dar o seu contributo na maneira de redigir o documento e fornecem
igualmente o esclarecimento jurídico sobre certos temas sensíveis, tais como os
conflitos de interesse.
O departamento de recursos humanos desempenha um papel fundamental na
operacionalização do documento de ética.
7
8. A difusão do documento pode ser feita de várias formas. Uma das quais, consiste na sua
entrega aos quadros principais da empresa, que serão encarregues de o fazer circular a
todos os seus colaboradores. Poderá ser uma tarefa pesada, se a empresa possuir um
elevado número de colaboradores.
Habitualmente os documentos são distribuídos com uma carta de acompanhamento ao
presidente da empresa, permitindo-lhe confirmar o seu compromisso e insistir sobre
certos pontos particulares.
Muitas vezes o documento é acompanhado por um processo de sensibilização, através
de reuniões de informação para explicar o sentido da iniciativa, ajudando assim os
colaboradores a compreender e aplicar os princípios descritos no documento.
Em certas empresas, este documento é anexado ao contrato de trabalho.
Como síntese, o processo de formalização é supervisionado pela direcção geral que
intervém fortemente na fase de elaboração, sendo o departamento de recursos humanos
encarregue de difundir a política ética formal.
Vantagens da Formalização
Um documento de Ética:
- Constitui um guia duradouro para os membros da organização que pode ajudar
a difundir os elementos da cultura organizacional (por exemplo os seus valores);
- Melhora a reputação da empresa;
- Oferece uma protecção e uma defesa contra os processos;
- Melhora os resultados das empresas;
- Melhora o comportamento dos trabalhadores, o seu orgulho e lealdade;
- Permite criar um clima de trabalho de integridade e de excelência;
- Permite ir além da lei e antecipar a intervenção dos poderes políticos em
matéria de regulamentação;
- Permite catalisar a transformação na empresa;
- Permite à empresa afirmar com precisão o que os dirigentes esperam do seu
pessoal em termos de comportamento;
- Ajuda a satisfazer as necessidades dos accionistas que querem realizar
aplicações éticas;
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9. - Ajuda a integrar ou a transferir culturas de firmas adquiridas ou absorvidas;
- Ajuda a proteger os dirigentes dos seus subordinados e inversamente.
Os quatro tipos de conflitos na ética abrangidos pela formalização são:
Conflitos interpessoais - estão relacionados com as diferentes relações estabelecidas
entre os diferentes membros da organização. Estes estão ligados à sua cultura pessoal, e
o seu tema principal relaciona-se com o respeito pelas pessoas;
Conflitos intra-organizacionais - surgem da relação dos indivíduos com a própria
organização. Os assuntos abordados no campo profissional são relativos à
confidencialidade da informação, à oferta e aceitação de presentes, à saúde e segurança
no trabalho e à equidade em matéria de emprego. Fora da empresa surgem conflitos de
interesses;
Conflitos inter-organizacionais - surgem com as relações que uma organização
mantém com os diferentes intervenientes do meio económico;
Conflitos extra-organizacionais – surgem das relações que uma empresa mantém com
a sociedade em geral.
5. ÉTICA E CULTURA
A Cultura Organizacional contempla a empresa como o meio e o resultado da
interacção social. Logo o conceito de empresa varia consoante as culturas, uma vez que
cada instituição tem a sua própria personalidade, o seu próprio carácter e as suas
próprias aspirações. A empresa, é pois, entendida como uma instituição social com
responsabilidades públicas. A Cultura Organizacional é entendida como um conjunto
complexo de valores, de crenças, de símbolos, de práticas que definem a maneira como
uma empresa realiza as suas actividades.
Representações, ideologias e Modos de acção utilizados na
crenças veiculadas na empresa
empresa
Valores e normas de comportamento
veiculadas na empresa
Modos de expressão utilizados na empresa
Metáforas Mitos e Rituais e Símbolos
e imagens lendas cerimónias
Esquema 1: Os subsistemas da cultura da empresa [4]
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10. 5.1. A influência da Cultura da empresa sobre a componente ética
A Cultura da Organização é um conceito fundamental para o estudo do
comportamento ético. Existindo uma forte ou fraca cultura empresarial, esta tem uma
grande influência sobre os empregados.
A Cultura satisfaz várias funções na empresa:
- É um mecanismo de controlo que permite orientar e ajustar as posturas e
comportamentos dos empregados;
- Delimita as fronteiras da empresa ;
- Permite transmitir uma certa semelhança aos seus membros.
O vínculo existente entre a Ética-Cultura apresenta-se quando a organização atravessa
uma crise, para mudar de cultura, há que, obrigatoriamente falar de ética. Apenas a
reflexão ética nos permite saber o por que é que as coisas se fazem.
Os comportamentos não éticos das organizações levaram ao desenvolvimento de vários
modelos de comportamentos éticos, tendo em conta variáveis pessoais e situacionais.
Linda Klebe Trevino [1986] postula que as compreensões do bom e do mau dos
indivíduos não são os únicos factores determinantes na tomada das suas decisões. As
convicções existentes interagem com as restantes características individuais e com a
cultura das organizações.
Moderadores individuais
- força do ego
- lugar de controlo
Dilema ético Estádio de desenvolvimento moral Comportamento
ético ou não ético
Moderadores situacionais
- contexto de trabalho
- cultura organizacional
- características do trabalho
- política formal da organização
- necessidade financeira pessoal
Esquema 2: A tomada de decisão ética [4]
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11. Uma organização em que a sua cultura privilegia normas ética, encoraja os seus
membros a tomarem atitudes éticas, principalmente quando a conduta ética é
compensada, e a conduta não ética é punida.
Segundo o estudo feito por Posner e Schmidt [1984] existem um conjunto de 6 factores
que contribuem para comportamentos não éticos. São eles:
1. Comportamentos dos superiores;
2. Comportamento dos colegas na organização;
3. Práticas éticas em vigor na industria ou na profissão;
4. Clima moral da sociedade;
5. Política formal da organização;
6. Necessidade financeira pessoal.
Conclui-se com este estudo, que o indivíduo acaba por ser mais influenciado pelos
comportamentos dos indivíduos que os rodeiam, do que pelas suas próprias
necessidades financeiras.
Clima ético da sociedade
Clima ético dos negócios
Clima ético na indústria
Clima ético da empresa
Superiores Indivíduo Colegas
Políticas e Práticas
Esquema 3: Os factores que afectam os comportamentos individuais na organização [4]
11
12. A tomada de decisão ética está no centro do processo de gestão. As etapas da tomada
de decisão ética passam pela:
1. Formulação do problema;
2. Análise do problema;
3. Identificação das soluções que eventualmente possam vir a ser tomadas;
4. Avaliação das várias soluções;
5. Escolha da melhor solução;
6. Concretização da solução fixada.
Identificar a acção, a
decisão que deseja tomar
Articular todas as dimensões desta
acção ou decisão
Abordagem clássica Abordagem filosófica Testes éticos
A solução é A solução não é
aceitável aceitável
Não concretizar a
Concretizar a solução
solução
Identificar uma
nova solução
Esquema 4: Um processo de tomada de decisão ética [4]
6. ÉTICA E RESPONSABILIDADE
A Responsabilidade suscita uma obrigação fundamental, sem reciprocidade para com o
outro. Esta relembra a necessidade de justificar todo o acto ou decisão em função de
normas morais e de valores.
Existem dois extremos de Responsabilidade Social na óptica empresarial, um deles com
uma visão estritamente económica, cujo objectivo é apenas o enriquecimento dos seus
12
13. accionista. Por outro lado existe a Teoria das Partes Interessadas que defende que a
maximização dos lucros vai conduzir ao bem-estar social geral.
Ao assumir as suas Responsabilidades Sociais, uma empresa, por um lado, reconhece as
necessidades e as prioridades dos intervenientes da sociedade, e por outro lado avalia as
consequências das suas acções sobre o plano social, tendo por objectivo o bem-estar
geral.
A tarefa do gerente não será unicamente satisfazer as necessidades de maximizar os
lucros dos accionistas, mas sim atingir um equilíbrio que traduza a equidade entre os
diferentes grupos de pessoas que fazem parte da empresa. Os accionistas só serão
satisfeitos na proporção da sua importância face aos outros parceiros da empresa.
É ainda de referir que esta teoria pode ser analisada de um ponto de vista estratégico
para as empresas, podendo ou não afectar o desempenho actual ou o futuro da empresa.
6.1. A Ética como clarificação do Contrato Psicológico
O Contrato Psicológico apresenta uma panóplia de expectativas recíprocas não escritas
entre um colaborador e a organização, existindo uma espécie de entendimento que
abrange obrigações morais.
O esclarecimento deste contrato, que é realizado a longo prazo, contribui para a
estabilidade da empresa.
CONTRIBUIÇÕES
(servindo as necessidades da organização)
- competências - saber
I - lealdade -criatividade O
N R
D
- esforço - tempo G
Í A
V N
I I
D Z
U A
O RETRIBUIÇÕES Ç
Ã
(servindo as necessidades do indivíduo) O
- estatuto social - elogios
- carreira - segurança
- salário - benefícios
Esquema 5: O contrato psicológico, processos de troca entre contribuições e
retribuições [4]
Através da formalização da Ética, a empresa procura demandar o contrato psicológico
que une o empregador e o colaborador: formalizando as contribuições e retribuições.
13
14. 6.2. A gestão do pessoal na Política Ética da empresa
A Política Ética na empresa, apresenta uma referência para todos, e um compromisso
em relação a cada um dos seus membros. Propõe-se a dar sentido e a ouvir as ambições
dos seus empregados.
O objectivo da política social da empresa recupera as etapas do percurso do colaborador
na empresa, através dos:
Tabela 1 – Etapas do percurso dos empregados na empresa
Aspectos Individuais Aspectos Colectivos
Recrutamento Gestão previsional
Remuneração Gestão de carreiras
Avaliação Gestão Participada
Formação
6.3. O Respeito pelos Parceiros da empresa
A Ética da empresa relativamente a terceiros, é uma ética de respeito, que se insere
numa lógica de relações a longo prazo.
O Respeito pelo Parceiro actual é uma necessidade, porque poderá vir também a ser o
nosso parceiro num futuro próximo.
7. CONCLUSÃO
Constatamos que a evolução natural, tanto a nível tecnológico como moral, conduziu a
empresa a interrogar-se sobre os seus próprios valores, verificando-se um interesse
crescente por tomar em consideração o factor humano e a responsabilidade social.
A formalização Ética na empresa desencadeia, sem dúvida, transformações
organizacionais reais, dando assim resposta à necessidade de construir uma identidade
social e visando solucionar os problemas que surgem dentro e entre as organizações.
É então necessário que a organização esteja receptiva para o processo de mudança,
apresentando práticas organizacionais, numa acção contínua de inovação e de
adaptação, porque só desta forma ela garantirá a sua competitividade neste novo
contexto.
É preciso destacar que a Ética não se aprende ouvindo ou lendo belos discursos. Ética é,
fundamentalmente, emoção, vivência e experiência singular, para que convertam os
problemas sociais em oportunidades para a organização.
14
15. A Ética só se torna eficaz à medida que os dirigentes adquiram a capacidade de se
indignar perante acções ou factos que antes não os afectavam.
8. CONCEITOS CHAVE
Ética
Responsabilidade social
Ética nas empresas
Modos de Regulação de Comportamentos
Código Ético
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Instituto do Emprego e Formação Profissional, “Revista Dirigir para Chefias”,
Edição de Set./Out. de 96, Revista nº45, pp.3-8;
[2] Instituto do Emprego e Formação Profissional, “Revista Dirigir para Chefias”,
Edição de Abril/Maio/Jun.2007, Revista nº98, pp.28-31;
[3] Carapeto, C. , Fonseca, F., Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos, “Ética e
Deontologia” , Edição 2007, pp. 7-10,15,31-37;
[4] Mercier, S., “ A Ética nas Empresas”, Edições Afrontamento, Edição de Dezembro
de 2003.
SITES CONSULTADOS
http://www.redenet.edu.br/publicacoes/arquivos/20070912_095443_GA-10-MAR-
2006-7.pdf
http://je2006.fam.ulusiada.pt/pdfs/HelenaGoncalvesJE2006.pdf
http://www.iefp.pt/iefp/publicacoes/Dirigir/Documents/Dirigir%202007/DIRIGIR_98.p
df
http://www.iefp.pt/iefp/publicacoes/Dirigir/Documents/1996/DIRIGIR_45.pdf
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