O documento descreve o filme Jasão e o Velo de Ouro, dirigido por Ray Harryhausen em 1963. O filme conta a história de Jasão em sua busca pelo Velo de Ouro com a ajuda dos Argonautas. O documento destaca as impressionantes sequências de animação stop-motion criadas por Harryhausen, como a batalha com o gigante Talos e o exército de esqueletos.
1. Jasão e o Velo de Ouro Page 1 of 3
JASÃO E O VELO DE OURO
Por E.R.Corrêa
Uma das particularidades mais interessantes dos filmes animados e co-produzidos por Ray Harryhausen é justamente
o descompromisso total com a realidade e o quot;politicamente corretoquot;. Analisando cuidadosamente a sua obra, vemos
que seu objetivo único é a fantasia, destinada à diversão e o entretenimento.
A fantasia por ele criada se baseia tão somente naquilo que grande parte daqueles que vão ao cinema querem:
libertar-se do real para mergulhar num mundo fantástico, imprevisível, onde o que não acontece é que é criticado.
Seus filmes não procuram camuflar moralidade ou politicagem, e tão pouco querem fazer censura a qualquer tipo de
emoção reprimida, muito pelo contrário, eles parecem realizar e facilitar o sonho daqueles que os compreendem. Ao
penetrarmos nos seus filmes, o eterno contraste entre real e imaginário, que está tão presente na fantasia, é
completamente ignorado para dar vazão a um mundo alternativo e fantástico, que só é interompido (temporariamente)
quando as luzes do cinema se acendem.
Podemos notar esse fascínio fantasioso, que está tão presente na obra de Harryhausen, principalmente nos seus filmes
clássicos, voltados à mitologia greco-romana: Simbad e a Princesa (1958), Jasão e o Velo de Ouro (1963), A
Viagem Dourada de Simbad (1974), Simbad e o Olho do Tigre (1977) e A Fúria de Titãs (1980). Todas
essas obras que enfocam o tema da mitologia clássica (notadamente uma das maiores paixões de Harryhausen)
mostram que, com o maior mestre da animação, não há meio termo: ou odeiem-no, ou amem-no!
A primeira opção creio que é impossível, a despeito de já ouvir comentários baixos com relação. Mas, independente de
quaisquer outros fatores, a obra animada de Ray Harryhausen marcou época, talvez a mais criativa e trabalhosa da
história do cinema.
Jasão e o Velo de Ouro (Jason and the Argonauts) é, talvez, o mais popular e o mais fantástico filme animado por
Harryhausen. As sequências de animação, onde o stop-motion é explorado em seus melhores resultados, apresentam
um festival de criatividade e talento, reduzindo à frivolidades as modernas técnicas de computação gráfica. Os méritos
devem ser esclarecidos, pois, apesar das dificuldades com que os técnicos em efeitos especiais da atualidade se
deparam, seria loucura tentar comparar o trabalho de uma técnica com outra. No stop-motion, numa cena que deveria
durar apenas cinco minutos, gastava não menos que uma semana de dedicada concentração e cansativo trabalho de
movimentos. Mas os resultados são claros, perfeitos, únicos, nostálgicos; efeitos tão fantásticos que estão além de
qualquer definição. Jasão e o Velo de Ouro está aí, quem quiser confira.
http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/jasao.html 1/6/2009
2. Jasão e o Velo de Ouro Page 2 of 3
Neste filme, o herói clássico da mitologia grega Jasão (interpretado por Todd Armstrong), precisa conquistar o famoso
e quase inatingível velocino de ouro (ou velo de ouro), um generoso presente dos deuses do Olimpo que traz riqueza e
prosperidade ao povo que o tem em seu poder. Mas, para conquistá-lo, Jasão terá de empreender uma longa e
perigosa viagem, rumo à longínqua Cólquida, situada no fim do mundo, muito além das quot;Rochas Estrondosasquot;.
E Jasão, auxiliado por alguns deuses (principalmente pela deusa Hera) e desfavorecido por outros (principalmente por
Zeus) anunciou a expedição em busca do velo de ouro, a todos os heróis da Grécia - incluindo o famoso Hércules - se
juntaram a ele no afã de conquistar glórias. Argos construiu um navio, que levaria o seu nome, e colocou na popa da
embarcação uma escultura falante da deusa Hera, que poderia auxiliar Jasão apenas três vezes, as quais deveriam ser
suficientes para o êxito da empreitada.
Enfim, os Argonautas partem em seu objetivo, e no caminho se deparam com muitas aventuras e perigos. O primeiro
deles é Talos, um dos titãs, forjado em bronze por Hefaistos e colocado na ilha de bronze para guardar o tesouro dos
Deuses. Quando os argonautas desembarcam na ilha para procurar mantimentos, Hércules e um amigo roubam uma
das jóias guardadas por Talos, despertando a ira do gigantesco homem de metal. O que vemos aí é uma das mais
impressionantes sequências de animação criadas por Harryhausen. O realismo é impressionante, e em nenhum
momento há desproporção ou erro, num verdadeiro deleite para os nostálgicos fãs do cinema fantástico. Após
liquidarem Talos (cujo calcanhar era o ponto fraco), os argonautas seguem rumo ao seu objetivo, enfrentando à frente
toda sorte de perigos; como as terríveis Harpias - um grotesco casal de demônios alados; as rochas estrondosas - uma
estreita e praticamente inacessível passagem litorânea, cercada por traiçoeiras montanhas pedregosas; e, após
chegarem ao destino e despistarem o exército local, a Hidra - o terrível monstro de sete cabeças que guardava o velo
de ouro (esta cena é um outro belo momento do stop-motion). Mas Jasão consegue destruí-la e, finalmente, se
apossar do velo de ouro. Eetes, rei da Cólquida, sentindo-se roubado, ordena que nasçam, dos dentes da Hidra, um
exército de esqueletos para matarem Jasão.
Bom, os cinco minutos de batalha entre Jasão e o pequeno mas poderoso exército de sete esqueletos, são
simplesmente os cinco minutos mais fantásticos da história do cinema! Direi apenas isto. Nota do Editor: essa
sequência inspirou diversas outras em filmes posteriores como por exemplo em Army of Darkness (o
terceiro episódio da saga The Evil Dead, de Sam Raimi) ou mais recentemente no filme A Múmia, que
estava em cartaz em nossos cinemas, ambos com mais recursos de tecnologia mas nem por isso melhores
que o stop-motion de Harryhausen.
Por fim, Jasão consegue escapar dos poderosos esqueletos, que haviam matado alguns de seus companheiros, e fugir
de volta à Tessália, levando também a belíssima Medéia (Nancy Kovack), a sacerdotiza do templo de Hecate que havia
lhe ajudado na fuga, e cumprindo, assim, com glorioso êxito, o difícil trabalho que os deuses haviam lhe imposto.
Esta obra-prima da aventura e fantasia, dirigida por Don Chaffey, produzida pelo genial Charles H. Schneer e com a
sempre impressionante música de Bernard Hermann, colocou a carreira e o status do fantástico animador Ray
Harryhausen no Olimpo, junto a Zeus - ele, definitivamente, mostrava ao mundo as infinitas possibilidades do stop-
motion, que já havia impressionado em seus filmes anteriores, mas que agora demonstrava ser um dos mais
importantes passos que o cinema já tinha dado até então. O animador voltaria ao tema da mitologia clássica em mais
três filmes, dois deles envolvendo o também fantástico capitão Sinbad (inspirados nos contos do clássico livro árabe
As Mil e Uma Noites, outra paixão de Harryhausen) e o último (A Fúria de Titãs), considerado pela crítica como a
sua obra-prima. Mas isso é uma outra história... Não menos interessante!
E.R.Corrêa
JASÃO E O VELO DE OURO (Jason and the Argonauts , Estados
Unidos / Inglaterra, 1963). Duração: 104 minutos
Direção: Don Chaffey
Roteiro: Beverley Cross; Jan Read
Produção: Charles H. Schneer
Produção Associada: Ray Harryhausen
Fotografia: Wilkie Cooper
Música: Bernard Herrmann
Edição: Maurice Rootes
http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/jasao.html 1/6/2009
3. Jasão e o Velo de Ouro Page 3 of 3
Efeitos Visuais: Ray Harryhausen
Desenho de Produção: Geoffrey Drake
Direção de Arte: Jack Maxsted; Antonio Sarzi-Braga; Herbert Smith
Elenco: : Todd Armstrong (Jasão); Nancy Kovack (Medéia); Gary Raymond
(Acastus); Laurence Naismith (Argos); Niall MacGinnis (Zeus); Michael
Gwynn (Hermes); Douglas Wilmer (Pelias); Honor Blackman (Hera); John
Cairney (Hylas); Nigel Green (Hercules); Patrick Troughton; Andrew Faulds
Artigos
http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/jasao.html 1/6/2009