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A importância do conto de fadas
O mundo mágico dos contos face à rotina do quotidiano.
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Imaginação, criatividade, escola
Setembro 6, 2007 por materialdidactico
Gianni Rodari
Gramática da Fantasia
Lisboa, Ed. Caminho, 2004
Excertos adaptados
Imaginação, criatividade, escola
A entrada Intuição da Enciclopédia Britânica cita Kant, Espinosa e Bergson, mas não Benedetto
Croce. Bem, se isto não é exactamente como falar da relatividade sem nomear Einstein, pouco falta. Pobre
Sr. Benedetto! Quis tanto solidarizar-me com ele que coloquei logo a sua frase no começo deste capítulo.
Consultando os dicionários filosóficos e as enciclopédias que tenho à mão, entre a casa e o
escritório, noto em primeiro lugar que as palavras “imaginação” e “fantasia” pertenceram durante muito
tempo e exclusivamente à história da filosofia. A jovem psicologia só começou a ocupar-se delas há
poucos decénios. Por isso não é de espantar que a imaginação, nas nossas escolas, ainda seja tratada como
parente pobre, em proveito da atenção e da memória; ouvir com paciência e memorizar escrupulosamente
constituem ainda hoje as principais características do aluno-modelo, que é também o aluno mais cómodo e
maleável.
Os antigos, de Aristóteles a Santo Agostinho, não dispunham nas suas línguas de duas palavras para
fazer a distinção entre “imaginação” e “fantasia” e para lhes conferir funções diferentes: facto de que não
suspeitaram nem Bacon nem Descartes, com toda a sua clarté.
Temos de chegar ao século XVIII – a Wolff – para nos defrontarmos com uma primeira distinção
entre a faculdade de produzir percepções das coisas sensíveis ausentes e a facultas fingendi, que consiste
em “produzir por meio da divisão e da composição das imagens a imagem de uma coisa nunca percebida
pelos sentidos”. É nesta linha que trabalharam Kant, ao catalogar uma “imaginação reprodutiva”, e Fichte,
que privilegiou desmedidamente as funções desta segunda.
Mas devemos a Hegel a distinção definitiva entre “imaginação” e “fantasia”. Para ele, ambas são
determinações da inteligência: mas a inteligência como imaginação é simplesmente reprodutiva; em
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contrapartida, como fantasia é criadora. Assim claramente separados e hierarquizados, os dois termos
serviram excelentemente para sancionar uma diferença análoga à racial, quase fisiológica, entre o poeta (o
artista), capaz de fantasia criadora, e o homem comum, o vil mecânico, só capaz de imaginação, que lhe
serve para objectivos meramente práticos, como ter a visão da cama quando está cansado e da mesa
quando tem fome. A fantasia a jogar na 1ª divisão, e a imaginação na 2ª…
Actualmente, nem a filosofia nem a psicologia conseguem ver diferenças radicais entre a
imaginação e a fantasia. Usar os dois termos como sinónimos já não é pecado mortal. E isto graças, entre
outros, a Edmund Husserl, fenomenologista, e também a Jean-Paul Sartre (cujo ensaio A Imaginação pode
ser lido em português em tradução de Manuel João Gomes, ed. Difel, e onde se encontra na p.132 esta bela
frase, que não resisto a copiar: “A imaginação é um acto e não uma coisa”).
Um livro de ouro e prata é Immaginazione e Creatività nell’Età Infantile [Imaginação e
Criatividade na Idade Infantil], de L. S. Vigotski (Editori Riuniti, Roma, 1972), que, embora já antigo,
apresenta, quanto a mim, dois grandes valores: primeiro, descreve com clareza e simplicidade a
imaginação como modo de operar da mente humana; segundo, reconhece a todos os homens – e não
apenas a poucos privilegiados (os artistas) ou a poucos seleccionados (por meio de testes, com
financiamentos de qualquer Fundação) – uma atitude comum à criatividade, em relação à qual as
diferenças se revelam, na sua maior parte, produto de factores sociais e culturais.
A função criadora da imaginação pertence ao homem comum, ao cientista, ao técnico; é tão
essencial às descobertas científicas como ao nascimento da obra de arte; inclusivamente, é condição
necessária à vida quotidiana.
Manifestam-se germes de imaginação criativa, insiste Vigotski, nas brincadeiras dos animais; muito
mais se manifestam na vida infantil. A brincadeira não é uma simples recordação de impressões vividas,
mas sim uma reelaboração criativa daquelas, um processo através do qual a criança combina entre si os
dados da experiência para construir uma nova realidade, que responda às suas curiosidades e necessidades.
Mas é precisamente porque a imaginação só constrói com materiais extraídos da realidade (e por
isso o adulto poderá elaborar mais), que a criança, para nutrir a sua imaginação e aplicá-la às tarefas
adequadas que reforcem as suas estruturas e alarguem os seus horizontes, deve poder crescer num
ambiente rico de impulsos e de estímulos.
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