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Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias - Português
Ensino Médio, 1º ano EM
Apólogo, fábula e alegoria:
o símbolo e a moral.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORALA RAPOSA E AS UVAS
O LEÃO E O RATINHO
A FÁBULA
A fábula é um gênero ficcional
bastante popular e existe há mais ou
menos 2.800 anos.
Tradicionalmente, as fábulas eram
narrativas orais e não se sabe ao certo
quem as criou.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Embora muito antigas, continuam a ser
contadas e lidas, porque ensinam,
alertam sobre algo que pode acontecer
na vida real, criticam comportamentos
humanos, ironizam os homens.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
A estrutura da fábula tem servido a muitas versões e
reescrituras, muitas delas com intenção humorística.
Na maioria das vezes, os fabulistas usam animais como
personagens de suas histórias, tornando-os uma espécie de
símbolo: a formiga, representando o trabalho; o cordeiro, a
inocência; o burro, a estupidez; a raposa, a astúcia; etc.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
É BOM SABER QUE...
a) O narrador de uma fábula é um
observador.
b) O tempo verbal predominante é o pretérito
perfeito do indicativo.
c) A linguagem utilizada é a variedade
padrão.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
d) O público a que se destina(1) é o infanto-juvenil.
(1) PRIORITARIAMENTE
e) O suporte desse gênero textual, para atingir o
público a que se destina, é veiculado à publicação
em livros, jornais, revistas, em sites na Internet e
ainda pode ser contada oralmente.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem:SophieGengembre
Anderson(1823–1903)/TaketheFairFace
ofWoman/Privatecollection/Public
Domain.
OS GRANDES FABULISTAS
A fábula nasceu no Oriente e foi reinventada
no Ocidente pelo escravo Esopo, que criava
histórias baseadas em animais para mostrar como
agir com sabedoria. Suas fábulas, mais tarde,
foram reescritas em versos, com um acentuado
tom satírico, pelo escravo Fedro.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
Contudo, o grande responsável pela divulgação e
reconhecimento da fábula no Ocidente moderno foi o
francês Jean de La Fontaine, um poeta que conhecia muito
bem a arte e as manifestações da cultura popular.
Motivado pela natureza simbólica das fábulas, La
Fontaine criava suas histórias com um único objetivo: tornar
os animais o principal agente da educação dos homens.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
JEAN DE LA FONTAINE
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem:JeandeLaFontaine/AutorDesconhecido/DisponibilizadoporKelson/
DomínioPúblicodosEstadosUnidos.
Para isso, os animais são colocados numa
situação humana exemplar, tornando-se uma
espécie de símbolo. Por exemplo : a formiga,
representa o trabalho ; o lobo, o poder
despótico; e assim por diante [...]
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem:Páginadetítulodolivro:Trezentas
FábulasdeEsopo,1867/GeorgeFyler
Townsend/UnitedStatesPublicDomain.
PARA AQUELES QUE SÃO LOUCOS POR
FÁBULAS
Para aqueles que são aficionados por fábulas
e querem conhecer outras, antigas e modernas,
sugerimos a leitura dos seguintes livros:Fábulas de
La Fontaine; Fábulas, de Monteiro Lobato; Esopo –
Fábulas Completas; Fábulas fabulosas e Novas
fábulas fabulosas, de Millôr Fernandes.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
ESTRUTURAS DAS FÁBULAS
Através das fábulas, podemos fazer duas
leituras independentes:
a) A narrativa propriamente dita cuja
estrutura narrativa sempre se repete:
situação inicial;
obstáculo;
tentativa de solução;
resultado final.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem:Wilber,mascotedoprojeto
GIMP/TuomasKuosmanen/
CreativeCommonsAttribution-Share
Alike3.0Unported.
b) Moral: linguagem temática, dissertativa.
Ela pode ser usada e analisada
independentemente da fábula.
A fábula nos leva a dois mundos:
o imaginário, o narrativo, fantástico;
o real, dissertativo, temático.
Na verdade, a fábula é um “estudo sério
sobre o comportamento humano”, a ética e a
cidadania.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Exemplo:
O LEÃO E O RATINHO (Monteiro Lobato)
Ao sair do buraco viu-se o ratinho entre as
patas do leão. Estacou, de pelos em pé, paralisado
pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
- Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
Dias depois, o leão caiu numa rede. Urrou
desesperadamente, debateu-se, mas quanto mais se
agitava mais preso no laço ficava.
Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
- Amor com amor se paga – disse ele lá
consigo e pôs-se a roer as cordas. Num
instante, conseguiu romper uma das malhas.
E como a rede era das tais que rompida a
primeira malha as outras se afrouxam, pode o
leão deslindar-se e fugir.
Mais vale paciência pequenina do que
arrancos de leão.
Monteiro Lobato. Fábulas, 1994.
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APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
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APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem:Ilustraçãode"OCorvoeoCisne",de1919/MiloWinter/UnitedStatesPublic
Domain.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem:Aformigaeogafanhotode“FablesofÆsopandothers”,traduzidosparaanatureza
humana,1857/CharlesHenryBennett(1828–1867)/PublicDomain.
ALEGORIA
Uma alegoria é uma representação tal que
transmite um outro significado em adição ao significado
literal do texto. Em outras palavras, é uma coisa que é dita
para dar a noção de outra, normalmente por meio
d’alguma ilação moral.
É bastante fácil confundir a alegoria com a
metáfora, pois elas têm muitos pontos em comum.
Para melhor entender o que seja uma alegoria,
podemos citar alguns exemplos.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
O mais conhecido exemplo de
alegoria é provável que seja O Mito da
Caverna, de Platão. O autor referia-se
aos mitos e superstições de seus
contemporâneos, comportamento que
ficou representado pela alegoria da
caverna em que as pessoas ficariam
presas e imóveis, sem jamais poder
contemplar diretamente o que acontecia
fora dali.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
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APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
O mito da caverna
Imagem:EntradadeCuevaClara(CavernaClara)ParquedelasCavernasdelRíoCamuy,Porto
Rico/PerAspera/CreativeCommonsCC01.0UniversalPublicDomainDedication.
A Bíblia está repleta de alegorias, o próprio Cristo
ensinava por meio delas. Mas antes mesmo do Novo
Testamento, encontramos muitas alegorias, e muitos talvez
considerem uma das mais belas a que faz a comparação da
história de Israel ao crescimento de uma vinha no Salmo 80.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem: A Bíblia / Vortix / Public Domain.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
SALMO 80
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
SALMO 121
Imagem:FotografiaporTobiasBender/TextoadicionadoporBargeMason/Disponibilizado
porMasonbarge/GNUFreeDocumentationLicense
Os ditados populares são alegorias contextualizadas
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.”
“Mais vale um pássaro na mão que dois voando.”
“Casa de ferreiro, espeto de pau.”
Etimologicamente, o grego allegoría significa “dizer o outro”,
“dizer alguma coisa diferente do sentido literal” (allos,
“outro”, e agoreuein, “falar em público”).
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
APÓLOGO
Gênero alegórico que consiste numa narrativa que
ilustra uma lição de sabedoria, utilizando personagens de
índole diversa, reais ou fantásticas, animadas ou inanimadas.
Servem de exemplos clássicos os apólogos de Fedro e
Esopo. Confunde-se facilmente com a fábula, embora esta se
concentre mais em relações que envolvem coisas e animais, e
com a parábola, que se ocupa mais de histórias entre homens
e figuras alegóricas com sentido religioso. Hegel considera-a
uma forma de parábola.
http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=787&Itemid=2
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
“Pode-se considerar o apólogo como uma parábola
que não utiliza apenas, e a título de analogia, um
caso particular, a fim de tornar perceptível uma
significação geral, de tal modo que ela fica
realmente contida no caso particular que, no
entanto, só é narrado a título de exemplo especial.”
(Estética, II, 2c, Guimarães Editores, Lisboa, 1993,
p.223).
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
No século XVII, na Espanha, fizeram escola
os apólogos de Los Sueños, de Quevedo, e
Coloquio de los perros, de Cervantes.
Ficaram célebres entre nós, os Apólogos
Dialogais (1712), de D. Francisco Manuel de
Melo. Como todos os apólogos, têm por fim
interferir de alguma forma com o
comportamento social e moral dos homens,
modificando-o pelo exemplo, se possível.
http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=787&Itemid=2
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
No século XIX, registram-se os Apólogos
(1820), de João Vicente Pimentel Maldonado, poeta
menor do arcadismo, inspirado nas fábulas de La
Fontaine, e “Um Apólogo”, de Machado de Assis
(incluído na coletânea Várias Histórias, 1896). Os
Contos Tradicionais Portugueses, compilados por
Teófilo Braga, são, na maior parte, verdadeiros
apólogos.
http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=787&Itemid=2
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
O apólogo é uma narrativa que busca ilustrar lições de
sabedoria ou ética, através do uso de personalidades de
índole diversa, imaginárias ou reais, que podem ser tanto
inanimadas como animadas.
Bem parecido com a fábula em sua estrutura, o apólogo é
um tipo de narrativa que personifica os seres inanimados,
transformando-os em personagens da história.
Diversos autores consideram que se pode observar o
apólogo como uma parábola que não utiliza apenas, e a
título de analogia, um caso particular a fim de tornar
perceptível uma significação geral.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagens da Esquerda para direita: (a) Carl Heinrich Bloch (1834–1890) / O Sermão da Montanha / United States Public Domain (b) James Tissot /
The “Sermon of the Beatitudes” (1886-96), da série ”The Life of Christ” , Brooklyn Museum / Public Domain.
Exemplo:
Um Apólogo (Machado de Assis)
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de
linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si,
toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa
neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Por que lhe
digo que está com um ar insuportável? Repito que
sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem: Uma agulha com linha
/ Saurabh R. Patil / Creative
Commons - Atribuição - Partilha
nos Mesmos Termos 3.0 Não
Adaptada
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é
agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o
meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu.
Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites
de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose?
Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Imagem: A agulha enfiada /
Jorge Barrios / GNU Free
Documentation License.
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao
que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel
subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai
fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo,
ajunto...
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Estavam nisto, quando a costureira chegou à
casa da baronesa. Não sei se disse que isto se
passava em casa de uma baronesa, que tinha a
modista ao pé de si, para não andar atrás dela.
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha,
e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor
das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis
como os galgos de Diana — para dar a isto uma
cor poética. E dizia a agulha:
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Não repara que esta distinta costureira só se importa
comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como
quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas.
A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se
também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de
costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha
no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o
dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no
quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho,
para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o
vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro,
arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando,
a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é
que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você
volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio
das mucamas? Vamos, diga lá.
LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansaste em abrir caminho para ela e ela é
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse,
abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos",
Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.
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APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
ATIVIDADES
Escreva um apólogo que tenha por personagens dois seres
inanimados,como, por exemplo,um lápis, uma borracha, um giz e um
apagador,um chinelo velho, um sapato novo uma carta e um e-mail. Por
meio de um diálogo entre os personagens, mostre ações deles que, no
final ilustrem uma lição de sabedoria ou ética. A linguagem empregada
deve estar de acordo com a variedade padrão da língua. Faça um
rascunho e só passe seu texto a limpo depois de realizar uma revisão
cuidadosa. Refaça o texto , se necessário. E BOA PRODUÇÃO
TEXTUAL !!!
Fonte:Português e Linguagem, de Willian Cereja e Thereza Cochar. Vol. 1.
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APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL

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Fábulas, Alegorias e Símbolos

  • 1. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias - Português Ensino Médio, 1º ano EM Apólogo, fábula e alegoria: o símbolo e a moral.
  • 2. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORALA RAPOSA E AS UVAS O LEÃO E O RATINHO
  • 3. A FÁBULA A fábula é um gênero ficcional bastante popular e existe há mais ou menos 2.800 anos. Tradicionalmente, as fábulas eram narrativas orais e não se sabe ao certo quem as criou. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 4. Embora muito antigas, continuam a ser contadas e lidas, porque ensinam, alertam sobre algo que pode acontecer na vida real, criticam comportamentos humanos, ironizam os homens. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 5. A estrutura da fábula tem servido a muitas versões e reescrituras, muitas delas com intenção humorística. Na maioria das vezes, os fabulistas usam animais como personagens de suas histórias, tornando-os uma espécie de símbolo: a formiga, representando o trabalho; o cordeiro, a inocência; o burro, a estupidez; a raposa, a astúcia; etc. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 6. É BOM SABER QUE... a) O narrador de uma fábula é um observador. b) O tempo verbal predominante é o pretérito perfeito do indicativo. c) A linguagem utilizada é a variedade padrão. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 7. d) O público a que se destina(1) é o infanto-juvenil. (1) PRIORITARIAMENTE e) O suporte desse gênero textual, para atingir o público a que se destina, é veiculado à publicação em livros, jornais, revistas, em sites na Internet e ainda pode ser contada oralmente. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem:SophieGengembre Anderson(1823–1903)/TaketheFairFace ofWoman/Privatecollection/Public Domain.
  • 8. OS GRANDES FABULISTAS A fábula nasceu no Oriente e foi reinventada no Ocidente pelo escravo Esopo, que criava histórias baseadas em animais para mostrar como agir com sabedoria. Suas fábulas, mais tarde, foram reescritas em versos, com um acentuado tom satírico, pelo escravo Fedro. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
  • 9. Contudo, o grande responsável pela divulgação e reconhecimento da fábula no Ocidente moderno foi o francês Jean de La Fontaine, um poeta que conhecia muito bem a arte e as manifestações da cultura popular. Motivado pela natureza simbólica das fábulas, La Fontaine criava suas histórias com um único objetivo: tornar os animais o principal agente da educação dos homens. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 10. JEAN DE LA FONTAINE LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem:JeandeLaFontaine/AutorDesconhecido/DisponibilizadoporKelson/ DomínioPúblicodosEstadosUnidos.
  • 11. Para isso, os animais são colocados numa situação humana exemplar, tornando-se uma espécie de símbolo. Por exemplo : a formiga, representa o trabalho ; o lobo, o poder despótico; e assim por diante [...] LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem:Páginadetítulodolivro:Trezentas FábulasdeEsopo,1867/GeorgeFyler Townsend/UnitedStatesPublicDomain.
  • 12. PARA AQUELES QUE SÃO LOUCOS POR FÁBULAS Para aqueles que são aficionados por fábulas e querem conhecer outras, antigas e modernas, sugerimos a leitura dos seguintes livros:Fábulas de La Fontaine; Fábulas, de Monteiro Lobato; Esopo – Fábulas Completas; Fábulas fabulosas e Novas fábulas fabulosas, de Millôr Fernandes. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 13. ESTRUTURAS DAS FÁBULAS Através das fábulas, podemos fazer duas leituras independentes: a) A narrativa propriamente dita cuja estrutura narrativa sempre se repete: situação inicial; obstáculo; tentativa de solução; resultado final. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem:Wilber,mascotedoprojeto GIMP/TuomasKuosmanen/ CreativeCommonsAttribution-Share Alike3.0Unported.
  • 14. b) Moral: linguagem temática, dissertativa. Ela pode ser usada e analisada independentemente da fábula. A fábula nos leva a dois mundos: o imaginário, o narrativo, fantástico; o real, dissertativo, temático. Na verdade, a fábula é um “estudo sério sobre o comportamento humano”, a ética e a cidadania. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 15. Exemplo: O LEÃO E O RATINHO (Monteiro Lobato) Ao sair do buraco viu-se o ratinho entre as patas do leão. Estacou, de pelos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum. - Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei. Dias depois, o leão caiu numa rede. Urrou desesperadamente, debateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava. Atraído pelos urros, apareceu o ratinho. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio
  • 16. - Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas. Num instante, conseguiu romper uma das malhas. E como a rede era das tais que rompida a primeira malha as outras se afrouxam, pode o leão deslindar-se e fugir. Mais vale paciência pequenina do que arrancos de leão. Monteiro Lobato. Fábulas, 1994. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 17. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem:Ilustraçãode"OCorvoeoCisne",de1919/MiloWinter/UnitedStatesPublic Domain.
  • 18. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem:Aformigaeogafanhotode“FablesofÆsopandothers”,traduzidosparaanatureza humana,1857/CharlesHenryBennett(1828–1867)/PublicDomain.
  • 19. ALEGORIA Uma alegoria é uma representação tal que transmite um outro significado em adição ao significado literal do texto. Em outras palavras, é uma coisa que é dita para dar a noção de outra, normalmente por meio d’alguma ilação moral. É bastante fácil confundir a alegoria com a metáfora, pois elas têm muitos pontos em comum. Para melhor entender o que seja uma alegoria, podemos citar alguns exemplos. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 20. O mais conhecido exemplo de alegoria é provável que seja O Mito da Caverna, de Platão. O autor referia-se aos mitos e superstições de seus contemporâneos, comportamento que ficou representado pela alegoria da caverna em que as pessoas ficariam presas e imóveis, sem jamais poder contemplar diretamente o que acontecia fora dali. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 21. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL O mito da caverna Imagem:EntradadeCuevaClara(CavernaClara)ParquedelasCavernasdelRíoCamuy,Porto Rico/PerAspera/CreativeCommonsCC01.0UniversalPublicDomainDedication.
  • 22. A Bíblia está repleta de alegorias, o próprio Cristo ensinava por meio delas. Mas antes mesmo do Novo Testamento, encontramos muitas alegorias, e muitos talvez considerem uma das mais belas a que faz a comparação da história de Israel ao crescimento de uma vinha no Salmo 80. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem: A Bíblia / Vortix / Public Domain.
  • 23. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL SALMO 80
  • 24. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL SALMO 121 Imagem:FotografiaporTobiasBender/TextoadicionadoporBargeMason/Disponibilizado porMasonbarge/GNUFreeDocumentationLicense
  • 25. Os ditados populares são alegorias contextualizadas “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” “Mais vale um pássaro na mão que dois voando.” “Casa de ferreiro, espeto de pau.” Etimologicamente, o grego allegoría significa “dizer o outro”, “dizer alguma coisa diferente do sentido literal” (allos, “outro”, e agoreuein, “falar em público”). LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 26. APÓLOGO Gênero alegórico que consiste numa narrativa que ilustra uma lição de sabedoria, utilizando personagens de índole diversa, reais ou fantásticas, animadas ou inanimadas. Servem de exemplos clássicos os apólogos de Fedro e Esopo. Confunde-se facilmente com a fábula, embora esta se concentre mais em relações que envolvem coisas e animais, e com a parábola, que se ocupa mais de histórias entre homens e figuras alegóricas com sentido religioso. Hegel considera-a uma forma de parábola. http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=787&Itemid=2 LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 27. “Pode-se considerar o apólogo como uma parábola que não utiliza apenas, e a título de analogia, um caso particular, a fim de tornar perceptível uma significação geral, de tal modo que ela fica realmente contida no caso particular que, no entanto, só é narrado a título de exemplo especial.” (Estética, II, 2c, Guimarães Editores, Lisboa, 1993, p.223). LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 28. No século XVII, na Espanha, fizeram escola os apólogos de Los Sueños, de Quevedo, e Coloquio de los perros, de Cervantes. Ficaram célebres entre nós, os Apólogos Dialogais (1712), de D. Francisco Manuel de Melo. Como todos os apólogos, têm por fim interferir de alguma forma com o comportamento social e moral dos homens, modificando-o pelo exemplo, se possível. http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=787&Itemid=2 LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 29. No século XIX, registram-se os Apólogos (1820), de João Vicente Pimentel Maldonado, poeta menor do arcadismo, inspirado nas fábulas de La Fontaine, e “Um Apólogo”, de Machado de Assis (incluído na coletânea Várias Histórias, 1896). Os Contos Tradicionais Portugueses, compilados por Teófilo Braga, são, na maior parte, verdadeiros apólogos. http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=787&Itemid=2 LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 30. O apólogo é uma narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, através do uso de personalidades de índole diversa, imaginárias ou reais, que podem ser tanto inanimadas como animadas. Bem parecido com a fábula em sua estrutura, o apólogo é um tipo de narrativa que personifica os seres inanimados, transformando-os em personagens da história. Diversos autores consideram que se pode observar o apólogo como uma parábola que não utiliza apenas, e a título de analogia, um caso particular a fim de tornar perceptível uma significação geral. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 31. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagens da Esquerda para direita: (a) Carl Heinrich Bloch (1834–1890) / O Sermão da Montanha / United States Public Domain (b) James Tissot / The “Sermon of the Beatitudes” (1886-96), da série ”The Life of Christ” , Brooklyn Museum / Public Domain.
  • 32. Exemplo: Um Apólogo (Machado de Assis) Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Por que lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem: Uma agulha com linha / Saurabh R. Patil / Creative Commons - Atribuição - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada
  • 33. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. — Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu? LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL Imagem: A agulha enfiada / Jorge Barrios / GNU Free Documentation License.
  • 34. — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando... — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 35. Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 36. — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima... A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 37. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe: — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 38. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansaste em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL
  • 39. ATIVIDADES Escreva um apólogo que tenha por personagens dois seres inanimados,como, por exemplo,um lápis, uma borracha, um giz e um apagador,um chinelo velho, um sapato novo uma carta e um e-mail. Por meio de um diálogo entre os personagens, mostre ações deles que, no final ilustrem uma lição de sabedoria ou ética. A linguagem empregada deve estar de acordo com a variedade padrão da língua. Faça um rascunho e só passe seu texto a limpo depois de realizar uma revisão cuidadosa. Refaça o texto , se necessário. E BOA PRODUÇÃO TEXTUAL !!! Fonte:Português e Linguagem, de Willian Cereja e Thereza Cochar. Vol. 1. LÍNGUA PORTUGUESA, 2º Ano do Ensino Médio APÓLOGO,FÁBULA E ALEGORIA: O SÍMBOLO E A MORAL