Aqui estão alguns pontos-chave sobre a violência no campo em Santa Catarina:
- A concentração fundiária e a política agroindustrial intensiva para exportação limitaram as oportunidades no campo e forçaram muitos a migrarem para as cidades em busca de melhores condições.
- Essa migração em massa para as cidades resultou no crescimento desordenado de favelas e periferias, onde a juventude que chegava do campo sofre com a falta de serviços básicos e oportunidades.
- A mídia transmitiu uma imagem irreal
1. Janete Cassol
24 anos
Xanxerê/SC
Estupro e homicídio
Antonio Zamboni
23 anos
Joaçaba/SC
Acidente de trânsito
Mauricio Rabelo
17 anos
Lauro Muller/SC
Acidente de trânsito(moto)
Uilian Back Machado
19 anos
Jacinto Machado/SC
Acidente de trânsito
Francieli Endres
16 anos
Águas de Chapecó/SC
Acidente de trânsito
Fabricio Caneppele
17 anos
Águas de Chapecó/SC
Acidente de trânsito
Josué Matheus Girardi da Silva
16 anos
Mirim Doce/SC
Violência policial
Aldair Kohl
20 anos
Pouso Redondo/SC
Acidente de trânsito
Adilson Lepchak
19 anos
Rio do Campo/SC
Homicídio
Indianara Granemann
19 anos
Rio do Campo/SC
Acidente de trânsito
Nísio Cotelak
27 anos
Rio do Campo/SC
Homicídio
Rodrigo Roldão da Rosa
29 anos
Praia Grande/SC
Acidente de trânsito(moto)
Alexandre Maas
23 anos
Gaspar/SC
Acidente de trânsito(moto)l
Danilo Lima
27 anos
Praia Grande/SC
Suicídio
Dirceu Lorenzatto
20 anos
Águas de Chapecó/SC
Homicídio
Fabrina Schleicher
15 anos
Aguas de Chapecó/SC
Acidente de trânsito
Michel Endres
18 anos
São Carlos/SC
Acidente de trânsito
Arnaldo Marioti
26 anos
Pouso Redondo/SC
Acidente de trânsito
Rafaela de Ré
21 anos
Pouso Redondo/SC
Acidente de trânsito
Luiz Garlini
17 anos
Rio do Campo/SC
Acidente de trânsito
Sérgio Sempckowski
21 anos
Rio do Campo/SC
Homicídio
Jaison Beninca
22 anos
Rio do Campo/SC
Acidente de trânsito
Jorge Tenfem
21 anos
Salete/SC
Acidente de trânsito
Airton Loebens
27 anos
São João do Oeste/SC
Acidente de trânsito
Jarles Thums
20 anos
São João do Oeste/SC
Acidente de trânsito
Gustavo Luiz Germiano
24 anos
Florianópolis/SC
Homicídio
Rafael Luiz Hanser
22 anos
Florianópolis/SC
Homicídio
Cleber da Silva
20 anos
Florianópolis/SC
Homicídio
Marcelo Espíndola
22 anos
Florianópolis/SC
Acidente de trânsito
Mariana Costa Bento
20 anos
Florianópolis/SC
Acidente de trânsito
Fabiane Corrêa
18 anos
Tangará/SC
Acidente de trânsito
Luiz Arthur Kerekes Teixeira
24 anos
Itajaí/SC
Acidente de trânsito
Thomas Bleier Otto Lenghi
25 anos
Itajaí/SC
Acidente de trânsito
Maicon Botzan
20 anos
Taió/SC
Acidente de trânsito
Jucinei da Maia
25 anos
Santa Terezinha/SC
Homicídio
Miguel Bohnen
30 anos
São João do Oeste/SC
Homicídio
Mauri Bohnen
23 anos
São João do Oeste/SC
Acidente de trânsito
Leila Patrícia Stengler
16 anos
Descanso/SC
Estupro e homicídio
Marcelo da Silva
17 anos
Florianópolis/SC
Homicídio
David Goulart
19 anos
Florianópolis/SC
Homicídio
Tiago da Costa Machado
22 anos
Palhoça/SC
Homicídio
Claudenir José Betiato Cendron
18 anos
Tangará/SC
Acidente de trânsito
Marcelo de Oliveira
24 anos
Tangará/SC
Acidente de trânsito
Paulo Santos Scardine
28 anos
Itajaí/SC
Acidente de trânsito
Glauci Mara Peixer
22 anos
Taió/SC
Acidente de trânsito
Giovane Raimundo
20 anos
Taió/SC
Acidente de trânsito
Diego Francisco Cavilha
16 anos
Taió/SC
Acidente de trânsito
ORIENTAÇÕES PARA
MULTIPLICADORES
DA CAMPANHA EM
SANTA CATARINA
Sidnei Hackbarth
21 anos
Rio do Campo/SC
Suicídio
3. Este subsídio é fruto do Seminário Estadual da Campanha contra a
Violência e Extermínio de Jovens e contou com a dedicação e trabalho de:
Ediane Soares
Fabiana Gonçalves
Francine Hoffmann
Guilherme Pontes
Marcos Vinicius Liebl
Rafael Fernando Lewer
Rodrigo da Silva
planejaram, organizaram e escreveram a cartilha
Ana Cláudia Maba
Ariel Wiest
Fabiana Gonçalves
Ivanete Hammes
Joseanir Hermes
Liége Santin
Scheila Mai
Uilian Dalpiaz
colaboraram na coleta de nomes de jovens mortos
Leonardo Contin da Costa
Ir Eduardo Carvalho
colaboraram na revisão
Marcelo Zapelini
fez a produção gráfica
Impresso em agosto de 2010
4. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Sumário
3
Sumário
Apresentação..........................................................................................05
Olhando a realidade................................................................................07
Análise estrutural: as origens da violência
Violência no campo
Violência urbana
Violência do trânsito
Informações sobre a Campanha..............................................................13
O que é a Campanha?
Por que realizar a Campanha?
Objetivos da Campanha no Estado
Princípios da Campanha
Ações Estaduais
Como organizar a Campanha..................................................................15
1º passo – constituição de um Comitê da Campanha
2º passo – olhar a realidade
3º passo – definição dos objetivos
4º passo – escolha das estratégias e ações
5º passo – registrar as atividades
Parcerias - como e onde articular, buscar apoio
Sugestões de ações locais.......................................................................19
Eixo I: “Formação Política e Trabalho de Base”
Sensibilização
Formação
Eixo II: “Ações de massa e divulgação”
Onde divulgar a campanha?
Eixo III: “Monitoramento da mídia e denúncia quanto à violação de direitos humanos”
Anexos.....................................................................................................21
Anexo 1 - Dados Estatísticos
Anexo 2 – Sugestões de textos, filmes e sites
Indicações de Livros e Textos
Indicações de Filmes
Sites Interessantes
Anexo 3 – Disque denúncias
Disque 100 e denuncie as violências contra crianças e adolescentes!
Violências contra a Mulher! Denuncie!
5.
6. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Apresentação
5
Apresentação
“Calar-se diante de uma injustiça,
mais do que permitir que ela aconteça, é consumá-la”
(Semana da Cidadania, 2009)
As realidades de violência contra a juventude nos assustam e nos
entristecem. Mais que isso: nos chamam para sermos proféticos e atuantes
na defesa da vida.
Por isso, em 2009, as Pastorais da Juventude do Brasil lançaram a
Campanha Nacional contra a Violência e Extermínio de Jovens.
Em Santa Catarina, esta Campanha foi desencadeada com o Seminário
Estadual que aconteceu em Florianópolis, dias 13 e 14/Março, envolvendo
mais de 50 lideranças de todo o estado. Lá foi feito um olhar sobre as
realidades de violência, pensadas ações e constituída uma equipe para dar
continuidade ao processo da Campanha.
Fruto das reflexões deste Seminário, esta Equipe elaborou com muito
carinho esta cartilha, para que ajude nas reflexões e seja suporte no
planejamento da Campanha em todo o chão catarinense.
Na primeira parte desta cartilha encontramos pequenos textos para
reflexão sobre a violência estrutural, urbana, no campo e no trânsito.
Na segunda parte, há algumas informações para entendermos melhor a
Campanha.
Em seguida, podemos encontrar indicativos práticos para organizar a
Campanha e construir ações locais e regionais.
Por fim, alguns anexos para enriquecer nossos trabalhos.
Que cada um/a de nós possa ser multiplicador/a desta Campanha!
Que possamos, em nossa comunidade, em nosso município, em nossa
região, movimentar tantas mãos, braços, mentes e corações que sonham
com um mundo mais humano, e com uma humanidade mais fraterna.
Com ternura e esperança,
Comitê Estadual da Campanha
7. Nas asas do sonho
Carmelita Zanella – CF
E nas asas do meu sonho eu vou
Comigo muitos e muitas também vão.
Ainda não somos a maioria
Somos a diferença, somos a garantia
De sonhar plantando o chão.
Venham todos que acreditam no amor,
Sonhar comigo!
É preciso mãos e mãos para plantar!
Venham sem medo e sem certezas
Mas venham nas asas de seus sonhos
Chamando outros e outras a sonhar!
Sim! Havendo sinergia haverá desejos
Havendo desejos caminhos haverá
Pois se não existirem caminhos
O sonho os inventará!
8. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Olhando a Realidade
7
olhando a realidade
Análise estrutural: as origens da violência
De modo geral, podemos caracterizar a violência como palavras ou ações
realizadas por pessoas, grupo de pessoas, classes, nações, que geram dano
físico,emocional,moralouespiritualaoutros.Dessemodo,suaconceituação
varia de acordo com os aspectos históricos, sociais e estruturais de cada
sociedade. Seja qual for a sua forma, é uma violação do direito à vida.
É possível distinguir alguns tipos de violência, dentre elas a estrutural e a
física, sendo que normalmente a segunda é conseqüência da primeira.
A violência estrutural está relacionada às formas sistemáticas de negação
da cidadania a indivíduos e grupos determinados de cidadãos e refere-se às
condições extremamente injustas da sociedade para com uma parcela mais
desfavorecida de sua população. Ela se expressa pelo quadro de miséria,
má distribuição de renda, falta de acesso à educação, saúde, enfim, falta de
condições mínimas para a vida digna de uma parte significativa da população.
Dessa forma, podemos dizer que quanto maior a desigualdade, maior o
potencial de violência entre os indivíduos.
As raízes da violência no Brasil estão intimamente ligadas à estrutura
de poder que tem prevalecido no país desde sua colonização, passando
por diferentes períodos de práticas arbitrárias e de jogos políticos dos mais
fortes contra os mais fracos.
Sendo assim, toda violência social tem caráter revelador de estruturas de
dominação e surge como expressão de contradições entre os que querem
manter privilégios e os que se rebelam
contra a opressão. Nesse sentido, a
estrutura de poder, desde o período
colonial até os dias de hoje, é responsável
pela negação dos direitos da maioria da
população.
Considerando que a violência não é
algo natural do ser humano e sim uma
construção histórica, é possível afirmar
que atitudes e práticas violentas podem
ser desconstruídas pela história e ação
A violência
estrutural está
relacionada às
formas sistemáticas
de negação da
cidadania
9. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Olhando a Realidade
8
das pessoas nas suas realidades.
As mudanças sociais passam a acontecer, quando juntas, as pessoas
buscam conscientizar-se, conhecer seus direitos e exercer de forma plena a
sua cidadania, sendo sujeitos ativos de transformação.
A superação da violência começa quando se tem direito a viver com digni-
dade. É preciso recriar as relações humanas, reconhecer, denunciar e supe-
rar situações de violência cotidianamente, através da participação de ações
conjuntas e ações individuais, que promovam solidariedade, justiça e paz.
Novas atitudes frente às faces da violência é uma missão de todos/as
nós que queremos construir um “outro mundo possível” com relações mais
igualitárias, justas e fraternas.
Violência no campo
Foi na década de 50 que o fenômeno da urbanização no Brasil atingiu seu
pleno ritmo de expansão, provocando no país um fluxo muito intenso de
migração do meio rural para os centros urbanos. Devido à concentração de
propriedades de terras, à política agroindustrial intensiva para a exportação,
à limitação de créditos e serviços, tornou-se quase impossível a vida no
campo.
Por meio da mídia foi alimentada uma falsa imagem promissora das
cidades para os trabalhadores rurais, que migraram crentes de melhores
oportunidades e condições de vida para suas famílias, com esperanças de
trabalho, educação para os filhos, moradia, prosperidade, dentre outras.
O resultado desse processo migratório intenso se configura hoje nas
nossas favelas e periferias sob uma ausência quase total de serviços básicos,
e a juventude é quem mais sofre.
“O êxodo rural conduz a uma série de outras implicações sociais, culturais
e principalmente, o da violência.” (Manoel Gomes)
“Às vezes sinto vergonha de dizer que sou do interior para os meus colegas de escola.
Estudo numa escola na cidade vizinha porque aqui não tem Ensino Médio. Temos
muitas dificuldades em casa, o trabalho é muito puxado e exige demais da gente!
Ficamos horas embaixo do sol, na roça. Ficamos cheios de calos nas mãos! Meus
colegas riem de mim e fazem piadinhas de mau gosto. Só que nada vai me fazer sair
da roça, apesar de todo o preconceito que sofro e dificuldades de acesso à escola e
saúde, aqui a gente vive bem!” J. N, 17 anos.
10. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Olhando a Realidade
9
A TV transmite um modelo de vida que atrai e confunde os jovens
camponeses, que “estariam vivendo uma ambigüidade de valores”
traduzindo-se em manter um vínculo afetivo com o modo de vida local. Ao
mesmo tempo, vêem a sua imagem refletida no espelho da cultura urbana,
e a mesma lhes aparece como referência para a elaboração de um projeto
para o futuro. Pode-se considerar que não se nega e tampouco se expressa
uma resistência ao modelo de juventude urbana apresentado na televisão
e demais meios de comunicação. Eles buscam, de alguma forma, inserir-se
no modelo. Na escola, gostam de confundir-se com os amigos urbanos e
sentem-se satisfeitos ao dizerem que os colegas não sabem que eles são
camponeses!
Os jovens que vivem no meio rural sofrem diversos tipos de preconceito
por parte dos urbanos e deles mesmos, sentem-se excluídos em diversos
momentos em âmbito social. Como uma das maiores violências cometidas
contra o jovem do campo, pode-se afirmar o descaso público por parte do
governo e sociedade em geral, por não se apresentar priorização de políticas
públicas para a permanência do jovem no campo, dificultando seu acesso a
educação de qualidade, transporte, saúde, lazer, entre outras.
Problemas sociais como a violência no meio urbano têm suas raízes no
campo, a partir do êxodo rural.
Violência urbana
Manifestando-se principalmente nas grandes cidades, a violência tem
causado a morte de milhares de jovens no Brasil e é o principal fator de
extermínio dessa faixa etária, notadamente entre jovens negros, pobres do
sexo masculino.
As metrópoles são, por um lado, o sonho de uma vida nova para aqueles
que deixam a roça ou as pequenas cidades para buscar oportunidades de
trabalho em um grande centro. Contudo, não há oportunidades para todos.
Direitos como trabalho, moradia e saneamento básico não são garantidos
para toda a população e, em especial os pobres, estão excluídos, nas grandes
periferias.
Com a falta de empregos, muitas vezes o tráfico de drogas aparece como
uma das alternativas mais palpáveis para que as pessoas – e os jovens, em
especial – tenham acesso ao mundo do trabalho. O tráfico dá um meio de
11. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Olhando a Realidade
10
subsistência e uma oportunidade
que o mercado formal dificilmente
oferecem ao jovem empobrecido.
O tráfico, porém, é perverso:
mata cedo, muito cedo.
Além disso, o tráfico gera
uma série de violências: assaltos,
seqüestros, assassinatos... Muitos
sofrem para que poucos possam
usufruir dos lucros gerados por esse
sistema brutal.
A cidade fica em guerra: de um lado, a população excluída nas periferias,
sofrendo e muitas vezes sendo agente da violência. De outro, a população
que tem melhores condições de vida, que vive com medo, trancaficada.
Todos alimentando formas de violência e sendo vítimas delas ao mesmo
tempo!
Desde a década de 80 a criminalidade violenta ocupa lugar privilegiado na
agenda pública das prioridades governamentais. Contudo, faltam políticas
efetivamentepúblicasquedêemcontadacomplexidadedotemadaviolência,
articulando políticas sociais amplas e políticas de prevenção de curto, médio
e longo prazo. As tentativas de solucionar os problemas da violência vieram
na forma de grande repressão contra a população empobrecida. Isso não
resolveu, mas agravou a situação, gerando mais violência.
A solução não passa por mais polícia, mais presídios, mais punições. Mas
sim por geração de oportunidades. Com a garantia dos direitos que sempre
foram negados aos excluídos.
Violência do trânsito
Em Santa Catarina, é no trânsito que os jovens mais perdem a vida. São
mais de 500 mortes por ano, o que faz de nosso estado o líder em mortes no
trânsito em todo o Brasil1
.
Pesquisas indicam que as 5 principais causas de acidentes de trânsito são:
»»álcool
»»cansaço
1 Proporcionalmente à população total
A solução não passa
por mais polícia,
mais presídios, mais
punições. Mas sim
por geração de
oportunidades.
12. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Olhando a Realidade
11
»»desrespeito à sinalização e imprudência
»»excesso de velocidade
»»impunidade e falta de fiscalização
Muitos dizem que a culpa toda é dos jovens, que exageram na bebida e
na velocidade.
De fato, a busca por liberdade e pelo “aproveitar a vida” faz com que
jovens ultrapassem alguns limites, não considerando que colocam em risco
as suas vidas e vidas de outras pessoas.
Porém, por outro lado, é importante considerar também outros fatores
que contribuem com o aumento dos acidentes, e que não são culpa dos
jovens, como falta de fiscalização e más condições das estradas (com muitas
curvas, por exemplo).
Mais veículos, mais acidentes
A cada dia, aumenta o número de veículos em circulação. Nos últimos 15
anos, a frota de veículos em Santa Catarina cresceu em 346%2
. São 2 milhões
de veículos a mais circulando nas rodovias catarinenses. Por outro lado, o
número de policiais rodoviários federais diminuiu 12% no mesmo período.
Há um grande incentivo ao transporte individual. Está cada vez mais
fácil financiar um carro. Nas crises econômicas, o governo também ajuda,
baixando o IPI e barateando o preço dos carros 0 km. Por outro lado, não há
muitos incentivos ao transporte coletivo.
No entanto, uma das saídas para ajudar na diminuição das mortes no
trânsito é o transporte coletivo (em nosso estado, basicamente ônibus).
É mais seguro, ecológico e reduz
o fluxo de veículos nas estradas.
Para isso, são necessários mais
investimentos neste tipo de
transporte e novos hábitos.
Respeito e cuidado com a vida
Pequenas atitudes podem salvar
vidas! É importante que todos
sintam-se co-responsáveis pela
transformação dessa realidade de
2 Número de veículos: de 866.969 (1994) para 2.995.684 (2009)
Acidente de trânsito:
“uma doença
social, que pode ser
diagnosticada, tratada
e controlada”.
(Prof. Dario Birolini - Faculdade de
medicina da USP)
13. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Informações sobre a Campanha
12
morte no trânsito em SC.
É preciso reforçar o cuidado com a vida. Quem está ao volante deve
respeitar a sua vida e a vida do/a outro/a.
14. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Informações sobre a Campanha
13
INFORMAÇÕES SOBRE A CAMPANHA
O que é a Campanha?
É uma ação articulada de diversas organizações para levar a toda a
sociedade o debate sobre as diversas formas de violência contra a juventude,
especialmente o extermínio de milhares de jovens que está acontecendo no
Brasil.
Com isso, a Campanha objetiva avançar na conscientização e desencadear
ações que possam mudar essa realidade de morte.
Por que realizar a Campanha?
A realidade é cruel: no Brasil, são assassinados 54 jovens por dia, em
média.
Em Santa Catarina, mais de 1.000 jovens morrem por ano, por causas
violentas3
.
Não podemos mais aceitar tamanha injustiça. Não podemos ver calados
tantas vidas caídas ao chão a cada dia.
Precisamos defender a vida da juventude e lutar para que os/as jovens
tenham direito de viver com dignidade.
Objetivos da Campanha no Estado
Objetivo geral: Promover a conscientização da juventude e da sociedade
em geral sobre a realidade da violência e extermínio de jovens em Santa
Catarina, desencadeando ações para mudar o quadro de violência e morte.
Objetivos específicos:
»»Sensibilizar a juventude, sociedade civil e órgãos governamentais para a
proposta da Campanha Contra a Violência e Extermínio de jovens;
»»Criar espaços para discussão da temática da violência e extermínio
de jovens, com foco na violência urbana, violência rural e violência no
trânsito;
»»Promover e sistematizar estudos sobre a realidade da violência e
extermínio de jovens em Santa Cantarina;
»»Revelar as violações dos direitos humanos praticadas pela mídia contra
3 Homicídios, suicídios e acidentes de trânsito.
15. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Informações sobre a Campanha
14
a juventude;
»»Articular e mobilizar diversas forças e organizações sociais e eclesiais
para a realização da Campanha.
Princípios da Campanha
»»Defesa da vida da juventude;
»»Respeito à dignidade humana e à diversidade social;
»»Autonomia política frente às estruturas institucionais;
»»Diálogo com movimentos sociais, em especial com organizações de
juventude;
»»Vivência de uma espiritualidade libertadora;
»»Compromisso com a construção de um outro modelo de sociedade.
Ações Estaduais
»»No Seminário Estadual da Campanha foram pensadas 3 ações principais
para serem realizadas em âmbito estadual:
»»Audiência Pública, para debater saídas para a violência com os poderes
públicos catarinenses;
»»Marcha Estadual, como ação de mobilização de massa;
»»Pesquisa quantitativa e qualitativa sobre as violências contra a juventude
em Santa Catarina.
»»A Audiência Pública e a Marcha estão previstas para o primeiro semestre
de 2011.
A pesquisa será desenvolvida durante os anos de 2010 e 2011.
16. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Como organizar a Campanha
15
Como organizar a Campanha
Para a Campanha ter êxito, é preciso que seja planejada e bem organizada.
As ações não precisam ser grandiosas, mas é importante que sejam
significativas, por mais simples que sejam.
Dessa forma, sugerimos alguns passos para organizar a Campanha
localmente (eu seu município, região, diocese...)?
1º passo – constituição de um Comitê da
Campanha
Juntem as lideranças e organizações que estão dispostas a contribuir com
a Campanha (veja quadro “Parcerias, ao lado) e marquem uma reunião para
constituir um Comitê da Campanha, que pode ser:
Comitê Local – envolvendo um ou mais bairros, uma cidade ou uma
paróquia;
Comitê Regional – envolvendo mais municípios. Pode ser a região
geográfica de uma diocese;
2º passo – olhar a realidade
É importante analisar a realidade local/regional e verificar quais as formas
de violências mais presentes contra a juventude?
Dentre estas formas de violência, sugere-se escolher 2 ou 3 prioritárias.
Evitar cair na tentação de “atirar para todos os lados”, pois corre-se o risco
de não conseguir-se fazer nada.
3º passo – definição dos objetivos
É a hora do compromisso diante da questão da violência e do extermínio
de jovens.
A partir dos objetivos nacionais e estaduais (apresentados na seção
“Informações sobre a Campanha”), é hora de decidir quais são os objetivos
específicos da sua localidade no enfrentamento dos problemas levantados.
Duas coisas são fundamentais:
»»Sintonia com os objetivos da Campanha no estado;
»»Cuidado para definir objetivos possíveis de serem alcançados.
É importante ter objetivos que possam ser alcançados, como redução
de acidentes no bairro, construção de espaços de lazer para juventude,
elaboração de tarefas bem específicas e concretas. Nada de definir como
17. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Como organizar a Campanha
16
objetivo da Campanha o fim de todos os acidentes de trânsito envolvendo
jovens, a apreensão imediata de todas as armas de fogo ilegais ou imediata
resolução de todos os problemas do sistema prisional. Esses seriam objetivos
irrealizáveis, pelo menos a curto prazo. A idéia é pensar em coisas concretas,
possíveis de realizar.
É preciso combinar respostas locais, concretas e possíveis com leituras
globais, complexas e estruturais. “Pensamento global, ação local”.
4º passo – escolha das estratégias e ações
A partir dos problemas prioritários que foram identificados, bem como
dos objetivos traçados, é hora de pensar ações para a transformação da
Parcerias - como e onde articular, buscar apoio
A luta contra a violência e extermínio de jovens terá mais êxito se conseguirmos
articular outras forças da sociedade que comungam desta causa. Com esta Campanha,
as Pastorais da Juventude desejam ir além do âmbito eclesial. Para isto, é muito
importante formar redes com outras organizações, na forma de parcerias. Porém, não
é a quantidade de parceiros que vai possibilitar o sucesso da Campanha, mas a correta
escolha destes.
Nesse sentido, antes de fazer o diálogo com algum parceiro, é importante ter claro:
- O que queremos com essa parceria? Qual pode ser a contribuição deste parceiro para
a Campanha? (ex.: apoio financeiro, político, de mobilização, formação...)
- Os valores e práticas do parceiro estão em sintonia com os valores e objetivos da
Campanha?
De modo geral, podemos ter 2 tipos de parceiros:
Parceiros estratégicos: organizações que têm grande afinidade com os valores
e objetivos da Campanha, e que podem ajudar no planejamento e nas decisões
(participando dos Comitês Municipais e Regionais da Campanha);
Parceiros pontuais: não têm tanta afinidade com os valores/objetivos da Campanha,
mas podem auxiliar em algumas ações, com funções específicas;
Exemplos de parceiros: pastorais, sindicatos, movimentos sociais e eclesiais,
associações de moradores, escolas, universidades, grêmios estudantis, DCEs, ONGs...
Nas paróquias e dioceses, é muito importante levar o debate da Campanha para
os espaços comuns que envolvem outras pastorais, como conselhos paroquiais e
diocesanos de pastoral, buscando que a Igreja como um todo assuma a Campanha,
não somente as Pastorais da Juventude.
18. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Como organizar a Campanha
17
realidade.
Abaixo apresentamos várias sugestões de ações, que foram pensadas no
Seminário Estadual da Campanha. Além destas, outras podem ser pensadas,
tendo em vista a realidade local.
Novamente lembramos a importância das ações estarem em sintonia
com os objetivos e valores da Campanha Nacional e no estado, para não
criar várias “campanhas”, mas uma só, com vários rostos e cores.
5º passo – registrar as atividades
O registro é muito importante para noticiar e manter a história.
Quando forem realizadas atividades e reuniões importantes, procurem
tirar uma foto e fazer uma pequena notícia, enviando para o e-mail
contraviolencia.sc@gmail.com.
Obs.: para um planejamento mais aprofundado, sugerimos utilizar também o material
“Como organizar a Campanha? Dicas para o planejamento estratégico local”, disponível em
www.juventudeemmarcha.org, seção downloads.
19.
20. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Sugestões de ações locais
19
Sugestões de ações locais
Eixo I: “Formação Política e Trabalho de Base”
Sensibilização
Para falar de violência e entender bem a problemática, é importante ter
um contato próximo com quem mais sofre com a violência. Dessa forma,
sugere-se ações simples para conhecer melhor a realidade.
Sugestões de ações
»»Conhecer a realidade de pessoas vítimas da violência de trânsito,
através de instituições que atendem essas pessoas, como por exemplo,
associações de reabilitação de pessoas com deficiência física;
»»Conhecer as realidades de periferias – visitações, missões... (pode
articular com líderes dos bairros, escolas...);
»»Realizar experiências de convivência no meio rural (por exemplo, passar
um fim-de-semana com uma família de agricultores)
Formação
Para saber como agir para mudar a realidade de violência, é necessário
aprofundamento teórico, para não ficar no “senso comum”. Pensar várias
formas de realizar estudos e formações sobre as temáticas da Campanha,
sempre em sintonia com a realidade local.
Sugestões de ações
»»Promover encontros paroquiais de formação sobre a temática;
»»Realizar encontros nos grupos de jovens, a partir dos subsídios
disponíveis;
»»Inserir a temática nas escolas de formação diocesanas ou locais,
realizando uma etapa (ou parte) sobre “violência e extermínio de jovens”;
»»Realizar, nas escolas, concursos de redação, de desenho, poesia,
música... sobre a temática;
»»Promover seminários diocesanos ou regionais sobre a temática;
»»Organizar debates em espaços públicos (universidades, câmaras de
vereadores, associações de bairros...)
21. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Sugestões de ações locais
20
Eixo II: “Ações de massa e divulgação”
Ações de massa ajudam a dar “corpo” para a Campanha. Dão visibilidade,
motivam e ajudam a mobilizar várias forças. Porém, a Campanha não pode
ficar só nas ações de massa. É preciso formação também.
Sugestões de ações
»»Realização de festivais culturais (música, teatro...) sobre a temática da
Campanha;
»»Conhecer, participar e inserir-se nos conselhos municipais de direitos
(juventude, criança e adolescente, educação, cultura, comunicação...);
»»Realizar as Atividades Permanentes (Semana da Cidadania, Semana
do/a Estudante e Dia Nacional da Juventude – DNJ), cujos temas estão
em sintonia com a Campanha;
»»Participar do Grito dos/as Excluídos, levando a Campanha como uma
bandeira de luta;
Onde divulgar a campanha?
»»Rádios (comunitárias e comerciais)
»»Jornais (diocesanos, paroquiais, regionais...)
»»Televisões regionais
»»Conselhos Diocesanos, Paroquiais e Comunitários – CDPs, CPPs e CPCs
»»Espaços públicos – ruas, praças, escolas, universidades (blitz,
panfletagem...)
»»Internet (site das PJs de SC, blogs, twitter, Orkut...)
Eixo III: “Monitoramento da mídia e denúncia
quanto à violação de direitos humanos”
A mídia é uma faca de 2 gumes: ao mesmo tempo que ajuda a divulgar
boas ações, muitas vezes faz da violência um espetáculo (o que só piora a
situação).
Sugestão de ação:
»»Fazer o levantamento das notícias elaboradas pelas mais diversas
mídias locais, quantificando e qualificando as formas como a violência e
o extermínio são apresentados.
23. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Anexo 1 - Dados Estatísticos
22
Mortes de Jovens em Santa catarina
Alguns Dados
Quantos jovens morrem por ano em Santa
Catarina por causas violentas?
Jovens de 15 a 24 anos. Ano referência: 2005. Fonte: Relatório de Desenvolvimento Juvenil
2007
»»220 assassinados (19,8 a cada 100mil, a menor taxa do Brasil. Média-Brasil:
48,6/100mil)
»»69 por suicídios (6,2 a cada 100mil. Média-Brasil: 4,5/100mil)
»»532 em acidentes de trânsito (47,8 a cada 100mil, a MAIOR taxa do Brasil. Média-
Brasil: 22/100mil)
Total: 821
A maioria dos jovens que morrem são homens
Santa Catarina. Jovens de 15 a 24 anos. Ano referência: 2005. Fonte: Relatório de
Desenvolvimento Juvenil 2007
»»Homicídios: 92,7% são homens
»»Suicídios: 81,2% são homens
»»Acidentes de transporte: 80,8% são homens
»»Do total das mortes violentas: 84% são homens
Recorte racial das mortes por causa violentas
Santa Catarina. Jovens de 15 a 24 anos. Ano referência: 2005. Fonte: Relatório de
Desenvolvimento Juvenil 2007
Homicídios:
»»Brancos: 17,3 a cada 100mil
»»Negros: 33,3 a cada 100mil
Acidentes de trânsito:
»»Brancos: 51,1 a cada 100mil
»»Negros: 20,7 a cada 100mil
24. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Anexo 1 - Dados Estatísticos
23
Violência urbana
Aumento dos homicídios em Santa Catarina (1994-2007)
25. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Anexo 1 - Dados Estatísticos
24
Homicídios de jovens nos municípios
catarinenses
Total: 432 jovens mortos em 2009 em SC
Faixa etária: 15 a 29 anos. Ano referência: 2009. Fonte: Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão/
SC - Diretoria de Informação e Inteligência
75% das mortes
aconteceram em
municípios com
mais de 50.000
habitantes
10 municípios
representam
62% do total
de homicídios
Nenhum município
com menos de
50.000 habitantes
teve mais de 5
mortes
Municípios com 4 mortos ou
mais:
26. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Anexo 1 - Dados Estatísticos
25
Violência no trânsito – mortes de jovens
Total: 335 jovens mortos em 2009 em SC
Faixa etária: 15 a 29 anos (rodovias estaduais) e 15 a 30 anos (rodovias federais). Ano referência: 2009. Fontes: Núcleo de
Registro de Acidentes e Medicina Rodoviária – NURAM/DPRF/SC e Setor de Estatística do BPMRv/DEINFRA
Causas das mortes nas
rodovias federais em
Santa Catarina
27. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Anexo 2 - Sugestões de textos, filmes e sites
26
Anexo 1 – Sugestões de textos, filmes e sites
Indicações de textos e livros
Esta lista traz textos para um maior aprofundamento sobre o tema da
Campanha, sendo úteis para os coordenadores/as, assessores/as e militantes
que tenham interesse em qualificar a sua discussão sobre o assunto.
a. Realidade da Juventude
ABRAMO, Helena Wendel. Considerações sobre a tematização social da
juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, nº 5, São Paulo: 1997.
Disponível em:
http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE05_6/RBDE05_6_05_
HELENA_WENDEL_ABRAMO.pdf
b. Juventude, Violência e Segurança Pública
ABRAMOVAY, Miriam et al. Juventude, violência e vulnerabilidade social
na América Latina: desafios para políticas públicas. Brasília: UNESCO, BID,
2002. Disponível em:
www.observatoriodeseguranca.org /.../JUVENTUDE%20E%20
VULNERABILIDADE%20SOCIAL.pdf
CARA,Daniel;GAUTO,Maitê.Juventude:percepçõeseexposiçãoàviolência.
In: ABRAMOVAY, Miriam; Andrade, Eliane Ribeiro; ESTEVES, Luiz Carlos Gil
(orgs.). Juventude: outros olhares sobre a diversidade. Brasília: Ministério da
educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade;
UNESCO, 2007, pp. 173-198.
Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154580por.pdf
c. Violência e relações de gênero
ANDRADE,VeraRegina.“Asoberaniapatriarcal:osistemadejustiçacriminal
no tratamento da violência sexual contra a mulher. Revista Brasileira de
28. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Anexo 2 - Sugestões de textos, filmes e sites
27
Ciências Criminais, Revista dos Tribunais, São Paulo, nº 48, p. 260 - 287, mai./
jun., 2004. Disponível em:
http://aspro02.npd.ufsc.br/arquivos/230000/230400/18_230401.htm
d. Violência no campo
VELOSO, Marília Lomanto. As vítimas da Rosa do Prado: um estudo
do direito penal sobre o MST no extremo sul da Bahia. 2006. 402p.tese
(doutorado em Direito Penal)-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
São Paulo, 2006. Disponível em:
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3853
e. Violência e Drogas
BUZZI, Carlos. Transgressão, desvio e droga. In: PERALVA, Angelina e
SPOSITO, Marilia (orgs). Juventude e contemporaneidade. Revista Brasileira
de Educação, n.5/6, mai/dez. 1997, p.167-179.
Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154569por.pdf
Indicações de Filmes
Recomenda-se que as coordenações assistam aos filmes antes de utilizá-lo nas
dinâmicas com grupos de base.
Ônibus 174 (Brasil, 2002) Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens
de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o seqüestro de um
ônibus em plena zona sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em
12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas,
paralisando o país.
Falcão: Meninos do Tráfico (Brasil, 2005) Filme que narra a trajetória da
inserção das crianças e adolescentes no universo do tráfico de drogas.
Pro dia nascer feliz (Brasil, 2006) As situações que o adolescente brasileiro
enfrenta na escola, envolvendo preconceito, precariedade, violência e
esperança. Adolescentes de 3 estados, de classes sociais distintas, falam de
29. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Anexo 2 - Sugestões de textos, filmes e sites
28
suas vidas na escola, seus projetos e inquietações.
O homem que copiava (Brasil, 2002) O filme, ambientado na zona norte da
cidade de Porto Alegre, conta a história de André, um jovem operador de
fotocopiadorasqueprecisade38reaisparaseaproximardesuavizinhaSílvia,
por quem está apaixonado. Para isso, é ajudado por Cardoso, empregado de
uma oficina, que topa qualquer coisa por dinheiro.
O que é isso, companheiro? (Brasil, 1997) Em 1964, um golpe militar
derruba o governo democrático brasileiro. Neste período vários estudantes
abraçam a luta armada, entrando na clandestinidade e elaboram um plano
para seqüestrar o embaixador dos Estados Unidos (Alan Arkin) para trocá-lo
por prisioneiros políticos, que eram torturados nos porões da ditadura.
Jenipapo (Brasil, 1995) Michael é um jornalista estadunidense que trabalha
para um jornal brasileiro bilíngue, ele é mandado para entrevistar um
famoso missionário católico que apóia a luta pela reforma agrária em uma
comunidade do nordeste. Mas ele precisa enfrentar um problema, pois o
padre se recusa a conceder entrevistas.
Mentes perigosas (EUA, 1995) Uma ex-Marine decide ser professora de
inglês. É colocada como professora de um grupo de rebeldes adolescentes
que aceitam o insucesso como forma de vida. Determinada em ganhar-lhes
a confiança e a fazer a diferença nas suas vidas, a professora não olha a
meios para atingir fins aprendendo, no limite, algumas duras lições.
Notícias de uma Guerra Particular (Brasil, 1999). Flagrantes do cotidiano
das favelas dominadas pelo tráfico de drogas alternam-se a entrevistas
com todos os envolvidos no conflito entre traficantes e policiais, incluindo
moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas em segurança
pública.
Juízo (Brasil, 2007) Juízo acompanha a trajetória de jovens com menos de 18
anos de idade diante da lei. Meninas e meninos pobres entre o instante da
prisão e o do julgamento por roubo, tráfico, homicídio.
30. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Anexo 2 - Sugestões de textos, filmes e sites
29
Tiros em Columbine (EUA, 2002) O filme tem em seu leque de assuntos
vários tópicos: o primeiro seria os massacres com armas de fogo realizados
por jovens nos EUA em diversas universidades e instituições de ensino
médio; o segundo seria a facilidade com que as pessoas compram armas e
como a sociedade norte-americana integra-as em seu dia-a-dia.
Querô (Brasil, 2007) Um jovem é criado pela dona de um prostíbulo. Cansado
de receber maus tratos, ele passa a realizar pequenos delitos até ser preso
e enviado à Febem.
O contador de histórias (Brasil, 2009). O Contador de Histórias gira em torno
da trajetória de Roberto Carlos, um menino pobre de Belo Horizonte que,
durante a década de 70, cresce em uma entidade assistencial para menores.
Entre fugas e capturas, ele é considerado irrecuperável por seus educadores.
Sites interessantes
Campanha Nacional Contra Violência e Extermínio de Jovens
É uma ação articulada de organizações para levar a toda a sociedade o debate
sobre as diversas formas de violência contra juventude, especialmente
o extermínio de milhares de jovens no Brasil. No site da Campanha estão
disponíveis textos, roteiros de encontros e indicações de outros links para
mobilizar a campanha.
www.juventudeemmarcha.org
Adital - Notícias da América Latina e Caribe
Agência de Informação Frei Tito para América Latina é uma agência de
notícias que nasceu para levar a agenda social latino-americana e caribenha
à mídia internacional. Quer estimular um jornalismo de cunho ético e social.
www.adital.com.br
Instituto Sou da Paz
O objetivo do Sou da Paz é influenciar a atuação do poder público e de
toda a sociedade frente à violência. O Sou da Paz implementa projetos nas
regiões e com os públicos mais afetados pela violência, assessora governos
31. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Anexo 2 - Sugestões de textos, filmes e sites
30
na elaboração e implementação de políticas de segurança e mobiliza a
sociedade sobre o tema.
www.soudapaz.org
CAJU - Casa da Juventude Pe. Burnier
É um Instituto de Formação, Assessoria e Pesquisa sobre juventude, fundada
em 1984, por jesuítas e leigos/as. Oferece um serviço especializado sobre
juventude, num acompanhamento a grupos comunitários e organização
juvenil.
www.casadajuventude.org.br
CCJ - Centro de Capacitação da Juventude
O CCJ, sediado em São Paulo, trabalha na elaboração e publicação de
subsídios, formação de lideranças e apoio a movimentos populares.
www.ccj.org.br
Trilha Cidadã
ONG que atua com jovens na periferia da zona norte de São Leopoldo/RS
realizando atividades nas áreas de arte, educação e comunicação.
www.trilhacidada.org.br
Pastorais da Juventude de SC
Traz notícias da caminhada das Pastorais da Juventude de SC (PJ, PJMP, PJR e
PJE), além de um acervo de dinâmicas, músicas, indicações de livros.
www.cnbbsul4.org.br/pjs
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCRIM
Tem como finalidade a defesa dos direitos humanos e dos direitos das
minorias, assim como a defesa dos princípios do Estado Democrático de
Direito,com o objetivo de assegurara dignidade da pessoa humana mediante
um Direito Penal de intervenção mínima.
www.ibccrim.org.br
Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública - CRISP
É um órgão voltado para a elaboração, acompanhamento de implementação
e avaliação crítica de políticas públicas na área da justiça criminal, é composto
32. Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Anexo 2 - Sugestões de textos, filmes e sites
31
por pesquisadores da UFMG e de órgãos públicos envolvidos com o combate
à criminalidade.
http://www.crisp.ufmg.br
CONJUVE – Conselho Nacional de Juventude
OConjuveéespaçodediálogoentreasociedadecivil,ogovernoeajuventude
brasileira. Seu objetivo é assessorar o governo federal na formulação de
diretrizes da ação governamental; promover estudos e pesquisas acerca da
realidade socioeconômica juvenil.
www.juventude.gov.br
Rede de Comunidades e Movimentos Contra Violência
A Rede é um movimento social independente do Estado, de empresas,
partidos políticos e igrejas, que reúne moradores de favelas e comunidades
pobres em geral, sobreviventes e familiares de vítimas da violência policial
ou militar, e militantes populares e de direitos humanos.
www.redecontraviolencia.org
IJC - Instituto de Juventude Contemporânea
O IJC é um instituto destinado promover o desenvolvimento integral da
juventude, fortalecendo processos de aprendizagem e autonomia para a
efetivação das políticas públicas.
www.ijc.org.br
33. Orientações para multiplicadores da campanha em Santa Catarina
Anexo 3 - Disque Denúncias
32
Anexo 2 – Disque denúncias: Um mecanismo
importante no cuidado com a Vida
Denuncie todo tipo de violência!
A denúncia é o primeiro passo para proteger quem sofre algum tipo de
violência. A identidade do denunciante é sempre mantida em sigilo, e os
serviços são gratuitos. Você pode ainda denunciar qualquer tipo de violência
na Delegacia mais próxima, bem como no Ministério Público.
Denunciar é também um ato de solidariedade, compreensão e certeza
de que o direito à vida de todos/as deve ser preservado.
Disque 100 e denuncie as violências contra crianças e adolescentes!
Foi criado para receber denúncias de exploração sexual contra crianças
e adolescentes. No entanto, recebe também denúncias de violências físicas,
psicológica, abuso sexual, dentre outras, além de possibilitar informações
sobre crianças e adolescentes desaparecidos e Conselhos Tutelares. As
denúncias são encaminhadas aos órgãos competentes em até 24 horas.
Como o próprio nome já diz, é só digitar 100 no seu telefone.
Funcionamento: das 8h às 22h, inclusive finais de semana e feriados.
Violências contra a Mulher! Denuncie!
A Central de Atendimento à Mulher funciona pelo número de telefone
180. O Disque 180 é um instrumento de defesa e de promoção dos direitos
da Mulher, com o objetivo de receber denúncias ou relatos de violência,
reclamações sobre os serviços da Rede de Atendimento, além de prestar
orientações às mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente,
encaminhando-as para os serviços especializados quando necessário. A
identificação ou não do denunciante fica a critério do próprio.
Funcionamento: 24 horas por dia, todos os dias, inclusive nos feriados.
34. Comitê Estadual da Campanha contra a Violência e Extermínio de Jovens
Rua Deputado Antônio Edu Vieira, 1524
Bairro Pantanal – Florianópolis – SC CEP 88.040-001
Fone: 48 3207-7033 R. 214 / 48 9971-4917 c/ Rodrigo
contraviolencia.sc@gmail.com
INJUSTIÇA
Djavan Nascimento Costa (1999)
Educador social e articulador comunitário - Florianópolis/SC
Trabalhadora/ sonhadora/ batalhadora /sofredora/ condenada/ humilhada
/manipulada.
Pessoa de humildade/ sem ser celebridade/ a burguesia acha que não a capacidade.
Além de manipulá-la/ põem no vaso e da descarga/ou melhor, usam, abusam, ainda
julgam / certos e errados/ são condenados/ são humilhados.
Por morar onde tem muita sujeira/muitos acham que é pura besteira /é sujeira que
uma elite criou um lugar dono de muito sofrimento e dor/ de amor, desamor/ enfim
estamos cansados de ver a injustiça, pois todos sabem que sempre assim, troca
governo e pobreza nunca chegam ao fim.
Tô cansado de ver a injustiça, tô cansado de ver a injustiça.
Tô cansado de ver a injustiça, meu povo aflito com fome e ninguém liga.
Trabalhá por trabalhá assim não dá/ tem que ter objetivo no qual alcançá.
Sete horas da manha descendo pra estudá/ na garagem um fuscão sem sinal de
pegar. Não dá nada, vou de latão mas desci correndo e perdi minha lotação / fazê o
que vou a pé /na correria, pois tem que ser guerreiro pra ganha o pão do dia-a-dia/vi
Che comigo é assim olho por olho Tim Tim por tim tim / põem as cartas na mesa/
riqueza/ pobreza/ humildade ta aqui.
Quero ver você fala de amor/ vendo a vida do jeito que tô.
Quero ver você fala de compaixão/ quando ver parente seu jogado no chão.
REGIONAL SANTA CATARINA
CÁRITAS BRASILEIRA
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