A relação entre a concentração de terras e o trabalho escravo moderno no Brasil - aspectos e problemática.
1. G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
A RELAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÃO DE TERRAS E O TRABALHO
ESCRAVO MODERNO NO BRASIL – ASPECTOS E PROBLEMÁTICA.
Estudo realizado para discutir as problemáticas a respeito da concentração de terras e o
trabalho escravo no Brasil.
Pedro Felipe Cavalcanti dos Santos1
Sayonnara Moreira Reis1
Vanessa Vasconcelos Barbosa1
Manoel Victor Pereira de Souza1
Ítalo César de Moura Soeiro1
Thaís de Lourdes Correia de Andrade2
1. Depto.de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
2. Prof. Ma. /Orientador – Depto.de Ciências Geográficas - UFPE
INTRODUÇÃO:
Desde sua colonização, o uso das terras Brasileiras foi bastante exclusivo aos cidadãos
com alto poder aquisitivo. Com os moldes do sistema feudal Europeu, as sesmarias
foram instaladas no Brasil. O comércio da época realizado com base em um produto
oriundo de um sistema de plantation proporcionou ainda mais sustento à base agrária e
ao latifúndio. Na atualidade, surgem novos problemas em relação à terra. Com a
economia baseada na agricultura de exportação e na pecuária extensiva e intensiva, cada
vez mais a máquina substitui o homem do campo, que é forçado a migrar para os
centros urbanos, aumentando os problemas sociais das grandes cidades. Nas regiões
Norte e Nordeste do Brasil a crescente expansão das fronteiras agrícolas, que toma
posse dos antigos minifúndios para a criação do gado e para o plantio, ainda necessita
muito da mão de obra humana. A solução é a emprego da mão de obra temporária, onde
são trazidos trabalhadores de cidades e até de estados vizinhos para trabalhar nas
fazendas. A pesquisa se propôs a estudar como se dá essa migração, discutir a questão
do trabalho escravo, onde trabalhadores são forçados a trabalhar sem remuneração,
2. tendo gastos com viagem, material de trabalho, alimento, etc, e a relação existente entre
estes aspectos e a concentração de terras.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado com base em uma revisão de artigos científicos, livros, e ainda,
reportagens, coleta de dados em instituições ligadas ao trabalho e à propriedade da terra,
observação de campo, servindo de base para discussões entre os autores para o
entendimento das principais causas dos problemas gerados pela concentração de terras
no Brasil. Em visitas a um engenho da mesorregião da Mata Pernambucana foi
observada a falta de estrutura das famílias que vivem sem acesso à comunicação,
educação e à instrução sobre os direitos trabalhistas. Através de entrevistas realizadas
foram reunidas informações sobre a vida dos moradores dos engenhos e a forma de
interação entre os senhores de terra e os trabalhadores rurais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O crescimento econômico do Brasil não condiz com o crescimento socioeconômico da
maior parte da população. Isso é uma consequência da má distribuição de renda que é
principalmente sentida em áreas como no Nordeste do Brasil, onde ainda se pratica o
coronelismo nos latifúndios. As famílias dependem diretamente dos patrões para
conseguir itens básicos de sobrevivência como, gás de cozinha e produtos alimentícios,
vendidos aos trabalhadores por preços abusivos na maioria das vezes e, como a forma
de pagamento é o trabalho, essas famílias ficam reféns dos latifundiários. No Norte do
país, onde se encontra o maior número de casos de trabalho escravo, a distância dos
grandes centros e a falta de fiscalização, por parte de entidades públicas, dificulta o
controle dessa prática. Restam a essas pessoas, duas alternativas já que sofrem com o
pouco ou nenhum acesso à educação de qualidade: participar de movimentos radicais ou
trabalhar nas fazendas, onde são explorados de forma barata e sem nenhuma qualidade
de vida.
CONCLUSÕES:
A falta de educação de qualidade mantém as pessoas numa, pode-se dizer, “inércia
3. sociocultural”, interpretada como herança da colonização Europeia no Brasil, há séculos
passados. Uma possível alternativa, além da educação, seria o investimento na
agropecuária familiar, formando cooperativas para distribuição da produção. A
distribuição de terras não exploradas das grandes propriedades seria uma grande
contribuição na manutenção de áreas florestais, já que famílias sem muita opção
trabalham nas carvoarias e no corte de árvores para madeireiras, contribuindo para a
destruição de florestas nativas. O combate a práticas como o trabalho irregular e o
trabalho escravo moderno está se fortalecendo com a criação de ONGs que auxiliam
famílias carentes dando acesso à informação e a técnicas agrícolas. Casos como o
assassinato da missionária Doroth Stengue e o massacre de Eldorado dos Carajás
denunciou o conflito pela terra no Brasil, mais um tabu da sociedade patriarcal.
Instituição de Fomento: Programa de Educação Tutorial de Geografia da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE).
Trabalho relativo a estudo/relato de caso/experiência
Palavras-chave: Concentração de terras, Trabalho escravo, Agricultura familiar