1) O documento discute o desenvolvimento da Geografia como disciplina acadêmica e escolar, desde o século XVIII até os dias atuais.
2) No século XIX, autores como Humboldt, Ritter e Marx contribuíram para o estabelecimento da Geografia como ciência, enquanto a escola francesa de Vidal de La Blache influenciou o ensino da disciplina no Brasil.
3) No século XX, a Geografia passou por questionamentos e novas abordagens surgiram, como a análise dos aspectos sócio
Fichamento do livro Para ensinar e aprender geografia.
1. Universidade Federal do Maranhão campus Pinheiro
Disciplina-Metodologia do Ensino em Geografia.
Prof. Franco
Aluna: Readna turma-2012
FICHAMENTO DE GEOGRAFIA
PINHEIRO
2. PONTUSCHKA, Nibia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei.
Para ensinar e aprender geografia. Cap. 1e 2, p.37 a 85.
A Geografia como ciência da sociedade e da natureza
1. A produção científica da Geografia
A geografia, no fim do século XVIII, reunir condições para constituir-se
em ciência, mas ainda se defrontava com dois problemas:
O primeiro dizia respeito à sua ligação com historia, da qual era
servidora- ou seja, cumprindo o papel de apenas fundamentar aspectos e fatos
históricos;
O segundo problema referia-se às relações entre natureza e o homem
As discussões sobre esses problemas vão atravessar o século XIX e a
primeira metade do século XX.
2. As contribuições dos escritores, filósofos e historiadores que
ajudaram no desenvolvimento da Geografia como disciplina escolar.
As publicações de Alexander Von Humboldt (1769=1859, conselheiro
do rei da Prússia, e Karl Ritter (1779-1859, tutor de uma família de banqueiros,
compunham, na época, a base da denominada Geografia científica, constituída no
fim do século XIX.
No mesmo período, Karl Ritter, historiador e filósofo, professor na
Universidade de Berlim, apresentava uma obra de caráter metodológico em que
definia o conceito “sistema natural” como uma área delimitada que possuía
individualidade e na qual cada arranjo comportaria um conjunto de elementos, entre
os quais o homem seria o principal. A geografia para ele era o estudo de lugares.
Karl Marx, também nessa época, analisava o sistema capitalista em
plena expansão e buscava explicações para as relações existentes entre homem e a
natureza, apontando a diminuição da influenciado meio natural sobre o homem e
demonstrando, até mesmo, preocupação com a ecologia.
Friendrich Ratzel destaca as ideais deterministas, que consideravam a
grande influência do meio natural sobre o homem. Para ele, o progresso da
humanidade seria obtido com o maior uso dos recursos naturais, sobre propondo
mesmo que se estreitassem as relações do homem com a natureza .
Definia o objeto da geografia como o “estudo da influência que as
condições naturais exercem sobre a humanidade”.
3. Seus seguidores constituíram a chamada “escola determinista de
geografia, considerando que as condições naturais determinam a historia” ou ainda,
que “o homem é um produto do meio”.
Com Ratzael, a luta pela existência torna-se a luta pelo espaço vital.
Os geógrafos seguidores de suas ideais preocuparam-se com problemas
como povo, raça, Estado e localização dos Estados, constituíram as bases da
geopolítica e influenciaram estudiosos de outras áreas do conhecimento.
1.2 Durante o século XIX, o centro de discussão da geografia, na
Europa, concentrou-se na Alemanha e somente no fim desse mesmo século o
pensamento geográfico Francês encontrou seu espaço.
As ideais dos mestres alemães chegaram também no Brasil, trazidas
pelos geógrafos franceses, mas acrescidas de criticas embasadas na escola criada por
Vidal de La Blache e seus discípulos.
1.3 Situações que contribuíram para o desenvolvimento do ensino da
geografia como disciplina escolar.
A derrota da França na Guerra Franco- Prussiana (1870-71) havia
mostrado à classe dominante do país a necessidade de pensar o espaço geográfico,
deslegitimar a reflexão geográfica alemã e fundamentar o expansionismo Francês.
A geografia passou a desenvolver-se com o respaldo do Estado Francês,
sendo introduzida como disciplina em todas as séries do ensino básico na reforma
efetivada na terceira República.
1.4 A análise geográfica lablachiana deveria ter o seguinte
encaminhamento:
Observação de campo;
Indução a partir da paisagem;
Particularização da área enfocada (traços históricos e naturais);
Comparação das áreas estudadas e do material levantado e classificação
das áreas e dos gêneros de vida em series de tipos genéricos, devendo chegar, no
fim, a uma tipologia.
As ideias de Vidal de La Blache e de seus seguidores, hoje
denominadas por muitos Geografia Tradicional, exerceram influencia sobre a
disciplina tal como era desenvolvida nas Universidades de São Paulo e do Rio de
Janeiro e aos poucos, expandiram-se para outras universidades do País.
4. Em meados da década de 50, a Geografia Tradicional, ou melhor, as
tendências tradicionais da geografia, que buscavam compreender o espaço
geográfico por meio das relações do homem com a natureza, passam a ser
questionadas em varias partes do mundo e, nas décadas seguintes, também no Brasil.
Do ponto de vista teórico, é importante registrar a profunda influência
européia sobre o desenvolvimento dessa ciência no Brasil, com destaque para
presença francesa, justificada pela nacionalidade dos primeiros mestres, entre os
quais Pierre Deffontaines, na FFCL – USP E François Ruellan, na faculdade
nacional do Rio de Janeiro.
A geografia, no antigo ginásio, até a época da fundação da FFCL/USP,
em 1934, nada mais era do que a dos livros didáticos escritos por não geógrafos.
Foram importantes para a produção geográfica, até 1934, as pesquisas
feitas pela Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, existente
desde 1886. Esse período era chamado de “a pré-história da Geografia” no País,
porque não eram formados academicamente na área os primeiros pesquisadores de
aspectos ligados ao espaço que serviram como referência para a geração inaugurada
de geógrafos brasileiros.
1.5 A crítica de Delgado de Carvalho dada a Geografia nomenclatural
e a Geografia administrativa.
O autor criticou a geografia nomenclatural, que exigia apenas
memorização.
E a geografia administrativa, que limitava o estudo as divisões políticas
dos países, pois, a seu ver, tais abordagens serviam de obstáculo no domínio
didático.
Insurgiu-se contra o patriotismo ideológico transmitido pela geografia.
Para Delgado de Carvalho não poderia haver propostas diferentes diante
do contexto de influência francesas exercidas sobre a intelectualidade brasileira, nas
quais os aspectos físicos eram preponderantes.
A criação da FFCL/USP contribuiu para mudanças no perfil do
professor de Geografia e Historia, pois possibilitou o surgimento de um profissional
novo, o bacharel e licenciado. Esse novo professor foi procurar seu espaço no mundo
profissional, tendo papel importante na transformação cultural, sobretudo na sala de
aula, na atuação juntos aos alunos do ginásio.
5. Para o ensino médio, destacou-se o boletim geográfico, com
distribuição por todo o território nacional mediante as agências e delegacias do
IBGE, tendo sido um dos primeiros a preocupar-se com o ensino da geografia de
forma regular.
Questionamento da geografia no Brasil
O espaço geográfico, mundializado pelo capitalismo, tornou-se
complexo e as metodologias propostas pelas varias tendências da geografia
tradicional não eram capazes de aprender essa complexidade.
Tal corrente foi extremamente criticada por geógrafos brasileiros, que
buscavam outros caminhos para compreensão e explicação do espaço geográfico.
A geografia teorética não teve repercussão direta nas escolas de
primeiro e segundo graus.
Hoje, existem vários caminhos para a discussão e a produção da
geografia, apoiadas no existencialismo, na fenomenologia, na percepção e até
mesmo anarquismo.
A disciplina escolar e os currículos de geografia.
Pela lei 5.692/71, assistiu-se à extinção do exame de admissão ao
ginásio é a fusão do ginásio ao primário (antigo grupo escolar), constituindo a escola
de primeiro de grau de oito anos.
Mudanças no currículo e na grade curricular, como a criação de Estudos
Sociais e Educação Moral e Cívica, contribuíram para causar danos à formação de
toda uma geração de estudantes.
A legislação, imposta de forma autoritária, tinha mesmo a intenção de
transformar a geografia e a historia em disciplinas inexpressivas no interior do
currículo e, ao mesmo tempo, fragmentar mais ainda os respectivos conhecimentos.
A discussão contemporânea, sobre conteúdos de ensino beneficia-se das
reflexões, debates e produções sobre currículos escolares e sobre os condicionantes
históricos, políticos, econômicos, sociais, culturais e educacionais em sua elaboração
e adoção.
Nesse sentido, as diferentes atribuições curriculares que se referem ao
conteúdo, à metodologia, à avaliação, à organização e à inovação do/no ensino-são
assumidas pelos diversos agentes de sua implementação: o Estado, as comunidades,
a escola e o professor.
6. No Brasil, a centralização e a descentralização das diretrizes
curriculares pelo Estado tem sofrido flutuações. A partir de 1940, houve uma
centralização das diretrizes curriculares estabelecidas pelo MEC.
4. Estudos Sociais na escola Vocacional e no Colégio de Aplicação
Os Estudos Sociais, tal como foram introduzidos na rede de ensino,
após 1971, diferiam muito da proposta do componente curricular, dominado Estudos
Sociais, desenvolvidas nos ginásio vocacionais e nas classes experimentais de
ginásio do antigo Colégio de Aplicação Fidelino de Figueiredo, da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da USP, na década de 6o.
Para Balzan (1974), essas escolas propunham novo projeto pedagógico,
em resposta à inadequação das metodologias tradicionais.
Balzan lembra que, na época, faltava clareza na conceituação de
Estudos Socais, embora os professores percebam que a História e a Geografia,
concebidas no sentido tradicional, não davam conta da construção de uma nova
escola e do papel que os Estudos Sociais deveriam ter como área de estudos, e não
como uma disciplina escolar.
Os planejamentos das atividades curriculares da área de Estudos Socam
estava baseado no seguinte modelo: área núcleo, círculos concêntricos e estudos da
comunidade.
O aspecto importante era a permanência de dois professores em sala de
aula: um de Historia e um de Geografia, que trabalhavam de forma integrada e juntos
em classe, garantindo a especificidade de cada disciplina e um conhecimento
aprofundado dos temas estudados.
5. Repercussões da lei 5.692/71 nos cursos de formação docente
Com aprovação da lei de Diretrizes e Bases da Educação 5.692, em
1971, os Estudos Sociais, foram incorporado ao currículo da escola denominada de
primeiro e segundo graus de acordo com um núcleo comum composto de três
matérias: Comunicação e Expressão, Estudos Socais e Ciências.
Essas medidas receberam intensas criticas dos geógrafos brasileiros,
principalmente no que dizia respeito aos Estudos Sociais como campo de integração
dos conhecimentos de Historia e Geografia.
7. Segundo o autor, retirava-se da relação entre ensinar e aprender sua
propriedade fundamental, ou seja, preparar o sujeito para estar no mundo, para agir
no mundo e participar da construção da realidade social presente e futura.
Com a criação dos Estudos Sociais, a políticas educacionais
estabelecidas subordinou a estrutura do ensino universitário a uma tendência
perigosamente ambígua, segundo a qual a formação do professor deve ser reduzida
em comparação à do pesquisador.
Apesar dos problemas que os Estudos Sociais trouxeram para formação
dos professores e alunos do primeiro grau, houve alguns resultados não esperados
decorrentes da luta dos professores para sua extinção nas 5º e 6º séries do primeiro
grau, no Estado de São Paulo, 1983.
6. O movimento de renovação da Geografia nas escolas
Os licenciados egressos, sobretudo das universidades públicas ou que
acompanhavam os vários eventos das AGB vinham participando dos debates entre os
representantes das diferentes tendências da Geografia produzidas nas universidades e
que, direta ou indiretamente, influíam no ensino fundamental e médio.
No entanto, apesar desse trabalho, o processo de mudança no ensino em
sala de aula estava sendo lento.
A década de 8º destacou-se pela produção de livros didáticos de melhor
qualidade e de inúmeros títulos paradidáticos escritos por professores universitários,
pela presença de pós-graduandos com dissertação de mestrados e teses de doutorado
sobre a pesquisa no ensino e na formação docente e pelo movimento de reorientação
curricular no primeiro grau efetivado pelas Secretarias de Educação estaduais e
municipais.
O movimento de renovação do ensino de Geografia nas escolas fez
partes do chamado movimento de renovação curricular dos anos 8º, cujos esforços
estavam centrados na melhoria da qualidade do ensino, a qual, necessariamente,
passava por uma revisão dos conteúdos e das formas de ensinar e aprender as
diferentes disciplinas dos currículos da escola básicas.
7. Propostas Curriculares para o ensino de Geografia: breve histórico
Até década de 8º, os Estudos da Federação e os municípios elaboravam
suas próprias proposta curriculares, as quais, através dos tempos, se apresentaram
sob nomes variados guias, propostas curriculares, programas de ensinos e, de modo
8. geral, ditavam os conteúdos que deveriam estar presentes nas aulas dos professores,
incluindo os de Geografia.
Havia necessidade de explicar os pressupostos teórico-metodológicos
não só no interior de UPS ou Cenp, mas também em outros espaços: nas Secretarias
de Educação nas universidades, nos eventos das entidades culturais e de classe,
como a AGB e o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo (Apeoesp), da capital e do interior paulista.
Os professores sentiram necessidade de discutir conceitos, métodos e
novas abordagens teóricas para temas constantemente inseridos nas programações de
geografia, mas muitas vezes não dominados do ponto de vista teórico.
A discussão da proposta, embora não tenha atingindo a todos,
promoveu uma ruptura no ensino tradicional da disciplina, apontando caminhos
diferentes de um ensino apenas transmitido pelo professor, descolado dos
movimentos sociais e da realidade social do País.
Apesar de a “Geografia crítica” ter surpreendido os professores do
Estado de São Paulo, impacto maior deu-se entre aqueles de outras partes do Brasil.
O governo central criou a necessidade de um novo currículo para o
ensino de primeiro e segundo graus e deu nova nomenclatura a esses níveis,
denominando-os o ensino fundamental e médio.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia para o
ensino fundamental propõem um trabalho pedagógico que visa ampliar as
capacidades dos alunos de observar, conhecer, explicar, comparar e representar as
características do lugar em que vivem e de diferentes paisagens e espaços
geográficos.
A nosso ver, propostas dessa natureza precisam ser um instrumento
auxiliar do professor, contribuir para reflexão sobre seu próprio plano de curso,
baseada na realidade social da escola.
8. Conclusão
O autor com esse texto nos remete uma analise sobre o surgimento da
geografia com ela se desenvolveu com disciplina escolar durante os séculos XIII,
XIX e a metade do século XX. E como ela se transformou em produção cientifica.
9. Mostra também a importância fundamental do professor de geografia, porque
faz uma analise de como estudar o espaço geográfico.
O autor mostra no texto que a geografia escolar oferece sua contribuição para
alunos e professores enriqueçam suas representações sociais e seu conhecimento
sobre as múltiplas dimensões da realidade social, natural e histórica, entendendo
melhor o mundo em seu processo ininterrupto de transformação, o momento atual da
chamada mundialização da economia.
Tudo isso contribui para o desenvolvimento da geografia tradicional que esta
pouco a pouco se desfazendo com novos conhecimentos, faz com que os nossos
alunos tenham um conhecimento mais aprofundado e eficiente.
Trazendo uma formação que vai servir para seu futuro profissional, como
sujeito pensante, e construtor da sua própria historia.