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Bildung
“AS ATIVIDADES DO LER E DO ESCREVER PARA A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA MATERNA” Professora Doutora Stela Miller
“Semana da Educação de Jovens e Adultos” - Secretaria Municipal da Educação de Marília - SP
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1. As atividades do ler e do
escrever para a
aprendizagem da língua
materna
Stela Miller
4. Como o homem desenvolve sua
humanidade?
Relação homem-natureza:
transformação da natureza - necessidades
transformação do homem
desenvolvimento de novas habilidades e
capacidades - atividade do homem/interação
com outros seres de sua espécie
desenvolvimento de formas superiores de
conduta
7. vias de desenvolvimento das formas
superiores de conduta
processos de domínio dos meios externos do
desenvolvimento cultural e do pensamento -
linguagem, desenho, pintura, música, cálculo, etc.
funções psicológicas superiores especiais - atenção
voluntária, memória lógica, formação de conceitos,
etc.
[O homem se desenvolve e transforma o aparato
biológico em um corpo biopsicossocial.]
[Supera os limites impostos pela espécie e torna-se com
isso um ser do gênero humano.]
10. Qual o papel da atividade no
desenvolvimento humano?
Estrutura da atividade: necessidade – objeto -
motivo/objetivo – ações – operações.
Atividade: elemento mediador entre o homem e a
natureza – adaptação ativa ao meio (diferente do
animal).
Base biológica: característica ineliminável da existência
humana – característica distintiva: capacidade de agir
intencionalmente sobre o meio, segundo leis histórico-
sociais.
Adaptação ativa do homem ao meio: apropriação –
objetivação.
13. Pensando a Educação de Jovens e Adultos:
Quem é o professor? Quem é o aluno?
Professor: adulto com formação pedagógica -
apropriou-se de conteúdos culturais específicos
[domínio do objeto de ensino - domínio do modo de
organizar esse objeto].
Aluno da EJA: adulto/jovem - apropriação dos
conteúdos próprios do meio escolar destinados ao
desenvolvimento do pensamento teórico [análise,
reflexão, ação mental].
16. [Especificidade dos alunos de EJA: acúmulo de vivências
nas diferentes áreas de atuação - organização do ensino:
diferente da destinada a crianças e adolescentes.]
Meio: fonte de desenvolvimento - meio escolar: fonte
de desenvolvimento acadêmico.
Escola: provê os materiais e as relações essenciais para
que a ação pedagógica alcance os objetivos de
formação dos aprendizes.
Especial atenção do professor: seleção de conteúdos e
temas, escolha de material didático, modos de
interação social em sala de aula, dentre outros.
19. O que dizer do processo educativo para os
alunos jovens e adultos?
Características do meio escolar e relações nesse meio:
adequadas aos traços do desenvolvimento psicológico dos
jovens e adultos.
Desafio da escola: proposta educativa humanizadora -
atividade destinada a formar o sujeito transformador
[atuante no contexto social para modificá-lo e não adaptar-
se (passivamente) a ele].
Apropriação de conhecimentos culturais por meio de
análise, reflexão e ação mental - compreensão de fatos e
fenômenos em sua essência, em seu modo de
funcionamento do contexto social em que ocorrem - para
atuação crítica nesse contexto.
22. Conteúdo de ensino – coincidente com conteúdo da
aprendizagem - o que será resultado do ensino, deve
ser vivenciado, na aprendizagem, como objeto de uma
ação para um fim.
Formar o aluno conhecedor da realidade? Capaz de
vê-la em essência? Em suas propriedades internas?
Então o ensino precisa propiciar essa formação.
Conteúdo da ação torna-se objeto da consciência do
aluno e pode objetivar-se como atitude, forma de agir,
sentir e pensar - como uma nova qualidade do espírito
humano.
25. O ensino do ler e do escrever
para jovens e adultos
Linguagem humana: conduta aprendida no seio da
cultura, na relação entre sujeitos, surgida pela
necessidade de comunicação com o outro, como
instrumento de interação social.
Quando a criança consegue assimilar a relação interna
entre signo e significado, a linguagem desenvolve-se
em interconexão com o pensamento.
Funções psicológicas superiores: possibilitaram o
desenvolvimento, em níveis cada vez mais complexos,
de habilidades e capacidades humanas.
28. Ações na sociedade [com objetivos precisos, para suprir
necessidades] – são realizadas quer falando, quer lendo o
escrito de outrem, ou escrevendo algo a alguém.
Há múltiplos suportes materiais de leitura; há várias situações
para escrever textos dos mais diferentes gêneros [dos mais
simples, voltados à manutenção da vida cotidiana, aos mais
complexos, relativos a atividades de estudo e de trabalho].
Leitura e escrita devem: ser necessárias para a criança, ter
sentido para a criança, ser provocadas por uma
necessidade natural, como uma tarefa vital que lhe é
imprescindível.
Escrever e ler um texto em contextos reais de uso –
integrando uma ação da criança – com um objetivo real:
interação com o outro por meio de um instrumento cultural
complexo.
31. Programação/organização do ensino adequada:
previsão de atividades de aprendizagem em cujas
ações estão presentes os conteúdos que se deseja que
o aluno aprenda.
Aprender a ler é sempre a prender a ler algo: um
determinado gênero de texto, dentro de uma situação
de uso da leitura, cumprindo determinada função
social.
Cada gênero se organiza segundo um tema, um estilo e
uma construção composicional e tem função ligada a
diferentes contextos sociais de uso.
34. Ler um texto: não é reconhecer o escrito e traduzir o
reconhecido em palavras, nem compreender o texto como
unidade linguística tão somente.
A leitura de um texto vai além: o texto foi escrito por alguém,
cumprindo certo objetivo em um contexto de comunicação
com o leitor, por algum motivo, dentro de um formato que
leva em consideração as características do gênero a que
pertence.
Ler um texto: implica questões para além do nível linguístico
de sua organização – questões concernentes à vida, ao
modo como funcionam os escritos na sociedade [como
elemento de interação entre as pessoas em todos os níveis,
desde o familiar até os mais complexos].
37. Escrever implica produzir um texto para alguém [interação
com o outro], em determinada situação comunicativa.
Não basta pôr em palavras o que pensamos – há um
contexto, uma intenção, um objetivo, uma situação de
interação com o outro.
Ler um escrito feito por alguém e escrever um texto para um
leitor são atividades realizadas como ações vitais, que
integram as ações próprias de nossa existência.
Escola que prepara para a vida, e é parte integrante da vida
do aluno organiza a aquisição da leitura e da escrita por
meio de atividades vitais: motivadas pelo desejo de
comunicação com o outro, cumprindo diversas finalidades
conforme a situação de interação social em jogo no
momento da aprendizagem.
40. Propostas para a leitura e a escrita
A) Leitura: um questionamento de textos [no encontro
entre escritor e leitor]:
1- ler, de forma silenciosa, a fim de que sejam
construídas as primeiras aproximações ao sentido do
texto;
2- passar ao seu questionamento, ou seja, iniciar “uma
elaboração ativa de significado feita pelo leitor a partir
de indícios diversos, de acordo com o que está
procurando num texto para responder a um de seus
projetos” (JOLIBERT, 1994, vol.1, p.149);
43. 3- o professor, diante das proposições dos alunos,
ajuda-os a encontrarem o sentido para o texto,
concordando, discordando, informando, indagando,
enfim, explorando de forma interativa e dinâmica,
todos os níveis de elaboração do texto em jogo: sua
forma de estruturação, a lingüística do texto, da frase e
da palavra.
4- síntese das idéias do texto;
5- sistematização do que foi aprendido durante a
leitura.
[Intenção: conduzir o aluno a, paulatinamente, construir
estratégias adequadas para ler diferentes gêneros textuais, e
conquistar sua autonomia como leitor.]
46. B) Produção escrita: projetos para aprender a escrever
textos.
Etapas de um projeto para aprender a escrever diferentes
gêneros de textos:
(1) discutir com os alunos a organização das atividades
do projeto para a elaboração do plano de ação;
(2) realizar leituras de textos selecionados para a análise
dos elementos que organizam o texto (os parâmetros
da situação de comunicação e a estrutura textual);
(3) produzir texto escrito (individualmente) levando em
consideração os estudos anteriores;
49. (4) fazer reescritas (individuais) parciais do texto escrito
tomando por base certos níveis de conceitos linguísticos
considerados importantes para o trabalho em questão;
(5) fazer reescrita (individual) final do texto;
(6) providenciar edição (qualquer que seja sua forma
de veiculação) e envio aos destinatários.
(7) avaliar
52. “As competências/conhecimentos mais diretamente
linguísticos necessários à produção de um texto
específico em uma situação específica” (jolibert, 1994,
p.18, organizados em sete níveis).
ANTES DA PRODUÇÃO, o aluno discute com o professor e seus
pares qual vai ser o gênero do texto a ser escrito em
consonância com:
(1) o contexto: refere-se tanto ao contexto situacional (que
implica a situação de interação que os alunos vão manter
com aqueles que vão ler suas produções), como ao
contexto textual (como vai ser o texto: um texto autônomo,
como uma carta ou um cartaz, ou parte de um escrito
complexo, como uma notícia de jornal, ou um trecho de um
livro?).
54. (2) os principais parâmetros da situação de comunicação:
referem-se aos parâmetros que vão orientar a produção dos
alunos:
“— Quem é o exato destinatário de meu escrito? Qual é seu
status? Mantenho com ele relações de par ou não?
— Eu, como enunciador: A que título escrevo? Como
pessoa? Como criança escolar? Como representante de
meus colegas?
— Qual é o objetivo de meu escrito?
— Qual é a sua intenção, isto é, O que irá acontecer se meu
escrito não for conveniente?
— Qual é seu exato objeto, isto é, O que é que eu tenho a
dizer? O que é que eu quero dizer?” (JOLIBERT, 1994, p.18).
56. (3) Tipo de texto: o aluno precisa ter uma representação
prévia de como vai ficar sua produção:
“— Que tipo de texto escolher do leque dos textos
possíveis?
— Qual será seu aspecto geral, sua “silhueta”? [vide
nível 4]
— Que escolha de material devo fazer:
Que suporte? Folha ofício datilografada? Papel de
cartaz? Ficha de cartolina? Existirá um exemplar único
ou múltiplo de meu texto? [..]”(JOLIBERT, 1994, p.18-19).
[Pensar ainda os instrumentos/ meios para a escrita: caneta,
lápis, etc. e os custos financeiros, caso existam.]
58. DURANTE A PRODUÇÃO o aluno aprenderá a ser capaz de
determinar os principais níveis linguísticos implicados na tarefa
de escrever e gerenciar o vaivém entre esses níveis, no
momento das reescritas.
(4) Superestrutura textual: vista sob a forma de organização
espacial e lógica dos blocos de texto (“silhueta” típica de
cada texto) e de sua dinâmica interna (progressão que
caracteriza cada tipo de texto).
(5) Linguística textual: inclui as escolhas de enunciação
(pessoas, tempo, espaço) e suas marcas; os substitutos
(palavras que têm por função evitar a repetição de termos
já referidos anteriormente no texto); os conectores (elos
lógicos de ligação entre termos e frases); os campos
semânticos (construção das redes de sentido); a pontuação
do texto.
60. (6) Linguística da frase: sintaxe (as relações entre termos
e suas marcas); vocabulário (escolhas lexicais
adequadas à construção do sentido do texto);
ortografia; pontuação das frases.
(7) Palavras e suas microestruturas: grafemas (letras
maiúsculas e minúsculas) e suas combinações bem
como as suas relações com os fonemas (sons); marcas
nominais (singular/plural, masculino/feminino) e marcas
verbais (pessoas e tempos); prefixos, sufixos e radicais.
61. Escrita e reescritas
Duas importantes tarefas do professor: (1) orientador (de
como produzir os textos e reescrevê-los: suas instruções
acionam e regulam a atividade do aluno); (2) leitor (do texto
do aluno, objetivando compreender a individualização do
texto produzido).
Superação da relação professor corretor x aluno produtor
para o estabelecimento da relação sujeito escritor x sujeito
leitor.
A língua como sistema não pode se sobrepor ao ato de
escrever, mas a língua como sistema é instrumento para
formar o pensamento do aluno e torná-lo legível ao outro.
62. Papel das instruções para as reescritas:
São reguladoras dos reajustes ao texto produzido. O
processo que une escrita/reescritas:
- permite interação entre o aluno e o professor;
- melhora as competências do aluno;
- passa o professor de corretor a leitor e regulador da
atividade do aluno, preocupado com a formação do
aluno como um sujeito.
63. Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo
Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
JOLIBERT, J. (e col.). Formando crianças produtoras de textos.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. vol. II.
LEONTIEV, A. N. Actividad, conciencia y personalidad. Buenos
Aires: Ciencia del Hombre, 1978
OLIVEIRA, B. A. Fundamentos filosóficos da obra vigotskiana:
a questão da categoria de atividade e algumas implicações
para o trabalho educativo. In: MENDONÇA, S. G. de L. e
MILLER, S. Vigotski e a escola atual: fundamentos teóricos e
implicações pedagógicas. Araraquara, SP: Junqueira&Marin,
2006, p. 03-26.
64. RIGAUD, O. e CRAYSSAC, N. Élèves auteurs et enseignants
lecteurs. Les Cahiers Pedagogiques, n. 405, p. 56-57, jun. 2002
VIGOTSKI, L. S. Quarta aula: a questão do meio na
pedologia. Tradução de Márcia Pileggi Vinha. In: Psicologia
USP, São Paulo, 2010, 21 (4), 681-701.
VYGOTSKI, L. S. El problema del desarrollo de las funciones
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2000a, p. 11-46.
VYGOTSKI, L. S. Desarrollo del lenguaje oral. In: Obras
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VYGOTSKI, L. S. La prehistoria del desarrollo del lenguaje
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