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Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

1
2

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Editorial

O que será do
amanhã?

E

m meio à crise financeira mundial, a pergunta inevitável é:
o que esperar de 2009? Para
tentar traçar algumas perspectivas
para o ano novo e para a nova safra,
a equipe da Canavieiros foi ouvir
cinco lideranças do setor: Manoel
Ortolan, presidente da Canaoeste;
Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana; Márcio Fernando
Meloni, superintendente geral da
Cocred; Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana e Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão
Preto. Para eles, este será um ano de
aperto, que exigirá pé no chão e planejamento, mas também poderá ser
um período de oportunidades.

O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, faz uma avaliação dos
impactos da crise no Notícias Canaoeste e faz alguns alertas sobre como
agir nesse período de incertezas.

O entrevistado deste mês também
mantém o otimismo. Para o prefeito
recém-empossado, Nério Costa
(PPS) a crise provocou problemas
pontuais, mas ele lembra que em momentos de crise, Sertãozinho sempre
se sobressaiu com soluções inovadoras. Ele também adianta quais serão suas prioridades para os próximos quatro anos.

O Ponto de Vista abre espaço para
a senadora Kátia Abreu, que foi empossada na Presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) no mês passado. Kátia é a primeira
mulher a comandar a mais ampla entidade do agronegócio brasileiro. No artigo, ela detalha seus projetos e fala sobre a capacidade que o setor tem para
aumentar a produção brasileira.

O Notícias Copercana traz um balanço do Projeto de Amendoim da
Copercana, desenvolvido em conjunto com o IAC (Instituto Agronômico). O resultado crescente obtido
é mais uma prova de que esta parceria está gerando bons frutos para
seus cooperados.

A secção Pragas e Doenças traz o
bicudo da cana-de-açúcar, presente em
mais de 30 municípios da região de Piracicaba e que pode ter rápida expansão. Por esse motivo, a Canavieiros
traz um artigo de profissionais do CTC
(Centro de Tecnologia Canavieira), que
explicam detalhes dessa nova praga.

Ainda no Notícias Copercana há
a mais nova parceria firmada com o
Sebrae, que vai beneficiar os cooperados que trabalham com a ovinocultura. O projeto visa à implantação de
um confinamento para cordeiros.

Além de todos esses assuntos,
você também poderá conferir nesta
edição o balanço das exportações do
setor, a estimativa de safra de grãos
da Conab e a renda agropecuária prevista para este ano. Boa leitura!

Cleber José Moraes e Thiago Silva assinam o Artigo Técnico deste
mês, que aborda o impacto da valorização da moeda americana, por conta da crise, sobre o preço do ATR.
O advogado da Canaoeste, Juliano Bortolotti, relembra os produtores e fornecedores de cana sobre a
obrigatoriedade da autorização para
a queima de palha da cana-de-açúcar da próxima safra.

Conselho Editorial

Revista Canavieiros -- Janeiro de 2009
Revista Canavieiros Janeiro de 2009

3
Indice

EXPEDIENTE

Capa

CONSELHO EDITORIAL:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson

Perspectivas para o
produtor de cana
Em meio à crise, o que o
produtor de cana pode esperar
deste novo ano? Para saber
quais são as perspectivas para a
nova safra a Canavieiros ouviu
cinco lideranças.

Pag.
Pag.

20

EDITORA:
Cristiane Barão – MTb 31.814
JORNALISTA RESPONSÁVEL:
Carla Rossini – MTb 39.788

DESTA
DESTAQUES

OUTRAS

Entrevista

CONSECANA

DIAGRAMAÇÃO:
Rafael H. Mermejo

REPERCUTIU

FOTOS:
Carla Rossini
Rafael H. Mermejo

P a g .

Nério Costa

15

prefeito de Sertãozinho
P a g .

"Crise é também oportunidade"

05

P a g .
P a g .

Ponto de vista
Kátia Abreu
senadora pelo Estado de
Tocantins e tomou posse
na presidência da CNA
Agronegócio é
questão de estado

08

P a g .
P a g .

Notícias

10
Copercana
- Projeto Amendoim: realidade e
perspectivas
- Copercana e Sebrae firmam parceria

Notícias

Cocred
- Balancete Mensal

INFORMAÇÕES
P a g .
SETORIAIS
26
28

ARTIGO
TÉCNICO

P a g .

30

ASSUNTOS
LEGAIS

P a g .

32

P a g .

DESTAQUES

TIRAGEM:
11.000 exemplares

CLASSIFICADOS

P a g .

ISSN:
1982-1530

P a g .

36

37

38

A Revista Canavieiros é distribuída
gratuitamente aos cooperados, associados
e fornecedores do Sistema Copercana,
Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas
são de responsabilidade dos autores. A
reprodução parcial desta revista é
autorizada, desde que citada a fonte.

Pragas e Doenças
Monitoramento e controle de pragas da
cana-de-açúcar

4
4

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

DEPARTAMENTO DE MARKETING
E COMUNICAÇÃO:
Ana Carolina Paro, Carla Rodrigues,
Carla Rossini, Daniel Pelanda,
Janaina Bisson, Letícia Pignata,
Rafael H. Mermejo, Roberta Faria da Silva.
IMPRESSÃO:
Empresa Jornalística, Editora e Gráfica
Sertãozinho

16

Bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis,
Cupins e outras pragas de solo.

COMERCIAL E PUBLICIDADE:
(16) 3946-3311 - Ramal: 2008
comercial@revistacanavieiros.com.br

AGENDE-SE

P a g .

P a g .

P a g .

FOTO CAPA:
Foto divulgação CaseIH

CULTURA

P a g .

13
Canaoeste
- Comunicado aos associados Canaoeste
- Queda de renda no campo

Notícias

25

Pag.

34

ENDEREÇO DA REDAÇÃO:
Rua Dr. Pio Dufles, 532
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680
Fone: (16) 3946 3311
w w w.r evistacanavieiros.com.br
redacao@revistacanavieiros.com.br
Entrevista

Nério Costa
prefeito de Sertãozinho

"Crise é também
oportunidade"
Da redação

O

prefeito de Sertãozinho, Nério Costa (PPS), assumiu o
cargo sem perder o otimismo, apesar da crise. Ele conhece muito bem o setor sucroenergético e,
como vice-prefeito na gestão de José
Alberto Gimenez, acompanhou de
perto a administração da cidade e pre-

tende dar continuidade aos projetos
desenvolvidos na gestão anterior.
Sobre suas prioridades para os
próximos quatro anos, ele lista os setores de Saúde, Educação, Emprego
e Habitação e diz que irá implantar,
em parceria com entidades, um APL
(Arranjo Produtivo Local) para esti-

mular a economia da cidade.
Sobre os impactos da crise sobre o setor sucroenergético, que influencia fortemente a economia local, Nério diz que a turbulência teve
impactos pontuais. Leia, a seguir, a
entrevista que ele concedeu à Canavieiros.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

5
Entrevista
Canavieiros: Em sua administração, quais serão as prioridades?
Nério Costa: Como destacado
em nossa campanha política, dentre
outras seqüências de atividades que
faremos, nossas prioridades serão
nas áreas de Saúde, Educação, Emprego e Habitação.
Canavieiros: O que representa
a crise mundial para a cidade de
Sertãozinho?
Costa: Esta crise, que de alguma
forma afeta algumas empresas de
maneira pontual, não é uma crise do
setor sucroalcooleiro. Se trata, antes de mais nada, de uma crise de
confiança do setor financeiro, via
crédito.

Costa: A Prefeitura Municipal,
com todas as suas
secretarias, embora
não seja prerrogativa financiar o setor por não haver
recursos previstos,
apoiará todas as
ações e demandas
que as empresas e
suas entidades necessitarem.
Canavieiros: O
desemprego é a
questão que mais
assusta a população nessa fase. O
que a prefeitura tem a dizer aos
trabalhadores?
Costa: Continuaremos buscando
cumprir nosso papel de apoiar fei-

Canavieiros: Quem está ganhando e quem está perdendo com essa
crise global?
Canavieiros: Com que força ela
Costa: Crise é sempre problema.
(crise) chegou aqui?
Contudo, em todas as crises que viveCosta: Afetou de formos, Sertãozinho, sua poma pontual algumas de "Em nossa viagem a São Paulo na última pulação e suas empresas,
nossas empresas que,
sempre se sobressaem com
ou planejaram ampliar semana, já estamos buscando mais uma alternativas bastante inosuas atividades utilizan- escola técnica estadual para nossa cidade" vadoras e que enaltecem
do-se de crédito do mernosso povo. Crise é tamcado financeiro, ou sobém oportunidade.
freram com adiamentos de pedidos, ras e eventos, assim como buscar
que já começam a ser regularizados. sempre, e cada vez mais, qualificaCanavieiros: A economia de Serção e formação para nossa popula- tãozinho gira, principalmente, em
Canavieiros: Em relação à falta ção. Tanto é verdade que, em nossa torno do setor sucroalcooleiro.
de crédito nos bancos, o que a poviagem a São Paulo na última sema- Quais serão as medidas que a prepulação da cidade pode esperar das na, já estamos buscando mais uma feitura deve adotar para ajudar o
autoridades? Que medidas a pre- escola técnica estadual para nossa setor nesse momento?
feitura usará?
cidade.
Costa: Além de apoiar nossas
empresas e eventos, implantaremos,
com o apoio do Sebrae, Ceise e Ciesp, um APL – Arranjo Produtivo
Local. Com isso, estaremos estabelecendo uma comunicação, trazendo vantagens em toda a cadeia produtiva, organizando ações que trarão ganhos comuns.

“

Canavieiros: Sertãozinho é a capital mundial da cana-de-açúcar.
Muitas feiras e eventos acontecem
aqui em função disso. A infraestrutura da cidade deve ser melhorada
para receber os visitantes desses
eventos?
Costa: Esta sempre será uma linha de governos, apoiando os eventos já realizados, assim como, apoiando a vinda de novos eventos para
nossa cidade.
6

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

7
Ponto de Vista

Agronegócio é questão de
Agronegócio é questão de
estado
estado
Kátia Abreu*

Ao lado dos meus aliados do mundo rural, pretendo mudar a cabeça do
fazendeiro e, assim, mudar a imagem
negativa que a sociedade ainda tem dos
produtores, vistos por muitos, de forma equivocada, como eternos dependentes de favores financeiros do governo e sistemáticos descumpridores da
legislação trabalhista.
Aplica-se à atividade rural uma legislação trabalhista inadequada, feita
para o trabalho urbano, que admite apenas vínculo empregatício de natureza
contínua. É um regime de contratação
de mão-de-obra particularmente inadequado e prejudicial para a atividade rural, caracterizada por trabalho sazonal
e, em muitos casos, de curta duração.
Às falhas da legislação, os produtores rurais respondem com o descumprimento das normas. A informalidade
no campo chega a 70% da mão-de-obra
ocupada. Resultado: elevado número de
autos de infração lavrados pelos fiscais
do Ministério do Trabalho. Em seis
anos do governo Lula, foram lavrados
15.258 autos em 1.217 fazendas.
Tenho dito e repito: isso vai acabar.
Vamos montar brigadas de consultores
qualificados que, propriedade por propriedade, peregrinem pelos territórios mais
remotos do país. Não irão ensinar a burlar
a lei ou fugir dela, mas ajudá-los a implantar sistemas adequados à peculiaridade
de cada um, tornando-os excelentes, mais
8

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

que irrepreensíveis, na atenção às legislações trabalhista, ambiental e outras.

Foto: Agência Brasil

P

ela primeira vez na história do
país, o agronegócio brasileiro,
setor que representa 24% do Produto Interno Bruto (PIB), emprega 37% da
força de trabalho e gera 36% das exportações, passa a ter uma mulher no comando.
Assumo, com orgulho, coragem e determinação, a presidência da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que reúne 27 federações estaduais,
2.142 sindicatos rurais e mais de 1 milhão
de produtores sindicalizados.

A CNA lutará contra todo e qualquer
desrespeito à legislação, pois essa é a principal fonte do desgaste da imagem dos
produtores rurais na sociedade. É um problema antigo, que vem desde os tempos
dos barões do café. Muita coisa mudou,
mas persistem traços dessa mentalidade
antiga em algumas regiões. Temos de
mudar tudo isso com informação. Para
garantir mais informação ao produtor rural, a CNA promoverá cursos para ensinar
pequenos e médios produtores rurais a
lidar com computadores e com a internet.
Acredito em mudanças e não tendo
medo de fazê-las. Os consumidores, por
exemplo, não nos devem agradecimentos pelos alimentos que consomem,
pois pagam por eles, com dinheiro suado, os preços do mercado. Preferimos
ser recompensados dignamente pelos
nossos produtos, como empresários
que plantaram, cuidaram e colheram visando auferir lucros legítimos.
As peculiaridades do setor agrícola
- relativas objetivamente ao abastecimento, segurança alimentar e até mesmo à segurança de Estado - devem ser
equacionadas por políticas próprias de
incentivos e compensações, transparentes, sem caráter protecionista ou paternalista, sob forma, por exemplo, de isenção de tributos, como fazem a Grã Bretanha e 34 estados norte-americanos.
No Brasil, infelizmente, a carga tributária segue na contramão, onerando
a produção de alimentos com impostos
e contribuições da ordem de 16,9%. Bem
maior que o total de tributos pagos nos
Estados Unidos (0,7%) e três vezes mais
que os 5,1% que incidem na cadeia de
produtos alimentares da Europa.
Temos de participar desse debate com
o governo. Além de discutir regime tributário, leis trabalhistas e ambientais, temos

de discutir ainda a expansão e melhoria
do sistema de armazenamento e escoamento da produção, para preservar a competitividade do agronegócio brasileiro.
As estimativas para a agricultura
mundial até 2016 indicam que o Brasil
tem tudo para avançar na produção, As
exportações agrícolas podem garantir o
crescimento, apesar da crise. Estimativas confiáveis apontam: em 10 anos, a
produção aumentará em mais de 54% e
o país responderá por 38% da produção mundial. A expansão ocorrerá tanto
graças ao aumento da produtividade
como da área plantada.
Na prática, significa que o Brasil
poderá ter 41% do mercado, ante os 30%
de que dispõe hoje. Como prova a história da economia brasileira e como sinalizam as projeções, não estamos falando de qualquer setor. O agronegócio é uma questão de Estado.
*Kátia Abreu é senadora pelo
Estado de Tocantins e tomou posse
na presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil) no dia 23 de dezembro.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

9
Notícias
Copercana

Projeto Amendoim:
Projeto Amendoim:
realidade e perspectivas
realidade e perspectivas
Edgard Matrangolo Junior
Agrônomo - Encarregado Técnico de Projetos da Copercana

O

Projeto de Amendoim da Copercana está em sua terceira
safra e desde o seu início foram obtidos progressos significativos tanto quanto ao recebimento do
produto na cooperativa como em informações técnicas para orientar os
produtores.

Vista aérea da Unidade de Grãos da
Copercana (Uname)

Na safra 2006/07 os produtores
que participam do projeto plantaram
10.233,22 hectares de amendoim e entregaram 1.358.493,44 sacas (25 kg).
Já na safra 2007/08 foram plantados
11.284,52 hectares e entregues
1.569.770 sacas. Na safra atual, foram plantados 11.777,14 hectares
com uma estimativa de recebimento
de 1.754.552 sacas.
Todo o amendoim recebido pela
cooperativa é proveniente do projeto. Através da parceria com os produtores foi possível, através de experimentos sob a orientação dos pesquisadores da Unesp de Jaboticabal, uma
definição quanto aos melhores produtos para o controle das doenças
foliares da cultura.
Através de uma parceria com o
IAC (Instituto Agronômico), com o Dr.
Ignácio Godoy, estão em desenvolvimento novas cultivares de amendoim, das quais, a variedade IAC-213 –
rasteira com película vermelha - já está
registrada. Outras duas variedades
alto oléicas rasteiras (IAC-503 e IAC505) encontram-se em testes e estudos de multiplicação.
Nesta safra estão em testes os
produtos à base de clorotalonil existentes no mercado, com o objetivo
de não haver dependência de uma determinada marca e também indicar
com segurança um produto com um
custo menor . Estão sendo feitos testes com inseticidas sozinhos ou em
10

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

mistura visando melhor controle das
pragas da cultura. Com isso, será
possível determinar o nível de infestação de doenças foliares tolerado
pela cultura para que se iniciem as
aplicações de fungicidas sem causar
perdas na produção.
Testes com herbicidas também estão sendo realizados para buscar novas alternativas para o controle das
ervas daninhas na cultura. Tudo sob
orientação dos pesquisadores da
Unesp de Jaboticabal.

Para o gerente da Unidade de
Grãos da Copercana, Augusto César
Strini Paixão, “é primordial que os produtores se conscientizem da necessidade de produzir com um custo menor
e com qualidade total”, explica. Visando atender as exigências dos compradores do mercado externo e também a
obtenção do selo de qualidade ISO
22.0000, a Copercana contratou um
profissional para exercer o cargo de
coordenador de Qualidade, bem
como, uma empresa para prestar consultoria neste segmento.

Para a próxima safra, a Copercana
pretende melhorar ainda mais o projeto e buscar resultados positivos para
a adubação da cultura. Como praticamente toda a produção obtida é voltada para a exportação, é preciso atender as exigências dos compradores,
tanto com a rastreabilidade da cultura
(através do caderno de campo) como
na qualidade do produto recebido.

A cooperativa também está realizando um treinamento para operadores de máquinas (em parceria com a
empresa Miac) visando reduzir perdas
na colheita e melhorar a qualidade do
produto final. A próxima etapa é realizar uma reunião com os produtores
para demonstrar a importância da qualidade do produto e as exigências dos
compradores do mercado externo.
Notícias
Copercana

Copercana e
Sebrae firmam
parceria
Carla Rodrigues

Projeto beneficia cooperados com criação de
confinamento para cordeiros

A

Copercana e o Sebrae firmaram parceria no final de
2008 para a implantação de
um confinamento coletivo de cordeiros. Com essa iniciativa, os cooperados poderão aproveitar áreas
que não são utilizáveis no plantio
da cana para gerar empregos no
campo, promover integração e aumentar a renda do produtor.
“A ovinocultura é uma atividade propícia para a região de
abrangência da Copercana, pois
ocupa pequenos espaços nas propriedades e tem uma boa procura
no mercado. Além disso, se for
bem administrada, pode gerar renda extra”, explica o veterinário
Gustavo Leal Lopes.
A parceria pretende facilitar a
comercialização, já que essa é uma
das dificuldades dos pequenos
criadores. É que os compradores
preferem fazer negócio com os produtores que têm capacidade de
abastecimento.

Outro obstáculo que os pequenos criadores enfrentam é quanto ao
padrão de qualidade, o que torna ainda mais difícil a venda para frigoríficos. “A Copercana, pensando no
futuro da atividade, está estudando
a possibilidade de emitir selo de qualidade da cooperativa em cortes de
cordeiros”, afirma o veterinário.
O projeto está sendo implantado
no Capril, localizado na Unidade de
Grãos da Copercana (UNAME). Os
cooperados que participarem do projeto vão receber orientações dos profissionais do Sebrae e terão de adotar
o PCBPPO (Protocolo Copercana de
Boas Práticas), que traz normas sobre
controle sanitário, melhoramento genético, controle reprodutivo, administração financeira, entre outras.
“Poderemos chegar a uma dimensão de 800 cordeiros confinados durante todo o ano, o que não impede
que esse número aumente de acordo
com a procura dos interessados em
participar”, disse o Lopes.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

11
Notícias
Canaoeste

Comunicado aos
associados Canaoeste
Plano de eliminação gradativa da queima da palha de cana-de-açúcar e protocolo agroambiental do setor sucroalcooleiro

SAFRA 2009/2010

Prezado(a) Fornecedor(a) Associado(a),
Comunicamos a Vossa Senhoria que a CANAOESTE estará executando novamente este ano a elaboração dos obrigatórios Requerimentos de Autorização de Queima Controlada da Palha de Cana-de-Açúcar para seus Associados.
Os Escritórios da Canaoeste estarão realizando, a partir do dia 2 de Fevereiro de 2009, os Requerimentos de Autorização
da Queima da Palha de Cana-de-Açúcar para a Safra 2009/2010.
Os Fornecedores(as) Associados(as) que tiveram expansões em seus canaviais, aquisições de propriedades por compra
ou arrendamento, dentre outras situações, nas quais a área total ou soma das áreas contíguas à serem colhidas na safra
2009/2010 sejam iguais ou superiores a 150 ha cultivados com cana-de-açúcar, deverão procurar nossos Escritórios até
o dia 5 de março de 2009 para que possam ser agendadas visitas dos topógrafos para efetuarem as medições necessárias das
áreas.
Lembrando que o prazo para indicação, nos mapas, das áreas que serão colhidas com ou sem queima, na safra 2009/2010,
deverá ser feita até o dia 20 de março de 2009.
Na safra 2008/2009, por perda de prazo, muitos Fornecedores(as) Associados(as) não fizeram o Requerimento de Autorização da Queima da Palha de Cana-de-Açúcar, exigindo que a colheita da cana-de-açúcar tivesse que ser totalmente crua,
mesmo em áreas não mecanizáveis.
Portanto, solicita-se que os associados procurem a Canaoeste do início de Fevereiro até o dia 31 de março de 2009 para
que sejam feitos os Requerimentos de Autorização da Queima da Palha de Cana-de-Açúcar, em prazo hábil, cumprindo
assim, a legislação vigente.
Pede-se acompanhar sempre na revista Canavieiros da CANAOESTE ou entrar em contato com os Escritórios da
CANAOESTE, para obter informações complementares sobre o Plano de Eliminação Gradativa da Queima da Palha de Canade-Açúcar da safra 2009/2010.
Aproveitando o momento, os Fornecedores(as) Associados(as) poderão aderir ao Protocolo Agroambiental do Setor
Sucroalcooleiro. Para maiores informações sobre o Protocolo, favor, procurar uma de nossas Filiais abaixo relacionadas.
Atenciosamente,
Manoel Carlos Azevedo Ortolan
Diretor-Presidente CANAOESTE
Filiais
Cravinhos
Sertãozinho
Morro Agudo
Pit angueiras
Pont al
Serrana
Severínia
Viradouro
Barret os
Bebedouro

Endereço
R. Manoel G. Santos, 1599
R. Dr. Pio Dufles, 532
Rua José Jorge Junqueira, 995
R. Ceará, 1170
R. 7 de S
etembro, 164
Av. Habib Jábali, 355
Av. Nelo Calisse, 267
Praça M ajor Joaquim, 219
Av. Engº Necker carvalho de Camargo, 2135
Av. Raul Furquim, 1181

Telefone
(16) 3951-9400
(16) 3946-3300
(16) 3851-6660
(16) 3952-9800
(16) 3953-9200
(16) 3987-9300
(17) 3817-3100
(17) 3392-4041
(17) 3323.3366
(17) 3342.4454

Responsável
Fernanda
Michelle
Aline
Francine
Jacqueline
Luana
Danila
Juliana
Eloisa
Tamires

V
ALORIZE SUAASSOCIAÇÃO PARTICIPANDO DELA.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

13
Notícias
Canaoeste

Queda de renda no campo
Queda de renda no campo
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan*

J

á considerando os efeitos da crise sobre a produção, o Ministé
rio da Agricultura calcula uma redução de 7% na renda agrícola em
2009, em comparação com o ano anterior. De acordo com os dados oficiais, no ano passado o valor da produção agrícola - obtido pela multiplicação da quantidade produzida pelo
preço recebido pelos agricultores –
foi de R$ 163,3 bilhões e o estimado
para este ano é R$ 151,9 bilhões.
Isso significa uma redução de R$
11,3 bilhões no rendimento “da porteira para dentro”, o que atinge certeiramente o produtor rural, com reflexos no círculo da economia – se
há menos renda sendo gerada, haverá menor demanda de mão-de-obra,
de insumos e assim por diante. Como
o agronegócio corresponde a perto
de 40% do PIB nacional, a perda de
renda no campo tem efeitos muito
nocivos para toda a economia. Sinal
de que este ano exigirá muita cautela
por parte dos produtores.
O cálculo do Ministério considera 20 produtos e desses, 14 apresentaram declínio. Os fatores mais importantes para a redução na renda
foram as condições climáticas, os
preços baixos das commodities agrícolas e a falta de crédito para o fi-

nanciamento agrícola. As maiores
quedas na renda devem ser no trigo
(33,6%), milho primeira safra (26,7%),
cebola (20%) e algodão herbáceo
(14%). No caso da cana, a perda de
renda estimada é de 1,6%: em 2008, o
valor da produção dessa cultura foi
de R$ 21,3 bilhões e o estimado para
este ano é R$ 20,9 bilhões, o menor
dos últimos quatro anos.
Em comparação com outros produtos agrícolas, a queda na cana será
menos acentuada, o que não significa, necessariamente, que os canavieiros estejam imunes à crise. Há rendimento. Necessário considerar também que o aumento na produção acaba, de certa forma, aliviando a queda
na renda projetada pelo Ministério
da Agricultura.
Enquanto os grãos devem ter
uma redução de 4,9% na produção de acordo com a estimativa mais recente da Conab de 137 milhões de
toneladas contra os 144,1 milhões/
ton da safra passada -, a cana deve
continuar em crescimento. Segundo
a Unica, até dezembro, as indústrias
da região Centro-Sul processaram
496,7 milhões de toneladas, 15,4%
acima do acumulado no mesmo período da safra anterior. Pelas projeções da Datagro, divulgadas antes

do balanço da Unica, a próxima safra brasileira será próxima de 590
milhões/toneladas.
Apesar das notícias da crise provocarem uma natural preocupação e
até um certo desânimo, é preciso tocar a vida adiante e enfrentar as dificuldades. Os cenários são positivos
para o açúcar e etanol, os preços da
matéria-prima apresentam uma ligeira reação e há um recuo, mesmo que
tímido, no preço de alguns insumos,
como os fertilizantes, que na safra
passada pressionaram fortemente os
custos para produzir.
Para atravessar o deserto, não há milagres. É preciso ter o pé no chão, pensar duas vezes antes de fazer qualquer investimento,
reduzir custos e continuar
produzindo. Da mesma forma que a crise se instalou,
ela irá se dissipar.
*presidente da
Canaoeste
(Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do
Estado de São Paulo)

14

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Notícias
Canaoeste

Consecana

CIRCULAR Nº 12/08
DATA: 30 de dezembro de 2008

Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Est ado de São Paulo

A

seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue
durante o mês de DEZEMBRO e ajuste parcial da safra 2008/2009. O preço médio do kg de ATR para o mês de
DEZEMBRO, referente à Safra 2008/2009, é de R$ 0,2653.
O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do etanol anidro e hidratado, destinados aos
mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de ABRIL a DEZEMBRO e acumulados até DEZEMBRO, são apresentados a seguir:

Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado
externo (ABME e AVHP), do etanol anidro e hidratado carburantes (AAC e AHC), destinados à industria (AAI e AHI) e
destinados ao mercado externo (AAE e AHE), são líquidos (PVU/PVD).
Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de ABRIL a DEZEMBRO e
acumulados até DEZEMBRO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/08, são os seguintes:

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

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Notícias
Cocred
Balancete Mensal
Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana
de Sertãozinho BALANCETE - NO VEMBRO/2008
Valores em Reais

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Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

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Reportagem de Capa

Perspectivas para o produtor
Perspectivas
de cana
de cana
Da redação

E

m meio à crise, o que o produtor de cana pode esperar deste novo ano? Para saber quais são as perspectivas para a
nova safra e o que o fornecedor deve fazer para enfrentar esse momento de turbulência mundial, a Canavieiros ouviu
cinco lideranças: Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste; Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana;
Márcio Fernando Meloni, superintendente geral da Cocred; Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana e Sérgio Prado,
representante da Unica em Ribeirão Preto. Eles traçam um cenário que exigirá cautela e planejamento e dão suas impressões
sobre os reflexos da crise. Leia, a seguir, as entrevistas que eles concederam à Canavieiros.
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste
preocupação. Esse ano deve ser mais
difícil para o produtor, mesmo com preços mais favoráveis. Há dificuldades
no recebimento pela matéria-prima e,
com isso, os produtores têm de buscar
recursos em bancos, nas cooperativas,
e o crédito está mais escasso e caro.
Há os riscos também na contratação
de mão-de-obra, o preço da terra está
caindo, sem falar dos riscos que o produtor corre em ser multado porque é
sempre alvo de legislações draconianas e penalizações. Produzir no Brasil
hoje é, de certa forma, desanimador.

Quais as expectativas para o setor
neste ano?
Manoel Ortolan: Eu espero um ano
melhor do que 2008. Dentro dos fundamentos do setor sucroenergético é esperado que o ano, em termos de preço
para o açúcar, seja melhor. Não se pode
dizer o mesmo para o álcool em função
de uma provável menor exportação do
produto, mas sabemos que a produção
de álcool deverá ser ajustada para o consumo, à demanda do ano, não deverá
haver falta de produto. Assim, o mercado melhor que a gente vislumbra para
próxima safra é o de açúcar. Em termos
de economia, temos que admitir que ninguém trabalha para perder dinheiro. Então temos que ser otimistas, acreditar que
o trabalho e o esforço coletivo poderão
mudar o rumo das coisas.
A crise desanimou o produtor
de cana?
Ortolan: Crises sempre causam
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Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

O que fazer em tempos de crise?
Ortolan: É preciso muita cautela e
planejamento. Ter o pé no chão e não
investir no que não é realmente necessário e conservar uma reserva, se possível. Tem de ser feito todo o esforço
para manter a produção, já que a lavoura é o ganha-pão do fornecedor de cana.
O senhor acha que o novo governo
nos Estados Unidos deve amenizar a

situação da economia mundial?
Ortolan: A gente hoje entende que
a economia não vai bem, há muitas incertezas, falta de crédito. Estamos vivendo a expectativa da mudança de
governo nos EUA, já que o rumo a ser
tomado pelo novo presidente, Barack
Obama, deverá nortear mudanças em
toda a economia e esperamos que seja
para melhor. De qualquer forma, para
as empresas como um todo e para nós,
cidadãos individualmente, é importante ter o pé no chão. Sabemos que se
todo mundo parar, a roda para. Então,
é preciso continuar. A gente sabe que
ninguém vai deixar de comer, de vestir,
a saúde vai precisar estar funcionando mesmo que de uma maneira mais
moderada, mas tudo precisa caminhar
e vai caminhar. Então vamos torcer. A
crise não é só desgraça, é também um
momento de oportunidades para muitos. O Brasil tem condições de se beneficiar nesse momento, em função de
ser um país produtor e exportador de
commodities e pode, com isso, atender a outras regiões que certamente poderão ter mais dificuldades.

Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana
Os fundamentos do setor sucroenergético para 2009 são favoráveis.
No entanto, os custos de produção estão acima da remuneração da cana. O
que o produtor pode esperar nesta
nova safra?
Antonio Eduardo Tonielo:Aexpectativa da cana é melhor do que a de qualquer outra cultura para essa safra, mas
ainda somos muito dependentes do mercado internacional. Hoje o preço do álcool está ruim. Já o preço do açúcar está
um pouco melhor e provavelmente vamos depender desse mercado. Mas, nes-
Reportagem de Capa
ses anos de experiência, eu ainda acho
que vamos atravessar uma safra que não
vai ser muito negativa. Vai ser uma safra
até mais positiva, porque o consumo de
álcool é alto e de açúcar vai ser bom e, se
nós tivermos uma melhoria do álcool lá
fora, isso completará a nossa safra. Se
nós não tivermos essa melhoria, vamos
ter uma safra que não será ruim, mas que
também não será excelente. Vai ser uma
safra moderada. Ainda acho que vamos
depender também do fator clima e disso
tudo vai depender o preço. É difícil falar
em janeiro sobre uma safra que vai começar só em abril/maio.
O pior da crise já passou?
Tonielo: Não, o pior da crise não
passou. O pior está por vir nesse primeiro semestre. A gente percebe que a
situação de todos piora neste primeiro
trimestre. Nós viemos com um ano muito bom até outubro/novembro. Então
ninguém sentiu nada ainda em nosso
setor. Acho que nosso setor vai sentir
nesses quatro, cinco meses da safra que
vamos ter. É uma época de ficar muito
precavido, de gastar somente com o que
precisa. Tenho certeza que muita gente
deixou de adubar, talvez plante alguma
coisa que tenha bem menos adubo. Isso
talvez seja benéfico para o futuro porque diminuindo a produção, nós melhoraremos no preço.
A Copercana sentiu, de alguma forma, os efeitos da crise?
Tonielo: Claro, mas não a Copercana e sim o cooperado. Quando o cooperado sente e não paga a conta, atinge a Copercana. Ainda bem que a Copercana é muito bem estruturada, porque se não fosse, complicaria. Nós conseguimos, com toda essa estrutura,
atravessar o ano sem maiores problemas, com as contas todas em dia e com
uma expectativa de começar a receber
as contas dos cooperados a partir de
janeiro. Tudo isso estamos fazendo
para que o cooperado, quando começar com safra de grão ou cana, comece
a voltar o dinheiro para dentro da Copercana, pois a Copercana aguentou
porque está muito bem estruturada.
O que deve fazer o produtor de
cana para atravessar essa fase de turbulência?

Tonielo: Deve gastar o mínimo possível, fazer muita economia, trabalhar
com muita precaução. Porque quer
queira, quer não, a grande maioria dos
cooperados, como tem financiamento
fácil, se endivida muito fácil também.
Eu acho ainda um grande defeito do
produtor, que ele não aprendeu, é ter
que trabalhar com o capital próprio.
Todos que trabalham com capital próprio, com recursos próprios, atravessam a crise mais fácil. Quem depende
só de capital de terceiros, quando chega a crise, não tem para onde ir, o banco não dá dinheiro e acaba afundando
de uma vez por todas.
A produção de grãos deve ser reduzida por conta, entre outros fatores,
de um menor uso de tecnologia, já por
efeito da crise. Isso pode acontecer
com a cana?
Tonielo: Eu até acho que a produção
de grãos deve cair e não é tanto por menor uso de tecnologia e sim por problemas climáticos que tivemos. Enchentes
em Santa Catarina, seca no Paraná, no
Rio Grande do Sul e no Mato Grosso,
uma grande parte do Centro-Oeste foi

muito prejudicada pela seca. Então acho
que vamos ter, além da tecnologia, problemas climáticos. Teve lugar que choveu bem e a produção vai ser boa. Então
eu acredito que vamos ter uma diminuição e é claro que a cana também vai sofrer. Esse efeito vai vir nas próximas safras com redução de produção e talvez
com isso haja uma melhoria de preço. Às
vezes a gente paga caro por produzir
muito. O defeito do Brasil, do brasileiro e
do governo é esse: todo ano que você
produz bem, você paga uma conta muito
cara. Vai chegar uma hora que isso vai
precisar mudar, porque ninguém pode
pagar conta cara porque produziu bastante. Ele tem que ter quem segure o produto dele para ele poder vender depois e
diminuir a produção para o futuro, senão
ficamos sempre nessa roda. Ele quebra,
pede concordata, fica sem pagar o banco, causa pressões. V chegar uma hora
ai
que tem que parar. Você não pode pagar
porque produz bastante, tem que pagar
quem não produz. O governo vai ter que
mudar. Nós estamos pagando caro para
produzir muito. Estamos vendo o açúcar,
em dois anos, no alto da produção e os
preços caindo.

Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana
O produtor de cana sofre há várias safras com o aumento nos custos de produção e queda no preço da
matéria-prima. Como foi a safra
passada?
Ismael Perina Júnior: Na verdade tivemos uma safra 2006/2007 bastante interessante, pois os preços foram bons e os custos se encontravam
em patamares razoáveis. De lá pra cá o
que aconteceu é extremamente grave.
Na safra 2007/2008, quando os custos
experimentaram um aumento significativo, sofremos bastante, pois os valores recebidos ficaram bem abaixo do
custo de produção. Já nesta safra
2008/2009, praticamente encerrada, é
que estamos realmente sofrendo um
grande impacto, pois já vínhamos de
uma safra ruim e a safra que se encerra está com preços também abaixo dos
custos de produção, com o agravante
da crise econômica mundial, que afetou diretamente a questão de liquidez
e conseqüentemente a maior dificuldade dos produtores. Apesar de os
custos em alguns aspectos estarem

decrescentes neste momento, ainda é
muito pouco em relação ao que necessitamos para continuar produzindo.
Realmente esta safra que se encerra
deixa muita preocupação para todo o
setor sucroenergético.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

21
O que esperar desta nova safra?
Perina Júnior: Realmente é uma
grande incógnita. Entendo ainda ser
bastante prematuro falar sobre ela, mas
na verdade o que se nota é que teremos
uma produção de cana-de-açúcar ainda
maior nesta safra 2009/2010. Tivemos
uma sobra de cana sem moer bastante
grande, existe um número representativo de usinas que iniciam moagem nesta
próxima safra, a estratégia da maioria das
empresas e produtores foi de reformar
menos área, e apesar do menor investimento na lavoura por conta dos altos
custos, a previsão é que tenhamos maior quantidade de cana a ser moída. Resta saber como será o comportamento das
empresas que moem essa cana, e se estarão em condições de industrializá-las.
Vivenciamos uma crise atual de crédito
de grandes proporções e não sabemos
ainda os seus reflexos até o início da
safra e, conseqüentemente, sobre toda
a safra que se aproxima. Certamente é
necessário um pouco mais de tempo para
poder visualizar melhor o cenário. Mas,
com certeza, os produtores devem se
preparar para enfrentar este que deve
ser um ano ainda difícil para a produção
de cana, pelo menos até o meio da safra.
Esperamos que o mercado de açúcar realmente tenha a melhora esperada e que
o álcool continue com o consumo do
ano passado e que se consiga exportar
um pouco mais de álcool, pois assim
certamente teremos uma melhora de preço desses produtos no segundo semestre, permitindo uma pequena recuperação dos produtores de cana.
Quais as gestões da Orplana junto aos governos para proteger o fornecedor de cana das conseqüências
da crise?
Perina Júnior: Acredito ter sido um
ano onde a Orplana mais participou ativamente junto aos governos federal e
estadual. Infelizmente é aquilo que a gente já sabe: é duro sensibilizar um governo, mesmo relatamos o problema e a produção vem aumentando ano a ano. Temos prejuízos e a produção aumenta 50
milhões de toneladas por ano. Em contrapartida, qualquer atitude por parte do
governo para nos auxiliar significa aumento de preço de álcool e de açúcar, o
que pode gerar problemas de inflação.
Proteger 60 mil produtores rurais, ou,
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Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

Foto divulgação : CaseIH

Reportagem de Capa

pensando no imediatismo, proteger uma
população inteira minimizando o aumento da inflação? Apesar de todos os nossos argumentos, a insensatez do governo é um negócio de espantar, pois sabemos dos riscos no médio e longo prazo.
O governo não foi sensível com a gente
quando, para fazer seus ajustes nos
combustíveis, aumentou o preço do diesel e manteve os preços da gasolina.
Penalizou-nos duas vezes, pois aumentou os custos com o aumento do diesel
e não permitiu que o álcool tivesse aumento de preço, pois o seu referencial é
o preço da gasolina. E por aí vai. Estamos vendo socorro a vários setores
após o estouro da crise econômica e não
conseguimos sensibilizar as autoridades
com relação aos nossos problemas. Realmente a tarefa não está fácil.
O governo federal autorizou a criação de uma subvenção emergencial
por tonelada aos produtores de cana do
Nordeste. Essa política de garantia de
preços mínimos se adequaria à região
Centro-Sul?
Perina Júnior: Entendo ter sido um
ponto importante, principalmente para
a produção do Nordeste, pois as condições de produtividade e dificuldade
naquela região são muito maiores que

as do Centro-Sul. Independente disso,
a Orplana participou de todas as reuniões relativas a este assunto e nos foi
pedido um voto de confiança para que
apoiássemos essa política para o NE,
que seria um primeiro passo para futuras mudanças para todo o segmento
de produção de cana do país. Os recursos para tal fim eram pequenos e se
todo o Centro-Sul mais o Nordeste entrassem fazendo a solicitação, provavelmente não teríamos nada para ninguém. Os volumes do Centro-Sul são
muito grandes e a necessidade de recursos muito maior. Achamos por bem
ir nessa linha, que foi uma linha proposta pelo próprio governo federal. Já
com relação à política de preços mínimos, assunto também que vem sendo
largamente discutido, propusemos que
dentro da própria Câmara Setorial esse
assunto seja discutido e encaminhado
de uma forma que traga realmente benefícios para os produtores como um
todo. Da forma como veio inicialmente
a proposta, não atingiria todos os produtores e poderia nos trazer muito mais
problemas do que soluções. Mas em
nenhum momento a Orplana se recusou a conversar sobre este assunto e
vai continuar conversando sobre o
tema na Câmara Setorial.
Reportagem de Capa
Qual o seu conselho aos fornecedores independentes de cana?
Perina Júnior: Bem. O quadro
está aí. As projeções de safra indicam uma quantidade bastante grande
de produção de cana. Os produtores
têm que insistentemente estar procurando suas associações para coletar
informações de comportamento de
mercado para tentar visualizar o que

poderá acontecer e dentro disso tudo
procurar adequar os seus orçamentos à realidade que estamos enfrentando. É fácil? Claro que não é, mas é
a única forma de ficarmos vivos para
colher os frutos lá na frente, que certamente serão produzidos. Sabemos
que agricultura, mais do que outras
atividades, vive de altos e baixos, e é
nossa obrigação estarmos prontos

para estas crises. Já passamos por
muitas crises e muitos de nós sobrevivemos. Não vai ser nessa que todos morreremos. Irão haver ajustes
naturais, principalmente os provocados por uma euforia sem mensurações dos riscos, e após esta fase,
muitos de nós estaremos produzindo e obtendo margens de lucro satisfatórias como em outras ocasiões.

Márcio Fernando Meloni, superintendente geral da Cocred
Meloni: A fluidez de recursos externos provavelmente ainda deve demorar até que o mercado internacional comece a dar sinais de recuperação, mas
internamente a crise só vai demorar a
passar para aqueles que já vinham com
problemas ou investiu mais do que poderia. Como o mercado mantém um certo pessimismo principalmente para o
primeiro semestre, fica muito difícil fazer uma previsão de quanto tempo ainda vamos enfrentar problemas. Acho
que aqui no Brasil as coisas devem ser
menos problemáticas.

Pelo que lemos na imprensa, a crise, de certa forma, serviu para chamar a atenção para a importância das
cooperativas de crédito. Podemos afirmar que isso é certo?
Meloni: De certa forma é verdade.
Apesar de boa parte do sistema financeiro ter sido afetado e os recursos se
tornarem escassos, nós, da COCRED,
mantivemos o atendimento ao cooperado procurando distribuir, dentro do
quadro associativo, os recursos disponíveis para causar o menor impacto
possível nas suas produções.

Foto divulgação : CaseIH

Um dos primeiros efeitos da crise
foi o aperto no crédito. Isso deve continuar?
Márcio Fernando Meloni: Isso
aconteceu de maneira mais acentuada
no início da crise, mas já está querendo
se normalizar. O problema ainda persiste em algumas instituições financeiras
e para os recursos que vinham de fora
através de captação de fundos. Nesse
caso, (o aperto) deve continuar por
mais algum tempo.

O governo sinalizou que daria
um alívio às cooperativas. Isso
ocorreu?
Meloni: A crise ocorreu em um momento em que as cooperativas assumiram compromissos com fornecedores de insumos. No momento em que o
produtor mais precisou delas - pelo
início do plantio de grãos e custeio do
canavial - contando com recursos já
programados das instituições financeiras, os bancos, em grande parte, não

cumpriram a programação, deixando
as cooperativas em uma situação difícil. Este tipo de acontecimento é como
uma doença, que você precisa de um
médico para aquele momento e vão
marcar uma consulta para 30 dias. É
mais ou menos isso que está acontecendo. O governo tem falado muito,
sinalizando recursos para o sistema
cooperativo, mas, na verdade, de prático pouco se viu nesse sentido, pois
tem sempre um entrave burocrático.

Nas cooperativas de crédito os juros subiram?
Meloni: Praticamente todos os recursos do sistema financeiro ficaram
mais caros com o início da crise e, como
as cooperativas precisam desses recursos, também os juros ficaram um pouco mais caros, mas bem inferiores aos
praticados no mercado financeiro.
Os reflexos da crise devem perdurar por muito tempo?
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

23
Reportagem de Capa
Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto
Grande parte das usinas deve donados, a indústria de Sertãozinho
emendar uma safra à outra e a entres- mesmo, o Ceise, fez essa previsão. Mas
safra será menor. Isso terá reflexo, de esses projetos que foram abandonaalguma forma, nos preços do etanol no dos, na verdade, podem ser um problemercado interno?
ma bom porque vai haver um enxugaSérgio Prado: A gente tem a ex- mento de projetos que não eram muito
pectativa de que a safra possa come- sérios, que eram aventuras, capital esçar com vigor em março, mas ainda é peculativo. O projeto saudável é benuma hipótese. Com relação ao preço vindo e certamente vai acompanhar a
não tem como estimarmos para cima e tendência que temos de expansão e virá
ou para baixo porque isso vai muito a ser construído.
do acerto tradicional entre a demanda,
que está aquecida, e a oferta, que ainQuais são as perspectivas para a
da não fechou a safra. Esperamos que indústria para 2009?
o preço seja melhor, que remunere
Prado: Temos agora esse cenário
melhor a atividade. Já vivemos um ano de escassez de crédito, esse é o primeide preço baixo e o ano anterior, 2007, ro passo a ser resolvido. Esperamos
também foi assim.
uma normalidade porque nós sabemos
que os nossos produtos são viáveis,
Por conta da crise, algumas indús- temos produtos que são utilizados em
trias atrasaram o pagamento ao forne- larga escala no mundo.
cedor de cana. Essa situação deve se
No caso do açúcar, o Brasil é o princria uma maior fatia de mercado que ainnormalizar?
cipal exportador e as empresas fabri- da não existe, que é a segunda geração
Prado: Na verdade, o que temos de cantes de açúcar têm expandido o mer- de produtos e temos também a quesavaliação do pagamento dos fornece- cado externo principalmente. O etanol tão energética. Então a perspectiva
dores pelas empresas foram problemas também é um produto que tem uma para indústria como um todo é grande.
localizados, não é um problema gene- demanda aquecida, nós temos o carro
ralizado, quero frisar isso. O pagamen- flex para mostrar. O mercado externo
Em relação à questão do desempreto dos contratos dos fornecedores será ainda está em construção, mas já tive- go no setor por conta da crise. Qual a
normalizado. Acreditamos nisso e as mos uma expansão desse ano em rela- visão da indústria?
empresas têm todo interesse de buscar ção ao ano passado e acreditamos que
Prado: A nossa visão sobre o ema normalidade.
possamos ocupar uma boa fatia do prego: tem a questão de geração de
mercado externo com o passar dos novos postos de trabalho em função
Com a crise, os projetos de expan- anos. E temos a questão do plástico. da ampliação das empresas, da expansão sofrerão atrasos?
Temos projetos já anunciados no Bra- são da atividade. O segundo ponto:
Prado: Muitas empresas já estavam sil de plantas que fabricarão esse pro- temos de lidar com a mão-de-obra que
com os projetos em andamento e não duto a partir do etanol. Temos na re- vai ficar desocupada por causa da mepodem ser abandonados, tanto que ti- gião de Ribeirão Preto dois projetos canização. Nós estamos em um procesvemos, no último ano, uma previsão de importantes. E temos o projeto da pró- so adiantado e constante de mecanizainauguração de 32 usinas e dessas, só pria Braskem, que é a maior fabricante ção. Então essas pessoas que trabatrês não entraram em operação ao lon- desse setor da petroquímica. Emissári- lham no corte hoje precisam ser treinago da safra passada. Temos notícias do os deles já estiveram aqui na região e das para outras atividades mais sofismercado de que projetos foram aban- foram recebidos na Unica. Então, isso ticadas e de melhor remuneração.

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Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Repercutiu
“A tendência é essa:
de até mais de 50% da
cana virar açúcar, não
álcool. Os preços do
açúcar estavam muito
baixos, mas, com a
questão do câmbio [a
maioria é exportada], será
melhor produzir açúcar,
já que o produtor vai
receber mais reais por
ele.”
Secretário da Agricultura do Estado de São
Paulo, João Sampaio.

“Mesmo com a queda nas
vendas de veículos novos nos
últimos dois meses, a parcela de
carros vendidos flexíveis continua muito elevada, perto dos
90% de todos os automóveis
vendidos no País. Com a decisão
do governo, além de economizar
no combustível e dar uma contribuição importante para o meio
ambiente, os compradores de
carros flex darão ainda mais
sustentação à demanda por etanol
no mercado interno.”
Presidente da Unica, Marcos
Jank.

“Vão errar. Podem ficar certos
de que vão errar. Eu só estou
dizendo que os economistas que
estão apostando no crescimento de
2% vão errar. Agora, mesmo com
esse pessimismo, veja a diferença
do Brasil para os outros países. O
problema é que no mundo desenvolvido eles estão discutindo a
recessão, e nós estamos discutindo
se vamos crescer 4, 3, 2 ou 5%.
Nós, governo, vamos trabalhar para
crescermos o máximo possível, e o
governo continua trabalhando com
a possibilidade de fazer com que o
crescimento chegue a 4%.”
Presidente Lula, ao rejeitar
as previsões de economistas

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

25
Informações Setoriais

CHUVAS DE DEZEMBRO
CHUVAS DE DEZEMBRO
e Prognósticos Climáticos
e Prognósticos Climáticos

N

o quadro abaixo são mostradas as chuvas que ocorreram durante o mês de DEZEMBRO de 2008, em vários locais da
região de abrangência da CANAOESTE.

Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Assessor Técnico Canaoeste

A média das observações
mensais de chuvas, no mês de
DEZEMBRO, ficou acima das
médias históricas. Com exceções da Algodoeira Donegá, Central Energética Moreno e CFM-Três Barras, nos demais locais
as chuvas foram próximas ou acima das respectivas normais climáticas.
Mapa 1: Água Disponível no Solo, no período de 18 a 21 de DEZEMBRO de 2008

Com exceções da faixa
Leste e do extremo Nordeste do Estado de São
Paulo, a baixa para crítica
Disponibilidade de Água
no Solo (Mapa 1), no
período de 18 a 21 de
dezembro, pouco diferiu da
Disponibilidade Hídrica
observada ao final do mês
de novembro, deixando
bem evidente a severa
condição climática por que
passou e passa a Região
Oeste do Estado.

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Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

ÁGUA, usar s
ÁGUA, usar s

Protejam e preservem as n
Protejam e preservem as n
Informações Setoriais
Mapa 2: Água Disponível no Solo, ao final de DEZEMBRO de 2007

Mapa 3: Água Disponível no Solo, ao final de DEZEMBRO/2008 e início
de JANEIRO/2009

Ao final de DEZEMBRO de 2007, com pequenas exceções, o índice de
Água Disponível no Solo encontrava-se baixo a crítico em quase toda área
canavieira do Estado, como mostrado pelo Mapa 2 . Em DEZEMBRO/2008 JANEIRO/2009, pelo Mapa 3, nota-se que as melhores condições hídricas
do solo ficaram concentradas em toda faixa Leste e Central do Estado de São
Paulo, acentuando ainda mais as adversidades em umidade do solo no extremo Noroeste paulista e na Região de Araçatuba.
Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de
Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses
de janeiro e fevereiro.

sem abusar !
sem abusar !

nascentes e cursos d’água.
nascentes e cursos d’água.

Ao longo da faixa equatorial no Oceano Pacífico Oeste, estão sendo notadas
reduções das temperaturas da superfície
do mar (TSM), implicando em maior evidência do fenômeno La Niña, cujos impactos poderão ser mais observados a partir
do início de outono (abril). Para a Região
Centro-Sul do Brasil, preveem-se que nestes meses:
· A temperatura média ficará entre
próxima a acima da normalidade climática;
· Quanto às chuvas, deverão ser entre próximas a acima das respectivas médias históricas em quase todas as áreas dos
Estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro e faixas Leste e Norte do Estado de São Paulo. Nas demais
áreas da Região Centro-Sul, as chuvas
poderão “ficar” dentro das normalidades
climáticas, com exceção de faixa CentroOeste do Paraná e Sul do Estado de Mato
Grosso do Sul, onde as chuvas poderão
ser inferiores às médias históricas;
· Como referência, as médias históricas de chuvas em Ribeirão Preto e municípios vizinhos, pelo Centro Apta-IAC, são
próximas de 280mm em janeiro e 220mm
em fevereiro.
· Para a região de abrangência da CANAOESTE, a SOMAR Meteorologia prevê que as temperaturas médias serão próximas das normalidades nos meses de janeiro e fevereiro e cerca de 1ºC abaixo das
respectivas médias históricas dos meses
de março e abril. Ressalte-se que estas reduções previstas para estes meses (final
de verão e início de outono) terão, em se
ocorrendo, impactos negativos em crescimento (massa verde) dos canaviais, mas
estimulariam a maturação a partir de abril.
Quanto às chuvas, poderão ser superiores às respectivas normais climatológicas nos meses de janeiro e fevereiro, próximas das normais em março e inferiores às
médias históricas em abril.
Em função destes prognósticos climáticos, dos custos das operações de plantio e dos necessários insumos, recomenda-se precaução, a fim de evitar plantios
tardios. Estes prognósticos serão revistos
a cada edição da Revista Canavieiros.
Acompanhem !
Ainda, face a essas previsões, recomenda-se que fiquem atentos ao monitoramento e atenções com a cigarrinha das
raízes que, de modo algum dispensariam
controle, desde que constatada a necessidade. Persistindo dúvidas, consultem os
Técnicos mais próximos.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

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Artigo Técnico

Como anda o preço do kg
Como anda o preço do kg
de ATR?
de ATR?
Cleber José Moraes
Assessor de Planejamento e Controle Agrícola
CANAOESTE

E

m abril de 2008 no artigo “ENTENDA O QUE ESTÁ ACON
TECENDO COM O PREÇO
DO KG DE ATR”, escrevemos sobre
a trajetória do preço do kg de ATR.
Naquele momento alertávamos sobre
a crise econômica mundial, que estava em seu princípio. Apenas rememorando, tudo começou com os empréstimos subprime, onde várias instituições financeiras, com alta disponibilidade de crédito, investiram massiçamente no mercado imobiliário
com empréstimos a juros baixos para
pessoas de baixa renda sem maiores
garantias hipotecárias, além do próprio imóvel que estava sendo adquirido. Até então este parecia ser um
investimento seguro, tento em vista
o cenário positivo de crescimento do
PIB americano e o fluxo crescente de
vendas do setor imobiliário dos Estados Unidos, que se mantinha em
alta, e a procura por imóveis, sempre
crescente, fazia com que os imóveis
sempre se valorizassem. Entretanto,
no início de 2008, as vendas de imóveis começaram a estagnar-se e, em
pouco tempo, o saldo devedor dos
mutuários era bem maior que o valor
do imóvel. Conclusão óbvia: os mutuários começaram a deixar de honrar suas prestações.

Thiago de Andrade Silva
Assistente de Controle Agrícola

nível para empréstimo no mercado, e também o aumento de saques nos fundos de
investimento, fizeram com que os investidores estrangeiros reduzissem suas posições de investimentos em países emergentes como o Brasil. Para isso, precisaram converter seus investimentos,
que estavam posicionados em reais
aqui, para dólar. O que causou uma
maior procura e valorização do dólar e consequente desvalorização do real.
Gráfico 1 – V
ariação dos Preços de açúcar em dólares (azul)
e da taxa de câmbio do dólar (vermelho).

Fonte: Gráfico desenvolvido pela CANAOESTE com dados da Czarnikow Group e BM&F
Gráfico 2 - Variação dos Preços de Álcool Anidro em dólares (azul)
e da taxa de câmbio do dólar (vermelho).

O alerta veio com bloqueio de pagamento de um Fundo de Investimento do Banco Europeu, devido à inadimplência dos empréstimos, causando um
problema de liquidez. Os investidores
ficaram impedidos de realizar saques
de seu dinheiro. Na seqüência, várias
instituições financeiras quebraram e
outras resolveram investir no mercado
futuro de commodities de menor risco,
causando um aumento nos preços destes produtos.
A redução da liquidez, ou seja, a
redução do volume de dinheiro dispo28

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

Fonte: Desenvolvido pela CANAOESTE com dados da BM&F
Artigo Técnico
A desvalorização do real tem um
reflexo inicial positivo sobre o preço
do kg de ATR. Em meados de outubro,
quando houve o estouro da crise econômica mundial, pode-se observar,
através da projeção do preço do kg do
ATR, um aumento expressivo e diário
do valor do mesmo, causado pela variação cambial.
O valor do kg de ATR está com tendência de aumento, porém esta tendência se deve à desvalorização do real e
não do preço do açúcar e do álcool,
que em dólar, apresentaram queda,
como pode ser observado nos gráficos anteriores.
Em suma, conclui-se que os aumentos dos preços de ATR se devem fundamentalmente à desvalorização do
real. Na tabela a seguir, é possível observar que, entre os meses de setembro/2008 e outubro/2008, houve um
salto no valor do ATR, coincidente com
a desvalorização do real.

É muito importante que o produtor esteja atento à aquisição dos insumos para
soqueira na safra que está por vir, pois, caso haja um valorização do real em 2010, poderá
haver sérias dificuldades na liquidação desses empréstimos. Assim recomenda-se que,
na medida do possível, os contratos prevejam renegociação de pagamentos, caso haja
uma súbita valorização do real. Esta mesma possibilidade é menos preocupante para
financiamento de plantio onde o prazo para pagamento da dívida é maior.

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

29
Assuntos Legais

Queima de palha de cana-de-açúcar
obrigatoriedade de autorização para a
safra 2009/2010.

M

ais uma vez estamos prestes a iniciar outra safra canavieira, razão pela qual
novamente alertamos os fornecedores de cana-de-açúcar e unidades produtoras sobre a obrigatoriedade de
obter a autorização do órgão ambiental (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) para se efetuar a queima de
palha de cana-de-açúcar, procedimento obrigatório àqueles que não queiram responder administrativamente e
judicialmente (cível e criminal) por
esta omissão, inclusive com pesadíssimas multas, razão pela qual a CANAOESTE, novamente este ano, irá
proceder à orientação, elaboração,
confecção e envio da documentação
necessária à obtenção da Autorização
de Queima Controlada de Palha de
Cana-de-açúcar para os seus associados, cujo prazo para protocolo no
órgão ambiental expirará em 2 de abril.

Tudo isto se torna necessário
porque, na safra anterior, inúmeros
fornecedores de cana não obtiveram a autorização de queima, tendo
que proceder ao corte manual sem
o uso do fogo e/ou de forma mecanizada, mesmo em áreas não adaptadas para isso. Tudo para evitar o
descumprimento ao que dispõe o
Decreto Estadual nº 47.700/2003, regulamentador da Lei Estadual nº
11.241/2002, que diz que o produtor de cana-de-açúcar pode ser autuado pela Polícia Ambiental em 30
UFESPs (Unidade Fiscal do Estado
de São Paulo), aproximadamente R$

Para tanto, pois sem autorização
não se poderá queimar, basta que os
associados procurem os técnicos,
agrônomos ou as secretárias dos respectivos escritórios regionais ou da
matriz da CANAOESTE, a partir de 2
de fevereiro de 2009, para realizar o
Requerimento de Autorização de
Queima de Palha de Cana-de-açúcar.
Os fornecedores(as) associados
(as) que tiveram expansões em seus
canaviais, aquisições de propriedades por compra ou arrendamento,
dentre outras situações, nas quais a
área total ou soma das áreas contíguas a serem colhidas na safra 2009/
2010 sejam iguais ou superiores a
150 ha cultivados com cana-de-açúcar, deverão procurar os escritórios
da Canaoeste até a data limite de 5
de março de 2009 para possibilitar o
levantamento topográfico prévio de
sua lavoura, sem custo algum, necessário ao devido licenciamento. O
prazo para se indicar, no mapa, as
áreas que serão colhidas sem a queima expirará em 20 de março de 2009.
30
30

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

475,50 por hectare queimado sem as
observâncias legais, além de poder,
ainda, ser autuado pelos agentes
fiscalizadores da CETESB (Companhia de Tecnologia e de Saneamento Ambiental) em valores que variam de 5.001 a 10.000 UFESPs, aproximadamente R$ 79.265,85 a R$
158.500,00, independentemente do
tamanho da área queimada.
Alheio a essas penalidades administrativas, o produtor de canade-açúcar que não observar o prescrito na legislação poderá responder, ainda, a uma ação cível, visando outra indenização e a suspensão
da queima em sua propriedade, além

de uma ação
penal,
que
visa restringir
o seu direito
de liberdade
(pena de detenção). Fica
registrado, então, que para
aquele produtor de canaJuliano Bortoloti - Advogado
de-açúcar que
Departamento Jurídico Canaoeste
não cumprir
os requisitos prescritos na legislação de queima ou, mais gravemente,
efetuar a queima sem a devida autorização, fica evidente que não lhe
restará quase nenhuma possibilidade de defesa, tanto administrativa
(auto de infração) como judicial (cível e penal).
Logo, se torna evidente a necessidade do fornecedor de cana-deaçúcar em buscar a devida autorização dentro do prazo legal (até 2 de
abril) para poder utilizar-se do fogo
como método despalhador da canade-açúcar durante a safra 2009/2010,
bastando, somente, que procure o
mais rapidamente possível a CANAOESTE para a sua devida orientação
e, se porventura, persistirem dúvidas
a respeito do assunto, os Departamentos Jurídico, Técnico e de Planejamento estarão à inteira disposição
dos associados para esclarecê-las.
Importante salientar, segundo informações da Secretaria Estadual do
Meio Ambiente, que o prazo para
protocolo não será prorrogado, razão pela qual deve o associado procurar a CANAOESTE o mais rápido
possível, ressaltando que esta realizará o plano de queima gratuitamente até o dia 05.03.2009 para aqueles
que não tenham realizado o levantamento topográfico da propriedade e/
ou precisam alterá-lo e 31.03.2007
para aqueles que já fizeram o referido mapeamento.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

31
Destaque

Produção e renda caem, e
exportações crescem
exportações crescem
Cristiane Barão

Estimativas de safra de grãos e valor da produção já mostram impactos da crise

A

s estimativas de produção e
renda divulgadas pelo gover
no já trazem os reflexos da crise financeira, que provocou queda nos
preços dos produtos, escassez e encarecimento do crédito para produção e
exportação. Levantamento do Ministério da Agricultura estima que a renda
agrícola deste ano deverá atingir R$ 152
bilhões, redução de 7% em relação à
obtida no ano passado, já descontada
a inflação.
Esse indicador refere-se ao valor
bruto de 20 produtos, obtido multiplicando a quantidade produzida pelo preço recebido pelos agricultores, entre
eles a cana. Desses, 14 apresentam declínio, como o trigo (33,6%), milho primeira safra (26,7%), cebola (20%) e algodão herbáceo (14%). No caso da
cana, a perda de renda estimada é de
1,6%: em 2008, o valor da produção
dessa cultura foi de R$ 21,3 bilhões e o
estimado para este ano é R$ 20,9 bilhões, uma queda de R$ 400 milhões.
A produção de grãos na safra 2008/
09 também deverá sofrer redução, segundo estimativa divulgada pela Conab no início do mês. O Brasil deverá
colher 137 milhões de toneladas, 4,9%
menos que as 144,1 milhões de toneladas do ciclo anterior. A área plantada
cresceu 0,2%, saindo de 47,42 milhões
para 47,49 milhões de hectares.
De acordo com a Conab, a maior
redução é observada no milho 1ª. safra (5,1 milhões de toneladas – de 39,9
milhões/ton para 34,8 milhões/ton),
seguida da soja (2,3 milhões de toneladas – de 60 milhões/ton para 57,7
milhões/ton). Em relação ao amendoim, a área plantada deverá sofrer uma
redução de 4,3%, passando de 115,2
mil/ha para 110,2 mil/ha, com retração
de 6,6% na produção: de 303,1 mil/ton
para 283,2 mil/ton.
32

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

Tal produção está condicionada às
condições climáticas durante o ciclo
das culturas e à confirmação da intenção dos produtores, já que estes estão passando por uma fase restritiva
de crédito, aliada ao elevado custo de
produção.

pais produtos da balança comercial do
agronegócio. O complexo soja (óleo,
farelo e grão) registrou crescimento de
58%, o setor de carnes, 29%, café, 22%,
fumo e seus produtos, 22%, complexo
sucroalcooleiro, 18%, e produtos florestais, 6%.

Exportações: Por outro lado, as exportações do setor totalizaram a marca histórica de US$ 71,9 bilhões, um
acréscimo de US$ 13,4 bilhões em relação a 2007, que corresponde a 23%
de crescimento. O superávit da balança comercial do agronegócio também
registrou recorde, alcançando a cifra
de US$ 60 bilhões. A participação do
setor nas exportações totais brasileiras foi de 36,3%.

Devido ao forte crescimento das
exportações para a China (70%), este
país passou a ocupar a primeira posição no ranking dos mercados compradores de produtos do agronegócio brasileiro, absorvendo isoladamente 11% das exportações, que continuam muito concentradas em soja,
em torno de 77,6%.

O bom desempenho das exportações em 2008 foi resultado do aumento da receita com a venda dos princi-

Em segundo lugar estão os Países Baixos, com 9% de participação,
e os Estados Unidos, em terceiro, com
8,7%. Em apenas um ano, a China saiu
da terceira para a primeira posição.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

33
Pragas e Doenças

Monitoramento e controle de
pragas da cana-de-açúcar
cana-de-açúcar
Luiz Carlos de Almeida
Erich Stingel
Enrico De Beni Arrigoni
CTC - Centro de Tecnologia Canavieira

Bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis

S

phenophorus levis, conhecido
como bicudo da cana, é uma das
mais importantes pragas da
cana-de-açúcar. Semelhante ao bicudo
do algodão, tem o dobro do tamanho,
medindo cerca de 15 mm. Assemelhase também a Metamasius hemipterus,
praga de pouca importância. Ao contrário de M.hemipterus, S.levis não
apresenta manchas nos élitros, apresenta pouca agilidade e tende a ficar
imóvel ao ser manipulado.
O bicudo coloca seus ovos na base
dos colmos e as larvas destroem a parte subterrânea da touceira (rizoma),
matando os perfilhos ou a touceira inteira, causando prejuízos de, em média,
20 a 23 toneladas de cana por hectare
por ano nas áreas infestadas, além de
significativa redução da longevidade
do canavial.
Atualmente a praga encontra-se
disseminada em 30 municípios próximos
à região de Piracicaba, além de 23 municípios mais distantes, existindo a perspectiva de aumento de sua dispersão
de ano a ano. A disseminação da praga
por meio do trânsito de mudas é a hipótese mais provável para explicar a rápida expansão da área infestada, visto
que o inseto praticamente não voa e
seu caminhamento é lento, com uma
reduzida taxa de dispersão.
Bioecologia
Este inseto é um besouro da família Curculionidae, que causa danos
aos perfilhos e às bases dos colmos
em desenvolvimento, afetando o
“stand” da cultura e a produtividade
das áreas infestadas. As fêmeas perfuram a base de colmos e de perfilhos
e efetuam a deposição de ovos que
darão origem às larvas responsáveis
34

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

pelos danos. O período de incubação
dos ovos é de 7 a 12 dias. As larvas
nascidas são brancas, ápodas, de hábitos subterrâneos e apresentam elevada sensibilidade ao calor e à desidratação. Estas, ao se alimentarem, escavam galerias e danificam os tecidos
no interior e na base das canas, podendo provocar a morte das plantas,
falhas nas brotações das soqueiras e
redução na longevidade dos canaviais, que muitas vezes não passam do
segundo corte. O período larval é de
30 a 60 dias, quando se transformam
em pupas. Estas formas desenvolvem
em 7 a 15 dias, quando formam os adultos, que apresentam longevidade de
200 a 220 dias. As fases imaturas deste inseto duram 70 dias, podendo ocorrer até 5 gerações anuais.
Os prejuízos provocados por Sphenophorus levis foram determinados em
experimentos conduzidos em telados,
em parcelas experimentais, submetidas
a quatro níveis populacionais de Sphenophorus levis, determinando-se perdas de 0,55% a 2,08% na produção agrícola, de 0,08% a 0,33% na TPH e de
1,63% a 13,34% na margem de contribuição no sistema agroindustrial a cada
1% de colmos infestados por S. levis.

Larva de S. levis

Métodos de controle e
manejo integrado
O método mais recomendado para
o controle da praga é o cultural, que
consiste na destruição antecipada das
soqueiras nas áreas infestadas, destinadas à reforma, preferencialmente no
período de maio a setembro. O equipamento denominado Eliminador Mecânico de Soqueira (EMS) tem se mostrado eficiente no preparo de solo, visando ao controle de Sphenophorus. A eliminação mecânica da soqueira tem
como finalidade destruir ou expor a
população de larvas e pupas, portanto
deve ser realizada quando a maior parte da população se encontra nestas fases. A seguir a área deverá ser mantida
livre de plantas hospedeiras da praga e
o próximo plantio deverá ser realizado
o mais tarde possível, em março-abril,
em ciclo de cana de ano e meio, reduzindo, desta forma, a probabilidade de
infestação a partir dos adultos que normalmente estão presentes em maiores
quantidades no período de janeiro a
março. As mudas a serem utilizadas no
plantio deverão estar isentas da praga,
sendo originárias de áreas não infestadas ou tendo sido colhidas em sistema
de corte basal alto com até 20cm acima
do nível do solo.

Adultos de Sphenophorus levis
Pragas e Doenças
Os métodos de controle que incluem a aplicação de inseticidas ou a distribuição de iscas tóxicas apresentam as desvantagens de necessitarem o dispêndio elevado com mão-de-obra e a necessidade de reaplicações constantes.
Em relação às áreas destinadas ao plantio de cana incluindo os viveiros,
recomenda-se o preparo antecipado e a inspeção das mudas provenientes
do viveiro anterior, que deverão estar totalmente isentas de qualquer forma
biológica da praga, sendo adotado o corte basal alto em situações de necessidade de uso de determinada muda com a presença da praga.

Cupins e outras
pragas de solo
Os cupins causam severos danos à cultura da cana-de-açúcar desde o
plantio, quando ocorre a destruição das gemas e das reservas dos toletes
semente; no desenvolvimento do canavial, quando se verifica a redução do
sistema radicular, dano às bases de colmos e de perfilhos; na maturação,
quando se observa a destruição dos tecidos internos dos colmos; até após
a colheita, quando é possível observar falhas na brotação das soqueiras e
redução nas reservas disponíveis para o ciclo seguinte.
Bioecologia
O termo “cupins” inclui um extenso grupo de diferentes espécies, tendo
sido identificadas 14 espécies em canaviais do Estado de São Paulo, algumas responsáveis por danos em tecidos vivos, outras oportunistas e as
demais simples decompositoras de material celulósico. Podemos incluir os
gêneros Heterotermes, Procornitermes, Neocapritermes e Syntermes entre
os principais e mais prejudiciais à cultura da cana-de-açúcar, na região Centro-Sul, e os gêneros Cylindrotermes, Velocitermes, Amitermes e Nasutitermes, na região Nordeste, apesar de alguns não serem suficientemente estudados para se confirmar a sua real importância econômica.
Prejuízos econômicos
Os prejuízos provocados por cupins foram determinados em experimentos de campo, em parcelas experimentais, submetidas a diversos produtos
químicos. Estima-se a ocorrência de perdas de, em média, 10 toneladas de
cana/ha/ano nas áreas infestadas por estas pragas de solo.
Métodos de controle
O controle atualmente recomendado baseia-se na identificação das áreas em que ocorreram danos nas touceiras de cana no ciclo que se está
encerrando, ou nas áreas destinadas à reforma, em geral após o quarto ou
quinto corte, e com base nestes dados recomendar a aplicação de controle
químico apenas onde houver potencial de dano. Com o método de levantamento de pragas de solo em áreas de reforma foi possível reduzir o controle
químico em 86%, reduzindo custos, desperdícios e riscos aos operadores e
ao ambiente. A aplicação de inseticidas deverá ser feita por ocasião da
cobrição das mudas, mediante operação tratorizada que efetua simultaneamente a pulverização dos toletes, anteriormente distribuídos no fundo do
sulco, e a cobrição das mudas.
Para a formação de viveiros, deve-se evitar o plantio em áreas infestadas
com pragas de solo, de uma maneira geral. Outro agravante consiste no fato
de ser recomendado o plantio dos viveiros próximos a coleções de águas
para facilitar as irrigações necessárias, entretanto, nestes locais não se
recomenda a aplicação de qualquer agrotóxico. Portanto, não é possível a
adoção de controle químico preventivo contra as pragas de solo em muitas
áreas destinadas ao plantio de viveiros.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

35
Cultura

O que muda no acordo
ortográfico

Biblioteca
“GENERAL ÁLVARO
TAVARES CARMO”
Etanol - a revolução verde e amarela
Ozires Silva
Décio Fischetti

O

s engenheiros Ozires Silva e Décio Fis
chetti lançaram no último dia 12, em São
José dos Campos, o livro “Etanol - a revolução Verde e Amarela”, uma obra completa sobre a evolução deste importante biocombustível.
O livro foi escrito em 264 páginas e narra
toda a trajetória do etanol desde o plantio da
cana-de-açúcar na época do Brasil Colônia,
passando pelo Pro-álcool até os dias de hoje
em que o destaque vai para as montadoras,
que desenvolveram grande tecnologia para
os carros flex.
Os dois autores são engenheiros formados pelo ITA (Instituto Tecnológico e de Aeronáutica) e não podiam deixar de relatar no
livro a tecnologia aeronáutica para uso do etanol como combustível de avião.
Hoje o engenheiro Ozires Silva, que já foi
presidente da Embraer, é reitor da Unimonte
(Centro Universitário Monte Serrat) e Décio
Fischatti é assessor e consultor de marketing
profissional.
Os interessados em conhecer as sugestões de
leitura da Revista Canavieiros podem procurar
a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto
Zanini, nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone
(16)3946-3300 - Ramal 2016

36

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
Agende-se
Fevereiro

de 2009

SHOW RURAL COOPAVEL 2009
Empresa Promotora: Coopavel Cooperativa Agroindustrial
Tipo de Evento: Exposição / Feira
Período: 09/02/2009 a 13/02/09
Estado: PR
Cidade: Cascavel
Localização do Evento: Show Rural Coopavel
Informações com: Coopavel - Francielli ou Jorge
Site: www.showrural.com.br
Telefone: (45) 3225-6885
E-mail: showrural@coopavel.com.br
CDA 2009 - CAMPO DEMONSTRATIVO ALFA
Tipo do Evento: Feira - Novidades necessárias para o
agricultor serão mostradas neste encontro.
Período: 03/02/2009 a 06/02/2009

Endereço: Avenida Fernando Machado - D
Bairro: São Cristóvão
Cidade: Chapecó/SC
País: Brasil
Telefone: (49) 3321-7000
E-mail: tecnico@cooperalfa.com.br
SHOW SAFRA 2009
Tipo do Evento: Dia de Campo - Novidades e novas tecnologias para a cultura da soja serão apresentadas.
Período: 06/02/2009 a 07/02/2009
Cidade: Lucas do Rio Verde/MT
País: Brasil
E-mail: fundario@terra.com.br
Site: www.fundacaorioverde.com.br
Telefone: (65)35491161

Revista Canavieiros - Janeiro de 2009

37
Vende-se
Vendem-se
01 Caminhão Cargo, modelo 2626,
* 154 alqueires, na região de Araano 2003.
ras-SP, 71 alqueires de cana própria,
Tratar com Thiago pelos telefones: área de laranja sem contrato com
(16) 3942 2679 ou (16) 8116 7648.
45.000 mil pés de laranja, 24 alqueires em plantio de culturas anuais com
Vendem-se
1 pivô central de 10 alqueires - R$
* 01 Trator Jonh Deere, modelo 7515 12.000.000,00
(140 cv), ano 2006, cabinado, com 1400
* Fonte de água mineral com vazão
horas, semi-novo.
de 50.000 L/h de água mineral. A docu* 01 Grade roma 22 x 28, marca Pic- mentação da área está quase pronta,
cin, ano 2006, semi-novo.
área de 46.500 m2, 20 km da Rodovia
* 01 Sub-solador 7 haste, marca Pic- Dutra, 50 km do centro do Rio de Jacin, ano 2006, semi-novo.
neiro (ótima localização), beira do asTratar com José Souza da Silva pelos falto, R$ 5.000.000,00.
telefones (34) 9974 1825 ou (34) 3459 0116.
* 133 alq., sendo 60 alq. em canarenda anual, com possibilidade de
Vendem-se
plantar mais 30 alqueires, que está em
* 04 reboques em bom estado, 02 pastagem, reserva legal e reserva pereixos, rodagem com Pneus 1100/20, Ano manente mais ou menos de 35 alquei2004 - Marca Galego;
res, represa com criação de peixes, casa
* 01 Colheitadeira TC 57 New Ho- de empregados, casa sede com piscilland, Ano 2002;
na - R$ 39.000,00/alq. Pagamento: 50%
* 01 Esparramadeira Tornado Stara ato da negociação e restante em até 5
1300, Ano 2003;
parcelas.
Tratar com Oscar Francisco da Silva
* 72 alqueires, sendo 30 alqueires
pelos telefones (17) 3325 2608 ou 9607 plantado em soja, 28 alqueires planta8300 / 8121 9113 com Emilene e 9777 5590 do em cana própria, casa de emprega/ 8122 4073 com Marco Aurélio.
do, galpão, rancho e confinamento
todo cimentado, topografia plano, rio
Vende-se
nos fundos - R$ 4.200.000,00.
01 caminhão Ford Cargo 2628 E, Ano/
* 303 alq. na região de Lins-SP,
Mod. 2006/2006, cor branco - R$ reserva de 20%, topografia plana e
150.000,00.
semi-ondulada, solo misto, pastaTratar com Aparecido Reis Raimun- gem, seringueira e plantação de mando pelos telefones (16) 3726-3601 ou (16) dioca, nascentes, rios e represas,
9262 8704 ou pelo e-mail casa sede (mansão), sala de festas,
br2500@hotmail.com.
área de lazer, georeferenciamento em
fase de finalização, ideal para consVende-se
trução de hotel fazenda ou SPA - R$
1 colheitadeira de amendoim Double Más- 15.000.000,00.
ter, ano 2000. Conservada apenas 5 safras.
* 62 alqueires, formado em cana
Tratar com João pelo telefone (16) arrendado para usina, a base de 20%
39547738 - Santa Rosa de Viterbo.
anual sobre a safra bruta, R$
65.000,00/alq.
Vende-se
Tratar com Terra Verde Imóveis Ru01 Caminhão Ford Cargo 2626, pla- rais - José Paulo Prado ou pelos telefotaforma com a julieta, dois eixos, ano nes (19) 3541 5318 ou (19) 9154 8674 ou e2005. Tratar com Rafael (17) 9773-3770. mail terraverdeimoveis@yahoo.com.br

Vendem-se
*Valtra 985/4 ano 1995, trator com 6000
horas em excelente estado- R$ 41.000,00.
* Jonh Deere 5403/4 ano 2006 - R$
57.000,00
* MF 292/4 ano 2004, trator com 2000
horas - R$ 60.000,00
* Trator de esteiras Fiatallis AD-14,
trator em bom estado - R$ 60.000,00
Tratar com ZPTratores - José Paulo
Prado ou pelos telefones (19) 3541 5318
ou (19) 9154 8674. e-mail
zptratores@yahoo.com.br
Vendem-se
* Valtra 1880-S, ano 1998
* Valtra 1880-S, ano 2001
* Valtra BH-180, ano 2002
* Valtra BH-180, ano 2003
* Valtra BH-160, ano 2005
* Valtra BH-160, ano 2006
Obs: Tratores equipados com freio,
boca de lobo e Cab Parts. Vendo ou troco por transbordo.
Tratar com João Carlos pelos telefones (16) 9137 8389 ou (17) 3343 7203 ou
pelo e-mail: jcmf1@uol.com.br
Vende-se
Carroceria de Plantio ano 2008
com apenas 3 meses de uso cor azul
feita para o caminhao v w ou ford
preço R$ 7500.00
Tratar com o Sr(a). ovidio,
pelo telefone:(17) 33612474 ou pelo
email: ovidiodinarelli@gmail.com.
Vende-de
Ford cargo 2626 2005 tracado canavieiro, no chassi, todo original. Nextel. 89*3610
MB 2219 87 traçado pronto para
caçamba sem detalhes de mecânica e
funilaria, com tomada de força. Nextel.
89*3610
Tratar com o Sr(a). CLEBER, pelo
telefone:(16) 39516982 ou 91320006 ou
pelo email: cleberravel@yahoo.com.br
40

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Perspectivas para o produtor de cana

  • 1. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 1
  • 2. 2 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 3. Editorial O que será do amanhã? E m meio à crise financeira mundial, a pergunta inevitável é: o que esperar de 2009? Para tentar traçar algumas perspectivas para o ano novo e para a nova safra, a equipe da Canavieiros foi ouvir cinco lideranças do setor: Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste; Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana; Márcio Fernando Meloni, superintendente geral da Cocred; Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana e Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto. Para eles, este será um ano de aperto, que exigirá pé no chão e planejamento, mas também poderá ser um período de oportunidades. O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, faz uma avaliação dos impactos da crise no Notícias Canaoeste e faz alguns alertas sobre como agir nesse período de incertezas. O entrevistado deste mês também mantém o otimismo. Para o prefeito recém-empossado, Nério Costa (PPS) a crise provocou problemas pontuais, mas ele lembra que em momentos de crise, Sertãozinho sempre se sobressaiu com soluções inovadoras. Ele também adianta quais serão suas prioridades para os próximos quatro anos. O Ponto de Vista abre espaço para a senadora Kátia Abreu, que foi empossada na Presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) no mês passado. Kátia é a primeira mulher a comandar a mais ampla entidade do agronegócio brasileiro. No artigo, ela detalha seus projetos e fala sobre a capacidade que o setor tem para aumentar a produção brasileira. O Notícias Copercana traz um balanço do Projeto de Amendoim da Copercana, desenvolvido em conjunto com o IAC (Instituto Agronômico). O resultado crescente obtido é mais uma prova de que esta parceria está gerando bons frutos para seus cooperados. A secção Pragas e Doenças traz o bicudo da cana-de-açúcar, presente em mais de 30 municípios da região de Piracicaba e que pode ter rápida expansão. Por esse motivo, a Canavieiros traz um artigo de profissionais do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), que explicam detalhes dessa nova praga. Ainda no Notícias Copercana há a mais nova parceria firmada com o Sebrae, que vai beneficiar os cooperados que trabalham com a ovinocultura. O projeto visa à implantação de um confinamento para cordeiros. Além de todos esses assuntos, você também poderá conferir nesta edição o balanço das exportações do setor, a estimativa de safra de grãos da Conab e a renda agropecuária prevista para este ano. Boa leitura! Cleber José Moraes e Thiago Silva assinam o Artigo Técnico deste mês, que aborda o impacto da valorização da moeda americana, por conta da crise, sobre o preço do ATR. O advogado da Canaoeste, Juliano Bortolotti, relembra os produtores e fornecedores de cana sobre a obrigatoriedade da autorização para a queima de palha da cana-de-açúcar da próxima safra. Conselho Editorial Revista Canavieiros -- Janeiro de 2009 Revista Canavieiros Janeiro de 2009 3
  • 4. Indice EXPEDIENTE Capa CONSELHO EDITORIAL: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Perspectivas para o produtor de cana Em meio à crise, o que o produtor de cana pode esperar deste novo ano? Para saber quais são as perspectivas para a nova safra a Canavieiros ouviu cinco lideranças. Pag. Pag. 20 EDITORA: Cristiane Barão – MTb 31.814 JORNALISTA RESPONSÁVEL: Carla Rossini – MTb 39.788 DESTA DESTAQUES OUTRAS Entrevista CONSECANA DIAGRAMAÇÃO: Rafael H. Mermejo REPERCUTIU FOTOS: Carla Rossini Rafael H. Mermejo P a g . Nério Costa 15 prefeito de Sertãozinho P a g . "Crise é também oportunidade" 05 P a g . P a g . Ponto de vista Kátia Abreu senadora pelo Estado de Tocantins e tomou posse na presidência da CNA Agronegócio é questão de estado 08 P a g . P a g . Notícias 10 Copercana - Projeto Amendoim: realidade e perspectivas - Copercana e Sebrae firmam parceria Notícias Cocred - Balancete Mensal INFORMAÇÕES P a g . SETORIAIS 26 28 ARTIGO TÉCNICO P a g . 30 ASSUNTOS LEGAIS P a g . 32 P a g . DESTAQUES TIRAGEM: 11.000 exemplares CLASSIFICADOS P a g . ISSN: 1982-1530 P a g . 36 37 38 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Cocred. As matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Pragas e Doenças Monitoramento e controle de pragas da cana-de-açúcar 4 4 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 DEPARTAMENTO DE MARKETING E COMUNICAÇÃO: Ana Carolina Paro, Carla Rodrigues, Carla Rossini, Daniel Pelanda, Janaina Bisson, Letícia Pignata, Rafael H. Mermejo, Roberta Faria da Silva. IMPRESSÃO: Empresa Jornalística, Editora e Gráfica Sertãozinho 16 Bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis, Cupins e outras pragas de solo. COMERCIAL E PUBLICIDADE: (16) 3946-3311 - Ramal: 2008 comercial@revistacanavieiros.com.br AGENDE-SE P a g . P a g . P a g . FOTO CAPA: Foto divulgação CaseIH CULTURA P a g . 13 Canaoeste - Comunicado aos associados Canaoeste - Queda de renda no campo Notícias 25 Pag. 34 ENDEREÇO DA REDAÇÃO: Rua Dr. Pio Dufles, 532 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-680 Fone: (16) 3946 3311 w w w.r evistacanavieiros.com.br redacao@revistacanavieiros.com.br
  • 5. Entrevista Nério Costa prefeito de Sertãozinho "Crise é também oportunidade" Da redação O prefeito de Sertãozinho, Nério Costa (PPS), assumiu o cargo sem perder o otimismo, apesar da crise. Ele conhece muito bem o setor sucroenergético e, como vice-prefeito na gestão de José Alberto Gimenez, acompanhou de perto a administração da cidade e pre- tende dar continuidade aos projetos desenvolvidos na gestão anterior. Sobre suas prioridades para os próximos quatro anos, ele lista os setores de Saúde, Educação, Emprego e Habitação e diz que irá implantar, em parceria com entidades, um APL (Arranjo Produtivo Local) para esti- mular a economia da cidade. Sobre os impactos da crise sobre o setor sucroenergético, que influencia fortemente a economia local, Nério diz que a turbulência teve impactos pontuais. Leia, a seguir, a entrevista que ele concedeu à Canavieiros. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 5
  • 6. Entrevista Canavieiros: Em sua administração, quais serão as prioridades? Nério Costa: Como destacado em nossa campanha política, dentre outras seqüências de atividades que faremos, nossas prioridades serão nas áreas de Saúde, Educação, Emprego e Habitação. Canavieiros: O que representa a crise mundial para a cidade de Sertãozinho? Costa: Esta crise, que de alguma forma afeta algumas empresas de maneira pontual, não é uma crise do setor sucroalcooleiro. Se trata, antes de mais nada, de uma crise de confiança do setor financeiro, via crédito. Costa: A Prefeitura Municipal, com todas as suas secretarias, embora não seja prerrogativa financiar o setor por não haver recursos previstos, apoiará todas as ações e demandas que as empresas e suas entidades necessitarem. Canavieiros: O desemprego é a questão que mais assusta a população nessa fase. O que a prefeitura tem a dizer aos trabalhadores? Costa: Continuaremos buscando cumprir nosso papel de apoiar fei- Canavieiros: Quem está ganhando e quem está perdendo com essa crise global? Canavieiros: Com que força ela Costa: Crise é sempre problema. (crise) chegou aqui? Contudo, em todas as crises que viveCosta: Afetou de formos, Sertãozinho, sua poma pontual algumas de "Em nossa viagem a São Paulo na última pulação e suas empresas, nossas empresas que, sempre se sobressaem com ou planejaram ampliar semana, já estamos buscando mais uma alternativas bastante inosuas atividades utilizan- escola técnica estadual para nossa cidade" vadoras e que enaltecem do-se de crédito do mernosso povo. Crise é tamcado financeiro, ou sobém oportunidade. freram com adiamentos de pedidos, ras e eventos, assim como buscar que já começam a ser regularizados. sempre, e cada vez mais, qualificaCanavieiros: A economia de Serção e formação para nossa popula- tãozinho gira, principalmente, em Canavieiros: Em relação à falta ção. Tanto é verdade que, em nossa torno do setor sucroalcooleiro. de crédito nos bancos, o que a poviagem a São Paulo na última sema- Quais serão as medidas que a prepulação da cidade pode esperar das na, já estamos buscando mais uma feitura deve adotar para ajudar o autoridades? Que medidas a pre- escola técnica estadual para nossa setor nesse momento? feitura usará? cidade. Costa: Além de apoiar nossas empresas e eventos, implantaremos, com o apoio do Sebrae, Ceise e Ciesp, um APL – Arranjo Produtivo Local. Com isso, estaremos estabelecendo uma comunicação, trazendo vantagens em toda a cadeia produtiva, organizando ações que trarão ganhos comuns. “ Canavieiros: Sertãozinho é a capital mundial da cana-de-açúcar. Muitas feiras e eventos acontecem aqui em função disso. A infraestrutura da cidade deve ser melhorada para receber os visitantes desses eventos? Costa: Esta sempre será uma linha de governos, apoiando os eventos já realizados, assim como, apoiando a vinda de novos eventos para nossa cidade. 6 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 7. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 7
  • 8. Ponto de Vista Agronegócio é questão de Agronegócio é questão de estado estado Kátia Abreu* Ao lado dos meus aliados do mundo rural, pretendo mudar a cabeça do fazendeiro e, assim, mudar a imagem negativa que a sociedade ainda tem dos produtores, vistos por muitos, de forma equivocada, como eternos dependentes de favores financeiros do governo e sistemáticos descumpridores da legislação trabalhista. Aplica-se à atividade rural uma legislação trabalhista inadequada, feita para o trabalho urbano, que admite apenas vínculo empregatício de natureza contínua. É um regime de contratação de mão-de-obra particularmente inadequado e prejudicial para a atividade rural, caracterizada por trabalho sazonal e, em muitos casos, de curta duração. Às falhas da legislação, os produtores rurais respondem com o descumprimento das normas. A informalidade no campo chega a 70% da mão-de-obra ocupada. Resultado: elevado número de autos de infração lavrados pelos fiscais do Ministério do Trabalho. Em seis anos do governo Lula, foram lavrados 15.258 autos em 1.217 fazendas. Tenho dito e repito: isso vai acabar. Vamos montar brigadas de consultores qualificados que, propriedade por propriedade, peregrinem pelos territórios mais remotos do país. Não irão ensinar a burlar a lei ou fugir dela, mas ajudá-los a implantar sistemas adequados à peculiaridade de cada um, tornando-os excelentes, mais 8 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 que irrepreensíveis, na atenção às legislações trabalhista, ambiental e outras. Foto: Agência Brasil P ela primeira vez na história do país, o agronegócio brasileiro, setor que representa 24% do Produto Interno Bruto (PIB), emprega 37% da força de trabalho e gera 36% das exportações, passa a ter uma mulher no comando. Assumo, com orgulho, coragem e determinação, a presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que reúne 27 federações estaduais, 2.142 sindicatos rurais e mais de 1 milhão de produtores sindicalizados. A CNA lutará contra todo e qualquer desrespeito à legislação, pois essa é a principal fonte do desgaste da imagem dos produtores rurais na sociedade. É um problema antigo, que vem desde os tempos dos barões do café. Muita coisa mudou, mas persistem traços dessa mentalidade antiga em algumas regiões. Temos de mudar tudo isso com informação. Para garantir mais informação ao produtor rural, a CNA promoverá cursos para ensinar pequenos e médios produtores rurais a lidar com computadores e com a internet. Acredito em mudanças e não tendo medo de fazê-las. Os consumidores, por exemplo, não nos devem agradecimentos pelos alimentos que consomem, pois pagam por eles, com dinheiro suado, os preços do mercado. Preferimos ser recompensados dignamente pelos nossos produtos, como empresários que plantaram, cuidaram e colheram visando auferir lucros legítimos. As peculiaridades do setor agrícola - relativas objetivamente ao abastecimento, segurança alimentar e até mesmo à segurança de Estado - devem ser equacionadas por políticas próprias de incentivos e compensações, transparentes, sem caráter protecionista ou paternalista, sob forma, por exemplo, de isenção de tributos, como fazem a Grã Bretanha e 34 estados norte-americanos. No Brasil, infelizmente, a carga tributária segue na contramão, onerando a produção de alimentos com impostos e contribuições da ordem de 16,9%. Bem maior que o total de tributos pagos nos Estados Unidos (0,7%) e três vezes mais que os 5,1% que incidem na cadeia de produtos alimentares da Europa. Temos de participar desse debate com o governo. Além de discutir regime tributário, leis trabalhistas e ambientais, temos de discutir ainda a expansão e melhoria do sistema de armazenamento e escoamento da produção, para preservar a competitividade do agronegócio brasileiro. As estimativas para a agricultura mundial até 2016 indicam que o Brasil tem tudo para avançar na produção, As exportações agrícolas podem garantir o crescimento, apesar da crise. Estimativas confiáveis apontam: em 10 anos, a produção aumentará em mais de 54% e o país responderá por 38% da produção mundial. A expansão ocorrerá tanto graças ao aumento da produtividade como da área plantada. Na prática, significa que o Brasil poderá ter 41% do mercado, ante os 30% de que dispõe hoje. Como prova a história da economia brasileira e como sinalizam as projeções, não estamos falando de qualquer setor. O agronegócio é uma questão de Estado. *Kátia Abreu é senadora pelo Estado de Tocantins e tomou posse na presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) no dia 23 de dezembro.
  • 9. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 9
  • 10. Notícias Copercana Projeto Amendoim: Projeto Amendoim: realidade e perspectivas realidade e perspectivas Edgard Matrangolo Junior Agrônomo - Encarregado Técnico de Projetos da Copercana O Projeto de Amendoim da Copercana está em sua terceira safra e desde o seu início foram obtidos progressos significativos tanto quanto ao recebimento do produto na cooperativa como em informações técnicas para orientar os produtores. Vista aérea da Unidade de Grãos da Copercana (Uname) Na safra 2006/07 os produtores que participam do projeto plantaram 10.233,22 hectares de amendoim e entregaram 1.358.493,44 sacas (25 kg). Já na safra 2007/08 foram plantados 11.284,52 hectares e entregues 1.569.770 sacas. Na safra atual, foram plantados 11.777,14 hectares com uma estimativa de recebimento de 1.754.552 sacas. Todo o amendoim recebido pela cooperativa é proveniente do projeto. Através da parceria com os produtores foi possível, através de experimentos sob a orientação dos pesquisadores da Unesp de Jaboticabal, uma definição quanto aos melhores produtos para o controle das doenças foliares da cultura. Através de uma parceria com o IAC (Instituto Agronômico), com o Dr. Ignácio Godoy, estão em desenvolvimento novas cultivares de amendoim, das quais, a variedade IAC-213 – rasteira com película vermelha - já está registrada. Outras duas variedades alto oléicas rasteiras (IAC-503 e IAC505) encontram-se em testes e estudos de multiplicação. Nesta safra estão em testes os produtos à base de clorotalonil existentes no mercado, com o objetivo de não haver dependência de uma determinada marca e também indicar com segurança um produto com um custo menor . Estão sendo feitos testes com inseticidas sozinhos ou em 10 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 mistura visando melhor controle das pragas da cultura. Com isso, será possível determinar o nível de infestação de doenças foliares tolerado pela cultura para que se iniciem as aplicações de fungicidas sem causar perdas na produção. Testes com herbicidas também estão sendo realizados para buscar novas alternativas para o controle das ervas daninhas na cultura. Tudo sob orientação dos pesquisadores da Unesp de Jaboticabal. Para o gerente da Unidade de Grãos da Copercana, Augusto César Strini Paixão, “é primordial que os produtores se conscientizem da necessidade de produzir com um custo menor e com qualidade total”, explica. Visando atender as exigências dos compradores do mercado externo e também a obtenção do selo de qualidade ISO 22.0000, a Copercana contratou um profissional para exercer o cargo de coordenador de Qualidade, bem como, uma empresa para prestar consultoria neste segmento. Para a próxima safra, a Copercana pretende melhorar ainda mais o projeto e buscar resultados positivos para a adubação da cultura. Como praticamente toda a produção obtida é voltada para a exportação, é preciso atender as exigências dos compradores, tanto com a rastreabilidade da cultura (através do caderno de campo) como na qualidade do produto recebido. A cooperativa também está realizando um treinamento para operadores de máquinas (em parceria com a empresa Miac) visando reduzir perdas na colheita e melhorar a qualidade do produto final. A próxima etapa é realizar uma reunião com os produtores para demonstrar a importância da qualidade do produto e as exigências dos compradores do mercado externo.
  • 11. Notícias Copercana Copercana e Sebrae firmam parceria Carla Rodrigues Projeto beneficia cooperados com criação de confinamento para cordeiros A Copercana e o Sebrae firmaram parceria no final de 2008 para a implantação de um confinamento coletivo de cordeiros. Com essa iniciativa, os cooperados poderão aproveitar áreas que não são utilizáveis no plantio da cana para gerar empregos no campo, promover integração e aumentar a renda do produtor. “A ovinocultura é uma atividade propícia para a região de abrangência da Copercana, pois ocupa pequenos espaços nas propriedades e tem uma boa procura no mercado. Além disso, se for bem administrada, pode gerar renda extra”, explica o veterinário Gustavo Leal Lopes. A parceria pretende facilitar a comercialização, já que essa é uma das dificuldades dos pequenos criadores. É que os compradores preferem fazer negócio com os produtores que têm capacidade de abastecimento. Outro obstáculo que os pequenos criadores enfrentam é quanto ao padrão de qualidade, o que torna ainda mais difícil a venda para frigoríficos. “A Copercana, pensando no futuro da atividade, está estudando a possibilidade de emitir selo de qualidade da cooperativa em cortes de cordeiros”, afirma o veterinário. O projeto está sendo implantado no Capril, localizado na Unidade de Grãos da Copercana (UNAME). Os cooperados que participarem do projeto vão receber orientações dos profissionais do Sebrae e terão de adotar o PCBPPO (Protocolo Copercana de Boas Práticas), que traz normas sobre controle sanitário, melhoramento genético, controle reprodutivo, administração financeira, entre outras. “Poderemos chegar a uma dimensão de 800 cordeiros confinados durante todo o ano, o que não impede que esse número aumente de acordo com a procura dos interessados em participar”, disse o Lopes. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 11
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  • 13. Notícias Canaoeste Comunicado aos associados Canaoeste Plano de eliminação gradativa da queima da palha de cana-de-açúcar e protocolo agroambiental do setor sucroalcooleiro SAFRA 2009/2010 Prezado(a) Fornecedor(a) Associado(a), Comunicamos a Vossa Senhoria que a CANAOESTE estará executando novamente este ano a elaboração dos obrigatórios Requerimentos de Autorização de Queima Controlada da Palha de Cana-de-Açúcar para seus Associados. Os Escritórios da Canaoeste estarão realizando, a partir do dia 2 de Fevereiro de 2009, os Requerimentos de Autorização da Queima da Palha de Cana-de-Açúcar para a Safra 2009/2010. Os Fornecedores(as) Associados(as) que tiveram expansões em seus canaviais, aquisições de propriedades por compra ou arrendamento, dentre outras situações, nas quais a área total ou soma das áreas contíguas à serem colhidas na safra 2009/2010 sejam iguais ou superiores a 150 ha cultivados com cana-de-açúcar, deverão procurar nossos Escritórios até o dia 5 de março de 2009 para que possam ser agendadas visitas dos topógrafos para efetuarem as medições necessárias das áreas. Lembrando que o prazo para indicação, nos mapas, das áreas que serão colhidas com ou sem queima, na safra 2009/2010, deverá ser feita até o dia 20 de março de 2009. Na safra 2008/2009, por perda de prazo, muitos Fornecedores(as) Associados(as) não fizeram o Requerimento de Autorização da Queima da Palha de Cana-de-Açúcar, exigindo que a colheita da cana-de-açúcar tivesse que ser totalmente crua, mesmo em áreas não mecanizáveis. Portanto, solicita-se que os associados procurem a Canaoeste do início de Fevereiro até o dia 31 de março de 2009 para que sejam feitos os Requerimentos de Autorização da Queima da Palha de Cana-de-Açúcar, em prazo hábil, cumprindo assim, a legislação vigente. Pede-se acompanhar sempre na revista Canavieiros da CANAOESTE ou entrar em contato com os Escritórios da CANAOESTE, para obter informações complementares sobre o Plano de Eliminação Gradativa da Queima da Palha de Canade-Açúcar da safra 2009/2010. Aproveitando o momento, os Fornecedores(as) Associados(as) poderão aderir ao Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro. Para maiores informações sobre o Protocolo, favor, procurar uma de nossas Filiais abaixo relacionadas. Atenciosamente, Manoel Carlos Azevedo Ortolan Diretor-Presidente CANAOESTE Filiais Cravinhos Sertãozinho Morro Agudo Pit angueiras Pont al Serrana Severínia Viradouro Barret os Bebedouro Endereço R. Manoel G. Santos, 1599 R. Dr. Pio Dufles, 532 Rua José Jorge Junqueira, 995 R. Ceará, 1170 R. 7 de S etembro, 164 Av. Habib Jábali, 355 Av. Nelo Calisse, 267 Praça M ajor Joaquim, 219 Av. Engº Necker carvalho de Camargo, 2135 Av. Raul Furquim, 1181 Telefone (16) 3951-9400 (16) 3946-3300 (16) 3851-6660 (16) 3952-9800 (16) 3953-9200 (16) 3987-9300 (17) 3817-3100 (17) 3392-4041 (17) 3323.3366 (17) 3342.4454 Responsável Fernanda Michelle Aline Francine Jacqueline Luana Danila Juliana Eloisa Tamires V ALORIZE SUAASSOCIAÇÃO PARTICIPANDO DELA. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 13
  • 14. Notícias Canaoeste Queda de renda no campo Queda de renda no campo Manoel Carlos de Azevedo Ortolan* J á considerando os efeitos da crise sobre a produção, o Ministé rio da Agricultura calcula uma redução de 7% na renda agrícola em 2009, em comparação com o ano anterior. De acordo com os dados oficiais, no ano passado o valor da produção agrícola - obtido pela multiplicação da quantidade produzida pelo preço recebido pelos agricultores – foi de R$ 163,3 bilhões e o estimado para este ano é R$ 151,9 bilhões. Isso significa uma redução de R$ 11,3 bilhões no rendimento “da porteira para dentro”, o que atinge certeiramente o produtor rural, com reflexos no círculo da economia – se há menos renda sendo gerada, haverá menor demanda de mão-de-obra, de insumos e assim por diante. Como o agronegócio corresponde a perto de 40% do PIB nacional, a perda de renda no campo tem efeitos muito nocivos para toda a economia. Sinal de que este ano exigirá muita cautela por parte dos produtores. O cálculo do Ministério considera 20 produtos e desses, 14 apresentaram declínio. Os fatores mais importantes para a redução na renda foram as condições climáticas, os preços baixos das commodities agrícolas e a falta de crédito para o fi- nanciamento agrícola. As maiores quedas na renda devem ser no trigo (33,6%), milho primeira safra (26,7%), cebola (20%) e algodão herbáceo (14%). No caso da cana, a perda de renda estimada é de 1,6%: em 2008, o valor da produção dessa cultura foi de R$ 21,3 bilhões e o estimado para este ano é R$ 20,9 bilhões, o menor dos últimos quatro anos. Em comparação com outros produtos agrícolas, a queda na cana será menos acentuada, o que não significa, necessariamente, que os canavieiros estejam imunes à crise. Há rendimento. Necessário considerar também que o aumento na produção acaba, de certa forma, aliviando a queda na renda projetada pelo Ministério da Agricultura. Enquanto os grãos devem ter uma redução de 4,9% na produção de acordo com a estimativa mais recente da Conab de 137 milhões de toneladas contra os 144,1 milhões/ ton da safra passada -, a cana deve continuar em crescimento. Segundo a Unica, até dezembro, as indústrias da região Centro-Sul processaram 496,7 milhões de toneladas, 15,4% acima do acumulado no mesmo período da safra anterior. Pelas projeções da Datagro, divulgadas antes do balanço da Unica, a próxima safra brasileira será próxima de 590 milhões/toneladas. Apesar das notícias da crise provocarem uma natural preocupação e até um certo desânimo, é preciso tocar a vida adiante e enfrentar as dificuldades. Os cenários são positivos para o açúcar e etanol, os preços da matéria-prima apresentam uma ligeira reação e há um recuo, mesmo que tímido, no preço de alguns insumos, como os fertilizantes, que na safra passada pressionaram fortemente os custos para produzir. Para atravessar o deserto, não há milagres. É preciso ter o pé no chão, pensar duas vezes antes de fazer qualquer investimento, reduzir custos e continuar produzindo. Da mesma forma que a crise se instalou, ela irá se dissipar. *presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) 14 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 15. Notícias Canaoeste Consecana CIRCULAR Nº 12/08 DATA: 30 de dezembro de 2008 Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Est ado de São Paulo A seguir, informamos o preço médio do kg do ATR para efeito de emissão da Nota de Entrada de cana entregue durante o mês de DEZEMBRO e ajuste parcial da safra 2008/2009. O preço médio do kg de ATR para o mês de DEZEMBRO, referente à Safra 2008/2009, é de R$ 0,2653. O preço de faturamento do açúcar no mercado interno e externo e os preços do etanol anidro e hidratado, destinados aos mercados interno e externo, levantados pela ESALQ/CEPEA, nos meses de ABRIL a DEZEMBRO e acumulados até DEZEMBRO, são apresentados a seguir: Os preços do Açúcar de Mercado Interno (ABMI) incluem impostos, enquanto que os preços do açúcar de mercado externo (ABME e AVHP), do etanol anidro e hidratado carburantes (AAC e AHC), destinados à industria (AAI e AHI) e destinados ao mercado externo (AAE e AHE), são líquidos (PVU/PVD). Os preços líquidos médios do kg do ATR, em R$/kg, por produto, obtidos nos meses de ABRIL a DEZEMBRO e acumulados até DEZEMBRO, calculados com base nas informações contidas na Circular 01/08, são os seguintes: Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 15
  • 16. Notícias Cocred Balancete Mensal Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho BALANCETE - NO VEMBRO/2008 Valores em Reais 16 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 17. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 17
  • 18. 18 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 19. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 19
  • 20. Reportagem de Capa Perspectivas para o produtor Perspectivas de cana de cana Da redação E m meio à crise, o que o produtor de cana pode esperar deste novo ano? Para saber quais são as perspectivas para a nova safra e o que o fornecedor deve fazer para enfrentar esse momento de turbulência mundial, a Canavieiros ouviu cinco lideranças: Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste; Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana; Márcio Fernando Meloni, superintendente geral da Cocred; Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana e Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto. Eles traçam um cenário que exigirá cautela e planejamento e dão suas impressões sobre os reflexos da crise. Leia, a seguir, as entrevistas que eles concederam à Canavieiros. Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste preocupação. Esse ano deve ser mais difícil para o produtor, mesmo com preços mais favoráveis. Há dificuldades no recebimento pela matéria-prima e, com isso, os produtores têm de buscar recursos em bancos, nas cooperativas, e o crédito está mais escasso e caro. Há os riscos também na contratação de mão-de-obra, o preço da terra está caindo, sem falar dos riscos que o produtor corre em ser multado porque é sempre alvo de legislações draconianas e penalizações. Produzir no Brasil hoje é, de certa forma, desanimador. Quais as expectativas para o setor neste ano? Manoel Ortolan: Eu espero um ano melhor do que 2008. Dentro dos fundamentos do setor sucroenergético é esperado que o ano, em termos de preço para o açúcar, seja melhor. Não se pode dizer o mesmo para o álcool em função de uma provável menor exportação do produto, mas sabemos que a produção de álcool deverá ser ajustada para o consumo, à demanda do ano, não deverá haver falta de produto. Assim, o mercado melhor que a gente vislumbra para próxima safra é o de açúcar. Em termos de economia, temos que admitir que ninguém trabalha para perder dinheiro. Então temos que ser otimistas, acreditar que o trabalho e o esforço coletivo poderão mudar o rumo das coisas. A crise desanimou o produtor de cana? Ortolan: Crises sempre causam 20 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 O que fazer em tempos de crise? Ortolan: É preciso muita cautela e planejamento. Ter o pé no chão e não investir no que não é realmente necessário e conservar uma reserva, se possível. Tem de ser feito todo o esforço para manter a produção, já que a lavoura é o ganha-pão do fornecedor de cana. O senhor acha que o novo governo nos Estados Unidos deve amenizar a situação da economia mundial? Ortolan: A gente hoje entende que a economia não vai bem, há muitas incertezas, falta de crédito. Estamos vivendo a expectativa da mudança de governo nos EUA, já que o rumo a ser tomado pelo novo presidente, Barack Obama, deverá nortear mudanças em toda a economia e esperamos que seja para melhor. De qualquer forma, para as empresas como um todo e para nós, cidadãos individualmente, é importante ter o pé no chão. Sabemos que se todo mundo parar, a roda para. Então, é preciso continuar. A gente sabe que ninguém vai deixar de comer, de vestir, a saúde vai precisar estar funcionando mesmo que de uma maneira mais moderada, mas tudo precisa caminhar e vai caminhar. Então vamos torcer. A crise não é só desgraça, é também um momento de oportunidades para muitos. O Brasil tem condições de se beneficiar nesse momento, em função de ser um país produtor e exportador de commodities e pode, com isso, atender a outras regiões que certamente poderão ter mais dificuldades. Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana Os fundamentos do setor sucroenergético para 2009 são favoráveis. No entanto, os custos de produção estão acima da remuneração da cana. O que o produtor pode esperar nesta nova safra? Antonio Eduardo Tonielo:Aexpectativa da cana é melhor do que a de qualquer outra cultura para essa safra, mas ainda somos muito dependentes do mercado internacional. Hoje o preço do álcool está ruim. Já o preço do açúcar está um pouco melhor e provavelmente vamos depender desse mercado. Mas, nes-
  • 21. Reportagem de Capa ses anos de experiência, eu ainda acho que vamos atravessar uma safra que não vai ser muito negativa. Vai ser uma safra até mais positiva, porque o consumo de álcool é alto e de açúcar vai ser bom e, se nós tivermos uma melhoria do álcool lá fora, isso completará a nossa safra. Se nós não tivermos essa melhoria, vamos ter uma safra que não será ruim, mas que também não será excelente. Vai ser uma safra moderada. Ainda acho que vamos depender também do fator clima e disso tudo vai depender o preço. É difícil falar em janeiro sobre uma safra que vai começar só em abril/maio. O pior da crise já passou? Tonielo: Não, o pior da crise não passou. O pior está por vir nesse primeiro semestre. A gente percebe que a situação de todos piora neste primeiro trimestre. Nós viemos com um ano muito bom até outubro/novembro. Então ninguém sentiu nada ainda em nosso setor. Acho que nosso setor vai sentir nesses quatro, cinco meses da safra que vamos ter. É uma época de ficar muito precavido, de gastar somente com o que precisa. Tenho certeza que muita gente deixou de adubar, talvez plante alguma coisa que tenha bem menos adubo. Isso talvez seja benéfico para o futuro porque diminuindo a produção, nós melhoraremos no preço. A Copercana sentiu, de alguma forma, os efeitos da crise? Tonielo: Claro, mas não a Copercana e sim o cooperado. Quando o cooperado sente e não paga a conta, atinge a Copercana. Ainda bem que a Copercana é muito bem estruturada, porque se não fosse, complicaria. Nós conseguimos, com toda essa estrutura, atravessar o ano sem maiores problemas, com as contas todas em dia e com uma expectativa de começar a receber as contas dos cooperados a partir de janeiro. Tudo isso estamos fazendo para que o cooperado, quando começar com safra de grão ou cana, comece a voltar o dinheiro para dentro da Copercana, pois a Copercana aguentou porque está muito bem estruturada. O que deve fazer o produtor de cana para atravessar essa fase de turbulência? Tonielo: Deve gastar o mínimo possível, fazer muita economia, trabalhar com muita precaução. Porque quer queira, quer não, a grande maioria dos cooperados, como tem financiamento fácil, se endivida muito fácil também. Eu acho ainda um grande defeito do produtor, que ele não aprendeu, é ter que trabalhar com o capital próprio. Todos que trabalham com capital próprio, com recursos próprios, atravessam a crise mais fácil. Quem depende só de capital de terceiros, quando chega a crise, não tem para onde ir, o banco não dá dinheiro e acaba afundando de uma vez por todas. A produção de grãos deve ser reduzida por conta, entre outros fatores, de um menor uso de tecnologia, já por efeito da crise. Isso pode acontecer com a cana? Tonielo: Eu até acho que a produção de grãos deve cair e não é tanto por menor uso de tecnologia e sim por problemas climáticos que tivemos. Enchentes em Santa Catarina, seca no Paraná, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso, uma grande parte do Centro-Oeste foi muito prejudicada pela seca. Então acho que vamos ter, além da tecnologia, problemas climáticos. Teve lugar que choveu bem e a produção vai ser boa. Então eu acredito que vamos ter uma diminuição e é claro que a cana também vai sofrer. Esse efeito vai vir nas próximas safras com redução de produção e talvez com isso haja uma melhoria de preço. Às vezes a gente paga caro por produzir muito. O defeito do Brasil, do brasileiro e do governo é esse: todo ano que você produz bem, você paga uma conta muito cara. Vai chegar uma hora que isso vai precisar mudar, porque ninguém pode pagar conta cara porque produziu bastante. Ele tem que ter quem segure o produto dele para ele poder vender depois e diminuir a produção para o futuro, senão ficamos sempre nessa roda. Ele quebra, pede concordata, fica sem pagar o banco, causa pressões. V chegar uma hora ai que tem que parar. Você não pode pagar porque produz bastante, tem que pagar quem não produz. O governo vai ter que mudar. Nós estamos pagando caro para produzir muito. Estamos vendo o açúcar, em dois anos, no alto da produção e os preços caindo. Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana O produtor de cana sofre há várias safras com o aumento nos custos de produção e queda no preço da matéria-prima. Como foi a safra passada? Ismael Perina Júnior: Na verdade tivemos uma safra 2006/2007 bastante interessante, pois os preços foram bons e os custos se encontravam em patamares razoáveis. De lá pra cá o que aconteceu é extremamente grave. Na safra 2007/2008, quando os custos experimentaram um aumento significativo, sofremos bastante, pois os valores recebidos ficaram bem abaixo do custo de produção. Já nesta safra 2008/2009, praticamente encerrada, é que estamos realmente sofrendo um grande impacto, pois já vínhamos de uma safra ruim e a safra que se encerra está com preços também abaixo dos custos de produção, com o agravante da crise econômica mundial, que afetou diretamente a questão de liquidez e conseqüentemente a maior dificuldade dos produtores. Apesar de os custos em alguns aspectos estarem decrescentes neste momento, ainda é muito pouco em relação ao que necessitamos para continuar produzindo. Realmente esta safra que se encerra deixa muita preocupação para todo o setor sucroenergético. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 21
  • 22. O que esperar desta nova safra? Perina Júnior: Realmente é uma grande incógnita. Entendo ainda ser bastante prematuro falar sobre ela, mas na verdade o que se nota é que teremos uma produção de cana-de-açúcar ainda maior nesta safra 2009/2010. Tivemos uma sobra de cana sem moer bastante grande, existe um número representativo de usinas que iniciam moagem nesta próxima safra, a estratégia da maioria das empresas e produtores foi de reformar menos área, e apesar do menor investimento na lavoura por conta dos altos custos, a previsão é que tenhamos maior quantidade de cana a ser moída. Resta saber como será o comportamento das empresas que moem essa cana, e se estarão em condições de industrializá-las. Vivenciamos uma crise atual de crédito de grandes proporções e não sabemos ainda os seus reflexos até o início da safra e, conseqüentemente, sobre toda a safra que se aproxima. Certamente é necessário um pouco mais de tempo para poder visualizar melhor o cenário. Mas, com certeza, os produtores devem se preparar para enfrentar este que deve ser um ano ainda difícil para a produção de cana, pelo menos até o meio da safra. Esperamos que o mercado de açúcar realmente tenha a melhora esperada e que o álcool continue com o consumo do ano passado e que se consiga exportar um pouco mais de álcool, pois assim certamente teremos uma melhora de preço desses produtos no segundo semestre, permitindo uma pequena recuperação dos produtores de cana. Quais as gestões da Orplana junto aos governos para proteger o fornecedor de cana das conseqüências da crise? Perina Júnior: Acredito ter sido um ano onde a Orplana mais participou ativamente junto aos governos federal e estadual. Infelizmente é aquilo que a gente já sabe: é duro sensibilizar um governo, mesmo relatamos o problema e a produção vem aumentando ano a ano. Temos prejuízos e a produção aumenta 50 milhões de toneladas por ano. Em contrapartida, qualquer atitude por parte do governo para nos auxiliar significa aumento de preço de álcool e de açúcar, o que pode gerar problemas de inflação. Proteger 60 mil produtores rurais, ou, 22 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 Foto divulgação : CaseIH Reportagem de Capa pensando no imediatismo, proteger uma população inteira minimizando o aumento da inflação? Apesar de todos os nossos argumentos, a insensatez do governo é um negócio de espantar, pois sabemos dos riscos no médio e longo prazo. O governo não foi sensível com a gente quando, para fazer seus ajustes nos combustíveis, aumentou o preço do diesel e manteve os preços da gasolina. Penalizou-nos duas vezes, pois aumentou os custos com o aumento do diesel e não permitiu que o álcool tivesse aumento de preço, pois o seu referencial é o preço da gasolina. E por aí vai. Estamos vendo socorro a vários setores após o estouro da crise econômica e não conseguimos sensibilizar as autoridades com relação aos nossos problemas. Realmente a tarefa não está fácil. O governo federal autorizou a criação de uma subvenção emergencial por tonelada aos produtores de cana do Nordeste. Essa política de garantia de preços mínimos se adequaria à região Centro-Sul? Perina Júnior: Entendo ter sido um ponto importante, principalmente para a produção do Nordeste, pois as condições de produtividade e dificuldade naquela região são muito maiores que as do Centro-Sul. Independente disso, a Orplana participou de todas as reuniões relativas a este assunto e nos foi pedido um voto de confiança para que apoiássemos essa política para o NE, que seria um primeiro passo para futuras mudanças para todo o segmento de produção de cana do país. Os recursos para tal fim eram pequenos e se todo o Centro-Sul mais o Nordeste entrassem fazendo a solicitação, provavelmente não teríamos nada para ninguém. Os volumes do Centro-Sul são muito grandes e a necessidade de recursos muito maior. Achamos por bem ir nessa linha, que foi uma linha proposta pelo próprio governo federal. Já com relação à política de preços mínimos, assunto também que vem sendo largamente discutido, propusemos que dentro da própria Câmara Setorial esse assunto seja discutido e encaminhado de uma forma que traga realmente benefícios para os produtores como um todo. Da forma como veio inicialmente a proposta, não atingiria todos os produtores e poderia nos trazer muito mais problemas do que soluções. Mas em nenhum momento a Orplana se recusou a conversar sobre este assunto e vai continuar conversando sobre o tema na Câmara Setorial.
  • 23. Reportagem de Capa Qual o seu conselho aos fornecedores independentes de cana? Perina Júnior: Bem. O quadro está aí. As projeções de safra indicam uma quantidade bastante grande de produção de cana. Os produtores têm que insistentemente estar procurando suas associações para coletar informações de comportamento de mercado para tentar visualizar o que poderá acontecer e dentro disso tudo procurar adequar os seus orçamentos à realidade que estamos enfrentando. É fácil? Claro que não é, mas é a única forma de ficarmos vivos para colher os frutos lá na frente, que certamente serão produzidos. Sabemos que agricultura, mais do que outras atividades, vive de altos e baixos, e é nossa obrigação estarmos prontos para estas crises. Já passamos por muitas crises e muitos de nós sobrevivemos. Não vai ser nessa que todos morreremos. Irão haver ajustes naturais, principalmente os provocados por uma euforia sem mensurações dos riscos, e após esta fase, muitos de nós estaremos produzindo e obtendo margens de lucro satisfatórias como em outras ocasiões. Márcio Fernando Meloni, superintendente geral da Cocred Meloni: A fluidez de recursos externos provavelmente ainda deve demorar até que o mercado internacional comece a dar sinais de recuperação, mas internamente a crise só vai demorar a passar para aqueles que já vinham com problemas ou investiu mais do que poderia. Como o mercado mantém um certo pessimismo principalmente para o primeiro semestre, fica muito difícil fazer uma previsão de quanto tempo ainda vamos enfrentar problemas. Acho que aqui no Brasil as coisas devem ser menos problemáticas. Pelo que lemos na imprensa, a crise, de certa forma, serviu para chamar a atenção para a importância das cooperativas de crédito. Podemos afirmar que isso é certo? Meloni: De certa forma é verdade. Apesar de boa parte do sistema financeiro ter sido afetado e os recursos se tornarem escassos, nós, da COCRED, mantivemos o atendimento ao cooperado procurando distribuir, dentro do quadro associativo, os recursos disponíveis para causar o menor impacto possível nas suas produções. Foto divulgação : CaseIH Um dos primeiros efeitos da crise foi o aperto no crédito. Isso deve continuar? Márcio Fernando Meloni: Isso aconteceu de maneira mais acentuada no início da crise, mas já está querendo se normalizar. O problema ainda persiste em algumas instituições financeiras e para os recursos que vinham de fora através de captação de fundos. Nesse caso, (o aperto) deve continuar por mais algum tempo. O governo sinalizou que daria um alívio às cooperativas. Isso ocorreu? Meloni: A crise ocorreu em um momento em que as cooperativas assumiram compromissos com fornecedores de insumos. No momento em que o produtor mais precisou delas - pelo início do plantio de grãos e custeio do canavial - contando com recursos já programados das instituições financeiras, os bancos, em grande parte, não cumpriram a programação, deixando as cooperativas em uma situação difícil. Este tipo de acontecimento é como uma doença, que você precisa de um médico para aquele momento e vão marcar uma consulta para 30 dias. É mais ou menos isso que está acontecendo. O governo tem falado muito, sinalizando recursos para o sistema cooperativo, mas, na verdade, de prático pouco se viu nesse sentido, pois tem sempre um entrave burocrático. Nas cooperativas de crédito os juros subiram? Meloni: Praticamente todos os recursos do sistema financeiro ficaram mais caros com o início da crise e, como as cooperativas precisam desses recursos, também os juros ficaram um pouco mais caros, mas bem inferiores aos praticados no mercado financeiro. Os reflexos da crise devem perdurar por muito tempo? Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 23
  • 24. Reportagem de Capa Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto Grande parte das usinas deve donados, a indústria de Sertãozinho emendar uma safra à outra e a entres- mesmo, o Ceise, fez essa previsão. Mas safra será menor. Isso terá reflexo, de esses projetos que foram abandonaalguma forma, nos preços do etanol no dos, na verdade, podem ser um problemercado interno? ma bom porque vai haver um enxugaSérgio Prado: A gente tem a ex- mento de projetos que não eram muito pectativa de que a safra possa come- sérios, que eram aventuras, capital esçar com vigor em março, mas ainda é peculativo. O projeto saudável é benuma hipótese. Com relação ao preço vindo e certamente vai acompanhar a não tem como estimarmos para cima e tendência que temos de expansão e virá ou para baixo porque isso vai muito a ser construído. do acerto tradicional entre a demanda, que está aquecida, e a oferta, que ainQuais são as perspectivas para a da não fechou a safra. Esperamos que indústria para 2009? o preço seja melhor, que remunere Prado: Temos agora esse cenário melhor a atividade. Já vivemos um ano de escassez de crédito, esse é o primeide preço baixo e o ano anterior, 2007, ro passo a ser resolvido. Esperamos também foi assim. uma normalidade porque nós sabemos que os nossos produtos são viáveis, Por conta da crise, algumas indús- temos produtos que são utilizados em trias atrasaram o pagamento ao forne- larga escala no mundo. cedor de cana. Essa situação deve se No caso do açúcar, o Brasil é o princria uma maior fatia de mercado que ainnormalizar? cipal exportador e as empresas fabri- da não existe, que é a segunda geração Prado: Na verdade, o que temos de cantes de açúcar têm expandido o mer- de produtos e temos também a quesavaliação do pagamento dos fornece- cado externo principalmente. O etanol tão energética. Então a perspectiva dores pelas empresas foram problemas também é um produto que tem uma para indústria como um todo é grande. localizados, não é um problema gene- demanda aquecida, nós temos o carro ralizado, quero frisar isso. O pagamen- flex para mostrar. O mercado externo Em relação à questão do desempreto dos contratos dos fornecedores será ainda está em construção, mas já tive- go no setor por conta da crise. Qual a normalizado. Acreditamos nisso e as mos uma expansão desse ano em rela- visão da indústria? empresas têm todo interesse de buscar ção ao ano passado e acreditamos que Prado: A nossa visão sobre o ema normalidade. possamos ocupar uma boa fatia do prego: tem a questão de geração de mercado externo com o passar dos novos postos de trabalho em função Com a crise, os projetos de expan- anos. E temos a questão do plástico. da ampliação das empresas, da expansão sofrerão atrasos? Temos projetos já anunciados no Bra- são da atividade. O segundo ponto: Prado: Muitas empresas já estavam sil de plantas que fabricarão esse pro- temos de lidar com a mão-de-obra que com os projetos em andamento e não duto a partir do etanol. Temos na re- vai ficar desocupada por causa da mepodem ser abandonados, tanto que ti- gião de Ribeirão Preto dois projetos canização. Nós estamos em um procesvemos, no último ano, uma previsão de importantes. E temos o projeto da pró- so adiantado e constante de mecanizainauguração de 32 usinas e dessas, só pria Braskem, que é a maior fabricante ção. Então essas pessoas que trabatrês não entraram em operação ao lon- desse setor da petroquímica. Emissári- lham no corte hoje precisam ser treinago da safra passada. Temos notícias do os deles já estiveram aqui na região e das para outras atividades mais sofismercado de que projetos foram aban- foram recebidos na Unica. Então, isso ticadas e de melhor remuneração. 24 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 25. Repercutiu “A tendência é essa: de até mais de 50% da cana virar açúcar, não álcool. Os preços do açúcar estavam muito baixos, mas, com a questão do câmbio [a maioria é exportada], será melhor produzir açúcar, já que o produtor vai receber mais reais por ele.” Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio. “Mesmo com a queda nas vendas de veículos novos nos últimos dois meses, a parcela de carros vendidos flexíveis continua muito elevada, perto dos 90% de todos os automóveis vendidos no País. Com a decisão do governo, além de economizar no combustível e dar uma contribuição importante para o meio ambiente, os compradores de carros flex darão ainda mais sustentação à demanda por etanol no mercado interno.” Presidente da Unica, Marcos Jank. “Vão errar. Podem ficar certos de que vão errar. Eu só estou dizendo que os economistas que estão apostando no crescimento de 2% vão errar. Agora, mesmo com esse pessimismo, veja a diferença do Brasil para os outros países. O problema é que no mundo desenvolvido eles estão discutindo a recessão, e nós estamos discutindo se vamos crescer 4, 3, 2 ou 5%. Nós, governo, vamos trabalhar para crescermos o máximo possível, e o governo continua trabalhando com a possibilidade de fazer com que o crescimento chegue a 4%.” Presidente Lula, ao rejeitar as previsões de economistas Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 25
  • 26. Informações Setoriais CHUVAS DE DEZEMBRO CHUVAS DE DEZEMBRO e Prognósticos Climáticos e Prognósticos Climáticos N o quadro abaixo são mostradas as chuvas que ocorreram durante o mês de DEZEMBRO de 2008, em vários locais da região de abrangência da CANAOESTE. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Assessor Técnico Canaoeste A média das observações mensais de chuvas, no mês de DEZEMBRO, ficou acima das médias históricas. Com exceções da Algodoeira Donegá, Central Energética Moreno e CFM-Três Barras, nos demais locais as chuvas foram próximas ou acima das respectivas normais climáticas. Mapa 1: Água Disponível no Solo, no período de 18 a 21 de DEZEMBRO de 2008 Com exceções da faixa Leste e do extremo Nordeste do Estado de São Paulo, a baixa para crítica Disponibilidade de Água no Solo (Mapa 1), no período de 18 a 21 de dezembro, pouco diferiu da Disponibilidade Hídrica observada ao final do mês de novembro, deixando bem evidente a severa condição climática por que passou e passa a Região Oeste do Estado. 26 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 ÁGUA, usar s ÁGUA, usar s Protejam e preservem as n Protejam e preservem as n
  • 27. Informações Setoriais Mapa 2: Água Disponível no Solo, ao final de DEZEMBRO de 2007 Mapa 3: Água Disponível no Solo, ao final de DEZEMBRO/2008 e início de JANEIRO/2009 Ao final de DEZEMBRO de 2007, com pequenas exceções, o índice de Água Disponível no Solo encontrava-se baixo a crítico em quase toda área canavieira do Estado, como mostrado pelo Mapa 2 . Em DEZEMBRO/2008 JANEIRO/2009, pelo Mapa 3, nota-se que as melhores condições hídricas do solo ficaram concentradas em toda faixa Leste e Central do Estado de São Paulo, acentuando ainda mais as adversidades em umidade do solo no extremo Noroeste paulista e na Região de Araçatuba. Para subsidiar planejamentos de atividades futuras, a CANAOESTE resume o prognóstico climático de consenso entre INMET-Instituto Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de janeiro e fevereiro. sem abusar ! sem abusar ! nascentes e cursos d’água. nascentes e cursos d’água. Ao longo da faixa equatorial no Oceano Pacífico Oeste, estão sendo notadas reduções das temperaturas da superfície do mar (TSM), implicando em maior evidência do fenômeno La Niña, cujos impactos poderão ser mais observados a partir do início de outono (abril). Para a Região Centro-Sul do Brasil, preveem-se que nestes meses: · A temperatura média ficará entre próxima a acima da normalidade climática; · Quanto às chuvas, deverão ser entre próximas a acima das respectivas médias históricas em quase todas as áreas dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e faixas Leste e Norte do Estado de São Paulo. Nas demais áreas da Região Centro-Sul, as chuvas poderão “ficar” dentro das normalidades climáticas, com exceção de faixa CentroOeste do Paraná e Sul do Estado de Mato Grosso do Sul, onde as chuvas poderão ser inferiores às médias históricas; · Como referência, as médias históricas de chuvas em Ribeirão Preto e municípios vizinhos, pelo Centro Apta-IAC, são próximas de 280mm em janeiro e 220mm em fevereiro. · Para a região de abrangência da CANAOESTE, a SOMAR Meteorologia prevê que as temperaturas médias serão próximas das normalidades nos meses de janeiro e fevereiro e cerca de 1ºC abaixo das respectivas médias históricas dos meses de março e abril. Ressalte-se que estas reduções previstas para estes meses (final de verão e início de outono) terão, em se ocorrendo, impactos negativos em crescimento (massa verde) dos canaviais, mas estimulariam a maturação a partir de abril. Quanto às chuvas, poderão ser superiores às respectivas normais climatológicas nos meses de janeiro e fevereiro, próximas das normais em março e inferiores às médias históricas em abril. Em função destes prognósticos climáticos, dos custos das operações de plantio e dos necessários insumos, recomenda-se precaução, a fim de evitar plantios tardios. Estes prognósticos serão revistos a cada edição da Revista Canavieiros. Acompanhem ! Ainda, face a essas previsões, recomenda-se que fiquem atentos ao monitoramento e atenções com a cigarrinha das raízes que, de modo algum dispensariam controle, desde que constatada a necessidade. Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 27
  • 28. Artigo Técnico Como anda o preço do kg Como anda o preço do kg de ATR? de ATR? Cleber José Moraes Assessor de Planejamento e Controle Agrícola CANAOESTE E m abril de 2008 no artigo “ENTENDA O QUE ESTÁ ACON TECENDO COM O PREÇO DO KG DE ATR”, escrevemos sobre a trajetória do preço do kg de ATR. Naquele momento alertávamos sobre a crise econômica mundial, que estava em seu princípio. Apenas rememorando, tudo começou com os empréstimos subprime, onde várias instituições financeiras, com alta disponibilidade de crédito, investiram massiçamente no mercado imobiliário com empréstimos a juros baixos para pessoas de baixa renda sem maiores garantias hipotecárias, além do próprio imóvel que estava sendo adquirido. Até então este parecia ser um investimento seguro, tento em vista o cenário positivo de crescimento do PIB americano e o fluxo crescente de vendas do setor imobiliário dos Estados Unidos, que se mantinha em alta, e a procura por imóveis, sempre crescente, fazia com que os imóveis sempre se valorizassem. Entretanto, no início de 2008, as vendas de imóveis começaram a estagnar-se e, em pouco tempo, o saldo devedor dos mutuários era bem maior que o valor do imóvel. Conclusão óbvia: os mutuários começaram a deixar de honrar suas prestações. Thiago de Andrade Silva Assistente de Controle Agrícola nível para empréstimo no mercado, e também o aumento de saques nos fundos de investimento, fizeram com que os investidores estrangeiros reduzissem suas posições de investimentos em países emergentes como o Brasil. Para isso, precisaram converter seus investimentos, que estavam posicionados em reais aqui, para dólar. O que causou uma maior procura e valorização do dólar e consequente desvalorização do real. Gráfico 1 – V ariação dos Preços de açúcar em dólares (azul) e da taxa de câmbio do dólar (vermelho). Fonte: Gráfico desenvolvido pela CANAOESTE com dados da Czarnikow Group e BM&F Gráfico 2 - Variação dos Preços de Álcool Anidro em dólares (azul) e da taxa de câmbio do dólar (vermelho). O alerta veio com bloqueio de pagamento de um Fundo de Investimento do Banco Europeu, devido à inadimplência dos empréstimos, causando um problema de liquidez. Os investidores ficaram impedidos de realizar saques de seu dinheiro. Na seqüência, várias instituições financeiras quebraram e outras resolveram investir no mercado futuro de commodities de menor risco, causando um aumento nos preços destes produtos. A redução da liquidez, ou seja, a redução do volume de dinheiro dispo28 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 Fonte: Desenvolvido pela CANAOESTE com dados da BM&F
  • 29. Artigo Técnico A desvalorização do real tem um reflexo inicial positivo sobre o preço do kg de ATR. Em meados de outubro, quando houve o estouro da crise econômica mundial, pode-se observar, através da projeção do preço do kg do ATR, um aumento expressivo e diário do valor do mesmo, causado pela variação cambial. O valor do kg de ATR está com tendência de aumento, porém esta tendência se deve à desvalorização do real e não do preço do açúcar e do álcool, que em dólar, apresentaram queda, como pode ser observado nos gráficos anteriores. Em suma, conclui-se que os aumentos dos preços de ATR se devem fundamentalmente à desvalorização do real. Na tabela a seguir, é possível observar que, entre os meses de setembro/2008 e outubro/2008, houve um salto no valor do ATR, coincidente com a desvalorização do real. É muito importante que o produtor esteja atento à aquisição dos insumos para soqueira na safra que está por vir, pois, caso haja um valorização do real em 2010, poderá haver sérias dificuldades na liquidação desses empréstimos. Assim recomenda-se que, na medida do possível, os contratos prevejam renegociação de pagamentos, caso haja uma súbita valorização do real. Esta mesma possibilidade é menos preocupante para financiamento de plantio onde o prazo para pagamento da dívida é maior. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 29
  • 30. Assuntos Legais Queima de palha de cana-de-açúcar obrigatoriedade de autorização para a safra 2009/2010. M ais uma vez estamos prestes a iniciar outra safra canavieira, razão pela qual novamente alertamos os fornecedores de cana-de-açúcar e unidades produtoras sobre a obrigatoriedade de obter a autorização do órgão ambiental (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) para se efetuar a queima de palha de cana-de-açúcar, procedimento obrigatório àqueles que não queiram responder administrativamente e judicialmente (cível e criminal) por esta omissão, inclusive com pesadíssimas multas, razão pela qual a CANAOESTE, novamente este ano, irá proceder à orientação, elaboração, confecção e envio da documentação necessária à obtenção da Autorização de Queima Controlada de Palha de Cana-de-açúcar para os seus associados, cujo prazo para protocolo no órgão ambiental expirará em 2 de abril. Tudo isto se torna necessário porque, na safra anterior, inúmeros fornecedores de cana não obtiveram a autorização de queima, tendo que proceder ao corte manual sem o uso do fogo e/ou de forma mecanizada, mesmo em áreas não adaptadas para isso. Tudo para evitar o descumprimento ao que dispõe o Decreto Estadual nº 47.700/2003, regulamentador da Lei Estadual nº 11.241/2002, que diz que o produtor de cana-de-açúcar pode ser autuado pela Polícia Ambiental em 30 UFESPs (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), aproximadamente R$ Para tanto, pois sem autorização não se poderá queimar, basta que os associados procurem os técnicos, agrônomos ou as secretárias dos respectivos escritórios regionais ou da matriz da CANAOESTE, a partir de 2 de fevereiro de 2009, para realizar o Requerimento de Autorização de Queima de Palha de Cana-de-açúcar. Os fornecedores(as) associados (as) que tiveram expansões em seus canaviais, aquisições de propriedades por compra ou arrendamento, dentre outras situações, nas quais a área total ou soma das áreas contíguas a serem colhidas na safra 2009/ 2010 sejam iguais ou superiores a 150 ha cultivados com cana-de-açúcar, deverão procurar os escritórios da Canaoeste até a data limite de 5 de março de 2009 para possibilitar o levantamento topográfico prévio de sua lavoura, sem custo algum, necessário ao devido licenciamento. O prazo para se indicar, no mapa, as áreas que serão colhidas sem a queima expirará em 20 de março de 2009. 30 30 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 475,50 por hectare queimado sem as observâncias legais, além de poder, ainda, ser autuado pelos agentes fiscalizadores da CETESB (Companhia de Tecnologia e de Saneamento Ambiental) em valores que variam de 5.001 a 10.000 UFESPs, aproximadamente R$ 79.265,85 a R$ 158.500,00, independentemente do tamanho da área queimada. Alheio a essas penalidades administrativas, o produtor de canade-açúcar que não observar o prescrito na legislação poderá responder, ainda, a uma ação cível, visando outra indenização e a suspensão da queima em sua propriedade, além de uma ação penal, que visa restringir o seu direito de liberdade (pena de detenção). Fica registrado, então, que para aquele produtor de canaJuliano Bortoloti - Advogado de-açúcar que Departamento Jurídico Canaoeste não cumprir os requisitos prescritos na legislação de queima ou, mais gravemente, efetuar a queima sem a devida autorização, fica evidente que não lhe restará quase nenhuma possibilidade de defesa, tanto administrativa (auto de infração) como judicial (cível e penal). Logo, se torna evidente a necessidade do fornecedor de cana-deaçúcar em buscar a devida autorização dentro do prazo legal (até 2 de abril) para poder utilizar-se do fogo como método despalhador da canade-açúcar durante a safra 2009/2010, bastando, somente, que procure o mais rapidamente possível a CANAOESTE para a sua devida orientação e, se porventura, persistirem dúvidas a respeito do assunto, os Departamentos Jurídico, Técnico e de Planejamento estarão à inteira disposição dos associados para esclarecê-las. Importante salientar, segundo informações da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que o prazo para protocolo não será prorrogado, razão pela qual deve o associado procurar a CANAOESTE o mais rápido possível, ressaltando que esta realizará o plano de queima gratuitamente até o dia 05.03.2009 para aqueles que não tenham realizado o levantamento topográfico da propriedade e/ ou precisam alterá-lo e 31.03.2007 para aqueles que já fizeram o referido mapeamento.
  • 31. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 31
  • 32. Destaque Produção e renda caem, e exportações crescem exportações crescem Cristiane Barão Estimativas de safra de grãos e valor da produção já mostram impactos da crise A s estimativas de produção e renda divulgadas pelo gover no já trazem os reflexos da crise financeira, que provocou queda nos preços dos produtos, escassez e encarecimento do crédito para produção e exportação. Levantamento do Ministério da Agricultura estima que a renda agrícola deste ano deverá atingir R$ 152 bilhões, redução de 7% em relação à obtida no ano passado, já descontada a inflação. Esse indicador refere-se ao valor bruto de 20 produtos, obtido multiplicando a quantidade produzida pelo preço recebido pelos agricultores, entre eles a cana. Desses, 14 apresentam declínio, como o trigo (33,6%), milho primeira safra (26,7%), cebola (20%) e algodão herbáceo (14%). No caso da cana, a perda de renda estimada é de 1,6%: em 2008, o valor da produção dessa cultura foi de R$ 21,3 bilhões e o estimado para este ano é R$ 20,9 bilhões, uma queda de R$ 400 milhões. A produção de grãos na safra 2008/ 09 também deverá sofrer redução, segundo estimativa divulgada pela Conab no início do mês. O Brasil deverá colher 137 milhões de toneladas, 4,9% menos que as 144,1 milhões de toneladas do ciclo anterior. A área plantada cresceu 0,2%, saindo de 47,42 milhões para 47,49 milhões de hectares. De acordo com a Conab, a maior redução é observada no milho 1ª. safra (5,1 milhões de toneladas – de 39,9 milhões/ton para 34,8 milhões/ton), seguida da soja (2,3 milhões de toneladas – de 60 milhões/ton para 57,7 milhões/ton). Em relação ao amendoim, a área plantada deverá sofrer uma redução de 4,3%, passando de 115,2 mil/ha para 110,2 mil/ha, com retração de 6,6% na produção: de 303,1 mil/ton para 283,2 mil/ton. 32 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 Tal produção está condicionada às condições climáticas durante o ciclo das culturas e à confirmação da intenção dos produtores, já que estes estão passando por uma fase restritiva de crédito, aliada ao elevado custo de produção. pais produtos da balança comercial do agronegócio. O complexo soja (óleo, farelo e grão) registrou crescimento de 58%, o setor de carnes, 29%, café, 22%, fumo e seus produtos, 22%, complexo sucroalcooleiro, 18%, e produtos florestais, 6%. Exportações: Por outro lado, as exportações do setor totalizaram a marca histórica de US$ 71,9 bilhões, um acréscimo de US$ 13,4 bilhões em relação a 2007, que corresponde a 23% de crescimento. O superávit da balança comercial do agronegócio também registrou recorde, alcançando a cifra de US$ 60 bilhões. A participação do setor nas exportações totais brasileiras foi de 36,3%. Devido ao forte crescimento das exportações para a China (70%), este país passou a ocupar a primeira posição no ranking dos mercados compradores de produtos do agronegócio brasileiro, absorvendo isoladamente 11% das exportações, que continuam muito concentradas em soja, em torno de 77,6%. O bom desempenho das exportações em 2008 foi resultado do aumento da receita com a venda dos princi- Em segundo lugar estão os Países Baixos, com 9% de participação, e os Estados Unidos, em terceiro, com 8,7%. Em apenas um ano, a China saiu da terceira para a primeira posição.
  • 33. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 33
  • 34. Pragas e Doenças Monitoramento e controle de pragas da cana-de-açúcar cana-de-açúcar Luiz Carlos de Almeida Erich Stingel Enrico De Beni Arrigoni CTC - Centro de Tecnologia Canavieira Bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis S phenophorus levis, conhecido como bicudo da cana, é uma das mais importantes pragas da cana-de-açúcar. Semelhante ao bicudo do algodão, tem o dobro do tamanho, medindo cerca de 15 mm. Assemelhase também a Metamasius hemipterus, praga de pouca importância. Ao contrário de M.hemipterus, S.levis não apresenta manchas nos élitros, apresenta pouca agilidade e tende a ficar imóvel ao ser manipulado. O bicudo coloca seus ovos na base dos colmos e as larvas destroem a parte subterrânea da touceira (rizoma), matando os perfilhos ou a touceira inteira, causando prejuízos de, em média, 20 a 23 toneladas de cana por hectare por ano nas áreas infestadas, além de significativa redução da longevidade do canavial. Atualmente a praga encontra-se disseminada em 30 municípios próximos à região de Piracicaba, além de 23 municípios mais distantes, existindo a perspectiva de aumento de sua dispersão de ano a ano. A disseminação da praga por meio do trânsito de mudas é a hipótese mais provável para explicar a rápida expansão da área infestada, visto que o inseto praticamente não voa e seu caminhamento é lento, com uma reduzida taxa de dispersão. Bioecologia Este inseto é um besouro da família Curculionidae, que causa danos aos perfilhos e às bases dos colmos em desenvolvimento, afetando o “stand” da cultura e a produtividade das áreas infestadas. As fêmeas perfuram a base de colmos e de perfilhos e efetuam a deposição de ovos que darão origem às larvas responsáveis 34 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 pelos danos. O período de incubação dos ovos é de 7 a 12 dias. As larvas nascidas são brancas, ápodas, de hábitos subterrâneos e apresentam elevada sensibilidade ao calor e à desidratação. Estas, ao se alimentarem, escavam galerias e danificam os tecidos no interior e na base das canas, podendo provocar a morte das plantas, falhas nas brotações das soqueiras e redução na longevidade dos canaviais, que muitas vezes não passam do segundo corte. O período larval é de 30 a 60 dias, quando se transformam em pupas. Estas formas desenvolvem em 7 a 15 dias, quando formam os adultos, que apresentam longevidade de 200 a 220 dias. As fases imaturas deste inseto duram 70 dias, podendo ocorrer até 5 gerações anuais. Os prejuízos provocados por Sphenophorus levis foram determinados em experimentos conduzidos em telados, em parcelas experimentais, submetidas a quatro níveis populacionais de Sphenophorus levis, determinando-se perdas de 0,55% a 2,08% na produção agrícola, de 0,08% a 0,33% na TPH e de 1,63% a 13,34% na margem de contribuição no sistema agroindustrial a cada 1% de colmos infestados por S. levis. Larva de S. levis Métodos de controle e manejo integrado O método mais recomendado para o controle da praga é o cultural, que consiste na destruição antecipada das soqueiras nas áreas infestadas, destinadas à reforma, preferencialmente no período de maio a setembro. O equipamento denominado Eliminador Mecânico de Soqueira (EMS) tem se mostrado eficiente no preparo de solo, visando ao controle de Sphenophorus. A eliminação mecânica da soqueira tem como finalidade destruir ou expor a população de larvas e pupas, portanto deve ser realizada quando a maior parte da população se encontra nestas fases. A seguir a área deverá ser mantida livre de plantas hospedeiras da praga e o próximo plantio deverá ser realizado o mais tarde possível, em março-abril, em ciclo de cana de ano e meio, reduzindo, desta forma, a probabilidade de infestação a partir dos adultos que normalmente estão presentes em maiores quantidades no período de janeiro a março. As mudas a serem utilizadas no plantio deverão estar isentas da praga, sendo originárias de áreas não infestadas ou tendo sido colhidas em sistema de corte basal alto com até 20cm acima do nível do solo. Adultos de Sphenophorus levis
  • 35. Pragas e Doenças Os métodos de controle que incluem a aplicação de inseticidas ou a distribuição de iscas tóxicas apresentam as desvantagens de necessitarem o dispêndio elevado com mão-de-obra e a necessidade de reaplicações constantes. Em relação às áreas destinadas ao plantio de cana incluindo os viveiros, recomenda-se o preparo antecipado e a inspeção das mudas provenientes do viveiro anterior, que deverão estar totalmente isentas de qualquer forma biológica da praga, sendo adotado o corte basal alto em situações de necessidade de uso de determinada muda com a presença da praga. Cupins e outras pragas de solo Os cupins causam severos danos à cultura da cana-de-açúcar desde o plantio, quando ocorre a destruição das gemas e das reservas dos toletes semente; no desenvolvimento do canavial, quando se verifica a redução do sistema radicular, dano às bases de colmos e de perfilhos; na maturação, quando se observa a destruição dos tecidos internos dos colmos; até após a colheita, quando é possível observar falhas na brotação das soqueiras e redução nas reservas disponíveis para o ciclo seguinte. Bioecologia O termo “cupins” inclui um extenso grupo de diferentes espécies, tendo sido identificadas 14 espécies em canaviais do Estado de São Paulo, algumas responsáveis por danos em tecidos vivos, outras oportunistas e as demais simples decompositoras de material celulósico. Podemos incluir os gêneros Heterotermes, Procornitermes, Neocapritermes e Syntermes entre os principais e mais prejudiciais à cultura da cana-de-açúcar, na região Centro-Sul, e os gêneros Cylindrotermes, Velocitermes, Amitermes e Nasutitermes, na região Nordeste, apesar de alguns não serem suficientemente estudados para se confirmar a sua real importância econômica. Prejuízos econômicos Os prejuízos provocados por cupins foram determinados em experimentos de campo, em parcelas experimentais, submetidas a diversos produtos químicos. Estima-se a ocorrência de perdas de, em média, 10 toneladas de cana/ha/ano nas áreas infestadas por estas pragas de solo. Métodos de controle O controle atualmente recomendado baseia-se na identificação das áreas em que ocorreram danos nas touceiras de cana no ciclo que se está encerrando, ou nas áreas destinadas à reforma, em geral após o quarto ou quinto corte, e com base nestes dados recomendar a aplicação de controle químico apenas onde houver potencial de dano. Com o método de levantamento de pragas de solo em áreas de reforma foi possível reduzir o controle químico em 86%, reduzindo custos, desperdícios e riscos aos operadores e ao ambiente. A aplicação de inseticidas deverá ser feita por ocasião da cobrição das mudas, mediante operação tratorizada que efetua simultaneamente a pulverização dos toletes, anteriormente distribuídos no fundo do sulco, e a cobrição das mudas. Para a formação de viveiros, deve-se evitar o plantio em áreas infestadas com pragas de solo, de uma maneira geral. Outro agravante consiste no fato de ser recomendado o plantio dos viveiros próximos a coleções de águas para facilitar as irrigações necessárias, entretanto, nestes locais não se recomenda a aplicação de qualquer agrotóxico. Portanto, não é possível a adoção de controle químico preventivo contra as pragas de solo em muitas áreas destinadas ao plantio de viveiros. Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 35
  • 36. Cultura O que muda no acordo ortográfico Biblioteca “GENERAL ÁLVARO TAVARES CARMO” Etanol - a revolução verde e amarela Ozires Silva Décio Fischetti O s engenheiros Ozires Silva e Décio Fis chetti lançaram no último dia 12, em São José dos Campos, o livro “Etanol - a revolução Verde e Amarela”, uma obra completa sobre a evolução deste importante biocombustível. O livro foi escrito em 264 páginas e narra toda a trajetória do etanol desde o plantio da cana-de-açúcar na época do Brasil Colônia, passando pelo Pro-álcool até os dias de hoje em que o destaque vai para as montadoras, que desenvolveram grande tecnologia para os carros flex. Os dois autores são engenheiros formados pelo ITA (Instituto Tecnológico e de Aeronáutica) e não podiam deixar de relatar no livro a tecnologia aeronáutica para uso do etanol como combustível de avião. Hoje o engenheiro Ozires Silva, que já foi presidente da Embraer, é reitor da Unimonte (Centro Universitário Monte Serrat) e Décio Fischatti é assessor e consultor de marketing profissional. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste, na Rua Augusto Zanini, nº1461 em Sertãozinho, ou pelo telefone (16)3946-3300 - Ramal 2016 36 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009
  • 37. Agende-se Fevereiro de 2009 SHOW RURAL COOPAVEL 2009 Empresa Promotora: Coopavel Cooperativa Agroindustrial Tipo de Evento: Exposição / Feira Período: 09/02/2009 a 13/02/09 Estado: PR Cidade: Cascavel Localização do Evento: Show Rural Coopavel Informações com: Coopavel - Francielli ou Jorge Site: www.showrural.com.br Telefone: (45) 3225-6885 E-mail: showrural@coopavel.com.br CDA 2009 - CAMPO DEMONSTRATIVO ALFA Tipo do Evento: Feira - Novidades necessárias para o agricultor serão mostradas neste encontro. Período: 03/02/2009 a 06/02/2009 Endereço: Avenida Fernando Machado - D Bairro: São Cristóvão Cidade: Chapecó/SC País: Brasil Telefone: (49) 3321-7000 E-mail: tecnico@cooperalfa.com.br SHOW SAFRA 2009 Tipo do Evento: Dia de Campo - Novidades e novas tecnologias para a cultura da soja serão apresentadas. Período: 06/02/2009 a 07/02/2009 Cidade: Lucas do Rio Verde/MT País: Brasil E-mail: fundario@terra.com.br Site: www.fundacaorioverde.com.br Telefone: (65)35491161 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009 37
  • 38. Vende-se Vendem-se 01 Caminhão Cargo, modelo 2626, * 154 alqueires, na região de Araano 2003. ras-SP, 71 alqueires de cana própria, Tratar com Thiago pelos telefones: área de laranja sem contrato com (16) 3942 2679 ou (16) 8116 7648. 45.000 mil pés de laranja, 24 alqueires em plantio de culturas anuais com Vendem-se 1 pivô central de 10 alqueires - R$ * 01 Trator Jonh Deere, modelo 7515 12.000.000,00 (140 cv), ano 2006, cabinado, com 1400 * Fonte de água mineral com vazão horas, semi-novo. de 50.000 L/h de água mineral. A docu* 01 Grade roma 22 x 28, marca Pic- mentação da área está quase pronta, cin, ano 2006, semi-novo. área de 46.500 m2, 20 km da Rodovia * 01 Sub-solador 7 haste, marca Pic- Dutra, 50 km do centro do Rio de Jacin, ano 2006, semi-novo. neiro (ótima localização), beira do asTratar com José Souza da Silva pelos falto, R$ 5.000.000,00. telefones (34) 9974 1825 ou (34) 3459 0116. * 133 alq., sendo 60 alq. em canarenda anual, com possibilidade de Vendem-se plantar mais 30 alqueires, que está em * 04 reboques em bom estado, 02 pastagem, reserva legal e reserva pereixos, rodagem com Pneus 1100/20, Ano manente mais ou menos de 35 alquei2004 - Marca Galego; res, represa com criação de peixes, casa * 01 Colheitadeira TC 57 New Ho- de empregados, casa sede com piscilland, Ano 2002; na - R$ 39.000,00/alq. Pagamento: 50% * 01 Esparramadeira Tornado Stara ato da negociação e restante em até 5 1300, Ano 2003; parcelas. Tratar com Oscar Francisco da Silva * 72 alqueires, sendo 30 alqueires pelos telefones (17) 3325 2608 ou 9607 plantado em soja, 28 alqueires planta8300 / 8121 9113 com Emilene e 9777 5590 do em cana própria, casa de emprega/ 8122 4073 com Marco Aurélio. do, galpão, rancho e confinamento todo cimentado, topografia plano, rio Vende-se nos fundos - R$ 4.200.000,00. 01 caminhão Ford Cargo 2628 E, Ano/ * 303 alq. na região de Lins-SP, Mod. 2006/2006, cor branco - R$ reserva de 20%, topografia plana e 150.000,00. semi-ondulada, solo misto, pastaTratar com Aparecido Reis Raimun- gem, seringueira e plantação de mando pelos telefones (16) 3726-3601 ou (16) dioca, nascentes, rios e represas, 9262 8704 ou pelo e-mail casa sede (mansão), sala de festas, br2500@hotmail.com. área de lazer, georeferenciamento em fase de finalização, ideal para consVende-se trução de hotel fazenda ou SPA - R$ 1 colheitadeira de amendoim Double Más- 15.000.000,00. ter, ano 2000. Conservada apenas 5 safras. * 62 alqueires, formado em cana Tratar com João pelo telefone (16) arrendado para usina, a base de 20% 39547738 - Santa Rosa de Viterbo. anual sobre a safra bruta, R$ 65.000,00/alq. Vende-se Tratar com Terra Verde Imóveis Ru01 Caminhão Ford Cargo 2626, pla- rais - José Paulo Prado ou pelos telefotaforma com a julieta, dois eixos, ano nes (19) 3541 5318 ou (19) 9154 8674 ou e2005. Tratar com Rafael (17) 9773-3770. mail terraverdeimoveis@yahoo.com.br Vendem-se *Valtra 985/4 ano 1995, trator com 6000 horas em excelente estado- R$ 41.000,00. * Jonh Deere 5403/4 ano 2006 - R$ 57.000,00 * MF 292/4 ano 2004, trator com 2000 horas - R$ 60.000,00 * Trator de esteiras Fiatallis AD-14, trator em bom estado - R$ 60.000,00 Tratar com ZPTratores - José Paulo Prado ou pelos telefones (19) 3541 5318 ou (19) 9154 8674. e-mail zptratores@yahoo.com.br Vendem-se * Valtra 1880-S, ano 1998 * Valtra 1880-S, ano 2001 * Valtra BH-180, ano 2002 * Valtra BH-180, ano 2003 * Valtra BH-160, ano 2005 * Valtra BH-160, ano 2006 Obs: Tratores equipados com freio, boca de lobo e Cab Parts. Vendo ou troco por transbordo. Tratar com João Carlos pelos telefones (16) 9137 8389 ou (17) 3343 7203 ou pelo e-mail: jcmf1@uol.com.br Vende-se Carroceria de Plantio ano 2008 com apenas 3 meses de uso cor azul feita para o caminhao v w ou ford preço R$ 7500.00 Tratar com o Sr(a). ovidio, pelo telefone:(17) 33612474 ou pelo email: ovidiodinarelli@gmail.com. Vende-de Ford cargo 2626 2005 tracado canavieiro, no chassi, todo original. Nextel. 89*3610 MB 2219 87 traçado pronto para caçamba sem detalhes de mecânica e funilaria, com tomada de força. Nextel. 89*3610 Tratar com o Sr(a). CLEBER, pelo telefone:(16) 39516982 ou 91320006 ou pelo email: cleberravel@yahoo.com.br
  • 39.
  • 40. 40 Revista Canavieiros - Janeiro de 2009