1. Ficha Informativa – 11º Ano FILOSOFIA
Tema: VALIDADE E VERIFICALIDADE DAS HIPÓTESES
É na terceira etape do método hipotético-dedutivo - experimentação – que se coloca a questão da validação da
hipótese. Como validar as hipóteses? Que critério para que a hipótese tenha maior cientificidade?
Há duas teorias que procuram responder a esta problemática:
A – Verificacionismo (defendida pelos pensadores do Círculo de Viena)
- O conhecimento científico resulta do método indutivo – este método é usado em ciências como a Física e a
Biologia (Observação, hipótese e generalização)
- as experiências servem para verificar ou confirmar as hipóteses;
- a hipótese só é válida se a observação natural ou laboratorial dos factos estiver de acordo com essa mesma
hipótese.
- A verificação e a confirmação experimental são o critério para distinguir o que é científico e o que não é.
Podemos colocar alguns problemas em relação a esta perspectiva:
Sendo a hipótese geral e os factos observados particulares, verificada a consequência, estará verificada a
hipótese?
David Huma defendia o carácter ilusório do método indutivo; A repetição e o hábito podem não ser garantia de
generalização;
B – Falsificacionismo (defendida por Karl Popper)
- Não concorda com o método indutivo e defende o método hipotético-dedutivo (conjectural) – ler texto do
salmão, p.190 do manual.(Observação, hipótese ou conjecrura, experimentação e lei);
- As experiências não servem para confirmar as hipóteses mas para as refutar – falsificação;
- As teorias ou hipóteses têm de ser refutáveis ou falsificaveis;
- As teorias que resistem à falsificação, são cientificamente válidas - é a experiência que testa a resistência da
hipótese à sua falsificação;
Ex. Todos os cisnes são brancos – basta encontrar um cisne preto para ser falsificável e esta a missão do
cientista: falsificar (encontrar um cisne de outra cor) e não confirmar (encontrando mais cisnes brancos)
- A hipótese é uma mera conjectura, ou seja, um quadro de intelegibilidade válido – se não se confirmar, ou
melhor, se resistir à falsificação o cientista terá de abandonar e reformular a hipótese.
- Segundo esta perspectiva do ponto de vista lógico uma teoria nunca é comprovada mas pode ser ou não
refutada – o 5700º cisne branco a aparecer não prova que todos os cisnes sejam brancos, mas o primeiro cisne
preto prova que nem todos os cisnes são brancos;
KARL POPPER defende que:
- A ciência está em revolução permanente;
- As hipóteses podem ser falsificáveis e substituidas;
2. - A ciência avança por conjecturas e refutações;
- A ciência é um conjunto de hipóteses provisórias que serão substituidas por outras mais válidas. Porém esta
substituição não se dá ao acaso: acontece se a teoria é insuficiente para explicar os problemas ou se surgem
novos problemas que essa teoria não consegue explicar.
Tema: A RACIONALIDADE CIENTIFICA E A QUESTÃO DA OBJECTIVIDADE
Será a Ciência objectiva? Poder-se-á afastar o sujeito da investigação científica?
- A ciência é o esforço racional de compreensão, clarificação e visão do essencial dos fenómenos – daquilo que
é objectivo;
- O cientista terá de se esquecer da sua subjectividade para fazer ciência com objectividade;
- Para afastar o acessório e o acidental na ciência, Bachelard defende a “psicanálise do conhecimento objectivo”
que é um processo mental para purificar a mente do cientista de todos os obstáculos;
-A ciência moderna: Galileu aliou a racionalidade à objectividade usando a linguagem matemática, valorizando
as qualidades objectivas pois só essas podem ser quantificáveis (altura, peso); Descartes, no sèc. XVII valoriza
as qualidades primárias porque só estas são objectivas - A objectividade liga-se à quantificação.
A objectividade científica segundo o:
1- Positivismo (Círculo de Viena) - a ciência é um conhecimento verdadeiro, certo, descritivo e objectivo, os
factos podem ser descritos com rigor e exactidão, podem ser medidos.O cientista é um ser neutro. Este é o
paradigma da modernidade ou o mito do cientismo.
2- Karl Popper – critica o positivismo defendendo que a ciência não não é a descrição objectiva, certa do
fenómeno em si. Não há factos puros e o cientista não é neutro mas sim um sujeito activo que tem um
quadro teórico de referência (ideias, valores e princípios). É criativo e crítico. A verdade é aproximada e as
teorias têm de ser cada vez melhores. As teorias não são verdadeiras mas verosimeis.
Conceitos centrais da epistemologia de Popper são: conjectura, falsificabilidade e verosimilhança.
3- Thomas Khun – o cientista não é neutro mas condicionado e contextualizado. A investigação científica
depende da época (factos, conhecimentos, regras e técnicas). Uma teoria científica ou paradigma
científico é válido numa determinada época e reina numa comunidade científica pois só nestas se faz
ciência.Com base nos paradigmas que toda a comunidade cientifica aceita vive-se aquilo que Khun chama
ciência normal. Se surgem anomalias (factos não explicados pelo paradigma) a ciência torna-se ciência
extraordinária e dá-se uma revolução científica com o surgimento de um novo paradigma mais amplo e
que é oposto ao paradima anterior. Entre o velho e o novo paradigma há uma incomensurabilidade ou um
conflito. A mudança do velho paradigma não cumulativa mas é um modo qualitativamente diferente de olhar
o real. A verdade e objectividade ligam-se ao paradigma e, claro, na época. O método científico exige
experimentação e argumentação (metáforas, analogias e exemplos). Sujeito e objecto não são puros – há
sempre subjectividade quer na descoberta de novas teorias quer na sua justificação. Mais do que
objectividade deve falar-se de intersubjectividade.
E se dois cientistas investigam o mesmo fenómeno e têm teorias explicativas opostas?
3. Para concluir...
- A ciência moderna de Galileu e Descartes evoluiu para a ciência pós-moderna de Einstein e Heisenberg – já
não é uma concepção de ciência certa, objectiva e verdadeira.
A objectividade na ciência não depende só do uso de instrumentos técnicos - ao estudar um fenómeno o
cientista intervem nele, altera-o);
- A objectividade não é, na ciência, nem definitiva nem absoluta – é antes um resultado incerto que resulta de um
esforço intersubjectivo de vários cientistas que formam sa comunidades científicas.
- Embora os cientistas lutem pela objectividade, eles são influenciados por factores ideológicos porque estudar
um fenómeno e não outro?), económicos( o financiamento dos governos e as descobertas que podem fazer subir
as acções das empresas) e estéticos (critérios do belo de uma determinada época,
- A ciência é, por isso, contextualizada, histórica, cultural, é situada e interessada
A RACIONALIDADE CIENTÍFICA – Como entendê-la?
- Tradicionalmente, entendia-se a ciência como: objectiva, neutra, certa, necessária, universal e demonstrativa.
O cientista era visto como um ser puramente racional e imparcial.
- Hoje, a objectividade foi substituida pela intersubjectividade, a sua racionalidade é condicionada e relativa, a
verdade é verosímil e plausível e é demontrativa e argumentativa.
A CIÊNCIA É UM DOS MODOS POSSÍVEIS DE LER O REAL – é uma interpretação tal como a pintura, a
poesia e a filosofia.
Indicações para o teste.
- Definir Epistemologia;
- Definir e caracterizar o senso comum;
- Definir e caracterizar a ciência;
- Karl Popper e a continuidade epistemológica: ideias gerais;
- Gaston Bachelard e a descontinuidade epistemológica: ideias gerais;
- O verificacionismo e o falsificacionismo
- As epistemologias de Karl Popper e Thomas Khun;
- Qual o sentido de objectividade da ciência? Qual o sentido de racinalidade da ciência?
O teste constará de quatro temas para desenvolver, com a cotação de 50 pontos cada.
O dia será à vossa escolha...previamente avisada a professora, claro!
Rosa Sousa