3. O cenário político após abdicação de
Pedro I
O Imperador possuía baixa popularidade, parte dos influentes e
políticos do Brasil estavam insatisfeitos desde a outorga da
constituição de 1824 e este sentimento foi crescente até a data da
abdicação.
Aproveitando-se dos problemas dados a sucessão do trono em Portugal
com seu irmão D.Miguel. D.Pedro decide voltar finalmente a Europa e
abre mão do trono brasileiro para seu filho Pedro Alcântara de 5 anos
de idade.
José Bonifácio é nomeado como tutor do pequeno príncipe
A constituição Imperial legislava que na ausência do imperador, o
império deveria ser governado por uma junta de políticos do alto
escalão e governariam como regentes da monarquia até a aptidão do
príncipe para governar.
4. Um caldeirão político em tempos
difíceis
Uma regência provisória (abril/maio) é instituída
até o retorno dos parlamentares do Brasil ao Rio
de Janeiro.
Anistia de prisioneiros políticos, suspensão
temporária do exercício do poder Moderador,
convocação de eleições para eleger uma regência
permanente. Senadores Nicolau Vergueiro e
Carneiro de Campos e o Brigadeiro Francisco de
Lima e Silva.
5. Configura-se o Quadro Político
São formados três grandes grupos políticos que irão querer reger o império.
São Eles:
1. RESTAURADORES OU CARAMURUS: Militantes dos antigo Partido Português,
vão pedir a restauração da monarquia com a política que vai buscar o retorno
de D. Pedro para o Brasil, dão defensores da monarquia absolutista e tem seu
principal expoente José Bonifácio, tutor do príncipe Pedro de Alcântara
2. LIBERAIS MODERADOS OU CHIMANGOS: Defendem o regime de uma
monarquia constitucional com uso do poder moderador, tem representação
entre os aristocratas (maioria do antigo Partido Brasileiro), defesa do voto
censitário, seu maior ícone é o Padre Diogo Antônio Feijó
3. LIBERAIS EXALTADOS OU JURUJUBAS: Estes defendem a extinção da
monarquia enquanto regime e buscam o governo descentralizado numa
republica federativa, muitos de seus militantes são provindos da Classe Média
Urbana, onde também se encontrava muitos ideais abolicionistas. Cipriano
Barata é o ícone deste grupo.
6. D. Pedro morre em Portugal em 1834 e isso
reflete no quadro politico do Império
Brasileiro.
Após a morte de D.Pedro I em Portugal, o grupo
dos restauradores perdem força política e seus
políticos aliam suas ideias com alguns mais
conservadores do grupo dos Liberais moderados e
surge os Conservadores.
Os Liberais moderados liderados por Feijó que
divergiam das ideias dos antigos restauradores
aglutinam-se e formam os Progressistas
Os Liberais Exaltados tornam-se os Republicanos;
8. A Regência Trina Provisória (1831)
A Constituição de 1824 determinava nos artigos 121 e 122 que o imperador é
menor de idade até os 18 anos e que durante essa menoridade o império seria
regido por seu parente mais próximo na linha de sucessão com mais de 25
anos. No artigo 123 determinava que na não consistência dos artigos 121 e 122
o Império deveria ser regido por uma regência trina e permanente formada por
3 membros escolhidos pela Assembleia Geral e o mais velho é quem iria
presidi-la.
No ato da abdicação de D.Pedro I o príncipe herdeiro só tinha 5 anos de idade
e nenhum parente próximo com mais de 25 anos, deveria ser instaurada uma
Regência Trina, mas que inicialmente fora provisória, pois a Assembleia dos
deputados encontrava-se em recesso.
A regência provisória precisava equilibrar a ação dos Exaltados com populares
na euforia das ruas e também manter a estrutura da dinâmica política para
agradar aos políticos ligados aos latifundiários, com os moderados. Foram
eleitos provisoriamente: Carneiro Campos (Conservadores – Restauradores);
Campos Vergueiro (Liberais) e Francisco de Lima e Silva (Exército)
9. O Avanço Liberal
Os Liberais moderados controlavam o Partido Liberal,
a Câmara e o Ministério.
Com poder nas mãos os liberais moderados tomam
como critério regional a escolha dos futuros regentes
permanentes. São eles:
1. Bráulio Muniz representando a aristocracia do Norte
2. Costa Carvalho representando a aristocracia do Sul
3. Francisco de Lima e Silva é mantido como
representante do exército.
10. A Regência Trina Permanente (1831 - 35)
Os regentes nomearam Diogo Antônio Feijó, enérgico padre e deputado, para
comandar o Ministério da Justiça. Sua principal missão era evitar e reprimir as
revoltas no Brasil, mantendo a ordem institucional.
O ministro Feijó criou a Guarda Nacional, que nada mais era do que uma
milícia armada, com o principal objetivo de combater as revoltas populares.
Aprovação do Código de Processo Criminal em 1832. Este conjunto de leis
concedeu poderes policiais e judiciais aos juízes de paz. Este código
aumentou o poder da aristocracia rural, pois estes juízes eram escolhidos
entre os grandes proprietários rurais de uma região.
Em 1832, Feijó renunciou ao cargo de ministro após uma fracassada tentativa
de dar um golpe e se transformar no único regente.
Em 1834 foi aprovado o Ato Adicional. Através deste dispositivo foram
incluídas medidas à Constituição de 1824. Entre as principais medidas,
podemos citar: criação das assembleias legislativas provinciais; substituição
do modelo de regência trina pela una e criação do Município Neutro do Rio de
Janeiro.
11. A Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó
Com o Ato Adicional de 1834, a organização do Estado Imperial durante a
menoridade de Pedro de Alcântara passaria a ser administrada por uma Regência
Una, cujas eleições ocorreriam a cada quatro anos.
O primeiro regente foi o padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843), que começou sua
carreira política na década de 1820, ganhando notoriedade com a criação da
Guarda Nacional durante a Regência Trina, em 1832. Criou polêmica ainda ao
defender o fim do celibato do clero como forma de regenerar a conduta dos
padres que viviam em concubinato.
No aspecto político, sua regência ficou marcada pela autonomia conseguida pelas
províncias. Também foi sob sua administração que os dois principais grupos
políticos do período imperial se formaram.
Os progressistas eram um grupo moderado defensor de alguns preceitos liberais,
sendo formado em sua maioria pelos grupos sociais intermediários urbanos,
clérigos e proprietários do sudeste e sul do país. Eram ainda adeptos da autonomia
das províncias, dando menor poder ao Governo Central. Durante o segundo
Reinado, dariam origem ao Partido Liberal.
Os regressistas caracterizavam-se pelo conservadorismo, defendo o fim do Ato
Adicional de 1834 e o combate à descentralização política. Suas fileiras eram
engrossadas por grandes proprietários rurais, principalmente do Norte,
comerciantes, magistrados e burocratas do Estado. No reinado de D. Pedro II
formariam o Partido Conservador.
12. A Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó
Outro fato que marcou a Regência de Feijó foi a
eclosão de diversas rebeliões provinciais. A Revolta
Farroupilha, a Balaiada, a Cabanagem, a Revolta dos
Malês e a Sabinada colocaram em perigo a integridade
territorial do Estado brasileiro.
Esse último aspecto foi determinante para o desgaste
de Feijó. Como o padre não conseguiu sufocar as
rebeliões, seu mandato passou a sofrer severas
críticas. Pressionado e com problemas de saúde,
renunciou ao cargo em 1837, dois anos antes do
término previsto.
Uma nova eleição foi convocada e Araújo Lima foi
eleito para a segunda Regência Una, garantindo a
volta dos conservadores ao poder.
13. A Regência Uma de Araújo e Lima – O
Regresso Conservador
Após a abdicação do regente Feijó, uma nova eleição foi realizada em abril de
1838. Entre os principais concorrentes ao cargo de regente estavam o liberal
Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti e o fazendeiro pernambucano
Araújo Lima. Em um período em que as primeiras revoltas contra o governo
explodiam a vitória do conservador Araújo Lima consolidou-se sem maiores
problemas.
Compondo um gabinete de formação estritamente conservadora, a regência de
Araújo Lima representou o retrocesso das conquistas liberais alcançado com a
aprovação do Ato Adicional de 1834. Em seu governo, as primeiras revoltas eram
consideradas uma conseqüência das liberdades oferecidas pelo Ato Adicional.
Dessa forma, foi homologado, em maio de 1840, a chamada Lei Interpretativa do
Ato Adicional, que revisou alguns pontos da reforma de 1834.
Com a reforma, as províncias perderam parte de suas atribuições político-
admininstrativas. De acordo com a nova lei, o governo central teria o direito de
nomear funcionários públicos e funcionários de polícia e justiça. Em meio às
revoltas e grandes derrotas políticas, os liberais se uniram em torno do projeto de
antecipação do coroamento de Dom Pedro II.
14. A Manobra dos Progressistas: O Clube da
Maioridade e Coroação de D.Pedro II
Reunidos no chamado Clube da Maioridade, os representantes liberais
argumentavam que a chegada de Dom Pedro II ao trono ofereceria condições
para que os problemas políticos e as revoltas fossem finalmente contornados.
Na medida em que os conservadores não tinham habilidade para resolver os
problemas vigentes, a campanha em prol da antecipação do Segundo Reinado
ganhava cada vez mais força.
Em julho de 1840, não mais resistindo às pressões liberais, o governo
regencial chegou ao seu fim com a coroação do jovem Dom Pedro II. Tal
episódio ficou conhecido como o Golpe da Maioridade. Mesmo o golpe
representando um avanço das alas liberais, o início do Segundo Reinado não
configurou uma reforma estrutural das práticas políticas da época.
Vinculados à elite latifundiária, tanto liberais quanto conservadores, se
uniram em torno de um mesmo projeto político no Segundo Reinado. Dessa
forma, o fim da regência em nada remodelou os privilégios e direitos
garantidos aos antigos grupos sociais que controlavam o país.
15. As Revoltas Regenciais
De forma geral, as elites locais descontentaram-se com a política do governo
central no momento da regência, pois perderam muito de sua economia.
Durante o governo Feijó as tensões encontravam amplo respaldo popular,
fazendo eclodir várias revoltas por todo o país. A possibilidade de guerra civil
total colocava em risco, por exemplo, o próprio sistema escravista, uma das
bases da sociedade imperial. A regência de Araújo Lima possibilitou a junção
das forças da aristocracia rural no combate a esses levantes sociais. As
principais rebeliões do Período Regencial foram a Cabanagem, a Farroupilha,
a Sabinada e a Balaiada.
Cabanagem (1835-1840) :Única revolta que instalou um governo popular de
fato, a Cabanagem deve seu nome ao modo como a massa pobre do Grão-Pará
era chamada: cabanos. Cansada da miséria da opressão das elites e do
descaso do governo, a população tomou Belém sob o comando de líderes
populares como Félix Clemente Malcher. A violenta reação oficial, que teve
ajuda de mercenários estrangeiros, arrasou o levante em 1840, causando a
morte de 40 mil pessoas- quase metade da população da província na época.
16. As Revoltas Regenciais
Revoltas dos Farrapos (1835-1845): Conhecida como Revolução Farroupilha, nasceu do
descontentamento dos estancieiros (latifundiários) em relação aos impostos sobre o charque
gaúcho, que o tornavam mais caro do que a carne importada de outros países. Liderados por
Bento Gonçalves, eles tomaram Porto Alegre em 1835. No ano seguinte, proclamaram a
República Rio- Grandense. O movimento se alastrou para Santa Catarina, onde, em 1839,
surgiu a República Juliana. Em 1845, após derrotas rebeldes foi negociada a paz.
Sabinada (1837-1838): Descontente com a falta de autonomia da província e com os
desmandos da administração regencial, a classe média de Salvador, apoiada por uma parcela
do Exército, tomou a cidade e proclamou a República Baiana, em 1837. Os rebeldes eram
liderados pelo médico Francisco Sabino, daí o nome, Sabinada. Sem respaldo popular, porém,
o movimento se enfraqueceu. No ano seguinte, as tropas oficiais, apoiadas pelos
latifundiários da região, cercaram e derrotaram os revoltosos.
Balaiada (1838-1841): A miséria provocada pela crise do algodão e pelo aumento de
impostos e preços, somada ao descaso das autoridades motivou a rebelião popular do sertão
maranhense em 1838. O movimento era comandado por um chefe de quilombo, o negro
Cosme; um vaqueiro, Raimundo Gomes ;e um artesão, Manuel Francisco Ferreira, o “Balaio”-
daí o nome Balaiada. Eles chegaram a ocupar a vila de Caxias, a segunda mais importante da
província, mas, em 1841, foram derrotados pelas tropas do governo central.