3. O Em geral, afirmamos que a
história da educação
brasileira começa com a
chegada dos primeiros
jesuítas ao território
brasileiro. Em março de 1549,
chega o primeiro governador
geral, Tome de Souza, e os
primeiros jesuítas sob o
comando do Padre Manoel de
Nóbrega. Cerca de quinze
dias após a chegada,
edificaram a primeira escola
elementar brasileira, em
Salvador. Contudo, ao afirmar
isso, esquecemos que os
moradores que aqui viviam os
Índios, ao seu modo, também
educavam suas crianças.
O Ainda não sabemos muito
sobre a educação dos índios
naquela época. Sabemos, no
entanto, que a educação dos
índios se dava por toda a
vida. Ou seja, mesmo depois
de adultos os índios
continuavam a ser educados.
De acordo com Saviani (2010,
p.36), os índios viviam em
comunas, comunidades que
viviam numa economia
natural e de subsistência. A
educação não era dividida por
classes. Pelo contrário, todos
tinham acesso à educação. A
única diferença estava na
distribuição do que
aprendiam de acordo com o
sexo.
4. 18/10/1517, ? - Portugal
18/10/1570, Rio de Janeiro (RJ)
Tomé de Souza
Padre Manoel da
Nóbrega
?/?/1515 (?), Rates, Portugal
29/1/1579 (?), Portuga
5. O Saviani (2010, p.36-37) afirma
que a educação indígena era
acessível a todos. A
transmissão de
conhecimentos se dava de
forma direta na vida
cotidiana. As preleções
dos principais eram muito
importantes pela experiência
dos membros mais velhos
das tribos. Os índios
aprendiam de forma
espontânea e não
programada. Aprendiam pela
força da tradição, pela força
da ação e pela força do
exemplo. Contudo, não há
uma pedagogia no sentido de
uma reflexão sobre a prática
pedagógica
O O noviço José de Anchieta foi
o mais conhecido entre os
primeiro jesuítas a chegar ao
território brasileiro. Sabemos
que ele foi mestre no Colégio
de Piratininga e missionário
em São Vicente. Escreveu na
areia os "Poemas à Virgem
Maria". Foi missionário
também no Rio de Janeiro e
Espírito Santo. Esteve à
frente da Companhia de
Jesus como provincial de
1579 a 1586. Também foi
reitor do conhecido Colégio
do Espírito Santo. Sua obra
mais conhecida é a Arte de
gramática da língua mais usada
na costa do Brasil
6. José de Anchieta
nasceu em 19 de março de 1534 em Tenerife, Ilhas Canárias, Espanha
Faleceu em 9 de junho de 1597 no Espirito Santo
7. O Em 1570 a obra
jesuítica já era
composta por cinco
escolas de instrução
elementar (Porto
Seguro, Ilhéus, São
Vicente, Espírito Santo
e São Paulo de
Piratininga) e três
colégios (Rio de
Janeiro, Pernambuco e
Bahia). Depois de 21
anos da presença dos
jesuítas, eles já haviam
se instalado do norte
ao sul principalmente
nas regiões litorâneas.
O Inicialmente as escolas
funcionavam de acordo com
o plano de estudos de Manuel
de Nóbrega. Esse plano
iniciava com a aprendizagem
do português e passava pela
doutrina cristã. Depois disso
eram encaminhados as
escolas de ler e escrever,
onde também podiam ter
acesso ao canto orfeônico e a
música instrumental. Depois
disso recebiam a formação
profissional e agrícola e
aprendiam a língua latina.
Mais tarde todas as escolas
jesuítas eram regulamentadas
por um documento, escrito
por Inácio de Loiola, chamado
de Ratio Studiorum
8. Inácio de Loyola
Data incerta em 1491, Castelo de Loyola, País Basco, Espanha
31/07/1556, Roma, Itália
9. O Esse programa de
estudos iniciava com
um curso de
humanidades e
passava por um curso
de filosofia e por último
teologia. Os que
pretendiam seguir as
profissões liberais iam
estudar na Europa, na
Universidade de
Coimbra, em Portugal,
a mais famosa no
campo das ciências
jurídicas e teológicas, e
na França, a mais
procurada na área da
medicina.
O É importante destacar,
portanto, que os jesuítas
trabalharam em duas
frentes. De um lado, as
escolas e colégios serviam
para atender os órfãos
portugueses e os filhos da
elite colonial. Esses, depois
de concluírem a formação
oferecida no Brasil, eram
encaminhados a metrópole
para concluir seus estudos.
De outro lado, estavam as
reduções, que serviam para
proteger os índios dos
bandeirantes, que queriam
escravizá-los, e para educá-
los e catequizá-los.
10. O No Brasil, a redução mais
conhecida, principalmente pela
sua preservação, é a redução de
São Miguel Arcanjo no Rio
grande do sul. As missões
jesuíticas na América
eramaldeamentos indígenas
O Organizados e administrados
pelos jesuítas. No ano de 1630,
nos vinte aldeamentos
construídos, os padres
abrigavam por volta de 70.000
indígenas O objetivo principal
dessas missões era o de criar
uma sociedade de acordo com
os ideais cristãos e iluministas.
Esses aldeamentos eram muito
importantes, pois, devido à
mobilidade de muitas tribos, os
padres não encontravam povos
anteriormente visitados. Dessa
forma, não conseguiam dar
seqüência ao processo
civilizatório e educacional.
O Dentro desses aldeamentos,
o grande objetivo, mesmo em
termos educacionais, era a
conversão dos índios. Os
Jesuítas primeiro
introduziram o ensino
profissional. Na seqüência,
ministravam o ensino
elementar. Esse ensino era
organizado em classes para
contar, ler, soletrar, escrever
e rezar em latim. Com as
crianças indígenas os padres
recolhiam o material para a
organização da língua. Eles
conseguiam ampliar sua obra
catequizadora ensinando as
crianças canções que mais
tarde eram repetidas para os
parentes na própria língua
indígena
11. O Um dos primeiros expedientes
metodológicos utilizados pelos
padres jesuítas para a educação
dos índios foi a música.
O . Com ela, os padres
conseguiam a atenção e a
simpatia dos índios. Faziam uso
dos instrumentos nativos e
compunham na língua indígena
músicas que falavam do deus
cristão.
O Com o teatro os jesuítas
também promoveram a
educação e a evangelização.
Da mesma forma que fizeram
com a música, eles usavam
peças na língua tupi ou em
português para falar dos
santos, anjos e do deus
cristão. Essas peças ficaram
conhecidas como autos.
O A dança foi outro recuso
usado pelos jesuítas. Os
padres comemoravam datas
do calendário cristão e
convidavam os índios para
celebrar essas datas com
suas danças
12. O A maioria dos índios não
percebia, mas, aos
poucos, com a música, o
teatro e a dança, os
padres estavam
introduzindo na sua rotina
comportamentos e rituais
tipicamente cristãos.
O Até 1759, quando foram
expulsos de todas as
colônias portuguesas por
decisão de Sebastião
José de Carvalho, o
marquês de Pombal,
primeiro-ministro de
Portugal, os jesuítas
tinham 25 residências, 36
missões e 17 colégios e
seminários.
O Dessa forma, como
nos diz Saviani (2010,
p.26-27), é possível
perceber que o início
da educação brasileira
é marcado,
principalmente, pela
colonização, enquanto
exploração da terra,
aculturação, enquanto
submissão forçada
dos índios a cultura
européia e
catequização dos
índios na fé cristã.
13. Sebastião José de Carvalho e Melo.
Marquês de Pombal
13/05/ 1699, Lisboa, Portugal
08/05/1782, Pombal, Portuga
14. As ordens religiosas e a Educação Colonial
O Segundo Saviani (2010), os
primeiros missionários a
chegar ao Brasil, na frota de
Cabral, foram os
franciscanos. Celebraram a
primeira missa na nova terra,
mas logo foram embora
(1500). Depois disso, 1516-
1534, novos grupos de
franciscanos chegaram.
Alguns foram mortos, como
os que fixaram residência em
Porto Seguro, e outros
conseguiram desenvolver
uma grande ordem
catequética, como os
espanhóis na região sul do
Brasil.
O Eles constituíram o regime de
internato e ensinavam além
da doutrina diversos ofícios,
como por exemplo, lavrar a
terra.Na sequência, outros
franciscanos chegaram a
diversas regiões do Brasil, e
em 1585 foi fundada em
Olinda a primeira Custódia do
Brasil com o Convento de
Nossa Senhora das Neves de
Olinda. Tanto os
franciscanos, como os
jesuítas tiveram um papel
importante na cultura do povo
brasileiro, mas como houve
uma predominância jesuítica,
tiveram maior influência na
história da educação
brasileira. (Saviani, 2010, p.
40)
15. O Outra ordem religiosa
apontada por Saviani (2010,
p.40-41) que chegou no
século XVI ao Brasil foram os
beneditinos. Instalaram-se em
salvador com a intenção de
construir um mosteiro.
Depois construíram outros
em Olinda, Rio de Janeiro,
Paraíba do Norte e São Paulo.
Os beneditinos não tinham a
intenção de instruir, mas a
população que se instalou ao
redor dos mosteiros sentiu
essa necessidade, então
surgiram os colégios de São
Bento. Outras ordens
religiosas se fizeram
presentes no território
brasileiro, mas não
conseguiram um papel
relevante na educação
O Ao contrário disso, os jesuítas
tinham o apoio da Coroa
portuguesa e das autoridades
coloniais, vindo a exercer o
monopólio da educação nos
dois primeiros séculos da
colonização. (Saviani, 2010, p.
41)
O Segundo Ribeiro (1998, p.26), a
preocupação da escolaridade e
da formação de sacerdotes para
a catequese, desencadeou o
surgimento do primeiro plano
educacional (por Manuel de
Nóbrega), que tinha como
intuito o recolhimento, nos
quais se educassem os
mamelucos, os órfãos e os
filhos dos principais caciques,
além dos filhos dos colonos, em
regime de externato
16. O Aprendiam português,
doutrina cristã, ler e escrever,
canto orfeônico, música
instrumental e tinha ainda
uma bifurcação tendo em um
dos lados o aprendizado
profissional e agrícola e, do
outro, aula de gramática e
viagem de estudos à Europa.
Os índios não se adaptaram
ao catolicismo, então foram
capacitados no ensino
profissional e agrícola, para
exercerem funções
essenciais à vida da colônia.
O Nóbrega visava “uma extensa
cadeia de colégios nas
povoações litorâneas, cujos
elos seriam o colégio da
Bahia ao norte e do de São
Vicente ao sul.”
O .” (Matto,1958 apud Saviani,
2010, p.43) Esses colégios
alimentariam os outros que
seriam implantados. Eles
tinham também um projeto de
educação feminina, mas não
foi aprovado pela metrópole.
Nóbrega desenvolveu uma
prática pedagógica com base
em ideias, materiais e em
uma ação efetivas no
processo de ensino-
aprendizagem. Utilizou da
estratégia de trazer crianças
portuguesas para o Brasil
com a intenção de atrair os
olhares dos indígenas para a
conversão da fé católica.
17. O Além disso, Saviani (2010, p.44)
afirma que Nobrega visava a
provisão de recursos materiais
(terras) dos colégios jesuítas. Sua
filosofia tradicional religiosa junto
com as ideias pedagógicas
cooperavam com a realidade da
colônia e tinham um fim
predeterminado: a conversão e
conformação da nova situação
pelos gentios.
O Com o intuito de instruir os índios
e criar um vínculo maior com eles,
o padre Anchieta, por sua vez,
conhecedor de línguas,
interessado em facilitar a
comunicação e assim colaborar
com o trabalho pedagógico,
passou a dominar a língua
indígena (Tupi) e organizou sua
gramática com objetivo de civilizar
o povo nativo.
O Ele passou a ser um agente da
“civilização pela palavra” (Saviani,
2010, p.44), importante para a
Contra-Reforma, movimento da
Igreja Católica em oposição à
Reforma protestante de Lutero
(1517). (Saviani, 2010, p.44)
O Dessa forma, a retórica, como
elemento central do Ratio
Studiorum, teve papel importante
no sistema pedagógico. Além do
mais, Anchieta escreveu peças
teatrais e poesias, tendo por tema
o dualismo entre os deuses
indígenas do bem e do mal. Para
os jesuítas as religiões indígenas
não eram obras de Deus e com as
peças pretendiam demonstrar
isso. As práticas pedagógicas
utilizadas até então pelos jesuítas
foram formuladas de acordo com
as condições encontradas pelos
portugueses na nova terra
(Saviani, 2010, p.44).
18. Biografia:
HISTÓRIA DAS IDEIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL
Autor: Dermeval Saviani
O VENCEDOR DO PRÊMIO JABUTI 2008 NA
CATEGORIA EDUCAÇÃO, PSICOLOGIA E
PSICANÁLISE
O Pela primeira vez vem à luz um livro cobrindo
toda a história da educação brasileira, desde
suas origens indígenas até os dias atuais. Todos
os que se interessam pela nossa história
dispõem, agora, de uma valiosa via de acesso
ao conhecimento desse importante capítulo da
cultura brasileira: as ideias pedagógicas. Os
professores, em especial, têm nas mãos um
instrumento de grande utilidade para o
desenvolvimento do trabalho com os alunos em
sala de aula. Tomando esta obra como roteiro,
assegura-se aos estudantes uma visão de
conjunto da educação brasileira em sua
tranjetória histórica. E, recorrendo às
abundantes referências bibliográficas, o
professor pode selecionar textos fundamentais
para organizar seminários de aprofundamentos
sobre temas específicos a serem trabalhados
por grupos de alunos num instigante processo
de enriquecimento curricular. Texto base para a
disciplina de história da educação, o livro
contém subsídios suscetíveis de auxiliar
significativamente o trabalho docente das mais
diferentes disciplinas integrantes
dosCURRÍCULOS escolares