1. BARROCO
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Céu lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
PROSOPOPEIA DE BENTO TEIXEIRA
2. O BARROCO
NO SÉCULO XVII, O SER HUMANO
VIVE EM CONFLITO,
ATORMENTADO POR DÚVIDAS
EXISTENCIAIS, DIVIDIDO ENTRE
UMA POSTURA RACIONAL E
HUMANISTA E UMA EXISTÊNCIA
ASSOMBRADA PELA CULPA
CRISTÃ.
3. RENASCIMENTO
SÉCULO XVI
IDEOLOGIA ANTROPOCÊNTRICA E
RACIONALISTA;
VALORIZAÇÃO DO SER E DO AGIR
HUMANO;
IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA
CONCRETA;
PRAZERES MUNDANOS;
4. RENASCIMENTO
SÉCULO XVI
SUPERIORIDADE DA RAZÃO
SOBRE O MITO E A MAGIA
(MENTALIDADE MEDIEVAL);
DOMÍNIO SOBRE A NATUREZA =
PROGRESSO TECNOLÓGICO &
EXPANSÃO MARÍTIMA (ERA DAS
NAVEGAÇÕES);
ARTE OBJETIVA E EQUILIBRADA
5. RENASCIMENTO
SÉCULO XVI
O HOMEM RENASCENTISTA
SATISFAÇÃO PESSOAL
CRENÇA NA SOLIDEZ DO
MUNDO
6. CRISE DO RENASCIMENTO
DECADÊNCIA DAS CIDADES
ITALIANAS
A REFORMA DE LUTERO
BURGUESIA FORTALECIDA
NOBREZA AMEAÇADA
CONTURBAÇÕES SOCIAIS E
RELIGIOSAS
CONCÍLIO DE TRENTO(1545)
7. CRISE DO RENASCIMENTO
A HARMONIOSA IMAGEM DA VIDA
DO HOMEM RENASCENTISTA
DISSOLVE-SE NA ANGÚSTIA E NO
CAOS.
A REALIDADE PERDE A SUA
COERÊNCIA, OS FUNDAMENTOS
DO MUNDO SE DESMANCHAM.
8. Feudalismo Mercantilismo Crise da
sociedade
renascentista
e Contra-
Reforma
Arte Medieval Renascimento Barroco
Teocentrismo Humanismo Volta à
Valorização da Valorização da religiosidade
vida espiritual vida corpórea Dilaceramentos:
alma x corpo
vida x morte
claro x escuro
céu x terra, etc.
9. CRISE DO RENASCIMENTO
O INDIVÍDUO = CONTRADIÇÕES =
ESPIRITUALISMO RELIGIOSO
X
VIVÊNCIAS HUMANAS
10. CRISE DO RENASCIMENTO
O HOMEM DIVIDIDO:
ORGULHO X FRAGILIDADE
TENSÃO ENTRE ELEMENTOS
CONTRÁRIOS = PERDA DAS
CERTEZAS
11. CRISE DO RENASCIMENTO
O QUE É CERTO?
O QUE É JUSTO?
O QUE É VERDADEIRO?
QUEM SOU EU?
“To be or not to be?”
Hamlet = Shakespeare
12. RENASCIMENTO X BARROCO
RENASCIMENTO: Recusa os
valores religiosos e artísticos da
Idade Média.
BARROCO: Tenta inutilmente
conciliar a visão medieval da vida e
da arte com a visão renascentista.
14. BARROCO IBÉRICO
ARTE DA CONTRA-REFORMA;
CONOTAÇÃO RELIGIOSA;
PROPAGAÇÃO DA FÉ CATÓLICA;
CARÁTER SOLENE;
ARTE QUE CONQUISTA, CONVENCE,
IMPÕE ADMIRAÇÃO;
ARQUITETURA EXTRAVAGANTE.
15. O BARROCO
CONFLITO: CORPO & ALMA:
PRAZERES CÓRPÓREOS X
EXIGÊNCIAS DA ALMA
DILEMA:
VIDA ETERNA X VIDA TERRENA
16. O CARPE DIEM
APROVEITAR A VIDA?
VIVER INTENSAMENTE?
CULPA CRISTÃ = O HOMEM
NÃO ALCANÇA A
TRANQÜILIDADE
TENSÃO = ANGÚSTIA
CULPA & PECADO
17. TEMÁTICA DO
DESENGANO
DESVALORIZAÇÃO DA
VIDA HUMANA FRENTE À
MORTE E À ETERNIDADE
18. TEMÁTICA DO DESENGANO
“A VIDA É UM SONHO”
“Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção.”
(Calderón de la Barca = artista
barroco espanhol)
19. TEMÁTICA DO DESENGANO
EXISTÊNCIA TERRENA =
CARÁTER ILUSÓRIO
REALIDADE APARENTE
A VIDA VERDADEIRA É A ETERNA
21. TEMÁTICA DO DESENGANO
ALEGRIA DA EXISTÊNCIA X
PREPARAÇÃO PARA A MORTE:
CONSCIÊNCIA TRÁGICA
(PESSIMISTA) DA PASSAGEM DO
TEMPO, DA EFEMERIDADE DA
VIDA.
23. CULTISMO & CONCEPTISMO
Concepções Literárias
CULTISMO = Jogo de palavras =
Estilo excessivo e rebuscado =
Utilização de neologismos = Uso de
figuras de linguagem (Metáforas +
Antíteses + Paradoxos +
Hipérboles, etc.) = Inversões
sintáticas = Predomina na poesia
(Origem = poeta espanhol
Góngora).
24. CULTISMO & CONCEPTISMO
CONCEPTISMO = Jogo de
raciocínio (idéias) = Valorização do
conteúdo = Uso de analogias =
Duplos sentidos = Paradoxos e
alegorias = Requinte expressivo =
Sutileza das idéias = Predomina na
prosa (Origem = poeta espanhol
Quevedo).
25. LINGUAGEM BARROCA
REBUSCADA + COMPARAÇÕES
INESPERADAS + ANTÍTESES +
PARADOXOS + HIPÉRBOLES +
INVERSÕES NAS FRASES +
PALAVRAS RARAS + ESTILO
RETORCIDO = CONTRADITÓRIO =
BRILHANTE = INCOMPREENSÍVEL OU
DE MAU GOSTO.
26. O BARROCO NO BRASIL
ECONOMIA AÇUCAREIRA
REGIÃO: NORDESTE (BAHIA &
PERNAMBUCO)
CENTRO ECONÔMICO DO PAÍS =
SALVADOR = BAHIA
CIVILIZAÇÃO ESCRAVISTA
CONFLITO = ESPANHA
(PORTUGAL) X HOLANDESES
27. O BARROCO NO BRASIL
MARCO INICIAL = “Prosopopéia” -1601
De BENTO MANUEL TEIXEIRA
(Inspirada em “Os Lusíadas” = versão
mediana = celebra os feitos do
capitão e governador da Capitania de
Pernambuco = Jorge de Albuquerque
Coelho).
30. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA RELIGIOSA =
Oscilação da alma barroca entre o
mundo terreno e a perspectiva da
salvação eterna.
Licenciosidade moral x consciência
da infâmia (arrependimento).
Postura = o homem ajoelhado
diante de Deus.
31. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA RELIGIOSA =
Forte sentimento de culpa por ter
pecado = o poeta promete redimir-
se.
O homem ajoelhado, implorando
perdão por seus erros.
32. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA RELIGIOSA =
“A Jesus Cristo, Nosso Senhor”
Curiosa dialética = o poeta apela
para a infinita capacidade de Cristo
de redimir os piores pecadores,
alegando que a ausência de perdão
representaria o fim da glória divina.
Poema humilde & desafiador.
33. Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
34. Se uma orelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.
Gregório de Mattos
Do livro: "Livro dos Sonetos", LP&M Editores, 1996, RS
Enviado por: Márcia Maia
35. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA AMOROSA =
O AMOR ELEVADO =
IDEALIZAÇÃO DOS AFETOS EM
LINGUAGEM ELEVADA
36. GREGÓRIO DE MATOS
O AMOR ELEVADO = (poema para D.
Ângela = paixão do poeta que o teria
rejeitado):
“Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente
Em quem, senão em vós, se
uniformara?
37. GREGÓRIO DE MATOS
Quem vira uma tal flor, que a não
cortara,
De verde pé, da rama florescente?
A quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?
38. GREGÓRIO DE MATOS
Se pois como Anjo sois dos meus
altares,
Fôreis o meu custódio, e minha
guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
39. GREGÓRIO DE MATOS
Mas vejo que tão bela, e tão
galharda,
Posto que os Anjos nunca dão
pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me
guarda.”
40. GREGÓRIO DE MATOS
ANÁLISE DO POEMA = (Dona Ãngela)
Jogo de aproximações entre as
palavras: ANJO & FLOR para designar
a amada.
Palavras com caráter contraditório =
ANJO = eternidade + FLOR =
brevidade.
41. GREGÓRIO DE MATOS
ANÁLISE DO POEMA = (Dona Ãngela)
TENSÃO & DESESPERO =
“SOIS ANJO, QUE ME TENTA, E NÃO
ME GUARDA.”
42. GREGÓRIO DE MATOS
O AMOR OBSCENO-SATÍRICO =
EROTISMO = Exaltação da
sensualidade e da beleza dos corpos
(forma velada).
43. GREGÓRIO DE MATOS
O AMOR OBSCENO-SATÍRICO =
PORNOGRAFIA = Sexo proibido e
culpado, por meio de imagens
grosseiras e chocantes (forma
vulgar).
44. GREGÓRIO DE MATOS
O AMOR OBSCENO-SATÍRICO
OBSCENIDADE = Espécie de protesto
contra o sistema moral, contra as
concepções dominantes de amor e de
sexo e contra o próprio mundo. Às
vezes, toma o sentido de um culto
rude e subversivo do prazer contra os
tabus que impedem a plena realização
do libido = instinto sexual.
45. GREGÓRIO DE MATOS
O AMOR OBSCENO-SATÍRICO
Poesia de Gregório = visão agressiva
e galhofeira do amor físico = Quer
despertar o riso ou o comentário
maldoso da platéia = Revela
desprezo pela concepção cristã do
amor, que envolve a camada
espiritual.
46. GREGÓRIO DE MATOS
O AMOR OBSCENO-SATÍRICO NA
POESIA DE GREGÓRIO =
Nos poemas mais vulgares, se torna
engraçado (palavrões = descrições
desbocadas dos atos e orgãos
sexuais).
Machismo & Desprezo pelas mulheres
(principalmente = negras e mulatas)
47. O AMOR OBSCENO-SATÍRICO EM
GREGÓRIO DE MATOS
“O amor é finalmente/um
embaraço de pernas,/uma união
de barrigas,/um breve tremor de
artérias./Uma confusão de bocas,/
uma batalha de veias,/um reboliço
de ancas,/quem diz outra coisa é
besta.”
48. "Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteis a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor."
Gregório de Matos e Guerra (1636 - 1695)
1695
49. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA =
Poesia ferina e contundente que não
perdoa nenhum grupo social (ricos e
pobres) = Ironia cáustica = traço do
barroco ibérico.
50. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
ESTADO DE ESPÍRITO DO POETA AO
RETORNAR AO BRASIL (1682) =
Filho de senhor-de-engenho = crise.
Mundo dos nobres usurpado pelo
oportunismo dos negociantes.
Como bacharel vê a farsa das
instituições jurídicas.
51. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
ESTADO DE ESPÍRITO DO POETA =
Como poeta culto se vê num mundo
iletrado.
Na vida concreta vê as idéias
barrocas do “desengaño del mundo”
(o desconcerto do mundo = da vida)
52. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
PROTESTO DO POETA = Contra um
novo mundo que subverteu todos os
princípios e hierarquias, que está
afundando sua classe (nobreza).
RECURSO UTILIZADO = A linguagem
poética = caricatural = ofensiva =
cínica = sem piedade = acentua
aspectos grotescos dos indivíduos e
do contexto baiano.
53. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
“A cada canto um grande conselheiro,
Quer nos governar cabana e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.”
(...)
(Cabana e vinha = no sentido de negócios
particulares.)
54. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
VISÃO DO POETA = O Mercantilismo
estava acabando com a verdadeira
nobreza luso-baiana (sua família).
OLHAR DO POETA PARA SALVADOR =
Só vê = corrupção = negociata =
oportunismo = mentira = desonra =
injustiça = imoralidade = inversão de
valores = quebra das normas
55. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
“Que falta nesta cidade? ... Verdade.
Que mais por sua desonra? ... Honra.
Falta mais que se lhe proponha? ...
Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.” (...)
56. GREGÓRIO DE MATOS
O BOCA DO INFERNO
A truculência verbal do poeta gera
muitas inimizades e ódios:
“Querem-me aqui todos mal,
Mas eu quero mal a todos...” (...)
“Se o que fui sempre hei de ser,
Eu falo, seja o que for.” (...)
57. GREGÓRIO DE MATOS
POESIA SATÍRICA
O poeta se identifica com a cidade
vítima de um inimigo maior =
o capitalismo comercial europeu =
Visão conservadora e reacionária do
poeta.
A empresa mercantilista (“a máquina
mercante”) é a responsável pelo
declínio da sua classe (nobreza).
58. GREGÓRIO DE MATOS
À BAHIA
“Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.”
(...)
A ti trocou-te (modificou-te) a máquina
mercante,” (...)
59. Padre Antônio Vieira
(1608 - 1697)
OS SERMÕES (1679 - 1748) =
Utilização da Bíblia para referir-se a
temas do cotidiano.
Combate aos hereges e defesa dos
índios.
Sonho com o “Grande Império”
cristão, a ser localizado no Brasil.
Linguagem conceptista.
60. Padre Antônio Vieira
O VIGOR DA ORATÓRIA =
Pormenores da vida =
Ataque aos vícios = corrupção +
violência + pedantismo, etc.
Elogio às virtudes = religiosidade +
modéstia + caridade, etc.
61. Padre Antônio Vieira
Sermão do bom ladrão
“Não são só ladrões - diz o Santo - os
que cortam bolsas ou espreitam os
que vão se banhar, para lhe colher a
roupa; os ladrões que mais própria e
dignamente merecem este título são
aqueles a quem os reis encomendam
os exércitos e legiões, ou o governo
das províncias, ou a administração
das cidades, os quais já com manha,
já com força, roubam e despojam os
pobres. (...)”