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LIVRO DE RESUMOS




       ÍNDICE
2




INFLUÊNCIA DOS CURRAIS DE PESCA NA MALACOFAUNA DA PRAIA DE
ARPOEIRAS, ACARAÚ, CEARÁ.............................................................................4

Patrícia Albuquerque da Silva; David, Heleny Noronha; Nascimento, Natalia Gomes do & Maia,
Rafaela Camargo.



DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CARANGUEJOS (DECAPODA:
BRACHYURA) EM UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ....8
José Waldery Costa Secundo Junior, Francisca Cinara Araújo, Caio Ricardo Mathias Félix de
Melo & Rafaela Camargo Maia.



ANELÍDEOS POLIQUETAS DO ESTUÁRIO MÉDIO DO RIO ACARAÚ,
CEARÁ.........................................................................................................................12

Brena Késia de Sousa Lima, Amanda Lídia de Sousa Paula, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo ,
& Rafaela Camargo Maia.




AVALIAÇÃO DO EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS
ESPÉCIES DE GASTRÓPODES ESTUARINOS..................................................16

Ayko Reinaldo Shimabukuro; Targino, Mayára Gomes & Maia, Rafaela Camargo.




IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO EÓLICA NA COMUNIDADE
DE VOLTA DO RIO EM ACARAÚ/CE.................................................................20
Maria Gleiciane da Rocha; Ronyelle Vasconcelos Teixeira;Eugênio Pacelli Nunes
Brasil Matos


O ARTESANATO DE RESÍDUOS DE PESCADO E SUCATA MARINHA
COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE..............................24
Rosenete P. Martins; Maria Aila Farias & Soniamar Z. R. Saraiva.
3


AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE MOLINÉSIAS CULTIVADOS EM ESGOTO
DOMÉSTICO TRATADO...........................................................................................28

Francisco L. M. Silveira; José I. F. Vasconcelos Filho; Emanuel S. Santos.



IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE EM
PISCICULTURA ABASTECIDA COM ELFUENTES TRATADOS....................32

José I. F. Vasconcelos Filho; Francisco L. M. Silveira; Emanuel S. Santos.
4




INFLUÊNCIA DOS CURRAIS DE PESCA NA MALACOFAUNA DA PRAIA DE
ARPOEIRAS, ACARAÚ, CEARÁ.

Patrícia Albuquerque da Silva; David, Heleny Noronha; Nascimento, Natalia Gomes do & Maia,
Rafaela Camargo.




RESUMO: O objetivo deste trabalho é verificar se os currais exercem influência na
distribuição das espécies da malacofauna e realizar um levantamento taxonômico desses
organismos na região. Foram escolhidos três currais em que foram coletadas cinco
amostras de sedimento da área interna e cinco amostras na área externa. Duas classes de
Mollusca foram encontradas, Gastropoda e Bivalvia, compreendendo 7 famílias, 7
gêneros e 7 espécies. Os Gastrópodes foram dominantes. Não houve variação
significativa na riqueza das espécies dentro e fora dos currais, entretanto observou-se
uma tendência a observarmos uma maior densidade nas áreas internas. O teste de
similaridade também mostrou que as amostras coletadas dentro dos currais diferem das
regiões externas. Desta forma pode-se concluir que os currais podem exercer influência
sobre a malacofauna da região.

Palavras chave: macrofauna, moluscos, organismos bentônicos
5


1. INTRODUÇÃO

         Praias arenosas são ambientes dinâmicos, habitados por uma diversificada biota,
onde predominam moluscos, poliquetas e crustáceos (Rocha-Barreira, 2005). Diversos
são os fatores que podem influenciar na estrutura de comunidades dessa macrofauna
bentônica, como por exemplo, o pisoteio (Ferreira, 2009) e a quantidade de matéria
orgânica disponível (Rocha-Barreira et al., 2001).

           Os currais de pesca são armadilhas fixas no solo, construídas artesanalmente,
para aprisionar peixes por meio do movimento das marés (Piorski et al., 2009). Nas
praias, a instalação dessas estruturas pode influenciar as condições e os recursos
ambientais disponíveis e consequentemente a distribuição e abundância da fauna.

         Desta forma, os objetivos deste trabalho são: 1) Verificar se os currais exercem
influência na densidade, riqueza ou composição das espécies da malacofauna e; 2)
Realizar um levantamento taxonômico de moluscos existentes na região.



_______________________________
Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida
Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE




2. REVISÃO DE LITERATURA

    Segundo Rocha-Barreira (2005), estudos sobre a composição e distribuição espacial
da macrofauna bentônica restringem-se ao sul e sudeste do Brasil, sendo raros os
trabalhos realizados na região Nordeste. No Ceará, alguns trabalhos com fauna
bentônica foram realizados na zona costeira, dentre eles, podemos destacar Rocha-
Barreira (2005), Ferreira (2009), Rocha-barreira (2001). Os autores apontam fatores
abióticos, biótico e antrópicos como resultado dos padrões de distribuição das
comunidades biológicas. Na região da Praia de Arpoeiras em Acaraú, observou-se a
inexistência de trabalhos com a malacofauna, especialmente aqueles que a relacionem
com artes de pesca como os currais.
6


3. MATERIAL E MÉTODOS

       O presente estudo foi realizado na Praia de Arpoeiras, localizada no município
de Acaraú, litoral oeste do estado do Ceará. O local consiste numa planície entremarés
com grande extensão, situada próximo ao estuário do Rio Acaraú, onde é observada
uma grande ocorrência de currais de pesca (Rocha-Barreira, 2005).

       Para a análise da malacofauna foram selecionados três currais de pesca, na
mesma linha de maré, ao longo da praia. Em cada um, com o auxílio de um amostrador
cilíndrico de PVC ("core") foram coletadas cinco amostras de sedimento na área interna
e cinco amostras em áreas adjacentes, localizadas a cerca de 10 metros de cada curral. O
material coletado foi peneirado em malha de 0,05 mm de abertura para retirada da
macrofauna, e a seguir, foi conservado em álcool etílico 70%. Em laboratório, os
organismos encontrados foram separados com o auxílio de lupa e os moluscos foram
identificados ao menor nível taxonômico possível.

       Para comparar a abundância de indivíduos e a riqueza de espécies dentro e fora
dos currais de pesca foi utilizado um Teste t de Student. A similaridade das amostras foi
avaliada por meio de uma Análise de Agrupamento (cluster) a partir do índice de Bray-
Curtis. Todos os dados utilizados nas análises foram transformados em logaritmo
neperiano par alcançar as premissas dos testes.




4. RESULTADOS

       Considerando os três currais de pesca amostrados foram identificados duas
classes de Mollusca: Bivalvia e Gastropoda, compreendendo 7 famílias, 7 gêneros e 7
espécies. A classe Gastropoda teve uma maior representatividade, com 383 indivíduos
coletados, enquanto a classe Bivalvia teve apenas 7 indivíduos coletados. O gastrópode
Rissoina sp foi a espécie dominante, representando 55% do total indivíduos coletados.
       Não foram encontradas diferenças significativas na riqueza de espécies nas
amostras de dentro e fora dos currais de pesca (t = - 0,175; gl = 28; p = 0, 86).
Entretanto, observamos uma tendência à ocorrência de um maior número de organismos
dentro dessas áreas (t = 1,858; gl = 28; p = 0, 074).
       O dendograma revelou uma similaridade superior a 60% entre as amostras Fora
2 e 3 e similaridade inferior a 48% nas amostras Dentro 2 e 3. Ou seja, as amostras
7


coletadas dentro dos currais diferem das realizadas fora, com exceção, o Curral 1, que
apresenta uma similaridade superior a 80% entre suas amostras.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
       Dentro dos currais há fatores biológicos favoráveis ao habitat de moluscos, como
abrigo, proteção e alimentação, uma vez que o cerco instalado fornece abrigo para as
espécies enquanto os peixes aprisionados aumentam a quantidade de matéria orgânica
disponível.
         O gastrópode Rissoina sp. foi o mais abundante, especialmente no Curral 2,
onde observamos bancos de fanerógamas e algas, condição favorável a ocorrência da
espécie. Esse fator também pode ser responsável pela baixa ocorrência de bivalves, que
geralmente habitam sedimento de areia muito fina e permanentemente úmidos.


6. REFERÊNCIAS

FERREIRA, M. N.; ROSSO, S. 2009. Effects of human trampling on a rocky shore
    fauna on the Sao Paulo coast, southeastern Brazil. Braz. J. Biol., vol. 69, n. 4, p.
    993-999.

PIORSKI, N. M.; SERPA, S.S.; NUNES, J. L. S. 2009. Análise comparativa da pesca
    de curral na ilha de são Luís, estado do maranhão, Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 42,
    p. 1-7.

ROCHA-BARREIRA, C. A., HIJO, C. A. G.; FERNANDES, D. A. O.; SILVA, H. L.;
    VIDAL, J. M. A.; RODRIGUES, L.; VIANA, M. G.; JÂNICO, P. R. P. 2005.
    Levantamento da macroinfauna bentônica de ambientes inconsolidados do
    estado do Ceará. (faixa entre-marés de praias arenosas). Programa Zoneamento
    Ecológico Econômico (ZEE) da zona Costeira do estado do Ceará. Fortaleza.
    144pp.

ROCHA-BARREIRA, C. A.; MONTEIRO, D. O.; FRANKLIN-JÚNIOR, W. 2001.
    Macrofauna bentônica da faixa entremarés da praia do Futuro, Fortaleza, Ceará,
    Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 34, p. 23-38.
8




DISTRIBUIÇÃO   ESPACIAL   DE   CARANGUEJOS    (DECAPODA:
BRACHYURA) EM UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ.
9


José Waldery Costa Secundo Junior, Francisca Cinara Araújo, Caio Ricardo Mathias Félix de
Melo & Rafaela Camargo Maia.


RESUMO: O objetivo desse trabalho é conhecer a distribuição espacial das espécies de
caranguejos que ocorrem no estuário do rio Acaraú em três ambientes diferentes:
infauna, epifauna e troncos e a influência da vegetação na estrutura da comunidade.
Foram registradas cinco espécies de caranguejos braquiúros, sendo Uca rapax a espécie
dominante. Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho dos organismos
entre os diferentes locais de amostragem. As análises de correlação indicaram uma
relação significativa entre a densidade de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle e
entre a densidade de Aratus pisonii e Uca rapax.

Palavras-chave: Comunidade; Crustáceos; Manguezal




1. INTRODUÇÃO

         O manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes
terrestres e marinho, característico de regiões tropicais, desempenhando diversas
funções naturais de grande importância e ecológica (Schaeffer-Novelli et al., 2000).
Entre a fauna dominante desse ecossistema encontram-se os caranguejos braquiúros.
         Nesse contexto, o objetivo geral desse trabalho é conhecer a distribuição
espacial de caranguejos em um bosque de mangue estuarino no estado do Ceará
considerando a sua densidade e distribuição de tamanhos em microhabitats (epifauna,
infauna e troncos) e a influência da vegetação na estrutura da comunidade.


2. REVISÃO LITERÁRIA

         O ambiente manguezal é habitado por diversos animais, que variam de espécies
microscópicas até peixes, aves, répteis e mamíferos (Nanni & Nanni, 2005). Muitos
deles, não são exclusivos de manguezais, porém nessas áreas, ocupam o sedimento
(epifauna ou infauna), água, raízes e troncos de árvores típicas de mangue.


______________________________
Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida
Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE
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           Dentre as diversas espécies de caranguejos temos: Aratus pisonii (H.Milne
Edwards,1837), Goniopsis cruentata (Latreille,1803), Sesarma rectum Randall,1840,
Uca rapax (Smith,1870) e o Ucides cordatus (Linnaeus,1763) entre os mais
representativos. Esses animais cavam tocas nos sedimento que ajudam na aeração do
solo e se alimentam de detritos vegetais, atuando como importantes macrodetritívoros
(Nanni & Nanni, 2005).


3. MATERIAIS E MÉTODOS

           O presente estudo foi desenvolvido no manguezal do estuário do rio Acaraú,
próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do Estado do Ceará.

       Foram demarcados três transectos, a 10 metros da margem do rio, e em cada um,
5 parcelas de 100m2 cada, distanciadas em 5 metros. Em cada parcela, a coleta dos
animais da epifauna foi realizada de forma aleatória por 3 pessoas com tempo
delimitado de 10 minutos. Nessas áreas demarcadas também foram coletados todos os
troncos encontrados caídos no sedimento. Para Infauna foram coletadas 3 amostras de
sedimento com auxílio de um amostrador cilíndrico de PVC com 15 cm de diâmetro
(“core”). O material recolhido foi passado por peneiras com 0,05 mm de malha para
retirada dos organismos. Posteriormente em laboratório, os caranguejos coletados foram
mensurados, com um paquímetro, quanto à largura e o comprimento da carapaça.




4. RESULTADOS

       Foram coletados 126 indivíduos, de cinco espécies nos ambientes de estudo
(Tabela 1). Dentre os organismos amostrados, 89% estavam na epifauna, onde
ocorreram cinco espécies (Tabela 1) e 9% na infauna, onde foram registradas apenas
duas espécies (Tabela 1). Os animais coletados nos troncos representaram apenas 2% do
total, com a ocorrência de apenas dois indivíduos, das espécies Uca rapax e Aratus
pisonii.
11




   Tabela1: Composição e distribuição dos táxons coletados.

Espécie               Família       Ordem      Ocorrência (%)
Uca rapax             Ocypodidae    Decapoda   Epifauna (75%), infauna (92%), tronco (50%)
Ucides cordatus       Ocypodidae    Decapoda   Epifauna (1%), infauna(8%)
Aratus pisonii        Grapsidae     Decapoda   Epifauna (14%), tronco (50%)
Goniopiis cruentata   Grapsidae     Decapoda   Epifauna (4%)
Sesarma rectum        Grapsidae     Decapoda   Epifauna (6%)



       Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho médio dos indivíduos
   coletados nos 3 ambientes. Os resultados da análise de correlação entre as densidades
   populacionais e os tamanhos dos caranguejos com os parâmetros estruturais dos
   bosques indicaram uma correlação significativa positiva entre a densidade de Uca
   rapax e Aratus pisonii (r = 0,64) e entre a densidade de Goniopsis cruentata e
   Rhizophora mangle (r = 0,55).




   5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

          O presente trabalho permitiu concluir que entre os três ambientes estudados
   (Epifauna, Infauna e tronco), a Epifauna teve a maior abundância de organismos
   principalmente devido a grande dominância de Uca rapax.

          Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho dos organismos
   entre os diferentes ambientes de amostragem, visto que as mesmas espécies ocorreram
   em todos os habitats estudados
12


        As análises de correlação indicaram uma relação significativa entre a densidade
populacional de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle e também entre a
abundância de Aratus pisonii e Uca rapax, dados resultantes do hábito alimentar dessas
espécies, visto que G. cruentata é herbívoro e pode se alimentar de R. mangle enquanto
A. pisonii pode ser predador de U. rapax.




6. REFERÊNCIAS




MASUNARI, S. Distribuição e abundância dos caranguejos Uca Leach (Crustacea,
Decapoda,        Ocypodidae)       na       Baía     de       Guaratuba,      Paraná,
Brasil.23(4).ed.Paraná.Revista Brasileira de Zoologia.2006.


NANII, H.C.; NANII, S.M. Preservação dos manguezais e seus reflexos. XIII
    SIMPEP- Bauru. SP. Brasil. 2005. 12p.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; MOLERO, G.C.; SOARES, M. L. G.; DE ROSA, T.
    Aquatic Ecossystem Health and Management. 3. ed. Brasilian Mangroves. 2000.
    561-570 p.
13




ANELÍDEOS POLIQUETAS DO ESTUÁRIO MÉDIO DO RIO ACARAÚ,
CEARÁ.

Brena Késia de Sousa Lima 1, 3, Amanda Lídia de Sousa Paula         1, 3
                                                                           , Caio Ricardo
Mathias Félix de Melo1, 3 & Rafaela Camargo Maia 2,3.

RESUMO: Os Poliquetas são animais que apresentam grande representividade dentro
dos invertebrados, participam significativamente da cadeia alimentar das populações
bentônicas, e é um dos grupos dominantes no ambiente manguezal. O objetivo principal
desse trabalho é caracterizar as comunidades de anelídeos poliquetas presentes em uma
área estuarina de manguezal no rio Acaraú. As amostragens foram feitas com auxilio de
um “core” e as espécies foram identificadas ao menor nível taxonômico possível. Todos
os exemplares coletados são da família Nereidae. Espécies desse táxon são bons
indicadores de impacto ambiental, o que possivelmente justifica sua dominância no
degradado estuário do rio Acaraú.

Palavras-chaves: Anelídeos; Manguezal; Polychaeta.

1. INTRODUÇÃO

       Poliquetas, que são anelídeos típicos de ambientes marinhos, ocupam também
ambientes de água doce e salobra. Polychaeta é o táxon de maior abundância e riqueza
do filo Annelida e possuem função importante nas cadeias tróficas marinhas e estuarinas
como fonte de alimentos para a maioria dos outros organismos presentes no ecossistema
manguezal (Amaral & Nonato, 1996). Contribuem também para a aeração dos fundos
de areia e para a reciclagem de nutrientes encontrados na sedimentação (Lana e Santos,
2005). O estudo dessa classe é de suma importância para compreendermos a avaliação
14


da qualidade ambiental uma vez que os anelídeos possuem íntima relação com o
substrato exercendo importante papel no fluxo de nutrientes e energia (Lana e Santos,
2005). O objetivo principal deste trabalho foi descrever a composição e abundância da
classe Polychaeta no sedimento não consolidado da área estuarina do rio Acaraú, uma
vez que faltam trabalhos nesse âmbito.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

       A classe Polychaeta compreende mais de 800 espécies descritas no litoral
brasileiro, sendo a maior classe do Filo Annelida (Amaral & Jablonski, 2005).

_______________________________

1. Graduandos em Ciências Biológicas

2. Professora Doutora – orientadora

3. Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales
Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú - CE

Algumas espécies têm sido utilizadas como bioindicadores de degradação ambiental por
serem sensíveis a poluição, no entanto, outras se destacam por sua resistência a
ambientes poluídos (Lana e Santos, 2003). Os trabalhos sistemáticos realizados por
Nonato & Luna (1970) foram os primeiros a caracterizar o grupo, descrevendo 15
espécies de quatro famílias de Poliquetas.

       No litoral cearense, a fauna de anelídeos poliquetas ainda não foi muito
estudada, sendo o grupo somente citado em trabalhos realizados com toda a macrofauna
bentônica como o de Oliveira et al. (1988). Uma exceção é o trabalho de Sousa (2006),
que estudou a distribuição espacial dos poliquetas em uma área de praia rochosa,
destacando a biodiversidade dos anelídeos da costa cearense. Visto a importância
ecológica desse grupo e a carência de trabalhos nesse eixo, estudos se fazem necessários
para o conhecimento da poliquetofauna existente em áreas estuarinas cearenses.




3. MATERIAL E MÉTODOS
15


       O presente estudo foi realizado no médio estuário do rio Acaraú (02º49”94′S,
40º05”14′W), próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do
estado do Ceará. A bacia hidrográfica do Acaraú é a segunda maior do estado. Para
verificar a distribuição da poliquetofauna no ambiente manguezal, foram demarcados
três transectos aleatórios na área vegetada, com três parcelas de cem metros quadrados
por transecto. As parcelas iniciavam-se a dez metros da margem do rio, e distanciavam
cinco metros uma das outras. Em cada parcela, foram coletadas três amostras de
sedimento com auxilio de um amostrador cilíndrico de PVC (“core”) com 15 cm de
diâmetro. O material recolhido foi passado por peneiras com 0,05 mm de malha ainda
em campo. Posteriormente, em laboratório, foi realizada à triagem minuciosa das
amostras preservadas em álcool a 70%. As mesmas foram identificadas no menor nível
taxonômico possível com auxílio de uma chave de identificação baseada em caracteres
morfológicos, proposta por Amaral & Nonato (1996).

4. RESULTADOS

       No presente estudo foram coletados e identificados 47 organismos da classe
Polychaeta. Todos os exemplares pertencem à família Nereidae, sendo todas da mesma
espécie, Laeonereis culveri. A representividade dos Nereidae que são considerados bons
indicadores de áreas de degradação, pois correspondem às características do estuário em
estudo, onde a pressão antrópica é evidente. Autores como Lana & Santos (2003)
descrevem que algumas espécies são tolerantes aos impactos ambientais tendo presença
elevada enquanto outras acabam excluídas assim tornam-se indicadoras de degradação.




5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

       A presença de apenas uma espécie conhecida como indicadora de áreas
degradadas, na região estuarina do rio Acaraú, pode ser reflexo da atual situação de
antropização dessa faixa litoral de ecossistema manguezal.

       Pesquisas posteriores se fazem necessárias para se compreender melhor essas
interações dos poliquetas com o ambiente estuarino e de que forma podem ser utilizados
como bioindicadores na avaliação da degradação ambiental.
16


6. REFERÊNCIAS

AMARAL, A.C.Z.; JABLOSKI. Conservação da biodiversidade marinha e costeira do
   Brasil. Megadiversidade, v. 1. n.1, p. 43-51, 2005.




AMARAL, A.C.Z. & NONATO, E.F. 1996. Annelida Polychaeta: características,
   glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. Campinas: Editora da
   UNICAMP. 124p.




LANA, P.C.; SANTOS, C.S.G. Anelídeos poliquetas do litoral brasileiro: uma
   síntese do conhecimento atual e avaliação dos recursos humanos e materiais.
   In: Biodiversidade Marinha Brasileira: o estado da Arte. Eds. Couto, E.G. &
   Rocha, G.R.A., EDITUS. 2003.




NONATO, E.F.;LUNA, J.A.C. Sobre alguns poliquetas de escama do nordeste do
   Brasil. Bolm. Inst. Oceanogr. S. Paulo, v. 18, n. 1, p. 63-91, 1970.




OLIVEIRA, A.M.E.; IRVING, M.A.; LIMA, H.H. Aspectos bioecológicos do estuário
   do rio Pacoti, Ceará, Brasil. Arq. Ciên. Mar. v. 27,p. 91-100. 1988.




SOUSA,     R.C.A.     Distribuição     espacial    dos     poliquetas     (ANNELIDA,
   POLYCHAETA) dos Recifes de arenito na praia da Pedra Rachada (Paracaru
   - Ceará). 2005. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) -
   Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
17




AVALIAÇÃO DO EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS
ESPÉCIES DE GASTRÓPODES ESTUARINOS.




Shimabukuro, Ayko Reinaldo; Targino, Mayára Gomes & Maia, Rafaela Camargo.




RESUMO: O estudo realizado avaliou a hipótese sobre a influência do efeito de borda
com moluscos das espécies Littoraria angulifera e Melampus coffeus no ecossistema
manguezal, se há diferença entre tamanho da concha e a densidade de caramujos dentro
do bosque e na borda. Os exemplares analisados na borda mostraram que a densidade e
o tamanho da concha foram maiores nos indivíduos L. angulifera, enquanto uma maior
densidade de M. coffeus ocorreu dentro do bosque e sem diferença significativa com seu
tamanho na borda ou dentro do bosque, indicando a influência do efeito de borda com
os moluscos estudados.

Palavras-chave: Efeito de borda; Manguezal; Moluscos.




1. INTRODUÇÃO

       O efeito de borda pode ser definido como uma alteração na estrutura, na
composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de fragmentos
18


formados por barreiras naturais, como um rio, ou de origem antrópica, como o
desmatamento (Forman & Gordon, 1986). Nesses ambientes ocorrem mudanças
microclimáticas tais como nível de luz, temperatura, umidade e vento (Nascimento &
Laurance 2006, Primak & Rodrigues, 2001). Essas mudanças podem influenciar a
distribuição dos organismos em diversos ambientes (Primak & Rodrigues 2001).
          Desta forma, o objetivo geral do presente estudo é avaliar a influência do efeito
de borda sobre espécies de gastrópodes estuarinos Littoraria angulifera (Littorinidae) e
Melampus coffeus (Ellobiidae) abundantes em manguezais de Acaraú.


2. REVISÃO DE LITERATURA

          Apesar dos moluscos serem um dos principais componentes da fauna de
manguezais, em riqueza de espécies e densidade de organismos, não se sabe como o
efeito de borda os influencia. Acredita-se que a morfologia da concha e a abundância de
gastrópodes marinhos variam entre os diferentes ambientes, sendo o formato ou
tamanho da concha uma resposta a fatores como dessecação, salinidade e
hidrodinamismo (Maia et al., 2010).
___________________
Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida
Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE


          Dessa forma, esses organismos podem responder as condições diferenciais
encontradas nas bordas dos fragmentos. Esse conhecimento torna-se essencial uma vez
que esses habitats encontram-se cada vez mais fragmentados em decorrências das
atividades humanas.


3. METODOLOGIA

          O presente estudo foi realizado no estuário médio do rio Acaraú, município de
Acaraú, litoral oeste do Estado do Ceará.

          Para avaliar como o efeito de borda influencia a distribuição e abundância de
caramujos deste manguezal foram escolhidos aleatoriamente 3 sítios de coletas e em
cada sítio foi demarcado um transecto com duas parcelas de 100m² cada, paralelas ao
rio e distanciadas em 50 metros, sendo a primeira parcela delimitada com o início da
vegetação. Todos os indivíduos de Melampus coffeus e Litttoraira angulifera
19


                                         encontrados foram coletados manualmente e posteriormente, os animais foram fixados
                                         em álcool 70% e medidos com o auxílio de um paquímetro (precisão = 0,01 mm).

                                                Para análise estatística, foi utilizado o teste T de Student. Os dados foram
                                         transformados em logaritmo neperiano para alcançar as premissas do teste.




                                         4. RESULTADOS

                                                  Foram coletados 580 indivíduos, sendo 282 Littoraria angulifera e 298
                                         Melampus coffeus. Os resultados do teste T de Student mostraram que os exemplares de
                                         L. angulifera apresentam menores valores de tamanho na borda do fragmento (15,62 +
                                         4,98 DP mm) quando comparados com o interior do bosque de mangue amostrado
                                         (16,19 + 4,14 DP mm) (t = 7,145; gl = 279; p < 0,001) enquanto para M. coffeus não
                                         foram observadas diferenças significativas no tamanho da concha entre a borda (16,95 +
                                         2,72 mm) e o centro do fragmento (17,92 + 2,93 DP mm) (t = 1,616; gl = 299; p =
                                         0,107) (Fig. 1).

                                                Com relação à densidade de indivíduos no ambiente, os resultados da análise
                                         estatística mostraram que na borda do fragmento os caramujos da espécie L. angulifera
                                         (t = 7,145; gl = 279; p < 0,001) são mais abundantes que dentro do bosque e o inverso
                                         ocorre com os indivíduos de M. coffeus, que dentro do bosque são mais abundantes que
                                         na borda do fragmento (t = 1,616; gl = 299; p = 0,107). (Fig. 1)




                                         120                                                                      90
Densidade Melampus coffeus (ind. 10m²)




                                                                                                                  80
                                         100
                                                                                                                  70
                                                                                             (ind.10m²)




                                          80                                                                      60


                                                                                                                  50
                                          60
                                                                                                                  40


                                          40                                                                      30
                                                                                             Littoraria angulifera




                                                                                                                  20
                                          20
                                                                                                                  10
                                                                                                          Densidade




                                           0                                                                          0
                                                       Bo rd a                  D e n tr o                                Bo rd a                  D e n tr o   M é d ia
                                                                                               M é d ia
                                                                                               E rro -p a d rã o                                                Erro -p a d rã o
                                                                 P o s iç ã o                                                       P o s iç ã o
20




Figura 1: Densidade de Melampus coffeus e Littoraria angulifera da borda e dentro do
bosque de mangue amostrado.




5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

         Os adultos de Littoraria angulifera conseguem se afastar da borda por possuírem
reservas de água no interior de sua concha, ocupando outros nichos dentro do bosque,
enquanto os juvenis, em maiores densidades, ficam restritos a região mais próxima ao
rio.

             Por ser um molusco pulmonado, Melampus coffeus encontra melhores
condições        de   crescimento   populacional   em   áreas   mais   distantes   do     rio,
independentemente do tamanho de sua concha.

          Os dados apresentados indicam que na área estudada existe influência do efeito
de borda e que as espécies estudadas possuem uma distribuição diferencial dentro do
manguezal, possivelmente a fim de evitar a competição.




6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FORMAN, R.T.T. & GODRON, M. 1986. Landscape ecology. John Wiley, New York.
       620 pp.

MAIA, R. C., LIMA-VERDE, F. B. & ROLEMBERG, K. F. 2010. Padrões de
       distribuição vertical e horizontal de Littoraria angulifera (Lamarck, 1822) nos
       estuários dos rios Ceará e Pacoti, Estado do Ceará. Arq. Ciên. Mar 43(2): 32-39.

NASCIMENTO, H.E.M. & LAURANCE, W. F. 2006. Efeitos de área e de borda sobre
       a estrutura florestal em fragmentos de floresta de terra-firme após 13-17 anos de
       isolamento. Acta Amazonica 36: 183-192.
21


PRIMACK, B. R. & Rodrigues, E. Biologia da conservação: efeitos de borda. Londrina,
    2001, p. 100-103.




IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO EÓLICA NA COMUNIDADE
DE VOLTA DO RIO EM ACARAÚ/CE


ROCHA, Maria Gleiciane da; TEIXEIRA, Ronyelle Vasconcelos; MATOS, Eugênio
Pacelli Nunes Brasil


RESUMO: O objetivo do presente estudo foi identificar os impactos causados pela
implantação de estações de energia eólica do ponto de vista da comunidade local, e
apontar a necessidade de um planejamento adequado quanto à instalação dos parques
eólicos, tendo em vista a fundamental importância da preservação do ambiente. Foi
22


escolhida uma comunidade que abriga um parque eólico onde realizou-se a observação
do local e, em seguida, a aplicação de um questionário para a comunidade. Verificou-se
que houve inúmeros impactos positivos ao ambiente e a comunidade, contudo,
observaram-se também alguns impactos negativos. Logo, conclui-se que a utilização de
energia renovável é significativamente relevante, mas que apresenta ainda alguns pontos
desfavoráveis à natureza.

Palavras chaves: Energia renovável. Energia eólica. Meio ambiente.


1. INTRODUÇÃO


           As questões ambientais, hoje mais do que nunca, impulsionam a
comunidade mundial na busca de soluções eficientes e ecologicamente corretas para o
suprimento energético. O crescimento da energia eólica no mundo tem sido uma
resposta da sociedade por uma melhor qualidade de vida (DUTRA, 2001). Esta vem
tomando lugar e se difundindo como fonte alternativa e limpa graças aos seus diversos
benefícios (CORREA, 2010).
           Contudo, assim como toda interferência humana no ambiente a energia
eólica também apresenta algumas características desfavoráveis (DUTRA, 2001). Assim,
não se pode ocultar esta situação e os problemas ocasionados a partir de sua instalação.
Logo, faz-se necessário, a realização de um estudo que mostre os impactos ambientais e
apresente possíveis soluções para minimizar os impactos negativos.
           Segundo Moreira Jr. (2009), no Brasil há o problema do pequeno e
descontínuado número de pesquisas sobre energia eólica, com participação de
universidades, Governo e empresas nacionais, o que torna o país dependente de
tecnologia externa. Apesar disso, segundo Medeiros et al (2009) existem pesquisas em
todas as regiões, em especial na região Nordeste, onde a mesma é apontada como a
detentora do maior potencial eólico.
           Com base neste contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar os
impactos causados pela implantação de estações de energia eólica do ponto de vista da
comunidade local, e apontar a necessidade de um planejamento adequado quanto à
instalação dos parques eólicos, tendo em vista a fundamental importância da
preservação do ambiente.


2. MATERIAL E MÉTODOS
23




           Foi realizado um levantamento bibliográfico em livros, sites e revistas
especializadas sobre energias renováveis, a fim de adquirir conhecimentos científicos
que embasassem a pesquisa. Em seguida, foi realizada uma visita técnica a localidade
de Volta do Rio, situada em Acaraú-Ce, onde existe uma estação de energia eólica.
           Foi elaborado um questionário contendo 10 perguntas objetivas, contudo
informações adicionais às perguntas foram anotadas para o enriquecimento do trabalho.
As perguntas foram direcionadas a pescadores e moradores mais próximos da estação
eólica.


3. RESULTADOS E DISCUSSÃO


           Foram entrevistados 16 moradores da comunidade de Volta do Rio, em sua
maioria pescadores. A idade média dos entrevistados era de 56 anos, sendo que 31%
nunca estudou, 68,8% fez o ensino fundamental incompleto e apenas 6% concluíram o
ensino médio.
           Com relação ao conhecimento sobre energia eólica e os seus benefícios para
com o ambiente, 93,8% dos entrevistados responderam não ter esse conhecimento e
apenas 6,2% responderam entender a importância da energia eólica, percebe-se então
que houve uma falha por parte da empresa, em relação ao fornecimento de informações
sobre o assunto em questão para a comunidade.
           Quanto às modificações na vegetação local durante a construção do parque
eólico, 19% responderam que houve mudanças, mas que não afetou de forma negativa
ao meio ambiente, 75% respondeu que não e 6% não notou diferença.
      A respeito de outros impactos causados a natureza, os quais bibliografia se refere,
tais como a migração de peixes, 31% responderam que esta migração foi afetada, 44%
disseram que não e 25% não souberam responder. Questionou-se também sobre a morte
de pássaros por colisões com as hélices, 100% dos entrevistados responderam que não
há. Quanto ao impacto sonoro, 73% responderam que os ruídos não atrapalham sua vida
cotidiana e 27% responderam que sim, mas apenas no início.
     Quanto ao posicionamento com relação à instalação da central eólica, 75% eram a
favor, 25% eram neutros ou não sabiam se posicionar. E ao conhecimento da
importância da utilização da energia eólica para a preservação do meio ambiente, 100%
24


não possuíam conhecimentos a respeito, mostrando que realmente é necessário uma
intervenção maior tanto pelo governo como pela empresa responsável de realizar um
esclarecimento sobre a importância desta energia limpa para o homeme e o ambiente.


4. CONCLUSÃO


           Conclui-se que na comunidade estudada a população em geral, apesar de
não possuir conhecimentos científicos com relação a esta fonte de energia, mostram-se a
favor de sua implantação, relatando os impactos causados, de acordo com seus
conhecimentos leigos a respeito. Por meio dos questionários, observaram-se nesta
comunidade poucos impactos negativos na natureza, ou seja, os benefícios oferecidos
foram bastante superiores.


REFERÊNCIAS


CORREA, P. M. Energia eólica: Análise teórica e sua aplicação no mundo. 2010.
Monografia (Bacharel em Ciências Econômicas) Universidade Federal do Rio Grande
do      Sul,  Rio     Grande       do    Sul,    p.   19-39.   Disponível    em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26101/000755238.pdf?sequence=1>
Acesso em: 27-06-2012.

DUTRA, R. M. Viabilidade técnico-econômica da energia eólica face ao novo
marco regulatório do setor elétrico brasileiro. 2001. Tese (Mestrado em Ciências em
Planejamento Energético) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p.
28-36                     .                      Disponível                     em:
<www.cresesb.cepel.br/download/teses_mestrado/200102_dutra_r_m_ms.pdf > Acesso
em: 10-05-2012.

MEDEIROS, S. S. de et al. Energia eólica: um estudo sobre a percepção ambiental no
município de Currais Novos/RN. Holos, v. 3, n. 25, p.83-103, 2009.

MOREIRA JR, F. D. Contexto atual. In: JUNIOR, F.D.M. Viabilidade
técnica/econômica para produção de energia eólica, em grande escala, no nordeste
brasileiro. Curso de pós- graduação Lato Sensu em formas alternativas de energia da
UFLA. 2009. Monografia (Especialista em Energia Eólica) UFLA, Lavras. Disponível
em:     <http://www.solenerg.com.br/files/tccfernandodelgado.pdf>   Acesso      em:
21/05/2012.
25




O ARTESANATO DE RESÍDUOS DE PESCADO E SUCATA MARINHA
COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE


Rosenete P. Martins¹; Maria Aila Farias¹ & Soniamar Z. R. Saraiva¹.


RESUMO: A comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato vem
sendo reconhecida como fonte alternativa de renda para famílias de pescadores
artesanais em todo o Brasil. O município de Acaraú - CE, que tem na pesca e
aquicultura a base de sua economia, destaca-se pela abundância de conchas marinhas e
outros resíduos com potencial para utilização na confecção de artefatos artesanais.
26


Nesse contexto, o trabalho desenvolvido no IFCE-Campus Acaraú envolvendo alunos
dos Cursos Técnicos em Pesca e Aqüicultura através do grupo IFCe’Arte, tem como
objetivo avaliar as possibilidades da atividade artesanal como elemento dinamizador do
desenvolvimento local através da geração de novas fontes de renda, por meio do
artesanato com resíduos de pescado e sucata marinha. Na primeira fase do trabalho,
envolvendo a formação de multiplicadores da proposta, foram capacitados 10 alunos,
que participaram de todo o processo criativo até a comercialização dos artefatos. A
abundância de matéria-prima, o baixo custo de implantação e a boa aceitação dos
produtos, levam a concluir pela viabilidade da utilização desses materiais como fontes
alternativas de renda para as comunidades pesqueiras de Acaraú,

Palavras-chave: artesanato, desenvolvimento local, pesca artesanal, sucata marinha.



1. INTRODUÇÃO

          Ao longo de todo o litoral brasileiro, a comercialização de conchas de moluscos
na forma de artesanato, ou mesmo em estado natural, tornou-se importante como
alternativa de emprego e renda para pescadores, atividade essa que tem maior
importância junto às famílias mais pobres, por representar uma complementação de
renda, ou, muitas vezes, a única fonte de recursos das mesmas (Farias, 2007). O
município de Acaraú, localizado no litoral oeste do estado do Ceará, está inserido nesse
contexto tanto pela condição socioeconômica desfavorável, como em razão da
abundância de conchas marinhas e outros resíduos, representando um grande potencial
para utilização na confecção de artefatos artesanais.
          Baseado nas informações sobre essa realidade e na demanda existente no
município, este trabalho tem como objetivo avaliar as possibilidades da atividade
artesanal como elemento dinamizador do desenvolvimento local em comunidades
pesqueiras,
_______________________________
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales
Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE

através da geração de novas fontes de renda, por meio do artesanato oriundo de resíduos
de pescado e sucata marinha, matéria-prima abundante na região.

2. REVISÃO DE LITERATURA
27


       Para Pires (2006), a idéia de desenvolvimento local tem como principal
diferencial o fato de que pressupõe a participação e envolvimento dos diversos atores
locais. Para isso, esses atores devem estar conscientes de seus direitos e deveres, na
construção de um projeto coletivo. O princípio da cooperação, ao invés da competição,
é mais um dos diferenciais do desenvolvimento local em relação a outros modelos de
desenvolvimento econômico.

       Para Callou (2007), cada território deve descobrir suas potencialidades
econômicas, para, a partir dessa descoberta, buscar o desenvolvimento, o que exige um
esforço coletivo dos seus diversos atores sociais, o que terá como forte empecilho as
frágeis condições de organização social, particularmente nos contextos populares rurais.

       Sobre o trabalho artesanal, Leitão (2005) avalia que a população de muitos
Municípios brasileiros vem buscando na atividade artesanal uma alternativa para a falta
de emprego e renda. Alternativa essa quem tem possibilitado a melhoria da qualidade de
vida, desenvolvimento local e diminuição do êxodo rural.

       Já no que se refere ao artesanato específico utilizando conchas marinhas, Farias
(2007) lembra que a vida e sobrevivência das comunidades humanas no litoral
dependem da utilização sustentável e da preservação dos ecossistemas costeiros. Nesse
contexto, a comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato, ou mesmo
em estado natural, tornou-se importante como alternativa de emprego e renda para
pescadores, feirantes e artesãos.

       A autora observa ainda que, no nordeste brasileiro, embora não de forma tão
organizada quanto em outros Estados das regiões Sul e Sudeste do País, a
comercialização de conchas e de artesanato também é marca registrada da cultura de
famílias do litoral. Atividade essa que tem maior importância junto às famílias mais
pobres, por representar uma complementação de renda, ou, muitas vezes, a única fonte
de recursos das mesmas. (Farias, 2007).




3. MATERIAL E MÉTODOS

       O Trabalho vem sendo desenvolvido no IFCE-Campus Acaraú juntamente com
alunos dos cursos técnicos em Pesca e aquicultura através do grupo IFCe’Arte, e foi
28


dividido em duas fases distintas: a primeira, envolvendo o treinamento dos alunos que
deverão atuar como multiplicadores da proposta, e do teste de aceitação no mercado dos
produtos criados pelo grupo; e a segunda, com a disseminação desses conhecimentos
em comunidades pesqueira do município de Acaraú, através de Cursos de Formação
Inicial e Continuada, e que deverão ocorrer a partir do segundo semestre letivo de 2012.




4. RESULTADOS PARCIAIS

       Desde o início das atividades, em maio de 2011, foram capacitados 10 (dez)
alunos dos Cursos Técnicos em Pesca e aquicultura do IFCE – Campus Acaraú, que
participaram das atividades práticas envolvendo desde a coleta de materiais,
desenvolvimento de novos produtos, embalagem, precificação e comercialização, via
feiras e eventos, além da participação no Centro de Negócios de Acaraú, numa
iniciativa da Prefeitura Municipal e do SEBRAE, envolvendo artesãos de todo o
Município.

       Ao longo desse período, o IFCe’Arte realizou 04 exposições em eventos locais,
01 exposição em evento regional e 01 de âmbito nacional. Em todos esses eventos foi
registrada uma grande aceitação pelo público.




5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

             A abundância de matéria-prima, o baixo custo de implantação e a boa
aceitação dos produtos no mercado, constatada a partir de comercialização realizadas
em diferentes eventos, ao longo do primeiro ano do projeto, bem como o desempenho
satisfatório dos alunos participantes no que se refere às habilidades requeridas para sua
disseminação junto às comunidades levam a concluir pela viabilidade da utilização de
resíduos de pescado e sucata marinha como foco irradiador de um processo de
desenvolvimento local voltado para a geração de fontes alternativas de renda para as
comunidades pesqueiras de Acaraú, contribuindo ainda para a criação de uma
identidade para o artesanato local.
29


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLOU, A. B. F. Extensão Rural: polissemia e memória. Recife: Bagaço, 2007.

LEITÃO, Maria do Rosário de Fátima Andrade. Trabalho, gênero e desemprego em
   Lagoa do Carro. Revista Territórios 13/Bogotá, 2005. Págs. 115-132.

FARIAS, Márcia Fernandes de. Conchas de moluscos no artesanato cearense/Márcia
   Fernandes de Farias; Cristina de Almeida Rocha Barreira. – Fortaleza:
   NAVE/LABOMAR UFC, 2007.

PIRES, M. L. Cooperativismo e desenvolvimento local. In: TAVARES, J. R.; RAMOS,
   L. (Org.). Assistência técnica e extensão rural: construindo o conhecimento
   agroecológico.    Manaus:     IDAM,     2006.      p.85-91.  Disponível  em:
   <http://comunidades.mda.gov.br/o/886017>. Acesso em: 22 set. 2009.
30




      AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE MOLINÉSIAS CULTIVADOS EM ESGOTO
                                             DOMÉSTICO TRATADO.

          Francisco L. M. Silveira1; José I. F. Vasconcelos Filho1; Emanuel S. Santos2.

RESUMO: Por meio da avaliação histológica dos órgãos de molinésias cultivados com
efluente de um sistema de lagoas de estabilização objetivou-se avaliar a adaptação
destes ao meio de cultivo. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos
com água bruta (AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET), onde foram
estocados alevinos de molinésia na densidade de 200 peixes/m³. Dez espécimes de cada
tratamento foram amostrados para histologia. Alterações clássicas de contaminação
ambiental foram evidenciadas nos rins e brânquias dos peixes analisados. Dentre as
alterações observadas a oclusão de túbulos renais, hipertrofia das células desses túbulos,
fusão das lamelas branquiais e hiperplasia das células de cloreto foram as mais
frequentes. A histologia mostrou-se uma eficiente ferramenta de investigação da
qualidade do ambiente de cultivo, utilizando a própria espécie alvo como bioindicadora.
Palavras-chave: Bioindicadores, Brânquias, Lagoas de Estabilização, Reúso de água,
Rins.
INTRODUÇÃO
            A descarga de efluentes industriais, agrícolas e domésticos no ambiente resulta
na poluição dos ecossistemas aquáticos (BERNET et al., 1999). A exposição dos
animais a altas concentrações de poluentes pode levar rapidamente a morte, no entanto,

1
    Aluno do Curso Técnico em Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Acaraú;

2
    Professor do Curso Técnico em Aquicultura do IFCE campus Acaraú;
31


se os poluentes estiverem em baixas concentrações os danos podem ser crônicos, sendo
seus efeitos manifestados em longo prazo (AUSTIN, 1999).
       Por meio da avaliação histológica dos órgãos de molinésias, Mollienesia spp.,
cultivados com efluente de um sistema de lagoas de estabilização objetivou-se avaliar a
condição de bem estar destes peixes.
REVISÃO LITERÁRIA
       É possível utilizar a histopatologia para avaliar a qualidade ambiental e de bem
estar de peixes, pois permite examinar órgãos específicos, como brânquias, rins e
fígado, que são responsáveis por funções vitais (GERNHOFER et al., 2001) e nos quais
as alterações são de fácil identificação e podem apontar problemas na saúde dos animais
(FANTA et al., 2003).
       A avaliação histopatológica tem sido utilizada em estudos com efluentes de
estação de tratamento de esgoto, podendo-se citar os realizados por Coutinho; Gokhale
(2000), que verificaram os efeitos nas brânquias de carpa comum, Cyprinus carpio, e
tilápia de Mossambique, Oreochromis mossambicus; e por Giensey et al. (2003), os
quais verificaram os efeitos nos órgãos reprodutores do peixe ornamental kinguio
(japonês), Carassius auratus.
MATERIAIS E MÉTODOS
       A espécie cultivada foi o molinésia, Mollienesia spp., na densidade de 200
peixes/m³. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta
(AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET). O efluente utilizado foi
proveniente de uma ETE com tecnologia de lagoas de estabilização.
       Ao final do experimento foram retirados dez peixes aleatoriamente de cada
tratamento testado, os quais foram anestesiados, sacrificados e fixados com solução de
Davidson. As lâminas foram preparadas conforme descrito em Camargo; Martinez
(2007). Para identificar a influência do meio ambiente no bem estar dos peixes
cultivados, utilizou-se o protocolo proposto por Benet et al. (1999) para a avaliação dos
tecidos amostrados.
RESULTADOS
        Excetuando-se as brânquias e rins, não foram observadas alterações
significativas e nenhum outro órgão dos peixes cultivados nos três tratamentos
experimentais. Na Tabela 01 podem ser observados os valores obtidos através do índice
de alteração dos tecidos para as brânquias e rins dos três tratamentos experimentais.
32


Tabela 01: Resultados (média ± desvio padrão) dos índices de alteração das
brânquias e rins atribuídos através da avaliação histopatológica dos peixes.
                              Tratamentos Experimentais
        ÓRGÃOS                                                        p
                          ET             ED              AB
        Brânquias      10,6±5,0b      10,4±4,1b       16,0±4,3a    0,0081
        Rins           21,7±7,0a     17,0±7,7ab      12,7±3,6b     0,0173
          ET: Esgoto tratado; ED: Esgoto diluído AB: Água bruta.

         Alterações clássicas de contaminação ambiental foram evidenciadas nos rins e
brânquias dos peixes analisados. A Análise de Variância mostrou diferença significante
dos tratamentos ED e ET em relação ao controle, mas não entre si. Dentre as alterações
observadas a oclusão de túbulos renais, hipertrofia das células desses túbulos, fusão das
lamelas branquiais e hiperplasia das células de cloreto foram as mais frequentes. A
Figura 44 permite a visualização de algumas das alterações estruturais encontradas no
presente estudo.

Figura 01: Amostras de alterações nos tecido utilizados na avaliação hitopatológica
dos peixes cultivados, (A) tecido branquial de peixe do tratamento AB; (B) tecido
renal de peixe do tratamento ET.




    Legenda: (A) Brânquia tratamento AB; levantamento do epitélio (seta branca); hipertrofia e
    hiperplasia dos ionócitos (seta verde); fusão lamelar (chave branca). (B) Rim tratamento ET;
    hipertrofia glomerular e diminuição do espaço de Bowman (seta branca); túbulo com núcleo celular
    hipertrofiado (seta amarela); túbulo com vacuolização das células epiteliais (seta verde); oclusão do
    túbulo renal e degeneração do epitélio (seta preta).

CONCLUSÕES
       A histologia mostrou-se uma eficiente ferramenta de investigação da qualidade
do ambiente de cultivo, utilizando a própria espécie alvo como bioindicadora. Apesar
das alterações histológicas causadas nos tratamentos experimentais o que utilizou esgoto
tratado diluído mostrou melhores condições ambientais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
33


AUSTIN, B. The effects of pollution on fish health. Journal of Applied Microbiology, Symposium
   Supplement, v. 85, p. 2348-2428, 1999.
BENET, D.; SCHMIDT, H.; MEIER, W.; BURKHARDT-HOLM, P. WAHLI, T. Histopathology in fish:
   proposal for a protocol to assess aquatic pollution. Journal of Fish Diseases. v. 22, p. 25-34, 1999.
CAMARGO. M.M.P.; MARTINEZ, C.B.R. Histopathology of gills, kidney and liver of a Neotropical
   fish caged in an urban stream. Neotropical Ichthyology, v. 5, n. 3, p. 327-336, 2007
COUTINHO, C.; GOKHALE, K.S. Selected oxidative enzymes and histopathological changes in the gills
   of Cyprinus carpio and Oreochromis mossambicus cultured in secondary sewage effluent. Water
   Research, v. 34, p. 2997-3004, 2000.
FANTA, E.; RIOS, F.S.; ROMÃO, S.; VIANNA, A.C.C.; FREIBERGER, S. Histopathology of the fish
   Corydoras paleatus contaminated with sublethal levels of organophosphorus in water and food.
   Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 54, p. 119-130, 2003.
GERNHOFER, M.; PAWET, M.; SCHRAMM, M.; MÜLLER, E.; TRIEBSKORN, R. Ultrastructural
   biomarkers as tools to characterize the health status of fish in contaminated streams. Journal of
   Aquatic Ecossystem, Stress and Recovery, v. 8, p. 241-260, 2001.
GIENSY, J.P.; SNYDER, E.M.; NICHOLS, K.M.; SNYDER, S.A.; VILLALOBOS, S.A.; JONES, P.D.;
   FITZGERALD, S.D. Examination of reproductive endpoints in goldfish (Carassius aurata) exposed
   in situ to municipal sewage treatment plant effluent discharges in Michigan, USA. Environmental
   Toxicology and Chemistry, v. 22, p. 2416-2431, 2003.
34




      IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE EM
                PISCICULTURA ABASTECIDA COM ELFUENTES TRATADOS

          José I. F. Vasconcelos Filho3; Francisco L. M. Silveira1; Emanuel S. Santos4.

RESUMO: Através da identificação da comunidade fitoplanctônica objetivou-se
verificar a adequabilidade do esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização para
o cultivo de peixes. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com
água bruta (AB), esgoto tratado diluído com água bruta (ED), e esgoto tratado (ET),
onde foram estocados alevinos de molinésia na densidade de 200 peixes/m³. Foram
coletadas amostras da água de cultivo de cada um dos tratamentos experimentais,
utilizando uma de rede de plâncton de 20µm de abertura de malha. As identificações
foram por meio de microscopia de campo claro. Foi calculada a frequência relativa de

3
    Aluno do Curso Técnico em Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Acaraú;

4
    Professor do Curso Técnico em Aquicultura do IFCE campus Acaraú;
35


aparecimento (FRA) dos gêneros e táxons identificados. As principais classes
observadas     foram     as    Chlorophyceas,       Cyanophyceas,      Bacillariophyceas,
Zignemaphyceas e Euglenophyceas.

Palavras-chave: Bioindicadores de poluição, Efluentes de Lagoas de Estabilização,
Microalgas, Reúso de água.

INTRODUÇÃO

       A utilização do alimento natural pelos peixes filtradores é uma das formas que o
réuso de água permite reciclar os nutrientes que seriam desperdiçados nas águas
residuárias. Com essa prática se promove a economia dos recursos naturais pela
eliminação dos fertilizantes que seriam aplicados para a promoção do crescimento
desses organismos; e pela redução da poluição que seria lançada aos corpos de água
através dos efluentes, contribuindo para a sustentabilidade ambiental da piscicultura.
       Através da identificação da comunidade fitoplanctônica objetivou-se verificar a
adequabilidade do esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização como fonte de
alimento para o cultivo do peixes filtradores fitoplantófagos.
REVISÃO LITERÁRIA

        Os fluxos de energia dos ecossistemas envolvem diversos níveis de seres vivos.
Os vegetais fotossintetizantes absorvem a energia solar, armazenando-a como energia
potencial, na forma de compostos químicos altamente energéticos constituintes de
alimentos (BRAGA et al., 2005). Estes organismos formam a base da cadeia alimentar.
       O objetivo de fertilizar um viveiro é promover o desenvolvimento da
produtividade primária e secundária (HARNISZ; TUCHOLSKI, 2010). Este é o mesmo
objetivo quando se utilizam excretas, produzindo o alimento natural necessário aos
peixes (EDWARDS, 1992), pois o esgoto doméstico tratado é rico em nitrogênio e
fósforo, elementos essenciais para o crescimento da comunidade fitoplanctônica.
       Lagoas de estabilização produzem grandes quantidades de bactérias, fito e
zooplâncton, os quais auxiliam no tratamento do efluente (BDOUR; HAMDI;
TARAWNEHA, 2009). Esses mesmos organismos podem ser prontamente aproveitados
na alimentação de peixes planctófagos (filtradores e detritívoros).
MATERIAIS E MÉTODOS
       A espécie cultivada foi o molinésia, Mollienesia spp., na densidade de 200
peixes/m³. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta
36


(AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET). O efluente utilizado foi
proveniente de uma ETE com tecnologia de lagoas de estabilização.
       Foram coletados 1.000 mL de amostra concentrada de 10 litros da água de
cultivo de cada um dos tratamentos experimentais, utilizando uma rede de plâncton de
20µm de abertura de malha.
       As identificações foram por meio de microscopia de campo claro utilizando
objetiva 40x. Foram realizadas observações em cinco (05) lâminas de cada tratamento
experimental. Foi calculada a frequência relativa de aparecimento (FRA, expressa em
%) dos gêneros e táxons identificados, usando a Equação: FRA = (n/N) x 100; onde: n:
número de organismos identificados na amostra por gênero ou táxon; N: número total
de organismos identificados na amostra.
RESULTADOS

       No Quadro 01 estão expostos os gráficos dos três tratamentos experimentais
contendo a frequência relativa de aparecimento (%) dos gêneros e táxons do
fitoplâncton identificado na água de cultivo do peixe ornamental Mollienesia sp. além
de algumas imagens de microalgas identificadas no presente estudo.




       Foram identificados organismos fitoplanctônicos de dezoito táxons divididos em
seis classes. Destas, as mais representativas foram: Chlorophyceae, com sete gêneros
identificados; e Cyanophyceae, com cinco gêneros identificados. Estas duas classes
foram também as únicas identificadas nas amostras de água dos três tratamentos
experimentais.

CONCLUSÕES
37


        Observou-se a incidência das mesmas classes de microalgas presentes nos
sistemas tratamento de esgoto doméstico que utilizam a tecnologia de lagoas de
estabilização, nos tanques abastecidos com esse efluente.
        As principais classes observadas foram as Chlorophyceas, Cyanophyceas,
Bacillariophyceas, Zignemaphyceas e Euglenophyceas, sendo as quatro primeiras
reconhecidamente aproveitáveis como alimentação na aquicultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BDOUR, A.N.; HAMDI, M.R.; TARAWNEHA, Z. Perspectives on sustainable wastewater treatment
   technologies and reuse options in the urban areas of the Mediterranean region. Desalination, v. 237,
   p. 162–174, 2009.
BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J.G.L.; MIERZWA, J.C.; BARROS, M.T.L.; SPENCER, M.;
   PORTO, M.; NUCCI, N.; JULIANO, N.; EIGER, S. Introdução à Engenharia Ambiental, 2 Ed.
   São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
EDWARDS, P. Reuse of Human Waste in Aquaculture. A Technical Review. UNDP - World Bank
   Water and Sanitation Program. 1992, 350 p.
HARNISZ, M.; TUCHOLSKI, S. Microbial quality of common carp and pikeperch fingerlings cultured
   in a pond fed with treated wastewater. Ecological Engineering, v. 36, p. 466–470, 2010.
38
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Resumos de pesquisas sobre a macrofauna da zona costeira do Ceará

  • 2. 2 INFLUÊNCIA DOS CURRAIS DE PESCA NA MALACOFAUNA DA PRAIA DE ARPOEIRAS, ACARAÚ, CEARÁ.............................................................................4 Patrícia Albuquerque da Silva; David, Heleny Noronha; Nascimento, Natalia Gomes do & Maia, Rafaela Camargo. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CARANGUEJOS (DECAPODA: BRACHYURA) EM UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ....8 José Waldery Costa Secundo Junior, Francisca Cinara Araújo, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo & Rafaela Camargo Maia. ANELÍDEOS POLIQUETAS DO ESTUÁRIO MÉDIO DO RIO ACARAÚ, CEARÁ.........................................................................................................................12 Brena Késia de Sousa Lima, Amanda Lídia de Sousa Paula, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo , & Rafaela Camargo Maia. AVALIAÇÃO DO EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE GASTRÓPODES ESTUARINOS..................................................16 Ayko Reinaldo Shimabukuro; Targino, Mayára Gomes & Maia, Rafaela Camargo. IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO EÓLICA NA COMUNIDADE DE VOLTA DO RIO EM ACARAÚ/CE.................................................................20 Maria Gleiciane da Rocha; Ronyelle Vasconcelos Teixeira;Eugênio Pacelli Nunes Brasil Matos O ARTESANATO DE RESÍDUOS DE PESCADO E SUCATA MARINHA COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE..............................24 Rosenete P. Martins; Maria Aila Farias & Soniamar Z. R. Saraiva.
  • 3. 3 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE MOLINÉSIAS CULTIVADOS EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO...........................................................................................28 Francisco L. M. Silveira; José I. F. Vasconcelos Filho; Emanuel S. Santos. IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE EM PISCICULTURA ABASTECIDA COM ELFUENTES TRATADOS....................32 José I. F. Vasconcelos Filho; Francisco L. M. Silveira; Emanuel S. Santos.
  • 4. 4 INFLUÊNCIA DOS CURRAIS DE PESCA NA MALACOFAUNA DA PRAIA DE ARPOEIRAS, ACARAÚ, CEARÁ. Patrícia Albuquerque da Silva; David, Heleny Noronha; Nascimento, Natalia Gomes do & Maia, Rafaela Camargo. RESUMO: O objetivo deste trabalho é verificar se os currais exercem influência na distribuição das espécies da malacofauna e realizar um levantamento taxonômico desses organismos na região. Foram escolhidos três currais em que foram coletadas cinco amostras de sedimento da área interna e cinco amostras na área externa. Duas classes de Mollusca foram encontradas, Gastropoda e Bivalvia, compreendendo 7 famílias, 7 gêneros e 7 espécies. Os Gastrópodes foram dominantes. Não houve variação significativa na riqueza das espécies dentro e fora dos currais, entretanto observou-se uma tendência a observarmos uma maior densidade nas áreas internas. O teste de similaridade também mostrou que as amostras coletadas dentro dos currais diferem das regiões externas. Desta forma pode-se concluir que os currais podem exercer influência sobre a malacofauna da região. Palavras chave: macrofauna, moluscos, organismos bentônicos
  • 5. 5 1. INTRODUÇÃO Praias arenosas são ambientes dinâmicos, habitados por uma diversificada biota, onde predominam moluscos, poliquetas e crustáceos (Rocha-Barreira, 2005). Diversos são os fatores que podem influenciar na estrutura de comunidades dessa macrofauna bentônica, como por exemplo, o pisoteio (Ferreira, 2009) e a quantidade de matéria orgânica disponível (Rocha-Barreira et al., 2001). Os currais de pesca são armadilhas fixas no solo, construídas artesanalmente, para aprisionar peixes por meio do movimento das marés (Piorski et al., 2009). Nas praias, a instalação dessas estruturas pode influenciar as condições e os recursos ambientais disponíveis e consequentemente a distribuição e abundância da fauna. Desta forma, os objetivos deste trabalho são: 1) Verificar se os currais exercem influência na densidade, riqueza ou composição das espécies da malacofauna e; 2) Realizar um levantamento taxonômico de moluscos existentes na região. _______________________________ Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE 2. REVISÃO DE LITERATURA Segundo Rocha-Barreira (2005), estudos sobre a composição e distribuição espacial da macrofauna bentônica restringem-se ao sul e sudeste do Brasil, sendo raros os trabalhos realizados na região Nordeste. No Ceará, alguns trabalhos com fauna bentônica foram realizados na zona costeira, dentre eles, podemos destacar Rocha- Barreira (2005), Ferreira (2009), Rocha-barreira (2001). Os autores apontam fatores abióticos, biótico e antrópicos como resultado dos padrões de distribuição das comunidades biológicas. Na região da Praia de Arpoeiras em Acaraú, observou-se a inexistência de trabalhos com a malacofauna, especialmente aqueles que a relacionem com artes de pesca como os currais.
  • 6. 6 3. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado na Praia de Arpoeiras, localizada no município de Acaraú, litoral oeste do estado do Ceará. O local consiste numa planície entremarés com grande extensão, situada próximo ao estuário do Rio Acaraú, onde é observada uma grande ocorrência de currais de pesca (Rocha-Barreira, 2005). Para a análise da malacofauna foram selecionados três currais de pesca, na mesma linha de maré, ao longo da praia. Em cada um, com o auxílio de um amostrador cilíndrico de PVC ("core") foram coletadas cinco amostras de sedimento na área interna e cinco amostras em áreas adjacentes, localizadas a cerca de 10 metros de cada curral. O material coletado foi peneirado em malha de 0,05 mm de abertura para retirada da macrofauna, e a seguir, foi conservado em álcool etílico 70%. Em laboratório, os organismos encontrados foram separados com o auxílio de lupa e os moluscos foram identificados ao menor nível taxonômico possível. Para comparar a abundância de indivíduos e a riqueza de espécies dentro e fora dos currais de pesca foi utilizado um Teste t de Student. A similaridade das amostras foi avaliada por meio de uma Análise de Agrupamento (cluster) a partir do índice de Bray- Curtis. Todos os dados utilizados nas análises foram transformados em logaritmo neperiano par alcançar as premissas dos testes. 4. RESULTADOS Considerando os três currais de pesca amostrados foram identificados duas classes de Mollusca: Bivalvia e Gastropoda, compreendendo 7 famílias, 7 gêneros e 7 espécies. A classe Gastropoda teve uma maior representatividade, com 383 indivíduos coletados, enquanto a classe Bivalvia teve apenas 7 indivíduos coletados. O gastrópode Rissoina sp foi a espécie dominante, representando 55% do total indivíduos coletados. Não foram encontradas diferenças significativas na riqueza de espécies nas amostras de dentro e fora dos currais de pesca (t = - 0,175; gl = 28; p = 0, 86). Entretanto, observamos uma tendência à ocorrência de um maior número de organismos dentro dessas áreas (t = 1,858; gl = 28; p = 0, 074). O dendograma revelou uma similaridade superior a 60% entre as amostras Fora 2 e 3 e similaridade inferior a 48% nas amostras Dentro 2 e 3. Ou seja, as amostras
  • 7. 7 coletadas dentro dos currais diferem das realizadas fora, com exceção, o Curral 1, que apresenta uma similaridade superior a 80% entre suas amostras. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentro dos currais há fatores biológicos favoráveis ao habitat de moluscos, como abrigo, proteção e alimentação, uma vez que o cerco instalado fornece abrigo para as espécies enquanto os peixes aprisionados aumentam a quantidade de matéria orgânica disponível. O gastrópode Rissoina sp. foi o mais abundante, especialmente no Curral 2, onde observamos bancos de fanerógamas e algas, condição favorável a ocorrência da espécie. Esse fator também pode ser responsável pela baixa ocorrência de bivalves, que geralmente habitam sedimento de areia muito fina e permanentemente úmidos. 6. REFERÊNCIAS FERREIRA, M. N.; ROSSO, S. 2009. Effects of human trampling on a rocky shore fauna on the Sao Paulo coast, southeastern Brazil. Braz. J. Biol., vol. 69, n. 4, p. 993-999. PIORSKI, N. M.; SERPA, S.S.; NUNES, J. L. S. 2009. Análise comparativa da pesca de curral na ilha de são Luís, estado do maranhão, Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 42, p. 1-7. ROCHA-BARREIRA, C. A., HIJO, C. A. G.; FERNANDES, D. A. O.; SILVA, H. L.; VIDAL, J. M. A.; RODRIGUES, L.; VIANA, M. G.; JÂNICO, P. R. P. 2005. Levantamento da macroinfauna bentônica de ambientes inconsolidados do estado do Ceará. (faixa entre-marés de praias arenosas). Programa Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) da zona Costeira do estado do Ceará. Fortaleza. 144pp. ROCHA-BARREIRA, C. A.; MONTEIRO, D. O.; FRANKLIN-JÚNIOR, W. 2001. Macrofauna bentônica da faixa entremarés da praia do Futuro, Fortaleza, Ceará, Brasil. Arq. Cien. Mar, vol. 34, p. 23-38.
  • 8. 8 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CARANGUEJOS (DECAPODA: BRACHYURA) EM UM BOSQUE DE MANGUE ESTUARINO NO CEARÁ.
  • 9. 9 José Waldery Costa Secundo Junior, Francisca Cinara Araújo, Caio Ricardo Mathias Félix de Melo & Rafaela Camargo Maia. RESUMO: O objetivo desse trabalho é conhecer a distribuição espacial das espécies de caranguejos que ocorrem no estuário do rio Acaraú em três ambientes diferentes: infauna, epifauna e troncos e a influência da vegetação na estrutura da comunidade. Foram registradas cinco espécies de caranguejos braquiúros, sendo Uca rapax a espécie dominante. Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho dos organismos entre os diferentes locais de amostragem. As análises de correlação indicaram uma relação significativa entre a densidade de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle e entre a densidade de Aratus pisonii e Uca rapax. Palavras-chave: Comunidade; Crustáceos; Manguezal 1. INTRODUÇÃO O manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestres e marinho, característico de regiões tropicais, desempenhando diversas funções naturais de grande importância e ecológica (Schaeffer-Novelli et al., 2000). Entre a fauna dominante desse ecossistema encontram-se os caranguejos braquiúros. Nesse contexto, o objetivo geral desse trabalho é conhecer a distribuição espacial de caranguejos em um bosque de mangue estuarino no estado do Ceará considerando a sua densidade e distribuição de tamanhos em microhabitats (epifauna, infauna e troncos) e a influência da vegetação na estrutura da comunidade. 2. REVISÃO LITERÁRIA O ambiente manguezal é habitado por diversos animais, que variam de espécies microscópicas até peixes, aves, répteis e mamíferos (Nanni & Nanni, 2005). Muitos deles, não são exclusivos de manguezais, porém nessas áreas, ocupam o sedimento (epifauna ou infauna), água, raízes e troncos de árvores típicas de mangue. ______________________________ Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE
  • 10. 10 Dentre as diversas espécies de caranguejos temos: Aratus pisonii (H.Milne Edwards,1837), Goniopsis cruentata (Latreille,1803), Sesarma rectum Randall,1840, Uca rapax (Smith,1870) e o Ucides cordatus (Linnaeus,1763) entre os mais representativos. Esses animais cavam tocas nos sedimento que ajudam na aeração do solo e se alimentam de detritos vegetais, atuando como importantes macrodetritívoros (Nanni & Nanni, 2005). 3. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo foi desenvolvido no manguezal do estuário do rio Acaraú, próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do Estado do Ceará. Foram demarcados três transectos, a 10 metros da margem do rio, e em cada um, 5 parcelas de 100m2 cada, distanciadas em 5 metros. Em cada parcela, a coleta dos animais da epifauna foi realizada de forma aleatória por 3 pessoas com tempo delimitado de 10 minutos. Nessas áreas demarcadas também foram coletados todos os troncos encontrados caídos no sedimento. Para Infauna foram coletadas 3 amostras de sedimento com auxílio de um amostrador cilíndrico de PVC com 15 cm de diâmetro (“core”). O material recolhido foi passado por peneiras com 0,05 mm de malha para retirada dos organismos. Posteriormente em laboratório, os caranguejos coletados foram mensurados, com um paquímetro, quanto à largura e o comprimento da carapaça. 4. RESULTADOS Foram coletados 126 indivíduos, de cinco espécies nos ambientes de estudo (Tabela 1). Dentre os organismos amostrados, 89% estavam na epifauna, onde ocorreram cinco espécies (Tabela 1) e 9% na infauna, onde foram registradas apenas duas espécies (Tabela 1). Os animais coletados nos troncos representaram apenas 2% do total, com a ocorrência de apenas dois indivíduos, das espécies Uca rapax e Aratus pisonii.
  • 11. 11 Tabela1: Composição e distribuição dos táxons coletados. Espécie Família Ordem Ocorrência (%) Uca rapax Ocypodidae Decapoda Epifauna (75%), infauna (92%), tronco (50%) Ucides cordatus Ocypodidae Decapoda Epifauna (1%), infauna(8%) Aratus pisonii Grapsidae Decapoda Epifauna (14%), tronco (50%) Goniopiis cruentata Grapsidae Decapoda Epifauna (4%) Sesarma rectum Grapsidae Decapoda Epifauna (6%) Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho médio dos indivíduos coletados nos 3 ambientes. Os resultados da análise de correlação entre as densidades populacionais e os tamanhos dos caranguejos com os parâmetros estruturais dos bosques indicaram uma correlação significativa positiva entre a densidade de Uca rapax e Aratus pisonii (r = 0,64) e entre a densidade de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle (r = 0,55). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho permitiu concluir que entre os três ambientes estudados (Epifauna, Infauna e tronco), a Epifauna teve a maior abundância de organismos principalmente devido a grande dominância de Uca rapax. Não foram encontradas diferenças significativas no tamanho dos organismos entre os diferentes ambientes de amostragem, visto que as mesmas espécies ocorreram em todos os habitats estudados
  • 12. 12 As análises de correlação indicaram uma relação significativa entre a densidade populacional de Goniopsis cruentata e Rhizophora mangle e também entre a abundância de Aratus pisonii e Uca rapax, dados resultantes do hábito alimentar dessas espécies, visto que G. cruentata é herbívoro e pode se alimentar de R. mangle enquanto A. pisonii pode ser predador de U. rapax. 6. REFERÊNCIAS MASUNARI, S. Distribuição e abundância dos caranguejos Uca Leach (Crustacea, Decapoda, Ocypodidae) na Baía de Guaratuba, Paraná, Brasil.23(4).ed.Paraná.Revista Brasileira de Zoologia.2006. NANII, H.C.; NANII, S.M. Preservação dos manguezais e seus reflexos. XIII SIMPEP- Bauru. SP. Brasil. 2005. 12p. SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; MOLERO, G.C.; SOARES, M. L. G.; DE ROSA, T. Aquatic Ecossystem Health and Management. 3. ed. Brasilian Mangroves. 2000. 561-570 p.
  • 13. 13 ANELÍDEOS POLIQUETAS DO ESTUÁRIO MÉDIO DO RIO ACARAÚ, CEARÁ. Brena Késia de Sousa Lima 1, 3, Amanda Lídia de Sousa Paula 1, 3 , Caio Ricardo Mathias Félix de Melo1, 3 & Rafaela Camargo Maia 2,3. RESUMO: Os Poliquetas são animais que apresentam grande representividade dentro dos invertebrados, participam significativamente da cadeia alimentar das populações bentônicas, e é um dos grupos dominantes no ambiente manguezal. O objetivo principal desse trabalho é caracterizar as comunidades de anelídeos poliquetas presentes em uma área estuarina de manguezal no rio Acaraú. As amostragens foram feitas com auxilio de um “core” e as espécies foram identificadas ao menor nível taxonômico possível. Todos os exemplares coletados são da família Nereidae. Espécies desse táxon são bons indicadores de impacto ambiental, o que possivelmente justifica sua dominância no degradado estuário do rio Acaraú. Palavras-chaves: Anelídeos; Manguezal; Polychaeta. 1. INTRODUÇÃO Poliquetas, que são anelídeos típicos de ambientes marinhos, ocupam também ambientes de água doce e salobra. Polychaeta é o táxon de maior abundância e riqueza do filo Annelida e possuem função importante nas cadeias tróficas marinhas e estuarinas como fonte de alimentos para a maioria dos outros organismos presentes no ecossistema manguezal (Amaral & Nonato, 1996). Contribuem também para a aeração dos fundos de areia e para a reciclagem de nutrientes encontrados na sedimentação (Lana e Santos, 2005). O estudo dessa classe é de suma importância para compreendermos a avaliação
  • 14. 14 da qualidade ambiental uma vez que os anelídeos possuem íntima relação com o substrato exercendo importante papel no fluxo de nutrientes e energia (Lana e Santos, 2005). O objetivo principal deste trabalho foi descrever a composição e abundância da classe Polychaeta no sedimento não consolidado da área estuarina do rio Acaraú, uma vez que faltam trabalhos nesse âmbito. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A classe Polychaeta compreende mais de 800 espécies descritas no litoral brasileiro, sendo a maior classe do Filo Annelida (Amaral & Jablonski, 2005). _______________________________ 1. Graduandos em Ciências Biológicas 2. Professora Doutora – orientadora 3. Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú - CE Algumas espécies têm sido utilizadas como bioindicadores de degradação ambiental por serem sensíveis a poluição, no entanto, outras se destacam por sua resistência a ambientes poluídos (Lana e Santos, 2003). Os trabalhos sistemáticos realizados por Nonato & Luna (1970) foram os primeiros a caracterizar o grupo, descrevendo 15 espécies de quatro famílias de Poliquetas. No litoral cearense, a fauna de anelídeos poliquetas ainda não foi muito estudada, sendo o grupo somente citado em trabalhos realizados com toda a macrofauna bentônica como o de Oliveira et al. (1988). Uma exceção é o trabalho de Sousa (2006), que estudou a distribuição espacial dos poliquetas em uma área de praia rochosa, destacando a biodiversidade dos anelídeos da costa cearense. Visto a importância ecológica desse grupo e a carência de trabalhos nesse eixo, estudos se fazem necessários para o conhecimento da poliquetofauna existente em áreas estuarinas cearenses. 3. MATERIAL E MÉTODOS
  • 15. 15 O presente estudo foi realizado no médio estuário do rio Acaraú (02º49”94′S, 40º05”14′W), próximo à região portuária do município de Acaraú, litoral oeste do estado do Ceará. A bacia hidrográfica do Acaraú é a segunda maior do estado. Para verificar a distribuição da poliquetofauna no ambiente manguezal, foram demarcados três transectos aleatórios na área vegetada, com três parcelas de cem metros quadrados por transecto. As parcelas iniciavam-se a dez metros da margem do rio, e distanciavam cinco metros uma das outras. Em cada parcela, foram coletadas três amostras de sedimento com auxilio de um amostrador cilíndrico de PVC (“core”) com 15 cm de diâmetro. O material recolhido foi passado por peneiras com 0,05 mm de malha ainda em campo. Posteriormente, em laboratório, foi realizada à triagem minuciosa das amostras preservadas em álcool a 70%. As mesmas foram identificadas no menor nível taxonômico possível com auxílio de uma chave de identificação baseada em caracteres morfológicos, proposta por Amaral & Nonato (1996). 4. RESULTADOS No presente estudo foram coletados e identificados 47 organismos da classe Polychaeta. Todos os exemplares pertencem à família Nereidae, sendo todas da mesma espécie, Laeonereis culveri. A representividade dos Nereidae que são considerados bons indicadores de áreas de degradação, pois correspondem às características do estuário em estudo, onde a pressão antrópica é evidente. Autores como Lana & Santos (2003) descrevem que algumas espécies são tolerantes aos impactos ambientais tendo presença elevada enquanto outras acabam excluídas assim tornam-se indicadoras de degradação. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A presença de apenas uma espécie conhecida como indicadora de áreas degradadas, na região estuarina do rio Acaraú, pode ser reflexo da atual situação de antropização dessa faixa litoral de ecossistema manguezal. Pesquisas posteriores se fazem necessárias para se compreender melhor essas interações dos poliquetas com o ambiente estuarino e de que forma podem ser utilizados como bioindicadores na avaliação da degradação ambiental.
  • 16. 16 6. REFERÊNCIAS AMARAL, A.C.Z.; JABLOSKI. Conservação da biodiversidade marinha e costeira do Brasil. Megadiversidade, v. 1. n.1, p. 43-51, 2005. AMARAL, A.C.Z. & NONATO, E.F. 1996. Annelida Polychaeta: características, glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. Campinas: Editora da UNICAMP. 124p. LANA, P.C.; SANTOS, C.S.G. Anelídeos poliquetas do litoral brasileiro: uma síntese do conhecimento atual e avaliação dos recursos humanos e materiais. In: Biodiversidade Marinha Brasileira: o estado da Arte. Eds. Couto, E.G. & Rocha, G.R.A., EDITUS. 2003. NONATO, E.F.;LUNA, J.A.C. Sobre alguns poliquetas de escama do nordeste do Brasil. Bolm. Inst. Oceanogr. S. Paulo, v. 18, n. 1, p. 63-91, 1970. OLIVEIRA, A.M.E.; IRVING, M.A.; LIMA, H.H. Aspectos bioecológicos do estuário do rio Pacoti, Ceará, Brasil. Arq. Ciên. Mar. v. 27,p. 91-100. 1988. SOUSA, R.C.A. Distribuição espacial dos poliquetas (ANNELIDA, POLYCHAETA) dos Recifes de arenito na praia da Pedra Rachada (Paracaru - Ceará). 2005. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) - Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.
  • 17. 17 AVALIAÇÃO DO EFEITO DE BORDA NA DISTRIBUIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE GASTRÓPODES ESTUARINOS. Shimabukuro, Ayko Reinaldo; Targino, Mayára Gomes & Maia, Rafaela Camargo. RESUMO: O estudo realizado avaliou a hipótese sobre a influência do efeito de borda com moluscos das espécies Littoraria angulifera e Melampus coffeus no ecossistema manguezal, se há diferença entre tamanho da concha e a densidade de caramujos dentro do bosque e na borda. Os exemplares analisados na borda mostraram que a densidade e o tamanho da concha foram maiores nos indivíduos L. angulifera, enquanto uma maior densidade de M. coffeus ocorreu dentro do bosque e sem diferença significativa com seu tamanho na borda ou dentro do bosque, indicando a influência do efeito de borda com os moluscos estudados. Palavras-chave: Efeito de borda; Manguezal; Moluscos. 1. INTRODUÇÃO O efeito de borda pode ser definido como uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de fragmentos
  • 18. 18 formados por barreiras naturais, como um rio, ou de origem antrópica, como o desmatamento (Forman & Gordon, 1986). Nesses ambientes ocorrem mudanças microclimáticas tais como nível de luz, temperatura, umidade e vento (Nascimento & Laurance 2006, Primak & Rodrigues, 2001). Essas mudanças podem influenciar a distribuição dos organismos em diversos ambientes (Primak & Rodrigues 2001). Desta forma, o objetivo geral do presente estudo é avaliar a influência do efeito de borda sobre espécies de gastrópodes estuarinos Littoraria angulifera (Littorinidae) e Melampus coffeus (Ellobiidae) abundantes em manguezais de Acaraú. 2. REVISÃO DE LITERATURA Apesar dos moluscos serem um dos principais componentes da fauna de manguezais, em riqueza de espécies e densidade de organismos, não se sabe como o efeito de borda os influencia. Acredita-se que a morfologia da concha e a abundância de gastrópodes marinhos variam entre os diferentes ambientes, sendo o formato ou tamanho da concha uma resposta a fatores como dessecação, salinidade e hidrodinamismo (Maia et al., 2010). ___________________ Laboratório de Ecologia de Manguezais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE Dessa forma, esses organismos podem responder as condições diferenciais encontradas nas bordas dos fragmentos. Esse conhecimento torna-se essencial uma vez que esses habitats encontram-se cada vez mais fragmentados em decorrências das atividades humanas. 3. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no estuário médio do rio Acaraú, município de Acaraú, litoral oeste do Estado do Ceará. Para avaliar como o efeito de borda influencia a distribuição e abundância de caramujos deste manguezal foram escolhidos aleatoriamente 3 sítios de coletas e em cada sítio foi demarcado um transecto com duas parcelas de 100m² cada, paralelas ao rio e distanciadas em 50 metros, sendo a primeira parcela delimitada com o início da vegetação. Todos os indivíduos de Melampus coffeus e Litttoraira angulifera
  • 19. 19 encontrados foram coletados manualmente e posteriormente, os animais foram fixados em álcool 70% e medidos com o auxílio de um paquímetro (precisão = 0,01 mm). Para análise estatística, foi utilizado o teste T de Student. Os dados foram transformados em logaritmo neperiano para alcançar as premissas do teste. 4. RESULTADOS Foram coletados 580 indivíduos, sendo 282 Littoraria angulifera e 298 Melampus coffeus. Os resultados do teste T de Student mostraram que os exemplares de L. angulifera apresentam menores valores de tamanho na borda do fragmento (15,62 + 4,98 DP mm) quando comparados com o interior do bosque de mangue amostrado (16,19 + 4,14 DP mm) (t = 7,145; gl = 279; p < 0,001) enquanto para M. coffeus não foram observadas diferenças significativas no tamanho da concha entre a borda (16,95 + 2,72 mm) e o centro do fragmento (17,92 + 2,93 DP mm) (t = 1,616; gl = 299; p = 0,107) (Fig. 1). Com relação à densidade de indivíduos no ambiente, os resultados da análise estatística mostraram que na borda do fragmento os caramujos da espécie L. angulifera (t = 7,145; gl = 279; p < 0,001) são mais abundantes que dentro do bosque e o inverso ocorre com os indivíduos de M. coffeus, que dentro do bosque são mais abundantes que na borda do fragmento (t = 1,616; gl = 299; p = 0,107). (Fig. 1) 120 90 Densidade Melampus coffeus (ind. 10m²) 80 100 70 (ind.10m²) 80 60 50 60 40 40 30 Littoraria angulifera 20 20 10 Densidade 0 0 Bo rd a D e n tr o Bo rd a D e n tr o M é d ia M é d ia E rro -p a d rã o Erro -p a d rã o P o s iç ã o P o s iç ã o
  • 20. 20 Figura 1: Densidade de Melampus coffeus e Littoraria angulifera da borda e dentro do bosque de mangue amostrado. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os adultos de Littoraria angulifera conseguem se afastar da borda por possuírem reservas de água no interior de sua concha, ocupando outros nichos dentro do bosque, enquanto os juvenis, em maiores densidades, ficam restritos a região mais próxima ao rio. Por ser um molusco pulmonado, Melampus coffeus encontra melhores condições de crescimento populacional em áreas mais distantes do rio, independentemente do tamanho de sua concha. Os dados apresentados indicam que na área estudada existe influência do efeito de borda e que as espécies estudadas possuem uma distribuição diferencial dentro do manguezal, possivelmente a fim de evitar a competição. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FORMAN, R.T.T. & GODRON, M. 1986. Landscape ecology. John Wiley, New York. 620 pp. MAIA, R. C., LIMA-VERDE, F. B. & ROLEMBERG, K. F. 2010. Padrões de distribuição vertical e horizontal de Littoraria angulifera (Lamarck, 1822) nos estuários dos rios Ceará e Pacoti, Estado do Ceará. Arq. Ciên. Mar 43(2): 32-39. NASCIMENTO, H.E.M. & LAURANCE, W. F. 2006. Efeitos de área e de borda sobre a estrutura florestal em fragmentos de floresta de terra-firme após 13-17 anos de isolamento. Acta Amazonica 36: 183-192.
  • 21. 21 PRIMACK, B. R. & Rodrigues, E. Biologia da conservação: efeitos de borda. Londrina, 2001, p. 100-103. IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTAÇÃO EÓLICA NA COMUNIDADE DE VOLTA DO RIO EM ACARAÚ/CE ROCHA, Maria Gleiciane da; TEIXEIRA, Ronyelle Vasconcelos; MATOS, Eugênio Pacelli Nunes Brasil RESUMO: O objetivo do presente estudo foi identificar os impactos causados pela implantação de estações de energia eólica do ponto de vista da comunidade local, e apontar a necessidade de um planejamento adequado quanto à instalação dos parques eólicos, tendo em vista a fundamental importância da preservação do ambiente. Foi
  • 22. 22 escolhida uma comunidade que abriga um parque eólico onde realizou-se a observação do local e, em seguida, a aplicação de um questionário para a comunidade. Verificou-se que houve inúmeros impactos positivos ao ambiente e a comunidade, contudo, observaram-se também alguns impactos negativos. Logo, conclui-se que a utilização de energia renovável é significativamente relevante, mas que apresenta ainda alguns pontos desfavoráveis à natureza. Palavras chaves: Energia renovável. Energia eólica. Meio ambiente. 1. INTRODUÇÃO As questões ambientais, hoje mais do que nunca, impulsionam a comunidade mundial na busca de soluções eficientes e ecologicamente corretas para o suprimento energético. O crescimento da energia eólica no mundo tem sido uma resposta da sociedade por uma melhor qualidade de vida (DUTRA, 2001). Esta vem tomando lugar e se difundindo como fonte alternativa e limpa graças aos seus diversos benefícios (CORREA, 2010). Contudo, assim como toda interferência humana no ambiente a energia eólica também apresenta algumas características desfavoráveis (DUTRA, 2001). Assim, não se pode ocultar esta situação e os problemas ocasionados a partir de sua instalação. Logo, faz-se necessário, a realização de um estudo que mostre os impactos ambientais e apresente possíveis soluções para minimizar os impactos negativos. Segundo Moreira Jr. (2009), no Brasil há o problema do pequeno e descontínuado número de pesquisas sobre energia eólica, com participação de universidades, Governo e empresas nacionais, o que torna o país dependente de tecnologia externa. Apesar disso, segundo Medeiros et al (2009) existem pesquisas em todas as regiões, em especial na região Nordeste, onde a mesma é apontada como a detentora do maior potencial eólico. Com base neste contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar os impactos causados pela implantação de estações de energia eólica do ponto de vista da comunidade local, e apontar a necessidade de um planejamento adequado quanto à instalação dos parques eólicos, tendo em vista a fundamental importância da preservação do ambiente. 2. MATERIAL E MÉTODOS
  • 23. 23 Foi realizado um levantamento bibliográfico em livros, sites e revistas especializadas sobre energias renováveis, a fim de adquirir conhecimentos científicos que embasassem a pesquisa. Em seguida, foi realizada uma visita técnica a localidade de Volta do Rio, situada em Acaraú-Ce, onde existe uma estação de energia eólica. Foi elaborado um questionário contendo 10 perguntas objetivas, contudo informações adicionais às perguntas foram anotadas para o enriquecimento do trabalho. As perguntas foram direcionadas a pescadores e moradores mais próximos da estação eólica. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram entrevistados 16 moradores da comunidade de Volta do Rio, em sua maioria pescadores. A idade média dos entrevistados era de 56 anos, sendo que 31% nunca estudou, 68,8% fez o ensino fundamental incompleto e apenas 6% concluíram o ensino médio. Com relação ao conhecimento sobre energia eólica e os seus benefícios para com o ambiente, 93,8% dos entrevistados responderam não ter esse conhecimento e apenas 6,2% responderam entender a importância da energia eólica, percebe-se então que houve uma falha por parte da empresa, em relação ao fornecimento de informações sobre o assunto em questão para a comunidade. Quanto às modificações na vegetação local durante a construção do parque eólico, 19% responderam que houve mudanças, mas que não afetou de forma negativa ao meio ambiente, 75% respondeu que não e 6% não notou diferença. A respeito de outros impactos causados a natureza, os quais bibliografia se refere, tais como a migração de peixes, 31% responderam que esta migração foi afetada, 44% disseram que não e 25% não souberam responder. Questionou-se também sobre a morte de pássaros por colisões com as hélices, 100% dos entrevistados responderam que não há. Quanto ao impacto sonoro, 73% responderam que os ruídos não atrapalham sua vida cotidiana e 27% responderam que sim, mas apenas no início. Quanto ao posicionamento com relação à instalação da central eólica, 75% eram a favor, 25% eram neutros ou não sabiam se posicionar. E ao conhecimento da importância da utilização da energia eólica para a preservação do meio ambiente, 100%
  • 24. 24 não possuíam conhecimentos a respeito, mostrando que realmente é necessário uma intervenção maior tanto pelo governo como pela empresa responsável de realizar um esclarecimento sobre a importância desta energia limpa para o homeme e o ambiente. 4. CONCLUSÃO Conclui-se que na comunidade estudada a população em geral, apesar de não possuir conhecimentos científicos com relação a esta fonte de energia, mostram-se a favor de sua implantação, relatando os impactos causados, de acordo com seus conhecimentos leigos a respeito. Por meio dos questionários, observaram-se nesta comunidade poucos impactos negativos na natureza, ou seja, os benefícios oferecidos foram bastante superiores. REFERÊNCIAS CORREA, P. M. Energia eólica: Análise teórica e sua aplicação no mundo. 2010. Monografia (Bacharel em Ciências Econômicas) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, p. 19-39. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26101/000755238.pdf?sequence=1> Acesso em: 27-06-2012. DUTRA, R. M. Viabilidade técnico-econômica da energia eólica face ao novo marco regulatório do setor elétrico brasileiro. 2001. Tese (Mestrado em Ciências em Planejamento Energético) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 28-36 . Disponível em: <www.cresesb.cepel.br/download/teses_mestrado/200102_dutra_r_m_ms.pdf > Acesso em: 10-05-2012. MEDEIROS, S. S. de et al. Energia eólica: um estudo sobre a percepção ambiental no município de Currais Novos/RN. Holos, v. 3, n. 25, p.83-103, 2009. MOREIRA JR, F. D. Contexto atual. In: JUNIOR, F.D.M. Viabilidade técnica/econômica para produção de energia eólica, em grande escala, no nordeste brasileiro. Curso de pós- graduação Lato Sensu em formas alternativas de energia da UFLA. 2009. Monografia (Especialista em Energia Eólica) UFLA, Lavras. Disponível em: <http://www.solenerg.com.br/files/tccfernandodelgado.pdf> Acesso em: 21/05/2012.
  • 25. 25 O ARTESANATO DE RESÍDUOS DE PESCADO E SUCATA MARINHA COMO INSTRUMENTO PARA A SUSTENTABILIDADE Rosenete P. Martins¹; Maria Aila Farias¹ & Soniamar Z. R. Saraiva¹. RESUMO: A comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato vem sendo reconhecida como fonte alternativa de renda para famílias de pescadores artesanais em todo o Brasil. O município de Acaraú - CE, que tem na pesca e aquicultura a base de sua economia, destaca-se pela abundância de conchas marinhas e outros resíduos com potencial para utilização na confecção de artefatos artesanais.
  • 26. 26 Nesse contexto, o trabalho desenvolvido no IFCE-Campus Acaraú envolvendo alunos dos Cursos Técnicos em Pesca e Aqüicultura através do grupo IFCe’Arte, tem como objetivo avaliar as possibilidades da atividade artesanal como elemento dinamizador do desenvolvimento local através da geração de novas fontes de renda, por meio do artesanato com resíduos de pescado e sucata marinha. Na primeira fase do trabalho, envolvendo a formação de multiplicadores da proposta, foram capacitados 10 alunos, que participaram de todo o processo criativo até a comercialização dos artefatos. A abundância de matéria-prima, o baixo custo de implantação e a boa aceitação dos produtos, levam a concluir pela viabilidade da utilização desses materiais como fontes alternativas de renda para as comunidades pesqueiras de Acaraú, Palavras-chave: artesanato, desenvolvimento local, pesca artesanal, sucata marinha. 1. INTRODUÇÃO Ao longo de todo o litoral brasileiro, a comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato, ou mesmo em estado natural, tornou-se importante como alternativa de emprego e renda para pescadores, atividade essa que tem maior importância junto às famílias mais pobres, por representar uma complementação de renda, ou, muitas vezes, a única fonte de recursos das mesmas (Farias, 2007). O município de Acaraú, localizado no litoral oeste do estado do Ceará, está inserido nesse contexto tanto pela condição socioeconômica desfavorável, como em razão da abundância de conchas marinhas e outros resíduos, representando um grande potencial para utilização na confecção de artefatos artesanais. Baseado nas informações sobre essa realidade e na demanda existente no município, este trabalho tem como objetivo avaliar as possibilidades da atividade artesanal como elemento dinamizador do desenvolvimento local em comunidades pesqueiras, _______________________________ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Acaraú. Avenida Desembargador Armando de Sales Louzada, s/n, Monsenhor Edson. Acaraú – CE através da geração de novas fontes de renda, por meio do artesanato oriundo de resíduos de pescado e sucata marinha, matéria-prima abundante na região. 2. REVISÃO DE LITERATURA
  • 27. 27 Para Pires (2006), a idéia de desenvolvimento local tem como principal diferencial o fato de que pressupõe a participação e envolvimento dos diversos atores locais. Para isso, esses atores devem estar conscientes de seus direitos e deveres, na construção de um projeto coletivo. O princípio da cooperação, ao invés da competição, é mais um dos diferenciais do desenvolvimento local em relação a outros modelos de desenvolvimento econômico. Para Callou (2007), cada território deve descobrir suas potencialidades econômicas, para, a partir dessa descoberta, buscar o desenvolvimento, o que exige um esforço coletivo dos seus diversos atores sociais, o que terá como forte empecilho as frágeis condições de organização social, particularmente nos contextos populares rurais. Sobre o trabalho artesanal, Leitão (2005) avalia que a população de muitos Municípios brasileiros vem buscando na atividade artesanal uma alternativa para a falta de emprego e renda. Alternativa essa quem tem possibilitado a melhoria da qualidade de vida, desenvolvimento local e diminuição do êxodo rural. Já no que se refere ao artesanato específico utilizando conchas marinhas, Farias (2007) lembra que a vida e sobrevivência das comunidades humanas no litoral dependem da utilização sustentável e da preservação dos ecossistemas costeiros. Nesse contexto, a comercialização de conchas de moluscos na forma de artesanato, ou mesmo em estado natural, tornou-se importante como alternativa de emprego e renda para pescadores, feirantes e artesãos. A autora observa ainda que, no nordeste brasileiro, embora não de forma tão organizada quanto em outros Estados das regiões Sul e Sudeste do País, a comercialização de conchas e de artesanato também é marca registrada da cultura de famílias do litoral. Atividade essa que tem maior importância junto às famílias mais pobres, por representar uma complementação de renda, ou, muitas vezes, a única fonte de recursos das mesmas. (Farias, 2007). 3. MATERIAL E MÉTODOS O Trabalho vem sendo desenvolvido no IFCE-Campus Acaraú juntamente com alunos dos cursos técnicos em Pesca e aquicultura através do grupo IFCe’Arte, e foi
  • 28. 28 dividido em duas fases distintas: a primeira, envolvendo o treinamento dos alunos que deverão atuar como multiplicadores da proposta, e do teste de aceitação no mercado dos produtos criados pelo grupo; e a segunda, com a disseminação desses conhecimentos em comunidades pesqueira do município de Acaraú, através de Cursos de Formação Inicial e Continuada, e que deverão ocorrer a partir do segundo semestre letivo de 2012. 4. RESULTADOS PARCIAIS Desde o início das atividades, em maio de 2011, foram capacitados 10 (dez) alunos dos Cursos Técnicos em Pesca e aquicultura do IFCE – Campus Acaraú, que participaram das atividades práticas envolvendo desde a coleta de materiais, desenvolvimento de novos produtos, embalagem, precificação e comercialização, via feiras e eventos, além da participação no Centro de Negócios de Acaraú, numa iniciativa da Prefeitura Municipal e do SEBRAE, envolvendo artesãos de todo o Município. Ao longo desse período, o IFCe’Arte realizou 04 exposições em eventos locais, 01 exposição em evento regional e 01 de âmbito nacional. Em todos esses eventos foi registrada uma grande aceitação pelo público. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A abundância de matéria-prima, o baixo custo de implantação e a boa aceitação dos produtos no mercado, constatada a partir de comercialização realizadas em diferentes eventos, ao longo do primeiro ano do projeto, bem como o desempenho satisfatório dos alunos participantes no que se refere às habilidades requeridas para sua disseminação junto às comunidades levam a concluir pela viabilidade da utilização de resíduos de pescado e sucata marinha como foco irradiador de um processo de desenvolvimento local voltado para a geração de fontes alternativas de renda para as comunidades pesqueiras de Acaraú, contribuindo ainda para a criação de uma identidade para o artesanato local.
  • 29. 29 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALLOU, A. B. F. Extensão Rural: polissemia e memória. Recife: Bagaço, 2007. LEITÃO, Maria do Rosário de Fátima Andrade. Trabalho, gênero e desemprego em Lagoa do Carro. Revista Territórios 13/Bogotá, 2005. Págs. 115-132. FARIAS, Márcia Fernandes de. Conchas de moluscos no artesanato cearense/Márcia Fernandes de Farias; Cristina de Almeida Rocha Barreira. – Fortaleza: NAVE/LABOMAR UFC, 2007. PIRES, M. L. Cooperativismo e desenvolvimento local. In: TAVARES, J. R.; RAMOS, L. (Org.). Assistência técnica e extensão rural: construindo o conhecimento agroecológico. Manaus: IDAM, 2006. p.85-91. Disponível em: <http://comunidades.mda.gov.br/o/886017>. Acesso em: 22 set. 2009.
  • 30. 30 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE MOLINÉSIAS CULTIVADOS EM ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO. Francisco L. M. Silveira1; José I. F. Vasconcelos Filho1; Emanuel S. Santos2. RESUMO: Por meio da avaliação histológica dos órgãos de molinésias cultivados com efluente de um sistema de lagoas de estabilização objetivou-se avaliar a adaptação destes ao meio de cultivo. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta (AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET), onde foram estocados alevinos de molinésia na densidade de 200 peixes/m³. Dez espécimes de cada tratamento foram amostrados para histologia. Alterações clássicas de contaminação ambiental foram evidenciadas nos rins e brânquias dos peixes analisados. Dentre as alterações observadas a oclusão de túbulos renais, hipertrofia das células desses túbulos, fusão das lamelas branquiais e hiperplasia das células de cloreto foram as mais frequentes. A histologia mostrou-se uma eficiente ferramenta de investigação da qualidade do ambiente de cultivo, utilizando a própria espécie alvo como bioindicadora. Palavras-chave: Bioindicadores, Brânquias, Lagoas de Estabilização, Reúso de água, Rins. INTRODUÇÃO A descarga de efluentes industriais, agrícolas e domésticos no ambiente resulta na poluição dos ecossistemas aquáticos (BERNET et al., 1999). A exposição dos animais a altas concentrações de poluentes pode levar rapidamente a morte, no entanto, 1 Aluno do Curso Técnico em Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Acaraú; 2 Professor do Curso Técnico em Aquicultura do IFCE campus Acaraú;
  • 31. 31 se os poluentes estiverem em baixas concentrações os danos podem ser crônicos, sendo seus efeitos manifestados em longo prazo (AUSTIN, 1999). Por meio da avaliação histológica dos órgãos de molinésias, Mollienesia spp., cultivados com efluente de um sistema de lagoas de estabilização objetivou-se avaliar a condição de bem estar destes peixes. REVISÃO LITERÁRIA É possível utilizar a histopatologia para avaliar a qualidade ambiental e de bem estar de peixes, pois permite examinar órgãos específicos, como brânquias, rins e fígado, que são responsáveis por funções vitais (GERNHOFER et al., 2001) e nos quais as alterações são de fácil identificação e podem apontar problemas na saúde dos animais (FANTA et al., 2003). A avaliação histopatológica tem sido utilizada em estudos com efluentes de estação de tratamento de esgoto, podendo-se citar os realizados por Coutinho; Gokhale (2000), que verificaram os efeitos nas brânquias de carpa comum, Cyprinus carpio, e tilápia de Mossambique, Oreochromis mossambicus; e por Giensey et al. (2003), os quais verificaram os efeitos nos órgãos reprodutores do peixe ornamental kinguio (japonês), Carassius auratus. MATERIAIS E MÉTODOS A espécie cultivada foi o molinésia, Mollienesia spp., na densidade de 200 peixes/m³. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta (AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET). O efluente utilizado foi proveniente de uma ETE com tecnologia de lagoas de estabilização. Ao final do experimento foram retirados dez peixes aleatoriamente de cada tratamento testado, os quais foram anestesiados, sacrificados e fixados com solução de Davidson. As lâminas foram preparadas conforme descrito em Camargo; Martinez (2007). Para identificar a influência do meio ambiente no bem estar dos peixes cultivados, utilizou-se o protocolo proposto por Benet et al. (1999) para a avaliação dos tecidos amostrados. RESULTADOS Excetuando-se as brânquias e rins, não foram observadas alterações significativas e nenhum outro órgão dos peixes cultivados nos três tratamentos experimentais. Na Tabela 01 podem ser observados os valores obtidos através do índice de alteração dos tecidos para as brânquias e rins dos três tratamentos experimentais.
  • 32. 32 Tabela 01: Resultados (média ± desvio padrão) dos índices de alteração das brânquias e rins atribuídos através da avaliação histopatológica dos peixes. Tratamentos Experimentais ÓRGÃOS p ET ED AB Brânquias 10,6±5,0b 10,4±4,1b 16,0±4,3a 0,0081 Rins 21,7±7,0a 17,0±7,7ab 12,7±3,6b 0,0173 ET: Esgoto tratado; ED: Esgoto diluído AB: Água bruta. Alterações clássicas de contaminação ambiental foram evidenciadas nos rins e brânquias dos peixes analisados. A Análise de Variância mostrou diferença significante dos tratamentos ED e ET em relação ao controle, mas não entre si. Dentre as alterações observadas a oclusão de túbulos renais, hipertrofia das células desses túbulos, fusão das lamelas branquiais e hiperplasia das células de cloreto foram as mais frequentes. A Figura 44 permite a visualização de algumas das alterações estruturais encontradas no presente estudo. Figura 01: Amostras de alterações nos tecido utilizados na avaliação hitopatológica dos peixes cultivados, (A) tecido branquial de peixe do tratamento AB; (B) tecido renal de peixe do tratamento ET. Legenda: (A) Brânquia tratamento AB; levantamento do epitélio (seta branca); hipertrofia e hiperplasia dos ionócitos (seta verde); fusão lamelar (chave branca). (B) Rim tratamento ET; hipertrofia glomerular e diminuição do espaço de Bowman (seta branca); túbulo com núcleo celular hipertrofiado (seta amarela); túbulo com vacuolização das células epiteliais (seta verde); oclusão do túbulo renal e degeneração do epitélio (seta preta). CONCLUSÕES A histologia mostrou-se uma eficiente ferramenta de investigação da qualidade do ambiente de cultivo, utilizando a própria espécie alvo como bioindicadora. Apesar das alterações histológicas causadas nos tratamentos experimentais o que utilizou esgoto tratado diluído mostrou melhores condições ambientais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 33. 33 AUSTIN, B. The effects of pollution on fish health. Journal of Applied Microbiology, Symposium Supplement, v. 85, p. 2348-2428, 1999. BENET, D.; SCHMIDT, H.; MEIER, W.; BURKHARDT-HOLM, P. WAHLI, T. Histopathology in fish: proposal for a protocol to assess aquatic pollution. Journal of Fish Diseases. v. 22, p. 25-34, 1999. CAMARGO. M.M.P.; MARTINEZ, C.B.R. Histopathology of gills, kidney and liver of a Neotropical fish caged in an urban stream. Neotropical Ichthyology, v. 5, n. 3, p. 327-336, 2007 COUTINHO, C.; GOKHALE, K.S. Selected oxidative enzymes and histopathological changes in the gills of Cyprinus carpio and Oreochromis mossambicus cultured in secondary sewage effluent. Water Research, v. 34, p. 2997-3004, 2000. FANTA, E.; RIOS, F.S.; ROMÃO, S.; VIANNA, A.C.C.; FREIBERGER, S. Histopathology of the fish Corydoras paleatus contaminated with sublethal levels of organophosphorus in water and food. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 54, p. 119-130, 2003. GERNHOFER, M.; PAWET, M.; SCHRAMM, M.; MÜLLER, E.; TRIEBSKORN, R. Ultrastructural biomarkers as tools to characterize the health status of fish in contaminated streams. Journal of Aquatic Ecossystem, Stress and Recovery, v. 8, p. 241-260, 2001. GIENSY, J.P.; SNYDER, E.M.; NICHOLS, K.M.; SNYDER, S.A.; VILLALOBOS, S.A.; JONES, P.D.; FITZGERALD, S.D. Examination of reproductive endpoints in goldfish (Carassius aurata) exposed in situ to municipal sewage treatment plant effluent discharges in Michigan, USA. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 22, p. 2416-2431, 2003.
  • 34. 34 IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE EM PISCICULTURA ABASTECIDA COM ELFUENTES TRATADOS José I. F. Vasconcelos Filho3; Francisco L. M. Silveira1; Emanuel S. Santos4. RESUMO: Através da identificação da comunidade fitoplanctônica objetivou-se verificar a adequabilidade do esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização para o cultivo de peixes. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta (AB), esgoto tratado diluído com água bruta (ED), e esgoto tratado (ET), onde foram estocados alevinos de molinésia na densidade de 200 peixes/m³. Foram coletadas amostras da água de cultivo de cada um dos tratamentos experimentais, utilizando uma de rede de plâncton de 20µm de abertura de malha. As identificações foram por meio de microscopia de campo claro. Foi calculada a frequência relativa de 3 Aluno do Curso Técnico em Aquicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) campus Acaraú; 4 Professor do Curso Técnico em Aquicultura do IFCE campus Acaraú;
  • 35. 35 aparecimento (FRA) dos gêneros e táxons identificados. As principais classes observadas foram as Chlorophyceas, Cyanophyceas, Bacillariophyceas, Zignemaphyceas e Euglenophyceas. Palavras-chave: Bioindicadores de poluição, Efluentes de Lagoas de Estabilização, Microalgas, Reúso de água. INTRODUÇÃO A utilização do alimento natural pelos peixes filtradores é uma das formas que o réuso de água permite reciclar os nutrientes que seriam desperdiçados nas águas residuárias. Com essa prática se promove a economia dos recursos naturais pela eliminação dos fertilizantes que seriam aplicados para a promoção do crescimento desses organismos; e pela redução da poluição que seria lançada aos corpos de água através dos efluentes, contribuindo para a sustentabilidade ambiental da piscicultura. Através da identificação da comunidade fitoplanctônica objetivou-se verificar a adequabilidade do esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização como fonte de alimento para o cultivo do peixes filtradores fitoplantófagos. REVISÃO LITERÁRIA Os fluxos de energia dos ecossistemas envolvem diversos níveis de seres vivos. Os vegetais fotossintetizantes absorvem a energia solar, armazenando-a como energia potencial, na forma de compostos químicos altamente energéticos constituintes de alimentos (BRAGA et al., 2005). Estes organismos formam a base da cadeia alimentar. O objetivo de fertilizar um viveiro é promover o desenvolvimento da produtividade primária e secundária (HARNISZ; TUCHOLSKI, 2010). Este é o mesmo objetivo quando se utilizam excretas, produzindo o alimento natural necessário aos peixes (EDWARDS, 1992), pois o esgoto doméstico tratado é rico em nitrogênio e fósforo, elementos essenciais para o crescimento da comunidade fitoplanctônica. Lagoas de estabilização produzem grandes quantidades de bactérias, fito e zooplâncton, os quais auxiliam no tratamento do efluente (BDOUR; HAMDI; TARAWNEHA, 2009). Esses mesmos organismos podem ser prontamente aproveitados na alimentação de peixes planctófagos (filtradores e detritívoros). MATERIAIS E MÉTODOS A espécie cultivada foi o molinésia, Mollienesia spp., na densidade de 200 peixes/m³. Foram testados três tratamentos experimentais abastecidos com água bruta
  • 36. 36 (AB), esgoto tratado diluído (ED), e esgoto tratado (ET). O efluente utilizado foi proveniente de uma ETE com tecnologia de lagoas de estabilização. Foram coletados 1.000 mL de amostra concentrada de 10 litros da água de cultivo de cada um dos tratamentos experimentais, utilizando uma rede de plâncton de 20µm de abertura de malha. As identificações foram por meio de microscopia de campo claro utilizando objetiva 40x. Foram realizadas observações em cinco (05) lâminas de cada tratamento experimental. Foi calculada a frequência relativa de aparecimento (FRA, expressa em %) dos gêneros e táxons identificados, usando a Equação: FRA = (n/N) x 100; onde: n: número de organismos identificados na amostra por gênero ou táxon; N: número total de organismos identificados na amostra. RESULTADOS No Quadro 01 estão expostos os gráficos dos três tratamentos experimentais contendo a frequência relativa de aparecimento (%) dos gêneros e táxons do fitoplâncton identificado na água de cultivo do peixe ornamental Mollienesia sp. além de algumas imagens de microalgas identificadas no presente estudo. Foram identificados organismos fitoplanctônicos de dezoito táxons divididos em seis classes. Destas, as mais representativas foram: Chlorophyceae, com sete gêneros identificados; e Cyanophyceae, com cinco gêneros identificados. Estas duas classes foram também as únicas identificadas nas amostras de água dos três tratamentos experimentais. CONCLUSÕES
  • 37. 37 Observou-se a incidência das mesmas classes de microalgas presentes nos sistemas tratamento de esgoto doméstico que utilizam a tecnologia de lagoas de estabilização, nos tanques abastecidos com esse efluente. As principais classes observadas foram as Chlorophyceas, Cyanophyceas, Bacillariophyceas, Zignemaphyceas e Euglenophyceas, sendo as quatro primeiras reconhecidamente aproveitáveis como alimentação na aquicultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BDOUR, A.N.; HAMDI, M.R.; TARAWNEHA, Z. Perspectives on sustainable wastewater treatment technologies and reuse options in the urban areas of the Mediterranean region. Desalination, v. 237, p. 162–174, 2009. BRAGA, B.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J.G.L.; MIERZWA, J.C.; BARROS, M.T.L.; SPENCER, M.; PORTO, M.; NUCCI, N.; JULIANO, N.; EIGER, S. Introdução à Engenharia Ambiental, 2 Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. EDWARDS, P. Reuse of Human Waste in Aquaculture. A Technical Review. UNDP - World Bank Water and Sanitation Program. 1992, 350 p. HARNISZ, M.; TUCHOLSKI, S. Microbial quality of common carp and pikeperch fingerlings cultured in a pond fed with treated wastewater. Ecological Engineering, v. 36, p. 466–470, 2010.
  • 38. 38
  • 39. 39