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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
EVA BONFIM
EDUCOMUNICAÇÃO
O IMPERATIVO DA DIALOGICIDADE NO MUNDO ATUAL
São Paulo
2008
EVA CRISTINA SANTOS BONFIM
EDUCOMUNICAÇÃO
O IMPERATIVO DA DIALOGICIDADE NO MUNDO ATUAL
Monografia apresentada junto ao
Curso de Mestrado em Comunicação da USP
na linha de pesquisa Educomunicação
como requisito parcial na aprovação na disciplina
Linguagem, Educação e Comunicação
Orientador: Prof. Dr. Adilson Citelli
São Paulo
2008
Bonfim, Eva
Educomunicação: o imperativo da dialogicidade no mundo atual/
Eva Bonfim – São Paulo: USP, 2008.
Monografia – Mestrado – Ciência da Comunicação – Escola de
Comunicação e Artes – USP.
1. Dialogicidade. 2. Educomunicação. 3. Tecnologias da comunicação e
informação.
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se
educam entre si mediatizados pelo mundo.”
Paulo freire
RESUMO
O presente trabalho analisa as relações entre emissor-mensagem-
mediadores-receptor no mundo atual a partir da ótica dialogista de teóricos
da Comunicação, Educação e Linguagem. Destaca a dialogicidade como
imperativa na contemporaneidade, questionando a unidirecionalidade e a
monofonia na escola e defendendo uma prática educomunicativa. Aponta
incisivamente para a necessidade de uma mudança pedagógica que
permita a fruição dos avanços tecnológicos nos meios de comunicação por
educadores e educandos de forma crítica e consciente.
Palavras-chave: Dialogicidade; Educomunicação; Tecnologias da
comunicação e informação
SUMÁRIO
Introdução .................................................................................................................4
Desenvolvimento ......................................................................................................9
Comunicação e Informação na contemporaneidade ......................................9
Teorias da recepção...............................................................................................11
Educação na sociedade mediatizada................................................................17
Crises de identidade...............................................................................................19
Educomunicação....................................................................................................22
Conclusão ...............................................................................................................24
A dialogicidade no mundo atual .........................................................................24
Referências bibliográficas .....................................................................................26
INTRODUÇÃO
A revolução das tecnologias da Informação e da Comunicação tem
provocado mudanças radicais nas práticas sociais contemporâneas. No
mundo globalizado, a dialogicidade impõe-se como ferramenta essencial
para suprir as demandas da sociedade capitalista da informação.
Primeiramente, é importante definir aqui o termo “dialogicidade”.
Utilizado por Paulo Freire de forma recorrente, o substantivo refere-se ao
processo ou ação cuja existência pressupõe o diálogo. Tomando a palavra
diálogo sobre uma perspectiva bakhtiniana (BAKHTIN, 1999, p. 123) nesse
trabalho, vamos além da sua definição como simples troca verbal entre
participantes de uma conversa. Vamos aqui considerá-la como toda forma
de comunicação, seja ela verbal ou não verbal, oral ou escrita, sonora ou
imagética. A partir desta concepção, o diálogo passa a ser encarado como
prática de interação não apenas entre o sujeito e o outro, mas entre o
sujeito e as produções culturais, o sujeito e os conteúdos escolares, os
conteúdos e os conteúdos, áreas de estudo diversas e muitas outras
possibilidades.
No mundo contemporâneo, a práxis dialógica é a base para a
significação, o entendimento, a transformação da informação em
conhecimento enfim. A velocidade da informação e a demanda da
sociedade capitalista pelo seu processamento implicam em reconstruções
constantes de papéis sociais no jogo dialógico e ajustes discursivos em
campos diversos. O termo „processamento‟ é aqui empregado no sentido
de explicitar a importância do papel do sujeito atual como receptor-crítico-
produtor. Não basta apenas informar-se. Ler, ouvir, assistir, acessar
representam apenas o primeiro passo em busca do conhecimento. Para
conhecer, é preciso processar essas informações, analisá-las, discuti-las,
ressignificá-las, produzir o conhecimento a partir da percepção crítica das
mesmas.
Nesse cenário, a escola ocupa posição social fundamental para
formar esse indivíduo receptor-produtor respondendo às demandas da
sociedade da informação. Para tanto, precisa abrir espaço para o diálogo,
ouvir as vozes dissonantes de dentro e de fora dos seus muros, quebrar a
rigidez dos conteúdos eleitos para o seu planejamento anual e a
atomicidade das disciplinas, rever metodologias defasadas e discursos
engessados.
Cabe levantar nesse ponto a relevância dos estudos na área de
Educomunicação. Uma gama de temas insere-se nessa linha de estudos
que cruza áreas que por diversos momentos se fazem irmãs e inimigas numa
inconstância frenética. As reflexões passam por redefinições dos papéis
ocupados por educadores, comunicadores, educandos, pelo sujeito-
consumidor-produtor na sociedade contemporânea enfim, abrangendo a
„educação para os meios‟ e os usos das tecnologias da Comunicação e da
Informação na escola e pondo em pauta a discussão sobre a necessidade
de renovação dos processos educacionais. Vê-se, dessa forma, como a
dialogicidade perpassa diferentes relações saindo do eu-tu e passando à
ligação entre diferentes campos de estudo, nesse caso, a Comunicação e a
Educação, permeadas pela Linguagem.
Nesse trabalho, buscamos mostrar como a dialogicidade se faz
imperativa na atualidade, principalmente no âmbito escolar, tomando por
base princípios da Teoria da Recepção e o pensamento de teóricos como
Paulo Freire, Jesus Martín-Barbero e Guillermo Orozco.
Comunicação e Informação na contemporaneidade:
a sociedade mediatizada
A palavra Comunicação tem assumido significações diversas desde
seu aparecimento na língua inglesa no século XV. De acordo com Raymond
Williams (2007, p 102), é só apartir de meados do século XX que o termo
passa a referir-se à Mídia. É também no século XX que a Comunicação se
legitima como ciência social sobre bases empíricas. Naquela época, já se
percebia o poder dos meios de comunicação de massa (MCM) e da
propaganda como ferramentas para formação de opiniões (MATELLART,
2007, p 37).
Na atualidade, pode-se pensar a sociedade contemporânea como
estruturada e ambientada pela comunicação midiática. Albino Rubim
chega a utilizar o termo idade mídia para caracterizar a
contemporaneidade e atenta para o papel imperativo da Comunicação
nas relações capitalistas. Sob essa ótica, tomando mais especificamente a
sua modalidade publicitária, a Comunicação torna-se peça fundamental na
engrenagem capitalista sem a qual um produto não atinge sequer o status
de mercadoria. Na concepção de Rubim, a Comunicação estaria definida
“[…] como tessitura onipresente que acolhe e envolve o ser e o estar no
mundo na atualidade, como uma quase e segunda “natureza” que trança a
sociabilidade contemporânea.” (RUBIM, 2000, p. 83)
A revolução nas tecnologias da Comunicação e da Informação é
fator determinante no processo de constituição dessa idade mídia no
mundo globalizado. A partir dos avanços tecnológicos, o acesso à
informação transformou a perspectiva de espaço e tempo, encurtando
distâncias e acelerando o ritmo das relações sociais, afetando a economia,
a política, a cultura enfim. Fala-se em Sociedade da informação ou da
Comunicação e, mais recentemente, Sociedade do Conhecimento.
Cabe aqui estabelecer uma distinção entre Informação e
Comunicação. Adilson Citelli chama atenção para a diferença:
Os termos comunicação e informação têm sido submetidos a críticas
que, muitas vezes, terminam por opô-los. Assim, ao lado da
comunicação estariam aliados os propósitos de ampliação dialógica
e de trocas simbólicas voltadas a afirmar os sujeitos e a relação deles
com o mundo e com os outros seres. A informação, nessa
perspectiva, aparece como o conjunto de referências unidirecionais
que poderiam ser empregadas com propósitos de dominação,
exercício de poder, usos políticos muitas vezes mistificadores […].
(CITELLI, 2000, p. 19)
De acordo com Gabriel Cohn:
A distinção fundamental […] é […] que a comunicação tem a ver
com conteúdos e com sua circulação, ao passo que a informação
não se refere a conteúdos, mas sim ao modo como estes entram (ou
não) na circulação. Nestes termos, a informação não diz respeito à
transmissão dos conteúdos. Seu domínio é o da seleção daquilo que
terá valor significativo e que, com base nesse valor, comporá o
campo dos conteúdos aptos a integrarem a comunicação. (COHN,
2000, p. 21 e 22)
Sob essa ótica, o conceito de Sociedade ou Economia da informação
vai além do acesso facilitado a dados e conteúdos, abrangendo a escolha
dos mesmos, o que definiria a forma da própria sociedade.
Deslocando a atenção para o Conhecimento, a discussão se alarga,
sendo este posto em lugar diverso da Comunicação e da Informação. O
conhecimento não se resume a dados coletados e arquivados na mente
humana, só pode ser alcançado através da reflexão crítica. Há que se
buscar o entendimento do discurso veiculado pelos media e mesmo
aprender/apreender a linguagem dos meios de comunicação no jogo
dialógico social para se apropriar dele de forma criativa. Nesse contexto, o
diálogo mostra-se como ferramenta efetiva para alcançar o conhecimento.
Por seu caráter interativo, abre espaço à polifonia e permite ao sujeito atual
assumir o papel ativo de produtor e não apenas receptor desenvolvendo o
seu senso crítico através da troca de saberes, da interação no processo de
aprendizagem.
Teorias da recepção:
a ‘descoberta’ do diálogo
As teorias acerca da produção e da recepção de mensagens passam
por diversos campos de estudo: Linguística, Filosofia, Sociologia,
Comunicação, Psicologia, dentre outros. Na tentativa de compreender a
importância da dialogicidade no mundo contemporâneo, faz-se necessário
traçar um panorama desses estudos e seus desdobramentos, principalmente
na Educação.
Os estudos desenvolvidos no campo da Comunicação ora focavam
na produção de sentidos pelo emissor ora no receptor. No início do século
XX, as teorias comunicacionais tinham base comportamentalista/
behaviorista. Dessa forma, o foco central estava nos efeitos provocados no
receptor, tendo o emissor como único produtor de sentido na transmissão da
mensagem. Os receptores eram vistos como passivos, apenas reagindo aos
estímulos provocados pelo emissor. Seriam meras vítimas no processo
comunicacional, manipuladas por discursos competentemente formulados
para esse fim.
Além disso, não havia interferências no fluxo da mensagem. É como se
esta fosse um rio, saindo do emissor (a nascente) e chegando ao receptor (a
foz), mas sem afluentes, sem barreiras ou chuvas que lhe alterassem o
volume e o curso de suas águas.
No campo da Lingüística, Mikhail Bakhtin (1999) em sua obra Marxismo
e filosofia da Linguagem já propõe uma concepção dialógica da linguagem
em 1929. De acordo com o teórico russo, a linguagem só pode ser
apreendida no diálogo e dentro do contexto social. Ao relativizar o caráter
fixo da palavra que passa a adquirir sentido apenas na interação, essa visão
confere papel produtivo ao falante. Nesse contexto, percebe-se a
possibilidade de variação na compreensão de enunciados que dependem
do receptor que não é visto aqui como passivo.
Na Comunicação, o primeiro traço significativo de mudança em
relação à perspectiva do receptor surge em 1955 com Lazarsfeld e Katz e
seu novo esquema de comunicação. No two-step-flow, como ficou
conhecido, entram em jogo novos sujeitos, os co-enunciadores, que
também interferem no fluxo da mensagem relativizando o papel do emissor.
São os afluentes do rio: formadores/líderes de opinião, líderes políticos,
comunitários. Veja esquema abaixo (CITELLI, 2004, p. 42):
Emissor Receptor
Interferências
(co-enunciadores)
Emissor Receptor
No final dos anos 60, percebe-se um deslocamento do foco das
pesquisas comunicacionais para o receptor. O contexto histórico pós-
segunda guerra, a participação ativa do indivíduo nos movimentos contra a
ditadura, contra a Guerra do Vietnã e outros acontecimentos, escancara a
inadequação de teorias que insistem na passividade do receptor. O
indivíduo passa a ser visto como sujeito da história e o receptor ganha status
de produtor de sentidos.
Esse movimento inicia-se na literatura, onde os estudos mostraram que
a construção do sentido da obra literária não se daria apenas pelo autor,
mas também pelo leitor. A obra não estaria fechada em si mesma,
permitindo a sua significação no jogo dialógico com o leitor/produtor e no
contexto histórico-social no qual se encontra inserido.1
Na Comunicação, ainda focando na relativização do papel do
emissor, tem-se a hipótese agenda setting formulada por Maxwell McCombs
e Donald Shaw em 1972. De acordo com essa hipótese, os meios de
comunicação de massa (MCM) acabariam definindo ou pautando os
assuntos a serem discutidos pela sociedade e orientando a forma como
vemos e entendemos os acontecimentos. Desse modo, haveria uma relação
entre o emissor e os co-enunciadores que entrariam numa espécie de
“acordo” na produção da agenda. Esses estudos da sociologia funcionalista
marcam um afastamento das “teorias dos efeitos diretos” (a hipótese
behaviorista e suas variantes) para uma “teoria dos efeitos indiretos ou
limitados”. Sob essa perspectiva, “a influência da mídia é limitada (a
“seletividade dos receptores constitui obstáculo); não pode ser direta
(existem intermediários); não pode ser imediada (o processo de influência
requer tempo).” (MATELLART, 2007)
1
O movimento inicia-se com a nova abordagem de Hans Robert Jauss da escola de Constança: ‘a estética da
influência e da recepção’. (MATELLART, 2007, p. 148)
De qualquer forma, o receptor final (o grande público) ainda seria passivo. O
esquema então ficaria assim2:
Mais tarde, Ludwig Wittgenstein em seus estudos no campo da filosofia
da Linguagem atenta para a constituição de sentidos que ocorre no jogo da
linguagem. Para o filósofo austríaco, “o significado não está no cá (da
linguagem) nem no lá (do mundo), mas no jogo entre tais dimensões
manifestadas nos contextos enunciativos”. (CITELLI, 2006, p. 34)
Compreendendo que no jogo de linguagem tem-se não apenas as regras
gramaticais, mas também os sujeitos que fazem parte de determinado
grupo, vivendo em determinado lugar com determinada cultura, percebe-se
a importância da interação e do contexto na constituição de sentidos que
se dá tanto na produção como na recepção do enunciado.
Na Linguística sociocultural, destacam-se John Searle e Renè
Ghiglione. John Searle com sua obra “Os actos de fala”, defende que a
constituição dos sentidos se dá nas práticas sócio-culturais. Já René
Ghiglione com sua teoria dos “contratos de comunicação” aponta para a
necessidade de considerar a importância do papel do receptor na
produção de mensagens. Segundo ele, haveria um contrato, um pacto de
aceitação/adesão ao conjunto de signos de determinado sistema
comunicativo que dá ao receptor o poder de, por exemplo, continuar ou
não o diálogo. (CITELLI, 2004, p. 52) Sendo assim, é possível repensar o
2
Produzido pelo autor.
AGENDAEmissor Interferências
(co-enunciadores)
Receptor
esquema do processo comunicacional anterior, organizando-o da seguinte
forma3:
Nessa nova concepção, a agenda seria definida com participação
ativa do receptor. Ele dialoga com o emissor podendo definir a pauta do
dia.
Na Educação brasileira, Paulo Freire muito contribuiu para a tentativa
de se constituir sistema parecido, insistindo na dialogicidade na escola e na
dimensão transformadora e libertadora da educação na sociedade. Sob
essa visão, tem-se o seguinte esquema: 4
3
Ibid.
4
Ibid.
Mediadores
socioculturais
ReceptorEmissor
Agenda
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Mas na prática, esse ideal está longe de ser alcançado. Na sociedade
existem termômetros que fazem com que o sujeito-receptor-produtor seja
respeitado e ouvido, visto que é também consumidor. A audiência, o
número de acessos aos sites, os índices de vendas dos produtos mostram
cada vez mais um sujeito-consumidor exigente, ávido pelo novo, consciente,
global. No momento em que decide se assiste ou não a novela das oito na
Globo, ou no momento em que cria seu blog ou participa de um fórum de
discussão, o receptor mostra-se ativo. O sujeito atual ouve, lê, assiste, acessa,
informa-se, mas também tem espaço para que sua voz seja ouvida. No
âmbito escolar isso não ocorre. Se os alunos não se interessam pelas aulas,
aplica-se o autoritarismo e assim os conteúdos são impostos e a voz dos
alunos é silenciada. Volta-se à mesma visão passiva do educando do início
do século XX com o fluxo linear de transmissão do conteúdo que sai do
emissor-educador para o receptor-educando.
EducandoEducador Conteúdo
programático
Mediadores
Socioculturais
Educação na sociedade mediatizada:
o imperativo da quebra da dicotomia
O desenvolvimento dos veículos de comunicação massivos permitiu
que os mesmos ganhassem destaque na sociedade contemporânea, a
ponto de modificar a maneira como os seres humanos sentem, pensam, se
relacionam, trabalham, vêem o mundo enfim.
“Nem a família, nem a escola – os velhos redutos da ideologia – são
já o espaço chave da socialização, “os mentores da nova conduta
são os filmes, a televisão a publicidade”, que começam
transformando os modos de vestir e terminam provocando uma
“metamorfose dos aspectos morais mais profundos.” (MARTIN-
BARBERO, 2001, p. 70)
No que tange à escola, Jesus Martin-Barbero afirma que o problema
está em como inserir a escola num “ecossistema comunicacional” entendido
por ele como sistema que é “ao mesmo tempo a experiência cultural, o
ambiente informacional e o espaço educacional difuso e descentrado.”5
(1996, p. 19)
Na sociedade atual, a criança desde cedo já consegue utilizar as
ferramentas tecnológicas no seu dia a dia sem muitas dificuldades e está
exposta a uma enorme quantidade de informações através do rádio, da
televisão, jornais, revistas e da internet, principalmente. Ao ingressar na
escola, carrega consigo esse conhecimento, mas não encontra espaço
para ampliar a sua percepção sobre os meios de comunicação, se apropriar
deles criativamente e debater temas sobre os quais tem acesso fora do
âmbito escolar. Há um descompasso entre o saber adquirido na escola e o
saber adquirido através dos meios de comunicação. Sobretudo é imperativa
a quebra da dicotomia entre os dois saberes, visto que o que se aprende
5
Traduzido pelo autor.
informalmente através dos meios pode auxiliar no aprendizado formal e vice
versa. Além do que, na visão do educando, adquire-se mais conhecimento
prático fora da escola do que dentro dela.
Dessa forma, utilizar os meios de comunicação na escola, propiciar a
compreensão da construção das mensagens a partir deles, a sua produção
e o diálogo sobre o que é produzido transporta para escola o mundo real no
qual o educando está inserido e pelo qual se sente atraído e o aproxima da
escola que se transforma em aliada, parceira na descoberta das coisas do
mundo. Assim, de acordo com Guilhermo Orozco, o desafio dos educadores
é formar os alunos como receptores dos MCM e assumir o papel de
mediadores no processo de recepção, “visando ao aproveitamento do
aprendizado que os meios proporcionam para a formação intelectual crítica
e ativa das crianças.” (1997, p. 68)
Por outro lado, não é mais possível fechar os olhos à própria
reinvenção do sujeito que se vê compelido/tentado a participar
produtivamente nesse “ecossistema comunicacional”. O caráter produtivo
do sujeito atual ganha ainda mais força com a revolução causada pelas
novas modalidades de mídias e veículos de comunicação, mais
precisamente a internet e o celular. A unidirecionalidade do rádio, da
televisão, da imprensa, do cinema foi suplantada pela interatividade, pela
dialogicidade inerente às possibilidades atuais no campo da Informação e
da Comunicação. Da mesma forma, os alunos cobram da escola a quebra
da prática educativa unidirecional e exigem espaço, diálogo.
Já dizia Freire em sua obra Pedagogia do oprimido, “ninguém educa
ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si
mediatizados pelo mundo” (2008, p. 78). Freire acreditava na educação
dialógica como prática libertadora que promove a transformação do
mundo através da “co-laboração”. Para se ter uma prática educativa
libertadora, é preciso dar um basta à voz autoritária do professor, ao livro
didático com sua rigidez enciclopédica, ao distanciamento da realidade, ao
compartimentalismo disciplinar.
Crises de identidade:
o imperativo da reinvenção na era da tecnologia
Pode-se afirmar que a sociedade se encontra em crise frente às
mudanças provocadas pela revolução dos meios de comunicação e
informação, principalmente com o advento da internet. A crise se dá pelo
fato do acesso e domínio de ferramentas tecnológicas, tais como o celular e
o computador, terem transformado comportamentos e modos de ver, de
sentir e perceber o mundo. É um momento de ajuste nas práticas sociais,
envolvendo diversas áreas tais como: economia, política, educação e a
própria comunicação.
Para os profissionais da área de comunicação é mais fácil encarar a
crise e adaptar-se visto que a apropriação/atualização dos novos meios é
parte da sua atuação profissional, ou seja, o fazer comunicativo pressupõe o
uso dessas ferramentas e o seu aprimoramento tecnológico. No caso do
professor, o uso dessas ferramentas tecnológicas, nem sempre utilizadas por
eles proficientemente fora da sala de aula, faz-se necessário no ambiente
escolar, mas as mesmas necessitam de adequação pedagógica antes de
serem utilizadas nas aulas.
Os alunos, como indivíduos que vivem em uma sociedade do
consumo e da informação, estão quase sempre à frente do professor no
domínio do uso dessas ferramentas, se colocando, muitas vezes, na posição
de produtores de conteúdo. Pode-se afirmar também que os jovens tendem
a se adequar mais facilmente à velocidade com que as informações são
processadas nos tempos atuais. Essa velocidade tem transformado o sujeito
e o mundo a sua volta. O sujeito atual é inconstante, múltiplo, se reinventa,
tem paixão pelo novo, pelo descartável.
Do ponto de vista social, e aí se incluem os profissionais da
comunicação também, o dizer dos fotógrafos, dos jornalistas não é mais o
único permitido/autorizado. Os blogs, os fóruns de discussão, as webpages
de pessoas comuns que querem expressar suas opiniões e divulgar
informações diversas têm ganhado status do que se pode ler em um site de
revista ou jornal. You tube, my space, photologs, blogspot, o acesso é livre,
qualquer pessoa pode usar, criar o seu. No entanto, em sala de aula, ainda
não é permitido que o aluno se expresse, seja produtor de conteúdo, mas
apenas receptor. O dizer autorizado em sala de aula ainda é, na prática,
apenas o do professor.
O professor parece se sentir ameaçado pelo poder que o aluno vem
adquirindo com o acesso cada vez maior às informações possibilitado pela
internet, com a velocidade com que as informações circulam, com o
fascínio dos jovens pelos novos aparelhos eletrônicos e sua facilidade de lidar
com eles. Assiste a perda da sua autoridade em sala de aula, contestado
por alunos que percebem a grande distância que existe entre o conteúdo
dos livros didáticos e o que vêem na TV, na internet, revistas, jornais. A forma
como os assuntos são tratados em sala, como se não tivessem relação
alguma com a vida dos alunos fora do ambiente escolar, provoca uma
sensação de inaplicabilidade dos conteúdos, causando distanciamento e
desvalorização do tempo dispendido na escola. Os conteúdos engessados
são apresentados seguindo a lógica de um livro didático escolhido no início
do ano letivo, independentemente do turbilhão de eventos que se sucedem
a cada dia no mundo globalizado. Essa seqüência de assuntos
preestabelecida mantem certa aura de segurança e compactua com um
sistema educacional que tem como fim o ingresso na vida acadêmica
através do vestibular. Sob a ótica desse sistema é necessário acumular. É a
“educação bancária” tão criticada por Paulo Freire. (2005)
Deve-se levar em conta que as crianças passam mais tempo fora da
escola do que dentro dela. E fora, estão expostas aos meios de
comunicação com informações que são direcionadas sempre a partir da
ideologia de algum grupo dominante na cadeia capitalista. São
bombardeadas pelo marketing e expostas a informações manipuladas.
Através de histórias na televisão e no cinema, lidam com sistemas narrativos
complexos, mesmo antes de serem alfabetizadas. A escola deveria entrar
como mediadora abrindo espaço para discutir/debater temas atuais em
sala de aula, ao invés de fechar os olhos para o que acontece no resto do
mundo e concentrar-se nos conteúdos fixos dos livros didáticos. Deveria abrir
espaço inclusive para que esses conteúdos sejam questionados e não
apenas aceitos e memorizados. A educação deveria ser uma ferramenta
para desenvolver mentes conscientes capazes de criticar e principalmente
de produzir cultura, conhecimento, ciência e não meros reprodutores da
ordem existente.
Frente a essa demanda, é imperativa uma mudança pedagógica que
instaure a dialogicidade na escola. É necessário reconhecer que existem
outras formas mesmo de aprender. É preciso reinventar o aprender. É preciso
abrir espaço em sala de aula para o diálogo entre professor-aluno, aluno-
aluno, realidade da escola-mundo exterior, livro didático-informações
provenientes dos meios de comunicação, só assim será possível formar
indivíduos capazes de atuar no mundo contemporâneo.
Dessa forma, o educador não pode atuar como um mero informante.
Seu desafio é ser a ponte que promove as relações, o diálogo com os
alunos, com os outros educadores, com os meios de comunicação, com a
comunidade, com o mundo. Para tanto, precisa ter uma formação
abrangente e se atualizar continuamente. Precisa ser capaz de transformar a
escola num ambiente propício ao diálogo, onde o educando possa se
expressar, onde seja possível aprender a aprender, aprender a fazer,
aprender a conviver e aprender a ser.
Educomunicação:
um passo para o diálogo
O diálogo entre Educação e Comunicação é essencial para
compreensão dos desafios dessas duas áreas e seu papel na formação de
indivíduos na contemporaneidade. Muitas são as nomenclaturas que
denominam práticas relacionadas às tentativas de aproximar essas duas
áreas do conhecimento: educação para os meios, educação pela
comunicação, educomunicação, entre outros. Multidisciplinar e pluricultural
por natureza, a Educomunicação vem se delineando no meio acadêmico a
partir da constatação da crescente e inegável interdependência da
Comunicação e da Educação na atualidade.
Pode-se definir Educomunicação como um campo de pesquisa e de
intervenção social voltado para a criação, execução e avaliação de
projetos que objetivam a democratização das ferramentas de comunicação
e a participação ativa dos indivíduos no ecossistema comunicacional em
que a sociedade atual se insere, formando cidadãos.
Nesse contexto, surge um novo profissional, o educomunicador. O
termo, criado por Mário Kaplun, designa o profissional capaz de articular as
áreas de Comunicação e Educação discutindo suas inter-relações e
promovendo a intersecção de saberes através de pesquisas e práticas, além
do debate em torno dos traços que caracterizam aproximações e
distanciamentos entre essas duas áreas.
As práticas educomunicativas têm por base o dialogismo freiriano, a
partir do momento que se propõem quebrar o verticalismo escolar e
promover uma educação calcada na parceria educador-educando para a
transformação, não apenas do ambiente escolar, mas de toda sociedade. A
ação dialógica inicia-se no planejamento do ano letivo, na escolha do
conteúdo programático que deve ser feita pelos sujeitos envolvidos:
educadores, educandos e, até mesmo, membros da comunidade.
Dessa forma, além de significar uma proposta de diálogo entre a
Comunicação e a Educação, a Educomunicação propõe a inserção de
práticas dialógicas na sociedade, aproximando a escola da comunidade
em que se insere e proporcionando aos indivíduos espaço no ecossistema
comunicacional para que possam se expressar cada vez mais
democraticamente, exercendo a cidadania.
CONCLUSÃO
A dialogicidade no mundo atual:
considerações finais
Os avanços tecnológicos no campo da comunicação e da
informação e a globalização levaram os países a reverem o papel da
educação, enfatizando sua importância como propulsora da economia
nacional. Sem educação, não há desenvolvimento tecnológico, científico,
cultural, há apenas dependência.
Mas qual é a educação que o mundo globalizado demanda?
“Bancária” é que não, como diria Paulo Freire, dialógica sim. Chega de
narração e memorização. Uma educação polifônica que problematiza,
desafia, faz pensar e agir, liberta. É dessa educação que se precisa para
preparar os indivíduos para atuar na sociedade contemporânea.
Curiosamente, percebe-se como a revolução das tecnologias de
comunicação e informação, principalmente o advento da internet, ao passo
que aproxima espaços, também distancia, na solidão do estar só em frente
à tela do computador. Num mundo cada vez mais competitivo, o sujeito de
hoje é individualista e esse individualismo resulta no antidiálogo, no
distanciamento do outro. Vivendo num mundo de redes povoadas por
usuários e ambientes diversos, um novo indivíduo se forma. Os avanços
tecnológicos trazem novas formas de comunicar, de dialogar, de se
expressar, de pensar, de agir, de aprender, de viver no mundo atual.
E que mundo é esse? O mundo da comunicação, da informação, do
efêmero. A educação está inserida nesse ecossistema essencialmente
comunicacional, como diria Jesus Martin-Barbero. Deve ser repensada a
partir de e para esse ecossistema. Essa reflexão se dá na Educomunicação,
no diálogo entre Educação e Comunicação.
Sendo assim, somente sob uma perspectiva dialógica se pode construir
uma educação libertadora no ecossistema comunicacional em que
estamos inseridos, a partir da transformação dos educandos em cidadãos
atuantes capazes de promover o desenvolvimento da sociedade como um
todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9ª edição, 1999.
CITELLI, Adilson. Educação e mudanças: novos modos de conhecer in Citelli,
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CITELLI, Adilson. Comunicação e Educação. A linguagem em movimento.
São Paulo, Ed. Senac, 3ª edição, 2004.
CITELLI, Adilson. Palavras, meios de comunicação e educação. São Paulo,
Ed. Cortez, 2006.
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MATTELART, Armand e MATTELART Michèle, História das Teorias da
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CCA/ECA/USP/Moderna, 1997.
RUBIM, Antônio Albino Canelas, Contemporaneidade, (idade) mídia e
democracia in Desafios da Comunicação. Petrópolis: Editora Vozes, 2ª
edição, 2000, p 79 a 92.
WILLIAMS, Raymond. Palavras-chave. São Paulo, Boitempo Editorial, 2007.

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Dialogicidade na Educação

  • 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES EVA BONFIM EDUCOMUNICAÇÃO O IMPERATIVO DA DIALOGICIDADE NO MUNDO ATUAL São Paulo 2008
  • 2. EVA CRISTINA SANTOS BONFIM EDUCOMUNICAÇÃO O IMPERATIVO DA DIALOGICIDADE NO MUNDO ATUAL Monografia apresentada junto ao Curso de Mestrado em Comunicação da USP na linha de pesquisa Educomunicação como requisito parcial na aprovação na disciplina Linguagem, Educação e Comunicação Orientador: Prof. Dr. Adilson Citelli São Paulo 2008
  • 3. Bonfim, Eva Educomunicação: o imperativo da dialogicidade no mundo atual/ Eva Bonfim – São Paulo: USP, 2008. Monografia – Mestrado – Ciência da Comunicação – Escola de Comunicação e Artes – USP. 1. Dialogicidade. 2. Educomunicação. 3. Tecnologias da comunicação e informação.
  • 4. Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo.” Paulo freire
  • 5. RESUMO O presente trabalho analisa as relações entre emissor-mensagem- mediadores-receptor no mundo atual a partir da ótica dialogista de teóricos da Comunicação, Educação e Linguagem. Destaca a dialogicidade como imperativa na contemporaneidade, questionando a unidirecionalidade e a monofonia na escola e defendendo uma prática educomunicativa. Aponta incisivamente para a necessidade de uma mudança pedagógica que permita a fruição dos avanços tecnológicos nos meios de comunicação por educadores e educandos de forma crítica e consciente. Palavras-chave: Dialogicidade; Educomunicação; Tecnologias da comunicação e informação
  • 6. SUMÁRIO Introdução .................................................................................................................4 Desenvolvimento ......................................................................................................9 Comunicação e Informação na contemporaneidade ......................................9 Teorias da recepção...............................................................................................11 Educação na sociedade mediatizada................................................................17 Crises de identidade...............................................................................................19 Educomunicação....................................................................................................22 Conclusão ...............................................................................................................24 A dialogicidade no mundo atual .........................................................................24 Referências bibliográficas .....................................................................................26
  • 7. INTRODUÇÃO A revolução das tecnologias da Informação e da Comunicação tem provocado mudanças radicais nas práticas sociais contemporâneas. No mundo globalizado, a dialogicidade impõe-se como ferramenta essencial para suprir as demandas da sociedade capitalista da informação. Primeiramente, é importante definir aqui o termo “dialogicidade”. Utilizado por Paulo Freire de forma recorrente, o substantivo refere-se ao processo ou ação cuja existência pressupõe o diálogo. Tomando a palavra diálogo sobre uma perspectiva bakhtiniana (BAKHTIN, 1999, p. 123) nesse trabalho, vamos além da sua definição como simples troca verbal entre participantes de uma conversa. Vamos aqui considerá-la como toda forma de comunicação, seja ela verbal ou não verbal, oral ou escrita, sonora ou imagética. A partir desta concepção, o diálogo passa a ser encarado como prática de interação não apenas entre o sujeito e o outro, mas entre o sujeito e as produções culturais, o sujeito e os conteúdos escolares, os conteúdos e os conteúdos, áreas de estudo diversas e muitas outras possibilidades. No mundo contemporâneo, a práxis dialógica é a base para a significação, o entendimento, a transformação da informação em conhecimento enfim. A velocidade da informação e a demanda da sociedade capitalista pelo seu processamento implicam em reconstruções constantes de papéis sociais no jogo dialógico e ajustes discursivos em campos diversos. O termo „processamento‟ é aqui empregado no sentido de explicitar a importância do papel do sujeito atual como receptor-crítico- produtor. Não basta apenas informar-se. Ler, ouvir, assistir, acessar representam apenas o primeiro passo em busca do conhecimento. Para conhecer, é preciso processar essas informações, analisá-las, discuti-las,
  • 8. ressignificá-las, produzir o conhecimento a partir da percepção crítica das mesmas. Nesse cenário, a escola ocupa posição social fundamental para formar esse indivíduo receptor-produtor respondendo às demandas da sociedade da informação. Para tanto, precisa abrir espaço para o diálogo, ouvir as vozes dissonantes de dentro e de fora dos seus muros, quebrar a rigidez dos conteúdos eleitos para o seu planejamento anual e a atomicidade das disciplinas, rever metodologias defasadas e discursos engessados. Cabe levantar nesse ponto a relevância dos estudos na área de Educomunicação. Uma gama de temas insere-se nessa linha de estudos que cruza áreas que por diversos momentos se fazem irmãs e inimigas numa inconstância frenética. As reflexões passam por redefinições dos papéis ocupados por educadores, comunicadores, educandos, pelo sujeito- consumidor-produtor na sociedade contemporânea enfim, abrangendo a „educação para os meios‟ e os usos das tecnologias da Comunicação e da Informação na escola e pondo em pauta a discussão sobre a necessidade de renovação dos processos educacionais. Vê-se, dessa forma, como a dialogicidade perpassa diferentes relações saindo do eu-tu e passando à ligação entre diferentes campos de estudo, nesse caso, a Comunicação e a Educação, permeadas pela Linguagem. Nesse trabalho, buscamos mostrar como a dialogicidade se faz imperativa na atualidade, principalmente no âmbito escolar, tomando por base princípios da Teoria da Recepção e o pensamento de teóricos como Paulo Freire, Jesus Martín-Barbero e Guillermo Orozco.
  • 9. Comunicação e Informação na contemporaneidade: a sociedade mediatizada A palavra Comunicação tem assumido significações diversas desde seu aparecimento na língua inglesa no século XV. De acordo com Raymond Williams (2007, p 102), é só apartir de meados do século XX que o termo passa a referir-se à Mídia. É também no século XX que a Comunicação se legitima como ciência social sobre bases empíricas. Naquela época, já se percebia o poder dos meios de comunicação de massa (MCM) e da propaganda como ferramentas para formação de opiniões (MATELLART, 2007, p 37). Na atualidade, pode-se pensar a sociedade contemporânea como estruturada e ambientada pela comunicação midiática. Albino Rubim chega a utilizar o termo idade mídia para caracterizar a contemporaneidade e atenta para o papel imperativo da Comunicação nas relações capitalistas. Sob essa ótica, tomando mais especificamente a sua modalidade publicitária, a Comunicação torna-se peça fundamental na engrenagem capitalista sem a qual um produto não atinge sequer o status de mercadoria. Na concepção de Rubim, a Comunicação estaria definida “[…] como tessitura onipresente que acolhe e envolve o ser e o estar no mundo na atualidade, como uma quase e segunda “natureza” que trança a sociabilidade contemporânea.” (RUBIM, 2000, p. 83) A revolução nas tecnologias da Comunicação e da Informação é fator determinante no processo de constituição dessa idade mídia no mundo globalizado. A partir dos avanços tecnológicos, o acesso à informação transformou a perspectiva de espaço e tempo, encurtando distâncias e acelerando o ritmo das relações sociais, afetando a economia,
  • 10. a política, a cultura enfim. Fala-se em Sociedade da informação ou da Comunicação e, mais recentemente, Sociedade do Conhecimento. Cabe aqui estabelecer uma distinção entre Informação e Comunicação. Adilson Citelli chama atenção para a diferença: Os termos comunicação e informação têm sido submetidos a críticas que, muitas vezes, terminam por opô-los. Assim, ao lado da comunicação estariam aliados os propósitos de ampliação dialógica e de trocas simbólicas voltadas a afirmar os sujeitos e a relação deles com o mundo e com os outros seres. A informação, nessa perspectiva, aparece como o conjunto de referências unidirecionais que poderiam ser empregadas com propósitos de dominação, exercício de poder, usos políticos muitas vezes mistificadores […]. (CITELLI, 2000, p. 19) De acordo com Gabriel Cohn: A distinção fundamental […] é […] que a comunicação tem a ver com conteúdos e com sua circulação, ao passo que a informação não se refere a conteúdos, mas sim ao modo como estes entram (ou não) na circulação. Nestes termos, a informação não diz respeito à transmissão dos conteúdos. Seu domínio é o da seleção daquilo que terá valor significativo e que, com base nesse valor, comporá o campo dos conteúdos aptos a integrarem a comunicação. (COHN, 2000, p. 21 e 22) Sob essa ótica, o conceito de Sociedade ou Economia da informação vai além do acesso facilitado a dados e conteúdos, abrangendo a escolha dos mesmos, o que definiria a forma da própria sociedade. Deslocando a atenção para o Conhecimento, a discussão se alarga, sendo este posto em lugar diverso da Comunicação e da Informação. O conhecimento não se resume a dados coletados e arquivados na mente humana, só pode ser alcançado através da reflexão crítica. Há que se
  • 11. buscar o entendimento do discurso veiculado pelos media e mesmo aprender/apreender a linguagem dos meios de comunicação no jogo dialógico social para se apropriar dele de forma criativa. Nesse contexto, o diálogo mostra-se como ferramenta efetiva para alcançar o conhecimento. Por seu caráter interativo, abre espaço à polifonia e permite ao sujeito atual assumir o papel ativo de produtor e não apenas receptor desenvolvendo o seu senso crítico através da troca de saberes, da interação no processo de aprendizagem. Teorias da recepção: a ‘descoberta’ do diálogo As teorias acerca da produção e da recepção de mensagens passam por diversos campos de estudo: Linguística, Filosofia, Sociologia, Comunicação, Psicologia, dentre outros. Na tentativa de compreender a importância da dialogicidade no mundo contemporâneo, faz-se necessário traçar um panorama desses estudos e seus desdobramentos, principalmente na Educação. Os estudos desenvolvidos no campo da Comunicação ora focavam na produção de sentidos pelo emissor ora no receptor. No início do século XX, as teorias comunicacionais tinham base comportamentalista/ behaviorista. Dessa forma, o foco central estava nos efeitos provocados no receptor, tendo o emissor como único produtor de sentido na transmissão da mensagem. Os receptores eram vistos como passivos, apenas reagindo aos estímulos provocados pelo emissor. Seriam meras vítimas no processo comunicacional, manipuladas por discursos competentemente formulados para esse fim.
  • 12. Além disso, não havia interferências no fluxo da mensagem. É como se esta fosse um rio, saindo do emissor (a nascente) e chegando ao receptor (a foz), mas sem afluentes, sem barreiras ou chuvas que lhe alterassem o volume e o curso de suas águas. No campo da Lingüística, Mikhail Bakhtin (1999) em sua obra Marxismo e filosofia da Linguagem já propõe uma concepção dialógica da linguagem em 1929. De acordo com o teórico russo, a linguagem só pode ser apreendida no diálogo e dentro do contexto social. Ao relativizar o caráter fixo da palavra que passa a adquirir sentido apenas na interação, essa visão confere papel produtivo ao falante. Nesse contexto, percebe-se a possibilidade de variação na compreensão de enunciados que dependem do receptor que não é visto aqui como passivo. Na Comunicação, o primeiro traço significativo de mudança em relação à perspectiva do receptor surge em 1955 com Lazarsfeld e Katz e seu novo esquema de comunicação. No two-step-flow, como ficou conhecido, entram em jogo novos sujeitos, os co-enunciadores, que também interferem no fluxo da mensagem relativizando o papel do emissor. São os afluentes do rio: formadores/líderes de opinião, líderes políticos, comunitários. Veja esquema abaixo (CITELLI, 2004, p. 42): Emissor Receptor Interferências (co-enunciadores) Emissor Receptor
  • 13. No final dos anos 60, percebe-se um deslocamento do foco das pesquisas comunicacionais para o receptor. O contexto histórico pós- segunda guerra, a participação ativa do indivíduo nos movimentos contra a ditadura, contra a Guerra do Vietnã e outros acontecimentos, escancara a inadequação de teorias que insistem na passividade do receptor. O indivíduo passa a ser visto como sujeito da história e o receptor ganha status de produtor de sentidos. Esse movimento inicia-se na literatura, onde os estudos mostraram que a construção do sentido da obra literária não se daria apenas pelo autor, mas também pelo leitor. A obra não estaria fechada em si mesma, permitindo a sua significação no jogo dialógico com o leitor/produtor e no contexto histórico-social no qual se encontra inserido.1 Na Comunicação, ainda focando na relativização do papel do emissor, tem-se a hipótese agenda setting formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw em 1972. De acordo com essa hipótese, os meios de comunicação de massa (MCM) acabariam definindo ou pautando os assuntos a serem discutidos pela sociedade e orientando a forma como vemos e entendemos os acontecimentos. Desse modo, haveria uma relação entre o emissor e os co-enunciadores que entrariam numa espécie de “acordo” na produção da agenda. Esses estudos da sociologia funcionalista marcam um afastamento das “teorias dos efeitos diretos” (a hipótese behaviorista e suas variantes) para uma “teoria dos efeitos indiretos ou limitados”. Sob essa perspectiva, “a influência da mídia é limitada (a “seletividade dos receptores constitui obstáculo); não pode ser direta (existem intermediários); não pode ser imediada (o processo de influência requer tempo).” (MATELLART, 2007) 1 O movimento inicia-se com a nova abordagem de Hans Robert Jauss da escola de Constança: ‘a estética da influência e da recepção’. (MATELLART, 2007, p. 148)
  • 14. De qualquer forma, o receptor final (o grande público) ainda seria passivo. O esquema então ficaria assim2: Mais tarde, Ludwig Wittgenstein em seus estudos no campo da filosofia da Linguagem atenta para a constituição de sentidos que ocorre no jogo da linguagem. Para o filósofo austríaco, “o significado não está no cá (da linguagem) nem no lá (do mundo), mas no jogo entre tais dimensões manifestadas nos contextos enunciativos”. (CITELLI, 2006, p. 34) Compreendendo que no jogo de linguagem tem-se não apenas as regras gramaticais, mas também os sujeitos que fazem parte de determinado grupo, vivendo em determinado lugar com determinada cultura, percebe-se a importância da interação e do contexto na constituição de sentidos que se dá tanto na produção como na recepção do enunciado. Na Linguística sociocultural, destacam-se John Searle e Renè Ghiglione. John Searle com sua obra “Os actos de fala”, defende que a constituição dos sentidos se dá nas práticas sócio-culturais. Já René Ghiglione com sua teoria dos “contratos de comunicação” aponta para a necessidade de considerar a importância do papel do receptor na produção de mensagens. Segundo ele, haveria um contrato, um pacto de aceitação/adesão ao conjunto de signos de determinado sistema comunicativo que dá ao receptor o poder de, por exemplo, continuar ou não o diálogo. (CITELLI, 2004, p. 52) Sendo assim, é possível repensar o 2 Produzido pelo autor. AGENDAEmissor Interferências (co-enunciadores) Receptor
  • 15. esquema do processo comunicacional anterior, organizando-o da seguinte forma3: Nessa nova concepção, a agenda seria definida com participação ativa do receptor. Ele dialoga com o emissor podendo definir a pauta do dia. Na Educação brasileira, Paulo Freire muito contribuiu para a tentativa de se constituir sistema parecido, insistindo na dialogicidade na escola e na dimensão transformadora e libertadora da educação na sociedade. Sob essa visão, tem-se o seguinte esquema: 4 3 Ibid. 4 Ibid. Mediadores socioculturais ReceptorEmissor Agenda
  • 16. MUNDO CONTEMPORÂNEO Mas na prática, esse ideal está longe de ser alcançado. Na sociedade existem termômetros que fazem com que o sujeito-receptor-produtor seja respeitado e ouvido, visto que é também consumidor. A audiência, o número de acessos aos sites, os índices de vendas dos produtos mostram cada vez mais um sujeito-consumidor exigente, ávido pelo novo, consciente, global. No momento em que decide se assiste ou não a novela das oito na Globo, ou no momento em que cria seu blog ou participa de um fórum de discussão, o receptor mostra-se ativo. O sujeito atual ouve, lê, assiste, acessa, informa-se, mas também tem espaço para que sua voz seja ouvida. No âmbito escolar isso não ocorre. Se os alunos não se interessam pelas aulas, aplica-se o autoritarismo e assim os conteúdos são impostos e a voz dos alunos é silenciada. Volta-se à mesma visão passiva do educando do início do século XX com o fluxo linear de transmissão do conteúdo que sai do emissor-educador para o receptor-educando. EducandoEducador Conteúdo programático Mediadores Socioculturais
  • 17. Educação na sociedade mediatizada: o imperativo da quebra da dicotomia O desenvolvimento dos veículos de comunicação massivos permitiu que os mesmos ganhassem destaque na sociedade contemporânea, a ponto de modificar a maneira como os seres humanos sentem, pensam, se relacionam, trabalham, vêem o mundo enfim. “Nem a família, nem a escola – os velhos redutos da ideologia – são já o espaço chave da socialização, “os mentores da nova conduta são os filmes, a televisão a publicidade”, que começam transformando os modos de vestir e terminam provocando uma “metamorfose dos aspectos morais mais profundos.” (MARTIN- BARBERO, 2001, p. 70) No que tange à escola, Jesus Martin-Barbero afirma que o problema está em como inserir a escola num “ecossistema comunicacional” entendido por ele como sistema que é “ao mesmo tempo a experiência cultural, o ambiente informacional e o espaço educacional difuso e descentrado.”5 (1996, p. 19) Na sociedade atual, a criança desde cedo já consegue utilizar as ferramentas tecnológicas no seu dia a dia sem muitas dificuldades e está exposta a uma enorme quantidade de informações através do rádio, da televisão, jornais, revistas e da internet, principalmente. Ao ingressar na escola, carrega consigo esse conhecimento, mas não encontra espaço para ampliar a sua percepção sobre os meios de comunicação, se apropriar deles criativamente e debater temas sobre os quais tem acesso fora do âmbito escolar. Há um descompasso entre o saber adquirido na escola e o saber adquirido através dos meios de comunicação. Sobretudo é imperativa a quebra da dicotomia entre os dois saberes, visto que o que se aprende 5 Traduzido pelo autor.
  • 18. informalmente através dos meios pode auxiliar no aprendizado formal e vice versa. Além do que, na visão do educando, adquire-se mais conhecimento prático fora da escola do que dentro dela. Dessa forma, utilizar os meios de comunicação na escola, propiciar a compreensão da construção das mensagens a partir deles, a sua produção e o diálogo sobre o que é produzido transporta para escola o mundo real no qual o educando está inserido e pelo qual se sente atraído e o aproxima da escola que se transforma em aliada, parceira na descoberta das coisas do mundo. Assim, de acordo com Guilhermo Orozco, o desafio dos educadores é formar os alunos como receptores dos MCM e assumir o papel de mediadores no processo de recepção, “visando ao aproveitamento do aprendizado que os meios proporcionam para a formação intelectual crítica e ativa das crianças.” (1997, p. 68) Por outro lado, não é mais possível fechar os olhos à própria reinvenção do sujeito que se vê compelido/tentado a participar produtivamente nesse “ecossistema comunicacional”. O caráter produtivo do sujeito atual ganha ainda mais força com a revolução causada pelas novas modalidades de mídias e veículos de comunicação, mais precisamente a internet e o celular. A unidirecionalidade do rádio, da televisão, da imprensa, do cinema foi suplantada pela interatividade, pela dialogicidade inerente às possibilidades atuais no campo da Informação e da Comunicação. Da mesma forma, os alunos cobram da escola a quebra da prática educativa unidirecional e exigem espaço, diálogo. Já dizia Freire em sua obra Pedagogia do oprimido, “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo” (2008, p. 78). Freire acreditava na educação dialógica como prática libertadora que promove a transformação do mundo através da “co-laboração”. Para se ter uma prática educativa libertadora, é preciso dar um basta à voz autoritária do professor, ao livro
  • 19. didático com sua rigidez enciclopédica, ao distanciamento da realidade, ao compartimentalismo disciplinar. Crises de identidade: o imperativo da reinvenção na era da tecnologia Pode-se afirmar que a sociedade se encontra em crise frente às mudanças provocadas pela revolução dos meios de comunicação e informação, principalmente com o advento da internet. A crise se dá pelo fato do acesso e domínio de ferramentas tecnológicas, tais como o celular e o computador, terem transformado comportamentos e modos de ver, de sentir e perceber o mundo. É um momento de ajuste nas práticas sociais, envolvendo diversas áreas tais como: economia, política, educação e a própria comunicação. Para os profissionais da área de comunicação é mais fácil encarar a crise e adaptar-se visto que a apropriação/atualização dos novos meios é parte da sua atuação profissional, ou seja, o fazer comunicativo pressupõe o uso dessas ferramentas e o seu aprimoramento tecnológico. No caso do professor, o uso dessas ferramentas tecnológicas, nem sempre utilizadas por eles proficientemente fora da sala de aula, faz-se necessário no ambiente escolar, mas as mesmas necessitam de adequação pedagógica antes de serem utilizadas nas aulas. Os alunos, como indivíduos que vivem em uma sociedade do consumo e da informação, estão quase sempre à frente do professor no domínio do uso dessas ferramentas, se colocando, muitas vezes, na posição de produtores de conteúdo. Pode-se afirmar também que os jovens tendem a se adequar mais facilmente à velocidade com que as informações são processadas nos tempos atuais. Essa velocidade tem transformado o sujeito
  • 20. e o mundo a sua volta. O sujeito atual é inconstante, múltiplo, se reinventa, tem paixão pelo novo, pelo descartável. Do ponto de vista social, e aí se incluem os profissionais da comunicação também, o dizer dos fotógrafos, dos jornalistas não é mais o único permitido/autorizado. Os blogs, os fóruns de discussão, as webpages de pessoas comuns que querem expressar suas opiniões e divulgar informações diversas têm ganhado status do que se pode ler em um site de revista ou jornal. You tube, my space, photologs, blogspot, o acesso é livre, qualquer pessoa pode usar, criar o seu. No entanto, em sala de aula, ainda não é permitido que o aluno se expresse, seja produtor de conteúdo, mas apenas receptor. O dizer autorizado em sala de aula ainda é, na prática, apenas o do professor. O professor parece se sentir ameaçado pelo poder que o aluno vem adquirindo com o acesso cada vez maior às informações possibilitado pela internet, com a velocidade com que as informações circulam, com o fascínio dos jovens pelos novos aparelhos eletrônicos e sua facilidade de lidar com eles. Assiste a perda da sua autoridade em sala de aula, contestado por alunos que percebem a grande distância que existe entre o conteúdo dos livros didáticos e o que vêem na TV, na internet, revistas, jornais. A forma como os assuntos são tratados em sala, como se não tivessem relação alguma com a vida dos alunos fora do ambiente escolar, provoca uma sensação de inaplicabilidade dos conteúdos, causando distanciamento e desvalorização do tempo dispendido na escola. Os conteúdos engessados são apresentados seguindo a lógica de um livro didático escolhido no início do ano letivo, independentemente do turbilhão de eventos que se sucedem a cada dia no mundo globalizado. Essa seqüência de assuntos preestabelecida mantem certa aura de segurança e compactua com um sistema educacional que tem como fim o ingresso na vida acadêmica através do vestibular. Sob a ótica desse sistema é necessário acumular. É a “educação bancária” tão criticada por Paulo Freire. (2005)
  • 21. Deve-se levar em conta que as crianças passam mais tempo fora da escola do que dentro dela. E fora, estão expostas aos meios de comunicação com informações que são direcionadas sempre a partir da ideologia de algum grupo dominante na cadeia capitalista. São bombardeadas pelo marketing e expostas a informações manipuladas. Através de histórias na televisão e no cinema, lidam com sistemas narrativos complexos, mesmo antes de serem alfabetizadas. A escola deveria entrar como mediadora abrindo espaço para discutir/debater temas atuais em sala de aula, ao invés de fechar os olhos para o que acontece no resto do mundo e concentrar-se nos conteúdos fixos dos livros didáticos. Deveria abrir espaço inclusive para que esses conteúdos sejam questionados e não apenas aceitos e memorizados. A educação deveria ser uma ferramenta para desenvolver mentes conscientes capazes de criticar e principalmente de produzir cultura, conhecimento, ciência e não meros reprodutores da ordem existente. Frente a essa demanda, é imperativa uma mudança pedagógica que instaure a dialogicidade na escola. É necessário reconhecer que existem outras formas mesmo de aprender. É preciso reinventar o aprender. É preciso abrir espaço em sala de aula para o diálogo entre professor-aluno, aluno- aluno, realidade da escola-mundo exterior, livro didático-informações provenientes dos meios de comunicação, só assim será possível formar indivíduos capazes de atuar no mundo contemporâneo. Dessa forma, o educador não pode atuar como um mero informante. Seu desafio é ser a ponte que promove as relações, o diálogo com os alunos, com os outros educadores, com os meios de comunicação, com a comunidade, com o mundo. Para tanto, precisa ter uma formação abrangente e se atualizar continuamente. Precisa ser capaz de transformar a escola num ambiente propício ao diálogo, onde o educando possa se expressar, onde seja possível aprender a aprender, aprender a fazer,
  • 22. aprender a conviver e aprender a ser. Educomunicação: um passo para o diálogo O diálogo entre Educação e Comunicação é essencial para compreensão dos desafios dessas duas áreas e seu papel na formação de indivíduos na contemporaneidade. Muitas são as nomenclaturas que denominam práticas relacionadas às tentativas de aproximar essas duas áreas do conhecimento: educação para os meios, educação pela comunicação, educomunicação, entre outros. Multidisciplinar e pluricultural por natureza, a Educomunicação vem se delineando no meio acadêmico a partir da constatação da crescente e inegável interdependência da Comunicação e da Educação na atualidade. Pode-se definir Educomunicação como um campo de pesquisa e de intervenção social voltado para a criação, execução e avaliação de projetos que objetivam a democratização das ferramentas de comunicação e a participação ativa dos indivíduos no ecossistema comunicacional em que a sociedade atual se insere, formando cidadãos. Nesse contexto, surge um novo profissional, o educomunicador. O termo, criado por Mário Kaplun, designa o profissional capaz de articular as áreas de Comunicação e Educação discutindo suas inter-relações e promovendo a intersecção de saberes através de pesquisas e práticas, além do debate em torno dos traços que caracterizam aproximações e distanciamentos entre essas duas áreas. As práticas educomunicativas têm por base o dialogismo freiriano, a partir do momento que se propõem quebrar o verticalismo escolar e promover uma educação calcada na parceria educador-educando para a transformação, não apenas do ambiente escolar, mas de toda sociedade. A ação dialógica inicia-se no planejamento do ano letivo, na escolha do
  • 23. conteúdo programático que deve ser feita pelos sujeitos envolvidos: educadores, educandos e, até mesmo, membros da comunidade. Dessa forma, além de significar uma proposta de diálogo entre a Comunicação e a Educação, a Educomunicação propõe a inserção de práticas dialógicas na sociedade, aproximando a escola da comunidade em que se insere e proporcionando aos indivíduos espaço no ecossistema comunicacional para que possam se expressar cada vez mais democraticamente, exercendo a cidadania.
  • 24. CONCLUSÃO A dialogicidade no mundo atual: considerações finais Os avanços tecnológicos no campo da comunicação e da informação e a globalização levaram os países a reverem o papel da educação, enfatizando sua importância como propulsora da economia nacional. Sem educação, não há desenvolvimento tecnológico, científico, cultural, há apenas dependência. Mas qual é a educação que o mundo globalizado demanda? “Bancária” é que não, como diria Paulo Freire, dialógica sim. Chega de narração e memorização. Uma educação polifônica que problematiza, desafia, faz pensar e agir, liberta. É dessa educação que se precisa para preparar os indivíduos para atuar na sociedade contemporânea. Curiosamente, percebe-se como a revolução das tecnologias de comunicação e informação, principalmente o advento da internet, ao passo que aproxima espaços, também distancia, na solidão do estar só em frente à tela do computador. Num mundo cada vez mais competitivo, o sujeito de hoje é individualista e esse individualismo resulta no antidiálogo, no distanciamento do outro. Vivendo num mundo de redes povoadas por usuários e ambientes diversos, um novo indivíduo se forma. Os avanços tecnológicos trazem novas formas de comunicar, de dialogar, de se expressar, de pensar, de agir, de aprender, de viver no mundo atual. E que mundo é esse? O mundo da comunicação, da informação, do efêmero. A educação está inserida nesse ecossistema essencialmente comunicacional, como diria Jesus Martin-Barbero. Deve ser repensada a partir de e para esse ecossistema. Essa reflexão se dá na Educomunicação, no diálogo entre Educação e Comunicação.
  • 25. Sendo assim, somente sob uma perspectiva dialógica se pode construir uma educação libertadora no ecossistema comunicacional em que estamos inseridos, a partir da transformação dos educandos em cidadãos atuantes capazes de promover o desenvolvimento da sociedade como um todo.
  • 26. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo, Ed. Hucitec, 9ª edição, 1999. CITELLI, Adilson. Educação e mudanças: novos modos de conhecer in Citelli, Adilson (Org) Outras linguagens na escola. São Paulo, Ed. Cortez, 2000. CITELLI, Adilson. Comunicação e Educação. A linguagem em movimento. São Paulo, Ed. Senac, 3ª edição, 2004. CITELLI, Adilson. Palavras, meios de comunicação e educação. São Paulo, Ed. Cortez, 2006. COHN, Gabriel. A forma da sociedade da informação in Desafios da Comunicação. Petrópolis, Editora Vozes, 2ª edição, 2000, p 21 e 22. FREIRE, Paulo, Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 47ª edição, 2005. MARTÍN-BARBERO, Jesus, Henredando o futuro. Pensar la Educación desde la Comunicación in Nómadas. Boggotá, septiembre de 1996, n 5. MARTÍN-BARBERO, Jesus, Dos meios às mediações: Comunicação, Cultura e hegemonia. Rio de Janeiro, 2ª edição, Editora UFRJ, 2001. MATTELART, Armand e MATTELART Michèle, História das Teorias da Comunicação. São Paulo: Edições Loyola, 10ª edição, 2007, p. 37. OROZCO Gomez, Guilhermo. Professores e meios de comunicação: desafios e estereótipos in Revista Comunicação & Educação, n 10. São Paulo, CCA/ECA/USP/Moderna, 1997.
  • 27. RUBIM, Antônio Albino Canelas, Contemporaneidade, (idade) mídia e democracia in Desafios da Comunicação. Petrópolis: Editora Vozes, 2ª edição, 2000, p 79 a 92. WILLIAMS, Raymond. Palavras-chave. São Paulo, Boitempo Editorial, 2007.