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7ª Aula Prática de Microbiologia
Tronco Comum II a)
Parte I/II

10611 Pedro Oliveira Santos
Estágio de Iniciação Pedagógica    12 de Dezembro de 2011
Sumário
• Caso Clínico                      • Haemophilus influenzæ
• Classificação                     • Mycoplasma pneumoniæ
• Manifestações Clínicas e        • Pneumonia no doente
  Semiologia                        ventilado
• Epidemiologia                   • Diagnóstico e Exames
• Fisiopatologia                    Complementares
  • Vias de infeção, fatores de   • Amostras biológicas do
    virulência e defesas do         sistema respiratório inferior
    hospedeiro.                     • Amostras
• Etiologia                         • Colheita de expetoração e
  • Típica vs Atípica                 outras colheitas
  • Exemplos de imagem              • Diagnóstico microbiológico
  • Agentes etiológicos           • Complicações
• Pneumonias bacterianas          • Tratamento                      2
  • Streptococcus pneumoniæ       • Prevenção
  • Staphylococcus aureus
Caso Clínico
 ♀, 65A

 10 Dias                                                                 1 Dia

        Ventilação

  Insuficiência Respiratória                                             - Febre
                                                                         - Aumento de secreções
  Grave
                                                                         - FC na AP do hemitórax direito.
                                                                          PNEUMONIA
                                                                           Colheita de produtos para exame
                                                                            microbiológico


Uma mulher de 65 anos de idade adoeceu há 10 dias com insuficiência respiratória grave e teve necessidade de ser
ventilada, situação que se mantém.

Desde há 1 dia iniciou um quadro de febre acompanhada de aumento de secreções respiratórias e aparecimento de fervores   3
crepitantes à auscultação do hemitórax direito.

Foi feito o diagnóstico provisório de pneumonia . Foram colhidos produtos para exame microbiológico.
Caso Clínico
Novos Conceitos (I)
• Insuficiência Respiratória – incapacidade do aparelho
  respiratório em manter as trocas gasosas do oxigénio e do
  dióxido de carbono em níveis adequados.

Segundo Wood (1998), divide-se em 4 tipos, sendo na prática
utilizados como:

  • Tipo I (parcial, hipoxémica)  PaO2 < 60mmHg (FiO2 = 21%)
  • Tipo II (global, hipercápnica)  PaO2 < 60mmHg e PaCO2
    >55mmHg (FiO2 = 21%)
  • (…)                                                         4
Caso Clínico
Novos Conceitos (II)
• Fervores Crepitantes - sons inspiratórios audíveis na
  auscultação pulmonar que resultam da insuflação alveolar
  quando estes contêm líquido no seu interior.
  • Ex: Pneumonia e Edema Agudo do Pulmão



• Pneumonia – infeção do parênquima pulmonar, normalmente
  com etiologia bacteriana, que clinicamente se apresenta com
  tosse, expetoração purulenta e febre, juntamente com sinais
  radiológicos compatíveis com um padrão de condensação
  (leucócitos, eritrócitos e fibrina)
                                                                5
Classificação (I)
• Duração
   • Aguda vs Crónica
• Localização
   • Lobar vs Broncopneumonia vs Intersticial vs Miliar


• Etiologia
   • Bacteriana, viral, fúngica

• Aquisição
   • Comunidade, Hospitalar/associada a ventilação mecânica
• Manifestações Clínicas
                                                              6
   • Típica vs Atípica
Classificação (II)
                          • Hospitalização mínima de 2 dias até 90 dias
                            antes da infecção
                          • Institucionalizados
Nosocomial                • Terapêutica antibiótica intravenosa
                          • Quimioterapia
                          • Hemodialisado


         PAC              • Sintomas respiratórios até 48h após
 Pneumonia Adquirida na     hospitalização
      Comunidade


         PAV              • Pneumonia 48h após intubação endotraqueal e
 Pneumonia associada a      ventilação mecânica                           7
      ventilador
Manifestações Clínicas
• Febre
• Tosse com expectoração purulenta (<2/3 dos
  casos)
• Dor pleurítica
• Fadiga
• Cefaleias, mialgias, atralgias, confusão
  mental, sudorese
• Manifestações gastrointestinais
  (náuseas, vómitos)
• Analiticamente:
  • leucocitose com neutrofilia;
  • aumento dos parâmetros inflamatórios       8
    (PCR, VS)
Semiologia
  Inspeção     • Tiragem;
               • Redução da expansibilidade torácica do lado afetado.




  Palpação     • Aumento das vibrações vocais.



  Percussão    • Macicez/sub-macicez


               • Murmúrio vesicular diminuído ou abolido;
 Auscultação   • Fervores crepitantes;
               • Sopro tubário, broncofonia, pectorilóquia

               • Taquipneia (>20 ciclos          respiratórios     por
   Sinais        minuto);
               • Taquicardia (>100bpm)
                                                                         9
Epidemiologia
• 3ª causa de morte (depois de EAM e AVC) a nível mundial (OMS, 2000);

• 8 a 15 casos de pneumonia adquirida na comunidade em cada 1000
  habitantes, por ano 5 a 10 casos de pneumonia nosocomial em cada
  1000 internamentos;

• Mortalidade: 5 a 20% nas formas moderadas a graves; 1 a 2% nas
  formas ligeiras; 30% nos grupos etários extremos;

• Principal causa de morte em crianças a nível mundial.

  • 1,4 milhões de crianças < 5anos por ano; mais que a soma de mortes por
     SIDA, Malária e Tuberculose – OMS (Out 2011)                            10
Fisiopatologia (I)



Presença/proliferação    Capacidade fagocítica
 de microorganismos         dos macrófagos       Resposta Inflamatória   PNEUMONIA
  no espaço alveolar      alveolares excedida




      IL-1 e TNFα – febre
      IL-2 – maturação linfocitária                                                  11
      IL-6 - neutrofilia
      IL-8 e G-CSF – leucocitose
Fisiopatologia (II)

Vias de infeção
 • Aspiração maciça
   Anaeróbios, Bacilos Gram -



 • Microaspiração
   Pneumococcus e Haemophilus influenzæ



 • Aerossolização
   Vírus, Legionella spp., BK



 • Disseminação hematogénea
   Staphylococcus aureus e E. coli



 • Contiguidade                           12
   Peritonites, empiema
Fisiopatologia (III)

Fatores de virulência
 • S. pneumoniae
   Cápsula (adesão e anti-
   fagocitose), hialuronidase, pneumolisin
   a, protease IgA

 • Chlamydia pneumoniae
   Produção de fator ciliostático

 • Mycoplasma pneumoniae
   Produção de fator destrutivo dos cílios

 • Mycobacterium e Legionella
   Resistentes à atividade microbicida dos
   macrófagos

 • Vírus influenza                           13
   Diminuição da produção de muco
Fisiopatologia (IV)

Defesas do hospedeiro
• Anatomia das vias aéreas
• Produção de muco
• Epitélio ciliado
• Baixo pH
• Descamação
• IgA secretora
• Tosse
• Macrófagos
• Fibronectina, lisozima, complememento, surfactante.   14
Etiologia (I)

Pneumonia Típica vs Atípica

                  • Microorganismos
      Pneumonia     primariamente
                    respiratórios
        Típica    • Clínica pulmonar




                  • Infeção sistémica com
      Pneumonia     manifestações pulmonares
        Atípica   • Riqueza em dados extra
                    pulmonares
                                               15
Etiologia (II)

Exemplos de imagem
 • Radiografia póstero-anterior do tórax sem alterações.




                                                           16
Etiologia (II)

Exemplos de imagem
 • Radiografia póstero-anterior e de perfil esquerdo do tórax
   com evidência de condensação na metade superior do
   hemicampo pulmonar direito.




                                                                         17
                                                     Pneumonia Lobar
                                                      Superior Direita
Etiologia (II)

Exemplos de imagem




          Broncopneumonia   Pneumonia Intersticial
                                    (Atípica)
                                                     18
Etiologia (III)

Agentes Etiológicos

        Pneumonia Típica             Pneumonia Atípica
  Streptococcus pneumoniae   Mycoplasma pneumoniae
  Haemophilus influenzae     Chlamydia pneumoniae
  Moraxella catarrhalis      Legionella pneumophila
  Klebsiella pneumoniae      Coxiella burnetii
  Staphylococcus aureus      Pneumocystis jirovecci
                             Vírus


                                                         19
Etiologia (III)

Estudo Viriato
 Valores nacionais de resistência aos anti-microbianos mais
 frequentemente prescritos no tratamento das infeções respiratórias
 adquiridas na comunidade (2001 e 2002).

    Melo-Cristino J, Serrano N, e o Grupo de Estudo Português de Bactérias Patogénicas Respiratórias


 • Streptococcus pneumoniae
    • 23% das estirpes apresentavam resistência à penicilina;
    • 10% aos macrólidos;
    • 10% à cefuroxima

 • Haemophilus influenzae
    • 10% produtoras de β-lactamase

 • Moraxella catarrhalis
    • 90% produtoras de β-lactamase                                                                    20
Pneumonias Bacterianas
• Streptococcus pneumoniae (50%)

• Haemophilus influenzae (15%)

• Mycoplasma pneumoniae (12-15%)

• Staphylococcus aureus (10-15%)

• Chlamydia spp. (3-5%)

• Klebsiella pneumoniae (1-2%)

• P.aeruginosa, anaeróbios, Coxiella
  burnetti, Legionella spp.,
  Streptococcus pyogenes (1-2%)        21
Pneumonias Bacterianas – Típicas (I)

Streptococcus pneumoniae
• Diplococos Gram+;

• Capsulados;

• Forma de “chama de vela”;

• Colonizador das vias aéreas
  superiores;

• Características:

   • Colónias redondas e mucóides;
                                       22
   • α-hemólise.
Pneumonias Bacterianas – Típicas (I)

Streptococcus pneumoniae
Fatores de virulência da bactéria
 • Adesinas, protease IgA secretora, pneumolisina  Colonização da faringe e migração
   para o sistema respiratório inferior;
 • Pneumolisina, ácido teicóico, peptidoglicano, fosforilcolina  Resposta Imunitaria
 • Produção de peróxido de hidrogénio e cápsula

Fatores de risco do hospedeiro
 • Infeção         viral      anterior,     DPOC,         alcoolismo,       insuficiência
   cardíaca, tabagismo, imunosupressão.

Doenças associadas no hospedeiro
 • Pneumonia, sinusite, otite média, meningite, bacteriémia, endocardite, septicémia,
                                                                                            23
   artrite, peritonite.
Pneumonias Bacterianas – Típicas (II)

Staphylococcus aureus
• Coccus Gram +;
• Geram cavitação pulmonar –
  pneumatocelos;
• Principal agente de pneumonia pós-
  gripe;
• Pode surgir
    nos utilizadores de drogas e.v.;
    em doentes com patologia de base
    (leucemia, linfoma, fibrose quística);
• Colónias brancas/douradas, grandes         24
  e convexas.
Pneumonias Bacterianas – Típicas (III)

Haemophilus influenzae
• Bacilos gram –;
• A maioria é capsulada;
• Colonizador       das   vias     aéreas
  superiores ;
• Atinge idosos; doentes com DPOC,
  FQ, etc…
• 2º agente de pneumonia pós-gripe
   • incidência das infeções está a
     diminuir (vacina conjugada)            25
Pneumonias Bacterianas – Atípicas (IV)

Mycoplasma pneumoniae
• Agente         atípico        mais
  comum, altamente contagioso ;

• Padrão intersticial a partir dos
  hilos: em asa de borboleta;

• Grupo etário juvenil (<20 anos)

• Infeções epidémicas a cada 4
  anos;

• Menores bactérias de vida livre;

• Sem parede celular; membrana           26
  celular com esteróis.
Pneumonia no

Doente ventilado (I)
• Aumenta:
  •   tempo de internamento;
  •   custos;
  •   co-morbilidades;
  •   mortalidade.




                               27
Pneumonia no

Doente ventilado (II)
        Efeitos da entubação endotraqueal
              Diretos                                Indiretos
Acesso direito de bactérias             Aumento da secreção de muco

Alteração dos mecanismos de defesa
                                   Estagnação de secreções
locais:

  - Diminuição do reflexo da tosse      Inflamação das vias aéreas

  - Diminuição da clearance mucociliar Lesão das células epiteliais da traqueia

  - Reservatório para proliferação
bacteriana (adesão ao tubo; aspiração
de secreções).                                                                    28
Pneumonia no

Doente ventilado (III)
Agentes etiológicos mais frequentes
• Cerca de 40% são polimicrobianas;
• Bacilos gram negativos (70%);


• Pseudomonas aeruginosa
• Acinetobacter
• Staphylococcus aureus
• Streptococcus pneumoniae
• Haemophilus influenzae
• Enterobacteriaceae (Klebsiella, Serratia, Enterobacter, E.coli)   29
Diagnóstico e Exames
Complementares
AVALIAÇÃO INICIAL DO DOENTE
1.    História clínica e exame objetivo;
2.    Radiografia postero-anterior do tórax e de perfil
3.    Gasimetria arterial
4.    Oximetria de pulso
5.    Exames laboratoriais de avaliação geral
     1.   Leucograma
     2.   Marcadores inflamatórios (PCR, VS)
     3.   (…)
                                                          30
6.    Estudo microbiológico
Amostras biológicas do

Sistema Respiratório Inferior
• Expetoração                  • Broncofibroscopia

                               • Aspirados transtraqueais ou
• Secreções brônquicas           pulmonares

• Lavado bronco-alveolar       • Biópsias brônquicas ou pulmonares




  Sangue (obg.)          Líquido Pleural              Urina          31
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (I)

Colheita de Expetoração
• Técnica não invasiva;
• Preferir a 1ª expetoração da manhã.

   1.    Higiene da boca (gargarejar com água);
   2.    O doente deve expetorar após tosse profunda.

        Caso o volume de expetoração seja pequeno:
           • Nebulização com soro fisiológico;
           • Cinesiterapia respiratória.


   3.    Colocar a amostra em recipiente seco e estéril.
        • Rejeitar se existir saliva ou restos alimentares;
        • Aceitar e manter à temperatura ambiente se enviada de imediato ao
          laboratório;
        • Aceitar e refrigerar e 4ºC se não enviada de imediato ao laboratório.   32
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (I)

Colheita de Expetoração
• Grande         sensibilidade,       baixa
  especificidade

• Ideal para doentes que não melhoraram
  com o tratamento empírico ou para
  doentes internados que estejam a expelir
  secreções purulentas sem terem iniciado
  antibioterapia.

• Não é feito por rotina a doentes que
  estejam a ser tratados em ambulatório.

• Recomendado        para       diagnóstico
  diferencial com tuberculose (cultura com                 BK
                                                                33
  pesquisa do BK) ou Legionella
  pneumophila.
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (II)

Outras Colheitas
Colheita de secreções brônquicas
• Técnica invasiva
• Aspiração endotraqueal
• Colher para recipiente seco e estéril

Colheita de lavado broncoalveolar                       Lavado BA
• Técnica invasiva
• Broncoscopia com instilação de soro fisiológico e
  aspiração
• Para 3 recipientes secos, estéreis e ordenados:
   • 1º (fração brônquica) – microorganismos
     particulares (Legionella spp, micobactérias,
     fungos);                                                       34
   • 2º e 3º - restante exame microbiológico
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III)

Diagnóstico microbiológico
Exame direto:                 (Expectoração)


• Screening  seleção da amostra
• Observação microscópica com
  objetiva a 10x (após coloração de
  Gram) da morfologia bacteriana.

• Considera-se de         qualidade      a
  amostra que tem:
   • >25 leucócitos e
   • <10 células epiteliais
                                                             35
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III)

Diagnóstico microbiológico


                   Semear em meio de cultura
                                      Meios habituais
Amostra de
                   Consoante o agente - Gelose de sangue;
 qualidade         predominante no    - MacConkey
                   exame direto
                                      - Gelose de
                                      chocolate |
                                      bacitracina
                                                             36
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III)

Diagnóstico microbiológico
Provas de identificação
     Agente                                 Teste

 Streptococcus
                  Suscetibilidade à optoquina
 pneumoniae

                  Gelose de sangue com discos de:
 Haemophilus      • Fator X (hematina)
 influenzae       • Fator V (NAD)
                  • Fatores X + V

 Staphylococcus   Prova da coagulase
 aureus           Prova da DNAse

 Pseudomonas      Prova de produção de oxidase                                   37
                  (oxidase positivos: P. aeruginosa, Neisseria spp., Moraxella
 aeruginosa       spp)
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III)

Diagnóstico microbiológico
Provas de identificação para outros agentes:

• Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia
  pneumoniae
   • Serologia, imunofluorescência direta
     (Chlamydia)

• Vírus
   • Imunofluorescência direta

• Fungos
                                             Chlamydia pneumoniae
   • Exame histológico                                              38
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III)

Diagnóstico microbiológico
HEMOCULTURA

• Alta especificidade;
• Devem ser feitas 2 a 3 hemoculturas;
• Recomendada a todos os doentes
  internados com PAC, idealmente antes da
  iniciação da AB empírica;
• Cerca de 10% dos doentes terão
  hemoculturas positivas;
• O outcome dos doentes cujos resultados da
  hemocultura são obtidos em menos de 24h                    39
  desde o internamento são melhores.
Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III)

Diagnóstico microbiológico
TESTES SEROLÓGICOS

• Antigénio urinário para Streptococcus
  pneumoniae
   • Sensibilidade de 100% e especificidade de 60%/90%
     para infeção por pneumococcus.
   • Deve ser testado em todos os pacientes com PAC
     grave.

• Doença dos legionários (Legionella pneumophila)
• Mycoplasma pneumoniae
• Chlamydia pneumoniae                                                                           40

                                 Oxford Handbook of Respiratory Medicine, 2nd edition, pag 426
Complicações
• Derrame pleural (36%-57% dos doentes
  internados);
• Abcesso pulmonar;
• Infeções metastáticas (ex: abcesso
  cerebral, endocardite);
• Insuficiência respiratória;
• Choque  falência multiorgânica;
• Diáteses hemorrágicas
• Exacerbação de comorbilidades          41
Tratamento




             42
Tratamento (I)
• Como a etiologia do agente é desconhecida, o tratamento é
  quase sempre empírico;

• Estudos revelaram que a associação entre macrólido e
  cefalosporina de 2ª ou 3ª geração, ou o uso de fluroquinolona
  (isolada) estavam associados a uma mortalidade mais baixa;

• Agentes atípicos são resistentes aos β-lactâmicos!
  • Macrólidos e tetraciclinas
                                                                  43
Tratamento (II)

Terapêutica Empírica
• Pneumonia não complicada, em ambulatório:
  • Macrólidos ou
  • Amoxicilina ou
  • Fluoroquinolona 2G (levofloxacina)


• Pneumonia em doente com doença co-existente ou
  doente internado:
  • Macrólido 2ªG (azitromicina ou claritromicina) + β-
    lactâmico (amoxicilina + ácido clavulânico, ou
    cefalosporinas 3ªG)                                   44
Prevenção
• Cessação tabágica

• Vacina anti-gripal

• Vacina anti-pneumocócica

• Uso criterioso de terapêuticas imunossupressoras

• Tratamento da infeção HIV



• Lavagem das mãos

• Redução dos dias de entubação                      45
46

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Pneumonias - Aula de Microbiologia

  • 1. 7ª Aula Prática de Microbiologia Tronco Comum II a) Parte I/II 10611 Pedro Oliveira Santos Estágio de Iniciação Pedagógica 12 de Dezembro de 2011
  • 2. Sumário • Caso Clínico • Haemophilus influenzæ • Classificação • Mycoplasma pneumoniæ • Manifestações Clínicas e • Pneumonia no doente Semiologia ventilado • Epidemiologia • Diagnóstico e Exames • Fisiopatologia Complementares • Vias de infeção, fatores de • Amostras biológicas do virulência e defesas do sistema respiratório inferior hospedeiro. • Amostras • Etiologia • Colheita de expetoração e • Típica vs Atípica outras colheitas • Exemplos de imagem • Diagnóstico microbiológico • Agentes etiológicos • Complicações • Pneumonias bacterianas • Tratamento 2 • Streptococcus pneumoniæ • Prevenção • Staphylococcus aureus
  • 3. Caso Clínico ♀, 65A 10 Dias 1 Dia Ventilação Insuficiência Respiratória - Febre - Aumento de secreções Grave - FC na AP do hemitórax direito.  PNEUMONIA  Colheita de produtos para exame microbiológico Uma mulher de 65 anos de idade adoeceu há 10 dias com insuficiência respiratória grave e teve necessidade de ser ventilada, situação que se mantém. Desde há 1 dia iniciou um quadro de febre acompanhada de aumento de secreções respiratórias e aparecimento de fervores 3 crepitantes à auscultação do hemitórax direito. Foi feito o diagnóstico provisório de pneumonia . Foram colhidos produtos para exame microbiológico.
  • 4. Caso Clínico Novos Conceitos (I) • Insuficiência Respiratória – incapacidade do aparelho respiratório em manter as trocas gasosas do oxigénio e do dióxido de carbono em níveis adequados. Segundo Wood (1998), divide-se em 4 tipos, sendo na prática utilizados como: • Tipo I (parcial, hipoxémica)  PaO2 < 60mmHg (FiO2 = 21%) • Tipo II (global, hipercápnica)  PaO2 < 60mmHg e PaCO2 >55mmHg (FiO2 = 21%) • (…) 4
  • 5. Caso Clínico Novos Conceitos (II) • Fervores Crepitantes - sons inspiratórios audíveis na auscultação pulmonar que resultam da insuflação alveolar quando estes contêm líquido no seu interior. • Ex: Pneumonia e Edema Agudo do Pulmão • Pneumonia – infeção do parênquima pulmonar, normalmente com etiologia bacteriana, que clinicamente se apresenta com tosse, expetoração purulenta e febre, juntamente com sinais radiológicos compatíveis com um padrão de condensação (leucócitos, eritrócitos e fibrina) 5
  • 6. Classificação (I) • Duração • Aguda vs Crónica • Localização • Lobar vs Broncopneumonia vs Intersticial vs Miliar • Etiologia • Bacteriana, viral, fúngica • Aquisição • Comunidade, Hospitalar/associada a ventilação mecânica • Manifestações Clínicas 6 • Típica vs Atípica
  • 7. Classificação (II) • Hospitalização mínima de 2 dias até 90 dias antes da infecção • Institucionalizados Nosocomial • Terapêutica antibiótica intravenosa • Quimioterapia • Hemodialisado PAC • Sintomas respiratórios até 48h após Pneumonia Adquirida na hospitalização Comunidade PAV • Pneumonia 48h após intubação endotraqueal e Pneumonia associada a ventilação mecânica 7 ventilador
  • 8. Manifestações Clínicas • Febre • Tosse com expectoração purulenta (<2/3 dos casos) • Dor pleurítica • Fadiga • Cefaleias, mialgias, atralgias, confusão mental, sudorese • Manifestações gastrointestinais (náuseas, vómitos) • Analiticamente: • leucocitose com neutrofilia; • aumento dos parâmetros inflamatórios 8 (PCR, VS)
  • 9. Semiologia Inspeção • Tiragem; • Redução da expansibilidade torácica do lado afetado. Palpação • Aumento das vibrações vocais. Percussão • Macicez/sub-macicez • Murmúrio vesicular diminuído ou abolido; Auscultação • Fervores crepitantes; • Sopro tubário, broncofonia, pectorilóquia • Taquipneia (>20 ciclos respiratórios por Sinais minuto); • Taquicardia (>100bpm) 9
  • 10. Epidemiologia • 3ª causa de morte (depois de EAM e AVC) a nível mundial (OMS, 2000); • 8 a 15 casos de pneumonia adquirida na comunidade em cada 1000 habitantes, por ano 5 a 10 casos de pneumonia nosocomial em cada 1000 internamentos; • Mortalidade: 5 a 20% nas formas moderadas a graves; 1 a 2% nas formas ligeiras; 30% nos grupos etários extremos; • Principal causa de morte em crianças a nível mundial. • 1,4 milhões de crianças < 5anos por ano; mais que a soma de mortes por SIDA, Malária e Tuberculose – OMS (Out 2011) 10
  • 11. Fisiopatologia (I) Presença/proliferação Capacidade fagocítica de microorganismos dos macrófagos Resposta Inflamatória PNEUMONIA no espaço alveolar alveolares excedida IL-1 e TNFα – febre IL-2 – maturação linfocitária 11 IL-6 - neutrofilia IL-8 e G-CSF – leucocitose
  • 12. Fisiopatologia (II) Vias de infeção • Aspiração maciça Anaeróbios, Bacilos Gram - • Microaspiração Pneumococcus e Haemophilus influenzæ • Aerossolização Vírus, Legionella spp., BK • Disseminação hematogénea Staphylococcus aureus e E. coli • Contiguidade 12 Peritonites, empiema
  • 13. Fisiopatologia (III) Fatores de virulência • S. pneumoniae Cápsula (adesão e anti- fagocitose), hialuronidase, pneumolisin a, protease IgA • Chlamydia pneumoniae Produção de fator ciliostático • Mycoplasma pneumoniae Produção de fator destrutivo dos cílios • Mycobacterium e Legionella Resistentes à atividade microbicida dos macrófagos • Vírus influenza 13 Diminuição da produção de muco
  • 14. Fisiopatologia (IV) Defesas do hospedeiro • Anatomia das vias aéreas • Produção de muco • Epitélio ciliado • Baixo pH • Descamação • IgA secretora • Tosse • Macrófagos • Fibronectina, lisozima, complememento, surfactante. 14
  • 15. Etiologia (I) Pneumonia Típica vs Atípica • Microorganismos Pneumonia primariamente respiratórios Típica • Clínica pulmonar • Infeção sistémica com Pneumonia manifestações pulmonares Atípica • Riqueza em dados extra pulmonares 15
  • 16. Etiologia (II) Exemplos de imagem • Radiografia póstero-anterior do tórax sem alterações. 16
  • 17. Etiologia (II) Exemplos de imagem • Radiografia póstero-anterior e de perfil esquerdo do tórax com evidência de condensação na metade superior do hemicampo pulmonar direito. 17 Pneumonia Lobar Superior Direita
  • 18. Etiologia (II) Exemplos de imagem Broncopneumonia Pneumonia Intersticial (Atípica) 18
  • 19. Etiologia (III) Agentes Etiológicos Pneumonia Típica Pneumonia Atípica Streptococcus pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Haemophilus influenzae Chlamydia pneumoniae Moraxella catarrhalis Legionella pneumophila Klebsiella pneumoniae Coxiella burnetii Staphylococcus aureus Pneumocystis jirovecci Vírus 19
  • 20. Etiologia (III) Estudo Viriato Valores nacionais de resistência aos anti-microbianos mais frequentemente prescritos no tratamento das infeções respiratórias adquiridas na comunidade (2001 e 2002). Melo-Cristino J, Serrano N, e o Grupo de Estudo Português de Bactérias Patogénicas Respiratórias • Streptococcus pneumoniae • 23% das estirpes apresentavam resistência à penicilina; • 10% aos macrólidos; • 10% à cefuroxima • Haemophilus influenzae • 10% produtoras de β-lactamase • Moraxella catarrhalis • 90% produtoras de β-lactamase 20
  • 21. Pneumonias Bacterianas • Streptococcus pneumoniae (50%) • Haemophilus influenzae (15%) • Mycoplasma pneumoniae (12-15%) • Staphylococcus aureus (10-15%) • Chlamydia spp. (3-5%) • Klebsiella pneumoniae (1-2%) • P.aeruginosa, anaeróbios, Coxiella burnetti, Legionella spp., Streptococcus pyogenes (1-2%) 21
  • 22. Pneumonias Bacterianas – Típicas (I) Streptococcus pneumoniae • Diplococos Gram+; • Capsulados; • Forma de “chama de vela”; • Colonizador das vias aéreas superiores; • Características: • Colónias redondas e mucóides; 22 • α-hemólise.
  • 23. Pneumonias Bacterianas – Típicas (I) Streptococcus pneumoniae Fatores de virulência da bactéria • Adesinas, protease IgA secretora, pneumolisina  Colonização da faringe e migração para o sistema respiratório inferior; • Pneumolisina, ácido teicóico, peptidoglicano, fosforilcolina  Resposta Imunitaria • Produção de peróxido de hidrogénio e cápsula Fatores de risco do hospedeiro • Infeção viral anterior, DPOC, alcoolismo, insuficiência cardíaca, tabagismo, imunosupressão. Doenças associadas no hospedeiro • Pneumonia, sinusite, otite média, meningite, bacteriémia, endocardite, septicémia, 23 artrite, peritonite.
  • 24. Pneumonias Bacterianas – Típicas (II) Staphylococcus aureus • Coccus Gram +; • Geram cavitação pulmonar – pneumatocelos; • Principal agente de pneumonia pós- gripe; • Pode surgir  nos utilizadores de drogas e.v.;  em doentes com patologia de base (leucemia, linfoma, fibrose quística); • Colónias brancas/douradas, grandes 24 e convexas.
  • 25. Pneumonias Bacterianas – Típicas (III) Haemophilus influenzae • Bacilos gram –; • A maioria é capsulada; • Colonizador das vias aéreas superiores ; • Atinge idosos; doentes com DPOC, FQ, etc… • 2º agente de pneumonia pós-gripe • incidência das infeções está a diminuir (vacina conjugada) 25
  • 26. Pneumonias Bacterianas – Atípicas (IV) Mycoplasma pneumoniae • Agente atípico mais comum, altamente contagioso ; • Padrão intersticial a partir dos hilos: em asa de borboleta; • Grupo etário juvenil (<20 anos) • Infeções epidémicas a cada 4 anos; • Menores bactérias de vida livre; • Sem parede celular; membrana 26 celular com esteróis.
  • 27. Pneumonia no Doente ventilado (I) • Aumenta: • tempo de internamento; • custos; • co-morbilidades; • mortalidade. 27
  • 28. Pneumonia no Doente ventilado (II) Efeitos da entubação endotraqueal Diretos Indiretos Acesso direito de bactérias Aumento da secreção de muco Alteração dos mecanismos de defesa Estagnação de secreções locais: - Diminuição do reflexo da tosse Inflamação das vias aéreas - Diminuição da clearance mucociliar Lesão das células epiteliais da traqueia - Reservatório para proliferação bacteriana (adesão ao tubo; aspiração de secreções). 28
  • 29. Pneumonia no Doente ventilado (III) Agentes etiológicos mais frequentes • Cerca de 40% são polimicrobianas; • Bacilos gram negativos (70%); • Pseudomonas aeruginosa • Acinetobacter • Staphylococcus aureus • Streptococcus pneumoniae • Haemophilus influenzae • Enterobacteriaceae (Klebsiella, Serratia, Enterobacter, E.coli) 29
  • 30. Diagnóstico e Exames Complementares AVALIAÇÃO INICIAL DO DOENTE 1. História clínica e exame objetivo; 2. Radiografia postero-anterior do tórax e de perfil 3. Gasimetria arterial 4. Oximetria de pulso 5. Exames laboratoriais de avaliação geral 1. Leucograma 2. Marcadores inflamatórios (PCR, VS) 3. (…) 30 6. Estudo microbiológico
  • 31. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior • Expetoração • Broncofibroscopia • Aspirados transtraqueais ou • Secreções brônquicas pulmonares • Lavado bronco-alveolar • Biópsias brônquicas ou pulmonares Sangue (obg.) Líquido Pleural Urina 31
  • 32. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (I) Colheita de Expetoração • Técnica não invasiva; • Preferir a 1ª expetoração da manhã. 1. Higiene da boca (gargarejar com água); 2. O doente deve expetorar após tosse profunda. Caso o volume de expetoração seja pequeno: • Nebulização com soro fisiológico; • Cinesiterapia respiratória. 3. Colocar a amostra em recipiente seco e estéril. • Rejeitar se existir saliva ou restos alimentares; • Aceitar e manter à temperatura ambiente se enviada de imediato ao laboratório; • Aceitar e refrigerar e 4ºC se não enviada de imediato ao laboratório. 32
  • 33. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (I) Colheita de Expetoração • Grande sensibilidade, baixa especificidade • Ideal para doentes que não melhoraram com o tratamento empírico ou para doentes internados que estejam a expelir secreções purulentas sem terem iniciado antibioterapia. • Não é feito por rotina a doentes que estejam a ser tratados em ambulatório. • Recomendado para diagnóstico diferencial com tuberculose (cultura com BK 33 pesquisa do BK) ou Legionella pneumophila.
  • 34. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (II) Outras Colheitas Colheita de secreções brônquicas • Técnica invasiva • Aspiração endotraqueal • Colher para recipiente seco e estéril Colheita de lavado broncoalveolar Lavado BA • Técnica invasiva • Broncoscopia com instilação de soro fisiológico e aspiração • Para 3 recipientes secos, estéreis e ordenados: • 1º (fração brônquica) – microorganismos particulares (Legionella spp, micobactérias, fungos); 34 • 2º e 3º - restante exame microbiológico
  • 35. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III) Diagnóstico microbiológico Exame direto: (Expectoração) • Screening  seleção da amostra • Observação microscópica com objetiva a 10x (após coloração de Gram) da morfologia bacteriana. • Considera-se de qualidade a amostra que tem: • >25 leucócitos e • <10 células epiteliais 35
  • 36. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III) Diagnóstico microbiológico Semear em meio de cultura Meios habituais Amostra de Consoante o agente - Gelose de sangue; qualidade predominante no - MacConkey exame direto - Gelose de chocolate | bacitracina 36
  • 37. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III) Diagnóstico microbiológico Provas de identificação Agente Teste Streptococcus Suscetibilidade à optoquina pneumoniae Gelose de sangue com discos de: Haemophilus • Fator X (hematina) influenzae • Fator V (NAD) • Fatores X + V Staphylococcus Prova da coagulase aureus Prova da DNAse Pseudomonas Prova de produção de oxidase 37 (oxidase positivos: P. aeruginosa, Neisseria spp., Moraxella aeruginosa spp)
  • 38. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III) Diagnóstico microbiológico Provas de identificação para outros agentes: • Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae • Serologia, imunofluorescência direta (Chlamydia) • Vírus • Imunofluorescência direta • Fungos Chlamydia pneumoniae • Exame histológico 38
  • 39. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III) Diagnóstico microbiológico HEMOCULTURA • Alta especificidade; • Devem ser feitas 2 a 3 hemoculturas; • Recomendada a todos os doentes internados com PAC, idealmente antes da iniciação da AB empírica; • Cerca de 10% dos doentes terão hemoculturas positivas; • O outcome dos doentes cujos resultados da hemocultura são obtidos em menos de 24h 39 desde o internamento são melhores.
  • 40. Amostras biológicas do Sistema Respiratório Inferior (III) Diagnóstico microbiológico TESTES SEROLÓGICOS • Antigénio urinário para Streptococcus pneumoniae • Sensibilidade de 100% e especificidade de 60%/90% para infeção por pneumococcus. • Deve ser testado em todos os pacientes com PAC grave. • Doença dos legionários (Legionella pneumophila) • Mycoplasma pneumoniae • Chlamydia pneumoniae 40 Oxford Handbook of Respiratory Medicine, 2nd edition, pag 426
  • 41. Complicações • Derrame pleural (36%-57% dos doentes internados); • Abcesso pulmonar; • Infeções metastáticas (ex: abcesso cerebral, endocardite); • Insuficiência respiratória; • Choque  falência multiorgânica; • Diáteses hemorrágicas • Exacerbação de comorbilidades 41
  • 43. Tratamento (I) • Como a etiologia do agente é desconhecida, o tratamento é quase sempre empírico; • Estudos revelaram que a associação entre macrólido e cefalosporina de 2ª ou 3ª geração, ou o uso de fluroquinolona (isolada) estavam associados a uma mortalidade mais baixa; • Agentes atípicos são resistentes aos β-lactâmicos! • Macrólidos e tetraciclinas 43
  • 44. Tratamento (II) Terapêutica Empírica • Pneumonia não complicada, em ambulatório: • Macrólidos ou • Amoxicilina ou • Fluoroquinolona 2G (levofloxacina) • Pneumonia em doente com doença co-existente ou doente internado: • Macrólido 2ªG (azitromicina ou claritromicina) + β- lactâmico (amoxicilina + ácido clavulânico, ou cefalosporinas 3ªG) 44
  • 45. Prevenção • Cessação tabágica • Vacina anti-gripal • Vacina anti-pneumocócica • Uso criterioso de terapêuticas imunossupressoras • Tratamento da infeção HIV • Lavagem das mãos • Redução dos dias de entubação 45
  • 46. 46