1. Mass – Media; Formar ou Informar?
Filosofia (10ºano)
Mass Media
Formar ou
Informar?
Pedro Miguel Carvalho
Escola Secundária da Maia 1
Pedro Miguel Carvalho
2. Mass – Media; Formar ou Informar?
Filosofia (10ºano)
Escola Secundária/3 da Maia
10ºQ
Nº26
Pedro Miguel Sousa Carvalho
Ciências Sociais e Humanas
Filosofia
Escola Secundária da Maia 2
Pedro Miguel Carvalho
3. Mass – Media; Formar ou Informar?
Filosofia (10ºano)
Índice
Página 4 – Introdução
Página 5 – Estudo sobre o consumo de media
Página 8 – Constituição da República (disposições relevantes)
Página 12 – Manipulação da Sociedade pelos grandes grupos de
Media.
Página 20 – A Importância da TV na comunicação política
Página 25 – Conclusão
Página 26 – Bibliografia
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4. Mass – Media; Formar ou Informar?
Filosofia (10ºano)
Introdução
Segundo o artigo 37º da Constituição da República Portuguesa “Todos têm o
direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela
imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se
informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.” ; “ O
exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo
ou forma de censura.”
Hoje em dia estes dois direitos consagrados pela lei fundamental portuguesa
bem como outros que regulamentam a liberdade de imprensa são por vezes
postos em causa devido a vários factores, que mais a frente serão tratados
com maior profundidade.
O meu trabalho irá focar-se mais em profundidade no meio de comunicação em
massa mais “consumido” pela população, ou seja, a televisão, procurarei
demonstrar a importância que a televisão tem na forma de pensar e agir das
pessoas bem como na liberdade de comunicação e na manipulação da
televisão enquanto forma de formar em vez de informar.
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5. Mass – Media; Formar ou Informar?
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Estudo sobre o consumo de media
Actualmente a presença diária dos meios tradicionais mantém-se e o
consumo de todos os tipos de media desenvolve-se de uma forma transversal,
cada um com um papel e uma importância específica na cadeia de comunicação
das marcas com o consumidor, não obstante o facto de se assistir a um forte
dinamismo da internet como meio de consumo. Esta é uma das principais
conclusões do "Observatório News" da Novadir.
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6. Mass – Media; Formar ou Informar?
Filosofia (10ºano)
A Televisão é o meio que continua a ter o maior número de utilizadores
diários, com destaque para o fim-de-semana, independentemente do número
de horas dedicado, e assume-se como um meio transversal, ou seja, com
elevada penetração em todas as variáveis sócio-demográficas. Este meio
apresenta-se também como o de maior impacto para o conhecimento seja de
marcas seja de personalidades políticas.
Ilustração 1 Nº Notícias emitidas (Abril 09)
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7. Mass – Media; Formar ou Informar?
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Ilustração 2 Duração notícias emitidas (Abril 09)
Ilustração 3Audiência média
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8. Mass – Media; Formar ou Informar?
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A Rádio, que aparece logo a seguir à Televisão (77% de penetração),
assume forte expressão durante a semana, perdendo posicionamento durante o
fim-de-semana, sendo também um meio de consumo muito homogéneo.
Os jornais apresentam-se como o 3º meio privilegiado de consumo (66%
lêem jornais, independentemente da sua periodicidade) e com tendência
crescente de consumo: "37% dos consumidores afirmam que lêem mais jornais
do que há dois anos", sendo os homens os que apresentam maior afinidade
com este meio. Não obstante este posicionamento como 3º meio de maior
penetração de consumo, apresenta um menor número de utilizadores diários
(heavy users) do que a internet.
Apesar de continuarmos a assistir ao crescimento dos canais de
comunicação "tradicionais", verificamos que os chamados new media começam
a ganhar uma importância acrescida: a Internet, que surge no nosso País
apenas em meados da década de 80, assume uma penetração de consumo
regular de 61%, sendo durante a semana que este meio apresenta a sua maior
expressão e, inclusive, cerca de 75% referem que consomem actualmente mais
internet do que há dois anos, o que reflecte a importância crescente deste
meio, não obstante o facto de se apresentar ainda como mais descriminaste
junto das classes sociais mais altas e junto de consumidores mais jovens.
As revistas, meio "tradicional" até há algum tempo próximo dos jornais,
surge como o 5º meio de consumo, com menos de metade dos entrevistados a
referir que lêem revistas de forma regular e inclusive 20% refere que lê menos
revistas do que há dois anos. São as mulheres o target de maior afinidade com
este meio.
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9. Mass – Media; Formar ou Informar?
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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Disposições relevantes em matéria de Comunicação
Social
Artigo 26º
(Outros direitos pessoais)
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a utilização abusiva, ou
contrária à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias.
3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano,
nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na
experimentação científica.
4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem
efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como
fundamento motivos políticos.
Artigo 37º
(Liberdade de expressão e informação)
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela
palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de
informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem
discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer
tipo ou forma de censura.
3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos
princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social,
sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais
ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.
4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições
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10. Mass – Media; Formar ou Informar?
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de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o
direito a indemnização pelos danos sofridos.
Artigo 38º
(Liberdade de imprensa e meios de comunicação social)
1. É garantida a liberdade de imprensa.
2. A liberdade de imprensa implica:
a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem
como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos
órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou
confessional;
b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de
informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais, bem como
o direito de elegerem conselhos de redacção;
c) O direito de fundação de jornais e de quaisquer outras publicações,
independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação
prévias.
3. A lei assegura, com carácter genérico, a divulgação da titularidade e dos
meios de financiamento dos órgãos de comunicação social.
4. O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de
comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o
princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação
geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a
sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou
cruzadas.
5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de
rádio e de televisão.
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11. Mass – Media; Formar ou Informar?
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6. A estrutura e o funcionamento dos meios de comunicação social do sector
público devem salvaguardar a sua independência perante o Governo, a
Administração e os demais poderes públicos, bem como assegurar a
possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião.
7. As estações emissoras de radiodifusão e de radiotelevisão só podem
funcionar mediante licença, a conferir por concurso público, nos termos da lei.
Artigo 39º
(Alta Autoridade para a Comunicação Social)
1. O direito à informação, a liberdade de imprensa e a independência dos
meios de comunicação social perante o poder político e o poder económico,
bem como a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de
opinião e o exercício dos direitos de antena, de resposta e de réplica política,
são assegurados por uma Alta Autoridade para a Comunicação Social.
2. A lei define as demais funções e competências da Alta Autoridade para a
Comunicação Social e regula o seu funcionamento.
3. A Alta Autoridade para a Comunicação Social é um órgão independente,
constituído por onze membros, nos termos da lei, com inclusão obrigatória:
a) De um magistrado, designado pelo Conselho Superior da Magistratura, que
preside;
b) De cinco membros eleitos pela Assembleia da República segundo o sistema
proporcional e o método da média mais alta de Hondt;
c) De um membro designado pelo Governo;
d) De quatro elementos representativos da opinião pública, da comunicação
social e da cultura.
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12. Mass – Media; Formar ou Informar?
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4. A Alta Autoridade para a Comunicação Social intervém nos processos de
licenciamento de estações emissoras de rádio e de televisão, nos termos da lei.
5. A Alta Autoridade para a Comunicação Social intervém na nomeação e
exoneração dos directores dos órgãos de comunicação social públicos, nos
termos da lei.
Artigo 40º
(Direitos de antena, de resposta e de réplica política)
1. Os partidos políticos e as organizações sindicais, profissionais e
representativas das actividades económicas, bem como outras organizações
sociais de âmbito nacional, têm direito, de acordo com a sua relevância e
representatividade e segundo critérios objectivos a definir por lei, a tempos de
antena no serviço público de rádio e de televisão.
2. Os partidos políticos representados na Assembleia da República, e que não
façam parte do Governo, têm direito, nos termos da lei, a tempos de antena no
serviço público de rádio e televisão, a ratear de acordo com a sua
representatividade, bem como o direito de resposta ou de réplica política às
declarações políticas do Governo, de duração e relevo iguais aos dos tempos
de antena e das declarações do Governo, de iguais direitos gozando, no
âmbito da respectiva região, os partidos representados nas assembleias
legislativas regionais.
3. Nos períodos eleitorais os concorrentes têm direito a tempos de antena,
regulares e equitativos, nas estações emissoras de rádio e de televisão de
âmbito nacional e regional, nos termos da lei.
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13. Mass – Media; Formar ou Informar?
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Manipulação da sociedade pelos grandes grupos de Media
Os grandes grupos empresariais de comunicação estão a utilizar a
propaganda para obter um controle social e uma manipulação da sociedade.
Outra questão levantada é que à medida que os mass media se tornam
mais influentes na sociedade, o gosto estético e o interesse pela real e
verdadeira cultura popular decaem. Existe um grande risco quanto ao poder
critico e o conformismo da sociedade enquanto manipulada por estes grandes
veículos.
A principal consequência dos mass media na sociedade actual é o risco
da deterioração do gosto estético e da qualidade dos padrões culturais
populares.
Existe uma grande dificuldade em mensurar com precisão qual é o
impacto social e psicológico causado pelos mass media, devido a falta de
pesquisas no campo comportamental. “O fato de se conhecer o número de
horas que as pessoas utilizam a televisão nada nos indica sobre os efeitos
daquilo que vêem”.
A manipulação dos Mass Media era utilizada pelos ditadores, para
fazerem passar as suas mensagens.
Todas as reivindicações e revoluções sociais conquistadas no século
XIX serviram posteriormente para que as pessoas tivessem mais tempo para
lazer e cultura. Os Mass Media tomaram esse espaço desempenhando um
papel controlador e omnipresente na vida das pessoas. Algumas funções
sociais do Mass Media são estabelecidas como: Aqueles que controlam os
meios “conferem prestigio e acrescem a autoridade de indivíduos e grupos,
legitimando seus status”.
Uma das funções sociais dos Mass Media é a de tornar-se referência no
que diz respeito à verdade. Se um facto é exposto de determinada forma num
canal de de grande audiência, as pessoas tomarão como verdade absoluta o
que lhes é apresentado, sem a oportunidade do questionamento.
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14. Mass – Media; Formar ou Informar?
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A publicidade utiliza-se dessa influência para tornar seus credíveis e
aumentar o número de vendas.
Actualmente a media portuguesa é controlada por um grupo restrito de
pessoas, ou seja muitos dos jornais e revistas que lemos, bem como os canais
televisivos que diariamente vemos são controlados por grupos empresariais
detentores de vários desses órgãos.
Os principais grupos de media privados nacionais são sem dúvida o
Grupo Impresa de Francisco Pinto Balsemão, o Grupo “Média Capital”, cujo
principal detentor do grupo é a empresa “Vertix SGPS SA”, uma empresa do
grupo investidor espanhol “Prisa”, e o grupo “Cofina” e a “PT Multimédia”
Para além dos grupos privados temos a “Portugal Global”, empresa
pública.
(Nas páginas seguintes serão apresentados organogramas que
mostram todas as empresas que os grupos que falei detêm na área da media,
seja ela digital, televisiva ou imprensa.)
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Organigrama 1 Grupo Impresa
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Organigrama 2 Grupo Média Capital
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Organigrama 3 Grupo Cofina
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Organigrama 4 Grupo Portugal Global
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Como podemos observar anteriormente (Organigramas 1;2;3;4) temos
uma grande variedade de revistas e jornais, bem como de canais de televisão
(e não falei aqui do canal privado “Sport TV” que praticamente detém o
monopólio das transmissões desportivas nacionais) mas que no fundo são
todos dos mesmos proprietários, portanto, por exemplo no caso dos jornais e
revistas podemos variar de publicação e estarmos sujeitos a que o grupo
detentor dessa publicação seja o mesmo de uma outra que lemos
anteriormente. No caso das televisões acontece o mesmo, vejamos o caso de
querermos ver notícias (nos canais nacionais). Se optarmos pelos generalistas
(RTP, SIC, TVI) temos desde logo um problema em mãos, é que todos os
noticiários dessas estações começam (e muitas vezes terminam) á mesma
hora, seja á hora de almoço, onde todos começam ás 13h00, seja á hora do
jantar, que todos começam ás 20h00, mas apesar, todos nós, por uma
qualquer razão que nem nós muitas vezes sabemos qual, optamos por um
deles e vemos as notícias que, para os redactores e editores daquele canal,
são os factos nacionais relevantes naquele dia, eles (os jornalistas e
responsáveis de redacção dos canais) utilizam hoje em dia várias formas de
captar o público, visto que todos os canais (privados ou não) vivem em função
das audiências que têm.
No caso da TVI, que para mim é o caso mais notório, utiliza sempre
polémicas bem como notícias bastante violentas para que os telespectadores
fiquem colados ao ecrã.
Se por acaso escolhermos ver os canais de especialidade noticiosa,
vamos dar ao mesmo, porque os donos, os responsáveis e os próprios
jornalistas são os mesmos dos canais generalistas como podemos ver nos
organigramas .
Para a maioria dos portugueses, aquilo que de importante se passou no
país e no mundo, foi aquilo que os responsáveis pelos telejornais escolheram.
Hoje em dia, com a internet (e segundo o estudo mostrado
anteriormente sobre o consumo de media), os portugueses começam a
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informar-se cada vez mais na internet, apesar de como também tivemos
oportunidade de ver anteriormente nos organigramas, as empresas de media
possuem sites de informação on-line, uma outra forma de viciarem o público
aos seus ideais.
No meu ponto de vista, enquanto consumidor assíduo de sites
informativos, um dos principais pontos negativos da consulta noticiosa via
internet é a quantidade de publicidade, que muitas vezes em pop-up (janela
extra que abre no navegador ao visitar uma página web) que nos distraem do
conteúdo do que estávamos a ler.
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21. Mass – Media; Formar ou Informar?
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A Importância da TV na comunicação política
A TV é muito importante. Todos reconhecem que se trata de um meio
vital para a difusão da mensagem política. Há mesmo quem afirme que só a
experiência pessoal é mais importante do que a TV na formação da opinião.
«A sociedade do espectáculo, de que falava Guy Debord, implantou-se
definitivamente a partir dos anos 60 e a televisão, esse lugar mágico à frente
do qual se reuniam as famílias, tornou-se o referencial pelo que se começou a
guiar a política». Fernando Sobral, in Diário Económico; 11/08/2004
A importância da televisão é de tal forma determinante que alterou a
forma de fazer política. (1)
Já faz parte do passado recorrer a grandes comícios, à mobilização frequente
de pessoas para manifestações e a uma agenda sobrecarregada ao longo do
dia para contactar o eleitorado.
Por outro lado, com a massificação dos aparelhos de TV em quase
todas as casas, e com as pessoas a darem mais importância ao que é
transmitido numa televisão do que, por exemplo, ao que se passa no
Parlamento, é natural que a actividade política seja muito pensada em função
das televisões.
O dia a dia das maiores organizações políticas é a preparação de
eventos para obter uma reportagem de um a dois minutos nos telejornais.
Em campanha eleitoral as iniciativas mais importantes são concebidas
para a televisão. O que se passa no palco é organizado em função da
cobertura das televisões, e se o slogan fizer parte dos títulos dos telejornais é a
«cereja no bolo».
Veja-se o relato no Público de um comício do PP: «Pouca gente, em
Aveiro, no comício do CDS-PP .Uma estreia com cheirinho a fiasco (…) O
comício estava marcado para as 18 horas, mas o seu início foi sendo adiado
sucessivamente, sempre à espera da enchente de apoiantes que nunca
chegou. (…) Estava já Nobre Guedes a “agradecer a Aveiro por ter respondido
à chamada”, quando Portas surgiu em palco, de mangas de camisa e mãos na
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cintura, mesmo a tempo de entrar em directo no Jornal da Noite da SIC. (…)
“Que outro partido senão o nosso, fora da campanha eleitoral e fora de Lisboa
e Porto, trocava o conforto dos coliseus e teatros e vinha fazer um comício
para a rua”?, perguntou, atento aos sinais que lhe eram feitos pelos membros
da Jota - empoleirados no palanque dos jornalistas - sempre que a SIC entrava
em directo.» Público – 10/05/98
Em Portugal esta importância é ainda maior, tendo em conta o elevado
número de horas que os portugueses passam em frente do televisor, e também
porque é reduzido o número de leitores de livros e jornais. Um estudo
divulgado em Julho de 2004 revelava que apenas 13% dos portugueses tinha
lido um livro no ano anterior. Nos países nórdicos esse valor variava entre os
60 e os 70%.
De todos os meios de comunicação, a televisão é o que exige uma
mensagem menos racionalizada. A televisão não é para debater ideias. A
televisão é espectáculo. Não é preciso imaginar, é desnecessário ler nas
entrelinhas. O que está lá é tudo e o tudo é uma impressão.
«A televisão fixa impressões, ideias vagas, cria imagens, faz
estereótipos, e só. Ao terminar a mensagem, o comunicador terá passado um
conceito. “Ele é inteligente; é culto; é incapaz; é ridículo; etc.”. Raros
telespectadores serão capazes de repetir o raciocínio que os impressionou» -
Eduardo Portella Netto
É raro o espectador que questiona as imagens mostradas pela televisão.
«Quase sempre partimos do pressuposto que as imagens representam a
realidade. Uma vez aceites, as ideias que depois formamos na nossa cabeça
servem de ficções que guiam os nossos pensamentos e acções.» (1)
E, de facto, o que mostra a televisão pode ser profundamente manipulado.
É significativa a capacidade de manipulação dos vários elementos
constitutivos de um frame.
«O grande potencial da televisão é, em parte, devido aos seu carácter
multimodal – isto é, o facto de ela operar ao mesmo tempo nos registos visual
e sonoro, podendo usar simultaneamente a fala, a música, imagens e legendas
para transmitir a sua mensagem – e em parte devido aos recursos técnicos –
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cortes, edição, mudanças de luz, etc. – que lhe permitem orientar a atenção do
espectador para aspectos que se queira destacar. Bem exploradas, essas
qualidades de televisão permitem a realização de propagandas políticas que
saturam a capacidade de processamento de informações do espectador e
abalam a sua capacidade de opor um sentido crítico às interferências que lhe
são apresentadas. O modo como os recursos técnicos têm sido combinados na
televisão acabou por criar uma “gramática do sentimento”, que conduz, por
exemplo, o espectador a reagir negativamente diante da combinação de
recursos tais como cortes abruptos de câmara, imagens a preto-e-branco e
iluminação sombria, para não falar do efeito emocional causado pelo fundo
musical ameaçador» - Kathleen Hall Jamieson em “Dirty Politics: Deception,
Distraction and Democracy”
Os profissionais contratados pelos políticos aprenderam a dominar estes
recursos e técnicas, e parte do trabalho que produzem para televisão visa
alcançar alguns dos efeitos referidos.
Segundo o estudo realizado pela Marktest em Abril de 2009, José
Sócrates foi a personalidade que por mais vezes interveio na primeira pessoa
nos serviços regulares de informação da RTP1, RTP2, SIC e TVI, fazendo-o
também em notícias de maior duração. O Primeiro-ministro interveio na
primeira pessoa em 127 notícias que tiveram 4 horas e 52 minutos de duração.
Esta análise exclui eventuais programas, debates ou entrevistas realizadas no
período, considerando apenas os serviços regulares de informação. Na
contabilização do tempo, considera-se o tempo total de duração da notícia.
A ministra da Saúde, Ana Jorge, ocupou a segunda posição, tendo
intervindo directamente em 69 notícias que tiveram um total de 3 horas e 3
minutos de duração.
Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, foi a terceira protagonista do mês,
com intenções directas em 72 notícias de 2 horas e 33 minutos de duração.
Paulo Portas, líder do CDS-PP foi o quarto com intervenções em notícias
de maior duração nestes programas de informação, tendo protagonizado 70
notícias com 2 horas e 9 minutos de duração e Francisco Louçã, líder do Bloco
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de Esquerda, ficou em quinto, com intervenção directa em 62 notícias de 2
horas e 4 minutos de duração.
Jerónimo de Sousa (líder do PCP), Teixeira dos Santos (ministro de
Estado e das Finanças), Cavaco Silva (Presidente da República), Vieira da
Silva (ministro do Trabalho e da Solidariedade Social) e Paulo Rangel (líder
parlamentar do PSD) encerram a lista dos 10 nomes que protagonizaram
notícias de maior duração total durante Abril de 2009.
Ilustração 4 Protagonistas notícias TV
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O facto de aparecerem, de como aparecem e o tempo que dura a notícia
pode influenciar a população num determinado sentido, seja ele de voto ou de
confiança na personalidade política em questão.
Segundo um estudo de Ana Guedes Bezerra e Fábio Silva o sucesso de
um político em campanha na sociedade contemporânea depende directamente
da visibilidade pública e da repercussão positiva da sua imagem no cenário
público.
Na prática do marketing político, todas as mensagens são
meticulosamente trabalhadas por profissionais desde as palavras a utilizar no
discurso público (televisivo), como a tonalidade com que estas são ditas, como
a gesticulação e expressão facial do candidato.
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Conclusão
Como demonstrei anteriormente os grupos de media possuem fortes
armas para influenciarem o público.
Hoje em dia, devido aos factos demonstrados anteriormente a
democracia em Portugal é posta em causa com o controlo da comunicação –
social por parte de alguns “barões” do mundo da comunicação.
As estações de televisão, e de forma mais vincada canal público de
televisão, que deveria supostamente prestar serviço público, são muitas vezes
usados como meio de propaganda e de auto-promoção do governo e dos
governantes do país, não praticando assim uma informação totalmente livre e
justa.
Como solução a este problema, e segundo o que já está consagrado na
lei fundamental portuguesa mas que nem sempre é correctamente aplicado,
devemos ter uma Autoridade para a Comunicação Social, bem como uma
Autoridade para a Concorrência, livre de interesses, séria e que regule e
fiscalize de forma correcta, justa e isenta os media nacionais, essencialmente
os canais de televisão de forma a termos uma informação mais séria .
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Bibliografia
Livros
AUMONT, Jacques. "A parte do dispositivo''. In: A imagem. 2. ed.
Campinas: Papirus, 1995, p. 135-195.
BAKHTINE, Mikhail. La Poétique de Dostoievski. Paris: Éditions du Seuil.
1970
BECKER, Beatriz. 500 anos do descobrimento nos noticiários da TV. In:
VIZEU, Alfredo,
PORCELLO, Flávio e MOTA, Célia (orgs.). Telejornalismo - a nova
praça pública. Florianópolis: Editora Insular. 2006. p. 65-97.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor. 1997
FILHO, Jorge Luís Cunha. Cultivo mediático e as suas consequências: um
problema e duas propostas para análise dos efeitos dos media. Estudo
Universitário
Internet
http://www.wikipédia.pt
http://www.impresa.pt
http://www.mediacapital.pt
http://www.cofina.pt
http://www.saladeprensa.org/art84 - 2 Junho de 09 ás 13h34
http://www.marktest.com/wap/a/n/id - 2 Junho de 09 ás 14h00
http://www.bocc.ubi.pt - 2 de Junho de 09 ás 18h19
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