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A importância da comunicação para o guarda-redes.
O futebol é um desporto que possui um contexto de jogo. Dentro desse contexto encontramos
muitas nuances e uma delas é a comunicação, a qual varia consoante as tarefas que consiste a
cada jogador.
Devemos conhecer em que equipa nos encontramos, que guarda-redes temos e quais são as
suas características. Que modelo de jogo nos vão pedir, para saber o que planificamos em
função da idade dos guarda-redes que trabalhamos e saber até onde podemos ou não chegar.
Por outro lado, é imprescindível compreender que a imagem dos guarda-redes evoluiu
bastante e como treinadores de guarda-redes, devemos estudar e analisar o seu
comportamento. Em anos transatos, as atuações de um guarda-redes limitavam-se em realizar
ações defensivas na baliza, catalogando o guarda-redes como um jogador que apenas
intervinha para evitar os golos dos adversários.
Atualmente a imagem do guarda-redes mudou e procura-se que o guarda-redes intervenha o
menos possível e nível defensivo e ofensivo, sendo um guarda-redes que organiza a sua linha
defensiva evitando que o adversário crie situações de perigo, por isso estamos falando de um
guarda-redes que evite o perigo, consciente de que existe uma fase previa à intervenção, uma
fase em que não toca na bola, mas que organiza a sua linha defensiva para evitar problemas.
Por tanto, destaco que o guarda-redes participa em 2 processos: defensivo e ofensivo. Como
treinadores de guarda-redes, devemos fornecer aos nossos guarda-redes, umas ferramentas
eficazes que ajudem a estabelecer uma boa comunicação com a restante equipa, para dar
sentido aos diferentes contextos de jogo e evitar situações de perigo por parte do adversário.
No entanto, encontramos guarda-redes cuja personalidade é muito extrovertida, dialogando
com os seus colegas de equipa no balneário e quando está em campo normalmente não fala. É
um guarda-redes que aparentemente não tem problemas com a sua personalidade, mas sabe
quais são as funções que o treinador lhe está a pedir?
Os seus colegas exigem que fale com eles e organize a equipa? Sabe como tem de fazê-lo? Sabe
como tem de comunicar? Talvez não fale por esse motivo, porque não sabe como aplicar uma
terminologia adequada e não pode ajudar a sua equipa. De quem é esse trabalho? Nosso. De
quem é o mérito? O mérito é sempre dos guarda-redes, porque são eles que jogam e são eles
que se enganam ou acertam. Nós, simplesmente tentamos disponibilizar meios dos quais
muitas vezes nos enganamos e também acertamos.
Devemos evitar que o guarda-redes esteja em silêncio quando se estão produzindo
constantemente situações num treino ou jogo, porque está demonstrando que não sabe como
comunicar com os seus colegas. Normalmente, os guarda-redes não comunicam porque não
sabem o que dizer ao corrigir a sua linha defensiva já que não possuem uma boa leitura do
jogo.
Devemos estar conscientes que por vezes o erro não é deles, mas sim nosso por não termos
fornecido as ferramentas necessárias. Também pode haver casos em que o guarda-redes
comunique muito mas mal, porque não sabe como fazê-lo e produz palavras como, boa, vai,
vem, etc… Está a comunicar com a equipa mas sem saber como fazê-lo e na verdade não está
dizendo nada de útil.
Por vezes, chegam-se a dar circunstâncias nas quais observamos guarda-redes frustrados
porque a linha defensiva não obedece às ordens que lhes está transmitindo, mas a realidade é
que o guarda-redes esteve comunicando os 90 minutos com a linha defensiva, transmitindo
ordens que não são úteis.
Por vezes os guarda-redes usam o mesmo tipo de palavras e por vezes a informação que dá
não tem nada a ver com a ação que está a acontecer, por tanto a informação que está
transmitindo não serve de nada aos seus colegas.
Nós treinadores de guarda-redes, normalmente tentamos introduzir meios e o guarda-redes
que é inteligente vai percebendo se esses meios são úteis ou não e se temos razão ou não.
O guarda-redes tem a capacidade de adquirir essa informação e pô-la em prática, por tanto, o
mérito é dele, porque teve a capacidade de pô-la em prática e não errar. Então se o guarda-
redes tem o hábito e sabe como executar, se não o faz é porque não quer. Se não tem o hábito
ou não sabe como fazê-lo, já temos duas razões para saber que estamos a fazer alguma coisa
errada.
Como conclusão, podemos dizer que a informação que um guarda-redes deve dar à sua equipa,
deve ser de qualidade e no momento oportuno, com um caracter positivo, tentando não avaliar
as decisões dos colegas e evitando frases longas e cheias de informação, já que os colegas
estão concentrados na ação do jogo. A informação que o guarda-redes transmite tem que ser
precisa para ajudar a equipa a solucionar as ações defensivas ou ofensivas.
O estabelecimento de um padrão neste tema tão importante do jogo, é apenas criar termos
claros que possam ser utilizados na comunicação do guarda-redes com os seus colegas. Além
disso estes termos não têm que deixar qualquer tipo de dúvida quanto à informação
transmitida e também deve ajustar-se perfeitamente às particularidades de cada situação do
jogo.
Observando as características e as diferentes situações que se podem dar no jogo, agrupemos
a terminologia atendendo os seguintes tipos de situações:
- Guarda-redes em situação de distribuição: É a situação em que o guarda-redes realiza um
movimento de apoio para receber a bola, vinda de um colega que tem a posse da bola de modo
a dar continuação ao jogo seja mediante um passe curto ou uma distribuição longa.
- O guarda-redes em posição de interceção: São todas as situações em que o guarda-redes,
com a intenção ou não de recuperar a posse da bola, quer intercetar um passe entre os
jogadores adversários.
- Colegas em situação defensiva: São todas as situações nas quais os seus colegas não têm a
posse da bola e encontram-se a fazer trabalho defensivo para recuperar a posse da bola para
evitar que os adversários progridam no terreno de jogo com o objetivo de fazer golo.
- Companheiros em situação ofensiva: São todas aquelas situações nas quais os seus colegas
encontram-se em posse da bola e têm como objetivo progredir no terreno de jogo à procura da
baliza contrária com o objetivo de fazer golo.
- Outras situações de ordens ou avisos: Neste caso adicionamos outros termos que possam ser
usados quando os seus colegas se encontram em situações defensivas ou ofensivas e nas quais
os guarda-redes também podem fornecer informações que possam complementar e ajudar na
tomada de decisão que o colega deve ter em cada situação de jogo.
Outros aspetos importantes referentes à forma de comunicação do guarda-redes assim como o
conteúdo da informação são os seguintes:
- Dar ordens de forma clara e breve.
- Aplicar um tom de voz convincente, alto e positivo.
- Evitar dar informações desnecessárias, procurando a qualidade na informação transmitida.
- Dar ordens com o tempo suficiente para que o colega possa dar uma resposta adequada
em cada situação.
- Em situações de distribuição o guarda-redes deve aplicar gestos com os braços, que
complementem a comunicação.
- Aplicar sempre palavras positivas.
- Não censurar de forma depreciativa.
- Transmitir tranquilidade, serenidade e em todos os momentos encorajar os colegas.
Depois de explicar o objetivo e dizer quais seriam os grupos nos quais englobaríamos a
terminologia a aplicar dentro do padrão de comunicação dependendo das diferentes situações
que o guarda-redes pode encontrar no jogo, vou passar a nomear e desenvolver cada um dos
termos a utilizar nas seguintes situações: Guarda-redes em situação de distribuição, guarda-
redes em situação de interceção e situações de ordens e avisos.
Guarda-redes em situação de distribuição: É a situação na qual o guarda-redes realiza
movimentos de apoio e recebe a bola depois de um passe do colega que tem a posse da bola.
- Atrasa de cabeça - peito: Para indicar ao seu colega que efetue o passe atrasado com a
cabeça ou com o peito. Nos casos em que há passe com a cabeça, poderá complementar a
comunicação indicando com o braço a zona sobre a qual o colega deve realizar o passe
atrasado.
- Atrasa para o pé: Para indicar ao seu companheiro que realize o atraso passando a bola
para o seu pé, para que seja o próprio guarda-redes a decidir que orientação irá dar à bola.
Poderá também complementar a informação com os braços, indicando a zona sobre a qual o
seu colega deve passar a bola.
- Atrasa e sobe: Para pedir a um colega que faça um passe atrasado em condições e que
permita ao guarda-redes fazer uma distribuição de primeira. Ao mesmo tempo o guarda-redes
faz um gesto com o braço para o lado onde pretende que o colega faça o passe atrasado.
Guarda-redes em situação de interceção: São todas aquelas situações em que o guarda-redes,
recuperando a bola ou não, intercepta um passe de um jogador adversário.
- Estou - eu - minha: Para informar os seus colegas que vai efetuar uma saída para ficar com
posse da bola ou tirá-la. Qualquer uma destas opções é válida.
- Protege: Em situações de bolas lançadas pelos adversários para as costas da linha defensiva.
Desta forma indica aos seus colegas que façam uma cobertura técnica contra o adversário e
assim facilitar a blocagem da bola por parte do guarda-redes.
Ordens e avisos: Termos que podem ser usados tanto em situações defensivas como também
ofensivas.
- Sobe - sai: Para informar os colegas que subam a linha defensiva para que a equipa ocupe
uma posição mais adiantada no terreno de jogo. Normalmente, depois de um alívio de um
colega.
- Homem nas costas - atenção às costas: Para indicar aos colegas que tenham cuidado com os
adversários que estejam posicionados nas suas costas. Também serve de aviso para que os
seus colegas ajustem as marcações.
- Recuperem o posicionamento - volta para trás: Para informar os seus colegas que
recuperem o posicionamento defensivo e que se organizem defensivamente mais perto da
área. Normalmente em situações de jogo em que é melhor recuperar o posicionamento
defensivo, com a intenção de evitar que os colegas sejam ultrapassados pelos adversários.
Agora irei falar dos termos que podem ser usados quando os seus colegas estão em fase
defensiva.
Imaginemos que um ou mais colegas estão numa situação defensiva em todos aqueles
momentos do jogo em que não possuem a posse da bola e se encontram realizando tarefas
para recuperar a bola e evitar que a equipa adversária marque golo. Os termos usados neste
tipo de situações seriam os seguintes:
- Pressiona sem falta - pressionem sem falta: Para dizer a um ou mais colegas que não
temporizem e pressionem rapidamente um ou mais adversários com o objetivo de recuperarem
a posse da bola.
- Sem falta: Para indicar a um colega que efetue pressão sobre o adversário mas com especial
atenção para não cometer falta. Normalmente em situações de pressão na linha de baliza ou
linha lateral e com o adversário de costas para a baliza.
- Aguenta - espera - temporiza: Para dizer a um colega que temporize quando está sozinho
com um adversário, em vez de tentar roubar a bola, com o objetivo de evitar ser ultrapassado e
dar tempo suficiente aos seus colegas para se organizarem defensivamente.
- Não deixa rodar/girar: Para informar o colega que pressione o adversário de forma a evitar
que este rode com a bola e fique de frente para a baliza ou para o lado onde deseja dar
continuação à jogada.
- Protege: para informar a um colega que proteja a bola (cobertura técnica), sob a pressão de
um adversário e que deixe a bola sair do terreno de jogo. Normalmente, depois de um passe
demasiado longo por parte de um adversário. Também em situações de bolas lançadas para as
costas da linha defensiva, com o objetivo de indicar aos colegas que realizem uma cobertura
técnica para que desta forma facilitem a blocagem da bola por parte do guarda-redes. O
colega, quando o guarda-redes se está a fazer à posse da bola, deve colocar o seu corpo entre
ele e o adversário.
- Ganha no ar - tira por cima: Em situações de cruzamentos, livres laterais, cantos ou
lançamentos longos para o corredor central. Para indicar aos seus colegas que disputem a bola
em jogo aéreo. Desta maneira deixa claro aos seus colegas que não vai efetuar uma saída para
ficar com a posse da bola ou afastá-la para longe e que são eles que têm de disputar o lance.
- Tira a bola - afasta a bola: Para indicar a um companheiro que não tente ficar com a posse
da bola e que a afaste para uma zona em que não haja perigo.
- Controla - estás só: Para informar um colega que fique com a posse da bola. Em situações
onde a pressão do adversário não é muito forte e o colega tem tempo e espaço suficiente para
efetuar a receção da bola com algum conforto.
- Fica com a bola: para indicar a um colega que não tem nenhum adversário pressionando-o e
que pode ficar com a posse da bola com algum conforto e tentar passar a bola a outro colega
ao invés de agastá-la para longe.
- Deixa sair: Após um passe de um adversário, para indicar a um colega que deixe a bola sair
do terreno de jogo porque nenhum adversário tem a possibilidade de tentar conquistar a posse
da bola para dar continuidade à jogada.
Desta vez imaginemos que um colega encontra-se numa situação ofensiva em todos aqueles
momentos do jogo nos quais está em posse da bola e tem como objetivo progredir no terreno
de jogo na procura da baliza contrária para fazer golo. Os termos usados neste tipo de situação
seriam os seguintes:
- Estás só - só: Depois de um passe de um colega para outro, para informar o colega que vai
rececionar a bola, que está a uma distância suficiente de qualquer adversário para ficar com a
posse da bola com certa comodidade.
- Podes rodar - vira-te: Para informar um colega que está de costas para a baliza contrária
que pode-se virar com a bola porque não tem nenhum adversário próximo de si.
- Joga no outro lado - tira da pressão: Para informar a um colega que mude a orientação do
jogo para o outro lado. Normalmente devido à pressão efetuada pelos adversários nessa zona
do campo com a consequente acumulação de jogadores nessa zona e que impedem a
progressão no terreno de jogo.
- Joga longo - passe longo: Para indicar ao colega que está com a posse da bola, que faça um
passe longo para o lado oposto do terreno de jogo em vez de fazer um passe curto para outro
colega e manter a bola na zona onde o adversário está pressionando.
- Passa rápido - acelera o jogo: Para indicar a um colega que está em posse da bola, que
acelere o jogo e faça a bola circular pelo terreno de jogo. Normalmente em situações de
condução de bola excessiva por parte do colega que tem a posse da bola.
- Entrega de frente - passa de frente: Para informar o colega que está com a posse da bola,
que tem um adversário nas suas costas e que não tente virar-se com a bola e que passe a bola
a algum colega que esteja a sua frente e que não esteja a ser pressionado por nenhum
adversário.
Os termos a serem aplicados não têm de ser exatamente estes, sendo que cada treinador de guarda-
redes pode criar a sua própria terminologia em conjunto com os seus guarda-redes e até mesmo com o
treinador principal.
Pedro Ferrer
2011/12, 2012/13 - Treinador de guarda-redes do Club Sport Marítimo e responsável pela
metodologia de treino aplicada nos escalões de formação.
2013/14 - Treinador de guarda-redes do Club Sport Marítimo, Marítimo da Madeira Futebol SAD e
responsável pela metodologia de treino aplicada nos escalões de formação.
2014/15 - Treinador de guarda-redes do Club Sport Marítimo escalões de formação.

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A importância da comunicação para o guarda-redes.

  • 1. A importância da comunicação para o guarda-redes. O futebol é um desporto que possui um contexto de jogo. Dentro desse contexto encontramos muitas nuances e uma delas é a comunicação, a qual varia consoante as tarefas que consiste a cada jogador. Devemos conhecer em que equipa nos encontramos, que guarda-redes temos e quais são as suas características. Que modelo de jogo nos vão pedir, para saber o que planificamos em função da idade dos guarda-redes que trabalhamos e saber até onde podemos ou não chegar. Por outro lado, é imprescindível compreender que a imagem dos guarda-redes evoluiu bastante e como treinadores de guarda-redes, devemos estudar e analisar o seu comportamento. Em anos transatos, as atuações de um guarda-redes limitavam-se em realizar ações defensivas na baliza, catalogando o guarda-redes como um jogador que apenas intervinha para evitar os golos dos adversários. Atualmente a imagem do guarda-redes mudou e procura-se que o guarda-redes intervenha o menos possível e nível defensivo e ofensivo, sendo um guarda-redes que organiza a sua linha defensiva evitando que o adversário crie situações de perigo, por isso estamos falando de um guarda-redes que evite o perigo, consciente de que existe uma fase previa à intervenção, uma fase em que não toca na bola, mas que organiza a sua linha defensiva para evitar problemas. Por tanto, destaco que o guarda-redes participa em 2 processos: defensivo e ofensivo. Como treinadores de guarda-redes, devemos fornecer aos nossos guarda-redes, umas ferramentas eficazes que ajudem a estabelecer uma boa comunicação com a restante equipa, para dar sentido aos diferentes contextos de jogo e evitar situações de perigo por parte do adversário. No entanto, encontramos guarda-redes cuja personalidade é muito extrovertida, dialogando com os seus colegas de equipa no balneário e quando está em campo normalmente não fala. É um guarda-redes que aparentemente não tem problemas com a sua personalidade, mas sabe quais são as funções que o treinador lhe está a pedir? Os seus colegas exigem que fale com eles e organize a equipa? Sabe como tem de fazê-lo? Sabe como tem de comunicar? Talvez não fale por esse motivo, porque não sabe como aplicar uma terminologia adequada e não pode ajudar a sua equipa. De quem é esse trabalho? Nosso. De quem é o mérito? O mérito é sempre dos guarda-redes, porque são eles que jogam e são eles que se enganam ou acertam. Nós, simplesmente tentamos disponibilizar meios dos quais muitas vezes nos enganamos e também acertamos. Devemos evitar que o guarda-redes esteja em silêncio quando se estão produzindo constantemente situações num treino ou jogo, porque está demonstrando que não sabe como comunicar com os seus colegas. Normalmente, os guarda-redes não comunicam porque não sabem o que dizer ao corrigir a sua linha defensiva já que não possuem uma boa leitura do jogo.
  • 2. Devemos estar conscientes que por vezes o erro não é deles, mas sim nosso por não termos fornecido as ferramentas necessárias. Também pode haver casos em que o guarda-redes comunique muito mas mal, porque não sabe como fazê-lo e produz palavras como, boa, vai, vem, etc… Está a comunicar com a equipa mas sem saber como fazê-lo e na verdade não está dizendo nada de útil. Por vezes, chegam-se a dar circunstâncias nas quais observamos guarda-redes frustrados porque a linha defensiva não obedece às ordens que lhes está transmitindo, mas a realidade é que o guarda-redes esteve comunicando os 90 minutos com a linha defensiva, transmitindo ordens que não são úteis. Por vezes os guarda-redes usam o mesmo tipo de palavras e por vezes a informação que dá não tem nada a ver com a ação que está a acontecer, por tanto a informação que está transmitindo não serve de nada aos seus colegas. Nós treinadores de guarda-redes, normalmente tentamos introduzir meios e o guarda-redes que é inteligente vai percebendo se esses meios são úteis ou não e se temos razão ou não. O guarda-redes tem a capacidade de adquirir essa informação e pô-la em prática, por tanto, o mérito é dele, porque teve a capacidade de pô-la em prática e não errar. Então se o guarda- redes tem o hábito e sabe como executar, se não o faz é porque não quer. Se não tem o hábito ou não sabe como fazê-lo, já temos duas razões para saber que estamos a fazer alguma coisa errada. Como conclusão, podemos dizer que a informação que um guarda-redes deve dar à sua equipa, deve ser de qualidade e no momento oportuno, com um caracter positivo, tentando não avaliar as decisões dos colegas e evitando frases longas e cheias de informação, já que os colegas estão concentrados na ação do jogo. A informação que o guarda-redes transmite tem que ser precisa para ajudar a equipa a solucionar as ações defensivas ou ofensivas.
  • 3. O estabelecimento de um padrão neste tema tão importante do jogo, é apenas criar termos claros que possam ser utilizados na comunicação do guarda-redes com os seus colegas. Além disso estes termos não têm que deixar qualquer tipo de dúvida quanto à informação transmitida e também deve ajustar-se perfeitamente às particularidades de cada situação do jogo. Observando as características e as diferentes situações que se podem dar no jogo, agrupemos a terminologia atendendo os seguintes tipos de situações: - Guarda-redes em situação de distribuição: É a situação em que o guarda-redes realiza um movimento de apoio para receber a bola, vinda de um colega que tem a posse da bola de modo a dar continuação ao jogo seja mediante um passe curto ou uma distribuição longa. - O guarda-redes em posição de interceção: São todas as situações em que o guarda-redes, com a intenção ou não de recuperar a posse da bola, quer intercetar um passe entre os jogadores adversários. - Colegas em situação defensiva: São todas as situações nas quais os seus colegas não têm a posse da bola e encontram-se a fazer trabalho defensivo para recuperar a posse da bola para evitar que os adversários progridam no terreno de jogo com o objetivo de fazer golo. - Companheiros em situação ofensiva: São todas aquelas situações nas quais os seus colegas encontram-se em posse da bola e têm como objetivo progredir no terreno de jogo à procura da baliza contrária com o objetivo de fazer golo. - Outras situações de ordens ou avisos: Neste caso adicionamos outros termos que possam ser usados quando os seus colegas se encontram em situações defensivas ou ofensivas e nas quais os guarda-redes também podem fornecer informações que possam complementar e ajudar na tomada de decisão que o colega deve ter em cada situação de jogo.
  • 4. Outros aspetos importantes referentes à forma de comunicação do guarda-redes assim como o conteúdo da informação são os seguintes: - Dar ordens de forma clara e breve. - Aplicar um tom de voz convincente, alto e positivo. - Evitar dar informações desnecessárias, procurando a qualidade na informação transmitida. - Dar ordens com o tempo suficiente para que o colega possa dar uma resposta adequada em cada situação. - Em situações de distribuição o guarda-redes deve aplicar gestos com os braços, que complementem a comunicação. - Aplicar sempre palavras positivas. - Não censurar de forma depreciativa. - Transmitir tranquilidade, serenidade e em todos os momentos encorajar os colegas. Depois de explicar o objetivo e dizer quais seriam os grupos nos quais englobaríamos a terminologia a aplicar dentro do padrão de comunicação dependendo das diferentes situações que o guarda-redes pode encontrar no jogo, vou passar a nomear e desenvolver cada um dos termos a utilizar nas seguintes situações: Guarda-redes em situação de distribuição, guarda- redes em situação de interceção e situações de ordens e avisos. Guarda-redes em situação de distribuição: É a situação na qual o guarda-redes realiza movimentos de apoio e recebe a bola depois de um passe do colega que tem a posse da bola. - Atrasa de cabeça - peito: Para indicar ao seu colega que efetue o passe atrasado com a cabeça ou com o peito. Nos casos em que há passe com a cabeça, poderá complementar a comunicação indicando com o braço a zona sobre a qual o colega deve realizar o passe atrasado.
  • 5. - Atrasa para o pé: Para indicar ao seu companheiro que realize o atraso passando a bola para o seu pé, para que seja o próprio guarda-redes a decidir que orientação irá dar à bola. Poderá também complementar a informação com os braços, indicando a zona sobre a qual o seu colega deve passar a bola. - Atrasa e sobe: Para pedir a um colega que faça um passe atrasado em condições e que permita ao guarda-redes fazer uma distribuição de primeira. Ao mesmo tempo o guarda-redes faz um gesto com o braço para o lado onde pretende que o colega faça o passe atrasado. Guarda-redes em situação de interceção: São todas aquelas situações em que o guarda-redes, recuperando a bola ou não, intercepta um passe de um jogador adversário. - Estou - eu - minha: Para informar os seus colegas que vai efetuar uma saída para ficar com posse da bola ou tirá-la. Qualquer uma destas opções é válida. - Protege: Em situações de bolas lançadas pelos adversários para as costas da linha defensiva. Desta forma indica aos seus colegas que façam uma cobertura técnica contra o adversário e assim facilitar a blocagem da bola por parte do guarda-redes.
  • 6. Ordens e avisos: Termos que podem ser usados tanto em situações defensivas como também ofensivas. - Sobe - sai: Para informar os colegas que subam a linha defensiva para que a equipa ocupe uma posição mais adiantada no terreno de jogo. Normalmente, depois de um alívio de um colega. - Homem nas costas - atenção às costas: Para indicar aos colegas que tenham cuidado com os adversários que estejam posicionados nas suas costas. Também serve de aviso para que os seus colegas ajustem as marcações. - Recuperem o posicionamento - volta para trás: Para informar os seus colegas que recuperem o posicionamento defensivo e que se organizem defensivamente mais perto da área. Normalmente em situações de jogo em que é melhor recuperar o posicionamento defensivo, com a intenção de evitar que os colegas sejam ultrapassados pelos adversários. Agora irei falar dos termos que podem ser usados quando os seus colegas estão em fase defensiva. Imaginemos que um ou mais colegas estão numa situação defensiva em todos aqueles momentos do jogo em que não possuem a posse da bola e se encontram realizando tarefas para recuperar a bola e evitar que a equipa adversária marque golo. Os termos usados neste tipo de situações seriam os seguintes: - Pressiona sem falta - pressionem sem falta: Para dizer a um ou mais colegas que não temporizem e pressionem rapidamente um ou mais adversários com o objetivo de recuperarem a posse da bola.
  • 7. - Sem falta: Para indicar a um colega que efetue pressão sobre o adversário mas com especial atenção para não cometer falta. Normalmente em situações de pressão na linha de baliza ou linha lateral e com o adversário de costas para a baliza. - Aguenta - espera - temporiza: Para dizer a um colega que temporize quando está sozinho com um adversário, em vez de tentar roubar a bola, com o objetivo de evitar ser ultrapassado e dar tempo suficiente aos seus colegas para se organizarem defensivamente. - Não deixa rodar/girar: Para informar o colega que pressione o adversário de forma a evitar que este rode com a bola e fique de frente para a baliza ou para o lado onde deseja dar continuação à jogada. - Protege: para informar a um colega que proteja a bola (cobertura técnica), sob a pressão de um adversário e que deixe a bola sair do terreno de jogo. Normalmente, depois de um passe demasiado longo por parte de um adversário. Também em situações de bolas lançadas para as costas da linha defensiva, com o objetivo de indicar aos colegas que realizem uma cobertura técnica para que desta forma facilitem a blocagem da bola por parte do guarda-redes. O colega, quando o guarda-redes se está a fazer à posse da bola, deve colocar o seu corpo entre ele e o adversário. - Ganha no ar - tira por cima: Em situações de cruzamentos, livres laterais, cantos ou lançamentos longos para o corredor central. Para indicar aos seus colegas que disputem a bola em jogo aéreo. Desta maneira deixa claro aos seus colegas que não vai efetuar uma saída para ficar com a posse da bola ou afastá-la para longe e que são eles que têm de disputar o lance. - Tira a bola - afasta a bola: Para indicar a um companheiro que não tente ficar com a posse da bola e que a afaste para uma zona em que não haja perigo. - Controla - estás só: Para informar um colega que fique com a posse da bola. Em situações onde a pressão do adversário não é muito forte e o colega tem tempo e espaço suficiente para efetuar a receção da bola com algum conforto. - Fica com a bola: para indicar a um colega que não tem nenhum adversário pressionando-o e que pode ficar com a posse da bola com algum conforto e tentar passar a bola a outro colega ao invés de agastá-la para longe. - Deixa sair: Após um passe de um adversário, para indicar a um colega que deixe a bola sair do terreno de jogo porque nenhum adversário tem a possibilidade de tentar conquistar a posse da bola para dar continuidade à jogada.
  • 8. Desta vez imaginemos que um colega encontra-se numa situação ofensiva em todos aqueles momentos do jogo nos quais está em posse da bola e tem como objetivo progredir no terreno de jogo na procura da baliza contrária para fazer golo. Os termos usados neste tipo de situação seriam os seguintes: - Estás só - só: Depois de um passe de um colega para outro, para informar o colega que vai rececionar a bola, que está a uma distância suficiente de qualquer adversário para ficar com a posse da bola com certa comodidade. - Podes rodar - vira-te: Para informar um colega que está de costas para a baliza contrária que pode-se virar com a bola porque não tem nenhum adversário próximo de si. - Joga no outro lado - tira da pressão: Para informar a um colega que mude a orientação do jogo para o outro lado. Normalmente devido à pressão efetuada pelos adversários nessa zona do campo com a consequente acumulação de jogadores nessa zona e que impedem a progressão no terreno de jogo. - Joga longo - passe longo: Para indicar ao colega que está com a posse da bola, que faça um passe longo para o lado oposto do terreno de jogo em vez de fazer um passe curto para outro colega e manter a bola na zona onde o adversário está pressionando. - Passa rápido - acelera o jogo: Para indicar a um colega que está em posse da bola, que acelere o jogo e faça a bola circular pelo terreno de jogo. Normalmente em situações de condução de bola excessiva por parte do colega que tem a posse da bola. - Entrega de frente - passa de frente: Para informar o colega que está com a posse da bola, que tem um adversário nas suas costas e que não tente virar-se com a bola e que passe a bola a algum colega que esteja a sua frente e que não esteja a ser pressionado por nenhum adversário. Os termos a serem aplicados não têm de ser exatamente estes, sendo que cada treinador de guarda- redes pode criar a sua própria terminologia em conjunto com os seus guarda-redes e até mesmo com o treinador principal. Pedro Ferrer 2011/12, 2012/13 - Treinador de guarda-redes do Club Sport Marítimo e responsável pela metodologia de treino aplicada nos escalões de formação. 2013/14 - Treinador de guarda-redes do Club Sport Marítimo, Marítimo da Madeira Futebol SAD e responsável pela metodologia de treino aplicada nos escalões de formação. 2014/15 - Treinador de guarda-redes do Club Sport Marítimo escalões de formação.