1) O IPAM lançou uma nova pós-graduação em Marketing & Empreendedorismo para ajudar na criação e implementação de modelos de negócio.
2) Os coordenadores Marco Lamas e Paulo Morais destacam a importância de promover a cultura empreendedora em Portugal e que o empreendedorismo não é só para desempregados.
3) A pós-graduação tem como objetivo principal levar os projetos dos alunos à prática para que possam ser apresentados a possíveis investidores.
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NEWSLETTER N.º 9 | SETEMBRO/OUTUBRO 2011
ENTREVISTA EDITORIAL
DE PEQUENINO
Pós-graduação em Marketing & Empreendedorismo inicia já este mês É QUE SE EMPREENDE
³2 HPSUHHQGHGRULVPR Normalmente quando ouvimos fa-
lar de empreendedorismo pensa-
mos na criação de novas empresas.
QmR p Vy SDUD GHVHPSUHJDGRV´ Mas, e tal como nos demonstram
os nossos entrevistados desta edi-
ção, Marco Lamas e Paulo Morais,
que coordenam a pós-graduação
O IPAM – The Marketing School acaba de lançar de Marketing e Empreendedo-
uma nova pós-graduação em Marketing & rismo, o conceito é muito mais
Empreendedorismo. O curso tem como objetivo final a abrangente. Podemos empreender
enquanto colaboradores por conta
planificação e implementação de um modelo de negócio, de outrem, como empresários, mas
que poderá ser apresentada a um grupo de business também podemos falar de empre-
angels – possíveis investidores –, de forma a potenciar a endedorismo na infância. Aliás esse
será o tema do nosso próximo “Em-
sua concretização.
preender à 5ª”.
A Vida Económica esteve à conversa com os Desde muito cedo que podemos
coordenadores. Marco Lamas afirmou que “temos um estimular os mais pequenos a se-
Portugal com um potencial empreendedor grande. Falta- rem mais criativos, a pensarem de
forma diferente, desafiá-los a en-
nos é promover essa cultura empreendedora” Já Paulo
. contrarem soluções.
Morais adiantou que “o empreendedorismo não é só Não há muitos anos, quando a
para desempregados” . internet ainda não tinha a influ-
ência que tem hoje sobre todos
(crianças e adultos), será que
Empreender – Que expectativas têm em relação a Marco Lamas Paulo Morais
o nosso potencial criativo era
esta nova pós-graduação em Marketing & Empre- maior?
Será que o facto de as crianças
endedorismo? descobrirem cada vez mais cedo
Marco Lamas – As expectativas são elevadas, logo por o arquivo ou mesmo para o lixo. Quisemos construir os jogos eletrónicos e a internet
causa da conjugação de duas áreas muito importantes: um projeto do principio ao fim que na pior das hipóte- “rouba-lhes” a possibilidade de
o marketing e o empreendedorismo. Tentamos unir es- ses olhamos para esse projeto e percebemos que não pensarem e de criarem? Julgo
que o desenvolvimento destas
tas duas áreas de uma perspetiva nova. é viável.
capacidades empreendedoras e
criativas está intimamente liga-
E – A quem se destina este curso? E – Consideram que os portugueses são empreen- do com a educação e com todo o
Paulo Morais – Temos três públicos que queremos dedores? meio que envolve a criança.
Parece-me fundamental estimu-
atingir: aquele empresário, que não tem valências de ML – Temos um Portugal com um potencial empreen- lar desde tenra idade o sonho, a
gestão do próprio negocio, as pessoas mais novas dedor grande. Falta-nos é promover essa cultura em- imaginação, a criatividade. Incen-
que querem desenvolver o seu próprio negócio e o preendedora. Levar as pessoas a perceber que podem tivá-los a pensar e a agir sem me-
fazer mais, melhor e criar valor. dos nem vergonhas.
próprio funcionário que quer mostrar projetos dife- A realidade empresarial está a
rentes ou a própria empresa que sabe que tem com- Voltando aos projetos, há a possibilidade para quem mudar, é necessário educar mais
petências para desenvolver algum projeto mas em quiser de apresentar esses projetos a eventuais investi- para o risco e para a polivalência.
vez de estar a recorrer ao outsourcing ou a empresas dores e parceiros, como os business angels. As crianças de hoje serão os nos-
sos empreendedores de amanhã.
parceiras, tem aqui uma equipa a trabalhar connos- Encontrarão um mundo muito
co. Estamos a vender não só formação como também E – Os apoios existentes ao nível do financiamento mais conectado, onde a informa-
consultoria e profissionais aptos para acompanhar são suficientes, atualmente? ção circula (quase) à velocidade
todo o processo. ML – Temos alguns sistemas de incentivos importantes da luz, mas muito mais exigente
e volátil. Que apresenta desafios
ML – Muito vezes confundimos empreendedorismo que devem ser aproveitados. Mas creio que continua- todos os dias e onde só os mais
com criação de empresas, para nós é muito mais do mos a ter sistemas muito burocráticos. Temos também criativos e empreendedores po-
que isso. Muito empreendedorismo por conta de ou- um sistema de incentivo muito virado para o reembol- dem fazer a diferença.
Aproveitamos ainda para convi-
trem. Precisamos hoje em Portugal de empresas e so.
dá-lo a estar presente em mais
organizações empreendedoras. Por isso, este público- PM – Esta pós-graduação tem um objetivo muito prá- um debate que acontece dia 29
alvo de quem já trabalha numa empresa. tico de as pessoas poderem começar a implementar e de setembro, na FNAC do Nor-
a fazer. Há pessoas que têm muitas ideias em bruto na teshopping” com o tema “Empre-
endedorismo – Ensinar a Empre-
E – Uma das características que diferencia esta for- cabeça e tentamos que a pessoa organize as ideias e ender” Teremos a presença do
.
mação é que as pessoas têm a possibilidade de criar desenvolva o projeto. Temos uma componente teórica Professor João César Rocha Alves,
uma empresa? que assiste toda esta componente prática. Mas as pes- especialista nesta matéria, e co-
soas na vida real podem já estar a desenvolver o proje- nheceremos o caso Caminhar.
ML – É uma pós graduação que tem várias disciplinas “Cada criança é única. Se uma
ao longo do ano letivo, e todas elas vão dar o seu con- to que estamos a fazer aqui dentro. O nosso objetivo é criança acha que o sol é vermelho,
tributo para a criação de um projeto. passar à prática e interessa-nos é fomentar a informa- porque não pode ser?” afirmou,
,
PM – O próprio corpo docente está preparado e sabe ção para ser implementada. em entrevista à Vida Económica,
uma das responsáveis por esta
que a qualquer momento pode ter de recorrer com de- escola.
talhe ao plano de negócio. Nós detetamos uma lacuna
no mercado, que é a formação, que tem várias discipli- PATRÍCIA FLORES
patriciaflores@vidaeconomica.p
nas isoladas, são feitos diversos trabalhos que vão para (Continua na página seguinte)
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NEWSLETTER N.º 9 | SETEMBRO/OUTUBRO 2011
ENTREVISTA
Pós-graduação em Marketing & Empreendedorismo inicia já este mês
³2 HPSUHHQGHGRULVPR
QmR p Vy SDUD GHVHPSUHJDGRV´
(Continuação da página anterior) E – Consideram que os atuais empresários já E – Quais consideram ser áreas-chave para
dão a importância suficiente à formação? investir?
E – Esta sinergia ente o marketing e o empre- ML – Ainda há um longo caminho a percorrer e PM – A saúde é um setor que tem muitas difi-
endedorismo é também uma mais-valia? mais uma vez tem haver com cultura. culdades de entrada mas que tem muito para
ML – Um projeto empreendedor em todas as PM – Os novos profissionais que estão a entrar explorar e precisa muito de empreendedorismo.
suas fases tem de ter marketing. no mercado e os profissionais que têm desafios É um setor que no âmbito geral é conservador e
PM – Na perspetiva do marketing, hoje em dia nas mãos estão completamente desorganizados está estagnado.
ser empreendedor é decisivo. Temos de deixar em relação à informação. É inevitável este cami- ML – As energias renováveis e a tecnologia.
de estar na zona de conforto, temos que tentar nho. PM – Mas também o bem-estar até porque
criar novas oportunidades de negócio. Um dos cada vez as pessoas têm mais cuidado com o
principais handicaps é a componente analítica e E – Como veem a criação de uma pasta dedi- corpo. Sobretudo hoje em dia não podemos fa-
financeira. São poucos os marketeers que conse- cada ao empreendedorismo pelo governo? zer o mesmo que os outros fazem. Temos seto-
guem ser objetivos neste ponto, por isso este na- ML – Vejo como uma excelente medida, agora va- res tradicionais onde é possível melhorar, criar
moro não é por acaso. Quando vamos apresen- mos ver como ela se materializa. Quem temos à valor.
tar um projeto a alguém temos de saber explicar frente dessa pasta é um empreendedor. Devemos
o retorno sobre o investimento. E é muito raro, ter medidas que apoiem muito mais as microem-
PATRICIA FLORES
isso existir nos planos de marketing. presas para ajudá-las no desenvolvimento. patriciaflores@vidaeconomica.pt
OPINIÃO
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A estrutura organizacional segue no organograma. Isso não é verda- para se tornar uma organização de
a estratégia, sendo a principal fer- de. As bases das redes pessoais são livre desempenho. Uma organiza-
ramenta de sua implementação. extremamente resistentes, talvez ção nova e mais flexível deve nas-
Os executivos tendem a desenvol- tão resistentes quanto os esquemas cer. Os problemas das nossas orga-
ver projetos estratégicos, planos e cognitivos. As redes sociais tendem nizações não podem ser revolvidos
propostas que de certa forma são a sobreviver e têm sido freqüente- com o mesmo tipo de pensamento
adequados aos seus cargos e res- mente sintetizadas como a causa que produzimos no passado. Tentar
ponsabilidades atuais, maximizando da importância da organização in- fazer isso significa repetir as mes-
suas recompensas na atual estrutura formal. Desta forma, transformar a LUÍS AUGUSTO mas coisas “erradas” de maneira
LOBÃO MENDES
operacional. Não se engane a es- mudança organizacional em uma melhor. Um caminho mais produ-
Professor da Fundação
tratégia também segue a estrutura, efetiva alavanca para a renovação Dom Cabral tivo, no entanto, seria começar de-
porque as estruturas limitam não requer atenção às características finindo o que são as coisas “certas” .
apenas quais estratégias serão de- complementares do desenho da Durante as últimas décadas, a ad-
senvolvidas, mas também que tipos organização, incluindo as redes de negociação com seus colegas que ministração de nossas empresas,
de estratégias podem ser facilmen- relacionamentos informais. representam as dimensões da or- teve como característica marcante
te implementadas. Entretanto, esse Na verdade, é o equilíbrio cuida- ganização. Em vez de estar alinhada a definição de regras, papéis e pro-
modelo convencional é uma fon- doso das múltiplas perspectivas estavelmente a uma única hierar- cedimentos regidamente definidos,
te de rigidez, não de agilidade. Na e dimensões na organização que quia organizacional piramidal, uma bem como por um estilo de gestão
maior parte do tempo, a estrutura promove a agilidade. As empresas organização deve ser multidimen- sustentado pela hierarquia. Tais cul-
direciona rigidamente a estratégia precisam liberar a estratégia da es- sional. Tal organização requer cons- turas funcionam melhor em merca-
e sua execução. Dessa forma, ao trutura e depois reorganizar a sua tantes negociações e equilíbrio en- dos e segmentos estáveis e previsí-
definir os domínios e alocar as res- estrutura que deverá ser governada tre os executivos que representam veis. Nossa economia e sociedade
ponsabilidades, a estrutura limita a pela estratégia escolhida. Quanto cada uma de suas dimensões. mudaram substancialmente ao
estratégia. mais ágil a organização, menor o A organização flexível requer que logo das últimas décadas. É preciso
Alguns executivos por vezes ainda poder e a necessidade do desenho os executivos tomem decisões voltar nossas empresas a uma cul-
mantêm a ilusão de que as estru- organizacional e principalmente descentralizadas. Integrar as ações tura mais colaborativa e orientada
turas organizacionais podem ser das estruturas formais. Precisamos coletivas em torno de valores e por objetivos comuns, apostar nas
mudadas com um risco de caneta engajar todos na colaboração e normas comuns são fundamentais equipes e flexibilizar a organização.