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A ficção nas 
mídias 
Marcelo Magalhaes 
Bulhões 
Por Ana Paula R. Ferro
Marcelo Magalhaes 
Bulhões 
 É livre-docente pela UNESP, doutor em Literatura 
Brasileira e mestre em Teoria Literária e Literatura 
Comparada, ambos os títulos pela USP; 
 Nesta obra, aborda o universo da ficção 
midiática em suas distintas manifestações 
narrativas de filmes, seriados, novelas de TV, em 
animações e games, esclarecendo o que está 
em jogo subjetivamente quando nos vemos 
diante desse tipo de ficção.
O universo da ficção 
midiática 
 é um campo de permanentes intercâmbios; 
 As tecnologias se acoplam e se fundem, 
formando maquinismo híbridos.
Há nas mídias uma disposição para troca de 
processos que nega qualquer atitude de 
isolamento. Contudo, as “velhas narrativas” não são 
descartadas, estas circulam e remodelam-se 
participando do transito de intercambio; 
O longa-metragem tanto reafirma uma tradição 
cinematográfica, quanto incorpora a marca de 
outra linguagem, como a do videoclipe, que 
também prende feições típicas dos games;
 Os games por sua vez, incorporam e ajustam aos 
seus domínios recursos narrativos típicos do 
cinema, que também mantem vestígios 
acelerados dos jogos.
 Esse movimento de intercâmbios de códigos e 
cruzamentos de processos narrativos audiovisuais 
faz com que reconheçamos uma permanente 
circulação de referencias claras do universo 
narrativo ficcional midiático; 
 O ficcional midiático recolher seu próprio 
repertorio tantas vezes já testado e isso é 
substancial para se reciclar; 
 Metalinguagem: linguagem que trata de si 
mesma; 
 Na artes plástica esse recurso de linguagem 
ocorre quando a arte de volta para ela mesma, o 
código verbal ou visual é utilizado para se auto 
esclarecer.
 Intertextualidade explicita: ocorre quando um 
texto deixa transparecer suas relações com outro 
texto, quando interage explicitamente.
 O ficcional midiático acaba atingindo um 
patamar em que a própria ficção narrativa passa 
a ser o assunto principal. 
 A ficção midiática parece olhar-se no espelho, 
mostrando-se ciente de si mesma como um ator 
que retira a maquiagem em pleno espetáculo, 
um mágico que revela como funcionam seus 
truques de ilusionista, revelando seus bastidores; 
 Escritores e artistas modernos como: Pablo 
Picasso, James Joyce, Marcel Duchamp, Osvaldo 
de Andrade e Cortaza, lançaram-se em um jogo 
arriscado consigo mesmos, tematizando-se e 
testando-se dramaticamente suas fronteiras 
formais, atingindo um patamar que revela seus 
bastidores estéticos e discursivos, 
desmascarando-se.
 A arte e a literatura questionam sua própria 
validade e apontam para a possibilidade de 
esgotamento das formas artísticas. 
 A metalinguagem da narrativa midiática é cínica, 
sua atitude revela os bastidores dos truques 
narrativos; 
 A intertextualidade e a metalinguagem no filme 
de Tarantino acolhe as histórias em quadrinhos 
com base nos mangás japoneses, explicitando o 
parentesco formal que essa linguagem mantém 
com o cinema.
A ficção nas mídias 
Continuará nos convidando a participar do seu 
jogo de seduzir e envolver, a cair sem culpa nas 
engrenagens que promovem a ilusão.
Affonso Romano de 
Sant'Anna
Conhecendo o autor 
 Affonso Romano de Sant´Anna, nasceu em Belo 
Horizonte, em 27 de março de 1937. É um escritor 
brasileiro, diplomomado em Letras Neolatinas, na 
Faculdade de Letras da Universidade Federal de 
Minas Gerais; 
 Em 1965 lecionou na Califórnia (Universidade de 
Los Angeles - UCLA), e em 1968 participou do 
Programa Internacional de Escritores da 
Universidade de Iowa.
 Em 1969 doutorou-se pela 
Universidade Federal de Minas Gerais e, um ano 
depois, montou um curso de pós-graduação em 
literatura brasileira na PUC do Rio de Janeiro. Foi 
Diretor do Departamento de Letras e Artes da 
PUC-RJ, de 1973 a 1976, realizando então a 
"Expoesia", série de encontros nacionais de 
literatura; 
 Ministrou cursos na Alemanha ( 
Universidade de Colônia), Estados Unidos ( 
Universidade do Texas, UCLA), Dinamarca ( 
Universidade de Aarhus), Portugal ( 
Universidade Nova) e França (Universidade de 
Aix-en-Provence).
Paródia 
 Intertextualidade acontece quando há uma 
referência explícita ou implícita de um texto em 
outro. Também pode ocorrer com outras formas 
além do texto, música, pintura, filme, novela etc. 
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra 
ocorre a intertextualidade.
 A Intertextualidade apresenta-se explicitamente 
quando o autor informa o objeto de sua citação. 
Num texto científico, por exemplo, o autor do 
texto citado é indicado, já na forma implícita, a 
indicação é oculta. Por isso é importante para o 
leitor o conhecimento de mundo, um saber 
prévio, para reconhecer e identificar quando há 
um diálogo entre os textos. A intertextualidade 
pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da 
obra citada ou contestando-as. Há duas formas: 
a Paráfrase e a Paródia.
 O autor começa a redefinir paródia traçando 
uma breve história do termo e observando como 
este se aprofunda na modernidade; 
 O termo paródia tornou-se institucionalizado a 
partir do século 17, contudo, Aristóteles já 
comentava o termo definido por Hegemon Thaso 
no século 5ª.C, como origem musical; 
 Hipponax de Éfeso (séc.6. a.C) é considerado o 
pai da paródia; 
 No dicionário de literatura de Brewer, ele define 
paródia como uma ode que perverte o sentido 
de outra ode. (poema para ser cantado).
 Shipley em seu dicionário descrimina três tipos de 
paródia: 
 Verbal: Com alteração de uma e outra palavra; 
 Formal: em que o estilo e os efeitos técnicos de 
um escritor são usados como forma de zombaria; 
 Temática: em que se faz a caricatura da forma 
do espirito de um autor; 
 Modernamente a paródia se define através de 
um jogo intertextual.
Paródia e estilização: 
paralelos 
 O conceito paródia tornou-se mais sofisticado a 
partir de Tynianov, que fez estudou 
paralelamente o termo com o conceito de 
estilização; 
 Para Tynianov, a estilização está próxima da 
paródia. Uma e outra vivem de uma vida dupla, 
além da obra há um segundo plano estilizado ou 
parodiado.
 Para Bakhtin, quando o autor emprega a fala de 
outro; as vozes na paródia não são apenas 
distintas e emitidas de uma para a outra, mas se 
colocam antagonistamente; 
 A paródia é feita com o intuito de ridicularizar, 
satirizar as ideias do texto original, mas pode servir 
apenas para apresentar uma ideia contrária, 
distinta daquela que o original defende. Quase 
sempre essa contradição é feita através do 
humor.
Paródia 
Minha terra tem palmares 
onde gorjeia o mar 
os passarinhos daqui 
não cantam como os de lá. 
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). 
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, 
substitui a palavra palmeiras, há um contexto 
histórico, social e racial neste texto, Palmares é o 
quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, 
há uma inversão do sentido do texto primitivo que 
foi substituído pela crítica à escravidão existente no 
Brasil.
A relação harmônica é feita através 
da paráfrase ou da estilização. São dois processos 
parecidos e diferentes, então, fiquem atentos. 
Retornando à marca “Assolan”, sua reformulação em 
cima de “Festa no apê – Latino” foi a seguinte: 
Original 
“Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar 
bundalelê ... 
...Chega aí, pode entrar, quem ta aqui, ta em casa 
é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bundalelê 
...” 
Paródia 
“A família não para de crescer, usou, passou, limpou, é 
Assolan fenômeno 
Lã de aço, têm esponjas, panos multiuso, saponáceos 
Hoje é festa na casa e no apê, usou, passou, limpou, é 
Assolan fenômeno (bis)”
Paráfrase 
 A paráfrase origina-se do grego “para-phrasis” 
(repetição de uma sentença). Assim, parafrasear 
um texto, significa recriá-lo com outras palavras, 
porém sua essência, seu conteúdo permanecem 
inalterados; 
 Sant'Anna nos leva a crer que na paráfrase as 
palavras são mudadas, porém a ideia do texto é 
confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para 
atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos 
do texto citado. É dizer com outras palavras o 
que já foi dito.
 Na paráfrase existe uma concordância com o 
texto matriz que faz com que suas ideias e formas 
sejam reproduzidas e respeitadas. Quando 
usamos citações para validar um argumento, 
num texto, fazemos uma paráfrase. Uma espécie 
de paráfrase são as adaptações; 
 Exemplo: Quando um livro é tido como complexo 
e alguns especialistas o adaptam para leitores 
mais jovens, se ele for fiel (dentro dos limites do 
possível, para seu objetivo) à forma como o texto 
original foi concebido, temos uma paráfrase. Se 
ele usar um estilo próprio, temos a estilização.
 Como percebido, a estilização, é um tipo 
especial de paráfrase. Nela a concordância com 
o texto original se dá em linhas mais gerais, no 
campo das ideias, mas a forma 
de expressão dessas ideias é tão particularizada 
que dizemos que ela há um “estilo” próprio.
 Texto Original 
 Minha terra tem palmeiras 
Onde canta o sabiá, 
As aves que aqui gorjeiam 
Não gorjeiam como lá. 
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). 
 Paráfrase 
 Meus olhos brasileiros se fecham saudosos 
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. 
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? 
Eu tão esquecido de minha terra... 
Ai terra que tem palmeiras 
Onde canta o sabiá! 
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França 
e Bahia”).
 Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, 
é um exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o 
poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o 
texto primitivo conservando suas ideias, não há 
mudança do sentido principal do texto que é a 
saudade da terra natal. 
 Podemos notar que o poeta modernista Carlos 
Drummond de Andrade faz somente uma 
recriação daquilo que Gonçalves Dias já havia 
criado na era romântica, portanto o parafraseia. 
Já a paródia é um exemplo de recriação 
baseada em um caráter contestador, às vezes 
até utilizando-se de uma certa dose de ironia e 
sarcasmo. Este recurso foi muito utilizado pelos 
poetas modernistas com o objetivo de criticar os 
“moldes” de outras escolas literárias.
Paráfrase e tradução 
 Desde Wlater Benjamin, R. Jakobson e Octavio 
Paz, a paráfrase foi tratada como tradução e 
transcrição. 
 Na literatura, a aproximação entre tradução e 
paráfrase aparece explicitamente em John 
Dryden (1631-1700, poeta, dramaturgo e crítico 
inglês), quem afirma que o tradutor assume 
liberdade, não apenas de variar de palavra e 
sentido, mas até de abandonar ambos quando 
há oportunidade.
 A liberdade assumida na recriação do poema faz 
transparecer o conceito de paráfrase como um 
processo que não pretende reproduzir, mas 
produzir algo diferente, sem perder de vista o 
poema que o motivou.
Conclusão 
 Paráfrase, paródia e estilização são as 
classificações que damos às relações 
intertextuais (entre textos) intencionais. Isso 
significa que alguém, ao escrever seu texto, 
estabelece, propositadamente, uma ponte, um 
elo, com um texto anterior, que chamamos de 
texto matriz. Esta relação pode ser harmônica (o 
texto derivado e o matriz têm ideologias 
semelhantes) ou desarmônica (o texto derivado 
diverge do texto matriz).
Referências 
 SANT’ANNA, Affonso Romano de. 
Paródia, paráfrase & Cia. São Paulo: 
Ática, 1991 
 http://www.youtube.com/watch? 
v=oTgOchYHYDU 
 http://letras.terra.com.br/latino/101382/

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A ficção nas mídias

  • 1. A ficção nas mídias Marcelo Magalhaes Bulhões Por Ana Paula R. Ferro
  • 2. Marcelo Magalhaes Bulhões  É livre-docente pela UNESP, doutor em Literatura Brasileira e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada, ambos os títulos pela USP;  Nesta obra, aborda o universo da ficção midiática em suas distintas manifestações narrativas de filmes, seriados, novelas de TV, em animações e games, esclarecendo o que está em jogo subjetivamente quando nos vemos diante desse tipo de ficção.
  • 3. O universo da ficção midiática  é um campo de permanentes intercâmbios;  As tecnologias se acoplam e se fundem, formando maquinismo híbridos.
  • 4. Há nas mídias uma disposição para troca de processos que nega qualquer atitude de isolamento. Contudo, as “velhas narrativas” não são descartadas, estas circulam e remodelam-se participando do transito de intercambio; O longa-metragem tanto reafirma uma tradição cinematográfica, quanto incorpora a marca de outra linguagem, como a do videoclipe, que também prende feições típicas dos games;
  • 5.  Os games por sua vez, incorporam e ajustam aos seus domínios recursos narrativos típicos do cinema, que também mantem vestígios acelerados dos jogos.
  • 6.  Esse movimento de intercâmbios de códigos e cruzamentos de processos narrativos audiovisuais faz com que reconheçamos uma permanente circulação de referencias claras do universo narrativo ficcional midiático;  O ficcional midiático recolher seu próprio repertorio tantas vezes já testado e isso é substancial para se reciclar;  Metalinguagem: linguagem que trata de si mesma;  Na artes plástica esse recurso de linguagem ocorre quando a arte de volta para ela mesma, o código verbal ou visual é utilizado para se auto esclarecer.
  • 7.  Intertextualidade explicita: ocorre quando um texto deixa transparecer suas relações com outro texto, quando interage explicitamente.
  • 8.  O ficcional midiático acaba atingindo um patamar em que a própria ficção narrativa passa a ser o assunto principal.  A ficção midiática parece olhar-se no espelho, mostrando-se ciente de si mesma como um ator que retira a maquiagem em pleno espetáculo, um mágico que revela como funcionam seus truques de ilusionista, revelando seus bastidores;  Escritores e artistas modernos como: Pablo Picasso, James Joyce, Marcel Duchamp, Osvaldo de Andrade e Cortaza, lançaram-se em um jogo arriscado consigo mesmos, tematizando-se e testando-se dramaticamente suas fronteiras formais, atingindo um patamar que revela seus bastidores estéticos e discursivos, desmascarando-se.
  • 9.  A arte e a literatura questionam sua própria validade e apontam para a possibilidade de esgotamento das formas artísticas.  A metalinguagem da narrativa midiática é cínica, sua atitude revela os bastidores dos truques narrativos;  A intertextualidade e a metalinguagem no filme de Tarantino acolhe as histórias em quadrinhos com base nos mangás japoneses, explicitando o parentesco formal que essa linguagem mantém com o cinema.
  • 10. A ficção nas mídias Continuará nos convidando a participar do seu jogo de seduzir e envolver, a cair sem culpa nas engrenagens que promovem a ilusão.
  • 11. Affonso Romano de Sant'Anna
  • 12. Conhecendo o autor  Affonso Romano de Sant´Anna, nasceu em Belo Horizonte, em 27 de março de 1937. É um escritor brasileiro, diplomomado em Letras Neolatinas, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais;  Em 1965 lecionou na Califórnia (Universidade de Los Angeles - UCLA), e em 1968 participou do Programa Internacional de Escritores da Universidade de Iowa.
  • 13.  Em 1969 doutorou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais e, um ano depois, montou um curso de pós-graduação em literatura brasileira na PUC do Rio de Janeiro. Foi Diretor do Departamento de Letras e Artes da PUC-RJ, de 1973 a 1976, realizando então a "Expoesia", série de encontros nacionais de literatura;  Ministrou cursos na Alemanha ( Universidade de Colônia), Estados Unidos ( Universidade do Texas, UCLA), Dinamarca ( Universidade de Aarhus), Portugal ( Universidade Nova) e França (Universidade de Aix-en-Provence).
  • 14. Paródia  Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.
  • 15.  A Intertextualidade apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia.
  • 16.  O autor começa a redefinir paródia traçando uma breve história do termo e observando como este se aprofunda na modernidade;  O termo paródia tornou-se institucionalizado a partir do século 17, contudo, Aristóteles já comentava o termo definido por Hegemon Thaso no século 5ª.C, como origem musical;  Hipponax de Éfeso (séc.6. a.C) é considerado o pai da paródia;  No dicionário de literatura de Brewer, ele define paródia como uma ode que perverte o sentido de outra ode. (poema para ser cantado).
  • 17.  Shipley em seu dicionário descrimina três tipos de paródia:  Verbal: Com alteração de uma e outra palavra;  Formal: em que o estilo e os efeitos técnicos de um escritor são usados como forma de zombaria;  Temática: em que se faz a caricatura da forma do espirito de um autor;  Modernamente a paródia se define através de um jogo intertextual.
  • 18. Paródia e estilização: paralelos  O conceito paródia tornou-se mais sofisticado a partir de Tynianov, que fez estudou paralelamente o termo com o conceito de estilização;  Para Tynianov, a estilização está próxima da paródia. Uma e outra vivem de uma vida dupla, além da obra há um segundo plano estilizado ou parodiado.
  • 19.  Para Bakhtin, quando o autor emprega a fala de outro; as vozes na paródia não são apenas distintas e emitidas de uma para a outra, mas se colocam antagonistamente;  A paródia é feita com o intuito de ridicularizar, satirizar as ideias do texto original, mas pode servir apenas para apresentar uma ideia contrária, distinta daquela que o original defende. Quase sempre essa contradição é feita através do humor.
  • 20. Paródia Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar os passarinhos daqui não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
  • 21. A relação harmônica é feita através da paráfrase ou da estilização. São dois processos parecidos e diferentes, então, fiquem atentos. Retornando à marca “Assolan”, sua reformulação em cima de “Festa no apê – Latino” foi a seguinte: Original “Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bundalelê ... ...Chega aí, pode entrar, quem ta aqui, ta em casa é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bundalelê ...” Paródia “A família não para de crescer, usou, passou, limpou, é Assolan fenômeno Lã de aço, têm esponjas, panos multiuso, saponáceos Hoje é festa na casa e no apê, usou, passou, limpou, é Assolan fenômeno (bis)”
  • 22. Paráfrase  A paráfrase origina-se do grego “para-phrasis” (repetição de uma sentença). Assim, parafrasear um texto, significa recriá-lo com outras palavras, porém sua essência, seu conteúdo permanecem inalterados;  Sant'Anna nos leva a crer que na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito.
  • 23.  Na paráfrase existe uma concordância com o texto matriz que faz com que suas ideias e formas sejam reproduzidas e respeitadas. Quando usamos citações para validar um argumento, num texto, fazemos uma paráfrase. Uma espécie de paráfrase são as adaptações;  Exemplo: Quando um livro é tido como complexo e alguns especialistas o adaptam para leitores mais jovens, se ele for fiel (dentro dos limites do possível, para seu objetivo) à forma como o texto original foi concebido, temos uma paráfrase. Se ele usar um estilo próprio, temos a estilização.
  • 24.  Como percebido, a estilização, é um tipo especial de paráfrase. Nela a concordância com o texto original se dá em linhas mais gerais, no campo das ideias, mas a forma de expressão dessas ideias é tão particularizada que dizemos que ela há um “estilo” próprio.
  • 25.  Texto Original  Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).  Paráfrase  Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? Eu tão esquecido de minha terra... Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
  • 26.  Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é um exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.  Podemos notar que o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade faz somente uma recriação daquilo que Gonçalves Dias já havia criado na era romântica, portanto o parafraseia. Já a paródia é um exemplo de recriação baseada em um caráter contestador, às vezes até utilizando-se de uma certa dose de ironia e sarcasmo. Este recurso foi muito utilizado pelos poetas modernistas com o objetivo de criticar os “moldes” de outras escolas literárias.
  • 27. Paráfrase e tradução  Desde Wlater Benjamin, R. Jakobson e Octavio Paz, a paráfrase foi tratada como tradução e transcrição.  Na literatura, a aproximação entre tradução e paráfrase aparece explicitamente em John Dryden (1631-1700, poeta, dramaturgo e crítico inglês), quem afirma que o tradutor assume liberdade, não apenas de variar de palavra e sentido, mas até de abandonar ambos quando há oportunidade.
  • 28.  A liberdade assumida na recriação do poema faz transparecer o conceito de paráfrase como um processo que não pretende reproduzir, mas produzir algo diferente, sem perder de vista o poema que o motivou.
  • 29. Conclusão  Paráfrase, paródia e estilização são as classificações que damos às relações intertextuais (entre textos) intencionais. Isso significa que alguém, ao escrever seu texto, estabelece, propositadamente, uma ponte, um elo, com um texto anterior, que chamamos de texto matriz. Esta relação pode ser harmônica (o texto derivado e o matriz têm ideologias semelhantes) ou desarmônica (o texto derivado diverge do texto matriz).
  • 30. Referências  SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & Cia. São Paulo: Ática, 1991  http://www.youtube.com/watch? v=oTgOchYHYDU  http://letras.terra.com.br/latino/101382/