2. - “Filho, de baixo para cima parecia confuso e
desordenado porque você não viu que na parte de cima
havia um belo desenho...
3. De tudo que tive, pouco me sobra.
De todas as certezas, nenhuma,
De toda a verdade, alguma,
De tudo que tive, pouco me resta.
Resta-me a fatalidade do tempo
escasso,
A vertiginosa aventura da vida,
Escoando,
Fina areia coada,
Pelo gargalo do agora.
5. Tive primaveras magníficas,
Águas claras, pastos imensos,
Bois ruminando a paz,
Pássaros cantando o amor;
Azuis, de todas as gamas,
Azuis profundamente azuis.
Verdes luminosos, verde
esperança...
7. Mudança é do que mais tive!
Mudança com tudo estático,
Mudança em mim,
Criança,
Projetos de papel,
Casas de areia.
8. De tudo que tive, pouco resta.
Resta um resto de areia:
Fina areia coada,
Escorrendo implacável as horas,
Restam as mãos quase vazias de
tempo,
Restam pedaços, alguns,
Do muito que perdi pela estrada...
9. Resta essa cabeça que não pára,
Quando bem poderia ter parado...
Resta um corpo que sente,
Um coração que pulsa,
A repulsa da vida vã.
Resta o olhar que tortura,
Resta o ouvido que não olvida,
O vivido.
10. Do muito que tive, me farto!
Do pouco que tenho, me
engasgo,
Travo na garganta,
Descompasso,
Grasno, gargalho...choro...
Atalho
O sal das lágrimas,
Nem últimas nem
primeiras...
11. Do sonho que tive, parto.
Sem dor, sem mágoas,
Sem choro,
Sem amanhã,
Sem nada!
19/08/2008
12. Poema e aquarela inicial:
Paula Baggio
∞∞
PPS: Kathleen Lessa
04/10/2008
música: “The Garden”
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