1. O raiar do perdão
Ilustrações / Metáforas
Paulo Francisco dos Santos1
Um rapaz queria saber por que existia a necessidade de perdoar, pois para si o rancor
não era algo tão ruim. Ao passar o tempo ele se tornou uma pessoa indisposta e solitária,
andando errante pelo mundo. Em suas andanças pode conhecer vários lugares e pessoas, mas
nunca esse lado negativo pode ser mudado. Um dia ao caminhar por uma montanha encontrou
um homem velho e sábio que o convidou para ser sua companhia durante a primavera. O sábio
era uma pessoa amável, gentil e um tanto enigmático aos olhos de nosso amigo que já não era
mais um rapaz, mas um homem — o homem rancoroso. Durante os três meses daquela
estação o homem rancoroso aprendeu muito, mas muito mesmo. Acendeu-se uma fagulha de
mudança de uma maneira que não havia antes acontecido e por isso decidiu permanecer mais
tempo e tentar resolver aquela questão de sua juventude. Durante os dias de sua estadia com
o sábio notou que este, acordava antes do nascer do Sol e minutos antes dele se pôr sentava-se
no ponto mais alto da montanha e meditava durante duas horas. Um dia o sábio o convidou
para juntos contemplarem o pôr do Sol e ao findar as costumeiras duas horas de meditação
este lhe perguntou: - O quê você achou da despedida da luz e do abraço das trevas?
O homem rancoroso lhe respondeu:
- A principio bonito.
- Mas e agora? Tornou a perguntar.
- Não sinto nada.
- Muito bem. Agora vamos permanecer parados aqui durante todo o abraço das trevas.
- Porque sábio mestre? Replicou o homem rancoroso.
- Para você obter suas respostas. Depois destas palavras silenciou-se por toda noite.
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Pastor, escritor, poeta e Teólogo.
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2. O raiar do perdão
Ilustrações / Metáforas
A noite que veio sobre eles era de um negrume indescritível, pois não havia lua cheia ou
nova e o céu estava nublado, fazendo-se que a escuridão fosse total, não podendo se enxergar
até mesmo o nariz.
Com exceção do conselho de permanecer em silêncio durante toda noite para que a tão
aguardada resposta viesse os dois não se comunicaram e assim permaneceram calados e
estáticos até o despontar do novo dia.
Pouco antes do sol nascer o velho sábio falou:
- O quê você tem a me dizer sobre o abraço das trevas?
- Ele não é tão belo quanto no inicio, mestre. Respondeu.
- O quê você sentiu durante está noite?
- Não sei explicar direito, mas senti muito medo, muita angústia, dor, um desespero
que quase me fez pedir sua ajuda. Só não o fiz por vergonha e receio de me achar um moleque
medroso. Disse.
- Isto é, algo que posso classificar como normal nestas circunstâncias.
- Sério mestre!? O homem rancoroso pergunta com espanto.
- Sim, porém, quero lhe fazer outra pergunta e você seja rápido em suas respostas. O
quê você acha que seria de sua vida se o abraço das trevas nunca te deixasse?
- O senhor quer dizer que se esse sentimento de medo, angústia, dor e desespero fosse
permanente?
- Sim.
- Acho que morreria.
- Resposta sabia e falada na hora certa, pois o Sol vai começar a nascer.
A luz do sol começou a brilhar e iluminar toda a terra e o sábio continuou a fazer
perguntas ao homem rancoroso.
- O quê aconteceu com aqueles sentimentos depois do raiar do dia?
- Eles sumiram mestre.
- Você pode tirar alguma lição sobre o perdão destes acontecimentos?
- Acredito que sim.
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3. O raiar do perdão
Ilustrações / Metáforas
- Meu amigo, quando não se perdoa cada um de nós recebe o abraço das trevas e
ficamos na escuridão do medo, angústia, dor, desespero, ódio e rancor até que o raiar do
perdão ilumine nossa vida. A necessidade do perdão é como a necessidade do nascer do Sol, se
ele de repente parasse de brilhar não existiria vida, apenas a morte reinaria e tudo morreria
aos poucos. “Sem o perdão o homem também morreria aos poucos!” Depois desta lição o
homem passou de rancoroso a se chamar o homem harmonioso, pois o perdão traz harmonia à
vida daquele que está nas trevas do rancor.
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