O documento discute a Bíblia, sua inspiração e autoria divina. Explica que Deus inspirou os autores humanos para escrever as verdades reveladas. Também discute a Tradição da Igreja como complemento à interpretação da Bíblia e depositária do ensinamento de Cristo.
2. OS AUTORES DA BÍBLIA
• Deus é o primeiro autor da Bíblia
• Deus inspirou os autores humanos (2Tm 3,16; 2Pd 1,21)
Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos
homens. Para bem interpretar a Escritura é preciso,
portanto. Estar atento àquilo que os autores humanos
quiseram realmente afirmar e àquilo que Deus quis
manifestar-nos pelas palavras deles.
3. O QUE É A INSPIRAÇÃO NA BÍBLIA?
Deus é o autor da Bíblia. Mas, para redigir o texto, serviu-se de homens. Por
isso, a Bíblia é um livro divino e humano. Deus inspirou algumas pessoas
para agir (por ex. Abraão, Moisés), outras pessoas para falar (os profetas) e
outras foram inspiradas para escrever. Esses chamamos autores sagrados,
que escreveram a Bíblia.
Essa declaração encontramos no Novo Testamento: “Toda Escritura é
inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para
educar na justiça...” 2Tm 3,16-17.
4. 2Tm 3,16-17
Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para
repreender, para corrigir e para formar na justiça.
Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda
boa obra.
2Pd 1,21
Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma
vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram
da parte de Deus.
5. O QUE NOS ENSINA A BÍBLIA?
• A Bíblia por ter Deus como autor principal, não pode conter erro algum. Ela ensina
fielmente e sem erro a verdade que para nossa salvação Deus quis fosse escrita.
• A Bíblia não é um livro de história, nem de ciências naturais ou de psicologia, mas
sim de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos
da vida de um povo guiado por Deus, quatro mil anos atrás, atravessando os mais
variados contextos sociais, políticos, culturais, econômicos, entre outros. Por isso,
a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao “pé da letra”, literalmente,
embora muitas vezes o deva ser.
• A verdade que a Bíblia quer ensinar é religiosa, importante para a nossa salvação.
Portanto, não devemos procurar nela outras verdades.
6. SERÁ QUE CADA UM PODE INTERPRETAR A BÍBLIA COMO
QUISER?
• Não. São Pedro disse: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da
Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi
proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo
Espírito Santo falaram da parte de Deus”
• É por isso, que Jesus confiou a interpretação dela a Igreja Católica, que a
faz através do Sagrado Magistério, dirigido pela cátedra de Pedro (o
Papa), e da Sagrada Tradição Apostólica, que constitui o acervo sagrado de
todo o passado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou no
passado e continua fazendo no presente. A Igreja não erra na
interpretação da Bíblia, e isso é dogma de fé.
7. OS SENTIDOS DA ESCRITURA
1 – Sentido literal
• É o sentido significado pelas palavras da Escritura e
descoberto pela exegese que segue as regras da
correta interpretação
8. 2 – SENTIDO ESPIRITUAL
• O sentido alegórico
• O sentido moral
• O sentido anagógico
“A letra ensina o que aconteceu; a alegoria, o que deves crer; a moral,
o que deves fazer; a anagogia, para onde deves caminhar”.
Agostino de Dácia - Rotulus
9. 3 ETAPAS NA FORMAÇÃO DOS EVANGELHOS
• A vida e o ensinamento de Jesus
(até o dia em que foi levado para o Céu)
• A tradição oral. O que o Senhor dissera e fizera, os apóstolos,
após a ascensão do Senhor, transmitiram aos ouvintes
• Os Evangelhos escritos
10. O nome da Bíblia
• A palavra “Bíblia” vem do grego “biblos”, que significa “livro”.
O próprio nome da Bíblia nos diz que ela é o LIVRO por excelência.
Mas é um livro feito por muitos livros.
• A Bíblia , inicialmente não estava organizada em um livro.
Antes de chegar à sua forma atual, houve um longo processo de
amadurecimento e de verificações.
• Existem originais dos livros da Bíblia?
Os originais se perderam devido à fragilidade e à má conservação do
material usado (pele de ovelha ou papiro), mas existem muitos fragmentos
de manuscritos guardados em bibliotecas espalhadas pelo mundo.
11.
12. QUANDO FOI ESCRITO O ANTIGO TESTAMENTO E COMO?
O Antigo Testamento foi escrito aos
poucos, ao longo de quase mil anos.
De início, a história e as leis do Povo
de Israel eram transmitidas de boca
em boca, de pai para filho.
Quando alguns começaram a colocar
por escrito essas tradições (a partir do
século X a. C.) não surgiram logo os
livros que nós conhecemos.
Naquela época se escrevia, com tinta e caneta, em folhas de papiro
(depois costuradas para formar rolos) ou em pedaços de couro ou
pergaminho (depois ajuntados em forma de livro). O texto original era
copiado muitas vezes.
14. Os evangelhos relatam os mesmos feitos de Jesus, por que existem quatro deles?
Os quatros evangelhos anunciam um único Evangelho de Jesus Cristo,
proclamado segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses evangelistas
escreveram a diferentes públicos e em épocas distintas.
Cada um deles transmitiu as verdades de fé a partir do seu estilo, do
seu conhecimento e da sua compreensão.
15. Inspiração e verdade da Sagrada Escritura.
Deus é o autor da Sagrada Escritura. As coisas divinamente reveladas,
que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura, foram
consignadas sob inspiração do Espírito Santo.
Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados. Na redação dos
livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os
usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo ele
próprio neles e por meio deles, escrevessem, como verdadeiros autores,
tudo e só aquilo que ele próprio queria.
16. OS SENTIDOS DA ESCRITURA
• O sentido espiritual – graças à unidade do projeto de Deus, não somente o
texto da Escritura, mas também as realidades e os acontecimentos de que
ele fala, podem ser sinais.
• O sentido moral – os acontecimentos relatados na Bíblia devem conduzir-
nos a um justo agir. Eles foram escritos para nossa instrução.
• O sentido alegórico – podemos adquirir uma compreensão mais profunda
dos acontecimentos reconhecendo a significação deles em Cristo; assim, a
travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo, e também do
Batismo.
17. Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens.
Para descobrir a intenção dos autores sagrados, há que levar em conta as condições
da época e da cultura deles.
O Concílio Vaticano II indica três critérios para uma interpretação da Escritura:
1. Prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira.
A Bíblia é uma em razão da unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus é o
centro e o coração.
2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira.
A sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos
materiais. Com efeito, a Igreja leva em sua Tradição a memória viva da Palavra de
Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual.
3. Estar atento à analogia da fé. Por analogia da fé entendemos a coesão das
verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação.
18. A Palavra é nosso Alimento
Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento
e sua força, pois nela não acolhe somente uma palavra humana, mas o que
ela é realmente: a Palavra de Deus.
Com efeito, nos Livros Sagrados o Pai que está nos céus vem
carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala.
19. ENCONTRAR JESUS CRISTO NA BÍBLIA
Orígenes divide os leitores
da Bíblia em três grupos:
I – aqueles que enxergam
somente o sentido literal
e histórico. Aquele sentido
podem descobrir todos mesmo
que não creem em Deus.
II – outros, com maior sensibilidade da alma podem descobrir o sentido
moral, necessário para formar a sua consciência
III – são os poucos que alcançando a profundidade encontram na Bíblia
o próprio Jesus Cristo
20. O QUE É A TRADIÇÃO DA IGREJA?
• A Escritura e a Tradição da Igreja são Palavra de Deus, ensinamentos divinos.
• Falar da Tradição da Igreja não é falar de simples costumes que se perpetuam
na vida da Igreja. Não estamos falando de tradições culturais, mas da Sagrada
Tradição.
• A Sagrada Tradição guarda o depósito de fé da Igreja, que conserva o que Jesus
ensinou. Esse depósito de fé é também chamado de Revelação, ou seja, aquilo
que Deus ensinou de Si e Seus mistérios aos homens através dos ungidos do
povo de Deus na Antiga Aliança (patriarcas, juízes, profetas, autores bíblicos
etc.) mas, sobretudo através de Cristo, que depois foi ensinado pelos apóstolos,
guardado e vivido na Igreja primitiva. Essa verdade revelada está contida na
Tradição da Igreja e na Sagrada Escritura, a Bíblia.
21. • A Sagrada Escritura e a Tradição contêm, pois, toda a doutrina revelada; a Tradição
chega para nós hoje, sobretudo, através dos símbolos da fé, na liturgia e na vida
(pregação e santos) da Igreja, nos escritos dos padres e doutores da Igreja que nos
primeiros séculos transmitiram a fé. O Magistério da Igreja, sob a assistência do
Espírito Santo, conserva e interpreta essa Revelação.
• Tanto a Escritura como a Tradição são Palavra de Deus, isto é, o ensinamento divino,
comprovado por milagres e profecias; com a diferença de que a Tradição não foi
escrita por aqueles a quem Deus revelou; embora, com o tempo, outras pessoas
tenham podido escrevê-la, a fim de a conservarem e transmitirem com maior
fidelidade. “Daí resulta que a Igreja, à qual estão confiadas a transmissão e a
interpretação da Revelação, ‘não deriva sua certeza a respeito de tudo o que foi
revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e
veneradas com igual sentimento de piedade e reverência” (CIgC 82).
22. PALAVRA DE DEUS NÃO É SÓ A BÍBLIA
• São João afirma: “Jesus fez muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma,
penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever”
(Jo 21, 25).
• Então, muitas coisas que Jesus ensinou não foram escritas, mas foram ensinadas e
vividas; e essas coisas constituem a Tradição da Igreja. Por isso diz o Catecismo da
Igreja Católica: “Todavia, a fé cristã não é uma ‘religião do Livro’. O cristianismo é a
religião da Palavra de Deus, ‘não de um verbo escrito e mudo, mas do Verbo
encarnado e vivo’. Para que as Escrituras não permaneçam letra morta, é preciso
que Cristo, Palavra eterna de Deus vivo, pelo Espírito Santo nos ‘abra o espírito à
compreensão das Escrituras’ Lc 24, 45” (CIgC 108).
23. SAGRADA TRADIÇÃO
• Aliás, a própria Bíblia, ou Sagradas Escrituras, tem o seu berço na Sagrada
Tradição. A Tradição inicial, ou seja, a pregação dos apóstolos, é anterior à
Sagradas Escrituras e durante muitos anos foi a única regra de fé. Afinal, Jesus
mandou: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15), e não “Ide e
escrevei livros” (é bom lembrar que na época não existia gráfica, nem caneta,
tampouco máquina de datilografar… Computador, menos ainda).
• Com efeito, a pregação dos apóstolos começou no próprio ano da morte de
Cristo (ano 33).
24. • Diversamente, os livros da Sagrada Escritura só começaram a ser escritos a
partir do ano 50 até o ano 100; e sobretudo, não foram conhecidos pela
Igreja universal, senão no decurso dos primeiros séculos, pois ao princípio,
só eram conhecidos pelas Igrejas particulares a que se destinavam.
• Notável é o testemunho da própria Bíblia em favor da tradição: “Embora
tivesse muitas coisas a escrever-vos, não o quis fazer por meio de tinta e
papel, pois espero ver-vos e falar-vos de viva voz” (2Jo 12);
• “Conservai-vos firmes na fé e guardai as tradições que aprendestes, quer
pela nossa pregação, quer pela nossa carta” (2Ts 2, 14); ‘O que ouviste da
minha boca e de muitas testemunhas, confia-o a outros homens fiéis,
capazes de instruir os outros” (2Tm 2,2).
25. • Se entendermos que a Escritura é a única fonte da nossa fé, como fazem
os protestantes, somos forçados a achar que nos primeiros anos e
séculos, não havia na Igreja fonte alguma de fé, o que é inadmissível,
porque equivaleria a dizer que então não havia fé;
• mais admissível é aceitar uma fonte de fé distinta da Escritura, a saber, a
Tradição ou ensino dos apóstolos e seus sucessores.
26. A IGREJA NASCEU DA BÍBLIA?
• A Bíblia nasceu da Igreja e não a Igreja nasceu da Bíblia. Não se pode saber com
certeza que livros contêm na realidade a doutrina de Cristo, nem qual o seu
verdadeiro sentido, a não ser pelo ensino da Igreja. Portanto, se não se acredita na
assistência de Deus de infalibilidade à Igreja, tampouco se pode acreditar no valor
infalível da Bíblia como Palavra de Deus. Não se pode celebrar o fruto negando a
existência e o valor da árvore que o gerou. Por isso diz Santo Agostinho: “Eu não
creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica”.
• A Igreja é essa mãe que nos alimenta da graça de Cristo, que nos ensina a fé e por
isso diz São Cipriano (séc. III): “Nascemos todos do seu ventre, somos nutridos com
seu leite e animados por seu Espírito”.
27. PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO (MT 13,24-30)
Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante
a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo.
Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu
inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu.
O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio.
Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor,
não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o
joio?
Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: -
Queres que vamos e o arranquemos?
- Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o
trigo.
Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita,
direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes
para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro.
28. EXPLICAÇÃO DA PARÁBOLA (MT 13,36-43)
Então despediu a multidão. Em seguida, entrou de novo na casa e
seus discípulos agruparam-se ao redor dele para perguntar-lhe:
Explica-nos a parábola do joio no campo.
Jesus respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio
são os filhos do Maligno.
O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo.
Os ceifadores são os anjos.
E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no
fim do mundo.
O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino
todos os escândalos e todos os que fazem o mal
e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de
dentes.
Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol.
Aquele que tem ouvidos, ouça.