A perspectiva musical de Soares Brandão baseia-se no processo da complexidade e não linearidade da musica
brasileira, cujo fundamento é a interação entre culturas.
Soares Brandão pretende mostrar a especificidade do compreender, do ouvir e do fazer o fenômeno musical e
demonstrar, através de análise comparativa, a diferença e especificidade do saber musical moderno daquele que
emerge no século XXI, propondo um repertório que funcione como exemplo dos diferentes saberes. O saber moderno
não é ultrapassado, apenas deixa de ser hegemônico, tornando-se algo específico no contexto da não linearidade do
nosso século.
2. Otávio Henrique Soares Brandão, conhecido nacional e internacionalmente por ser o criador do novo
estilo de piano, laureado em 2007 com o prestigiado prêmio Qwartz d´Honneur, atribuído pela Prefeitura
de Paris e Ministério da Cultura e Comunicação da França aos músicos e grupos que contribuem para a
inovação musical (Pierre Henry, Björk, Henri Pousseur, Francis Dhomont, Laurie Anderson, etc). Membro
do Comitê de Honra dos Qwartz Award desde 2011.
A relação que Soares Brandão manteve durante 18 anos com Pierre Schaeffer, considerado um dos
mais importantes criadores da música do século passado juntamente com Pierre Boulez, Karlheinz
Stockhausen o marcou profundamente. Em especial o "Tratado de Objetos Musicais“ (TOM) de
Schaeffer, inspirador da construção e criação do seu trabalho, interpretação e técnica instrumental do
piano. A escuta das obras de Pierre Henry e Soares Brandão são fundamentais para a compreensão da
teoria musical de Pierre Schaeffer.
Nos anos 90 Soares Brandão assume a direção da Escola de Música Villa-Lobos/RJ e introduz na área
de musicalização a prática dos ritmos afro brasileiro, nomeando Darcy do Jongo como responsável.
Nesta mesma época dedicou-se à pedagogia experimental da música, criando a Orquestra Afro
Brasileira, responsável pela formação dos atuais diretores da bateria da Escola de Samba de
Mangueira (RJ), em parceria com a socióloga Íbis Ferreira Soares Brandão.
3. OUTRO OLHAR será realizado no formato Recital/ Lecture, por Otavio Henrique Soares Brandão, sobre os
fundamentos da musicalidade no século XXI, fruto das profundas transformações ocorridas no século XX. Estas
transformações são decorrentes de inovações tecnológicas (musica gravada) e da emergência da diversidade cultural
(civilizações musicais) com a construção de uma escuta-fazer original da música, que se contrapõe à moderna e
linear música ocidental cristalizada no séc. XIX.
A perspectiva musical de Soares Brandão baseia-se no processo da complexidade e não linearidade da musica
brasileira, cujo fundamento é a interação entre culturas.
Soares Brandão pretende mostrar a especificidade do compreender, do ouvir e do fazer o fenômeno musical e
demonstrar, através de análise comparativa, a diferença e especificidade do saber musical moderno daquele que
emerge no século XXI, propondo um repertório que funcione como exemplo dos diferentes saberes. O saber moderno
não é ultrapassado, apenas deixa de ser hegemônico, tornando-se algo específico no contexto da não linearidade do
nosso século.
Convém ressaltar que Soares Brandão é atualmente o piano autoral contemporâneo brasileiro mais visualizado nas
redes sociais com 450.000 visualizações na internet (21/02/2019), como também o único citado no prestigioso site
europeu Piano Bleu como um original virtuose. A inserção desta proposta se encaixa aos objetivos esta instituição e
permitirá que o público brasileiro entre em contato com novos rumos da música erudita contemporânea brasileira .
A opção pelo formato de recital/leitura objetiva não só apresentar um piano de grande e original virtuosidade, mas
também explicitar ao público os fundamentos que alicerçam a construção deste singular saber e fazer musical (vide
em anexo o portfólio do pianista/compositor). A análise dos documentos anexados ( portfólio, links, fotos, vídeos,
textos) permitirá à comissão avaliadora verificar a relevância da presente solicitação.
4. A originalidade e singularidade desta proposta fundamenta-se na apreciação que a mesma obtém de
instituições e personalidades nacionais e internacionais, tais como:
- Pierre Schaeffer em seu texto "Reponse a Otavio" afirma: " Por causa desta atitude inicial de singular
independência e desta audácia em criar seu universo musical próprio, algo um tanto raro nos dias de
hoje, o procedimento de Soares Brandão é digno de estima“. “Mas esta independência precisa repousar
sobre uma conquista certa, uma técnica experiente, uma maestria sobre o instrumento e os métodos,
Este é o caso de Soares Brandão”.
- Ricardo Tacuchian (membro da Academia Brasileira de Música, compositor) :
“Realmente, graças à tecnologia da WEB, ficamos sabendo do espetacular alcance do DVD Outro
Olhar com 48. 546 visualizações. Esta cifra, por si só, justifica e chancela qualquer proposta estética
nova, por mais revolucionária que ela seja. Esperamos que este marco seja, apenas, um ponto de
partida para outras aventuras musicais, porque a arte não tem limites nem um caminho único. Suas
direções são múltiplas e dinâmicas. Soares Brandão, siga sua intuição, seu coração e sua maneira
pessoal de ver (e exprimir) o mundo “
- Soares Brandão é citado por Daniel Teruggi, diretor do INA/GRM (Institut National de l´Audiovisuel/
Groupe de Recherches Musicales): ”a excelência de seu piano fornece uma nova luz ao entendimento
da obra de Pierre Schaeffer”.
A Escola de Música da UFRJ em seu site reconhece que Soares Brandão criou um novo estilo de piano.
5. Programa
Parte I - Interpretações experimentais ( complexas)
. Oito leituras do Preludio nº 1 BWV 846 do Cravo Bem
. Temperado, de JS Bach (Soares Brandão)
. Resposta a Villa-Lobos ( Soares Brandão)
. O cravo brigou com a rosa , criação de Soares Brandão
. Se essa rua fosse minha
Parte II - Autoral
. Cadencia ( Soares Brandão).
. Tocata para Ibis ( Soares Brandão)
. .Resposta a Schaeffer IX (Soares Brandão)
A primeira parte do repertorio mostra a distinção entre o entendimento do conceito de interpretação na
atualidade (complexa) com àquela moderna acidental cristalizada no século XIX (linear), cujo background
se encontra no res cogitans e res extensa cartesiano e que estabelece uma definição clara entre o
compositor (res cogitans) e o interprete (res extensa). No século XXI emerge um novo entendimento de
interpretação, vinculado ao conceito de realidade da ciência atual, por analogia consubstanciado no TAO
(Yin-Yang). Esta visão não contrapõe o intérprete e o compositor, eles não se justapõem e sim se
complementam e se confundem. Difícil saber onde começa um e termina o outro.
6. Na segunda parte será demonstrado a não linearidade da obra musical no século XXI, que não contrapõe compositor
e intérprete, mas se exprime na interação intérprete – compositor. Ou seja, na interação faber e sapiens. Indaga-se
onde começa a criação música: no conceber ou no fazer? No yin ou no yang? Demonstra que a obra musical se define
na complementariedade de yin-yang.
Pretende-se com este formato recital/leitura estimular uma mais complexa e ativa participação do público na
construção e direção do espetáculo. Desta maneira cria-se um maior distanciamento do ritual cristalizado no século
XIX onde o público tinha a função de mero expectador. Ao mesmo tempo este formato permite o resgate dos concertos
realizados por Mozart,Beethoven, Lizst , etc.
Objetiva-se ainda demonstrar a inovação pianística e a introdução das técnicas de percussão afro brasileira e suas
interações com a técnica clássica do piano. A música brasileira de raiz africana é a arte dos excluídos. Pretendemos
mostrar que essa tradição musical pode frequentar as salas de concerto em pé de igualdade com as composições
europeias. Uma não é melhor do que a outra, são apenas diferentes. Em parceria com a socióloga Ibis Ferreira
Soares Brandão (discípula de Alain Touraine e mediadora desta ação ) pretende também preencher uma lacuna
existente sobre a compreensão do que sejam diversidade e paradigma musical, criando o gosto pela música erudita
contemporânea brasileira e estimulando o respeito à nossa identidade sócio musical. Pretende-se ainda animar a
compreensão da pedagogia experimental do piano, assim como os fundamentos sócio musicais desta pedagogia e da
nova forma de apresentar a música brasileira. Discutiremos com a plateia nossas ideias sobre mudança de paradigma
no ensino da música.
Uma melhor compreensão dos fundamentos da música de concerto permitirá não só o surgimento de novos valores
artísticos como promoverá um alargamento da coesão social, tão necessárias nos nossos dias de intensos conflitos e
desigualdades sociais. Trata-se de uma oportunidade de sensibilizar os jovens para alternativas musicais, rompendo os
monopólios de linguagem musical, bem como os estereótipos culturais.
7. Equipe/profissionais para credenciamento, contendo nome e função:
Otavio Henrique Soares Brandão(maestro, pianista)
Ibis Ferreira Soares Brandão (mediadora)
Equipamentos necessários: piano afinado e Microfones(2)
Iluminação: foco de luz branca dirigida ao pianista
LINKS
http://worker.fandalism.com/ibisfsb
https://www.youtube.com/user/ibisfsb
https://soundcloud.com/ibis-soares-brand-o
https://fandalism.com/ibisfsb/cQQi
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=SlD0MiwAuC4
http://www.fandalism.com/ohsb/dzVi
8. IBIS FERREIRA SOARES BRANDÃO
Socióloga, doutorou-se pela Sorbonne, Paris I- IEDES (Instituto do Estudo do Desenvolvimento
Economico e Social ) sob a orientação de Alain Touraine (1973). Em 1977 conhece Pierre Schaeffer e
recomeça seus estudos em Sociologia da Cultura e da Comunicação. Sua visão multidisciplinar se
estende às artes plásticas, vídeos e um profundo comprometimento com as questões relativas ao meio
ambiente. Dedica-se à produção cultural e mediadora exclusiva do maestro Otavio Henrique Soares
Brandão desde 1976. Esta parceria já rendeu inúmeros vídeos, recitais, tournés e várias ações
pedagógicas em diferentes localidades brasileira e internacional. Lecionou em diversas Universidades no
período de 1970 a 1985 ( UFG, UFF, UFPB, Univ. Viçosa/MG, Faculdades Candido Mendes/RJ,
PUC/RJ). Foi Presidente da Fundação Cesar Bastos (1985-91). Co-autora da Orquestra Afro Brasileira
em parceria com o maestro Soares Brandão (1995-2000).