Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
O ministério do leitor
1. O Ministério
do Leitor
Grupo de Liturgia São Domingos
Sávio – Capela Dom Bosco.
2. Jesus, leitor na Sinagoga de Nazaré
• Lc 4, 16-21
“Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, onde se
tinha criado. Segundo o seu costume, entrou na
sinagoga a um sábado e levantou-se para fazer a
leitura. Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e,
ao abrir o livro, encontrou a passagem em que
estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova
aos pobres. Enviou-me a proclamar a redenção
aos cativos e a recuperação da vista aos cegos; …
3. Jesus, leitor na Sinagoga de Nazaré
• Lc 4, 16-21
… a restituir a liberdade aos oprimidos, e a
proclamar o ano da graça do Senhor”. Depois
enrolou o livro, entregou-o ao responsável e
sentou-se. Estavam fixos em Jesus os olhos de
toda a sinagoga. Começou, então, a dizer-lhes:
“Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da
Escritura que acabais de ouvir”.
5. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
• S. Justino, Apologia I, 67 (c. 150)
«No chamado dia do Sol, reúnem-se num mesmo
lugar todos os que moram nas cidades ou nos
campos, e lêem-se, na medida em que o tempo o
permite, as memórias dos Apóstolos e os escritos
dos Profetas. Quando o leitor termina, o
presidente toma a palavra para fazer uma
exortação, convidando os presentes a imitar tão
belos ensinamentos (…) Reunimo-nos todos
precisamente no dia do Sol (…) porque Jesus
Cristo, nosso Salvador, nesse dia ressuscitou dos
mortos».
6. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
• Actas dos Mártires, Martírio de Pólio, 1 (séc. II)
“O presidente Probos disse: Que ofício
desempenhais?
Pólio respondeu: O de primeiro leitor.
O presidente Probos disse: O que são os
leitores?
Pólio respondeu: São os que costumam ler ao
povo a palavra divina…”.
7. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
• S. Hipólito de Roma, Tradição Apostólica I, 11 (c.
215)
«O leitor é instituído quando o bispo lhe
entrega o livro, porque ele não recebe a
imposição das mãos».
8. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
• O leitor nas cartas de S. Cipriano de Cartago
(séc. III)
“Sabei que fiz leitor a Saturus, ao qual, já
antes tínhamos encarregado de fazer a leitura
no dia de Páscoa”. (Carta 29,2)
9. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
“Aurélio merecia chegar aos mais altos graus da
clericatura. No entanto, pensámos ser melhor
fazê-lo começar pelo ofício de leitor, porque nada
há que convenha mais a uma voz que confessou a
Deus, do que soar na proclamação das divinas
escrituras. Depois das palavras sublimes que
deram testemunho de Cristo, convém que o
confessor da fé leia o Evangelho de Cristo que dá
força aos mártires e venha ao ambão, depois de
ter estado no suplício…
10. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
… Aurélio foi exposto aos olhares dos pagãos;
convém que o seja agora aos olhos dos
irmãos. Fez-se ouvir lá com admiração do
povo que o rodeava; deve fazer-se ouvir aqui
para alegria dos irmãos reunidos. Sabei
pois, irmãos, que ele foi instituído por mim e
pelos meus colegas presentes. E fez-nos
imediatamente a leitura, no dia do
Senhor, inaugurando um ministério de paz ao
começar as suas leituras”. (Carta 38, II, 1-2)
11. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
• Escutar o leitor e imitar a sua fé
“Como ele veio ter connosco com sinais
evidentes de que o Senhor o aceitara, tendo-se
tornado ilustre pelo testemunho e a admiração
mesmo daquele que o perseguira, que podia eu
fazer senão conduzi-lo ao ambão, que é o
tribunal dos cristãos? Assim, olhando para nós de
cima desse estrado elevado, visto de todo o
povo, que ele passe a ler a Lei e o Evangelho do
Senhor, que ele próprio vive com coragem e com
fé…
12. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
…Faça-se ouvir todos os dias na proclamação
da palavra, a voz que confessou o Senhor. Em
nenhum outro ministério um confessor da fé é
tão útil a seus irmãos. Enquanto escutamos da
sua boca o texto evangélico, cada um nada
mais tem a fazer do que imitar a fé do leitor”.
(Carta 39, IV, 1-2)
13. 1. O Ministério do Leitor
nos primeiros séculos da Igreja
• Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica VI, Carta de
Cornélio de Roma a Fábio de Alexandria, 43 (ano de
251)
“Este vingador do Evangelho não sabia que
deve haver um só bispo em cada Igreja
católica? Nesta, ele não o ignorava, há 46
presbíteros, 7 diáconos, 7 subdiáconos, 42
acólitos, e 52 exorcistas, leitores e ostiários,
todos alimentados por graça e bondade do
Senhor”.
14. 2. Decadência
O ministério do leitor foi paulatinamente
esvanecido, primeiro em Roma e depois nas Igrejas do
oriente e do Norte de África.
No séc. VI, em Roma, o eclipse do ministério do leitor
já era evidente. As funções que normalmente o leitor
desempenhava foram sendo entregues a outros
ministros a partir dos sécs. IV-V, ficando sem qualquer
função própria. Santo Agostinho (354-430) ainda atesta
que competia ao leitor entoar o salmo. A última função
própria do leitor, antes do seu completo
obscurecimento parece ter sido entoar o Aleluia antes
do Evangelho.
15. 2. Decadência
Na reforma litúrgica do séc. VI o leitor ficou
desprovido de qualquer função própria. O
ritual da missa do Papa esqueceu mesmo a
lembrança do leitor, pois nunca o cita na missa
solene, e mesmo na missa quotidiana deixou
de desempenhar qualquer serviço, a partir do
dia em que S. Gregório Magno (c. 540-604)
confiou a leitura da epístola e o canto do
gradual ao subdiácono, o que vigorou até ao
Concílio Vaticano II (1962-1965).
16. 3. Restauração do Ministério do Leitor
pelo Concílio Vaticano II
• Constituição Sacrosanctum Concilium (4/ 12/1963)
“Os leitores desempenham um autêntico
ministério litúrgico. Exerçam, pois, o seu
múnus com piedade autêntica e de modo que
convém a tão grande ministério e que o Povo
de Deus tem o direito de exigir. É, pois,
necessário imbuí-los de espírito litúrgico (…) e
formá-los para executarem perfeita e
ordenadamente a parte que lhes compete”.
(SC 29)
17. 3. Restauração do Ministério do Leitor
pelo Concílio Vaticano II
• Instrução Inter Oecumenici (26/9/1964)
“Nas missas não solenes, celebradas com a
participação dos fiéis, as Leituras e a Epístola
com os cânticos intercalares podem ser lidas
por um leitor idóneo (…) enquanto o
celebrante escuta, sentado”. (IO 50)
19. 1. As funções próprias dos leitores
“O leitor é instituído para a função que lhe é
própria, de ler a palavra de Deus nas assembleias
litúrgicas. Por isso mesmo, na missa e nas demais
acções sagradas, será ele a fazer as leituras da Sagrada
Escritura (com excepção, porém, do Evangelho); na
falta do salmista, será ele a recitar o salmo entre as
leituras; quando não houver diácono ou cantor será ele
a enunciar as intenções da oração universal; a dirigir o
canto e a orientar a participação do povo fiel; a
preparar os fiéis para a recepção digna dos
Sacramentos. Poderá, além disso, na medida em que
for necessário, ocupar-se da preparação de outros fiéis
que, por encargo temporário, devam ler a Sagrada
Escritura nas acções litúrgicas”.
(Carta Apostólica Ministeria Quaedam, 5, de 15/8/1972)
20. 2. Leitores instituídos
• Aos leitores instituídos é confiado o ministério do
leitorado de modo estável e permanente, com um rito
litúrgico próprio normalmente conferido pelo Bispo.
• Estes “devem exercer a sua função própria ao menos
nos domingos e dias festivos, sobretudo na celebração
principal” (OLM 51)
• A sua função não se limita a ler a Palavra de Deus na
Liturgia, “também lhes pode ser confiado o ofício de
ajudar na organização da liturgia da palavra” (OLM 51)
21. 2. Leitores instituídos
• Devem saber manejar com os leccionários e neles
procurar as leituras de cada celebração
• Organizar o grupo dos leitores ocasionais
• Devem estar inteiramente ao serviço da palavra e
preocupar-se com a participação activa do maior
número possível de fiéis no ministério da leitura.
• «Na medida em que for necessário, ocupar-se da
preparação de outros fiéis que, por encargo
temporário, devam ler a Sagrada Escritura nas acções
litúrgicas» (Ministeria quaedam 5)
22. 3. Leitores não instituídos
• Os Leitores não instituídos, designados, nomeados
ou ‘de facto’ exercem o ministério de forma supletiva
e por cada vez que lêem, não sendo ministros
permanentes da Palavra.
• “A assembleia litúrgica precisa de leitores, embora
não instituídos para esta função” (OLM 52)
• Em cada comunidade há que procurar pessoas com
mais capacidade para ler em público e prepará-las
diligentemente para exercerem este ministério.
23. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• “Segundo a tradição, a função de proferir as
leituras não é presidencial, mas ministerial. Por
isso, as leituras são proclamadas por um leitor;
mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou, na
ausência deste, por outro sacerdote. Se, porém,
não estiver presente o diácono nem outro
sacerdote, leia o Evangelho o próprio sacerdote
celebrante; e se também faltar outro leitor
idóneo, o sacerdote celebrante proclame
igualmente as outras leituras”. (IGMR 59)
24. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• “Na falta de leitor instituído, podem ser
designados outros leigos para proclamar as
leituras da Sagrada Escritura, desde que sejam
realmente aptos para o desempenho desta
função e se tenham cuidadosamente
preparado, de tal modo que, pela escuta das
leituras divinas, os fiéis desenvolvam no seu
coração um afecto vivo e suave pela Sagrada
Escritura”. (IGMR 101)
25. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• O Ambão
“A dignidade da palavra de Deus requer que haja
na igreja um lugar adequado para a sua
proclamação e para o qual, durante a liturgia da
palavra, convirja espontaneamente a atenção dos
fiéis. Em princípio, este lugar deve ser um ambão
estável e não uma simples estante móvel. Tanto
quanto a arquitectura da igreja o permita, o
ambão dispõe-se de modo que os ministros
ordenados e os leitores possam facilmente ser
vistos e ouvidos pelos fiéis…
26. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• O Ambão
…Do ambão são proferidas unicamente as
leituras, o salmo responsorial e o precónio pascal.
Podem também fazer-se do ambão a homilia e
proporem-se as intenções da oração universal. A
dignidade do ambão exige que só o ministro da
palavra suba até ele”. (IGMR 309)
“Atenda-se a que os fiéis não somente possam
ver (…) os leitores, mas também consigam ouvi-
los comodamente, recorrendo aos meios da
técnica moderna”. (IGMR 311)
27. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• “Se estão presentes várias pessoas que podem exercer
o mesmo ministério, nada obsta a que distribuam e
desempenhem entre si as diversas partes desse
ministério ou ofício. Por exemplo: (…) quando há mais
que uma leitura, é preferível confiá-las a diversos
leitores, e assim noutros casos. Mas não é conveniente
que vários ministros dividam entre si um único
elemento da celebração, por exemplo, a mesma leitura
lida por dois, um após outro, a não ser que se trate da
Paixão do Senhor” (IGMR 109)
• Não é conveniente = é possível fazê-lo em casos
excepcionais, p. ex. missas com crianças ou jovens
28. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• “Na procissão de entrada, na ausência do
diácono, o leitor, vestido com a veste
aprovada, pode levar o Evangeliário um pouco
elevado. Neste caso, vai à frente do sacerdote;
se não, vai junto com os outros ministros”
(IGMR 194)
• “Os acólitos, leitores e outros ministros leigos
podem vestir a alva ou outra veste
legitimamente aprovada pela Conferência
Episcopal em cada região” (IGMR 339)
29. 4. O Ministério do Leitor na
Instrução Geral do Missal Romano
• “Nos textos que devem ser proferidos
claramente e em voz alta, quer pelo sacerdote
ou pelo diácono, quer pelo leitor ou por
todos, a voz deve corresponder ao género do
próprio texto, conforme se trate de leitura,
oração, admonição, aclamação ou cântico.
Igualmente se há-de acomodar à forma da
celebração e à solenidade da assembleia”
(IGMR 38)
30. 5. O Ministério do Leitor na
Exortação Apostólica Verbum Domini
• “Na assembleia sinodal sobre a Eucaristia, já se tinha
pedido maior cuidado com a proclamação da Palavra
de Deus. Como é sabido, enquanto o Evangelho é
proclamado pelo sacerdote ou pelo diácono, a primeira
e a segunda leitura na tradição latina são proclamadas
pelo leitor encarregado, homem ou mulher. Quero aqui
fazer-me eco dos padres sinodais que sublinharam,
também naquela circunstância, a necessidade de
cuidar, com uma adequada formação, o exercício da
função de leitor na celebração litúrgica, e de modo
particular o ministério do leitorado que, enquanto tal,
no rito latino, é ministério laical…
31. 5. O Ministério do Leitor na
Exortação Apostólica Verbum Domini
… É necessário que os leitores encarregados de
tal serviço, ainda que não tenham recebido a
instituição no mesmo, sejam verdadeiramente
idóneos e preparados com empenho. Tal
preparação deve ser não apenas bíblica e litúrgica
mas também técnica: “A formação bíblica deve
levar os leitores a saberem enquadrar as leituras
no seu contexto e a identificarem o centro do
anúncio revelado à luz da fé. A formação litúrgica
deve comunicar aos leitores uma certa facilidade
em perceber o sentido e a estrutura da liturgia da
palavra e os motivos da relação entre a liturgia da
Palavra e a liturgia eucarística…
32. 5. O Ministério do Leitor na
Exortação Apostólica Verbum Domini
… A preparação técnica deve tornar os leitores
cada vez mais idóneos na arte de lerem em
público tanto com a simples voz normal, como
com a ajuda dos instrumentos modernos de
amplificação sonora” (OLM 55)”
Bento XVI, Exortação Apostólica Verbum Domini, 58 (10/9/2010)
33. O Ministério
do Leitor
Grupo de Liturgia São Domingos
Sávio – Capela Dom Bosco.