SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 40
EU COM OS OUTROS
   Relação precoce: relação
    recíproca que tem por base o
    conjunto de comportamentos
    (sorrir, chorar, vocalizar, agarrar,
    gatinhar) que nos primeiros
    tempos de vida permitem
    estabelecer a ligação afectiva
    entre a criança e quem dela
    cuida.

   O ser humano nasce inacabado
    (neotenia), o que faz faz com
    que, após o nascimento,
    dependa durante muito tempo
    dos adultos para sobreviver.
   Wilfred Bion (psicanalista britânico
    especialista em dinâmica de grupos,
    1897-1979), face à ansiedade vivida pelo
    bebé, sugere três possibilidades da
    actuação por parte da mãe:
 Interpretá-la como teatral: agrava a
  situação de ansiedade (mãe não-
  continente).
 Ficar alarmada: passa para o bebé a sua
  própria ansiedade (mãe não-
  continente).
 Acolhê-la para si: transforma a
  inquietação em segurança (mãe
  continente).
   “As caras que ela faz para o bebé, a
    maneira como utiliza a fala, não só
    naquilo que diz, mas nos sons que
    emite, os movimentos da cabeça e
    do corpo, as coisas que faz com as
    mãos e os dedos, a posição que
    toma em relação ao bebé, e o tempo
    e o ritmo das suas reacções, tudo
    isto se torna diferente.”

    STERN, D. Bebé-Mãe: Primeira relação humana, Moraes, 1980.
   A 1ª teoria consistente sobre a
    vinculação precoce é proposta
    em 1969 por John Bowlby (1907-
    1990), psiquiatra e psicanalista
    inglês.
   VINCULAÇÃO designa a
    necessidade inata, básica - e
    não dependente de outras
    necessidades como, por
    exemplo, a alimentação - de
    ligação do bebé à mãe e desta
    ao bebé, e que se expressa por
    um conjunto de
    comportamentos característicos
    da espécie.
   Afirma que os fundamentos da
    personalidade do adulto são
    construídos a partir das ligações
    precoces e socioafectivas da criança
    e que estas ligações – vínculos –
    repousam sobre necessidades e
    fundamentos biológicos.
   A base do desenvolvimento humano
    radica, assim, na sensação de
    confiança.
   Confiança esta que apenas se
    desenvolve com base em ligações
    afectivas sólidas - vinculação
    (attachment) - construídas ao longo
    da infância.
   A teoria da vinculação
    trouxe novas perspectivas
    sobre a psicopatologia e
    desenvolvimento
    infantil, contribuindo quer
    para a alteração drástica de
    atitudes e comportamentos
    em relação à 1ª
    infância, quer ainda para a
    remodelação e
    humanização de instituições
    (creches, orfanatos, prisões,
    hospitais, etc.)
   O comportamento de
    vinculação (reacção
    observável) destina-se a
    favorecer a proximidade e
    informa a mãe do desejo de
    interacção do bebé.
   Incluem-se nos
    comportamentos de
    vinculação o sorriso, a
    vocalização, o agarrar, o
    gatinhar, mas também o
    choro.
   O sorriso aparece
    prematuramente. É
    inicialmente um acto
    reflexo, automático.
   Entre as 6 e as 12 semanas
    aparecem os primeiros sorrisos
    activos e
    intencionais, produto da
    comunicação entre o bebé e a
    figura de vinculação.
   Aos 6 meses, o sorriso constitui
    já um acto social dirigido a
    figuras preferenciais.
   O choro constitui um modo
    eficaz de atrair a atenção de
    quem cuida da criança.
   Existem quatro tipos de
    motivação para o choro
    (dor, fome, aborrecimento e
    desconforto)
   O choro provoca
    automaticamente nos adultos
    reacções de preocupação, de
    responsabilidade.
   As vocalizações do bebé
    funcionam desde muito
    cedo como estímulo para as
    vocalizações dos adultos.

   A troca depressa adquire a
    forma de
    conversação, servindo a
    interacção social e
    compensando os adultos
    pela atenção dispensada.
   As emoções manifestam-se
    através de expressões faciais.
   O psicólogo Carrol Izard
    defendeu uma semelhança
    entre a expressão das
    emoções básicas do bebé e as
    do adulto (alegria, tristeza,
    medo, desejo, surpresa, raiva,
    repugnância).
   As expressões faciais têm um
    valor comunicacional.
   “A mãe é uma
    necessidade biológica;
    o pai um acidente
    social.”
                              Margaret Mead
(antropóloga cultural norte americana-1901-1978)
   Associado ao conceito de
    comportamento de
    vinculação está o de figura
    de vinculação, conceito que
    inicialmente, por uma
    questão de simplificação, se
    reportava exclusivamente à
    mãe, mas que, graças às
    progressivas definições,
    hoje conhece novas
    interpretações.
   É conveniente que as crianças
    tenham várias figuras de
    vinculação (mãe, pai, irmãos mais
    velhos, avós, tios, educadoras, etc)
    .
   Apesar de hierarquias de
    preferência entre elas, a existência
    de diversas figuras facilita a
    aprendizagem por observação, a
    estimulação rica e variada.
   O importante, mais do que a
    quantidade, é, porém, a qualidade
    da relação de vinculação.
Dos 0 aos 6 meses    •Desenvolvem-se os processos de discriminação de figuras de
                     vinculação, sendo particularmente sensível o período dos 4 aos 6
                     meses.
                     •É importante a presença contínua de uma figura de vinculação.
                     •As separações devem ser breves.

6 meses aos 3 anos   •Entram em acção os esquemas de vinculação ligados ao objectivo
                     principal: manter-se bastante próximo da figura de vinculação.
                     •O sistema de vinculação está completamente estabelecido entre os 7
                     e os 9 meses.
                     •Os bebés manifestam preferências pelas figuras de vinculação.
                     •Os bebés revelam medo e, por vezes, rejeição total por certas figuras.




Após os 3 anos       •A criança desenvolve vontade própria e compreende as acções do
                     outro.
                     •O desenvolvimento da linguagem e da sua capacidade de pensar em
                     função do tempo e do espaço permite-lhe suportar o afastamento da
                     figura de vinculação.
   Estruturação da sexualidade: pode
    estar relacionada com as
    representações relacionais que se
    constroem durante a primeira infância.
   Regulação emocional: está
    dependente de toda uma construção
    da afectividade que a vinculação
    permite.
   Interacções sociais positivas: um
    vinculo seguro e confiante desenvolve
    sentimentos de segurança e confiança
    nos outros.
   INDIVIDUAÇÃO:
    necessidade sentida
    pelo ser humano de
    criar a sua própria
    identidade, a sua
    individualidade, e de se
    distinguir dos outros
    que lhe são próximos.
   Em articulação com o
    processo de vinculação
    desenvolve-se o processo de
    individuação.
   O conceito de individuação
    diz respeito à necessidade
    primária do ser humano criar
    a sua própria identidade, a
    sua individualidade, de se
    distinguir daqueles com
    quem mantém laços de
    vinculação.
   Na primeira infância a
    vinculação tem um papel
    importantíssimo, dominando
    as relações que a criança
    mantém com os
    outros, designadamente com
    os progenitores.
    Na adolescência, que é uma
    etapa do ciclo vital que se
    caracteriza pela necessidade
    de autonomia, domina o
    processo de separação –
    individuação.
   Durante a primeira metade do século 20,
    muitos psicólogos acreditavam que
    demonstrar afecto pelas crianças era
    apenas um gesto sentimental que não
    servia de nada.
    O psicólogo Comportamental John B.
    Watson, uma vez chegou a alertar os pais,
    "Quando tiver vontade de acariciar o seu
    filho, lembre-se que o amor materno é um
    perigoso instrumento." De acordo com
    muitos pensadores da época, o carinho só
    espalharia doenças e levaria a problemas
    psicológicos no futuro.
   Harlow(psicólogo
    norte-americano, 1905-1981),
    através das suas experiências
    com macacos Rhesus, vem
    provar que a necessidade de
    conforto e afecto cria um
    vinculo mais forte com a
    figura materna do que a
    satisfação das necessidades
    básicas de nutrição.
   Harlow separou da mãe 8
    macacos Rhesus pequenos e
    criou-os em jaulas, com duas
    mães substitutas.
   Uma é um bloco de
    madeira, suavizado com
    esponja e coberto de pano.
   A outra é feita de arame e
    está munida de um sistema
    de alimentação que termina
    numa tetina.
   Verifica que os macacos
    passam a maior parte do
    seu tempo agarrados ao
    substituto coberto de pano.
   Este laço mantém-se
    mesmo depois de longas
    separações.
   Em situações estranhas
    agarravam-se à mãe de
    pano até se acalmarem.
   Harlow concluiu que a
    necessidade de conforto
    afectuoso é inata e que é
    mais forte do que a
    necessidade de nutrição.
   Foi Spitz (1887-
    1974, psiquiatra infantil
    e psicanalista)
    quem, pela primeira vez
    chamou a tenção para a
    Dor Psíquica
    (depressão) em fases
    precoces de
    desenvolvimento, resul
    tante da privação
    afectiva.
   A síndrome do Hospitalismo
    resulta da ruptura total e
    duradoura da relação
    afectiva precoce, durante os
    primeiros 18 meses de vida.
   Caracteriza-se por um atraso
    global de desenvolvimento
    (psíquico, relacional, mas
    também físico e biológico).
   No primeiro mês
    de separação, a
    criança
    abandonada chora
    e procura a
    proximidade e o
    conforto de outros
    seres humanos.
   No segundo mês, o
    choro contínuo vai
    dando lugar ao lamento
    e ao gemido. A criança
    perde peso e o seu
    desenvolvimento
    psicomotor é
    interrompido.
   No terceiro mês de
    separação, a criança evita
    o contacto humano e a
    actividade motora. Passa
    longas horas deitada
    (marasmo) e sofre de
    insónias.
   Mary Ainsworth(psicóloga
    canadiana – 1913-1999) passou
    3 anos no Uganda, mais
    precisamente de 1953 a
    1956, onde realizou um estudo
    que desenvolveria anos mais
    tarde em Baltimore, EUA.
   A metodologia assentava num
    procedimento para a avaliação
    da segurança da
    vinculação, denominado
    Situação Estranha, aplicado em
    crianças entre os 12 e os 18
    meses .
A Situação Estranha
  comporta diversos
  elementos geradores de
  insegurança na criança:
 Um ambiente
  estranho, desconhecido;
 Presença de pessoas
  estranhas;
 Separação da mãe.
   O procedimento
    pretende verificar se, e
    de que forma a criança
    consegue utilizar o
    apoio da mãe para
    manter/recuperar a
    segurança e a
    capacidade de explorar
    o ambiente.
A Situação Estranha é composta por 8
  etapas:
 A criança entra com a mãe para uma
  sala alcatifada, onde há brinquedos;
 A criança é encorajada a ir para o chão e
  explorar os brinquedos, sem que a mãe
  interfira;
 Uma mulher estranha entra, começa a
  conversar com a mãe, depois tenta
  interagir com o bebé;
 A mãe sai, deixando o bebé com a
  estranha, que interage com ele;
 A estranha sai, deixando o bebé sozinho
  na sala;
 A mãe reentra.
Vinculação Segura - ± 65%

   Procuram e mantêm activamente
    o contacto com a mãe após o
    reencontro;
   Rapidamente se acalmam e
    retomam a exploração com a
    chegada da mãe.
Vinculação Evitante - ± 20%

   Mostram-se aparentemente
    pouco perturbadas com a
    separação;
   Evitam o contacto com as
    mães no reencontro (evitando
    o olhar e quando se encontram
    ao colo da mãe querem voltar
    para o chão).
Vinculação
Resistente/Ambivalente - ± 15%
   Reagem às separações com muita
    perturbação;
   São difíceis de consolar na
    reunião;
   Têm visível dificuldade em
    “sintonizar” com a mãe.
   A resiliência é a
    capacidade de
    adaptação positiva a
    situações humanas ou
    naturais adversas.
   Engloba dois conceitos
    fundamentais:
   O risco – onde se incluem
    características da
    personalidade e/ou
    ambientais;
   Factores de protecção – de
    ordem psicológica, familiar e
    ambiental, que permitem
    fazer face à situação de
    risco.
   Não há possibilidade de
    resiliência se não
    existirem, ou se o sujeito
    não encontrar, factores
    alternativos de
    protecção.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Was ist angesagt? (20)

áLvaro de campos
áLvaro de camposáLvaro de campos
áLvaro de campos
 
António Damásio
António Damásio  António Damásio
António Damásio
 
Processos Mentais 1 - A Percepção
Processos Mentais 1 - A PercepçãoProcessos Mentais 1 - A Percepção
Processos Mentais 1 - A Percepção
 
Poemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andradePoemas de eugénio de andrade
Poemas de eugénio de andrade
 
O conformismo
O conformismoO conformismo
O conformismo
 
Miguel Torga - Poemas
Miguel Torga - PoemasMiguel Torga - Poemas
Miguel Torga - Poemas
 
Psicologia-Genética
Psicologia-GenéticaPsicologia-Genética
Psicologia-Genética
 
Relações precoces psicologia
Relações precoces psicologiaRelações precoces psicologia
Relações precoces psicologia
 
1 vinculação precoce - mãe/bebé
1   vinculação precoce - mãe/bebé1   vinculação precoce - mãe/bebé
1 vinculação precoce - mãe/bebé
 
Cultura - Psicologia
Cultura - PsicologiaCultura - Psicologia
Cultura - Psicologia
 
Impressões e Expectativas
Impressões e ExpectativasImpressões e Expectativas
Impressões e Expectativas
 
Cérebro
CérebroCérebro
Cérebro
 
Psicologia - A memória
Psicologia - A memóriaPsicologia - A memória
Psicologia - A memória
 
Psicologia: cérebro
Psicologia: cérebroPsicologia: cérebro
Psicologia: cérebro
 
Ceifeira
CeifeiraCeifeira
Ceifeira
 
Psicologia B
Psicologia  BPsicologia  B
Psicologia B
 
Vinculação
VinculaçãoVinculação
Vinculação
 
Erikson e o desenvolvimento psicossocial
Erikson e o desenvolvimento psicossocialErikson e o desenvolvimento psicossocial
Erikson e o desenvolvimento psicossocial
 
Memorial do convento
Memorial do conventoMemorial do convento
Memorial do convento
 
Fernando Pessoa Nostalgia da Infância
Fernando Pessoa Nostalgia da InfânciaFernando Pessoa Nostalgia da Infância
Fernando Pessoa Nostalgia da Infância
 

Ähnlich wie Vínculo e individuação na primeira infância

Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo
Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculoAspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo
Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculoSilvia Marina Anaruma
 
2.1 desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho
2.1  desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho2.1  desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho
2.1 desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilhoPaula de Almeida
 
Antero narciso t2 1500971
Antero narciso t2 1500971Antero narciso t2 1500971
Antero narciso t2 1500971anteronarciso
 
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016Rosane de Carvalho
 
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016Rosane de Carvalho
 
E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2
E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2
E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2Daniel Romeiro
 
A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vida
A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vidaA importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vida
A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vidaSusana Henriques
 
Referencial teorico -_wallon
Referencial teorico -_wallonReferencial teorico -_wallon
Referencial teorico -_wallonangelafreire
 
Teoria do apego john bowlby
Teoria do apego    john bowlbyTeoria do apego    john bowlby
Teoria do apego john bowlbyAclecio Dantas
 
DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOS
DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOSDESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOS
DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOSAngella Barros
 
9 doc.16 a - a relação mãe-bebé
9   doc.16 a - a relação mãe-bebé9   doc.16 a - a relação mãe-bebé
9 doc.16 a - a relação mãe-bebéMicas Cullen
 
Grupo 2 alicia fernandez
Grupo 2 alicia fernandezGrupo 2 alicia fernandez
Grupo 2 alicia fernandezRosita Pereira
 
Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1Kátia Rumbelsperger
 

Ähnlich wie Vínculo e individuação na primeira infância (20)

Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo
Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculoAspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo
Aspectos do desenvolvimento na infância e a formação do vínculo
 
2.1 desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho
2.1  desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho2.1  desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho
2.1 desenvolvimento sócio-afectivo-interacção mãefilho
 
Micaela rodrigues t1_900908
Micaela rodrigues t1_900908Micaela rodrigues t1_900908
Micaela rodrigues t1_900908
 
Desenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantilDesenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantil
 
Antero narciso t2 1500971
Antero narciso t2 1500971Antero narciso t2 1500971
Antero narciso t2 1500971
 
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
 
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
Teoria do-apego-e-as-estruturas-familiares edson-vizzoni-ibh-abril-2016
 
11 psicologia
11 psicologia11 psicologia
11 psicologia
 
Curso Teoria do Apego
Curso Teoria do ApegoCurso Teoria do Apego
Curso Teoria do Apego
 
E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2
E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2
E fólio a daniel romeiro nº 1502088 t2
 
A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vida
A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vidaA importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vida
A importância da relação de vinculação, nos primeiros anos de vida
 
Desenvolvimento da-criana-6 a 12anos vanessa
Desenvolvimento da-criana-6 a 12anos vanessaDesenvolvimento da-criana-6 a 12anos vanessa
Desenvolvimento da-criana-6 a 12anos vanessa
 
Referencial teorico -_wallon
Referencial teorico -_wallonReferencial teorico -_wallon
Referencial teorico -_wallon
 
A vida a brincar
A vida a brincarA vida a brincar
A vida a brincar
 
Teoria do apego john bowlby
Teoria do apego    john bowlbyTeoria do apego    john bowlby
Teoria do apego john bowlby
 
DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOS
DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOSDESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOS
DESENVOLVIMENTO HUMANO: PRIMEIROS DOIS ANOS
 
Doc.16 a ..
Doc.16 a  ..Doc.16 a  ..
Doc.16 a ..
 
9 doc.16 a - a relação mãe-bebé
9   doc.16 a - a relação mãe-bebé9   doc.16 a - a relação mãe-bebé
9 doc.16 a - a relação mãe-bebé
 
Grupo 2 alicia fernandez
Grupo 2 alicia fernandezGrupo 2 alicia fernandez
Grupo 2 alicia fernandez
 
Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1Cartilha para fases da crianças 1
Cartilha para fases da crianças 1
 

Mehr von norberto faria (14)

10.psicologia aplicada
10.psicologia aplicada10.psicologia aplicada
10.psicologia aplicada
 
3. freud psicanálise
3. freud   psicanálise3. freud   psicanálise
3. freud psicanálise
 
2. freud e o inconsciente
2. freud e o inconsciente2. freud e o inconsciente
2. freud e o inconsciente
 
Psicoterapias
PsicoterapiasPsicoterapias
Psicoterapias
 
Teste de rorschach
Teste de rorschachTeste de rorschach
Teste de rorschach
 
Kant
KantKant
Kant
 
Hume
HumeHume
Hume
 
Descartes
DescartesDescartes
Descartes
 
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIAARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
 
ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA
ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICAARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA
ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA
 
EMOÇÕES
EMOÇÕESEMOÇÕES
EMOÇÕES
 
Percepção
PercepçãoPercepção
Percepção
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
Cérebro
CérebroCérebro
Cérebro
 

Kürzlich hochgeladen

E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSilvana Silva
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasillucasp132400
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 

Kürzlich hochgeladen (20)

CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptxSlides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
Slides 1 - O gênero textual entrevista.pptx
 
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 BrasilGoverno Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
Governo Provisório Era Vargas 1930-1934 Brasil
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 

Vínculo e individuação na primeira infância

  • 1. EU COM OS OUTROS
  • 2. Relação precoce: relação recíproca que tem por base o conjunto de comportamentos (sorrir, chorar, vocalizar, agarrar, gatinhar) que nos primeiros tempos de vida permitem estabelecer a ligação afectiva entre a criança e quem dela cuida.  O ser humano nasce inacabado (neotenia), o que faz faz com que, após o nascimento, dependa durante muito tempo dos adultos para sobreviver.
  • 3. Wilfred Bion (psicanalista britânico especialista em dinâmica de grupos, 1897-1979), face à ansiedade vivida pelo bebé, sugere três possibilidades da actuação por parte da mãe:  Interpretá-la como teatral: agrava a situação de ansiedade (mãe não- continente).  Ficar alarmada: passa para o bebé a sua própria ansiedade (mãe não- continente).  Acolhê-la para si: transforma a inquietação em segurança (mãe continente).
  • 4. “As caras que ela faz para o bebé, a maneira como utiliza a fala, não só naquilo que diz, mas nos sons que emite, os movimentos da cabeça e do corpo, as coisas que faz com as mãos e os dedos, a posição que toma em relação ao bebé, e o tempo e o ritmo das suas reacções, tudo isto se torna diferente.” STERN, D. Bebé-Mãe: Primeira relação humana, Moraes, 1980.
  • 5. A 1ª teoria consistente sobre a vinculação precoce é proposta em 1969 por John Bowlby (1907- 1990), psiquiatra e psicanalista inglês.  VINCULAÇÃO designa a necessidade inata, básica - e não dependente de outras necessidades como, por exemplo, a alimentação - de ligação do bebé à mãe e desta ao bebé, e que se expressa por um conjunto de comportamentos característicos da espécie.
  • 6. Afirma que os fundamentos da personalidade do adulto são construídos a partir das ligações precoces e socioafectivas da criança e que estas ligações – vínculos – repousam sobre necessidades e fundamentos biológicos.  A base do desenvolvimento humano radica, assim, na sensação de confiança.  Confiança esta que apenas se desenvolve com base em ligações afectivas sólidas - vinculação (attachment) - construídas ao longo da infância.
  • 7. A teoria da vinculação trouxe novas perspectivas sobre a psicopatologia e desenvolvimento infantil, contribuindo quer para a alteração drástica de atitudes e comportamentos em relação à 1ª infância, quer ainda para a remodelação e humanização de instituições (creches, orfanatos, prisões, hospitais, etc.)
  • 8. O comportamento de vinculação (reacção observável) destina-se a favorecer a proximidade e informa a mãe do desejo de interacção do bebé.  Incluem-se nos comportamentos de vinculação o sorriso, a vocalização, o agarrar, o gatinhar, mas também o choro.
  • 9. O sorriso aparece prematuramente. É inicialmente um acto reflexo, automático.  Entre as 6 e as 12 semanas aparecem os primeiros sorrisos activos e intencionais, produto da comunicação entre o bebé e a figura de vinculação.  Aos 6 meses, o sorriso constitui já um acto social dirigido a figuras preferenciais.
  • 10. O choro constitui um modo eficaz de atrair a atenção de quem cuida da criança.  Existem quatro tipos de motivação para o choro (dor, fome, aborrecimento e desconforto)  O choro provoca automaticamente nos adultos reacções de preocupação, de responsabilidade.
  • 11. As vocalizações do bebé funcionam desde muito cedo como estímulo para as vocalizações dos adultos.  A troca depressa adquire a forma de conversação, servindo a interacção social e compensando os adultos pela atenção dispensada.
  • 12. As emoções manifestam-se através de expressões faciais.  O psicólogo Carrol Izard defendeu uma semelhança entre a expressão das emoções básicas do bebé e as do adulto (alegria, tristeza, medo, desejo, surpresa, raiva, repugnância).  As expressões faciais têm um valor comunicacional.
  • 13. “A mãe é uma necessidade biológica; o pai um acidente social.” Margaret Mead (antropóloga cultural norte americana-1901-1978)
  • 14. Associado ao conceito de comportamento de vinculação está o de figura de vinculação, conceito que inicialmente, por uma questão de simplificação, se reportava exclusivamente à mãe, mas que, graças às progressivas definições, hoje conhece novas interpretações.
  • 15. É conveniente que as crianças tenham várias figuras de vinculação (mãe, pai, irmãos mais velhos, avós, tios, educadoras, etc) .  Apesar de hierarquias de preferência entre elas, a existência de diversas figuras facilita a aprendizagem por observação, a estimulação rica e variada.  O importante, mais do que a quantidade, é, porém, a qualidade da relação de vinculação.
  • 16. Dos 0 aos 6 meses •Desenvolvem-se os processos de discriminação de figuras de vinculação, sendo particularmente sensível o período dos 4 aos 6 meses. •É importante a presença contínua de uma figura de vinculação. •As separações devem ser breves. 6 meses aos 3 anos •Entram em acção os esquemas de vinculação ligados ao objectivo principal: manter-se bastante próximo da figura de vinculação. •O sistema de vinculação está completamente estabelecido entre os 7 e os 9 meses. •Os bebés manifestam preferências pelas figuras de vinculação. •Os bebés revelam medo e, por vezes, rejeição total por certas figuras. Após os 3 anos •A criança desenvolve vontade própria e compreende as acções do outro. •O desenvolvimento da linguagem e da sua capacidade de pensar em função do tempo e do espaço permite-lhe suportar o afastamento da figura de vinculação.
  • 17. Estruturação da sexualidade: pode estar relacionada com as representações relacionais que se constroem durante a primeira infância.  Regulação emocional: está dependente de toda uma construção da afectividade que a vinculação permite.  Interacções sociais positivas: um vinculo seguro e confiante desenvolve sentimentos de segurança e confiança nos outros.
  • 18. INDIVIDUAÇÃO: necessidade sentida pelo ser humano de criar a sua própria identidade, a sua individualidade, e de se distinguir dos outros que lhe são próximos.
  • 19. Em articulação com o processo de vinculação desenvolve-se o processo de individuação.  O conceito de individuação diz respeito à necessidade primária do ser humano criar a sua própria identidade, a sua individualidade, de se distinguir daqueles com quem mantém laços de vinculação.
  • 20. Na primeira infância a vinculação tem um papel importantíssimo, dominando as relações que a criança mantém com os outros, designadamente com os progenitores.  Na adolescência, que é uma etapa do ciclo vital que se caracteriza pela necessidade de autonomia, domina o processo de separação – individuação.
  • 21. Durante a primeira metade do século 20, muitos psicólogos acreditavam que demonstrar afecto pelas crianças era apenas um gesto sentimental que não servia de nada. O psicólogo Comportamental John B. Watson, uma vez chegou a alertar os pais, "Quando tiver vontade de acariciar o seu filho, lembre-se que o amor materno é um perigoso instrumento." De acordo com muitos pensadores da época, o carinho só espalharia doenças e levaria a problemas psicológicos no futuro.
  • 22. Harlow(psicólogo norte-americano, 1905-1981), através das suas experiências com macacos Rhesus, vem provar que a necessidade de conforto e afecto cria um vinculo mais forte com a figura materna do que a satisfação das necessidades básicas de nutrição.
  • 23. Harlow separou da mãe 8 macacos Rhesus pequenos e criou-os em jaulas, com duas mães substitutas.  Uma é um bloco de madeira, suavizado com esponja e coberto de pano.  A outra é feita de arame e está munida de um sistema de alimentação que termina numa tetina.
  • 24. Verifica que os macacos passam a maior parte do seu tempo agarrados ao substituto coberto de pano.  Este laço mantém-se mesmo depois de longas separações.  Em situações estranhas agarravam-se à mãe de pano até se acalmarem.
  • 25. Harlow concluiu que a necessidade de conforto afectuoso é inata e que é mais forte do que a necessidade de nutrição.
  • 26. Foi Spitz (1887- 1974, psiquiatra infantil e psicanalista) quem, pela primeira vez chamou a tenção para a Dor Psíquica (depressão) em fases precoces de desenvolvimento, resul tante da privação afectiva.
  • 27. A síndrome do Hospitalismo resulta da ruptura total e duradoura da relação afectiva precoce, durante os primeiros 18 meses de vida.  Caracteriza-se por um atraso global de desenvolvimento (psíquico, relacional, mas também físico e biológico).
  • 28. No primeiro mês de separação, a criança abandonada chora e procura a proximidade e o conforto de outros seres humanos.
  • 29. No segundo mês, o choro contínuo vai dando lugar ao lamento e ao gemido. A criança perde peso e o seu desenvolvimento psicomotor é interrompido.
  • 30. No terceiro mês de separação, a criança evita o contacto humano e a actividade motora. Passa longas horas deitada (marasmo) e sofre de insónias.
  • 31. Mary Ainsworth(psicóloga canadiana – 1913-1999) passou 3 anos no Uganda, mais precisamente de 1953 a 1956, onde realizou um estudo que desenvolveria anos mais tarde em Baltimore, EUA.  A metodologia assentava num procedimento para a avaliação da segurança da vinculação, denominado Situação Estranha, aplicado em crianças entre os 12 e os 18 meses .
  • 32. A Situação Estranha comporta diversos elementos geradores de insegurança na criança:  Um ambiente estranho, desconhecido;  Presença de pessoas estranhas;  Separação da mãe.
  • 33. O procedimento pretende verificar se, e de que forma a criança consegue utilizar o apoio da mãe para manter/recuperar a segurança e a capacidade de explorar o ambiente.
  • 34. A Situação Estranha é composta por 8 etapas:  A criança entra com a mãe para uma sala alcatifada, onde há brinquedos;  A criança é encorajada a ir para o chão e explorar os brinquedos, sem que a mãe interfira;  Uma mulher estranha entra, começa a conversar com a mãe, depois tenta interagir com o bebé;  A mãe sai, deixando o bebé com a estranha, que interage com ele;  A estranha sai, deixando o bebé sozinho na sala;  A mãe reentra.
  • 35. Vinculação Segura - ± 65%  Procuram e mantêm activamente o contacto com a mãe após o reencontro;  Rapidamente se acalmam e retomam a exploração com a chegada da mãe.
  • 36. Vinculação Evitante - ± 20%  Mostram-se aparentemente pouco perturbadas com a separação;  Evitam o contacto com as mães no reencontro (evitando o olhar e quando se encontram ao colo da mãe querem voltar para o chão).
  • 37. Vinculação Resistente/Ambivalente - ± 15%  Reagem às separações com muita perturbação;  São difíceis de consolar na reunião;  Têm visível dificuldade em “sintonizar” com a mãe.
  • 38. A resiliência é a capacidade de adaptação positiva a situações humanas ou naturais adversas.
  • 39. Engloba dois conceitos fundamentais:  O risco – onde se incluem características da personalidade e/ou ambientais;  Factores de protecção – de ordem psicológica, familiar e ambiental, que permitem fazer face à situação de risco.
  • 40. Não há possibilidade de resiliência se não existirem, ou se o sujeito não encontrar, factores alternativos de protecção.