SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 73
ARGUMENTAÇÃO
E RETÓRICA
LÓGICA INFORMAL
        • Todos os dias utilizamos o
          discurso para levar os nossos
          interlocutores a aderir às nossas
          opiniões – chamamos a isto
          comunicação argumentativa.

        • Estamos no domínio da lógica
          informal, mais centrada nos
          efeitos da comunicação do que
          na validade formal dos
          argumentos.
LÓGICA INFORMAL
• Retórica é o domínio da lógica informal que estuda a
  arte de falar com eloquência.

• A retórica surgiu na antiga Grécia, ligada à democracia e
  em particular à necessidade de preparar os cidadãos para
  uma intervenção ativa no Governo da cidade. ―Rector‖
  era a palavra grega que significava ―orador‖, o político.
Lógica formal ou dedutiva                    Lógica informal ou não dedutiva
       YOUR TOPIC GOES HERE
Objetivo: Estudo dos aspetos formais da Objetivo: Estudo dos aspetos concretos da
argumentação.                           argumentação.



Distingue argumentos válidos de inválidos Distingue graus de força dos argumentos.
quanto à forma lógica.                    Válido na linguagem da lógica informal
                                          significa forte. Inválido significa fraco.




Se a forma do argumento é válida, então Um argumento forte com premissas
premissas verdadeiras justificam e garantem verdadeiras justifica, mas não garante a
conclusões verdadeiras.                     verdade da conclusão.




O estudo da validade prescinde de referências O estudo da validade dos argumentos não
ao conteúdo das proposições e ao contexto da prescinde de referências ao conteúdo das
argumentação.                                 proposições e ao contexto da argumentação.
DEMONSTRAÇÃO E
ARGUMENTAÇÃO
DEMONSTRAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO
1.   Se o Mar Mediterrâneo for água, é H20. O Mar
     Mediterrâneo é água. Logo, é H20.

2.   Se os animais não têm deveres, não têm direitos. Os animais
     não têm deveres. Logo, não têm direitos.

No argu-mento 1, trata-se de verdades estabelecidas, que
ninguém põe em causa. Mas a primeira premissa do argumento 2
é muitíssimo disputável. Até pode ser verdadeira, mas não é uma
verdade solidamente estabelecida e amplamente reconhecida
como tal.

Aristóteles diria que o primeiro é um raciocínio analítico ou
demonstrativo e o segundo um raciocínio dialético, ou
argumentativo.
DEMONSTRAÇÃO                        ARGUMENTAÇÃO


 É rígida e aplica-se nas ciências  É flexível e utiliza-se       nas
  lógico – dedutivas.                 ciências sociais e humanas.

 Serve-se de uma linguagem  Usa a linguagem natural,
  simbólica e apoia-se na lógica    informal – polivalente.
  formal – bivalente.
                                   Parte de proposições verosímeis
 Parte       de      proposições   e chega e conclusões prováveis.
  consideradas verdadeiras para
  chegar a conclusões igualmente
  verdadeiras.                     É pessoal e contextualizada.

 É impessoal e independente do
  contexto.
DEMONSTRAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO

• A argumentação trata de questões éticas, jurídicas ou
  politicas.

• Procura-se o mais verosímil ou provável.

• Na ausência de verdade, procura-se a adesão do
  interlocutor ou do auditório, tentando persuadir,
  convencer (retórica).
ESTRATÉGIAS
ARGUMENTATIVAS
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS

Na sua obra sobre a retórica, Aristóteles distinguiu três
formas de argu-mentação:

• A argumentação baseada no carácter (ethos) do orador;

• A argumentação baseada no estado emocional (pathos)
  do auditório;

• A argumentação baseada no argumento (logos)
  propriamente dito.
O ETHOS
          • O     orador    persuade  por
            intermédio do carácter moral,
            do ethos, quando é visto pelo
            auditório como alguém que
            inspira confiança.

          • Para isso, é preciso que o
            discurso crie no auditório uma
            imagem do orador como pessoa
            prudente,       virtuosa     e
            benevolente.
O ETHOS
 «Persuade-se pelo carácter quando o discurso é
 proferido de tal maneira que deixa a impressão de
 o orador ser digno de fé. Pois acreditamos mais e
 bem mais depressa em pessoas honestas, em todas
 as coisas em geral, mas sobretudo nas de que não
 há conhecimento exato e que deixam margem
 para dúvida. É, porém, necessário que esta
 confiança seja resultado do discurso e não de uma
 opinião prévia sobre o carácter do orador; pois
 não se deve considerar sem importância para a
 persuasão a probidade do que fala (…), mas
 quase se poderia dizer que o carácter é o
 principal meio de persuasão.»
                               Aristóteles, Retórica, 1356a
O PATHOS
• Para ser persuasivo, o orador deve procurar suscitar
  sentimentos e emoções no auditório que o predisponham
  de forma favorável para a tese que defende.
O PATHOS
• O apelo à popularidade ou à maioria é uma forma de
  argumento que explora sentimentos da audiência para a
  fazer adotar o ponto de vista de quem fala.
O PATHOS
   • Os argumentos ad populum não são, com
     propriedade, argumentos, mas estratagemas
     para despertar e manipular as emoções,
     desejos e paixões da maioria das pessoas.

   • E, como se sabe, o apelo aos sentimentos é,
     em muitos casos, o caminho mais eficaz – e
     curto – para persuadir um auditório.
O PATHOS
• O apelo à piedade (ad misericordiam) acontece quando
  alguém argumenta recorrendo a sentimentos de
  piedade e de compreensão por parte da audiência de
  modo que a conclusão ou afirmação defendida seja
  aprovada.
O LOGOS
• Conjunto de
  argumentos
  organizados de modo
  a persuadir. Hoje
  designa o medium
  (meio - palavra ou
  imagem) que
  transmite a
  mensagem. Refere a
  racionalidade dos
  argumentos e o tipo e
  a estrutura dos
  discursos
ETHOS                    PATHOS                    LOGOS
     YOUR TOPIC GOES HERE
 Centrado na figura do  Centrado no auditório.  Centrado na tese.
  orador. Este deve ter     Este deve ser            Deve ser bem
  caráter, ser virtuoso e   emocionalmente           estruturada, sob o
    • Your
  credível, paraSubtopic Goes Here e
                            impressionado            ponto de vista lógico-
  conseguir a confiança     seduzido.                argumentativo, para
  do auditório.                                      ser clara e bem
                           O auditório tem a        compreendida.
 O orador não deve ser     tendência a deixar-se
  arrogante,                influenciar não apenas  O orador deve
  apresentando-se como      pelo caráter racional    selecionar argumentos,
  dono da verdade.          dos argumentos, mas      antecipar objeções à
                            também pelos             tese e procurar
 Deve aparecer como        sentimentos que lhe      recursos estilísticos.
  alguém moderado, leal     são despertados.
  e responsável.
 Existe uma relação estreita entre o logos, o ethos e o pathos, uma vez
 que as emoções (pathos) que o discurso (logos) do orador suscita no
 auditório têm um papel importante na construção da imagem que este faz
 do carácter (ethos) do orador e, desse modo, da sua capacidade de
 persuasão.
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
 1. Em que consiste argumentar?

 2. O que se pretende ao argumentar?

 3. O que é o «auditório»?

 4. Demonstrar uma ideia e argumentar a favor de
    uma ideia são a mesma coisa ou coisas diferentes?

 5. Segundo Aristóteles, quais são as três formas de
    argumentação?
EXERCÍCIOS - CORREÇÃO
1. Em que consiste argumentar?

    Argumentar é apresentar argumentos de forma organizada.

2. O que se pretende ao argumentar?

   O objetivo é conseguir a adesão do auditório.

3. O que é o «auditório»?

   O auditório são as pessoas a quem nos dirigimos. Os meios
   para se fazer chegar ao auditório o que pensamos são vários:
   falando diretamente com as pessoas, ou através da rádio ou da
   televisão (nestes casos, o auditório são as pessoas que nos
   escutam), escrevendo (aqui, o auditório é quem nos lê), etc.
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO

 4.
EXERCÍCIOS - CORREÇÃO

5. Segundo Aristóteles, quais são as três formas de
   argumentação?


   De acordo com a classificação de Aristóteles, as
   três formas de argumentação são as seguintes: a
   argumentação baseada no carácter (ethos) do
   orador, a argumentação baseada no estado
   emocional (pathos) do auditório e a argumentação
   baseada no argumento (logos) propriamente dito.
EXERCÍCIOS - CORREÇÃO
            Nas frases seguintes, assinale com E as que se referem ao
            Ethos, com P as que se reportam ao Pathos e com L as que
            têm a ver com o Logos.

 1. Atenção dada ao orador.
 2. Evidência naquilo que o orador diz e como diz.
 3. Sentimentos provocados nos ouvintes.
 4. Estrutura argumentativa segundo um plano adequado.
 5. Credibilidade do sujeito que fala.
 6. Ponderação, racionalidade e lealdade.
 7. Figuras de estilo.
 8. Carácter do emissor.
 9. Discurso com ritmo.
10. Ênfase posta no auditório.
11. Discurso argumentativo.
12. Público predisposto a emocionar-se.
13. Ser afetado na sensibilidade.
14. O que o orador proclama.
EXERCÍCIOS- CORREÇÃO
            Nas frases seguintes, assinale com E as que se referem ao
            Ethos, com P as que se reportam ao Pathos e com L as que
            têm a ver com o Logos.

 1. Atenção dada ao orador.                                         E
 2. Evidência naquilo que o orador diz e como diz.                  L
 3. Sentimentos provocados nos ouvintes.                            P
 4. Estrutura argumentativa segundo um plano adequado.              L
 5. Credibilidade do sujeito que fala.                              E
 6. Ponderação, racionalidade e lealdade.                           E
 7. Figuras de estilo.                                              L
 8. Carácter do emissor.                                            E
 9. Discurso com ritmo.                                             L
10. Ênfase posta no auditório.                                      P
11. Discurso argumentativo.                                         L
12. Público predisposto a emocionar-se.                             P
13. Ser afectado na sensibilidade.                                  P
14. O que o orador proclama.                                        L
ARGUMENTOS
INFORMAIS
ARGUMENTOS INFORMAIS
• Os argumentos informais válidos são argumentos em
  que a verdade das premissas é razão suficientemente
  forte para acreditarmos na verdade da conclusão.

• Ao contrário da lógica formal a lógica informal tem
  necessariamente de atender ao conteúdo das premissas.

• Concluímos que um argumento é forte quando
  pensamos que muito provavelmente a realidade não vai
  negar a conclusão.
ARGUMENTOS INDUTIVOS
• Nunca nevou em Sevilha.
• Logo, quando este Inverno for a Sevilha, não verei neve.

• Analisemos a premissa: esta diz-nos que, até à data, não caiu neve
  em Sevilha, nem uma única vez.

• A conclusão diz-nos que, num futuro próximo, irei a Sevilha e que
  não verei neve nessa cidade.

• Como é muito provável que a conclusão seja verdadeira, o
  argumento é indutivamente válido, ou seja, forte.

• Generalizações e previsões são tipos de argumentos indutivos.
ARGUMENTOS INDUTIVOS
GENERALIZAÇÕES

• As generalizações são argumentos em que a conclusão
  acerca de um grupo de objetos é estabelecida
  observando uma amostra desse grupo de objetos. A
  generalização consiste em atribuir a todos os casos
  possíveis de certo tipo aquilo que se verificou em alguns
  casos desse tipo.

• Exemplo:
• Cada um dos cães que observei até hoje ladrava.
• Logo, todos os cães ladram.
ARGUMENTOS INDUTIVOS
  GENERALIZAÇÕES

• A generalização não garante que a sua conclusão é
  verdadeira.

• Como a conclusão é mais geral do que a premissa, a
  generalização não pode garantir que um dos casos por
  observar não venha a refutar a conclusão.

• O máximo que conseguimos com este tipo de argumento
  é legitimidade para tratar a conclusão como sendo muito
  provável.
ARGUMENTOS INDUTIVOS
        REGRAS DAS GENERALIZAÇÕES

Regra 1. A amostra deve ser ampla.
Quanto maior for a amostra observada mais forte o argumento será.

Regra 2. A amostra deve ser relevante ou representativa.
Uma amostra relativamente grande pode ser a base de uma
generalização mais fraca do que outra baseada numa amostra menor
que contenha informação mais relevante.

Regra 3. A amostra não deve omitir informação relevante.
Um argumento, mesmo sendo baseado numa amostra ampla e
relevante, será fraco se omitir informação relevante.
ARGUMENTOS INDUTIVOS
PREVISÕES

As previsões são argumentos em que as premissas se baseiam em
casos passados e a conclusão se refere a casos particulares ainda não
observados.

Exemplo:

Todos os 27 feijões que retirei deste saco são brancos.
Logo, o próximo feijão que retirar deste saco é branco.
FALÁCIAS INDUTIVAS
 FALÁCIA DA GENERALIZAÇÃO PRECIPITADA

 Esta falácia ocorre quando uma generalização se baseia
 num número muito limitado de casos.

 São exemplos de generalização precipitada:
 • concluir, após uma experiência amorosa falhada, que
   "as mulheres são a nossa desgraça";
 • concluir que as bebidas alcoólicas são prejudiciais
   porque um familiar morreu devido ao abuso de álcool;
 • concluir que a marijuana é saudável por ser usada no
   tratamento de algumas doenças;
FALÁCIAS INDUTIVAS
 POST HOC - «DEPOIS DISSO, POR CAUSA DISSO» OU
 FALÁCIA DA FALSA CAUSA

 Trata-se de um argumento segundo o qual apenas por um facto se
 seguir a outro se conclui que o primeiro é causa do segundo. O
 exemplo seguinte é um caso extremo desta falácia:

 • Tanto quanto observei, as pessoas que se curaram das
   constipações não deixaram de beber água durante uma
   constipação.
 • Logo, beber água cura constipações.
ARGUMENTOS POR ANALOGIA
O argumento por analogia atribui uma propriedade a um
acontecimento ou objeto por tal propriedade se ter verificado em
algum objeto ou acontecimento semelhante.

Como este cão é muito semelhante ao do Miguel, também deve
morder sem razão aparente.

Neste argumento, usam-se as semelhanças entre o cão do Miguel e o
cão sob observação para justificar a atribuição ao segundo da
propriedade de «morder sem razão aparente», já verificada no
primeiro.
ARGUMENTOS POR ANALOGIA
Como é frequente em contextos práticos, o argumento
apenas declara que existem semelhanças. Se estas
fossem explicitadas, obtínhamos um argumento com este
aspeto:

• O cão do Miguel é semelhante a este em raça, porte
  e olhar nervoso.
• O cão do Miguel morde sem razão aparente.
• Logo, este cão morde sem razão aparente.
ARGUMENTOS POR ANALOGIA

REGRAS DA ANALOGIA

Regra 1. A amostra deve ser suficiente.

Regra 2. O número de semelhanças deve ser suficiente.

Regra 3. As semelhanças verificadas devem ser
relevantes.
ARGUMENTO DE APELO À AUTORIDADE

 Num argumento de apelo à autoridade declara-se que a
 conclusão é verdadeira pelo facto de uma pessoa ou
 organização tidas por autoridades no assunto a
 declararem verdadeira.

 Exemplos:
 • Figo recomenda o uso de gás natural.

 • Segundo um estudo da ONU a fome aumentou no
   mundo.
REGRAS DO ARGUMENTO DE APELO À AUTORIDADE

          Regra 1. As pessoas ou organizações citadas têm de
          ser reconhecidos especialistas nas matérias em
          questão.
          Defender o uso de uma vacina por recomendação da
          Organização Mundial de Saúde é justificado. Mas
          defender a pena de morte ou o consumo da cerveja
          Alpha por recomendação de um famoso futebolista
          parece uma clara violação desta regra. A tradição
          designou esta falácia por ad verecundiam – apelo a uma
          autoridade não qualificada.

          Regra 2. Deve haver consenso entre os especialistas
          sobre as matérias em questão.
          Se não há consenso entre os especialistas, não faz
          sentido citar um especialista para provar uma
          afirmação.
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
1. O que são induções?


2. O que distingue a generalização da previsão?


3. Como se avaliam generalizações e previsões?


4. O que é um argumento por analogia?


5. Como se avalia um argumento por analogia?


6. O que é um argumento de autoridade?


7. Como se avalia um argumento de autoridade?
EXERCÍCIOS- CORREÇÃO
1. O que são induções?
 • Induções são argumentos não dedutivos em que, a partir de
    alguns casos se infere uma conclusão que se pretende ser
    verdadeira para caso(s) do mesmo género. As induções são
    de dois tipos: a generalização e a previsão.
2. O que distingue a generalização da previsão?
 • O que as distingue é o seguinte: na generalização, parte-se do
    que é verdadeiro para um conjunto de casos particulares e
    conclui-se que também o é para todos os casos em geral (Ex:
    Todos os corvos observados até hoje são pretos; logo, todos
    os corvos são pretos); na previsão, parte-se de um conjunto
    de casos ocorridos no passado e conclui-se que o mesmo se
    verificará no futuro, em relação a um determinado caso
    particular (Ex: No passado, o sol nasceu todos os dias;
    portanto, o sol vai nascer amanhã).
EXERCÍCIOS- CORREÇÃO
3. Como se avaliam generalizações e previsões?

 •   Há duas regras fundamentais a que a generalização e a previsão têm
     de obedecer: 1) O número de casos em que se baseiam tem de ser
     representativo e 2) não pode haver contra-exemplos. No exemplo
     acima apresentado, a generalização é válida, porque respeita as duas
     regras. Quando generalizamos a partir de um número não
     representativo de casos incorremos na falácia da generalização
     precipitada.
 •   Quanto às previsões, a «prova dos nove» é a confrontação com a
     realidade. Antes disso, porém, podemos sempre avaliar se a regra 1)
     foi respeitada. Para além disso, é importante verificar se a previsão
     não é excessivamente vaga; se tal acontecer, isso pode significar que
     a vagueza é intencional, provavelmente com o objetivo de evitar
     contra-exemplos demolidores. As «previsões» astrológicas utilizam
     abundantemente este «truque» …
EXERCÍCIOS - CORREÇÃO
4. O que é um argumento por analogia?
 • Nos argumentos por analogia raciocina-se do seguinte modo: se o que
     estamos a comparar é semelhante em alguns aspetos, também o será noutros.
     Por exemplo: «Na Natureza tudo funciona de maneira organizada, como
     uma máquina. Todas as máquinas foram criadas por alguém. Logo, a
     Natureza foi criada por alguém».

5. Como se avalia um argumento por analogia?
Ao avaliarmos um argumento por analogia deveremos perguntar três coisas:
            1) As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão?
            2) A comparação tem por base um número razoável de semelhanças?
            3) Apesar das semelhanças, não haverá diferenças fundamentais
            entre o que está a ser comparado?

 •   No exemplo dado, embora possamos aceitar que são cumpridos os critérios
     1) e 2), verificamos que tal não acontece com o critério 3), já que há uma
     diferença fundamental, que é a seguinte: enquanto que uma máquina é um
     ser artificial (e, portanto, teve de ser criado por alguém) a Natureza é algo de
     natural, pelo que é muito discutível concluir-se que teve de ser criada por
     alguém. Este argumento por analogia é, por isso, um argumento fraco.
EXERCÍCIOS- CORREÇÃO
6. O que é um argumento de autoridade?
 O argumento de autoridade é um argumento em que a conclusão se apoia no
 depoimento de alguém tido como autoridade no assunto. Por exemplo: «Kant
 defende que devemos agir sempre por dever. Logo, devemos agir sempre por
 dever».

7. Como se avalia um argumento de autoridade?
             Um bom argumento de autoridade deve obedecer aos dois critérios
             seguintes:
             1) O especialista invocado é reconhecido como uma autoridade na
             matéria
             2) Os especialistas não discordam entre si quanto a esse assunto

 Como se pode ver, o exemplo apresentado respeita o critério 1), mas não o
 critério 2). Tal sucede quase sempre em Filosofia: uma vez que os especialistas
 raramente estão de acordo, os argumentos de autoridade em Filosofia são, em
 princípio, maus argumentos. Nestes casos, estamos na presença do apelo
 falacioso à autoridade.
OUTRAS FALÁCIAS
INFORMAIS
FALÁCIAS INFORMAIS
• Num processo argumentativo é
  relativamente frequente um ou
  mais dos interlocutores
  recorrerem a raciocínios que
  escondem vícios e fragilidades
  que decorrem, não da forma do
  raciocínio, mas do seu
  conteúdo, cometendo assim
  falácias informais.

• Aquele que for capaz de detetar
  esses vícios e de se defender
  deles encontrar-se-á numa
  posição vantajosa.
FALSO DILEMA OU FALSA DICOTOMIA
 É dado um limitado número de opções (na maioria dos casos
 apenas duas), quando de facto há mais. O falso dilema é um uso
 ilegítimo do operador "ou". Pôr as questões ou opiniões em termos
 de "ou sim ou sopas" gera, com frequência (mas nem sempre), esta
 falácia.

 Exemplos:
 • Ou concordas comigo ou não. (Porque se pode concordar
    parcialmente.)
 • Reduz-te ao silêncio ou aceita o país que temos. (Porque uma
    pessoa tem o direito de denunciar o que entender.)
 • Ou votas no Silveira ou será a desgraça nacional. (Porque os
    outros candidatos podem não ser assim tão maus.)
 • Uma pessoa ou é boa ou é má. (Porque muitas pessoas são
    apenas parcialmente boas.)
DERRAPAGEM OU BOLA DE NEVE
• Neste tipo de argumento, premissas apenas prováveis são
  enunciadas como se fossem certas, escondendo assim o facto de que
  a conclusão é necessariamente menos provável do que cada uma
  das suas premissas.

• Na verdade, a probabilidade de uma série de acontecimentos é
  sempre menor do que a probabilidade de cada acontecimento.

Exemplo:
• Se beberes um copo de vinho, vais beber dois.
• Se beberes dois copos de vinho, vais beber três.
• Se beberes três copos de vinho, vais beber quatro.
• Logo, se beberes um copo de vinho, vais tornar-te alcoólico.
FALÁCIA DA COMPOSIÇÃO
A falácia da composição consiste em atribuir ao todo
propriedades que apenas dizem respeito às partes.

Exemplo 1
• Cada um dos jogadores daquela equipa é muito bom.
  Logo, aquela equipa é muito boa.

Exemplo 2
• As células não têm consciência.
• Logo, o cérebro, que é feito de células, não tem
  consciência.
FALÁCIA DA DIVISÃ0
 A falácia da divisão consiste em atribuir a uma das
 partes propriedades que apenas dizem respeito ao todo.

 Exemplo 1
 A equipa x é muito boa. O João joga na equipa x.
 Logo, o João é muito bom jogador.

 Exemplo 2
 A Mercedes produz bons carros. O meu carro é um
 Mercedes. Logo, o meu carro é muito bom.
PETIÇÃO DE PRINCÍPIO OU ARGUMENTO CIRCULAR



 Um argumento circular consiste em pretender provar
 uma conclusão tendo, como premissa, a própria
 conclusão. Dito de outra maneira: supõe-se como já
 provado ou consensual aquilo que se quer provar.

 «A Ford Motor Company produz os melhores
 automóveis dos EUA. Sabemos que produzem os
 melhores carros porque têm os melhores engenheiros. A
 razão pela qual têm os melhores engenheiros é a de
 poderem pagar-lhes mais do que os outros produtores.
 Obviamente, podem pagar-lhes mais porque produzem
 os melhores carros dos EUA.»
APELO À IGNORÂNCIA (AD IGNORANTIAM)

 Esta falácia ocorre quando se argumenta que uma proposição é
 verdadeira porque não foi provado que é falsa ou falsa porque não
 foi provado que é verdadeira.

 Exemplos:
 Ninguém provou que Deus existe.
 Logo, Deus não existe.

 Ninguém provou que Deus não existe.
 Logo, Deus existe.

 Os extraterrestres existem.
 Ninguém provou o contrário.
CONTRA A PESSOA (AD HOMINEM)

Ataca-se a pessoa que apresentou um argumento e não o
argumento que foi apresentado. Formas mais habituais:

• Ataque ao carácter da pessoa.
• Referem-se circunstâncias relativas à pessoa.
• Invoca-se o facto de a pessoa não praticar o que diz.

Exemplos:
• É natural que concordes com o congelamento dos salários. És
   rico.
• Dizes que eu não devo beber, mas tu andas sempre nos
   ―copos‖...
PERGUNTA COMPLEXA
Dois tópicos sem relação, ou de relação duvidosa, são
conjugados e tratados como uma única proposição.
Pretende-se que o auditório aceite ou rejeite ambas
quando, de facto, uma pode ser aceitável e a outra não.
Trata-se de um uso abusivo do operador "e".
Exemplos:
   Deves apoiar a educação familiar e o Direito, dado
   por Deus, de os pais educarem os filhos de acordo
   com as suas crenças.
   Apoias a liberdade e o direito de andar armado?
   Já deixaste de fazer vendas ilegais? (São duas
   questões: já cometeste ilegalidades? Já te deixaste
   disso?)
APELO À FORÇA (AD BACULUM)

 O auditório é informado das consequências
 desagradáveis que se seguirão à discordância com
 o autor.

 Exemplos:
 • É melhor admitires que a nova orientação da
   empresa é a melhor — se pretendes manter o
   emprego.
 • A NAFTA é um erro! E se não votares contra a
   NAFTA, então "votamos-te" para fora do
   escritório.
APELO À PIEDADE (AD MISERCORDIAM)

 Apela-se ao sentimento de piedade para se conseguir a
 aprovação de uma conclusão.
 Pede-se a aprovação do auditório na base do estado
 lastimoso do Autor.

 Exemplos:
 • Como pode dizer que eu reprovo? Eu estava mais
   perto da positiva e, além disso, estudei 16 horas por
   dia.
 • Esperamos que aceite as nossas recomendações.
   Passámos os últimos três meses a trabalhar
   desalmadamente nesse relatório.
APELO ÀS CONSEQUÊNCIAS (AD CONSEQUENTIAM)




O argumentador, para "mostrar" que um argumento é
falso, aponta consequências desagradáveis que
advirão da sua defesa.
Exemplos:
  Não podes aceitar que a teoria da evolução é
   verdadeira, porque se fosse verdadeira estaríamos
   ao nível dos macacos.
  Deve-se acreditar em Deus, porque de outro modo
   a vida não teria sentido. (Talvez. Mas também é
   possível dizer que, como a vida não tem sentido,
   Deus não existe.)
APELO A PRECONCEITOS
Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à
crença na verdade da proposição.

Exemplos:
• Os portugueses bem intencionados estão de acordo em plebiscitar a
   pena de morte.
• As pessoas razoáveis concordarão com a nossa política fiscal.
• O primeiro-ministro tem a veleidade de pensar que as novas taxas
   de juro ajudarão a diminuir o déficit. (O uso de "tem a veleidade de
   pensar" sugere sem argumentos que o primeiro ministro está
   enganado.)
• Os burocratas do parlamento resistem às leis de defesa do
   património. (Compare-se com: "Os parlamentares rejeitaram a
   proposta de lei de defesa do património.")
APELO AO POVO (AD POPULUM)
 Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira por
 ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da
 população.
 Esta falácia é, por vezes, chamada "Apelo à emoção" porque os
 apelos emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a população
 como um todo.

 Exemplos:
 • Se você fosse bela poderia viver como nós. Compre também
   Buty-EZ e torne-se bela. (Aqui apela-se às "pessoas bonitas")
 • As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no
   parlamento, também deves votar neles.
 • Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então por que razão
   insistes nas tuas excêntricas teorias?
ESPANTALHO OU BONECO DE PALHA

 O argumentador, em vez de atacar o melhor argumento
 do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais
 fraco ou tendenciosamente interpretado. Infelizmente é
 uma das "técnicas" de argumentação mais usadas.
 Exemplos:
 • As pessoas que querem legalizar o aborto, querem
    prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós
    queremos uma sexualidade responsável. Logo, o
    aborto não deve ser legalizado.
 • Devemos manter o recrutamento obrigatório. As
    pessoas não querem o fazer o serviço militar porque
    não lhes convém. Mas devem reconhecer que há
    coisas mais importantes do que a conveniência.
FALÁCIAS
EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS
1. Identifique as falácias cometidas e justifique a sua resposta.
a) Nenhum dos meus netos gosta de Matemática. Creio que na próxima
   geração não teremos cientistas.
b) A pena de morte está errada porque não há o direito de tirar a vida a
   ninguém.
c) A pena de morte justifica-se para os crimes como o assassínio e o
   rapto, porque é legítimo e apropriado que alguém seja condenado à
   morte por cometer atos tão repugnantes e desumanos.
d) "Com estas leis sobre o controlo de armas querem tirar-nos as nossas
   armas de defesa. É o que querem agora? Mas e depois o que não irão
   querer tirar-nos? Em breve, serão as armas de caça e as facas de mato
   e sabe-se lá mais o quê! Em breve teremos um Estado policial em
   que só o governo opressor possuirá armas. Se lhes damos um dedo,
   em breve quererão todo o braço. Em conclusão, ficarmos sem as
   nossas armas é nada mais, nada menos do que deixarmos de ser
   livres."
EXERCÍCIOS
     e)




f)     As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento,
       também deves votar neles.
g)     Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três
       meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.
h)     Ou és feliz ou infeliz.
i)     Se não arrumares o quarto ficas de castigo!
j)     Porque é que eu afirmo que Deus existe? Porque na Bíblia afirma-se que
       Deus existe. Ora, a Bíblia é verdadeira, uma vez que quem a escreveu estava
       inspirado por Deus. Portanto, Deus existe.
k)    As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da
      gravidez. Mas nós queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não
      deve ser legalizado.
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
a) Nenhum dos meus netos gosta de Matemática. Creio que na
   próxima geração não teremos cientistas.
Generalização precipitada baseada num número muito limitado de casos
(netos de uma pessoa). Que os netos de uma pessoa não gostem de
matemática não implica que a geração a que pertencem não se interesse
pela matemática e pelas ciências.


b) A pena de morte está errada porque não há o direito de
   tirar a vida a ninguém.
Estabelecer a pena de morte significa que se reconhece o direito legal de
tirar a vida a alguém. Portanto, argumentar "Não há direito de tirar a vida a
ninguém" é provar a conclusão tendo como premissa essa mesma
conclusão, ou seja, considera-se provado o que se pretende provar. É uma
petição de princípio.
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
 c) A pena de morte justifica-se para os crimes como o
    assassínio e o rapto, porque é legítimo e apropriado que
    alguém seja condenado à morte por cometer atos tão
    repugnantes e desumanos.


 A premissa e a conclusão dizem o mesmo por palavras diferentes. Com
 efeito, dizer que a pena de morte é "justificável" tem o mesmo sentido
 que dizer que é "legítimo e apropriado" aplicá-la. Trata-se de uma
 petição de princípio. Aqui, assume-se a conclusão que se pretende
 demonstrar, enunciando-a sob forma subtilmente diferente na premissa.
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
d) "Com estas leis sobre o controlo de armas querem tirar-nos as nossas
   armas de defesa. É o que querem agora? Mas e depois o que não irão
   querer tirar-nos? Em breve, serão as armas de caça e as facas de
   mato e sabe-se lá mais o quê! Em breve teremos um Estado policial
   em que só o governo opressor possuirá armas. Se lhes damos um
   dedo, em breve quererão todo o braço. Em conclusão, ficarmos sem
   as nossas armas é nada mais, nada menos do que deixarmos de ser
   livres."
Falácia da derrapagem ou bola de neve. É evidente que as leis sobre o
controlo de armas não visam acabar com a caça nem instaurar um Estado
policial que atrofie a liberdade dos cidadãos. Há uma grande diferença entre
controlar a proliferação de armas e oprimir os cidadãos. Quem argumenta que
a situação deslizará inevitavelmente para esse extremo está a ser falacioso. Se
seguíssemos a lógica deste pseudo-argumento, quem come uma batata frita
comerá todo o pacote; quem comece a fumar será sempre um fumador.
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
e)                      Apelo     à    piedade     (argumentum      ad
                        misercordiam). Pede-se a aprovação do
                        auditório na base do estado lastimoso do Autor
                        (Help), isto é, apelando a sentimentos de
                        piedade ou compaixão.



f)   As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no
     parlamento, também deves votar neles.


Apelo ao povo (argumentum ad populum). Com esta falácia sustenta-se que
uma proposição é verdadeira (liberais vão vencer) por ser aceite como
verdadeira por algum sector representativo da população (a maioria da
população)
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
g) Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos
   os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse
   relatório.
Apelo à piedade. Apela-se à compaixão e não à razão, isto é, pede-se a
aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor (trabalhou
desalmadamente).


h) Ou és feliz ou infeliz.
Falsa Dicotomia. São apresentadas apenas duas alternativas mas
de facto há mais, não estar feliz nem infeliz.

i)   Se não arrumares o quarto ficas de castigo!
Apelo à força (argumentum ad baculum). Pretende-se persuadir
alguém pela força (ficar de castigo) e não pelos argumentos
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
 j)   Porque é que eu afirmo que Deus existe? Porque na
      Bíblia afirma-se que Deus existe. Ora, a Bíblia é
      verdadeira, uma vez que quem a escreveu estava
      inspirado por Deus. Portanto, Deus existe.

 Petição de princípio. Conclui-se que Deus existe com base na
 Bíblia e aceita-se o que é afirmado na Bíblia com o argumento de
 que foi escrita por inspiração de Deus. Ou seja: a conclusão
 («Deus existe») já estava aceite à partida. A premissa e a
 conclusão dizem o mesmo por palavras diferentes, ou seja,
 considera-se provado o que se pretende provar.
EXERCÍCIOS -CORREÇÃO
k) As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção
   irresponsável da gravidez. Mas nós queremos uma
   sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser
   legalizado.



Falácia do espantalho ou boneco de palha. O “argumentador”, em
vez de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um
argumento diferente, mais fraco ou tendenciosamente interpretado
(prevenção irresponsável da gravidez). Como é evidente as pessoas
que são a favor do aborto não defendem a prevenção irresponsável
da gravidez.
FIM

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Linguagem e Comunicação
Linguagem e ComunicaçãoLinguagem e Comunicação
Linguagem e Comunicação
7 de Setembro
 
Elementos da comunicacao
Elementos da comunicacaoElementos da comunicacao
Elementos da comunicacao
Sandra Paula
 
Conhecimento Científico - Popper
Conhecimento Científico - PopperConhecimento Científico - Popper
Conhecimento Científico - Popper
Jorge Barbosa
 
Resumo e Síntese
Resumo e SínteseResumo e Síntese
Resumo e Síntese
Vanda Sousa
 
Elementos da comunicação e funções da linguagem
Elementos da comunicação e funções da linguagemElementos da comunicação e funções da linguagem
Elementos da comunicação e funções da linguagem
Quezia Neves
 

Was ist angesagt? (20)

Funções da linguagem
Funções da linguagemFunções da linguagem
Funções da linguagem
 
Linguagem e Comunicação
Linguagem e ComunicaçãoLinguagem e Comunicação
Linguagem e Comunicação
 
Persuasão e Manipulação
Persuasão e ManipulaçãoPersuasão e Manipulação
Persuasão e Manipulação
 
Lingua e-linguagem2
Lingua e-linguagem2Lingua e-linguagem2
Lingua e-linguagem2
 
Origem da língua portuguesa
Origem da língua portuguesaOrigem da língua portuguesa
Origem da língua portuguesa
 
Elementos da comunicacao
Elementos da comunicacaoElementos da comunicacao
Elementos da comunicacao
 
Enem competências para a redação
Enem   competências para a redaçãoEnem   competências para a redação
Enem competências para a redação
 
Linguagem Oral e Escrita
Linguagem Oral e EscritaLinguagem Oral e Escrita
Linguagem Oral e Escrita
 
Publicidade[1]
Publicidade[1]Publicidade[1]
Publicidade[1]
 
Persuasão
PersuasãoPersuasão
Persuasão
 
Slides sobre reportagem
Slides sobre reportagemSlides sobre reportagem
Slides sobre reportagem
 
Texto Argumentativo
Texto Argumentativo Texto Argumentativo
Texto Argumentativo
 
Linguagem, língua, escrita e oralidade
Linguagem, língua, escrita e oralidadeLinguagem, língua, escrita e oralidade
Linguagem, língua, escrita e oralidade
 
Lógica filosófica
Lógica filosóficaLógica filosófica
Lógica filosófica
 
Diferença entre tese e argumento
Diferença entre tese e argumentoDiferença entre tese e argumento
Diferença entre tese e argumento
 
2 teoria do conhecimento
2 teoria do conhecimento 2 teoria do conhecimento
2 teoria do conhecimento
 
Conhecimento Científico - Popper
Conhecimento Científico - PopperConhecimento Científico - Popper
Conhecimento Científico - Popper
 
Resumo e Síntese
Resumo e SínteseResumo e Síntese
Resumo e Síntese
 
Elementos da comunicação e funções da linguagem
Elementos da comunicação e funções da linguagemElementos da comunicação e funções da linguagem
Elementos da comunicação e funções da linguagem
 
Recursos Estilísticos Todos Os Recursos
Recursos Estilísticos Todos Os RecursosRecursos Estilísticos Todos Os Recursos
Recursos Estilísticos Todos Os Recursos
 

Andere mochten auch

T 2002 teste de avaliação
T 2002 teste de avaliaçãoT 2002 teste de avaliação
T 2002 teste de avaliação
mluisavalente
 
T 2003 teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científico
T 2003   teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científicoT 2003   teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científico
T 2003 teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científico
mluisavalente
 
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Jorge Barbosa
 
Filosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e DemocraciaFilosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e Democracia
atamenteesas
 
Argumentação, Retórica e Filosofia - 1
Argumentação, Retórica e Filosofia - 1Argumentação, Retórica e Filosofia - 1
Argumentação, Retórica e Filosofia - 1
Jorge Barbosa
 
Demonstração/Argumentação
Demonstração/ArgumentaçãoDemonstração/Argumentação
Demonstração/Argumentação
112114
 
A arte de argumentar
A arte de argumentarA arte de argumentar
A arte de argumentar
mayronl
 

Andere mochten auch (20)

Demonstração e argumentação
Demonstração e argumentaçãoDemonstração e argumentação
Demonstração e argumentação
 
T 2004
T 2004T 2004
T 2004
 
T 2002 teste de avaliação
T 2002 teste de avaliaçãoT 2002 teste de avaliação
T 2002 teste de avaliação
 
T 2003 teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científico
T 2003   teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científicoT 2003   teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científico
T 2003 teste de avaliação - 11º ano - conhecimento científico
 
A importância da argumentação
A importância da argumentaçãoA importância da argumentação
A importância da argumentação
 
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
 
Filosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e DemocraciaFilosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e Democracia
 
Argumentos de autoridade
Argumentos de autoridadeArgumentos de autoridade
Argumentos de autoridade
 
Argumentação, Retórica e Filosofia - 1
Argumentação, Retórica e Filosofia - 1Argumentação, Retórica e Filosofia - 1
Argumentação, Retórica e Filosofia - 1
 
Tipos de argumentos indutivos
Tipos de argumentos indutivosTipos de argumentos indutivos
Tipos de argumentos indutivos
 
Falácias Informais - Filosofia e retórica
Falácias Informais - Filosofia e retóricaFalácias Informais - Filosofia e retórica
Falácias Informais - Filosofia e retórica
 
Plano filosofia 11 2017 2018
Plano filosofia 11 2017 2018Plano filosofia 11 2017 2018
Plano filosofia 11 2017 2018
 
A noção de validade dedutiva
A noção de validade dedutivaA noção de validade dedutiva
A noção de validade dedutiva
 
Falácias Informais - Filosofia
Falácias Informais - FilosofiaFalácias Informais - Filosofia
Falácias Informais - Filosofia
 
Argumentação
ArgumentaçãoArgumentação
Argumentação
 
Demonstração/Argumentação
Demonstração/ArgumentaçãoDemonstração/Argumentação
Demonstração/Argumentação
 
A arte de argumentar
A arte de argumentarA arte de argumentar
A arte de argumentar
 
Descartes
DescartesDescartes
Descartes
 
Kant
KantKant
Kant
 
EMOÇÕES
EMOÇÕESEMOÇÕES
EMOÇÕES
 

Ähnlich wie ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA

Redação: Texto dissertivo-argumentativo
Redação: Texto dissertivo-argumentativoRedação: Texto dissertivo-argumentativo
Redação: Texto dissertivo-argumentativo
7 de Setembro
 

Ähnlich wie ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA (20)

2 argumentaoeretrica-121111133751-phpapp02
2 argumentaoeretrica-121111133751-phpapp022 argumentaoeretrica-121111133751-phpapp02
2 argumentaoeretrica-121111133751-phpapp02
 
Retorica
RetoricaRetorica
Retorica
 
Argumentação e retórica
Argumentação e retóricaArgumentação e retórica
Argumentação e retórica
 
Ethos
EthosEthos
Ethos
 
Argumentação e retórica trb grupo filosofia
Argumentação e retórica  trb grupo filosofiaArgumentação e retórica  trb grupo filosofia
Argumentação e retórica trb grupo filosofia
 
Regência no 3 e 4
Regência no 3 e 4Regência no 3 e 4
Regência no 3 e 4
 
Ethos_pathos_logos
Ethos_pathos_logosEthos_pathos_logos
Ethos_pathos_logos
 
Estratégias de persuasão
Estratégias de persuasãoEstratégias de persuasão
Estratégias de persuasão
 
Falando para Persuadir
Falando para PersuadirFalando para Persuadir
Falando para Persuadir
 
Argumentação e retórica
Argumentação e retóricaArgumentação e retórica
Argumentação e retórica
 
Minicurso Enletrate 2015
Minicurso Enletrate 2015Minicurso Enletrate 2015
Minicurso Enletrate 2015
 
Práticas Articuladas 20-04.pptx
Práticas Articuladas 20-04.pptxPráticas Articuladas 20-04.pptx
Práticas Articuladas 20-04.pptx
 
Argumentação
ArgumentaçãoArgumentação
Argumentação
 
PARTE 1- 1 - 153.pdf
PARTE 1- 1 - 153.pdfPARTE 1- 1 - 153.pdf
PARTE 1- 1 - 153.pdf
 
Redação: Texto dissertivo-argumentativo
Redação: Texto dissertivo-argumentativoRedação: Texto dissertivo-argumentativo
Redação: Texto dissertivo-argumentativo
 
<title> Retórica - Discurso e Argumentação </title>
<title> Retórica  - Discurso e Argumentação </title><title> Retórica  - Discurso e Argumentação </title>
<title> Retórica - Discurso e Argumentação </title>
 
Recursos retóricos
Recursos retóricosRecursos retóricos
Recursos retóricos
 
Texto Dissertativo-Argumentativo
Texto Dissertativo-ArgumentativoTexto Dissertativo-Argumentativo
Texto Dissertativo-Argumentativo
 
Argumentação e Retórica - Filosofia
Argumentação e Retórica - FilosofiaArgumentação e Retórica - Filosofia
Argumentação e Retórica - Filosofia
 
Retórica
Retórica Retórica
Retórica
 

Mehr von norberto faria (12)

10.psicologia aplicada
10.psicologia aplicada10.psicologia aplicada
10.psicologia aplicada
 
3. freud psicanálise
3. freud   psicanálise3. freud   psicanálise
3. freud psicanálise
 
2. freud e o inconsciente
2. freud e o inconsciente2. freud e o inconsciente
2. freud e o inconsciente
 
Psicoterapias
PsicoterapiasPsicoterapias
Psicoterapias
 
Teste de rorschach
Teste de rorschachTeste de rorschach
Teste de rorschach
 
Hume
HumeHume
Hume
 
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIAARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
 
Percepção
PercepçãoPercepção
Percepção
 
Relações precoces
Relações precocesRelações precoces
Relações precoces
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
Cérebro
CérebroCérebro
Cérebro
 
Psicologia-Genética
Psicologia-GenéticaPsicologia-Genética
Psicologia-Genética
 

ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA

  • 2. LÓGICA INFORMAL • Todos os dias utilizamos o discurso para levar os nossos interlocutores a aderir às nossas opiniões – chamamos a isto comunicação argumentativa. • Estamos no domínio da lógica informal, mais centrada nos efeitos da comunicação do que na validade formal dos argumentos.
  • 3. LÓGICA INFORMAL • Retórica é o domínio da lógica informal que estuda a arte de falar com eloquência. • A retórica surgiu na antiga Grécia, ligada à democracia e em particular à necessidade de preparar os cidadãos para uma intervenção ativa no Governo da cidade. ―Rector‖ era a palavra grega que significava ―orador‖, o político.
  • 4. Lógica formal ou dedutiva Lógica informal ou não dedutiva YOUR TOPIC GOES HERE Objetivo: Estudo dos aspetos formais da Objetivo: Estudo dos aspetos concretos da argumentação. argumentação. Distingue argumentos válidos de inválidos Distingue graus de força dos argumentos. quanto à forma lógica. Válido na linguagem da lógica informal significa forte. Inválido significa fraco. Se a forma do argumento é válida, então Um argumento forte com premissas premissas verdadeiras justificam e garantem verdadeiras justifica, mas não garante a conclusões verdadeiras. verdade da conclusão. O estudo da validade prescinde de referências O estudo da validade dos argumentos não ao conteúdo das proposições e ao contexto da prescinde de referências ao conteúdo das argumentação. proposições e ao contexto da argumentação.
  • 6. DEMONSTRAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO 1. Se o Mar Mediterrâneo for água, é H20. O Mar Mediterrâneo é água. Logo, é H20. 2. Se os animais não têm deveres, não têm direitos. Os animais não têm deveres. Logo, não têm direitos. No argu-mento 1, trata-se de verdades estabelecidas, que ninguém põe em causa. Mas a primeira premissa do argumento 2 é muitíssimo disputável. Até pode ser verdadeira, mas não é uma verdade solidamente estabelecida e amplamente reconhecida como tal. Aristóteles diria que o primeiro é um raciocínio analítico ou demonstrativo e o segundo um raciocínio dialético, ou argumentativo.
  • 7. DEMONSTRAÇÃO ARGUMENTAÇÃO  É rígida e aplica-se nas ciências  É flexível e utiliza-se nas lógico – dedutivas. ciências sociais e humanas.  Serve-se de uma linguagem  Usa a linguagem natural, simbólica e apoia-se na lógica informal – polivalente. formal – bivalente.  Parte de proposições verosímeis  Parte de proposições e chega e conclusões prováveis. consideradas verdadeiras para chegar a conclusões igualmente verdadeiras.  É pessoal e contextualizada.  É impessoal e independente do contexto.
  • 8. DEMONSTRAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO • A argumentação trata de questões éticas, jurídicas ou politicas. • Procura-se o mais verosímil ou provável. • Na ausência de verdade, procura-se a adesão do interlocutor ou do auditório, tentando persuadir, convencer (retórica).
  • 10. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS Na sua obra sobre a retórica, Aristóteles distinguiu três formas de argu-mentação: • A argumentação baseada no carácter (ethos) do orador; • A argumentação baseada no estado emocional (pathos) do auditório; • A argumentação baseada no argumento (logos) propriamente dito.
  • 11. O ETHOS • O orador persuade por intermédio do carácter moral, do ethos, quando é visto pelo auditório como alguém que inspira confiança. • Para isso, é preciso que o discurso crie no auditório uma imagem do orador como pessoa prudente, virtuosa e benevolente.
  • 12. O ETHOS «Persuade-se pelo carácter quando o discurso é proferido de tal maneira que deixa a impressão de o orador ser digno de fé. Pois acreditamos mais e bem mais depressa em pessoas honestas, em todas as coisas em geral, mas sobretudo nas de que não há conhecimento exato e que deixam margem para dúvida. É, porém, necessário que esta confiança seja resultado do discurso e não de uma opinião prévia sobre o carácter do orador; pois não se deve considerar sem importância para a persuasão a probidade do que fala (…), mas quase se poderia dizer que o carácter é o principal meio de persuasão.» Aristóteles, Retórica, 1356a
  • 13. O PATHOS • Para ser persuasivo, o orador deve procurar suscitar sentimentos e emoções no auditório que o predisponham de forma favorável para a tese que defende.
  • 14. O PATHOS • O apelo à popularidade ou à maioria é uma forma de argumento que explora sentimentos da audiência para a fazer adotar o ponto de vista de quem fala.
  • 15. O PATHOS • Os argumentos ad populum não são, com propriedade, argumentos, mas estratagemas para despertar e manipular as emoções, desejos e paixões da maioria das pessoas. • E, como se sabe, o apelo aos sentimentos é, em muitos casos, o caminho mais eficaz – e curto – para persuadir um auditório.
  • 16. O PATHOS • O apelo à piedade (ad misericordiam) acontece quando alguém argumenta recorrendo a sentimentos de piedade e de compreensão por parte da audiência de modo que a conclusão ou afirmação defendida seja aprovada.
  • 17. O LOGOS • Conjunto de argumentos organizados de modo a persuadir. Hoje designa o medium (meio - palavra ou imagem) que transmite a mensagem. Refere a racionalidade dos argumentos e o tipo e a estrutura dos discursos
  • 18. ETHOS PATHOS LOGOS YOUR TOPIC GOES HERE  Centrado na figura do  Centrado no auditório.  Centrado na tese. orador. Este deve ter Este deve ser Deve ser bem caráter, ser virtuoso e emocionalmente estruturada, sob o • Your credível, paraSubtopic Goes Here e impressionado ponto de vista lógico- conseguir a confiança seduzido. argumentativo, para do auditório. ser clara e bem  O auditório tem a compreendida.  O orador não deve ser tendência a deixar-se arrogante, influenciar não apenas  O orador deve apresentando-se como pelo caráter racional selecionar argumentos, dono da verdade. dos argumentos, mas antecipar objeções à também pelos tese e procurar  Deve aparecer como sentimentos que lhe recursos estilísticos. alguém moderado, leal são despertados. e responsável. Existe uma relação estreita entre o logos, o ethos e o pathos, uma vez que as emoções (pathos) que o discurso (logos) do orador suscita no auditório têm um papel importante na construção da imagem que este faz do carácter (ethos) do orador e, desse modo, da sua capacidade de persuasão.
  • 20. EXERCÍCIOS 1. Em que consiste argumentar? 2. O que se pretende ao argumentar? 3. O que é o «auditório»? 4. Demonstrar uma ideia e argumentar a favor de uma ideia são a mesma coisa ou coisas diferentes? 5. Segundo Aristóteles, quais são as três formas de argumentação?
  • 21. EXERCÍCIOS - CORREÇÃO 1. Em que consiste argumentar? Argumentar é apresentar argumentos de forma organizada. 2. O que se pretende ao argumentar? O objetivo é conseguir a adesão do auditório. 3. O que é o «auditório»? O auditório são as pessoas a quem nos dirigimos. Os meios para se fazer chegar ao auditório o que pensamos são vários: falando diretamente com as pessoas, ou através da rádio ou da televisão (nestes casos, o auditório são as pessoas que nos escutam), escrevendo (aqui, o auditório é quem nos lê), etc.
  • 23. EXERCÍCIOS - CORREÇÃO 5. Segundo Aristóteles, quais são as três formas de argumentação? De acordo com a classificação de Aristóteles, as três formas de argumentação são as seguintes: a argumentação baseada no carácter (ethos) do orador, a argumentação baseada no estado emocional (pathos) do auditório e a argumentação baseada no argumento (logos) propriamente dito.
  • 24. EXERCÍCIOS - CORREÇÃO Nas frases seguintes, assinale com E as que se referem ao Ethos, com P as que se reportam ao Pathos e com L as que têm a ver com o Logos. 1. Atenção dada ao orador. 2. Evidência naquilo que o orador diz e como diz. 3. Sentimentos provocados nos ouvintes. 4. Estrutura argumentativa segundo um plano adequado. 5. Credibilidade do sujeito que fala. 6. Ponderação, racionalidade e lealdade. 7. Figuras de estilo. 8. Carácter do emissor. 9. Discurso com ritmo. 10. Ênfase posta no auditório. 11. Discurso argumentativo. 12. Público predisposto a emocionar-se. 13. Ser afetado na sensibilidade. 14. O que o orador proclama.
  • 25. EXERCÍCIOS- CORREÇÃO Nas frases seguintes, assinale com E as que se referem ao Ethos, com P as que se reportam ao Pathos e com L as que têm a ver com o Logos. 1. Atenção dada ao orador. E 2. Evidência naquilo que o orador diz e como diz. L 3. Sentimentos provocados nos ouvintes. P 4. Estrutura argumentativa segundo um plano adequado. L 5. Credibilidade do sujeito que fala. E 6. Ponderação, racionalidade e lealdade. E 7. Figuras de estilo. L 8. Carácter do emissor. E 9. Discurso com ritmo. L 10. Ênfase posta no auditório. P 11. Discurso argumentativo. L 12. Público predisposto a emocionar-se. P 13. Ser afectado na sensibilidade. P 14. O que o orador proclama. L
  • 27. ARGUMENTOS INFORMAIS • Os argumentos informais válidos são argumentos em que a verdade das premissas é razão suficientemente forte para acreditarmos na verdade da conclusão. • Ao contrário da lógica formal a lógica informal tem necessariamente de atender ao conteúdo das premissas. • Concluímos que um argumento é forte quando pensamos que muito provavelmente a realidade não vai negar a conclusão.
  • 28. ARGUMENTOS INDUTIVOS • Nunca nevou em Sevilha. • Logo, quando este Inverno for a Sevilha, não verei neve. • Analisemos a premissa: esta diz-nos que, até à data, não caiu neve em Sevilha, nem uma única vez. • A conclusão diz-nos que, num futuro próximo, irei a Sevilha e que não verei neve nessa cidade. • Como é muito provável que a conclusão seja verdadeira, o argumento é indutivamente válido, ou seja, forte. • Generalizações e previsões são tipos de argumentos indutivos.
  • 29. ARGUMENTOS INDUTIVOS GENERALIZAÇÕES • As generalizações são argumentos em que a conclusão acerca de um grupo de objetos é estabelecida observando uma amostra desse grupo de objetos. A generalização consiste em atribuir a todos os casos possíveis de certo tipo aquilo que se verificou em alguns casos desse tipo. • Exemplo: • Cada um dos cães que observei até hoje ladrava. • Logo, todos os cães ladram.
  • 30. ARGUMENTOS INDUTIVOS GENERALIZAÇÕES • A generalização não garante que a sua conclusão é verdadeira. • Como a conclusão é mais geral do que a premissa, a generalização não pode garantir que um dos casos por observar não venha a refutar a conclusão. • O máximo que conseguimos com este tipo de argumento é legitimidade para tratar a conclusão como sendo muito provável.
  • 31. ARGUMENTOS INDUTIVOS REGRAS DAS GENERALIZAÇÕES Regra 1. A amostra deve ser ampla. Quanto maior for a amostra observada mais forte o argumento será. Regra 2. A amostra deve ser relevante ou representativa. Uma amostra relativamente grande pode ser a base de uma generalização mais fraca do que outra baseada numa amostra menor que contenha informação mais relevante. Regra 3. A amostra não deve omitir informação relevante. Um argumento, mesmo sendo baseado numa amostra ampla e relevante, será fraco se omitir informação relevante.
  • 32. ARGUMENTOS INDUTIVOS PREVISÕES As previsões são argumentos em que as premissas se baseiam em casos passados e a conclusão se refere a casos particulares ainda não observados. Exemplo: Todos os 27 feijões que retirei deste saco são brancos. Logo, o próximo feijão que retirar deste saco é branco.
  • 33. FALÁCIAS INDUTIVAS FALÁCIA DA GENERALIZAÇÃO PRECIPITADA Esta falácia ocorre quando uma generalização se baseia num número muito limitado de casos. São exemplos de generalização precipitada: • concluir, após uma experiência amorosa falhada, que "as mulheres são a nossa desgraça"; • concluir que as bebidas alcoólicas são prejudiciais porque um familiar morreu devido ao abuso de álcool; • concluir que a marijuana é saudável por ser usada no tratamento de algumas doenças;
  • 34. FALÁCIAS INDUTIVAS POST HOC - «DEPOIS DISSO, POR CAUSA DISSO» OU FALÁCIA DA FALSA CAUSA Trata-se de um argumento segundo o qual apenas por um facto se seguir a outro se conclui que o primeiro é causa do segundo. O exemplo seguinte é um caso extremo desta falácia: • Tanto quanto observei, as pessoas que se curaram das constipações não deixaram de beber água durante uma constipação. • Logo, beber água cura constipações.
  • 35. ARGUMENTOS POR ANALOGIA O argumento por analogia atribui uma propriedade a um acontecimento ou objeto por tal propriedade se ter verificado em algum objeto ou acontecimento semelhante. Como este cão é muito semelhante ao do Miguel, também deve morder sem razão aparente. Neste argumento, usam-se as semelhanças entre o cão do Miguel e o cão sob observação para justificar a atribuição ao segundo da propriedade de «morder sem razão aparente», já verificada no primeiro.
  • 36. ARGUMENTOS POR ANALOGIA Como é frequente em contextos práticos, o argumento apenas declara que existem semelhanças. Se estas fossem explicitadas, obtínhamos um argumento com este aspeto: • O cão do Miguel é semelhante a este em raça, porte e olhar nervoso. • O cão do Miguel morde sem razão aparente. • Logo, este cão morde sem razão aparente.
  • 37. ARGUMENTOS POR ANALOGIA REGRAS DA ANALOGIA Regra 1. A amostra deve ser suficiente. Regra 2. O número de semelhanças deve ser suficiente. Regra 3. As semelhanças verificadas devem ser relevantes.
  • 38. ARGUMENTO DE APELO À AUTORIDADE Num argumento de apelo à autoridade declara-se que a conclusão é verdadeira pelo facto de uma pessoa ou organização tidas por autoridades no assunto a declararem verdadeira. Exemplos: • Figo recomenda o uso de gás natural. • Segundo um estudo da ONU a fome aumentou no mundo.
  • 39. REGRAS DO ARGUMENTO DE APELO À AUTORIDADE Regra 1. As pessoas ou organizações citadas têm de ser reconhecidos especialistas nas matérias em questão. Defender o uso de uma vacina por recomendação da Organização Mundial de Saúde é justificado. Mas defender a pena de morte ou o consumo da cerveja Alpha por recomendação de um famoso futebolista parece uma clara violação desta regra. A tradição designou esta falácia por ad verecundiam – apelo a uma autoridade não qualificada. Regra 2. Deve haver consenso entre os especialistas sobre as matérias em questão. Se não há consenso entre os especialistas, não faz sentido citar um especialista para provar uma afirmação.
  • 41. EXERCÍCIOS 1. O que são induções? 2. O que distingue a generalização da previsão? 3. Como se avaliam generalizações e previsões? 4. O que é um argumento por analogia? 5. Como se avalia um argumento por analogia? 6. O que é um argumento de autoridade? 7. Como se avalia um argumento de autoridade?
  • 42. EXERCÍCIOS- CORREÇÃO 1. O que são induções? • Induções são argumentos não dedutivos em que, a partir de alguns casos se infere uma conclusão que se pretende ser verdadeira para caso(s) do mesmo género. As induções são de dois tipos: a generalização e a previsão. 2. O que distingue a generalização da previsão? • O que as distingue é o seguinte: na generalização, parte-se do que é verdadeiro para um conjunto de casos particulares e conclui-se que também o é para todos os casos em geral (Ex: Todos os corvos observados até hoje são pretos; logo, todos os corvos são pretos); na previsão, parte-se de um conjunto de casos ocorridos no passado e conclui-se que o mesmo se verificará no futuro, em relação a um determinado caso particular (Ex: No passado, o sol nasceu todos os dias; portanto, o sol vai nascer amanhã).
  • 43. EXERCÍCIOS- CORREÇÃO 3. Como se avaliam generalizações e previsões? • Há duas regras fundamentais a que a generalização e a previsão têm de obedecer: 1) O número de casos em que se baseiam tem de ser representativo e 2) não pode haver contra-exemplos. No exemplo acima apresentado, a generalização é válida, porque respeita as duas regras. Quando generalizamos a partir de um número não representativo de casos incorremos na falácia da generalização precipitada. • Quanto às previsões, a «prova dos nove» é a confrontação com a realidade. Antes disso, porém, podemos sempre avaliar se a regra 1) foi respeitada. Para além disso, é importante verificar se a previsão não é excessivamente vaga; se tal acontecer, isso pode significar que a vagueza é intencional, provavelmente com o objetivo de evitar contra-exemplos demolidores. As «previsões» astrológicas utilizam abundantemente este «truque» …
  • 44. EXERCÍCIOS - CORREÇÃO 4. O que é um argumento por analogia? • Nos argumentos por analogia raciocina-se do seguinte modo: se o que estamos a comparar é semelhante em alguns aspetos, também o será noutros. Por exemplo: «Na Natureza tudo funciona de maneira organizada, como uma máquina. Todas as máquinas foram criadas por alguém. Logo, a Natureza foi criada por alguém». 5. Como se avalia um argumento por analogia? Ao avaliarmos um argumento por analogia deveremos perguntar três coisas: 1) As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão? 2) A comparação tem por base um número razoável de semelhanças? 3) Apesar das semelhanças, não haverá diferenças fundamentais entre o que está a ser comparado? • No exemplo dado, embora possamos aceitar que são cumpridos os critérios 1) e 2), verificamos que tal não acontece com o critério 3), já que há uma diferença fundamental, que é a seguinte: enquanto que uma máquina é um ser artificial (e, portanto, teve de ser criado por alguém) a Natureza é algo de natural, pelo que é muito discutível concluir-se que teve de ser criada por alguém. Este argumento por analogia é, por isso, um argumento fraco.
  • 45. EXERCÍCIOS- CORREÇÃO 6. O que é um argumento de autoridade? O argumento de autoridade é um argumento em que a conclusão se apoia no depoimento de alguém tido como autoridade no assunto. Por exemplo: «Kant defende que devemos agir sempre por dever. Logo, devemos agir sempre por dever». 7. Como se avalia um argumento de autoridade? Um bom argumento de autoridade deve obedecer aos dois critérios seguintes: 1) O especialista invocado é reconhecido como uma autoridade na matéria 2) Os especialistas não discordam entre si quanto a esse assunto Como se pode ver, o exemplo apresentado respeita o critério 1), mas não o critério 2). Tal sucede quase sempre em Filosofia: uma vez que os especialistas raramente estão de acordo, os argumentos de autoridade em Filosofia são, em princípio, maus argumentos. Nestes casos, estamos na presença do apelo falacioso à autoridade.
  • 47. FALÁCIAS INFORMAIS • Num processo argumentativo é relativamente frequente um ou mais dos interlocutores recorrerem a raciocínios que escondem vícios e fragilidades que decorrem, não da forma do raciocínio, mas do seu conteúdo, cometendo assim falácias informais. • Aquele que for capaz de detetar esses vícios e de se defender deles encontrar-se-á numa posição vantajosa.
  • 48. FALSO DILEMA OU FALSA DICOTOMIA É dado um limitado número de opções (na maioria dos casos apenas duas), quando de facto há mais. O falso dilema é um uso ilegítimo do operador "ou". Pôr as questões ou opiniões em termos de "ou sim ou sopas" gera, com frequência (mas nem sempre), esta falácia. Exemplos: • Ou concordas comigo ou não. (Porque se pode concordar parcialmente.) • Reduz-te ao silêncio ou aceita o país que temos. (Porque uma pessoa tem o direito de denunciar o que entender.) • Ou votas no Silveira ou será a desgraça nacional. (Porque os outros candidatos podem não ser assim tão maus.) • Uma pessoa ou é boa ou é má. (Porque muitas pessoas são apenas parcialmente boas.)
  • 49. DERRAPAGEM OU BOLA DE NEVE • Neste tipo de argumento, premissas apenas prováveis são enunciadas como se fossem certas, escondendo assim o facto de que a conclusão é necessariamente menos provável do que cada uma das suas premissas. • Na verdade, a probabilidade de uma série de acontecimentos é sempre menor do que a probabilidade de cada acontecimento. Exemplo: • Se beberes um copo de vinho, vais beber dois. • Se beberes dois copos de vinho, vais beber três. • Se beberes três copos de vinho, vais beber quatro. • Logo, se beberes um copo de vinho, vais tornar-te alcoólico.
  • 50. FALÁCIA DA COMPOSIÇÃO A falácia da composição consiste em atribuir ao todo propriedades que apenas dizem respeito às partes. Exemplo 1 • Cada um dos jogadores daquela equipa é muito bom. Logo, aquela equipa é muito boa. Exemplo 2 • As células não têm consciência. • Logo, o cérebro, que é feito de células, não tem consciência.
  • 51. FALÁCIA DA DIVISÃ0 A falácia da divisão consiste em atribuir a uma das partes propriedades que apenas dizem respeito ao todo. Exemplo 1 A equipa x é muito boa. O João joga na equipa x. Logo, o João é muito bom jogador. Exemplo 2 A Mercedes produz bons carros. O meu carro é um Mercedes. Logo, o meu carro é muito bom.
  • 52. PETIÇÃO DE PRINCÍPIO OU ARGUMENTO CIRCULAR Um argumento circular consiste em pretender provar uma conclusão tendo, como premissa, a própria conclusão. Dito de outra maneira: supõe-se como já provado ou consensual aquilo que se quer provar. «A Ford Motor Company produz os melhores automóveis dos EUA. Sabemos que produzem os melhores carros porque têm os melhores engenheiros. A razão pela qual têm os melhores engenheiros é a de poderem pagar-lhes mais do que os outros produtores. Obviamente, podem pagar-lhes mais porque produzem os melhores carros dos EUA.»
  • 53. APELO À IGNORÂNCIA (AD IGNORANTIAM) Esta falácia ocorre quando se argumenta que uma proposição é verdadeira porque não foi provado que é falsa ou falsa porque não foi provado que é verdadeira. Exemplos: Ninguém provou que Deus existe. Logo, Deus não existe. Ninguém provou que Deus não existe. Logo, Deus existe. Os extraterrestres existem. Ninguém provou o contrário.
  • 54. CONTRA A PESSOA (AD HOMINEM) Ataca-se a pessoa que apresentou um argumento e não o argumento que foi apresentado. Formas mais habituais: • Ataque ao carácter da pessoa. • Referem-se circunstâncias relativas à pessoa. • Invoca-se o facto de a pessoa não praticar o que diz. Exemplos: • É natural que concordes com o congelamento dos salários. És rico. • Dizes que eu não devo beber, mas tu andas sempre nos ―copos‖...
  • 55. PERGUNTA COMPLEXA Dois tópicos sem relação, ou de relação duvidosa, são conjugados e tratados como uma única proposição. Pretende-se que o auditório aceite ou rejeite ambas quando, de facto, uma pode ser aceitável e a outra não. Trata-se de um uso abusivo do operador "e". Exemplos: Deves apoiar a educação familiar e o Direito, dado por Deus, de os pais educarem os filhos de acordo com as suas crenças. Apoias a liberdade e o direito de andar armado? Já deixaste de fazer vendas ilegais? (São duas questões: já cometeste ilegalidades? Já te deixaste disso?)
  • 56. APELO À FORÇA (AD BACULUM) O auditório é informado das consequências desagradáveis que se seguirão à discordância com o autor. Exemplos: • É melhor admitires que a nova orientação da empresa é a melhor — se pretendes manter o emprego. • A NAFTA é um erro! E se não votares contra a NAFTA, então "votamos-te" para fora do escritório.
  • 57. APELO À PIEDADE (AD MISERCORDIAM) Apela-se ao sentimento de piedade para se conseguir a aprovação de uma conclusão. Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor. Exemplos: • Como pode dizer que eu reprovo? Eu estava mais perto da positiva e, além disso, estudei 16 horas por dia. • Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.
  • 58. APELO ÀS CONSEQUÊNCIAS (AD CONSEQUENTIAM) O argumentador, para "mostrar" que um argumento é falso, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua defesa. Exemplos:  Não podes aceitar que a teoria da evolução é verdadeira, porque se fosse verdadeira estaríamos ao nível dos macacos.  Deve-se acreditar em Deus, porque de outro modo a vida não teria sentido. (Talvez. Mas também é possível dizer que, como a vida não tem sentido, Deus não existe.)
  • 59. APELO A PRECONCEITOS Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição. Exemplos: • Os portugueses bem intencionados estão de acordo em plebiscitar a pena de morte. • As pessoas razoáveis concordarão com a nossa política fiscal. • O primeiro-ministro tem a veleidade de pensar que as novas taxas de juro ajudarão a diminuir o déficit. (O uso de "tem a veleidade de pensar" sugere sem argumentos que o primeiro ministro está enganado.) • Os burocratas do parlamento resistem às leis de defesa do património. (Compare-se com: "Os parlamentares rejeitaram a proposta de lei de defesa do património.")
  • 60. APELO AO POVO (AD POPULUM) Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira por ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da população. Esta falácia é, por vezes, chamada "Apelo à emoção" porque os apelos emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a população como um todo. Exemplos: • Se você fosse bela poderia viver como nós. Compre também Buty-EZ e torne-se bela. (Aqui apela-se às "pessoas bonitas") • As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, também deves votar neles. • Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então por que razão insistes nas tuas excêntricas teorias?
  • 61. ESPANTALHO OU BONECO DE PALHA O argumentador, em vez de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais fraco ou tendenciosamente interpretado. Infelizmente é uma das "técnicas" de argumentação mais usadas. Exemplos: • As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser legalizado. • Devemos manter o recrutamento obrigatório. As pessoas não querem o fazer o serviço militar porque não lhes convém. Mas devem reconhecer que há coisas mais importantes do que a conveniência.
  • 64. EXERCÍCIOS 1. Identifique as falácias cometidas e justifique a sua resposta. a) Nenhum dos meus netos gosta de Matemática. Creio que na próxima geração não teremos cientistas. b) A pena de morte está errada porque não há o direito de tirar a vida a ninguém. c) A pena de morte justifica-se para os crimes como o assassínio e o rapto, porque é legítimo e apropriado que alguém seja condenado à morte por cometer atos tão repugnantes e desumanos. d) "Com estas leis sobre o controlo de armas querem tirar-nos as nossas armas de defesa. É o que querem agora? Mas e depois o que não irão querer tirar-nos? Em breve, serão as armas de caça e as facas de mato e sabe-se lá mais o quê! Em breve teremos um Estado policial em que só o governo opressor possuirá armas. Se lhes damos um dedo, em breve quererão todo o braço. Em conclusão, ficarmos sem as nossas armas é nada mais, nada menos do que deixarmos de ser livres."
  • 65. EXERCÍCIOS e) f) As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, também deves votar neles. g) Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório. h) Ou és feliz ou infeliz. i) Se não arrumares o quarto ficas de castigo! j) Porque é que eu afirmo que Deus existe? Porque na Bíblia afirma-se que Deus existe. Ora, a Bíblia é verdadeira, uma vez que quem a escreveu estava inspirado por Deus. Portanto, Deus existe. k) As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser legalizado.
  • 66. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO a) Nenhum dos meus netos gosta de Matemática. Creio que na próxima geração não teremos cientistas. Generalização precipitada baseada num número muito limitado de casos (netos de uma pessoa). Que os netos de uma pessoa não gostem de matemática não implica que a geração a que pertencem não se interesse pela matemática e pelas ciências. b) A pena de morte está errada porque não há o direito de tirar a vida a ninguém. Estabelecer a pena de morte significa que se reconhece o direito legal de tirar a vida a alguém. Portanto, argumentar "Não há direito de tirar a vida a ninguém" é provar a conclusão tendo como premissa essa mesma conclusão, ou seja, considera-se provado o que se pretende provar. É uma petição de princípio.
  • 67. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO c) A pena de morte justifica-se para os crimes como o assassínio e o rapto, porque é legítimo e apropriado que alguém seja condenado à morte por cometer atos tão repugnantes e desumanos. A premissa e a conclusão dizem o mesmo por palavras diferentes. Com efeito, dizer que a pena de morte é "justificável" tem o mesmo sentido que dizer que é "legítimo e apropriado" aplicá-la. Trata-se de uma petição de princípio. Aqui, assume-se a conclusão que se pretende demonstrar, enunciando-a sob forma subtilmente diferente na premissa.
  • 68. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO d) "Com estas leis sobre o controlo de armas querem tirar-nos as nossas armas de defesa. É o que querem agora? Mas e depois o que não irão querer tirar-nos? Em breve, serão as armas de caça e as facas de mato e sabe-se lá mais o quê! Em breve teremos um Estado policial em que só o governo opressor possuirá armas. Se lhes damos um dedo, em breve quererão todo o braço. Em conclusão, ficarmos sem as nossas armas é nada mais, nada menos do que deixarmos de ser livres." Falácia da derrapagem ou bola de neve. É evidente que as leis sobre o controlo de armas não visam acabar com a caça nem instaurar um Estado policial que atrofie a liberdade dos cidadãos. Há uma grande diferença entre controlar a proliferação de armas e oprimir os cidadãos. Quem argumenta que a situação deslizará inevitavelmente para esse extremo está a ser falacioso. Se seguíssemos a lógica deste pseudo-argumento, quem come uma batata frita comerá todo o pacote; quem comece a fumar será sempre um fumador.
  • 69. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO e) Apelo à piedade (argumentum ad misercordiam). Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor (Help), isto é, apelando a sentimentos de piedade ou compaixão. f) As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, também deves votar neles. Apelo ao povo (argumentum ad populum). Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira (liberais vão vencer) por ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da população (a maioria da população)
  • 70. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO g) Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório. Apelo à piedade. Apela-se à compaixão e não à razão, isto é, pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor (trabalhou desalmadamente). h) Ou és feliz ou infeliz. Falsa Dicotomia. São apresentadas apenas duas alternativas mas de facto há mais, não estar feliz nem infeliz. i) Se não arrumares o quarto ficas de castigo! Apelo à força (argumentum ad baculum). Pretende-se persuadir alguém pela força (ficar de castigo) e não pelos argumentos
  • 71. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO j) Porque é que eu afirmo que Deus existe? Porque na Bíblia afirma-se que Deus existe. Ora, a Bíblia é verdadeira, uma vez que quem a escreveu estava inspirado por Deus. Portanto, Deus existe. Petição de princípio. Conclui-se que Deus existe com base na Bíblia e aceita-se o que é afirmado na Bíblia com o argumento de que foi escrita por inspiração de Deus. Ou seja: a conclusão («Deus existe») já estava aceite à partida. A premissa e a conclusão dizem o mesmo por palavras diferentes, ou seja, considera-se provado o que se pretende provar.
  • 72. EXERCÍCIOS -CORREÇÃO k) As pessoas que querem legalizar o aborto, querem prevenção irresponsável da gravidez. Mas nós queremos uma sexualidade responsável. Logo, o aborto não deve ser legalizado. Falácia do espantalho ou boneco de palha. O “argumentador”, em vez de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais fraco ou tendenciosamente interpretado (prevenção irresponsável da gravidez). Como é evidente as pessoas que são a favor do aborto não defendem a prevenção irresponsável da gravidez.
  • 73. FIM