Este documento discute conceitos-chave relacionados à ciência, tecnologia e educação no Brasil. A introdução destaca a complexidade dos temas e a necessidade de escolher um foco. O documento então se concentra no progresso técnico, discutindo sua relação com a ciência, fatores que afetam sua velocidade e direção, e a questão da difusão tecnológica.
1. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
Ciência, Tecnologia e
Desenvovimento
2. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
2
Introdução
• Tratar de ciência, tecnologia e educação em uma
disciplina de um curso de especialização é certamente
um grande desafio. Tratar destes temas com referência
ao Brasil, é um desafio maior ainda.
• As razões são várias: a amplitude de cada tema, sua
multidimensionalidade, os problemas complexos que se
apresentam em sociedades de desenvolvimento
industrial e urbano tardio, entre outras.
3. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
3
Introdução
• Além disso, são temas que apresentam uma complexa
estrutura de relações de causalidade ou de correlações, de tal
modo que é necessário escolher um fio na meada.
• Para esta disciplina, escolhemos a tecnologia e a inovação
tecnológica como ponto de partida. Esta escolha pode ser
atribuída ao enfoque econômico que orienta a nossa
abordagem.
4. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
4
Introdução
• Ao longo dos últimos 30 anos, o progresso técnico e
o “fator” tecnologia (junto com temas a ele
associados, como o “saber-fazer”, o conhecimento e o
conceito de “capital humano”) ganhou cada vez mais
centralidade nos esforços e nas conclusões das
investigações sobre o desenvolvimento econômico,
sobre as desigualdades entre países e regiões, sobre o
padrão de vida das populações, sobre o ritmo de
crescimento econômico de cada país e sobre a
competitividade de segmentos produtivos e empresas
nos mercados doméstico e internacional.
5. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
5
Introdução
• Pode-se dizer também que o tema da sustentabilidade
dos sistemas sócio-produtivo-ambiental (cada vez mais
presente nas esferas das discussões acadêmicas e
políticas) também coloca a tecnologia no “centro das
atenções”.
6. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
6
1. Ciência e Tecnologia: introdução e
conceitos básicos
7. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
7
Progresso técnico e sua relação com a ciência
Como definir progresso técnico, algo que envolve múltiplos aspectos
e formas?
• Progresso técnico refere-se a um conjunto de conhecimentos que
se refletem em:
1) capacidade de produzir uma maior quantidade de um
determinado produto com as mesmas quantidades de
recursos (por exemplo, horas de trabalho, quantidade de
insumo energético, matérias-primas e insumos)
2) Capacidade de produzir novos produtos com qualidade
superior
8. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
8
Progresso técnico
Exemplos
(1) Compressores para refrigeradores, agricultura
mecanizada, Cirurgia videolaparoscópica utilização de
fertilizantes e adubos, sistemas mais velozes de injeção
de plástico para a produção de solados, sistemas
eletrônicos/digitais de arquivamento de dados,
miniaturização de telefones celulares;
(2) Telefonia móvel, aparelhos e instrumentos para cirurgia
videolaparoscópica, miniaturização de telefones
celulares, impressoras digitais a laser, energia nuclear,
automóvel.
9. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
9
Progresso técnico
• Embora historicamente muitos economistas tenham tratado
o progresso técnico como um vetor de redução de custos
(introdução de novos processos reduzem os custos de
produção de um produto inalterado), é provável que o
impacto maior do progresso técnico provenha da sua
dimensão de inovação em produto e nos aspectos
qualitativos da produção.
10. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
10
Progresso técnico
• Muitos processos inovadores correspondem à
produção de novos produtos nos setores de bens de
capital
• A ocorrência de crescimento acelerados nas
economias industrializadas decorre de modificações
contínuas na composição do produto industrial e dos
novos produtos introduzidos.
Simon Kuznets foi um dos pioneiros
no tratamento das questões do
crescimento a longo prazo e sua
relação com a tecnologia (combinando
teoria e história econômica)
11. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
11
Progresso técnico
• As baixas elasticidades-renda (e
elasticidade-preço) da demanda em longo
prazo criam uma exigência: o crescimento
rápido e contínuo das economias requer a
introdução contínua de novos setores e
produtos.
12. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
12
Progresso técnico
• Joseph Schumpeter: o progresso técnico e a inovação em
produtos como elemento central na dinâmica capitalista:
flutuações econômicas, desenvolvimento e concorrência
são relacionados à tecnologia.
• A concorrência por inovação tem sua importância na
seguinte expressão de Schumpeter: “enquanto os
economistas equivocadamente tratavam do problema de
como o capitalismo administra as estruturas existentes, o
problema relevante é como ele as cria e as destrói);
Para Schumpeter, a “concorrência via
inovação” é mais importante que “via preços”;
é ela que promove os “perenes vendavais da
destruição criadora”,
13. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
13
Progresso técnico
A controvérsia “ruptura vs. continuidade”:
• A ênfase de Schumpeter: “A mudança histórica e
irreversível na maneira de fazer as coisas é o que
chamamos ‘inovação’ e que definimos como
mudanças de funções de produção que não podem
ser decompostas em etapas infinitesimais. Juntem-
se quantas diligências se quiser, mas nunca se
conseguirá obter uma ferrovia fazendo isso” (A
análise da mudança econômica, RES, 1935)
14. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
14
Progresso técnico
A controvérsia “ruptura vs. continuidade”:
• Marx: “Uma história crítica da tecnologia
mostraria quão pouco de qualquer das
invenções do século XVIII resultou do trabalho
de um único indivíduo” (O Capital)
• Estudos de história da tecnologia que suportam
um enfoque de continuidade: Strassman, Usher,
Gilfillan, Hunter, Fishlow, Holland.
15. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
15
Progresso técnico
A controvérsia hoje:
• A proposição de conceitos e distinções tais como
inovação, invenção, mudança tecnológica,
paradigma tecnológico e trajetórias tecnológicas
reduziu a relevância da controvérsia, pois a
questão da intensidade ou do caráter da mudança
passou a ser associada a um conjunto de
requisitos vinculados a cada um deste conceitos.
16. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
16
Progresso técnico
Fatores da velocidade do progresso técnico e as
diferenças entre continentes/países:
• Marx: o dinamismo tecnológico associado à
emergência histórica das instituições
capitalistas
• “A burguesia foi a primeira classe a mostrar o
que a atividade do homem é capaz de produzir.
Ela realizou maravilhas que ultrapassam de
longe as pirâmides do Egito, os aquedutos
romanos e as catedrais góticas” (Marx e
Engels, Manifesto Comunista
Mas por que o capitalismo como
veículo para o progresso técnico surge
na Europa (e não em outro lugar)?
17. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
17
Progresso técnico
Fatores da velocidade do progresso técnico e as
diferenças entre continentes/países:
• O fator religioso: Weber, White (o cristianismo
como religião antropocêntrica e como promotor
do dualismo entre homem e natureza e da
exploração desta pelo primeiro)
18. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
18
Progresso técnico
• Fatores da velocidade do progresso técnico e as diferenças
entre continentes/países:
• David Landes:
– a estrutura legal, política e institucional favorável ao
empreendimento privado e à proteção diante da
arbitrariedade, do confisco e dos privilégios da
nobreza;
– O valor atribuído à manipulação racional do meio
ambiente; a revolução científica européia;
19. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
19
Progresso técnico
Fatores da velocidade do progresso técnico e as
diferenças entre continentes/países:
• A controvérsia Europa vs. China:
– A superioridade tecnológica chinesa até o
século XV;
– A maior abertura européia para aprender
com os avanços de outras culturas (no
campo da manufatura e da ciência natural)
20. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
20
Progresso técnico
A complexa relação entre ciência e progresso técnico:
• Há um consenso de que o progresso técnico tem
se tornado cada vez mais dependente da
evolução científica;
21. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
21
Progresso técnico
A complexa relação entre ciência e progresso técnico:
• Todavia, tanto em relação ao presente quanto
ao passado, há controvérsias acerca da
intensidade desta relação;
22. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
22
Progresso técnico
A complexa relação entre ciência e progresso técnico:
• Há evidências numa e noutra direção: alguns
pesquisadores identificaram relações entre
cientistas e homens de negócio (ex, Rostow);
outros que sustentam que a erudição e a
educação formal não estavam associadas ao
progresso técnico até 1800 (ex, Hall)
23. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
23
Progresso técnico
A complexa relação entre ciência e progresso técnico:
• É importante também considerar a definição de
ciência que se adota: se é definida como
conhecimento sistematizado, inserido em uma
estrutura teórica integrada, é provável que a
ciência não tenha sido importante para o
progresso técnico até o século XX;
24. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
24
Progresso técnico
A complexa relação entre ciência e progresso
técnico:
• Mas se adotarmos uma definição mais
ampla e assentada em empirismo e
observação, então ciência e progresso
técnico estariam juntos há mais tempo ou
em todo o tempo.
25. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
25
Progresso técnico
Em geral, as evidências não permitem
descartar que:
– Tenha havido influência de inovações
tecnológicas sobre a atividade científica;
– Que haja – na acepção marxista – forças
externas (sociais e econômicas) influenciando o
caminho da ciência;
– A maioria dos historiadores da ciência, no
entanto, tenderam a tratar a ciência como
autônoma, com forças internas predominando
sobre a trajetória científica;
26. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
26
Progresso técnico
• Embora pareça cada vez mais evidente que a
pesquisa científica pode ser condicionada por
fatores sociais e econômicos, forças
endógenas e “trajetórias dependentes do
caminho” (path-dependency) são importantes
e podem se traduzir também numa relação
“simbiótica” entre ciência e progresso técnico.
27. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
27
Progresso técnico
• A direção do progresso técnico:
– É o progresso técnico direcionado para “poupar mão-de-
obra”?
– Argumentos teóricos: as decisões empresariais não são
voltadas a reduzir custos de mão-de-obra e sim custos
totais;
– Argumentos e análises de historiadores econômicos: a
tecnologia nos EUA e na Inglaterra do século XIX foi
poupadora de mão-de-obra (associada com a escassez
relativa de mão-de-obra)
28. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
28
Progresso técnico
A direção do progresso técnico:
– A aprendizagem tecnológica e a path-dependency podem
coexistir com comportamentos racionais e maximizadores
(de lucro) no processo de determinação da direção do
progresso técnico;
29. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
29
Progresso técnico
• A direção do progresso técnico:
– Outra controvérsia: o progresso técnico (invenções,
patentes, inovações) é condicionado pela demanda
(e, portanto, pela expectativa de lucro com as
inovações)? Ou é determinado exogenamente ao
sistema econômico pela oferta de novas
possibilidades tecnológicas?
30. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
30
Progresso técnico
A questão da difusão tecnológica
– No passado: a importância da migração de trabalhadores
especializados na difusão de novas tecnologias;
– Fatores institucionais: associação de classe, fornecedor de
bens de capital , cooperação técnica entre empresas (na
disseminação de informações tecnológicas)
31. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
31
Progresso técnico
A questão da difusão tecnológica
– A difusão tecnológica envolve, de um lado, a necessidade
de modificações, adaptações e melhorias, seja em relação
ao seu desenvolvimento inicial, seja no que se refere a
aplicações em outros setores e outros países
– Parece ser difícil generalizar a concepção do processo de
difusão tecnológica, pois fatores técnicos podem coexistir
com fatores econômicos, além de características culturais
ou legais (o sistema de auto-abastecimento em postos de
gasolina, por exemplo).
32. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
32
Progresso técnico
• Uma importante questão em aberto:
– Há uma proposição bastante aceita por
historiadores econômicos, segundo a qual não há
inovação isolada indispensável em uma sociedade
capaz de gerar progresso técnico rápido. Nem
mesmo a ferrovia nos Estados Unidos pode ser
considerada como indispensável (e estudos
procuraram mostrar que havia alternativas de
sistema não tão mais onerosas em relação as
ferrovias);
– Portanto, haveria uma cesta de inovações
substitutas entre si (embora imperfeitamente
substitutas).
33. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
33
Progresso técnico
• Uma importante questão em aberto:
– Mas se isto é verdadeiro, então como entender os
determinantes sociais que fazem um país ter a
inovação em primeiro lugar (ou ter uma
superioridade em um conjunto de inovações por
um largo período)?
– Segundo Rosemberg, o conhecimento sobre esta
questão ainda é rudimentar (embora nos últimos
trinta anos tenha avançado de forma significativa).
34. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
34
2. Ciência, Tecnologia e Teoria
Econômica: aspectos
históricos introdutórios
35. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
35
• Ciência e Tecnologia evoluíram separadamente na
Europa: experimentos científicos tinham um caráter
predominantemente especulativo e filosófico, sem uma
correlação elevada com o processo de mudança técnica
e produtiva (do Renascimento à Revolução Industrial)
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica:
aspectos históricos introdutórios
36. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
36
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica:
aspectos históricos introdutórios
• As inovações tecnológicas das primeiras etapas da
Revolução Industrial não eram decorrentes de
atividades desenvolvidas por cientistas e eruditos, com
alto nível de educação formal, mas sim por homens
práticos, com experiência em ramos da produção
artesanal e manufatureira (mecânica, metalurgia básica,
processamento da madeira)
37. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
37
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica:
aspectos históricos introdutórios
• Marcos do estreitamento das relações entre
Ciências e Tecnologia:
– As Escolas Politécnicas e o desenvolvimento da
tecnologia militar (a partir de Napoleão Bonaparte);
– O desenvolvimento de laboratórios de pesquisa nas
empresas, os quais usavam conhecimentos e
procedimentos científicos para o desenvolvimento
de produtos e processos de produção.
38. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
38
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
• Princípios condutores da Revolução Industrial:
– A substituição da habilidade e do esforço humano pelas
máquina;
– A introdução das fontes inanimadas de energia;
– A utilização de matérias-primas novas e mais abundantes;
O resultado da aplicação destes princípios foi o aumento
da produtividade, da renda da atividade produtiva, dos
investimentos em melhorias e mais inovações
tecnológicas (com destaque para a cadeia produtiva têxtil
e para a máquina a vapor)
39. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
39
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
• A Revolução Industrial representa um marco das
transformações no processo produtivo e das inovações
nas condições organizacionais, em um contexto de
mudanças relacionadas:
– à redução de privilégios e monopólios e a criação de
um sistema de facilidades e incentivos à iniciativa
empreendedora;
– à “governança” capitalista do processo de produção
(sistemas de putting-out e manufaturas)
– à expansão dos mercados (domésticos e externos)
40. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
40
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Até o século XIX
Coevolução do
sistema produtivo
capitalista, da
tecnologia e das
instituições
políticas e sociais
41. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
41
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
A partir do
século XIX
Coevolução do
sistema produtivo
capitalista, da
ciência, da
tecnologia, do
sistema
educacional e das
instituições políticas
e sociais
42. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
42
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
• “Os aprimoramentos na maquinaria, entretanto, não foram inventos
daqueles que usavam as máquinas. Muitos aprimoramentos foram
obra da engenhosidade de fabricantes de máquinas, quando esta
fabricação tornou-se um negócio específico; em outros casos,
foram obra de filósofos ou homens de especulação, cujo negócio
não é fazer nada mas sim observar tudo, combinando os poderes
dos mais distantes e distintos objetos. No progresso da sociedade,
filosofia ou especulação tornou-se um emprego como outro
qualquer, a principal ou única ocupação de um particular grupo de
cidadãos. Como em qualquer outra ocupação, ela também é
subdividida em ramos diferentes, ocupados por grupos diferentes
de filósofos; e esta subdivisão na filosofia, assim como em
qualquer outro negócio, aprimora a destreza e economiza tempo.
Cada indivíduo torna-se mais experiente no seu ramo específico,
mais trabalho é feito no conjunto e a quantidade de ciência é
consideravelmente ampliada”
(Adam Smith, 1776, A Riqueza das Nações)
43. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
43
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
• “É uma análise cientificamente embasada, juntamente com a aplicação de
leis da mecânica e da química, que permitem à máquina fazer o trabalho
feito inicialmente pelo operário individualmente. O desenvolvimento da
maquinaria, entretanto, somente segue este caminho após a indústria
pesada ter atingido um estágio avançado, e os ramos científicos terem sido
postos ao serviço do capital...A invenção então se torna um ramo de
negócios, sendo que a ciência passa a se aplicar à produção para
determinar novos inventos assim como ela requer também novos inventos”
(Karl Marx, 1858, Grundisse)
44. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
44
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Adam Smith
Pioneiro no reconhecimento da relação
entre mudança tecnológica e
desenvolvimento (riqueza das nações): a
divisão e especialização do trabalho e os
aprimoramentos da maquinaria
45. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
45
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
David Ricardo
Admite com Adam Smith a relação entre o
aumento do capital e o progresso técnico
com o crescimento econômico. Trata do
problema da substituição do trabalho pela
máquina e do desemprego, abordando as
condições para que não houvesse
desemprego crescente com o aumento da
produtividade e a introdução de maquinaria.
46. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
46
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Karl Marx
O capitalismo como processo evolucionário,
alimentado pela concorrência, em que o capital
é reaplicado no processo produtivo para elevar
a capacidade de expropriação da mais-valia;
A tecnologia é “endogeneizada”: a mudança
tecnológica (“a revolução constante dos meios
de produção”) é necessária para permitir a
valorização do capital;
47. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
47
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Karl Marx
Os investimentos em máquinas e equipamentos
(concretização da mudanças tecnológica) resultam,
através do processo competitivo, na eliminação de
empresas e na concentração do capital
(correspondente à elevação das escalas mínimas
de produção); Marx antecipa o processo de
crescimento dos oligopólios no final do século XX;
A tecnologia no capitalismo implica inovação, como
mudança permanente de processos e produtos, o
que implica um caráter dinâmico e cíclico.
48. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
48
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Karl Marx
A tecnologia não é dada exogenamente, através da
criação de inventos autonomamente; a mudança
tecnológica é a variável de escolha e o objeto da
preocupação do empresário; sendo que as empresas
passam a tentar aplicar o conhecimento científico ao
processo de produção. A tecnologia é endógena na
medida em que resulta das decisões dos empresários.
A tecnologia e a economia interagem dialeticamente (o
que não abriga a idéia atribuída a Marx de
“determinismo tecnológico”)
49. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
49
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Walras e os economistas neoclássicos
Os economistas neoclássicos preocuparam-se
centralmente em mostrar as características e
propriedades do mercado no processo de alocação
de recursos. A tecnologia sequer era considerada
como uma preocupação de economistas.
A tecnologia tinha de ser compatibilizada com a idéia
de capitalismo concorrencial, com limites ao tamanho
da empresa em relação ao mercado; a empresa é um
agente individual, que maximiza o lucro a partir de
cálculos racionais, considerando a tecnologia como
um dado externo.
50. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
50
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Walras e os economistas neoclássicos
A economia tende a se ajustar e atingir situações de
equilíbrio; mudanças no ambiente alteram as condições
de equilíbrio. Os preços se ajustam para atingir
novamente o ponto de equilíbrio.
Os mercados são eficientes e o processo de
concorrência permite que se atinjam os preços que
representam os pontos ótimos de eficiência na
alocação dos recursos.
51. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
51
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Walras e os economistas neoclássicos
Somente nos anos 90 é que a economia
neoclássica passa a tratar a tecnologia e a inovação
como variável importante na compreensão da
dinâmica do sistema capitalista. De modo especial,
a tecnologia é incorporada nas teorias do
crescimento, com hipóteses sobre as suas
condições de apropriabilidade pelas empresas, pela
possibilidade de gerar economias de escala e
concorrência imperfeita.
52. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
52
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O processo de concentração econômica,
analisado e de certa forma antevisto por Marx,
torna-se uma realidade concreta com as
inovações tecnológicas e organizacionais da
segunda metade do século XX e especialmente
do início do século XX.
53. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
53
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O avanço dos meios de transporte e
comunicação facilitam a integração dos
mercados regionais em mercados de maior
dimensão, permitindo que as empresas
aproveitassem as economias de escala e de
escopo propiciadas gradualmente pelo progresso
tecnológico.
54. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
54
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
Exemplo 1: a refrigeração permite que as
empresas frigoríficas se desenvolvam
produzindo carne industrializada e couros
(economias de escopo) distribuindo em
mercados nacionais (economias de escala)
55. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
55
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
Exemplo 2: as inovações tecnológicas e
organizacionais na indústria automobilística (a
linha de montagem fordista) tornam o
automóvel viável como bem de consumo
individual para classes altas e médias, sendo
sua distribuição viabilizada em escala nacional
e internacional pelos avanços nos transportes e
nas comunicações
56. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
56
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O capitalismo oligopolista é a resultante de
um conjunto de transformações
correlacionadas:
• o desenvolvimento dos meios de
transporte (ferrovia, em especial nos EUA)
• o desenvolvimento dos meios de
comunicação (o telégrafo elétrico em
1840
57. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
57
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O capitalismo oligopolista é a resultante de
um conjunto de transformações
correlacionadas:
• os avanços científicos e tecnológicos na
área da eletricidade (ao longo de um
século a energia elétrica transforma a vida
urbana, o suprimento de energia industrial
e o ciclo de inovações de produtos na área
de eletrodomésticos)
58. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
58
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O capitalismo oligopolista é a resultante de um
conjunto de transformações correlacionadas:
• o desenvolvimento do motor a combustão, o
estímulo às inovações da indústria do petróleo e
a forte concentração das empresas petrolíferas
(a Standard Oil, seu desenvolvimento e o
surgimento das “sete irmãs”)
59. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
59
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O capitalismo oligopolista é a resultante de um
conjunto de transformações correlacionadas:
• as inovações gerenciais e organizacionais, com
as técnicas tayloristas-fordistas, que ampliaram a
produtividade industrial de forma substancial (no
caso da indústria automobilística, a estrutura de
mercado passou de concorrencial e artesanal a
oligopolista durante as primeiras décadas do século
XX)
60. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
60
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
O advento do capitalismo oligopolista e o “fordismo”
O capitalismo oligopolista traz implicações
importantes do ponto de vista econômico e
tecnológico:
• a empresa transnacional e os transformações e
avanço do imperialismo
• a intensificação das atividades de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico, em laboratórios
financiados pelas empresas e em gastos militares
• avanço das empresas de pequeno e médio porte
a partir das atividades de gastos em pesquisa
universitária e ligadas à defesa
61. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
61
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Os avanços na teoria econômica
A teoria econômica avança com concepções sobre as
estruturas de mercado com “concorrência imperfeita”,
sobre o crescimento da empresa, sobre o problema
gerencial e comportamental no processo de
crescimento da empresa.
62. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
62
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Os avanços na teoria econômica
De modo especial, avança a concepção dinâmica
do capitalismo e da empresa, com a contribuição
de Schumpeter (anos 30 e 40) sobre a importância
da mudança tecnológica, sobre as relações entre
inovação e crescimento econômico e sobre a
natureza do processo de concorrência
interempresarial, além de outras perspectivas
complementares, como a questão da incerteza, da
informação e da coordenação da produção.
63. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
63
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
Os avanços na teoria econômica
A contribuição de Schumpeter não foi imediatamente
apropriada na construção da teoria econômica da
empresa e da mudança tecnológica. Somente a partir
dos anos 70 e especialmente nos anos 80 ocorre um
desenvolvimento intenso das teorias da empresa e da
mudança tecnológica.
64. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
64
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As tecnologias de informação e o pós-fordismo
A partir do desenvolvimento do transistor (anos 40),
do circuito integrado (anos 70) e da Internet (anos
90), as tecnologias intensivas em informação e
conhecimento vão ganhando importância e
promovendo mudanças importantes no sistema
capitalista
65. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
65
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As tecnologias de informação e o pós-fordismo
As tecnologias da informação e da comunicação
ensejaram uma onda de inovações em bens e
serviços (computadores, impressores, scanners,
fotografia digital, telefones celulares, serviços de
transmissão de dados, software etc) e em
processos (informações gerenciais, comercialização
e suprimento, automação industrial, controle de
produção)
66. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
66
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As tecnologias de informação e o pós-fordismo
As tecnologias da informação e da comunicação
representam uma verdadeira revolução tecnológica,
pois difundem-se para a maior parte do sistema
produtivo, alterando produtos, processos e formas
organizacionais, e provocando inclusive a redução dos
efeitos de fronteiras nacionais. De modo geral, trata-se
de uma mudança em que o sistema produtivo se torna
intensivo em informação e conhecimento.
67. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
67
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As tecnologias de informação e o pós-fordismo
As tecnologias da informação e da comunicação
promovem alterações no sistema produtivo,
promovendo maior conteúdo informacional ao
processo produtivo (informação e conhecimento
representam uma parte crescente do custo de
produção); economias de velocidade; economias
externas de rede.
68. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
68
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
A abordagem neo-schumpeteriana é também
identificada como teoria evolucionária ou
evolucionista. Há um rompimento com a
teoria econômica dominante ou convencional
(a economia neoclássica) em hipóteses
básicas sobre o comportamento dos agentes
econômicos e sobre o processo de
concorrência.
69. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
69
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
1. A dinâmica do sistema econômico é a resultante
de mudanças tecnológicas em produtos, processos
e formas de organização da produção. As
mudanças tecnológicas envolvem inovações
incrementais mas também envolvem
descontinuidades, às quais se associam ciclos de
crise e crescimento. Estas descontinuidades são
interpretadas como movimentos de mudança nos
paradigmas tecnológicos (análogos ao conceito de
paradigma científico de Thomas Kuhn)
70. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
70
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
2. Ao invés da hipótese de racionalidade perfeita ou
substantiva adotada como atributo do agente econômico pela
teoria neoclássica, a teoria evolucionária utiliza a hipótese de
racionalidade procedural: as decisões dos agentes não podem
ser definidas por cálculos de maximização (qual o melhor
investimento, qual a melhor combinação de insumos, qual a
melhor estratégia de mercado ou de produção, qual o melhor
produto a ser lançado no mercado), mas por um processo de
aprendizado em que as ações dos agentes vão sendo
adotadas ao longo do processo, em interações com outros
agentes e em relações de mercado e extra-mercado.
71. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
71
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
3. Enquanto a teoria neoclássica tem como pressuposto a
idéia de que os mercados funcionam sob um mecanismo de
equilíbrio (e ajustes ao equilíbrio), nos quais a empresa
responde a mudanças externas buscando maximizar o lucro
e onde as empresas que não buscam a maximização são
eliminadas num processo concorrencial, a teoria
evolucionária rejeita a noção de equilíbrio. Os mercados
distinguem-se em diferentes setores como diferentes
ambientes de seleção, havendo uma diversidade de
estruturas de mercado e de condições institucionais
associadas a cada setor. A inovação e a mudança
constituem a essência do processo e não o ajuste ao
equilíbrio.
72. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
72
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
Na teoria evolucionária, a capacidade competitiva de uma
empresa depende de suas competência tecnológicas
diferenciadas, dos ativos (máquinas, equipamentos, marca
etc) complementares a estas competências, bem como das
rotinas organizacionais estabelecidas pela empresa,
incluindo as rotinas que conduzem a movimentos contínuos
de inovação.
Ao invés de escolhas a priori, cada empresa tem sua
trajetória dependente de um processo de aprendizagem e
de decisões ligadas a oportunidades e também a decisões
tomadas no passado (trajetórias dependentes do caminho)
73. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
73
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
A teoria institucionalista (ou neoinstitucionalista) é
complementar, em certo sentido, ao enfoque
neoschumpeteriano. Enquanto este centra a análise na
empresa, a teoria institucionalista enfatiza o ambiente
institucional (setorial e nacional) que afeta as decisões e
as trajetórias das empresas e das tecnologias.
As instituições também são caracterizadas pela
trajetória dependente do caminho. Não há um ambiente
institucional ótimo, mas sim uma diversidade de
ambientes, alguns mais favoráveis ao processo de
inovações e crescimento econômico.
74. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
74
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
Instituições essenciais na visão de Chandler:
corporações, universidades de pesquisa,
bancos e instituições financeiras, organismos
reguladores em nível nacional e multilateral.
75. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
75
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
O conceito de Sistema Nacional de Inovação:
refere-se ao conjunto de agentes econômicos, sociais e
políticos que influenciam o desenvolvimento de novas
tecnologias, a formação de competências tecnológicas e
organizacionais, bem como a difusão das inovações ao
longo do sistema produtivo.
As trajetórias tecnológicas são determinadas no âmbito
de um paradigma tecnoeconômico, o qual é determinado
por condições científico-tecnológicas e por fatores
econômicos, políticos e sociais. Não são somente fatores
externos ao sistema sócio-econômico que configuram
determinado paradigma e ciclo evolutivo.
76. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
76
2. Ciência, Tecnologia e Teoria Econômica: aspectos
históricos introdutórios
As teorias neo-schumpeteriana e institucionalista
O enfoque de Sistema Nacional de
Inovação a capacidade competitiva de uma
empresa, o desenvolvimento de um setor
produtivo e o crescimento econômico nacional
dependem da qualidade das instituições
científicas e tecnológicas, das estratégias do
setor privado e da eficiência dos sistemas de
incentivo e financiamento ao processo de
inovação.
77. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
77
3. Inovação tecnológica e
Competitividade
78. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
78
Abordagem Dinâmica Da Competitividade
• Visão básica da concorrência
VANTAGEM COMPETITIVA TEMPORÁRIA
LUCROS EXTRAORDINÁRIOS
INOVAÇÃO
79. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
79
Inovação
• Diferenciação de produto
• Modificações no Design
• Promoção e Imagem Associada
• Novos produtos
• Novos processos internos
• Novos serviços complementares
80. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
80
• Dupla dimensão da concorrência
– Concorrência ativa: produz assimetria através da
inovação
– Concorrência passiva: reduz assimetria através da
imitação
81. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
81
CONCORRÊNCIA ATIVA
INOVAÇÃO
VANTAGEM TEMPORÁRIA
LUCROS EXTRAORDINÁRIOS
CONCORRÊNCIA PASSIVA
ENTRADA OU IMITAÇÃO
REDUÇÃO DA TAXA DE LUCRO
82. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
82
Fatores determinantes da intensidade do ciclo
amplo de inovação em cada indústria
Vocação para a diferenciação da indústria
Barreiras à entrada já existentes
Existência de acordos tácitos ou de rotinas já
estabelecidas (exemplo: lançamento de inovações na
indústria automobilística)
Ritmo das inovações tecnológicas introduzidas por
fornecedores
Rentabilidade esperada das inovações
Maturidade da indústria
83. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
83
Fontes de Inovação da Empresa
• Desenvolvimento Tecnológico Próprio
• Contratos de Transferência de Tecnologia
• Tecnologia incorporada em máquinas e
equipamentos
• Conhecimento codificado
• Conhecimento tácito
• Aprendizado cumulativo
84. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
84
Fontes de tecnologia utilizadas pelas empresas
(conforme apresentado por Tigre (2006))
Tipo de Fonte Tecnológica Exemplos e formas de aplicação
Desenvolvimento tecnológico próprio Gastos em P & D, experimentação,
engenharia reversa
Contratos de transferência de tecnologia Licenças e Patentes, contratos com
universidades e centros de pesquisa
Tecnologia incorporada Máquinas e Equipamentos e software
embutido
Conhecimento codificado Livros, manuais, revistas técnicas,
Internet, feiras e exposições, software
aplicativo, cursos e programas
educacionais
Conhecimento tácito Consultoria, contratação de recursos
humanos com experiência, informações
de clientes, estágios e treinamento prático
Aprendizado cumulativo Processo de Aprender fazendo, usando,
interagindo, etc devidamente
documentado e difundido na empresa
85. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
85
4. Ciência e Tecnologia no Brasil: Evolução
e Políticas de Fomento
Fontes de Inovação da Empresa
86. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
86
• Antecedentes históricos:
– Até a década de 1960: pesquisa científica
associada aos meios universitários, não
relacionada diretamente ao sistema produtivo
– Políticas esparsas de ciência e tecnologia
Fontes de Inovação da Empresa
87. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
87
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Planejamento e Política de C & T
– O Plano de Metas (1956-60): enfoque do
desenvolvimento dependente de melhorias da
produtividade através do aprimoramento
tecnológico; investimento em educação.
– O PAEG (1964-66): ênfase na melhoria tecnológica
– mais do que na formação do capital – no processo
educacional e no capital estrangeiro.
88. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
88
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Planejamento e Política de C & T
– Programa Estratégico de Desenvolvimento (1968):
propõe ampliação da ação de governo na área de C &
T;
– Diferencia-se das abordagens anteriores por destacar a
questão da pesquisa e do processo interno de
desenvolvimento tecnológico como condição para o
crescimento rápido e auto-sustentado
89. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
89
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Planejamento e Política de C & T
– Ênfase na capacitação para adaptar e criar tecnologia
própria, para reduzir a dependência em relação a fontes
externas de know-how: característica das políticas de
ciência e tecnologia no Brasil nos anos 70 e 80;
– Os Planos de Desenvolvimento (I, II e III) e os Planos
Básicos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (I,
II e III) incorporaram estas concepções e objetivos
estratégicos;
90. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
90
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Planejamento e Política de C & T
– Distinção importante: enquanto no Plano de Metas e no
PAEG o know-how externo era considerado como
importante para a capacitação tecnológica no sistema
produtivo nacional, no PED a autonomia tecnológica
ganha relevo.
91. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
91
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Há no PED e nos planos seguintes uma
associação entre:
Autonomia Tecnológica
Progresso Técnico
Desenvolvimento Nacional
92. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
92
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Contexto histórico dos anos 60:
– A importância do progresso técnico como fator de
desenvolvimento;
– A influência das idéias de Jean Jacques Servan-Schreiber,
referente à superioridade organizacional, científica e
tecnológica do sistema produtivo (e das multinacionais) norte-
americano, em relação ao sistema produtivo francês e
europeu.
– Concepções sobre o progresso técnico (natureza, difusão)
93. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
93
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No PED: a substituição de importações de produtos
industriais não é suficiente para assegurar um
desenvolvimento auto-sustentável, porque não resolve o
problema de como criar mercados e adequar a
tecnologia produtiva a estes mercados.
94. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
94
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No PED: é necessária a substituição de tecnologia,
adaptando a tecnologia importada e criando um
processo autônomo de avanço tecnológico;
95. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
95
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No PED: a autonomia tecnológica permitiria a
adequação da tecnologia instalada à configuração da
disponibilidade de fatores produtivos no país (por
exemplo, tecnologia que preservasse empregos, para
formar mercados de massa e assegurar crescimento
auto-sustentado e acelerado.
96. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
96
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No I PND (Governo Médici, 1971): política tecnológica
deveria ser suporte para fortalecer o poder de
competição da indústria nacional diante dos produtos
estrangeiros e da empresa nacional diante das
empresas estrangeiras;
97. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
97
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No I PND (Governo Médici, 1971): o aumento do poder
competitivo da indústria nacional depende de esforço
de elaboração tecnológica interna;
98. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
98
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No I PND (Governo Médici, 1971): a incorporação da
engenharia de produto e de processo é necessária para
permitir adaptação dos produtos às condições da
demanda e para aproveitar melhor as vantagens
comparativas do país;
99. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
99
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No I PND (Governo Médici, 1971): é necessário
selecionar prioridades tecnológicas claras, pois seria
impossível cobrir todo o espectro de novas áreas
tecnológicas; e é necessário priorizar setores e
tecnologias de ponta, dando caráter estratégico à
política tecnológica;
100. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
100
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No II PND (Governo Geisel, 1974): a política tecnológica
subordina-se ao objetivo de completar o processo de
substituição de importações (não sendo mais destacado
o objetivo de fortalecer a empresa nacional em termos
de seu poder competitivo)
101. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
101
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No II PND (Governo Geisel, 1974): a política tecnológica
deve procurar propiciar o suporte para que o processo
de substituição de importações e redução da
dependência externa de produtos não seja realizado a
custos elevados
102. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
102
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No II PND (Governo Geisel, 1974): deve haver o uso
consciente da ciência e da tecnologia na solução dos
problemas específicos da realidade brasileira, evitando-
se também dispêndios excessivos com transferência de
tecnologia;
103. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
103
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Como os planos de desenvolvimento formularam
a associação entre política científica e tecnológica
e crescimento rápido e auto sustentado?
– No Governo Geisel, 1979: criação da Secretaria
Especial de Informática
104. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
104
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• O final dos anos 70:
– III PND (Governo Figueiredo, 1980): redução da
importância da política científica e tecnológica no
conteúdo do plano de desenvolvimento; formulações
curtas e genéricas sobre política de C & T.
– No Governo Figueiredo, a política de C & T delimita-se
setorialmente, articulando-se e implementando-se a
política de informática;
105. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
105
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Caracterização do discurso da política de ciência
e tecnologia no Brasil dos anos 70:
– O valor da autonomia tecnológica;
106. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
106
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Caracterização do discurso da política de ciência
e tecnologia no Brasil dos anos 70:
– Substituição de importações de produtos industriais e
substituição de importação da tecnologia: diferenças de
eficácia e comprometimento do setor produtivo;
107. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
107
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Caracterização do discurso da política de ciência
e tecnologia no Brasil dos anos 70:
– A institucionalização da Política Científica e Tecnológica
no Brasil: o suporte restrito da burocracia estatal e da
comunidade acadêmica; a continuidade das equipes de
gestão ao longo da década
108. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
108
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Caracterização do discurso da política de ciência
e tecnologia no Brasil dos anos 70:
– A institucionalização da Política Científica e Tecnológica
no Brasil: os órgãos responsáveis
109. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
109
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Caracterização do discurso da política de ciência e
tecnologia no Brasil dos anos 70 e início dos anos 80:
– Ministério do Planejamento e de Coordenação Geral;
– CNPq
– FINEP
– FNDCT
– INPI
– INMETRO
– INT
– Ministérios Militares
– CAPES – (Ministério da Educação)
110. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
110
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Aspectos principais da política de ciência e
tecnologia no Brasil dos anos 70 e início dos anos
80:
– Período de 1968-74: baixo grau de atuação do
Ministério/Secretaria de Planejamento e Coordenação
Geral;
– Período de 1974-79: função relevante do
Ministério/Secretaria de Planejamento e Coordenação
Geral, no âmbito do programa de longo prazo de
substituição de importações de insumos estratégicos e
bens de capital; auge da Política de C & T (em termos
de recursos aportados)
111. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
111
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Aspectos principais da política de ciência e
tecnologia no Brasil dos anos 70 e início dos
anos 80:
– Período de 1979-85:
• função proeminente do Ministério/Secretaria de
Planejamento e Coordenação Geral desloca-se para o
enfrentamento da crise do endividamento externo e dos
seus desdobramentos (inflação alta, crise cambial, déficit
público);
• Baixa prioridade à política de C & T; redução dos recursos
destinados às atividades de ensino, pesquisa e
desenvolvimento;
112. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
112
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Aspectos principais da política de ciência e tecnologia no
Brasil dos anos 80:
– O Governo Sarney (1985): A criação do Ministério da
Ciência e Tecnologia; capacidade limitada de
desenvolver proposta mais abrangente;
• Novas modalidades de incentivo à pesquisa e desenvolvimento e
também à transferência de tecnologia do exterior (PDTI);
• Ênfase na política setorial da informática; radicalização no
objetivo de autonomia tecnológica; o capital estrangeiro é tido
como responsável pelo insucesso das políticas anteriores de C &
T;
113. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
113
5. Ciência e Tecnologia no Brasil
• Os novos desafios da política de ciência e
tecnologia no Brasil nos anos 90 e início do
Século XXI :
– O esgotamento do modelo de substituição de
importações;
– Exigências das transformações econômicas e
tecnológicas mundiais
114. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
114
A mudança do modelo de desenvolvimento no
Brasil
Até os anos 90:
Substituição de
Importações
com
Protecionismo
A partir dos anos
90:
Integração
Competitiva com
Abertura
Comercial
115. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
115
Anos 90 e início do Século XXI : As transformações no
plano das condições do ambiente externo às empresas
- Os mercados de consumo tornam-se mais
segmentados
- Amplia-se a demanda por variedade
- Maior mobilidade de capitais
116. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
116
- Maior mobilidade das pessoas (e dos seus
gastos)
- Ampliam-se os fluxos de capitais
internacionais e o “multiplicador” do aumento
de liquidez
- Aumenta a oferta de recursos financeiros
para investimento e para consumo
Anos 90 e início do Século XXI : As transformações no
plano das condições do ambiente externo às empresas
117. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
117
- Fatores demográficos (movimentos migratórios, maior
proporção de pessoas na terceira idade)
- Fatores sociais e fatores culturais: segmentação
intensa do mercado de consumo, valorização das
raízes étnicas e nacionalismos
Anos 90 e início do Século XXI : As transformações no
plano das condições do ambiente externo às empresas
118. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
118
- Fatores tecnológicos: maior variedade de tecnologias
(produto e processos)
- Fatores econômicos:, redução adicional dos custos de
transporte e comunicações, globalização financeira,
comercial
Anos 90 e início do Século XXI : As transformações no
plano das condições do ambiente externo às empresas
119. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
119
As políticas de competitividade e a política industrial no
contexto do novo paradigma competitivo: qual o papel da
política de ciência e tecnologia?
Anos 90 e início do Século XXI : A promoção da competitividade empresarial
120. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
120
Anos 90 e início do Século XXI : A promoção da
competitividade empresarial
• Como a inovação se torna mais central ainda
para o dinamismo dos países e das empresas,
transformando-se em rotina organizacional
fundamental para a capacidade competitiva.....
121. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
121
Anos 90 e início do Século XXI : A promoção da
competitividade
.... a promoção da competitividade requer a
constituição de um ambiente sistêmico e
setorial estimulante e indutor da capacidade de
inovação contínua em produtos, processos e
formas organizacionais
122. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
122
Anos 90 e início do Século XXI: A promoção da
competitividade
• Na dimensão sistêmica:
– direitos e incentivos à inovação;
– investimentos públicos em Ciência e Tecnologia;
– crescimento econômico;
123. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
123
Anos 90 e início do Século XXI: A promoção da
competitividade
• Na dimensão sistêmica:
– educacional;
– estabilidade monetária;
– constituição de ambiente de confiança e de
credibilidade legal e institucional;
124. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
124
Anos 90 e início do Século XXI: A promoção da
competitividade
• Na dimensão sistêmica:
– Equilíbrio entre incentivos à pressão competitiva via
abertura comercial e protecionismo
– Superação do “paradoxo da competição” via política
de defesa da concorrência e política comercial
125. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
125
Inovação e Crescimento Econômico
O Motor do Crescimento Econômico
Nossa primeira resposta foi dada pelo modelo de
Solow e algumas considerações adicionais.
▫ Importante papel desempenhado pelas leis,
políticas governamentais e instituições. Essa
infraestrutura forma um ambiente econômico
em que as pessoas produzem e
transacionam.
▫ Se a infraestrutura favorece o desvio em vez
da produção as consequências são medidas
em redução do crescimento.
126. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
126
Inovação e Crescimento Econômico
▫ A corrupção o roubo o suborno e a
expropriação (ou a simples possibilidade
disso ocorrer) tendem a reduzir drasticamente
os incentivos ao investimento.
▫ A tributação a regulamentação os litígios e os
lobbies também são exemplos de desvios que
afetam negativamente o crescimento.
▫ Os países avançados são avançados
justamente porque encontraram meios de
limitar os desvios em suas economias.
127. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
127
Inovação e Crescimento Econômico
• O motor do crescimento pode ser resumido em
uma palavra: invenção.
• Empreendedores em busca de fama e fortuna
que recompensem a invenção criam as novas
ideias que movem o progresso tecnológico.
• Impacto poderoso das ideias, um bem não-rival.
• Retornos constantes para uma firma, mas
crescentes para a economia como um todo.
128. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
128
Inovação e Crescimento Econômico
• No modelo de Solow (modelo neoclássico de
crescimento) que vimos anteriormente, a taxa de
crescimento do PIB per capita( gA ) depende do
progresso tecnológico, supostamente exógeno.
▫ A tecnologia não melhorava através do
investimento em P&D ou por conta do esforço
ou competência do pesquisador;
simplesmente melhorava. Logo, uma coisa
importante ficou sem explicação,
precisamente o crescimento econômico.
• Como concluimos:
▫ Ou a FDP não é neoclássica
▫ Ou não há concorrência perfeita
129. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
129
Inovação e Crescimento Econômico
• Impossibilidade de modelar as idéias
econômicas utilizando a concorrência perfeita.
• Firmas devem poder cobrar preços superiores
ao seu custo marginal para conseguirem cobrir
as despesas da criação da ideia (sunk cost).
• Essa cunha entre o preço e o custo marginal
que proporciona o “combustível” econômico ao
motor do crescimento.
130. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
130
Inovação e Crescimento Econômico
• A inovação exige:
▫ Capital humano
▫ Infraestrutura
▫ Apropriabilidade dos resultados
▫ Mercados Financeiros Desenvolvidos
131. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
131
Inovação e Crescimento Econômico
Schumpeter e a Inovação
• Para muitos, Joseph Alois Schumpeter
(1883-1950) é o precursor da teoria da inovação.
• Schumpeter: capitalismo se renova, sendo que
a inovação é o motor do desenvolvimento
econômico.
▫ Capitalismo: um caminho para melhorar as
condições de vida.
▫ Crise: obsolescência, destruição e renovação
pela própria inovação.
• Natureza evolutiva e progressiva do capitalismo
decorre da INOVAÇÃO, “o motor do
desenvolvimento econômico”.
132. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
132
Inovação e Crescimento Econômico
• Como Schumpeter define inovação?
Origem em um impulso que é interno ao sistema
capitalista e transformador da vida econômica,
gerador de desenvolvimento:
“O impulso fundamental que inicia e mantém o
movimento da máquina capitalista decorre dos
novos bens de consumo, dos novos métodos de
produção ou transporte, dos novos mercados,
das novas formas de organização industrial que
a empresa capitalista cria ” .
133. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
133
Inovação e Crescimento Econômico
• Como Schumpeter define inovação?
Origem em um impulso que é interno ao sistema
capitalista e transformador da vida econômica,
gerador de desenvolvimento:
“O impulso fundamental que inicia e mantém o
movimento da máquina capitalista decorre dos
novos bens de consumo, dos novos métodos de
produção ou transporte, dos novos mercados,
das novas formas de organização industrial que
a empresa capitalista cria ” .
134. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
134
Inovação e Crescimento Econômico
• Cinco vias de inovações
1. Introdução de um novo bem, ou de uma
nova qualidade em um bem já existente
2. Introdução de um novo método de
produção
3. Abertura de um novo mercado
4. Conquista de uma nova fonte de oferta de
matérias-primas ou de bens
semimanufaturados
5. Estabelecimento de uma nova organização
em qualquer indústria
135. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
135
Inovação e Crescimento Econômico
• Produzir:
▫ combinar materiais e forças
• Inovar:
▫ produzir outras coisas, ou as mesmas coisas
de outra maneira, combinar diferentemente
materiais e forças, enfim, realizar novas
combinações que tragam retorno financeiro.
136. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
136
Inovação e Crescimento Econômico
• Como a inovação dinamiza a economia ?
▫ “Destruição Criativa”
▫ “A inovação produz uma contínua mutação
industrial que incessantemente revoluciona a
estrutura econômica a partir de dentro,
incessantemente destruindo a velha,
incessantemente criando uma nova. Esse
processo de Destruição Criativa é o fato
essencial acerca do capitalismo ” .
▫ "não tem sentido tentar manter
indefinidamente indústrias obsoletas “.
137. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
137
Inovação e Crescimento Econômico
• A Partir dos Anos 50
• “Sem a inovação tecnológica, o progresso da
economia ficaria estagnado”
• “a aquisição de novos conhecimentos constitui a
base da civilização humana.” (Freeman, pp 25)
• Progresso técnico passa a ser tema central na
análise econômica e social
• Surge a necessidade de se entender o
progresso técnico e profissionalizar a P&D
138. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
138
Inovação e Crescimento Econômico
• “A produção de conhecimento e sua em
inovações tecnológicas são instrumentos
cruciais para o desenvolvimento sustentável.
Pelo lado do desempenho econômico isto se
deve ao fato de que as inovações são o principal
determinante do aumento da produtividade e da
geração de novas oportunidades de
investimento .”
139. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
139
Inovação e Crescimento Econômico
• Inovação tecnológica: de produto ou
processo.
▫ Compreende a introdução de produtos ou
processos tecnologicamente novos e
melhorias significativas em produtos e
processos existentes.
• Outras inovações:
▫ mudança organizacional
140. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
140
Inovação e Crescimento Econômico
• Tipos de Inovação Tecnológica
▫ Inovação radical:
mudança descontínua
• Inovação incremental:
▫ aprimoramento contínuo da nova (e da velha)
tecnologia
• Schumpeter:
▫ “inovações radicais provocam grandes
mudanças no mundo, enquanto inovações
incrementais preenchem continuamente o
processo de mudança
141. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
141
Inovação e Crescimento Econômico
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): Principal fonte de
Inovação Tecnológica
•Pesquisa Básica:
▫ trabalho teórico ou experimental que visa a aquisição de
ampla compreensão dos fundamentos; não visa aplicação
específica
•Pesquisa Aplicada:
▫ investigação original dirigida com um fim ou objetivo prático
específico
•Desenvolvimento tecnológico:
▫ baseia-se em conhecimento pré-existente (PB ou PA) com
aplicação direta em novos processos, produtos ou melhorias
dos existentes.
142. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
142
Inovação e Crescimento Econômico
143. Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil Hélio Henkin ( FCE / UFRGS )
143
Inovação e Crescimento Econômico
Hinweis der Redaktion
A visão é ligada ao enfoque shumpeteriano.
Dinamismo capitalista associado à inovação.
- Modificações no design relativas a aspectos de forma e aparência externa
- Já a diferenciação de produto envolve um processo mais amplo de possibilidades, de acordo com a vocação da indústria para a diferenciação
Questão a ser proposta:
- Do que depende o ganho de rentabilidade produzido pela inovação? Depende da sustentabilidade: impacto da inovação, barreira à imitação. Objetivo: vantagem competitiva sustentável. A vantagem competitiva maior seria a própria capacidade de "produzir" continuamente inovação com enfoque estratégico ou planejado. E depende da relação custo e receita adicional.
- Perguntar sobre exemplos de inovações que foram facilmente diluídas pela imitação e outras que foram mais sustentáveis (em termos de impacto sobre particiapação no mercado)
A regularidade e a estabilidade em cada mercado dependem das características e do ritmo das inovações, bem como das rotinas e convenções estabelecidas pelas empresas (e entre as empresas, quando há acordos explícitos ou tácitos que reduzem a intensidade concorrencial)
- Maturidade da indústria: afeta tanto as possiblidades de inovação quanto a rentabiliade esperada (pois numa indústrai muito madura, como a demanda está mais estabilizada, os ganhos resultantes de inovação não são tão elevados).