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Fisiologia das sinapses


                           Fisiologia das sinapses
                                             a- proteínas
                                   1.1 – Movimento dos íons
1      Introdução           1.2 Bases iônicas do potencial de repouso
           a- definição               a – potencial de equilíbrio
           b- tipos b –sinapses
                     de permeabilidade iônica relativa ao potencial de repouso
2      Neurotransmissores e receptores
                        2       Propriedades do potencial de ação
       2.1 – síntese e armazenamento de neurotransmissores
                          3      Condução do potencial de ação
       2.2 – liberação de neurotransmissores
       2.3 – tipos de receptores
       2.4 – reciclagem e degradação dos neurotransmissores
3      Integração sináptica
       3.1 – Somação
       3.2 – Integração
4      Plasticidade sináptica

1 – Introdução
        Agora que você já sabe como ocorre a formação de um impulso nervoso e como
ele se propaga através do neurônio, vamos ver de que forma essa informação é passada
de um ponto a outro do Sistema Nervoso, ou seja, de que maneira essa informação é
transmitida entre os neurônios.
        No final do século XIX reconheceu-se que o Sistema Nervoso é formado por
células distintas e que essas células, ditas neurônios, estão conectadas de alguma forma
para que as informações que cada uma delas gere ou receba possa ser transmitidas a
outras células.
        a – Definição
        O termo sinapse é definido como unidade processadora de sinais do Sistema
Nervoso, local de contato entre dois ou de um neurônio com outra célula. A passagem
de informações através da sinapse é conhecida por transmissão sináptica.
        Ao serem transmitidas as mensagens podem ser modificadas no processo de
passagem de uma célula para outra. A maioria das transmissões sinápticas consiste em
uma dupla conversão de códigos. A informação produzida pelo neurônio é veiculada
eletricamente, através de potenciais de ação até os terminais axônicos e lá é
transformada e veiculada quimicamente para ao neurônio conectado. A seguir, nova
informação, a informação química é percebida pelo segundo neurônio e volta a ser
veiculada eletricamente, com a gênese e a condução de novos potenciais de ação.
        b – tipos de sinapses
        Há dois tipos de sinapses: as elétricas e as químicas. Nas sinapses elétricas a
transferência de informações ocorre através da transferência de corrente iônica
diretamente de uma célula para outra, através de sítios especializados chamados junções
gap ou junções comunicantes. Nas junções comunicantes as membranas ficam muito
próximas e possuem canais iônicos que permitem a passagem dos íons. Dessa forma, as
células se acoplam quimicamente. Quando uma célula entra em atividade, ou seja,
produz potenciais, a corrente iônica correspondente passa diretamente para a outra
célula via junções comunicantes. O fluxo dessas sinapses é bidirecional e sua
transmissão é muito mais rápida quando comparada com a sinapse química. A
importância da sinapse elétrica está em permitir a sincronização de numerosas
populações celulares acopladas, devido à rapidez de sua transmissão.
        Nos vertebrados predominam as sinapses químicas, cuja capacidade de
processamento de informações permitiu maior funcionalidade ao Sistema Nervoso.

Nathalia Fuga – Fisiologia I                                                     Página 1
Fisiologia das sinapses

        Durante o processo evolutivo, tornou-se vantajoso para o processamento de
informações, o aparecimento entre dois neurônios, de uma região especializada de
contato. O espaço entre as duas membranas nessa região é chamado de fenda sináptica e
mede 20 a 40 nm, um espaço bastante maior do que vemos nas junções comunicantes. A
transmissão sináptica que ocorre nas sinapses químicas é unidirecional, o que
possibilitou a seguinte nomenclatura:
        A primeira célula, ou seja, a que antecede a fenda sináptica é chamada de
neurônio pré-sináptico e a segunda célula é o elemento pós-sináptico. O elemento pré-
sináptico geralmente é composto por um axônio e o pós-sináptico por um dendrito.
        O terminal pré-sináptico destaca-se devido à presença de vesículas sinápticas,
pequenas esferas encontradas em grande quantidade que se aglomeram próximo a face
interna da membrana pré-sináptica.



                                         A informação que chega ao elemento pré-
                                 sináptico vem na forma de potenciais de ação
                                 conduzidos através do axônio até os terminais. A
                                 seguir ocorre a conversão da informação elétrica em
                                 química. Os potenciais de ação causam a liberação, na
                                 fenda sináptica, de certa quantidade de substância
                                 química armazenada no interior das vesículas
                                 sinápticas. Essas substâncias recebem o nome de
                                 neurotransmissores.        As        moléculas      de
                                 neurotransmissores uma vez na fenda sináptica,
                                 reconverte a informação química em informação
                                 elétrica, ou seja, o neurotransmissor resulta em um
                                 potencial pós-sináptico na membrana da segunda
                                 célula. Esse processo produzirá potenciais de ação que
                                 serão conduzidos pelo axônio correspondente até uma
                                 terceira célula, onde o processo se repetirá.

        Essa dupla conversão de informações, do modo químico para o elétrico e do
elétrico para o químico novamente, permite que haja interferência na própria sinapse. A
modulação na transmissão sináptica ocorre em quase todas as sinapses. Essa
possibilidade adaptativa que resultou no aparecimento de sinapses químicas permite que
ela tenha capacidade de modular as informações transmitidas pelas células nervosas.




Nathalia Fuga – Fisiologia I                                                  Página 2
Fisiologia das sinapses

        As sinapses químicas podem ser classificadas quanto à função em:
        1 – excitatórias - o resultado da transmissão sináptica é um potencial pós-
sináptico despolarizante, ou seja, tende a se aproximar do limiar facilitando o potencial
de ação do neurônio pós-sináptico.
        2 – inibitórias – o resultado da transmissão é um potencial pós-sináptico
hiperpolarizante, que se afasta do limiar dificultando a geração do potencial de ação.


   Há alguns requisitos básicos para a transmissão sináptica química:
   1 – Deve haver um mecanismo para a síntese de neurotransmissores e seu
   armazenamento nas vesículas sinápticas.
   2 – Um mecanismo que cause a liberação de neurotransmissores das vesículas em
   resposta a um potencial de ação pré-sináptica.
   3 – Um mecanismo para produzir uma resposta elétrica ou química ao neurotransmissor
   no neurônio pós-sináptico.
   4 – Um mecanismo para remoção dos neurotransmissores na fenda sináptica.




2 - Neurotransmissores e receptores
      Os neurotransmissores situam-se em três categorias principais: aminoácidos,
aminas e peptídeos.

a. AMINAS: INDOLAMINAS*- a serotonina, a histamina, e as CATECOLAMINAS* - dopamina e
a norepinefrina.
b. COLINAS (também é uma amina): Classe da qual a Acetilcolina é o neurotransmissor mais
importante.
c. PURINAS: Adenosina, ATP
d. AMINOÁCIDOS: o glutamato e o aspartato são os transmissores excitatórios bem
conhecidos, enquanto que o ácido gama-aminobutírico (GABA), a glicina e a taurina são
neurotransmissores inibitórios.
e. NEUROPEPTÍDEOS: esses são formados por cadeias mais longas de aminoácidos (como
uma pequena molécula de proteína). Sabe-se que mais de 50 deles ocorrem no cérebro e
muitos deles têm sido implicados na modulação
ou na transmissão de informação neural. Ex.: opióides (encefalinas e endorfina), hormônios da
neuro-hipófise (ocitocina e vasopressina)
f. GASES: Óxido Nítrico (NO), Monóxido de Carbono (CO)


       Os aminoácidos e as aminas são pequenas moléculas orgânicas com pelo menos
um átomo de nitrogênio e são armazenados nas vesículas sinápticas, já os peptídeos são
moléculas grandes armazenadas em grânulos secretores. Vesículas e grânulos são
frequentemente observados nos mesmos terminais axônicos.
       Diferentes neurônios do Sistema Nervoso também liberam diferentes
neurotransmissores.

2.1 – síntese e armazenamento de neurotransmissores
        A transmissão sináptica requer que os neurotransmissores sejam sintetizados e
estejam prontos para a liberação. Diferentes neurotransmissores são sintetizados de
maneiras diferentes. Por exemplo, o glutamato e a glicina fazem parte do grupo de 20
aminoácidos utilizados na síntese proteica, ou seja, estão em abundância em várias
células. Já o GABA e as aminas são produzidas apenas pelos neurônios que os liberam.

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Fisiologia das sinapses

Esses neurônios possuem enzimas específicas que os sintetizam a partir de precursores
metabólicos.

2.2–liberação de neurotransmissores
        A liberação de neurotransmissores é desencadeada pela chegada de um potencial
de ação ao terminal axônico. Esses potenciais chegam na forma de ondas
despolarizantes da membrana. A despolarização que ocorre durante os potenciais de
ação provoca a abertura de canais e a passagem de íons Ca2+ em grande quantidade para
o interior do terminal. A elevação da concentração de cálcio é o sinal para a liberação de
neurotransmissores      das    vesículas
sinápticas.
        As vesículas liberam seus
conteúdos por exocitose. A membrana
da vesícula funde-se com a membrana
pré-sináptica     nas    zonas    ativas
permitindo que os conteúdos das
vesículas sejam liberados na fenda
sináptica.
        Tanto maior será o número de
vesículas e grânulos que sofrerão
exocitose quanto mais prolongada for a
despolarização provocada pelo potencial de ação, ou seja, quanto maior a frequência de
potencias de ação que chegam ao terminal.


  Conclui-se que a frequência de potenciais de ação determina a quantidade de moléculas de
                       neurotransmissores liberada na fenda sináptica.




2.3 – receptores
       O resultado final da ação do neurotransmissor na fenda sináptica é o
aparecimento de uma alteração no potencial da membrana pós-sináptica, chamado de
potencial pós-sináptico. O que provoca essa alteração é a interação química entre o
neurotransmissor e o seu receptor. O receptor é um complexo molecular de natureza
proteica embutido na membrana pós-sinápticas e capaz de estabelecer uma ligação
química específica com o neurotransmissor.
       Existem duas classes de receptores:
    1- ionotrópicos: formam canais iônicos diretamente
    2- metabotrópicos: cujos efeitos sobre o neurônio são produzidos de forma indireta.

    Quando o neurotransmissor atravessa a fenda sináptica e se liga ao receptor, sendo
ele o próprio canal iônico, a mudança na forma do canal causará a sua abertura e
consequente passagem de íons através da membrana. Se predomina o fluxo de sódio de
fora para dentro da célula o receptor provoca uma despolarização da membrana, se
aproximando do limiar para gerar potenciais de ação. Nesse caso chamamos esse
potencial de potencial pós-sináptico excitatório (PEPS). Em contraste, se predominar a
entrada de cloreto (Cl-) também de fora para dentro da célula o receptor estará
provocando uma hiperpolarização do neurônio e nesse caso é chamado de potencial pós-


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Fisiologia das sinapses

sináptico inibitório (PIPS), pois estará se afastando do limiar e portanto, do potencial de
ação.
        Os receptores metabotrópicoa realizam a transmissão da mensagem química
indiretamente já que não são canais iônicos. Essa transmissão ocorre através de reações
químicas intracelulares que podem ativar canais iônicos, ou promover outras alterações
celulares.

2.4 – reciclagem e degradação dos neurotransmissores
        A interrupção da transmissão sináptica é importante para cessar as ações
sinápticas e evitar a dessensibilização dos receptores. Há três mecanismos fundamentais
para que isso ocorra:
    1- receptação dos neurotransmissores – a membrana dos terminais pré-sinápticos
        frequentemente possui proteínas transportadoras específicas para os
        neurotransmissores que produz. Também algumas células da glia (os astrócitos)
        possuem transportadores para neurotransmissores. Esse mecanismo de
        receptação constitui um importante mecanismo de defesa contra os efeitos
        tóxicos das aminas (neurotoxicidade).
    2- degradação enzimática do neurotransmissor – a presença de enzimas que
        degradam o neurotransmissor garante que o neurotransmissor será degradado
        após transmitir a informação.
    3- difusão – a difusão do neurotransmissor para fora da fenda sináptica possibilita o
        final da transmissão.

3 – Integração sináptica
       Cada neurônio recebe sinapses de milhares de outros neurônios. Além disso, em
cada sinapse muitas vezes atuam vários mecanismos de transmissão e modulação. O
neurônio é capaz de reunir potenciais sinápticos de diferentes origens e tipos e associá-
los e só então elaborar resposta. Essa integração de múltiplos sinais sinápticos é
chamada de integração sináptica. Em cada momento o neurônio deve “decidir” se
dispara potencias de ação e com qual frequência, essa pode ser a diferença entre contrair
ou não um músculo e com qual força.
3.1 – somação temporal e somação espacial
       Em geral um estímulo não é suficientemente forte para gerar um potencial de
ação, vários potenciais se somam fazendo com que o potencial de membrana se
aproxime do limiar:

Somação de PEPS

(a) um potencial de ação pré-sináptico desencadeia um pequeno PEPS no neurônio pós-sináptico.

(b) Somação espacial de PEPSs: quando dois ou mais sinais de entrada pré-sinápticos são simultâneos,
seus PEPSs individuais se somam.

(c) Somação temporal de PEPSs: quando a mesma fibra pré-sináptica dispara potenciais de ação em
uma rápida sucessão, seus PEPSs se somam.




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Fisiologia das sinapses




4 – Plasticidade neural
        A capacidade de adaptação do Sistema Nervoso, principalmente do neurônio, às
mudanças nas condições do ambiente que ocorrem no dia-a-dia dos indivíduos chama-
se neuroplasticidade ou plasticidade neural, um conceito amplo que se estende desde a
resposta a lesões traumáticas até alterações sutis resultantes dos processos de
aprendizagem e memória.
        Quando um fator ambiental incide sobre o Sistema Nervoso de alguma forma,
modifica-o. Visto que isso ocorre em todos os momentos da vida, a neuroplasticidade é
uma característica marcante e constante da função neural. Em alguns casos é possível
identificar mudanças morfológicas resultantes das alterações ambientais. Em outros a
mudança ocorre somente na função, sem alterações morfológicas evidentes.

        Como anteriormente foi dito, o citoplasma do neurônio em repouso está
carregado negativamente em relação ao fluido extracelular. O potencial de ação é uma
inversão rápida dessa situação em que o lado citoplasmático fica carregado
positivamente em relação ao lado extracelular. O potencial de ação ou o impulso
                                               nervoso é o sinal que leva a
                                               informação ao longo do sistema
                                               nervoso.
                                                      Durante o potencial de ação, o
                                               potencial de membrana torna-se
                                               positivo por um breve momento.
                                               Observando-se um         gráfico   de
                                               potencial de membrana em relação ao
                                               tempo, nota-se que o potencial de
                                               membrana possui fases identificáveis.




Nathalia Fuga – Fisiologia I                                                Página 6
Fisiologia das sinapses

A primeira dela é a fase ascendente, caracterizada por uma rápida despolarização da
membrana que continua até o potencial alcançar + 40 mV.
No pico a carga na face interna da membrana é positiva em relação à face externa.
A fase descendente é caracterizada por uma repolarização até a membrana ficar mais
negativa que o potencial de repouso (hiperpolarização). A última fase é a pós-
hiperpolarização, onde há uma restauração gradual do potencial de repouso.


        Como o potencial se inicia? A percepção de uma dor aguda é causada pela
geração de potenciais de ação em certas fibras nervosas da pele. A membrana dessas
fibras possui um tipo de canal de sódio que é ativado pela distensão do terminal
nervoso. Portanto a cadeia de eventos é: estímulo doloroso, distensão da membrana das
fibras nervosas, abertura dos canais de Na+ , despolarização da membrana (a superfície
interna da membrana torna-se menos negativa). Se esta despolarização alcançar um
ponto crítico (limiar), ocorre o potencial de ação. Os potenciais de ação são causados
pela despolarização da membrana além do limiar.

        A despolarização que causa o potencial de ação é alcançada de formas
diferentes, no caso acima, a despolarização foi causada pela entrada de sódio através de
canais iônicos sensíveis a distensão. Em interneurônios a despolarização é causada por
outros neurônios. Ou pode também ocorrer por meios invasivos, através da aplicação de
corrente elétrica.


 A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito
 até que esta atinja o limiar e então surja o potencial de ação – lei do tudo ou nada.
 A freqüência de disparos de potenciais de ação reflete a magnitude da corrente
 despolarizante. Esta é uma das formas pelas quais a intensidade do estímulo é
 codificada no Sistema Nervoso.



         Embora a freqüência de disparos aumente com a magnitude o estímulo, existe
um limite para a taxa que um neurônio pode gerar de potenciais de ação. Uma vez
iniciado um potencial de ação é impossível iniciar outro durante cerca de 1 ms. Este
período de tempo é chamado de período refratário absoluto. Também é relativamente
difícil iniciar outro potencial de ação nos próximos milissegundos após esse período. A
esse período chama-se período refratário relativo. Durante o período refratário relativo a
quantidade de corrente necessária para atingir o limiar e portanto deflagrar um potencial
de ação é tem que ser maior.




 O potencial de ação consiste em uma redistribuição de carga elétrica através da
 membrana. A despolarização durante o potencial de ação é provocada pelo influxo
 de íons sódio através da membrana e a repolarização é provocada pelo efluxo de íons
 potássio.


Nathalia Fuga – Fisiologia I                                                    Página 7
Fisiologia das sinapses



Assim, as propriedades do potencial de ação são:
   1- Limiar – é o potencial de membrana no qual um número suficiente de canais de
       sódio abre tornando a membrana mais seletiva para sódio.
   2- Fase ascendente (despolarização) – enquanto a face interna da membrana está
       negativa em relação à face externa há uma grande força impulsionando íons de
       sódio para o interior da membrana. Quando os canais se abrem ocorre a entrada
       maciça e rápida de íons sódio e a rápida despolarização da membrana.
   3- Fase descendente (repolarização) – os componentes de dois tipos de canais
       colaboram para a fase de repolarização: os canais de sódio que se fecham e,
       portanto ficam inativos não permitindo mais entrada de sódio e a abertura de
       canais de potássio, levando grande quantidade de potássio para fora da célula.
       Esse movimento faz com que o potencial da membrana celular volte, não tão
       rapidamente para o potencial de repouso.
   4- Pós-hiperpolarização – nessa fase,
       o potássio sai da célula sem que
       ocorra a entrada de sódio, e,
       portanto a diferença entre as cargas
       da face interna e da face externa da
       membrana fica muito grande,
       causando uma hiperpolarização. A
       membrana                 permanece
       hiperpolarizada até que ocorra o
       fechamento dos canais de potássio.


5- Condução do potencial de ação
        Para transmitir informação de um ponto do Sistema Nervoso a outro é necessário
que o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo do axônio até
alcançar o seu terminal, iniciando daí a transmissão sináptica.
        Um potencial de ação iniciado em um neurônio somente propaga em uma
direção, ele não volta a percorrer o caminho já percorrido. Isso ocorre por que a
membrana por onde esse impulso passou se encontra refratária como resultado da
inativação dos canais de sódio recém utilizados.
        Alguns fatores podem influenciar a velocidade de condução:
    1- o diâmetro axonal: a velocidade de condução aumenta quanto maior for o
        diâmetro axonal
    2- tamanho do axônio: axônios maiores necessitam
        de uma maior despolarização para alcançar o
        limiar do potencial de ação
    3- número de canais
    4- presença de mielina: a condução é facilitada pela
        presença de mielina no axônio.
A bainha de mielina não se estende continuamente ao
longo de todo o axônio. As quebras no isolamento,
conhecidas como nódulo de Ranvier, permitem que os
íons cruzem a membrana gerando potenciais de ação.
Esse tipo de condução é conhecida como saltatória.



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  • 1. Fisiologia das sinapses Fisiologia das sinapses a- proteínas 1.1 – Movimento dos íons 1 Introdução 1.2 Bases iônicas do potencial de repouso a- definição a – potencial de equilíbrio b- tipos b –sinapses de permeabilidade iônica relativa ao potencial de repouso 2 Neurotransmissores e receptores 2 Propriedades do potencial de ação 2.1 – síntese e armazenamento de neurotransmissores 3 Condução do potencial de ação 2.2 – liberação de neurotransmissores 2.3 – tipos de receptores 2.4 – reciclagem e degradação dos neurotransmissores 3 Integração sináptica 3.1 – Somação 3.2 – Integração 4 Plasticidade sináptica 1 – Introdução Agora que você já sabe como ocorre a formação de um impulso nervoso e como ele se propaga através do neurônio, vamos ver de que forma essa informação é passada de um ponto a outro do Sistema Nervoso, ou seja, de que maneira essa informação é transmitida entre os neurônios. No final do século XIX reconheceu-se que o Sistema Nervoso é formado por células distintas e que essas células, ditas neurônios, estão conectadas de alguma forma para que as informações que cada uma delas gere ou receba possa ser transmitidas a outras células. a – Definição O termo sinapse é definido como unidade processadora de sinais do Sistema Nervoso, local de contato entre dois ou de um neurônio com outra célula. A passagem de informações através da sinapse é conhecida por transmissão sináptica. Ao serem transmitidas as mensagens podem ser modificadas no processo de passagem de uma célula para outra. A maioria das transmissões sinápticas consiste em uma dupla conversão de códigos. A informação produzida pelo neurônio é veiculada eletricamente, através de potenciais de ação até os terminais axônicos e lá é transformada e veiculada quimicamente para ao neurônio conectado. A seguir, nova informação, a informação química é percebida pelo segundo neurônio e volta a ser veiculada eletricamente, com a gênese e a condução de novos potenciais de ação. b – tipos de sinapses Há dois tipos de sinapses: as elétricas e as químicas. Nas sinapses elétricas a transferência de informações ocorre através da transferência de corrente iônica diretamente de uma célula para outra, através de sítios especializados chamados junções gap ou junções comunicantes. Nas junções comunicantes as membranas ficam muito próximas e possuem canais iônicos que permitem a passagem dos íons. Dessa forma, as células se acoplam quimicamente. Quando uma célula entra em atividade, ou seja, produz potenciais, a corrente iônica correspondente passa diretamente para a outra célula via junções comunicantes. O fluxo dessas sinapses é bidirecional e sua transmissão é muito mais rápida quando comparada com a sinapse química. A importância da sinapse elétrica está em permitir a sincronização de numerosas populações celulares acopladas, devido à rapidez de sua transmissão. Nos vertebrados predominam as sinapses químicas, cuja capacidade de processamento de informações permitiu maior funcionalidade ao Sistema Nervoso. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 1
  • 2. Fisiologia das sinapses Durante o processo evolutivo, tornou-se vantajoso para o processamento de informações, o aparecimento entre dois neurônios, de uma região especializada de contato. O espaço entre as duas membranas nessa região é chamado de fenda sináptica e mede 20 a 40 nm, um espaço bastante maior do que vemos nas junções comunicantes. A transmissão sináptica que ocorre nas sinapses químicas é unidirecional, o que possibilitou a seguinte nomenclatura: A primeira célula, ou seja, a que antecede a fenda sináptica é chamada de neurônio pré-sináptico e a segunda célula é o elemento pós-sináptico. O elemento pré- sináptico geralmente é composto por um axônio e o pós-sináptico por um dendrito. O terminal pré-sináptico destaca-se devido à presença de vesículas sinápticas, pequenas esferas encontradas em grande quantidade que se aglomeram próximo a face interna da membrana pré-sináptica. A informação que chega ao elemento pré- sináptico vem na forma de potenciais de ação conduzidos através do axônio até os terminais. A seguir ocorre a conversão da informação elétrica em química. Os potenciais de ação causam a liberação, na fenda sináptica, de certa quantidade de substância química armazenada no interior das vesículas sinápticas. Essas substâncias recebem o nome de neurotransmissores. As moléculas de neurotransmissores uma vez na fenda sináptica, reconverte a informação química em informação elétrica, ou seja, o neurotransmissor resulta em um potencial pós-sináptico na membrana da segunda célula. Esse processo produzirá potenciais de ação que serão conduzidos pelo axônio correspondente até uma terceira célula, onde o processo se repetirá. Essa dupla conversão de informações, do modo químico para o elétrico e do elétrico para o químico novamente, permite que haja interferência na própria sinapse. A modulação na transmissão sináptica ocorre em quase todas as sinapses. Essa possibilidade adaptativa que resultou no aparecimento de sinapses químicas permite que ela tenha capacidade de modular as informações transmitidas pelas células nervosas. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 2
  • 3. Fisiologia das sinapses As sinapses químicas podem ser classificadas quanto à função em: 1 – excitatórias - o resultado da transmissão sináptica é um potencial pós- sináptico despolarizante, ou seja, tende a se aproximar do limiar facilitando o potencial de ação do neurônio pós-sináptico. 2 – inibitórias – o resultado da transmissão é um potencial pós-sináptico hiperpolarizante, que se afasta do limiar dificultando a geração do potencial de ação. Há alguns requisitos básicos para a transmissão sináptica química: 1 – Deve haver um mecanismo para a síntese de neurotransmissores e seu armazenamento nas vesículas sinápticas. 2 – Um mecanismo que cause a liberação de neurotransmissores das vesículas em resposta a um potencial de ação pré-sináptica. 3 – Um mecanismo para produzir uma resposta elétrica ou química ao neurotransmissor no neurônio pós-sináptico. 4 – Um mecanismo para remoção dos neurotransmissores na fenda sináptica. 2 - Neurotransmissores e receptores Os neurotransmissores situam-se em três categorias principais: aminoácidos, aminas e peptídeos. a. AMINAS: INDOLAMINAS*- a serotonina, a histamina, e as CATECOLAMINAS* - dopamina e a norepinefrina. b. COLINAS (também é uma amina): Classe da qual a Acetilcolina é o neurotransmissor mais importante. c. PURINAS: Adenosina, ATP d. AMINOÁCIDOS: o glutamato e o aspartato são os transmissores excitatórios bem conhecidos, enquanto que o ácido gama-aminobutírico (GABA), a glicina e a taurina são neurotransmissores inibitórios. e. NEUROPEPTÍDEOS: esses são formados por cadeias mais longas de aminoácidos (como uma pequena molécula de proteína). Sabe-se que mais de 50 deles ocorrem no cérebro e muitos deles têm sido implicados na modulação ou na transmissão de informação neural. Ex.: opióides (encefalinas e endorfina), hormônios da neuro-hipófise (ocitocina e vasopressina) f. GASES: Óxido Nítrico (NO), Monóxido de Carbono (CO) Os aminoácidos e as aminas são pequenas moléculas orgânicas com pelo menos um átomo de nitrogênio e são armazenados nas vesículas sinápticas, já os peptídeos são moléculas grandes armazenadas em grânulos secretores. Vesículas e grânulos são frequentemente observados nos mesmos terminais axônicos. Diferentes neurônios do Sistema Nervoso também liberam diferentes neurotransmissores. 2.1 – síntese e armazenamento de neurotransmissores A transmissão sináptica requer que os neurotransmissores sejam sintetizados e estejam prontos para a liberação. Diferentes neurotransmissores são sintetizados de maneiras diferentes. Por exemplo, o glutamato e a glicina fazem parte do grupo de 20 aminoácidos utilizados na síntese proteica, ou seja, estão em abundância em várias células. Já o GABA e as aminas são produzidas apenas pelos neurônios que os liberam. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 3
  • 4. Fisiologia das sinapses Esses neurônios possuem enzimas específicas que os sintetizam a partir de precursores metabólicos. 2.2–liberação de neurotransmissores A liberação de neurotransmissores é desencadeada pela chegada de um potencial de ação ao terminal axônico. Esses potenciais chegam na forma de ondas despolarizantes da membrana. A despolarização que ocorre durante os potenciais de ação provoca a abertura de canais e a passagem de íons Ca2+ em grande quantidade para o interior do terminal. A elevação da concentração de cálcio é o sinal para a liberação de neurotransmissores das vesículas sinápticas. As vesículas liberam seus conteúdos por exocitose. A membrana da vesícula funde-se com a membrana pré-sináptica nas zonas ativas permitindo que os conteúdos das vesículas sejam liberados na fenda sináptica. Tanto maior será o número de vesículas e grânulos que sofrerão exocitose quanto mais prolongada for a despolarização provocada pelo potencial de ação, ou seja, quanto maior a frequência de potencias de ação que chegam ao terminal. Conclui-se que a frequência de potenciais de ação determina a quantidade de moléculas de neurotransmissores liberada na fenda sináptica. 2.3 – receptores O resultado final da ação do neurotransmissor na fenda sináptica é o aparecimento de uma alteração no potencial da membrana pós-sináptica, chamado de potencial pós-sináptico. O que provoca essa alteração é a interação química entre o neurotransmissor e o seu receptor. O receptor é um complexo molecular de natureza proteica embutido na membrana pós-sinápticas e capaz de estabelecer uma ligação química específica com o neurotransmissor. Existem duas classes de receptores: 1- ionotrópicos: formam canais iônicos diretamente 2- metabotrópicos: cujos efeitos sobre o neurônio são produzidos de forma indireta. Quando o neurotransmissor atravessa a fenda sináptica e se liga ao receptor, sendo ele o próprio canal iônico, a mudança na forma do canal causará a sua abertura e consequente passagem de íons através da membrana. Se predomina o fluxo de sódio de fora para dentro da célula o receptor provoca uma despolarização da membrana, se aproximando do limiar para gerar potenciais de ação. Nesse caso chamamos esse potencial de potencial pós-sináptico excitatório (PEPS). Em contraste, se predominar a entrada de cloreto (Cl-) também de fora para dentro da célula o receptor estará provocando uma hiperpolarização do neurônio e nesse caso é chamado de potencial pós- Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 4
  • 5. Fisiologia das sinapses sináptico inibitório (PIPS), pois estará se afastando do limiar e portanto, do potencial de ação. Os receptores metabotrópicoa realizam a transmissão da mensagem química indiretamente já que não são canais iônicos. Essa transmissão ocorre através de reações químicas intracelulares que podem ativar canais iônicos, ou promover outras alterações celulares. 2.4 – reciclagem e degradação dos neurotransmissores A interrupção da transmissão sináptica é importante para cessar as ações sinápticas e evitar a dessensibilização dos receptores. Há três mecanismos fundamentais para que isso ocorra: 1- receptação dos neurotransmissores – a membrana dos terminais pré-sinápticos frequentemente possui proteínas transportadoras específicas para os neurotransmissores que produz. Também algumas células da glia (os astrócitos) possuem transportadores para neurotransmissores. Esse mecanismo de receptação constitui um importante mecanismo de defesa contra os efeitos tóxicos das aminas (neurotoxicidade). 2- degradação enzimática do neurotransmissor – a presença de enzimas que degradam o neurotransmissor garante que o neurotransmissor será degradado após transmitir a informação. 3- difusão – a difusão do neurotransmissor para fora da fenda sináptica possibilita o final da transmissão. 3 – Integração sináptica Cada neurônio recebe sinapses de milhares de outros neurônios. Além disso, em cada sinapse muitas vezes atuam vários mecanismos de transmissão e modulação. O neurônio é capaz de reunir potenciais sinápticos de diferentes origens e tipos e associá- los e só então elaborar resposta. Essa integração de múltiplos sinais sinápticos é chamada de integração sináptica. Em cada momento o neurônio deve “decidir” se dispara potencias de ação e com qual frequência, essa pode ser a diferença entre contrair ou não um músculo e com qual força. 3.1 – somação temporal e somação espacial Em geral um estímulo não é suficientemente forte para gerar um potencial de ação, vários potenciais se somam fazendo com que o potencial de membrana se aproxime do limiar: Somação de PEPS (a) um potencial de ação pré-sináptico desencadeia um pequeno PEPS no neurônio pós-sináptico. (b) Somação espacial de PEPSs: quando dois ou mais sinais de entrada pré-sinápticos são simultâneos, seus PEPSs individuais se somam. (c) Somação temporal de PEPSs: quando a mesma fibra pré-sináptica dispara potenciais de ação em uma rápida sucessão, seus PEPSs se somam. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 5
  • 6. Fisiologia das sinapses 4 – Plasticidade neural A capacidade de adaptação do Sistema Nervoso, principalmente do neurônio, às mudanças nas condições do ambiente que ocorrem no dia-a-dia dos indivíduos chama- se neuroplasticidade ou plasticidade neural, um conceito amplo que se estende desde a resposta a lesões traumáticas até alterações sutis resultantes dos processos de aprendizagem e memória. Quando um fator ambiental incide sobre o Sistema Nervoso de alguma forma, modifica-o. Visto que isso ocorre em todos os momentos da vida, a neuroplasticidade é uma característica marcante e constante da função neural. Em alguns casos é possível identificar mudanças morfológicas resultantes das alterações ambientais. Em outros a mudança ocorre somente na função, sem alterações morfológicas evidentes. Como anteriormente foi dito, o citoplasma do neurônio em repouso está carregado negativamente em relação ao fluido extracelular. O potencial de ação é uma inversão rápida dessa situação em que o lado citoplasmático fica carregado positivamente em relação ao lado extracelular. O potencial de ação ou o impulso nervoso é o sinal que leva a informação ao longo do sistema nervoso. Durante o potencial de ação, o potencial de membrana torna-se positivo por um breve momento. Observando-se um gráfico de potencial de membrana em relação ao tempo, nota-se que o potencial de membrana possui fases identificáveis. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 6
  • 7. Fisiologia das sinapses A primeira dela é a fase ascendente, caracterizada por uma rápida despolarização da membrana que continua até o potencial alcançar + 40 mV. No pico a carga na face interna da membrana é positiva em relação à face externa. A fase descendente é caracterizada por uma repolarização até a membrana ficar mais negativa que o potencial de repouso (hiperpolarização). A última fase é a pós- hiperpolarização, onde há uma restauração gradual do potencial de repouso. Como o potencial se inicia? A percepção de uma dor aguda é causada pela geração de potenciais de ação em certas fibras nervosas da pele. A membrana dessas fibras possui um tipo de canal de sódio que é ativado pela distensão do terminal nervoso. Portanto a cadeia de eventos é: estímulo doloroso, distensão da membrana das fibras nervosas, abertura dos canais de Na+ , despolarização da membrana (a superfície interna da membrana torna-se menos negativa). Se esta despolarização alcançar um ponto crítico (limiar), ocorre o potencial de ação. Os potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além do limiar. A despolarização que causa o potencial de ação é alcançada de formas diferentes, no caso acima, a despolarização foi causada pela entrada de sódio através de canais iônicos sensíveis a distensão. Em interneurônios a despolarização é causada por outros neurônios. Ou pode também ocorrer por meios invasivos, através da aplicação de corrente elétrica. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que esta atinja o limiar e então surja o potencial de ação – lei do tudo ou nada. A freqüência de disparos de potenciais de ação reflete a magnitude da corrente despolarizante. Esta é uma das formas pelas quais a intensidade do estímulo é codificada no Sistema Nervoso. Embora a freqüência de disparos aumente com a magnitude o estímulo, existe um limite para a taxa que um neurônio pode gerar de potenciais de ação. Uma vez iniciado um potencial de ação é impossível iniciar outro durante cerca de 1 ms. Este período de tempo é chamado de período refratário absoluto. Também é relativamente difícil iniciar outro potencial de ação nos próximos milissegundos após esse período. A esse período chama-se período refratário relativo. Durante o período refratário relativo a quantidade de corrente necessária para atingir o limiar e portanto deflagrar um potencial de ação é tem que ser maior. O potencial de ação consiste em uma redistribuição de carga elétrica através da membrana. A despolarização durante o potencial de ação é provocada pelo influxo de íons sódio através da membrana e a repolarização é provocada pelo efluxo de íons potássio. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 7
  • 8. Fisiologia das sinapses Assim, as propriedades do potencial de ação são: 1- Limiar – é o potencial de membrana no qual um número suficiente de canais de sódio abre tornando a membrana mais seletiva para sódio. 2- Fase ascendente (despolarização) – enquanto a face interna da membrana está negativa em relação à face externa há uma grande força impulsionando íons de sódio para o interior da membrana. Quando os canais se abrem ocorre a entrada maciça e rápida de íons sódio e a rápida despolarização da membrana. 3- Fase descendente (repolarização) – os componentes de dois tipos de canais colaboram para a fase de repolarização: os canais de sódio que se fecham e, portanto ficam inativos não permitindo mais entrada de sódio e a abertura de canais de potássio, levando grande quantidade de potássio para fora da célula. Esse movimento faz com que o potencial da membrana celular volte, não tão rapidamente para o potencial de repouso. 4- Pós-hiperpolarização – nessa fase, o potássio sai da célula sem que ocorra a entrada de sódio, e, portanto a diferença entre as cargas da face interna e da face externa da membrana fica muito grande, causando uma hiperpolarização. A membrana permanece hiperpolarizada até que ocorra o fechamento dos canais de potássio. 5- Condução do potencial de ação Para transmitir informação de um ponto do Sistema Nervoso a outro é necessário que o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo do axônio até alcançar o seu terminal, iniciando daí a transmissão sináptica. Um potencial de ação iniciado em um neurônio somente propaga em uma direção, ele não volta a percorrer o caminho já percorrido. Isso ocorre por que a membrana por onde esse impulso passou se encontra refratária como resultado da inativação dos canais de sódio recém utilizados. Alguns fatores podem influenciar a velocidade de condução: 1- o diâmetro axonal: a velocidade de condução aumenta quanto maior for o diâmetro axonal 2- tamanho do axônio: axônios maiores necessitam de uma maior despolarização para alcançar o limiar do potencial de ação 3- número de canais 4- presença de mielina: a condução é facilitada pela presença de mielina no axônio. A bainha de mielina não se estende continuamente ao longo de todo o axônio. As quebras no isolamento, conhecidas como nódulo de Ranvier, permitem que os íons cruzem a membrana gerando potenciais de ação. Esse tipo de condução é conhecida como saltatória. Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 8