O documento discute o preparo da gestante para o parto, incluindo cuidados para oferecer uma experiência positiva e fisiológica do trabalho de parto e parto. Também aborda diferentes tipos de parto, como parto normal, cesárea e indução do parto, além dos cuidados necessários em cada etapa do processo.
2. O preparo da gestante para o parto abrange a
incorporação de um conjunto de cuidados, medidas e
atividades que têm como objetivo oferecer à mulher a
possibilidade de vivenciar a experiência do trabalho de
parto e parto como processos fisiológicos, sentindo-se
protagonista do processo.
A vivência que a mulher terá neste momento será mais ou menos prazerosa, mais ou menos
positiva, mais ou menos traumática, a depender de uma série de condições, desde aquelas
intrínsecas à mulher e à gestação, até aquelas diretamente relacionadas ao sistema de saúde.
3. Preparar a parturiente para o momento do nascimento do seu bebê;
Promover o exercício da maternidade com segurança e bem estar;
Ter como produto dessa assistência uma mãe e uma criança saudáveis,
com o menor nível possível de intervenção compatível com a segurança.
4. Parto vaginal (ou natural);
Parto cirúrgico (a cesárea/cesariana).
5. Os partos vaginais podem ser diferenciados em: partos vaginais cirúrgicos – que acontecem
normalmente nos hospitais com intervenções médicas como analgesia, aplicação de ocitocina,
episiotomia, etc e;
Parto natural é caracterizado pela ausência de intervenções médicas, como anestesia, analgésico ou
aplicação de hormônio para estimular as contrações. Podem ser usadas técnicas naturais para o alívio da
dor, como massagens, água quente ou diferentes posições. Uma vez que não há administração de
fármacos, a recuperação costuma ser mais fácil.
6. O parto normal pode ser realizado em posições variadas, como deitada, de cócoras, ou utilizando uma
cadeira de parto. Há também a possibilidade de ser realizado na água, em uma banheira apropriada.
7. o Receber e passar o plantão;
o Comunicar ao enfermeiro de plantão a admissão de nova paciente;
o Comunicar as intercorrências a equipe;
o Efetuar a limpeza concorrente na unidade da paciente;
o Verificar os sinais vitais, anotar em impresso próprio e notificar o enfermeiro caso haja alterações;
o Realizar punção venosa e identificá-la;
o Coletar exames solicitados (VDRL, HIV e tipagem sanguínea) na admissão;
o Administrar medicamentos conforme a prescrição e fazer a checagem com a anotação correspondente;
o Atender a paciente em suas solicitações;
o Registrar todos os procedimentos executados;
o Auxiliar na verificação e controle de materiais e medicamentos;
o Checar os equipamentos e materiais de consumo das salas de parto normal e notificar o enfermeiro do setor no caso de
intercorrências;
o Cumprir os regulamentos do Hospital e seguir o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
8. Poder receber uma atenção durante o trabalho de parto que ofereça a possibilidade de controle da
dor quando, e, se necessário, é um direito da mulher brasileira, garantido por portarias do Ministério
da Saúde (n° 2.815 de 1998 e, posteriormente, a de n° 572 de 2000), que incluem a analgesia de
parto na tabela de procedimentos obstétricos remunerados pelo SUS.
Resumidamente, existem três métodos para o controle
da dor durante o trabalho de parto e o parto:
Não farmacológicos,
Farmacológicos sistêmicos e
Farmacológicos regionais.
9. O trabalho de parto é dividido em 4 fases:
Primeiro Estágio – Contração e Dilatação.
- Pode ser dividido em duas partes:
Fase Latente;
Fase Ativa.
Segundo Estágio – Período Expulsivo.
Terceiro Estágio – Dequitação da Placenta.
Quarto Estagio – Greenberg (pós-parto imediato).
10. Estabelecer relação com a parturiente e seus familiares;
Fornecer líquidos leves conforme prescrição médica;
Explicar todos os procedimentos durante o trabalho de parto;
Monitorar os sinais vitais maternos:
Temperatura a cada 6 horas, exceto no caso de hipertermia ou no rompimento das membranas, que
exigem a verificação a cada 2 horas e sempre que necessário;
Verificação de pulso e respiração de acordo com a rotina do setor;
Pressão Arterial a cada 6 horas, exceto no caso de hipertensão ou hipotensão, ou quando a parturiente
receber medicamento que interfira na estabilidade hemodinâmica;
11. Oferecer os métodos não farmacológicos de alívio da dor de acordo com a aceitação da parturiente;
Estimular a parturiente a uma atitude ativa com movimentação e exercícios livres durante o trabalho
de parto, parto e nascimento, favorecendo as posições verticais e uso de métodos não invasivos para
alívio da dor;
Estimular as técnicas de conforto;
Ajudar a parturiente a mudar de posição;
12. Orientar a paciente a caminhar, agachar, ficar semi-sentada, manter-se em decúbito lateral esquerdo,
auxiliar no banho de aspersão ou imersão;
Administrar medicações prescritas, caso necessário;
Observar sinais e sintomas após a administração das medicações;
Incentivar o esvaziamento da bexiga.
14. Segundo estágio (período expulsivo) inicia-se com a dilatação máxima e termina com a expulsão do
feto.
Nesta fase são necessárias as seguintes intervenções de enfermagem:
Preparar a mesa de parto usando técnica asséptica;
Preparar materiais para receber o RN;
Monitorar os sinais vitais maternos;
Incentivar o aleitamento materno na primeira hora de vida;
Identificar o RN com pulseira e/ou tornozeleira, registrando o nome da mãe, data e hora do
nascimento e prontuário.
15. Terceiro estágio (Dequitação – desprendimento da placenta) verificar integridade da placenta.
Para isto, algumas medidas devem ser tomadas:
Observar sangramento. Perda de mais de 500 ml de sangue pode representar risco de choque
hipovolêmico;
Realizar a coleta do sangue do cordão para obter amostra de sangue a fim de realizar análise
bioquímica e hematológica;
Ocitocina profilática 10UI via IM pós-parto.
16. Quarto estágio (Greenberg) – Pós-parto imediato *hemorragia pós-parto (HPP) é a causa mais
comum de mortalidade;
Cuidados:
Limpeza de sangramento da vulva com compressas estéreis;
Enxugar as coxas e nádegas e aplicar compressa no períneo ou abaixo das nádegas;
Observar sinais de contração uterina e da quantidade de sangramento pós-parto, pois pode ocorrer
hemorragia pós-parto, principalmente por atonia ou hipotonia uterina;
Verificar SV a cada 15 minutos durante o pós-parto imediato;
É também momento adequado para promoção de ações que possibilitem o vínculo mãe/bebê,
evitando-se a separação desnecessária.
17.
18.
19. Procedimento cirúrgico que objetiva aumentar a abertura vaginal por uma incisão no períneo, no final
do período expulsivo, no momento do desprendimento fetal.
Estudos mostram quem:
Não ajuda a diminuir lacerações graves;
Pode ajudar a aumentar lacerações;
Não diminui o tempo de trabalho de parto;
Não diminui o risco de incontinência urinaria ou de bexiga caída.
Tipos de laceração:
- Períneo integro;
- Laceração de 1° grau;
- Laceração de 2° grau;
- Laceração de 3° ou 4° grau.
20. A cesárea é um procedimento cirúrgico que, quando bem indicado tem papel fundamental na redução da
morbidade e mortalidade perinatal e materna;
Deve ser realizada baseada nas condições clínicas (da gestante e do feto) que contraindiquem o parto
normal.
21. Algumas Indicações de Cesárea:
- REAIS
Prolapso de cordão – com dilatação não completa;
Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser
tentada a versão cefálica externa - VCE);
Ruptura de vasa prévia;
Herpes genital com lesão ATIVA no momento em que se inicia o trabalho de parto.
22. Desproporção cefalopélvica (DCP);
Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é "frequência cardíaca fetal não-
tranquilizadora", exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões
anômalos de freqüência cardíaca fetal);
Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina,
amniotomia.
23. Apresentação pélvica (recomenda-se oferecer versão cefálica externa depois de 36 semanas mas se
não for bem sucedida ou não for aceita pela gestante, discutir riscos e benefícios: o parto pélvico só
deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina - deve ser pesado contra
os riscos de se repetir a cesariana;
HIV/Aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou
carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida).
24. Exames pré-operatórios mínimos: Hemograma e tipagem sanguínea, exceto nas indicações de
emergência;
Antibióticoterapia profilática;
Jejum de no mínimo 8 horas nas cirurgias eletivas;
Orientações à gestante e vestuário próprio e retirada de próteses e adornos;
Tricotomia suprapúbica;
Antissepsia do abdome e coxas com clorexidina degermante a 2%;
Acesso venoso calibroso e pervio;
Cateterismo vesical com sonda de Foley n° 12 ou 14;
Preparação dos equipamentos necessários para o cuidado com o bebê.
Preparativos pré – operatório:
25. Anestesia
- A raquidiana e a peridural são as mais utilizadas.
Posição da mulher
- A cesárea é realizada com a mulher em decúbito dorsal horizontal.
Antissepsia
- A degermação da pele e do abdômen materno com soluções de sabão neutro previamente à
antissepsia é fundamental.
Tempos operatórios principais da cesariana:
Laparotomia com abertura e posterior fechamento;
Histerectomia e histerorrafia;
Extração do feto e de seus anexos.
26. Recuperação pós-anestésica:
A paciente obstétrica necessita dos mesmos cuidados pós-operatórios que outros pacientes
cirúrgicos;
Vigilância devido às alterações fisiológicas que seguem no pós parto imediato e à possibilidade de
complicações relacionadas ao controle de sangramento e contratilidade uterina.
27. Cuidados pós – operatórios:
Monitorar sinais vitais;
Monitorar sangramento pós-parto e tonicidade uterina (contração);
Manter hidratação venosa e ocitocina por 12 horas;
Dieta zero, nas primeiras 6 horas;
Dieta branda a partir de 6-8 horas, conforme aceitação;
Curativo da ferida operatória: Troca no 1° dia pós-operatório.
28. Alta hospitalar com orientações;
Referenciar para unidade de atenção primária para acolhimento mãe–bebê;
Retirada de pontos – entre 7º e 10º dias pós-parto.
Analgesia sistemática (AINE, Dipirona, Tramadol, Codeína+Paracetamol);
Antieméticos;
Manter sondagem vesical em sistema fechado, pelo período máximo de 06 horas, se deambulando
bem, devendo ser retirada pela enfermagem na ausência de recomendação de drenagem de demora;
Estimular a amamentação precoce.
29. Uma gravidez pode ir até 37 a 41 semanas e 6 dias. Portanto, uma gestação é considerada pós-termo
(aquele famoso “passou da hora”) somente quando ultrapassa as 42 semanas.
A indução é indicada quando a gestação se estender além das 41 semanas e 6 dias ou houver alguma
razão para antecipar o nascimento como diabetes ou hipertensão. As formas e o melhor momento
para a indução é sempre discutido com a família de acordo com o quadro clínico da gestante.
Formas de indução do parto:
Estímulos naturais:
Banhos quentes;
Escalda pés;
Sexo;
Caminhadas;
Exercícios;
Estimulação da mama.
30. Descolamento das membranas (procedimento onde a Parteira/Obstetra faz um estimulo tátil no colo
do útero durante o exame de toque, visando descolar as membranas da bolsa do orifício do colo, o
que auxilia na produção de hormônios locais e pode desencadear o trabalho de parto).
Uso de medicamentos como Misoprostol (comprimido de prostaglandina colocado na vagina em
intervalos regulares para indução do parto). Deve ser utilizado na dose de 25 mcg de 4 em 4 horas
até um máximo de 6 doses.
Ocitocina (hormônio sintético colocado no soro para induzir contrações uterinas). Ela é
administrada por via intravenosa, de preferência com uma bomba de infusão para que a quantidade
do medicamento possa ser controlada com precisão.
31.
32. Inicia-se 1 a 2 horas após a saída da placenta e
tem o termino imprevisto, pois enquanto a mulher
amamentar ela estará sofrendo modificações da
gestação (lactância).
Puerpério imediato: primeiras 24 hs pós-parto;
Puerpério mediato: das 24 hs as 72 hs pós- parto;
Puerpério tardio: de 72 hs até 11 dia pós-parto;
Puerpério remoto: após 12 dias em diante.
33. Útero: Altura: 15 cm (diminuindo cerca de 1 cm ao dia). No
primeiro dia pós-parto, atinge a altura do umbigo;
Sensibilidade - indolor a palpação;
Vagina e Vulva: Ficam entreabertas, apresenta-se com a
coloração arroxeada. Volta a usa estrutura normal em 3
semanas;
Períneo: Nos primeiros dias, os cuidados resumem-se na
rigorosa higiene local, duas a três vezes por dia e tantas
quantas a puérpera urinar ou defecar.
34. Mamas: único órgão que após o parto começa sua
evolução.
Após o parto (dois ou três dias), as mamas produzem
um líquido amarelo viscoso denominado colostro.
Os mamilos e a auréola podem ser lavados, antes das
mamadas e depois delas, apenas com água evitando
sabão por causar ressecamento.
35. LÓQUIOS: Perda vaginal após o parto consiste em
secreções uterina e vaginais (sangue e revestimento
uterino).
- ASPECTO variáveis entre cor e volume.
Lóquios vermelho ou rubro até 2° e 3° dia pós-parto.
Lóquios escuro ou fosco até o 3° e 4° dia pós-parto.
Lóquios amarelo ou flava do 5° dia pós-parto em
diante.
Lóquios branco ou alba aparece em torno do 16° dia e
aos poucos desaparece. Volta da menstruação: Por volta dos
45 dias há tendência a restabelecer
os ciclos menstruais normais.
36. Manter acesso venoso, apalpar o útero para assegurar-se de este estar bem contraído;
Controlar sangramento vaginal a cada 30 minutos ou com maior frequência se houver indicação e
observar a coloração das mucosas;
Verificar sinais vitais (PAe P), ou com maior frequência;
Observar e anotar o estado geral da paciente;
Inspecionar incisão cirúrgica para detectar possível formação de hematoma;
Estar alerta para a possibilidade de hipotonia ( diminuição do tônus muscular) ou atonia uterina (útero
é incapaz de realizar contrações).
37. Estimular o banho diário, inclusive com a lavagem do cabelo. A puérpera apresenta uma sudorese
maior. O primeiro banho após o parto será assistido, para a segurança da paciente.
Orientar sobre a necessidade de sono e repouso.
Estimular a ingestão hídrica.
Estimular a deambulação precoce após o parto. Após 4 horas para parto normal, com ou sem
episiotomia.
Após 6 horas para partos sob anestesia peridural.
Após 8 a 12 horas para partos sob anestesia raquidiana. Nestes, a puérpera deverá ser mantida em
decúbito dorsal até completar 12 horas ou segundo recomendação médica.
38. Observar e anotar eliminações;
Inspecionar as mamas diariamente.
Orientar e ajudar no aleitamento marterno;
Ensinar cuidados com mamas e mamilos;
Ensinar e supervisionar todos os cuidados com o
recém-nascido (banhos, trocas, amamentaçãoetc.).
Observar sucção do recém-nascido.
39. Cesárea e laqueadura tubária: Retirar curativo após 24
horas, lavar a incisão com água e sabão ou sabonete
neutro. Manter a incisão limpa e seca.
Episiotomia: Lavar com água e sabonete neutro três
vezes ao dia e após as evacuações e micções: Manter a
incisão limpa e seca.
Verificar diariamente a cor, odor, aspecto e quantidade
dos lóquios.
Observar diariamente a involução uterina.
40. Hemorragias puerperais: perdas sanguíneas que por vezes tornam-se graves.
Infecções puerperais: ocorre nas lacerações ou feridas do canal de parto ou zona de implantação
da placenta, podendo comprometer todo o aparelho genital e organismo.
Rachaduras e fissuras do mamilo: as feridas superficiais denominam-se rachaduras e as profundas
fissuras. São observadas frequentemente nos primeiros dias de lactação.
Mastites: São processos inflamatórios das mamas.
Hematomas vulvares: Quando são realizadas as episiotomias, após sua reparação, pode ocorrer que
um vaso fique sangrando dentro da ferida suturada, causando um hematoma.