Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Memorial do Convento-Dimensão simbólica
1. A dimensão simbólica da obra e as suas três
principais personagens: Baltasar, Blimunda e
Bartolomeu
“Memorial do Convento” de José Saramago
2. Relação titulo/conteúdo
O título apresenta uma grande carga simbólica
Sugere as memórias remetem para o Mundo
místico e misterioso.
É o erudito e o popular que
permite a realização de sonhos e
crenças num universo de magia.
Representa a construção do
convento, com tudo o que de
grandioso e trágico representou.
3. O desejo de um Rei que queria
deixar descendência real.
O desejo dos frades franciscanos de
possuírem um convento.
2 desejos
A construção do Convento de Mafra
Este convento reflete sobretudo
● A magnificência da corte de D. João V e do seu
poder absoluto;
● O sacrifício e a opressão do povo que nele
trabalhou, muitas vezes aniquilado para servir
o sonho do rei.
4. É um romance histórico mas também social, pois analisa e critica as condições
sociais, morais e económicas da corte e do povo.
● Há uma grande preocupação
com o ser humano, a sua
miséria e a sua luta, as
injustiças e os seus anseios, a
sua grandeza e os seus limites.
5. Simbologia dos números
Número 3
• Criação;
• Natureza tríplice de Deus;
• Santíssima Trindade;
• Ciclo de vida;
• Composição do homem;
• Trilogia Baltasar, Blimunda e Bartolomeu.
6. Número 4
Domenico Scarlatti
Quarto elemento
Quatro elementos;
Quatro pontos cardeais;
Quatro estações do ano.
Completa a Trindade
Terrestre
8. Número 9
• Gestação;
• Renovação;
• Renascimento.
”Durante nove anos, Blimunda procurou
Baltasar.”
A união entre os dois é restabelecida
9. Baltasar Sete-Sóis
Caracterização
● É um homem do povo, simples, analfabeto e
humilde, elementar, fiel e terno;
● É um jovem soldado, de 26 anos, natural de
Mafra, que ficou maneta da mão esquerda
depois de ter levado um tiro durante a Guerra
da Sucessão;
● Conhece o padre Bartolomeu de Gusmão e
Blimunda em Lisboa enquanto assiste ao auto
de fé em que está a mãe de Blimunda;
10. ● Aceita a vida que lhe foi dado viver e a mulher que o destino lhe ofereceu;
● Não medo do trabalho ou da morte. Não é um herói nem um anti-herói, é
simplesmente um homem;
● O Padre Bartolomeu Lourenço partilha com ele o seu maior segredo, a construção
da passarola;
● Também vai participar na construção do convento;
● Morre queimado vivo na última fogueira da Inquisição.
11. Simbologia da personagem
Baltasar
É comparado a Deus, devido à
mutilação da mão esquerda, pelo
padre Bartolomeu.
O Sol identifica-se como fonte de vida,
da força, do poder do conhecimento.
Baltasar encarna simbolicamente
a vida de todos os homens do
povo, oprimido e espezinhado,
que sempre trabalhou e nunca foi
recompensado.
A morte de Baltasar no fogo da
Inquisição significa o regresso às
trevas e a negação do progresso.
12. O Sol para nascer tem que vencer
todos os dias todos os guardiães da
noite.
Baltasar também terá que
vencer os guardiães da "noite
histórica": a Inquisição, a
credulidade popular e as forças
espirituais retrógradas.
O Sol percorre um ciclo celeste diurno
de Oriente para Ocidente
Baltasar percorre, no interior
da Passarola, um ciclo entre
Lisboa e Montejunto.
O seu percurso é marcado por
uma aura de magia
Presente na relação amorosa com
Blimunda e na afinidade de "saberes"
com o padre Bartolomeu e no trabalho
de construção da passarola.
13. Trabalha mutilado no convento
Uma luta desmedida na
construção de algo, como
realização de um sonho.
A perda de parte do seu lado
esquerdo
A amputação da sua dimensão
mais nefasta, mais masculina,
mais passada.
Ganhou uma dimensão mais espiritual,
marcada pela perseverança, força, luta e
sentido de futuro que sairá reforçada na
associação com Blimunda.
14. Blimunda Sete-Luas
• Quando conhece Baltasar tem 19 anos;
• É uma mulher do povo com poderes
sobrenaturais – ecovisão;
• É sensual e inteligente
• Vive sem regras que a condicionem e
escravizem;
• É detentora de grande densidade psicológica
e de uma perseverança sem limites;
• Aceita a vida sem orgulho nem submissão.
Caracterização
15. Simbologia da personagem
Blimunda
A riqueza interior de Blimunda Força do seu olhar
As duas mil “vontades”
retiradas por Blimunda para
construção da passarola são
de difícil acesso
Falta de perseguição do sonho
Só Blimunda conseguiria entrar neste
mundo não material.
Blimunda capacidades
intuitivas e visionárias,
dependentes das fases da Lua.
Vê às escuras Sete-Luas
16. A igualdade do casal é contrária ao estatuto
social feminino no século XVIII.
Blimunda é mulher do futuro, que trabalha
ao lado do marido e com ele tudo vive
e decide: é a nova mulher.
Junção das Vontades Humanas Faz os Homens subirem aos céus
3 símbolos:
a morte humana,
o pensamento falso e passivo
a vontade resignada
Sem a vontade humana, nenhum
progresso científico por si só faz avançar o
mundo.
17. Baltasar e Blimunda
O nome de Blimunda funciona como o reverso do de
Baltasar.
Sol e Lua completam-se: são a
luz e a sombra que compõem o
dia (o ciclo diário).
Baltasar e Blimunda são, pelo
amor que os une, um só
A relação entre os dois é perturbadora
para a sociedade da época
Porque não existe um
casamento oficial
Porque os dois têm os mesmos
direitos, facto improvável em
pleno século XVIII.
18. Conhecem-se durante um auto-de-fé, levado a
cabo pela Inquisição, o de 26 de Julho de 1711
e não mais deixam de se amar
Vivem um amor sem regras,
natural e instintivo, entregando-
se a jogos eróticos. A plenitude
do amor é sentida no momento
em que se amam e a procriação
não é sonho que os atormente
como sucede com os reis.
Blimunda não é de origem Sete-Luas e
é o padre Bartolomeu de Gusmão que
a baptiza com este nome por ela ser
companheira de Sete -Sóis
19. Ela com uma capacidade de
olhar por dentro das pessoas
O seu amor é tão complementar porque
eles próprios são diferentes das outras
pessoas
Ele com uma deformidade
física devido à guerra.
A complementaridade Sol/Lua, dia/noite,
luz/sombra evidencia a alternância do mundo, numa
clara acepção de essência dicotómica que une os
opostos, nomeadamente, o universo divino e o
universo humano.
20. Comparação entre os dois amores
D. João V e D. Maria Ana Josefa Baltasar e Blimunda
Rei absoluto a
quem é
obrigatório amar
Obediência e respeito;
Cumprimento de regras e
deveres da rainha
Homem
encantado e
apaixonado
Mulher
encantada e
apaixonada
Casamento religioso baseado em interesses
políticos;
Respeito, cumprimento de obrigações
conjugais
Amor carnal; Amor espiritual;
Encontro de corpos e almas
Amor verdadeiro e eternoRelações obrigatórias para
procriar
21. Padre Bartolomeu Lourenço de
Gusmão – O voador
Baixa estatura
Nascido no Brasil cedo veio para Portugal e
logo com 15 anos ingressou na igreja e
estudou filosofia
Já no Brasil contactava com a classe eclesiástica:
É caracterizado como um grande orador
Tem 26 anos
Aproximam-no do padre António Vieira
Caracterização
22. Foi perseguido pela Inquisição, pela
modernidade do seu espírito científico e pelo
seu comportamento muitas vezes anti-canónico
Representa, de uma forma quase de sacrilégio,
alguns dos rituais e sacramentos da Igreja
É um homem genial e incompreendido (como
o fora, por exemplo, Leonardo Da Vinci)
Mistura da sua entrega à fé com a sua paixão
escondida pela alquimia
Tem um sonho: construir a máquina voadora
Morreu “doido” em Toledo
“(…) o padre Bartolomeu Lourenço
de Gusmão morreu em Toledo, que é
em Espanha, para onde tinha fugido,
dizem que louco (…) Diz-se que foi
no dia dezanove de Novembro, por
sinal que nessa data houve em
Lisboa uma grande tempestade, se o
Bartolomeu de Gusmão fosse santo,
seria um sinal do céu (…)”(Capítulo
XVII)
23. Personagem histórica vs Personagem
fictícia
Estudou com os Jesuítas da Baía
Devido ao interesse científico, veio em
1701 para Portugal
Fez o curso de Cânones da Universidade de
Coimbra
Dedicou-se a experiências aeronáuticas –
lançamento de balões
Fugiu à Inquisição por adesão ao judaísmo ou
por envolvimento num caso de bruxaria.
.
Morreu em Toledo em 1724
Viveu e estudou no Brasil
Veio cedo para Portugal
Fez o doutoramento em cânones na
Universidade de Coimbra
Construiu a passarola
Fugiu à Inquisição devido ao seu sonho
de voar
Morreu em Toledo
Personagem histórica Personagem fictícia
24. Simbologia da personagem
Bartolomeu
A sua obsessão de voar levam-no a formar
uma “Trindade terrestre”
Baltasar
Blimunda
Bartolomeu
Esta tríade simboliza o sonho e o empenho tornados
realidade, a par da desgraça, também ela partilhada.
Força física
Magia
Inteligência
Representa as novas ideias que causavam
estranheza na inculta sociedade portuguesa.
Representa uma enorme crise de fé
Verifica-se uma constante mudança de
atitude por parte da personagem.
O que simboliza o mito de Prometeu
25. Simbologia da Passarola
Ligação entre o Céu e a Terra
É o símbolo da humanização,
possuindo a capacidade de voar e
chegar mais perto dos anjos
Fim do dogmatismo da época
A viagem
Simboliza a liberdade
É a esperança em tempos de escravidão
A sobreposição da vontade
humana à vontade divina
As vontades como
combustível
26. A simbologia do convento de Mafra
Simboliza a importância da matéria e do sonho
É uma maneira dos homens mostrarem o seu
talento e engenho e a sua superioridade no
Universo.
Resulta da vontade de um rei
vaidoso…
… do trabalho escravo de todo um
povo…
… e da formação intelectual de
estrangeiros
27. A matéria e o sonho na
obra “Memorial do
Convento”
28. Simbologia da Igreja e do Clero
A Igreja representa o obscurantismo, um poder
imenso que tudo controla segundo a sua
vontade, incluindo as decisões régias.
Usa um discurso demagógico
Controla o país
Através da Inquisição
Conta até com a subjugação
do próprio rei
“D. João V levantou-se da sua cadeira, beijou a mão do
provincial, humildando o poder da terra ao poder do céu, e
quando se tornou a sentar repetiu-se-lhe o halo em redor da
cabeça, se este rei não se acautela acaba santo.” (Capítulo XXI)
29. Simbologia da Pedra Mãe
Uma situação de cariz mítico na obra “Memorial do Convento”
constitui-se com a história heróica, epopeica, do transporte da pedra
gigante de mármore, a mãe da pedra, de Pêro Pinheiro para Mafra.
O tamanho gigantesco
da pedra
O carro especialmente construído para o
seu transporte (uma "nau da Índia"),
As duzentas juntas de bois e os
seiscentos homens necessários
para o puxarem
Os difíceis obstáculos do caminho
A narração exagera as situações descritivas:
30. “a laje tem de comprimento trinta e cinco palmos, de largura
quinze, e a espessura é de quatro palmos, e, para ser
completa a notícia, depois de ser lavrada e polida, lá em
Mafra, ficará só um pouco mais pequena, trinta e dois palmos,
catorze, três, pela mesma ordem e partes, e quando um dia
sem acabarem palmos e pés por terem achado metros na
terra, irão outros homens tirar as medidas e encontrarão sete
metros, três metros, sessenta e quatro centímetros, tome
nota, e porque também os pesos velhos levaram o caminho
das medidas velhas, em vez de duas mil cento e doze arrobas,
diremos que o peso da pedra da varanda da casa a que se
chamará Benedictione é de trinta e um mil e vinte e um quilos,
trinta e uma toneladas em números redondos, senhoras e
senhores visitantes, e agora passemos à sala seguinte, que
ainda temos muito que andar.” (Capítulo XIX)