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CID 10: A54
Gonorréia
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição
A Gonorreia é uma doença infecciosa do trato genital, de transmissão sexual, que pode
determinar desde infecção assintomática até doença manifesta, com alta morbidade.
Clinicamente, apresenta-se de forma completamente diferente no homem e na mulher. Nesta,
cerca de 70 a 80% dos casos femininos, a doença é assintomática. Há maior proporção de casos
em homens.
Gonorreia no Homem
Consiste em um dos tipos mais frequentes de uretrite masculina do qual o sintoma mais precoce
é uma sensação de prurido na fossa navicular que vai se estendendo para toda a uretra. Após 1
a 3 dias, o doente já se queixa de ardência miccional (disúria), seguida por corrimento,
inicialmente mucoide que, com o tempo, vai se tornando, mais abundante e purulento. Em
alguns pacientes, pode haver febre e outras manifestações de infecção aguda sistêmica. Se não
houver tratamento, ou se esse for tardio ou inadequado, o processo se propaga ao restante da
uretra, com o aparecimento de polaciúria e sensação de peso no períneo; raramente observa-se
hematúria no final da micção.
Gonorreia na Mulher
Embora a infecção seja assintomática na maioria dos casos, quando a infecção é aparente,
manifesta-se sob a forma de cervicite que, se não for tratada corretamente, resulta em serias
complicações. Uma cervicite gonocócica prolongada, sem tratamento adequado, pode se
estender ao endométrio e as trompas, causando doença inflamatória pélvica (DIP). Esterilidade,
gravidez ectópica e dor pélvica crônica são as principais sequelas dessas infecções. Em razão
disso, é importante, como rotina, avaliação criteriosa de riscos mediante realização da
anamnese e sinais clínicos observáveis ao exame ginecológico. Alguns sintomas genitais leves,
como corrimento vaginal, dispareunia ou disúria, são frequentes na presença de cervicite
mucopurulenta. O colo uterino pode ficar edemaciado, sangrando facilmente ao toque da
espátula. Verifica-se presença de muco/pus no orifício externo do colo. Os recém-nascidos de
mães doentes ou portadoras de infecção desta etiologia na cérvice uterina podem apresentar
conjuntivite gonocócica devido à contaminação no canal de parto.
Sinonímia
Blenorragia, blenorreia, esquentamento, pingadeira, purgação, fogagem, gota matutina, gono e
uretrite gonocócica.
Agente Etiológico
Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram-negativo.
Reservatório
O homem.
Modo de Transmissão
Contato sexual.
Período de Incubação
Geralmente, entre 2 e 5 dias.
Período de Transmissibilidade
O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar de meses
a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe a
transmissão.
Complicações
Dentre as complicações da uretrite gonocócica no homem destacam-se: balanopostite,
prostatite, epididimite, estenose uretral (rara), artrite, meningite, faringite, pielonefrite,
miocardite, pericardite, septicemia. A conjuntivite gonocócica em adultos não é um quadro raro
e ocorre basicamente por autoinoculação. Também pode ocorrer a síndrome de Fitz-Hugh-
Curtis (peri-hepatite gonocócica) na doença sistêmica. A orquiepididimite poderá provocar
diminuição da fertilidade, levando até mesmo esterilidade. Na mulher, quando a Gonorreia não
é tratada, a infecção ascendente de trompas e ovários pode caracterizar a chamada doença
inflamatória pélvica (DIP), a mais importante complicação da infecção gonocócica na mulher. A
DIP pode estar relacionada com endometrite, salpingite e peritonite. Alterações tubárias podem
ocorrer como complicação dessa infecção, levando 10% dos casos a oclusão das trompas de
Falópio e a infertilidade. Naqueles casos onde não ocorre obstrução, o risco de desenvolvimento
de gravidez ectópica é bastante elevado.
Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela coloração de Gram ou pelos
métodos de cultivo. No exame bacterioscópico dos esfregaços, devem ser observados
diplococos gram-negativos, arranjados aos pares. Thayer-Martin é o meio especifico para a
cultura. Podem-se utilizar também métodos de amplificação de ácidos nucleicos, como a ligase
chain reaction, mas tem custos mais elevados, quando comparados com o gram e a cultura.
Diagnóstico Diferencial
Infecção por clamídia, ureaplasma, micoplasma, tricomoníase, vaginose bacteriana e artrite
séptica bacteriana.
Tratamento
Deve ser utilizada uma das opções a seguir: Ciprofloxacino, 500 mg, VO, dose única; Ofloxacino,
400 mg, VO, dose única; Ceftriaxona, 250 mg, IM, dose única. Existem evidências de altos índices
de resistência desse agente a antibioticoterapia convencional. O Ministério da Saúde recomenda
tratar simultaneamente Gonorreia e clamídia, com Ciprofloxacino, 500 mg, dose única, VO, mais
Azitromicina, 1 g, dose única, VO, ou Doxiciclina, 100 mg, de 12/12 horas, por 7 dias.
Características Epidemiológicas
Doença de distribuição universal que afeta ambos os sexos, principalmente adultos jovens
sexualmente ativos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos
Interromper a cadeia da transmissão por meio da detecção e do tratamento precoces dos casos
e dos seus parceiros (fontes de infecção); prevenir novas ocorrências por meio de ações de
educação em saúde.
Notificação
Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as
normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios.
MEDIDAS DE CONTROLE
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus
parceiros, para diagnóstico e terapia adequados.
Aconselhamento
Orientações ao paciente, fazendo com que observe as possíveis situações de risco presentes em
suas praticas sexuais e que desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e
de seus parceiros sexuais. Informações no que se refere a comportamentos preventivos.
Promoção do Uso de Preservativos
Método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do HIV e outras DST. Convite aos
parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer aos
princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação). Educação
em saúde, de modo geral.
Observação: As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se a relação entre
a presença de DST e o aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de
ulceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré
e pós-teste, para a detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais
DST, essa opção deve ser oferecida ao paciente. Considera-se que toda doença sexualmente
transmissível constitui evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação
com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde preconiza a “abordagem
sindrômica” aos pacientes com DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e
tratamento dessas doenças. O proposito desse tipo de abordagem é reduzir a incidência dessas
doenças.

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  • 1. CID 10: A54 Gonorréia ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS Descrição A Gonorreia é uma doença infecciosa do trato genital, de transmissão sexual, que pode determinar desde infecção assintomática até doença manifesta, com alta morbidade. Clinicamente, apresenta-se de forma completamente diferente no homem e na mulher. Nesta, cerca de 70 a 80% dos casos femininos, a doença é assintomática. Há maior proporção de casos em homens. Gonorreia no Homem Consiste em um dos tipos mais frequentes de uretrite masculina do qual o sintoma mais precoce é uma sensação de prurido na fossa navicular que vai se estendendo para toda a uretra. Após 1 a 3 dias, o doente já se queixa de ardência miccional (disúria), seguida por corrimento, inicialmente mucoide que, com o tempo, vai se tornando, mais abundante e purulento. Em alguns pacientes, pode haver febre e outras manifestações de infecção aguda sistêmica. Se não houver tratamento, ou se esse for tardio ou inadequado, o processo se propaga ao restante da uretra, com o aparecimento de polaciúria e sensação de peso no períneo; raramente observa-se hematúria no final da micção. Gonorreia na Mulher Embora a infecção seja assintomática na maioria dos casos, quando a infecção é aparente, manifesta-se sob a forma de cervicite que, se não for tratada corretamente, resulta em serias complicações. Uma cervicite gonocócica prolongada, sem tratamento adequado, pode se estender ao endométrio e as trompas, causando doença inflamatória pélvica (DIP). Esterilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica são as principais sequelas dessas infecções. Em razão disso, é importante, como rotina, avaliação criteriosa de riscos mediante realização da anamnese e sinais clínicos observáveis ao exame ginecológico. Alguns sintomas genitais leves, como corrimento vaginal, dispareunia ou disúria, são frequentes na presença de cervicite mucopurulenta. O colo uterino pode ficar edemaciado, sangrando facilmente ao toque da espátula. Verifica-se presença de muco/pus no orifício externo do colo. Os recém-nascidos de mães doentes ou portadoras de infecção desta etiologia na cérvice uterina podem apresentar conjuntivite gonocócica devido à contaminação no canal de parto.
  • 2. Sinonímia Blenorragia, blenorreia, esquentamento, pingadeira, purgação, fogagem, gota matutina, gono e uretrite gonocócica. Agente Etiológico Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram-negativo. Reservatório O homem. Modo de Transmissão Contato sexual. Período de Incubação Geralmente, entre 2 e 5 dias. Período de Transmissibilidade O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato. Pode durar de meses a anos, se o paciente não for tratado. O tratamento eficaz rapidamente interrompe a transmissão. Complicações Dentre as complicações da uretrite gonocócica no homem destacam-se: balanopostite, prostatite, epididimite, estenose uretral (rara), artrite, meningite, faringite, pielonefrite, miocardite, pericardite, septicemia. A conjuntivite gonocócica em adultos não é um quadro raro e ocorre basicamente por autoinoculação. Também pode ocorrer a síndrome de Fitz-Hugh- Curtis (peri-hepatite gonocócica) na doença sistêmica. A orquiepididimite poderá provocar diminuição da fertilidade, levando até mesmo esterilidade. Na mulher, quando a Gonorreia não é tratada, a infecção ascendente de trompas e ovários pode caracterizar a chamada doença
  • 3. inflamatória pélvica (DIP), a mais importante complicação da infecção gonocócica na mulher. A DIP pode estar relacionada com endometrite, salpingite e peritonite. Alterações tubárias podem ocorrer como complicação dessa infecção, levando 10% dos casos a oclusão das trompas de Falópio e a infertilidade. Naqueles casos onde não ocorre obstrução, o risco de desenvolvimento de gravidez ectópica é bastante elevado. Diagnóstico Clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é feito pela coloração de Gram ou pelos métodos de cultivo. No exame bacterioscópico dos esfregaços, devem ser observados diplococos gram-negativos, arranjados aos pares. Thayer-Martin é o meio especifico para a cultura. Podem-se utilizar também métodos de amplificação de ácidos nucleicos, como a ligase chain reaction, mas tem custos mais elevados, quando comparados com o gram e a cultura. Diagnóstico Diferencial Infecção por clamídia, ureaplasma, micoplasma, tricomoníase, vaginose bacteriana e artrite séptica bacteriana. Tratamento Deve ser utilizada uma das opções a seguir: Ciprofloxacino, 500 mg, VO, dose única; Ofloxacino, 400 mg, VO, dose única; Ceftriaxona, 250 mg, IM, dose única. Existem evidências de altos índices de resistência desse agente a antibioticoterapia convencional. O Ministério da Saúde recomenda tratar simultaneamente Gonorreia e clamídia, com Ciprofloxacino, 500 mg, dose única, VO, mais Azitromicina, 1 g, dose única, VO, ou Doxiciclina, 100 mg, de 12/12 horas, por 7 dias. Características Epidemiológicas Doença de distribuição universal que afeta ambos os sexos, principalmente adultos jovens sexualmente ativos. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivos Interromper a cadeia da transmissão por meio da detecção e do tratamento precoces dos casos
  • 4. e dos seus parceiros (fontes de infecção); prevenir novas ocorrências por meio de ações de educação em saúde. Notificação Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios. MEDIDAS DE CONTROLE Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pacientes com DST e seus parceiros, para diagnóstico e terapia adequados. Aconselhamento Orientações ao paciente, fazendo com que observe as possíveis situações de risco presentes em suas praticas sexuais e que desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de seus parceiros sexuais. Informações no que se refere a comportamentos preventivos. Promoção do Uso de Preservativos Método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do HIV e outras DST. Convite aos parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos (deve-se obedecer aos princípios de confiabilidade, ausência de coerção e proteção contra a discriminação). Educação em saúde, de modo geral. Observação: As associações entre diferentes DST são frequentes, destacando-se a relação entre a presença de DST e o aumento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de ulceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar aconselhamento, pré e pós-teste, para a detecção de anticorpos anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, essa opção deve ser oferecida ao paciente. Considera-se que toda doença sexualmente transmissível constitui evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério da Saúde preconiza a “abordagem sindrômica” aos pacientes com DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento dessas doenças. O proposito desse tipo de abordagem é reduzir a incidência dessas doenças.