O documento discute a dinâmica do capitalismo de Estado no Brasil e como as elites empresariais se conectam através de redes de propriedade e relacionamentos. Também aborda como a governança corporativa emergiu como resposta à separação entre propriedade e controle administrativo das empresas.
1. A retórica da governança
corporativa
Mateus Cozer
2013
2. Agenda
• Descrever a dinâmica do capitalismo de
Estado
• Mudar tudo para não mudar nada
• O papel do BNDES
• Jogos de elite
• Governança Corporativa
3. Capitalismo de Estado
• Brazil is the most ambiguous member
of the state-capitalist camp: a
democracy that also embraces many
of the features of Anglo-Saxon
capitalism.
• Brazil has spent most of its modern
history in pursuit of state-driven
modernisation.
4. Capitalismo de Laços
• Os donos do Brasil e suas conexões
• Livro brilhante do Prof. Sérgio Lazzarini (2010)
• Técnicas de análise de redes
– Bruce Kogut – The small world of corporate
governance
– Gerald McDermott – Embedded Politics
– Gordon Walker – The small world of firm ownership
– Robert Gibbons – Relational contracts
• Redes de proprietários no Brasil como mundos
pequenos
5. Os donos do poder
• Grau de entrelaçamento societário desde 1996
• Conceito de laço, aglomerações e atores de
conexão
• Cada R$ 100 mil de doação a políticos vencedores
provocaria um incremento de 2,8% no valos da
capitalização de mercado dos doadores.
• Crise financeira de 2008.
6. CAPITALISMO DE LAÇOS
“Emaranhado de contatos, alianças e estratégias
de apoio gravitando em torno de interesses
políticos econômicos” (LAZZARINI, 2011)
7. Eike Batista
• Dono de uma fortuna de 10 bilhões de
dólares.
• Maior doador individual da campanha
presidencial de Lula em 2006.
• Imerso em um emaranhado de contatos,
alianças e estratégias de apoio gravitando
em torno de interesses políticos e
econômicos.
8. Origem do SF redes: Crescimento e Conexão Preferencial
(1) Redes de expanção continua por CRESCIMENTO:
meio da adição de novos nodos adicionar um novo nó com m Links
WWW : adição de novos documentos CONEXÃO PREFERENCIAL :
(2) Novo link para nós preferimos a probabilidade que um nó se conecta a
nodos altamente ligado. um nó com links k é proporcional a k.
WWW : bem conhecida a ligação entre sites ki
Π ( ki ) =
Σ jk j
P(k) ~k-3
Barabási & Albert, Science 286, 509 (1999)
9.
10. Ciência das Redes
• Paul Erdös, Duncan Watts e Albert-László
Barabási
• Emergência, redes sociais, e mundos
pequenos
• Hubs e conectores
11. Conceitos
• Laço: relação entre atores sociais para fins
econômicos
• As transações econômicas estão imersas em um
tecido de relações sociais.
• Preocupa-se com a opacidade da firma, sob a ótica
do programa de mercados e hierarquias de Oliver
Williamson.
• A economia institucional (New Institutional
Economics) e a sociologia econômica
(Wirtschaftssoziologie) possuem um diálogo por
meio dos autores Mark Granovetter e Oliver
Williamson.
12. Um Mundo Pequeno
• Rede de propriedade definida pelos laços de
participação societária entre donos e firmas.
– Firmas: Embraer, Vale
– Proprietários: Bozano, Previ, Bradesco, BNDES,
Mitsui, Oppenheimer
• Aglomerações, atores de ligação e os mundos
pequenos (small worlds)
• Conectores: fundos de pensão de estatais e o
BNDES
13. Jogos de Elite
• Os grupos empresariais e suas interdependências
• Doadores para a campanha presidencial de Lula
em 2006: Vale, Camargo Corrêa, banco Itaú
• Redes de grupos no Brasil: Andrade Gutierrez,
Camargo Corrêa, Vale
• Principais donos das IPOs: BNDES, Credit Suisse,
UBS (BTG Pactual)
• Conselheiros de interligação: José Mauro Mettrau,
Raphael Magalhães e Antonio Bonchristiano
14. Conselho de administração
Conselheiro
Conselheiro participa
do conselho
administrativo de
empresas em comum
Conselheiro
15. Governança corporativa
• The debates about governance and
ethics have sprung from corporate
failure, not from corporate success.
• John Viney
16. Economia das Organizações
• O estudo das organizações na abordagem da
nova economia das instituições (New
Institutional Economics) possui raízes no
trabalho do autor Ronald Coase (1988).
• Estudar o custo das transações como o
indutor dos modos alternativos de
organização da produção (governança)
– Oliver Williamson.
• Unidade de análise: a transação
18. Finanças e direito de
propriedade
• Capitalismo no início do século 21 é uma
coleção variada de sistemas econômicos.
– Randall Morck
• Governança Corporativa desenvolve-se
como resposta à separação entre
propriedade e controle administrativo da
riqueza industrial e seus decorrentes
conflitos de interesse
– Adolph Berle e Gardiner Means
19. Firmas e mercados
• “The Spirit of Enron and
the Capitalist Ethic”
– Enron
– WorldCom
– Barings
– LTCM
– AIG
– BRF (Sadia e Perdigão)
– Fibria (VCP e Arucruz)
– Banco Panamericano
– Banco Cruzeiro do Sul
20. remuneração dos altos executivos
Ranking Empresa CEO Remuneração Capitalização
(milhões, US$) de mercado
(bilhões, US$)
1 IAC/Interactive Barry Diler 295 14
2 Capital One Financial Richard 249 18
Fairbank
3 Yahoo Terry Semel 230 47
Tabela 1: CEOs mais bem pagos dos EUA, 2005.
Fonte: Clarke, 2007.
Yahoo, Mkt Cap: 17.79B (15/02/2009)
Fonte: http://www.google.com/finance?q=yahoo
21. Palavras e Transações
Econômicas
• Firmas, mercados e
contratos relacionais
• Fluxo de informações
(palavras-transações).
• Linguagem financeira
22. O campo financeiro
• Capital: ferramentas financeiras estratégicas
– aquelas que transformam significativamente o
espaço organizacional em que são aplicadas
• Habitus: mediação entre indivíduo e sociedade
• Num plano complementar, assistimos
recentemente os fundos de pensão das empresas
estatais, dirigidos por ex-sindicalistas próximos
do governo Lula, aceitar e incorporar a inovação
das private equities (BTG Pactual).
23. Referências
• LAZZARINI, S. Capitalismo de
Laços. Rio de Janeiro: Elsevier,
2010.
• BARABASI, A. “Linked”. New
York: Plume, 2003.
• WATTS, D. Six Degrees. New
York: Norton, 2003.
• Grün, R . Convergência das
elites e inovações financeiras: a
governança corporativa no
Brasil. Revista Brasileira de
Ciências Sociais (Impresso),
São Paulo, v. 20, p. 67-90,
2005.
Hinweis der Redaktion
O emaranhado de contatos, alianças e estratégias de apoio gravitando em torno de interesses políticos econômicos é o que Lazzarini (2011) denomina capitalismo de laços . Trata-se de um modelo assentado no uso de relações para explorar oportunidades de mercado ou para influenciar determinadas decisões de interesse. Essas relações podem ocorrer somente entre atores privados, muito embora grande parte da movimentação corporativa envolva, também, governos e demais atores na esfera pública (LAZZARINI, 2011). Em suma, segundo Lazzarini, capitalismo de laços deve ser entendido de forma mais genérica como “relação entre atores sociais para fins econômicos”. A análise é realizada em dois planos: o conjunto de firmas e o conjunto de proprietários. Proprietários são donos de firmas. O fato de BNDES, Previ, Bradesco e Mitsui serem proprietários da Vale indica, provavelmente, que eles interagem ou interagiram de alguma forma.