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Apostila

      de

Sociologia




Marcelo Sabbatini




  Recife, 2013
Apostila de Sociologia
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                                                                 Marcelo Sabbatini




Sobre o autor
Marcelo Sabbatini

     Doutor em Teoria e História da Educação – Universidad de Salamanca (Espanha)
     em 2004. Pós-doutorado realizado no Programa de Extensão Rural e
     Desenvolvimento Local – POSMEX da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
     2006. Mestre em Comunicação Social, modalidade Comunicação Científica e
     Tecnológica, Universidade Metodista de São Paulo, 2000. Especialista em
     Comunicação e Cultura Científica, Universidad de Salamanca, 1999. MBA em
     Administração de Empresas, foco em Gestão, Fundação Getúlio Vargas, 2009.
     Engenheiro químico, Universidade Estadual de Campinas, 1997.

     Página Web: http://marcelo.sabbatini.com
     Email: marcelo@sabbatini.com
     Facebook: https://www.facebook.com/marsabbatini
     Twitter: #marsabbatini




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Apostila de Sociologia
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Sumário

     1. Introdução à Sociologia. Conceito. A imaginação sociológica. “O
        Suicídio”.

     2. Aula-exemplo: o estudo sociológico da sexualidade.

     3. O surgimento da Sociologia no contexto histórico. A Revolução
        Industrial, as mudanças culturais no trabalho.

     4. O pensamento sociológico moderno. Principais pensadores e linhas
        teóricas. A sociologia como conhecimento.

     5. Status e papel social. Conflito de papéis.

     6. Estratificação social. Mobilidade social. Classes sociais. Desigualdade
        social.

     7. As relações e os processos sociais básicos. Isolamento, acomodação,
        assimilação, cooperação, competição e conflito. Socialização.

     8. Controle social. Normas. Sanções. Desvio social. Marginalização e crime.

     9. Mudança social. Teorias da mudança social.

     10. Conceito de cultura. Sub-cultura. Contracultura. Símbolos. Aculturação.
         Etnocentrismo. Introdução à cultura organizacional.

     11. Grupos sociais. Grupos primários e secundários. Grupo de fora e grupo
         de dentro. Grupos formais e informais.

     12. Redes sociais e a teoria do mundo pequeno. Sociograma.

     13. Institucionalização. Instituições sociais básicas. Introdução às
         organizações formais.




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Apostila de Sociologia
                                                                       Marcelo Sabbatini




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         Introdução à Sociologia.                      Conceito.   A    imaginação
         sociológica. “O Suicídio”.

Características que vamos buscar neste curso de Sociologia:

         Sintonia com a realidade com exemplos de casos concretos, estudo da
          comunidade onde os alunos estão inseridos. Buscar as causas e propor soluções
          para os problemas sociais é a razão de ser da Sociologia.

         Compreensão do ambiente social onde os alunos vivem e a função social da
          carreira que escolheram.

         O mundo que muda (origem da sociologia na revolução industrial): mudanças
          no mundo hoje com a integração mundial e o desenvolvimento da tecnologia.

         Uma relação entre o social e o pessoal, com a compreensão de si mesmo e do
          mundo social. Uma experiência libertadora!

E algumas habilidades específicas a desenvolver:

         Aprender como pensar, além de o quê pensar.
         Desaprender algumas idéias familiares.
         Aprender algumas novas idéias que nos acompanharão para o resto da vida.
         Aprender a diferença entre crença (desejo) e realidade (o que realmente é).
         Aprender que o senso comum (como forma de pensar) é limitado.
         Aprender a reconhecer tendências históricas de longo prazo, não tomando o
          agora somente como a única perspectiva.
         Aprender a valorizar-se como pessoa capaz de defender suas idéias.




E por quê tudo isso?

                   O trabalho sociológico, ao questionar os dogmas, ensinar-nos a
                   apreciar a variedade cultura e nos permitir compreender o
                   funcionamento das instituições sociais, aumenta as possibilidades da
                   liberdade humana.
                                                                      Anthony Giddens



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Apostila de Sociologia
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Mais especificamente na Sociologia Aplicada à Administração, nos concentraremos em:

         Teorias sobre as relaciones sociais no trabalho
         Problemas históricos relativos à industrialização, e sua prospectiva (o futuro)
         Estudo das organizações como sistema social e dos papéis que a compõe
         Problemas relacionados ao controle e a participação na empresa
         Temas relativos ao contexto exterior no qual se desenvolve a atividade
          empresarial: conflitos, sociedades, lazer, meio cultural, econômico e social.


Algumas definições

         A Sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos e sociedades
          (Giddens)

         É a ciência do comportamento coletivo (Park, Burgess)

         A sociologia geral é, em conjunto, a teoria da vida humana em grupo (Tönnies)

         A Sociologia pergunta o que acontece com os homens, quais as regras de seu
          comportamento, não no que se refere ao desenvolvimento perceptível de suas
          existências individuais como um todo, porém, na medida em que forma grupos e
          são influenciados, devido às interações, por sua vida grupal (Simmel).

     A Sociologia é um encontro com as Forças Sociais que moldam nossa vida,
      especialmente aquelas que afetam a nossa percepção (ou ignorância) de como
      criamos, mantemos e mudamos estas mesmas Forças Sociais ().
Os pontos comuns destas definições são as relações humanas, do comportamento do
homem com os seus semelhantes.

Mas é um estudo científico (sistemático e crítico) que busca a verdade “além das
aparências”.

Historicamente, a sociologia foi vista tanto como “arma a serviço dos interesses
dominantes” ou como “expressão teórica dos movimentos revolucionários”.

De forma geral, a Sociologia também pode ser entendida como uma “tentativa de
dialogar com a civilização capitalista”, relacionada então com um desejo de interferir
no rumo da civilização (possuindo dimensão política, portanto) tanto para a
manutenção ou alteração das relações de poder na sociedade.


O pensamento sociológico

O chamado pensamento sociológico, exige cultivar a imaginação, colocar-se no lugar do
outro, liberar-se das circunstâncias pessoais e um distanciar-se do cotidiano.


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Apostila de Sociologia
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Somente assim, o poderemos pensar na sociedade e em suas forças, sem estarmos
influenciados por nossa própria experiência pessoal.

Exemplo: quais são os significados sociológicos de tomar uma simples xícara de café?

         Valor simbólico: tomar café como um ritual diário, “não me sinto gente até”

         Valor bioquímico: cafeína

         Relações sociais e econômicas: cultivo, preparação, distribuição,
          comercialização do café, afetando diversos grupos e culturas

         Desenvolvimento social e econômico anterior, histórico. Processo de
          disseminação pelo mundo auxiliado pelo comércio internacional (século 19),
          hoje cultivado em países em desenvolvimento

Portanto, para passar do problema pessoal ao problema social, necessitamos do que
Charles Wright Mill chamou a imaginação sociológica.
Exemplo

Podemos pensar que um divórcio é motivado por razões puramente pessoais
(emocionais, psicológicas): afastamento, incompatibilidade, ciúmes, traição, falta de
confiança, monotonia....

Porém se pensarmos nas estatísticas a nível nacional (mais de metade dos jovens casais
se separam após cinco anos, ver Leitura rápida #1), podemos pensar que há algo na
sociedade que explica o por quê de um comportamento tão generalizado: a
independência da mulher trabalhadora, o enfraquecimento dos laços morais e religiosos,
a industrialização e a vida urbana com seu ritmo rápido e individualista e a própria
possibilidade de se divorciar legalmente (que antes não existia)!!!

Portanto, dentro de uma discussão científica e sociológica sobre o divórcio temos que
aplicar a imaginação sociológica para escapar das nossas experiências pessoais.


As forças sociais

Toda experiência pessoal é influenciada pelo ambiente social (estrutura social), nossas
ações são pautadas pela família, pela igreja, pelo estado...

Podemos dizer então que o comportamento humano é ordenado, padronizado e
estruturado.

Mas as interações sociais também são relacionadas entre si, então a sociologia deve
buscar a compreensão da totalidade, adotar uma visão de sistema (conjunto de
elementos interligados que são modificados devido às relações entre si onde cada
alteração em um elemento provoca uma mudança no todo).


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Apostila de Sociologia
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Para mostrar como a sociedade pauta o comportamento humano, mais além do pessoa,
Émile Durkheim, no momento que a Sociologia surgia como disciplina, realizou um
estudo clássico, a explicação sociológica do suicídio.

Justamente como o suicídio, um ato aparentemente altamente pessoal, que geralmente é
explica do pelos motivos pessoais que levaram a pessoa á isso.



                             Com efeito, se em lugar de apenas vermos os suicídios como
                             acontecimentos particulares, isolados uns dos outros e que
                             demandam ser examinados cada um separadamente, nós
                             considerássemos o conjunto dos suicídios cometidos numa
                             sociedade dada, durante uma unidade de tempo dada, constata-
                             se que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades
                             independentes, um todo de coleção, mas que ele constitui por si
                             só um fato novo e sui generis, que possui sua unidade e sua
                             individualidade, conseqüentemente sua natureza própria, e que,
                             ademais, é uma natureza eminentemente social.
                                                                                  Durkheim


Durkheim foi buscar suas causas sociais e estudou as taxas de variação em suicídios em
diferentes países e regiões (método estatístico):

       Compara a taxa de mortalidade/suicídio com a taxa de mortalidade geral,
        particularmente suas variações ao longo do tempo.
            o Observa que não somente a taxa (de mortalidade/suicídio) permanece
                constante durante longos períodos de tempo, mas sua invariabilidade é
                muito maior do que aquela observada nos principais fenômenos
                demográficos.
     Compara as variações anuais nas taxas de suicídio (que só acusam pequenas
        mudanças), com as variações entre diferentes sociedades (que podem ir do dobro
        ao quádruplo ou ainda mais)
            o Conclui que as taxas de suicídio são, portanto, “num grau bem mais alto
                que as taxas de mortalidade, pessoais a cada grupo social do qual elas
                podem ser vistas como um índice característico”.
Mas estas diferenças entre as taxas de suicídio de diferentes grupos não podiam ser
explicadas somente por doença mental, etnia ou mesmo pelo clima. Sua conclusão foi
que o grupo social encoraja ou desencoraja o suicídio e identificou quatro tipos de
suicídio:




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Apostila de Sociologia
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         1. Suicídio egoísta: isolamento excessivo, pessoa separada do grupo, ostracismo
         2. Suicídio altruístico: apego excessivo, valor da vida perde valor frente ao
         valor que pode aportar ao grupo (exemplo, terroristas, kamikazes)
         3. Suicídio anômico: devido à anomia, a ausência de normas, perda dos valores
         tradicionais e das normas de comportamento
         4. Suicídio fatalista: sociedades com alto grau de controle sobre emoções e
         motivações (exemplo, seitas religiosas, adolescentes japoneses).

Durkheim conseguiu assim uma explicação em função dos grupos e das comunidades,
não em fatores biológicos ou psicológicos.

Neste esquema os suicídios egoísta / altruístico estão relacionados com a integração
social. Os suicídios anômico / fatalista e regulação moral.


A sociedade é mais que a soma de seus membros individuais

Um conceito básico é o de fatos sociais (regras e normas coletivas que orientam a vida
dos indivíduos), tudo aquilo que é: externo ao indivíduo e determinador de suas ações.

Para o indivíduo na sociedade as “maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao
indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo”, “chegam a cada um de nós do exterior e
que são susceptíveis de nos arrastar, mesmo contra nossa vontade”.

         Exteriores : porque consistem em idéias , normas ou regras de conduta que não
          são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e
          já existem fora de nós quando nascemos .

         Coercitivos: porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos
          membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é
          punido, de alguma maneira pelo resto do grupo.




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Em conclusão:

                             "A sociedade não só controla nosso movimentos, como ainda dá
                             forma à nossa identidade, nosso pensamento e nossas emoções.
                             As estruturas da sociedade tornam-se as estruturas de nossa
                             própria consciência...As paredes de nosso cárcere já existiam
                             antes de entrarmos em cena, mas nós a reconstruímos
                             eternamente. Somos aprisionados com nossa própria
                             cooperação...Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso
                             encarceramento na história"
                                                                                      Berger




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Leitura rápida #1

Casamentos diminuem e separações aumentam, diz IBGE

Ana Paula Grabois
Folha Online, 1999

Mais separações e divórcios e menos casamentos no Brasil. Esta é uma das conclusões
da pesquisa de registros civis referente ao ano de 1998, realizada pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).

No Brasil de 1991 ocorriam 21,2 dissoluções de uniões para cada 100 casamentos. Em
1998, para cada 100 casamentos, foram contabilizados 28,1 separações ou divórcios.

O número de casamentos no Brasil, apesar de ter crescido entre 1991 e 1994, caiu em
1998. Em 1994, houve o maior volume de uniões legais, cerca de 763 mil. Em 1998,
caiu 6%, passando para 699 mil.

No entanto, a taxa de nupcialidade (divisão do número de casamentos por habitantes)
vem caindo ao longo da década. Segundo o IBGE, a população cresceu num ritmo mais
acelerado que o crescimento das uniões.

Segundo o IBGE, os fatores que influenciaram mais o comportamento dos casamentos
no Brasil são de ordem econômica e cultural.

O econômico ocorre porque casa-se mais quando a renda aumenta. Isto pode ser
comprovado pelo fato de que em 1994 - ano de implantação do Plano Real e de aumento
da massa salarial - ter ocorrido o maior número de uniões.

O fator cultural é explicado pela tendência de aumento nas uniões consensuais,
indicando um mudança de comportamento social.

Enquanto os casamentos diminuem, as separações e divórcios judiciais aumentam. O
número de separações cresceu 19% de 1991 para 1998. Em 1991, o Brasil registrou
76.233 separações judiciais. Este número saltou para 90.778 em 1998.

Já os divórcios cresceram 29,7% no país de 1991 a 1998, ano no qual foram registrados
105.253 divórcios no país. Em 1991, eram 81.128. Na região Norte, o número de
divórcios praticamente dobrou, com 99% a mais de divórcios.




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Leitura rápida #2


Japão: O céu dos suicidas
Ariel Kostman (de VEJA)
Na semana passada, os corpos de sete jovens japoneses – quatro homens e três mulheres
na faixa dos 20 anos – foram encontrados numa caminhonete numa estrada próxima a
Tóquio. Os vidros do veículo estavam selados com fita e, no chão, quatro fogareiros a
carvão indicavam a causa da morte: asfixia por monóxido de carbono. Logo depois, os
policiais acharam o corpo de outras duas mulheres num carro em outra província
vizinha da capital. As duas haviam se suicidado usando o mesmo método. No carro, um
bilhete: "Não se trata de assassinato. Nós planejamos isso". Embora chocantes, os casos
não surpreenderam a polícia. Apenas neste ano, vinte japoneses entre 16 e 30 anos se
suicidaram em circunstâncias semelhantes. Todos os casos estão ligados a um hábito
macabro que vem se disseminando naquele país: o pacto de morte coletivo combinado
pela Internet. Em dezenas de salas virtuais de bate-papo, candidatos ao suicídio trocam
idéias sobre os melhores locais e as maneiras mais rápidas e menos dolorosas de tirar a
própria vida. Muitos passam da conversa à ação. Na maioria dos casos, as pessoas que
se matam em grupo mantêm contato apenas pelo computador e só se conhecem na hora
em que se encontram para morrer.
O pacto de morte coletivo via Internet é a manifestação mais recente de um fenômeno
que aflige a sociedade japonesa e impressiona o mundo: a escalada do número de
suicídios no país. Nesta década, o número de suicidas tem crescido à razão de 10% ao
ano. Em 2003, 34.000 pessoas se mataram no Japão. É o maior índice em relação à
população (25 em cada 100.000 habitantes) entre os países desenvolvidos, mais que o
dobro daquele verificado nos Estados Unidos e seis vezes o brasileiro. Entre japoneses
na faixa de 20 a 30 anos, o suicídio já é a principal causa de mortalidade. Na origem
dessa corrida para a morte combinam-se fatores culturais e reflexos de treze anos
consecutivos de estagnação econômica enfrentada pelo Japão. Para começar, o suicídio
é uma tradição antiga no país. O ritual do hara-quiri era comum na classe guerreira do
período medieval. O samurai o utilizava quando não conseguia cumprir uma missão
designada por seu mestre. A forma mais popular de arte dramática do Japão, o teatro
kabuki, refere-se em muitas peças ao suicídio dos samurais e também ao pacto de morte
realizado entre amantes. No fim da II Guerra, diante da derrota, militares japoneses se
suicidaram para lavar a honra da nação.
Esses rituais pertencem à história, mas a prática do suicídio continua a ser encarada com
certa tolerância pela sociedade japonesa, ao contrário do que ocorre nas sociedades
ocidentais. No budismo e no xintoísmo, religiões predominantes no Japão, tirar a
própria vida não é pecado. Muitos vêem o gesto como uma forma aceitável, e até
valorizada, de resolver uma situação. Se a pessoa tem uma dívida que não consegue
pagar, considera-se que se matar é uma saída honrosa. O fato de a cultura japonesa
valorizar o grupo, e não o indivíduo, também contribui para o alto número de suicídios
no país. "Os idosos que precisam de um tratamento médico muito caro, ou que não
podem pagar por um asilo, muitas vezes se matam para não onerar a família, e ninguém
se espanta com isso", comenta a psicóloga Kyoko Nakagawa, japonesa radicada no
Brasil. Também é comum que pessoas em dificuldade financeira façam um seguro de


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vida e depois se matem, garantindo assim o futuro da família. Há atualmente uma
queda-de-braço entre as companhias de seguro que operam no Japão e a Justiça. As
primeiras não querem mais pagar prêmios às famílias de suicidas, mas a Suprema Corte
japonesa decidiu que devem pagar, sim.
Outro fator que ajuda a explicar a alta incidência de suicídios no Japão é a rigidez da
sociedade, que imputa enorme importância a valores como honra e vergonha. Como a
sociedade é muito fechada, há muitos casos de crianças e adolescentes vítimas de maus-
tratos dos colegas na escola que não conseguem expor seus problemas para os pais ou
professores e acabam se matando. "Muitos jovens estão também céticos com relação ao
futuro, depois de anos de crise econômica", avalia o psiquiatra japonês Rika Kayama,
que tem estudado o fenômeno dos suicídios coletivos combinados pela Internet.
Nos últimos anos, as autoridades japonesas vêm tomando medidas para desestimular os
suicídios. Muitos prédios em Tóquio foram reformados para impedir o acesso fácil a
amuradas que servem de trampolim. No metrô de Tóquio, instalaram-se barreiras para
evitar que pessoas pulem nos trilhos, uma forma tão comum de suicídio que o governo
cobra das famílias das vítimas os estragos feitos nos trens e nas linhas. Também no
metrô foram colocados enormes espelhos que cobrem inteiramente as paredes das
plataformas, com a intenção de dissuadir os que planejam a própria morte. Espera-se
que, ao olhar o próprio rosto, os suicidas pensem duas vezes e desistam de seu intento.
Nada disso, porém, tem freado as estatísticas que fazem do Japão o céu dos suicidas.




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Alta tecnologia e obsoletismo programado no setor de telefonia celular no Brasil:
uma análise sociológica

Wagner Araújo

Introdução

A partir de 1997, com a quebra do monopólio estatal da Telebrás, o setor de
telecomunicação no Brasil vem sofrendo radicais mudanças. Dentre as áreas que mais
se modificaram, encontra-se a telefonia celular. Toda esta mudança vem tendo várias
implicações para a sociedade brasileira, seja no âmbito econômico, jurídico, financeiro,
ou sociológico. O presente trabalho se concentra nas implicações sociológicas da
telefonia celular no Brasil, especialmente os aparelhos telefônicos, e sua ligação com o
obsoletismo programado. Para tanto fez-se necessário uma pequena contextualização
econômica para que se possa compreender a análise sociológica.

Contexto Econômico e Tecnológico

Desde a Lei Federal 9.472/97 que iniciou o processo de privatização do setor telefônico
no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem
financiando uma quantia elevada de investimentos nesta área. A maioria das empresas
que contraem o investimento no BNDES são empresas de capital estrangeiro, para
constituir as operadoras. As operadoras são as responsáveis pela definição de quase toda
a tecnologia envolvida no processo. Na balança comercial do segmento de
telecomunicações brasileiro, o total de importações de telefones celulares fica em torno
de apenas 15% do total. Embora aparentemente alto, este investimento fica muito
aquém do investido na infra-estrutura de operação. O número de telefones móveis subiu
de 6 milhões em 1997 para 12 milhões em 1999, porém a maioria desses telefones, pelo
menos inicialmente, utilizava o sistema analógico, mesmo que as operadoras possuíam
tecnologia para operar no sistema digital. Outro problema era o obsoletismo dos
aparelhos, e ao mesmo tempo, paradoxalmente, a quantidade de funções inúteis e
subtilizadas, daí surge os primeiros traços do obsoletismo programado neste setor.




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O Obsoletismo programado e a "febre" dos celulares no Brasil

O obsoletismo programado consiste em lançar ou manter um produto no mercado,
sabendo-se que tem uma ou várias tecnologias desenvolvidas, de melhor qualidade que
a antiga, e também quando este produto vai ser substituído. Tal substituição visa a troca
dos usuários das tecnologias passadas para as mais modernas. A diferença entre a
evolução natural da tecnologia está na retenção desta que deixa, toda a tecnologia do
mercado obsoleta. Neste ponto Gelernter, um dos fundadores da Internet e Doutor em
Ciência da Computação, afirma que todos esses sistemas e máquinas são obsoletos e
que "estão nos empurrando velharias, porcarias baratas". Embora esses aparelhos
tenham uma série de funções como, por exemplo, calculadora, agenda, jogos, etc., que
não são utilizadas pelos usuários, eles possuem uma tecnologia muito atrasada. Daí
surge o aparente paradoxo: se de um lado a tecnologia é obsoleta, as pessoas necessitam
de aparelhos muito mais simples, não utilizando a tecnologia que possuem. Este
paradoxo, entretanto, é falso. O que acontece é que para "mascarar" o obsoletismo de
seus produtos, os fabricantes os enchem de funções ditas "de última tecnologia", criando
a imagem de um aparelho moderno e eficiente. Segundo GElernter, "alta tecnologia não
é sinal de complexidade, nem complexidade é sinal de alta tecnologia." Para o autor, os
aparelhos realmente modernos são os que reúnem "altíssima tecnologia com
simplicidade extrema". Nada mais lógico, pois o objetivo da tecnologia de ponta seria
melhorar, agilizar e tornar mais prática a vida do ser humano, não complicar, enchendo-
o de manuais gigantescos e inúmeras teclas e funções que ocupam um enorme espaço e
tempo para serem memorizadas. Mas apesar de todo este problema, muitas vezes
visível, as pessoas, em específico os brasileiros, continuam comprando cada vez mais
telefones celulares, sempre procurando a "última tecnologia", não refletindo nem um
pouco sobre este ato. Por quê?

Perspectivas Sociológicas

O porquê da pergunta anteriormente proposta encontra sua resposta na teoria
sociológica. Ou seja, muitas vezes essas pessoas que compram celulares não são levados
por sua necessidade pessoal, mas por uma exigência coletiva. Segundo BERGER a
sociedade diz ao indivíduo exatamente aquilo o que ele deve fazer, e este não pode fazer
muito para mudar essa situação. Uma das maneiras que o autor aponta para o exercício
do controle social está nos mecanismos de persuasão, difamação e exposição ao
ridículo. A sociedade, criando a necessidade de se ter um celular, expõe quem não o tem
ao ridículo. Frases como "Ora, como você consegue viver sem um celular" são comuns,
principalmente nas classes médias e altas. As pessoas dessas classes que não têm um
aparelho celular são vistas com um certo desprezo pois, segundo a visão da sociedade,
sua verdadeira classe social é contestável devido ao fato da grande maioria dessa classe
possuir um celular. Resumindo, ter um celular é uma questão de status. Nesse ponto
começa um grande ciclo vicioso. Isto acontece porque as classes mais baixas, devido à
facilidade de acesso aos celulares, começam a comprar aparelhos para tentar se igualar,
pelo menos aparentemente, às classes mais elevadas. Estas porém, ao perceberem essa
conduta das classes inferiores, procuram comprar aparelhos mais caros e com a última
tecnologia existe no mercado. As classes altas querem estabelecer um diferencial, para
isso adquirem aparelhos que as classes mais baixas não podem adquirir. Entretanto, ao
passar do tempo, esses aparelhos mais caros vão se tornando mais acessíveis às classes


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mais baixas, o que faz com que as classes mais altas tenham a necessidade de buscar
novos aparelhos para poder mostrar seu status social. Este é o grande ciclo da
tecnologia. Mas onde se localiza o obsoletismo programado neste ciclo? Bem, as classes
mais elevadas estão sempre em busca, como afirma Berger, da manutenção da sua
posição na sociedade, e como já foi exposto, procuram adquirir a tecnologia mais cara.
Contudo, pouco se preocupam em questionar a qualidade e a modernidade do produto,
compram porque é o mais novo e mais caro no mercado. A classe alta está, na verdade,
preocupada em manter seu papel social. Diante desta situação, os fabricantes podem se
aproveitar amplamente. Enquanto em seus centros de Pesquisa e Desenvolvimento
desenvolvem tecnologias dez anos mais avançadas, vendem tecnologias obsoletas,
disfarçadas por algumas peculiaridades e sustentadas por uma necessidade social.
Considerando que essa situação é imperativa ao indivíduo e condiciona suas ações,
pode-se considerar, sem exageros, a posse de um celular como uma instituição social,
mesmo que pequena. E como instituição, pode proporcionar sanções coercitivas àqueles
que não a seguem. Neste ponto, exatamente pode-se observar BERGER: "...sempre
desejamos exatamente aquilo que a sociedade espera de nós". O indivíduo nesta
perspectiva passa a estar subordinado à vontade coletiva, sua necessidade é criada por
seu grupo de referência, independente da classe que ocupa. Esta concepção é tangente à
durkheimiana, pois este fato social é externo às vontades individuais, é anterior ao
indivíduo. A idéia de necessidade de celulares não advém de deliberações e críticas
individuais, mas sim do todo. Porém é criada a ilusão de que ele próprio é quem tem
esta precisão. Dentro do que expõe Durkheim, encontra-se o caráter sui generis desta
fato social. Ou seja, o efeito total dessas ações é muito mais significativo do que a sua
soma: o fato da manutenção do status de uma classe se torna infinitamente maior do que
o simples de fato de várias pessoas adquirirem celulares novos. Outro ponto a ser
considerado, dentro desse autor, é o papel chave da comunicação. Pois assim os
conhecimentos das distintas classes tomam conhecimento do fato social. A
comunicação é um meio de extrema importância para os fabricantes conseguirem
estabelecer o obsoletismo programado. Não basta lançar um produto no mercado, é
necessário apresentá-lo às classes inferiores e superiores. Primeiro para que estas o
comprem de imediato; e segundo, para que aquelas tenham o desejo de comprá-lo.
Portanto, assim, como Durkheim os fatos sociais não podem ser vistos da perspectiva
individual, mas sim da ação da sociedade sobre tal indivíduo. Neste caso específico fica
claro que as imposições sociais fazem com que necessidades surjam entre os indivíduos.

Conclusão

Pôde-se perceber neste estudo a grande influência que a sociedade possui sobre o
indivíduo e suas ações. O que faz com que os grandes fabricantes possam facilmente
prorrogar o obsoletismo programado. Tal obsoletismo não ocorre somente com
telefones celulares. Pode-se encontrar exemplos como computadores, automóveis, e até
mesmo produtos mais simples como fogões, geladeiras, aparelhos de som, etc. Uma
prova que de tecnologia realmente avançada está no telefone de cartão, que consegue
cumprir às exigências que esta se propõe: prática, de fácil uso e manutenção, barata e
eficiente. Fazer com que as pessoas percebam este engano se torna um problema vital
para um grande avanço tecnológico e cultural da sociedade. Todavia, com as
determinações e pressões sociais existentes, torna-se uma tarefa extremamente difícil. E.



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considerando-se os interesses econômicos envolvidos, quase impossível, pois, como
afirma BERGER, pode-se concluir:


    "A sociedade não só controla nosso movimentos, como ainda dá forma à nossa
identidade, nosso pensamento e nossas emoções. As estruturas da sociedade tornam-se
                     as estruturas de nossa própria consciência...
   As paredes de nosso cárcere já existiam antes de entrarmos em cena, mas nós a
  reconstruímos eternamente. Somos aprisionados com nossa própria cooperação...

    Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso encarceramento na história."




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2
      Aula-exemplo: o estudo sociológico da sexualidade




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Para exemplificar ainda melhor a relação entre o individual e o social, vamos analisar
sociologicamente outro fato social que geralmente se relaciona com fatores psicológicos
e emocionais somente: a sexualidade.

O estudo científico da sexualidade deve ser tratado multidisciplinarmente, com
contribuições da psicologia, da medicina, da antropologia e da sociologia.

Quando falamos de sexualidade, existem diferentes visões e perspectivas dos indivíduos
sobre o objetivo da prática sexual. A explicação primária da sexualidade pode ser
dividida em:

         Orientação procriacional: geração de filhos, reprodução.
         Orientação relacional-afetiva: expressão de apego emocional ao parceiro.
         Orientação recreacional: o sexo como prazer.

Também distinguimos duas correntes de pensamento teórico:

     1) Essencialismo: o comportamento biológico é natural e ubíqüo.

         Exemplo: as teorias evolucionistas dizem que o sexo deve maximizar a
         reprodução; os machos devem transmitir seus genes e por isso tentam engravidar
         o maior número de fêmeas possível. Estas, por sua vez, buscariam um parceiro
         capaz de proteger, a longo prazo, seus filhos. Neste esquema, perpetuaria-se a
         espécie.

     2) Construcionismo: minimiza os fatores biológicos. A sexualidade é construída
        socialmente. Promiscuidade e fidelidade seriam valores transmitidos de uma
        geração à outra através da socialização (mensagens culturais). A identidade
        sexual (comportamento masculino, feminino) é aprendido através da interação
        social dos indivíduos.

         Exemplo: segundo a teoria da troca social, os indivíduos buscam a
         maximização das recompensas e a minimização dos custos (por exemplo
         fidelidade em troca de recursos financeiros, atração física e poder). Já a teoria
         do conflito postula que existe uma luta de poder com relações de dominação e
         exploração. Dessa forma os indivíduos utilizariam da sexualidade para atingir os
         próprios objetivos.

Na atualidade, chama a atenção a natureza descritiva da pesquisa sociológica sobre
sexualidade, com a falta de uma base teórica que dê o caráter explicativo necessário
para compreendê-la totalmente. Justamente, os sociólogos ainda não sabem muito sobre
como ou por quê a sociedade afeta o comportamento individual, apesar de poderem
descrever este.[

Os dados a seguir são baseados em pesquisas norte-americanas (1994):

     1) Freqüência do ato sexual



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O senso comum nos diz que “pessoas casadas não fazem sexo”. Apesar disso as
pesquisas indicam que em relação a não realização do ato sexual no período de um ano :

         1,3% dos homens casados
         3,0% das mulheres casadas

         22% dos homens não casados
         30% das mulhers não casadas

Dos casais que responderam positivamente:

         45% dos casais com 2 anos ou mais de união: 3 vezes por semana
         61% dos co-habitantes (união estável) recentes; 3 vezes por semana

         67% dos casais gays: 3 vezes por semana
         33% dos casais de lésbicas: 3 vezes por semana

Em resumo, o casamento não é a anomalia que o senso comum nos diz, apesar de que os
casais de união estável apresentem maior freqüência e que os casais casados diminuam
sua freqüência com o aumento da duração da relação.

     2) Satisfação sexual

As pesquisas indicam que a freqüência de relações sexuais está correlacionada
diretamente com a percepção da qualidade de vida do indivíduo.

Dos pesquisados:

         Aqueles que praticam sexo 3 vezes por semana: 89% mostram-se satisfeitos.
         Aqueles que praticam sexo 1 vez por mês: 32% mostram-se satisfeitos.



     3) E a infidelidade?

Ou melhor, sexo extra-marital ou extra-diádico, utilizando terminologia científica.

         25% dos homens afirmam ter traído
         15 % das mulheres afirmam ter traído

Porém, o método estatístico tem suas armadilhas. Quando analisamos estes percentuais
com uma divisão por idades, vemos que os jovens não mostram diferenças em relação
ao sexo extra-diádico, mas aos 40 anos:

         29,3% dos homens traem
         19,3% das mulheres traem


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E aos 60 anos:

         34% dos homens traem
         7,6% das mulheres traem

Quando buscam-se as causas da traição:

         As mulheres afirmam que buscam o aumento da auto-estima, da confiança e da
          independência. Citam fatores como fatores amorosos (afeição, necessidade de se
          apaixonar) e afetivos (companhia, respeito, compreensão).

         Os homens justificam a traição principalmente em função da insatisfação sexual
          com o parceiro. Mencionam fatores como a novidade, a curiosidade e a
          excitação.

Como conclusões, o sexo extra-marital não é uma experiência majoritária, e a maioria
dos casais é monogâmica.

Conclusões

A pesquisa sociológica sobre a sexualidade em relações próximas é basicamente
descritiva, faltando ainda explicações sobre as negociações que os casais fazem em
relação a sua sexualidade e à forma de como a sociedade em geral influencia o
comportamento individual nesta questão. Entretanto, os resultados desmistificam vários
ditos do senso comum, ao utilizar dados, ao invés de opiniões.




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Leitura rápida #1

Questões tratadas pela Sociologia da Sexualidade

A sexualidade e com a emergência da subjetividade moderna reflete a organização
social e sexual dos gêneros, trata, mais especificamente, da ordem dos sexos e das
coisas vistas como imutáveis. Classificação dualista e binária dos sexos. Em torno da
reprodução, oposição entre feminino e masculino, masculino ativo x feminino passivo.
Reforço da dependência social e sexual das mulheres em relação aos homens. Esfera da
reprodução.

O processo de normatização dos corpos e a importante influência da biologia nesse
processo. A “segunda revolução contraceptiva” ou o que comumente denominamos de
“revolução sexual”, a partir do final dos anos 60, nos então países desenvolvidos.

Esta se caracteriza por uma reorganização e rédea docontrole do corpo, ampla difusão
de métodos contraceptivos médicos, associado a uma maior autonomia e controle do
processo reprodutivo por parte da mulher. A fecundidade passa a ser vista como projeto
individual. Articulação destes acontecimentos em países desenvolvidos e sua
comparação com os chamados países em desenvolvimento. O impacto da adoção destes
métodos contraceptivos modernos na vida sócio-familiar contemporânea. A redução das
uniões oficiais, com casamentos no civil e no religioso; o planejamento no número de
filhos; e a racionalização do prazer, associadas ao direito ao prazer, liberação das
minorias e maior igualdade sexual entre homens e mulheres.

Reorganização de hábitos e costumes em relação ao exercício da sexualidade. Em
tempos de Aids, aumento da adoção de preservativo masculino e recuo de contraceptivo
oral, pelo menos no início das relações sexuais. Nos adultos, fala da vida em comum do
casal, da queda na freqüência das relações sexuais, associadas à procriação,
parentalidade e influência do investimento na trajetória profissional. Em relação aos
idosos, o aumento significativo da atividade sexual neste segmento; em particular das
mulheres, o que está vinculado ao oferecimento no mercado das modernas técnicas
científicas contra impotência e outros. Em termos de práticas sexuais, a
homossexualidade ainda aparece relacionada à dificuldade da aceitação institucional e
os conflitos internos / privados, como a família; e os externos / públicos, como os
amigos, escola e trabalho. Juventude e homossexualidade, e os conflitos familiares e
outros advindos desta orientação. O declínio do discurso religioso, tanto a medicina
quanto a psicologia são cada vez mais utilizadas como suporte de uma nova
normatividade, mais técnica, das condutas e funcionamentos sexuais. A organização da
sexualidade através dos tempos, o surgimento dos escritos eróticos, da pornografia e a
libertinagem francesa; está última como uma ruptura nas representações e nos códigos
de sexualidade vigente.


Leitura rápida #2

Comportamento sexual: o relatório Kinsey



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Quando Alfred Kinsey começou suas pesquisas nos Estados Unidos nos anos quarenta e
cinqüenta, era a primeira vez que se levava a cabo um estudo de envergadura sobre a
conduta sexual real. Kinsey e seus colaboradores se enfrentaram a condenação de
numerosas organizações religiosas e seu trabalho foi tachado de imoral na imprensa e
no Congresso. Entretanto, Kinsey persistiu em seu empenho e finalmente obteve a
história da vida sexual de 18.000 pessoas, uma amostra bastante apreciativa da
população norte-americana branca.

Os resultados que obteve Kinsey surpreenderam a maioria e resultaram impactantes
para muitos, já que revelavam uma profunda diferença entre as concepções dominantes
na opinião pública do momento a respeito da conduta sexual e o que era o
comportamento sexual real. Kinsey descobriu que aproximadamente 70% dos homens
tinham freqüentando prostitutas e que 84% tinham mantido relações sexuais antes do
matrimônio. Entretanto, 40% dos homens esperavam que sua mulher fora virgem ao
casar-se. Mais de 90% tinham praticado a masturbação e ao redor do de 60% algum tipo
de sexo oral. Entre as mulheres, ao redor do 50% tinha tido alguma experiência sexual
antes do matrimônio, embora a maioria fosse com seus futuros maridos. Ao redor de
60% se masturbava e a mesma percentagem de mulheres tinha tido contatos genitais
orais.

A diferença que havia entre as atitudes aceitas publicamente e o comportamento real
que demonstravam as conclusões de Kinsey é muito provável que fosse especialmente
grande naquele momento, imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial. Um
pouco antes, nos anos vinte, tinha começado uma fase de liberalização sexual em que
muitos jovens se livraram dos estritos códigos morais que tinham governado às
gerações anteriores. Provavelmente, a conduta sexual mudou muito, mas as questões
relacionadas com a sexualidade não se discutiam abertamente como é habitual hoje em
dia. Aqueles que praticavam atividades sexuais que ainda recebiam a desaprovação da
opinião pública as ocultavam, sem dar-se conta de até que ponto outros muitos estavam
imersos em práticas similares. A era mais permissiva dos anos sessenta aproximou as
atitudes expostas abertamente às realidades da conduta sexual.

Leitura rápida #3

Juventudes e sexualidade

O livro Juventudes e sexualidade resulta de uma pesquisa realizada em 13 capitais
(Belém, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Porto Alegre,
Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória) e no Distrito Federal.

Abrange diferentes aspectos da vida sexual dos jovens, tais como a iniciação sexual,
comportamentos diversificados como o “ficar” e o namorar, a iniciação sexual cada vez
mais precoce, o conhecimento e as informações que possuem sobre métodos
anticoncepcionais, de prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs).

No livro também se faz uma discussão sobre como os jovens encaminham as
negociações entre eles a respeito da utilização desses métodos, além de problemáticas


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como a gravidez juvenil e o aborto. Analisa-se ainda, a partir de diálogos com os
adultos, os diversos tipos de violência e abordagens desenvolvidas pela escola a respeito
da sexualidade.

A pesquisa indica que os jovens, apesar da precocidade da vida sexual, tendem a ter
contatos com apenas um parceiro - o que remete a um questionamento do senso-comum
sobre a suposta “promiscuidade” sexual juvenil.

A gravidez juvenil é um tema de destaque no estudo: a maioria dos alunos e professores
afirmam ter contato com adolescentes grávidas nas escolas.

No que diz respeito à violência, mostra a pesquisa, muitos jovens ainda estão
vulneráveis e já sofreram violências de várias ordens (tais como assédio, estupro e
discriminação por conta de gênero e opção sexual).

A discriminação em relação aos homossexuais é um aspecto de grande relevância que
aparece em dados como o seguinte: cerca de um quarto dos alunos afirma que não
gostaria de ter um colega homossexual.

A pesquisa também indica uma certa vulnerabilidade negativa dos jovens no campo da
sexualidade. Nesse sentido, faz-se necessário a implantação de políticas públicas, assim
como o auxílio do ambiente escolar para suprir a carência de informação do jovem
acerca da sexualidade.

Entretanto, além das vulnerabilidades negativas, percebe-se as “vulnerabilidades
positivas” entre os jovens, como a impulsividade e as curiosidades pelas possibilidades
do seu corpo e das relações com o parceiro.

Finalmente, também foram registrados na pesquisa questionamentos sobre estereótipos,
tabus, preconceitos e a vontade de saber e construir relacionamentos mais ricos e
afetuosos, atribuindo sentidos positivos para as relações.


Leitura rápida #4

Mulher que usa sexualidade no trabalho ganha menos, diz pesquisa

Folha Online

Uma pesquisa divulgada pelo jornal americano "USA Today" revela que as mulheres
americanas que usam a sexualidade para crescer dentro de uma empresa acabam
recebendo salário menores e menos promoções.

A reportagem apresenta números para mostrar que as mulheres que cruzam as pernas de
maneira provocante, vestem saias curtas ou camisas com decote e massageiam os
ombros dos chefes crescem menos na carreira.




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Os estudo, elaborado pela Universidade de Tulane (Louisiana) com base em 164
entrevistadas de idades entre 20 e 60 anos, mostra que 49% das mulheres graduadas e
com MBA (especialização) admitem ter tentado galgar cargos dentro de uma empresa
por meio do comportamento sexual.

Essas mulheres conseguiram em média duas promoções na carreira e recebem entre
US$ 50 mil e US$ 75 mil por ano. Por outro lado, as demais, que afirmaram nunca ter
apelado para a sexualidade, dizem ter recebido em média três promoções na carreira e
possuir um salário de US$ 75 mil a US$ 100 mil.

"Há conseqüências negativas paras as mulheres que usam a sexualidade no local de
trabalho", afirmou o professor Arthur Brief, da Universidade de Tulane, ao "USA
Today.




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3
      O surgimento da Sociologia no contexto histórico. A
      Revolução Industrial, as mudanças culturais no trabalho.




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A Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX)

A Revolução Industrial foi uma revolução científico-tecnológica que ocasionou uma
mudança na organização social e grandes transformações em um curto espaço de tempo:

economia agrária                                       economia industrial
sistema feudal                                         sistema capitalista
artesão                                                indústria
utensílios manuais                                     máquinas
água, vento, força animal                              eletricidade
aldeões                                                operários
?                                                      empresários, engenheiros e cientistas

Foi caracterizada por um conjunto de inovações técnicas:

         teares mecânicos
         Siderurgia e ferro de alta qualidade
         Motor a vapor
         Novas máquinas
         Ferrovias e barcos a vapor

E por novas formas de organização do trabalho:

         1. Substituição progressiva do trabalho humano pelas máquinas
         2. Divisão do trabalho: necessidade de coordenação, perda de qualificação,
         especialização e tarefas isoladas, repetitivas
         3. Mudanças culturais no trabalho: auto-controle à disciplina imposta e à
         supervisão, modo de vida urbano, falta de condições impostas pelos empresários
         4. Produção em massa, maior produção, mais produtos, mais baratos

A Revolução Industrial, com suas inovações técnicas se auto-alimenta, pois cada
inovação (o trem a vapor como forma de escoar as mercadorias, aço mais resistente para
fabricação de máquinas mais eficientes, etc.) a produção aumenta e criam-se mais
indústrias. O pioneirismo é da Inglaterra e cidades como Londres e Manchester são as
grandes metrópoles industriais.




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E surgem também novos papéis sociais:


              empresário / industrial /capitalista
              detentor dos meios de produção (matéria prima,
              capital, máquinas)


                                                                  relação de interdependência

              operário / proletário
              detentor da força de produção
              criação de um “mercado de trabalho”



Dentro desse cenário é que surge a chamada questão social:

         Fluxo de massas camponesas rumo ao meio urbano
         Grande concentração humana nas cidades
         Degradação do espaço urbano e dos valores tradicionais
         Exploração do homem pelo homem
         Epidemias, prostituição, alcoolismo, violência, suicídios

                   As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o
                   melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram
                   precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos.
                   Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-
                   se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam
                   a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos
                   patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias,
                   décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado
                   ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem
                   nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.

De forma mais ou menos paralela ocorre uma revolução no pensamento:

         Século XVII uso livre da razão: Racionalismo
         Século XVIII uso da razão, associado a uma crítica da sociedade (esta seria
          injusta e impediria a liberdade dos homens). Surge a doutrina do Iluminismo que
          representa a ideologia burguesa versus sociedade feudal. Critica principalmente
          o aspecto irracional e injusto das instituições sociais, contrária à liberdade do
          homem.

                   Existe uma única lei que, pela sua natureza, exige consentimento
                   unânime - é o pacto social, por ser a associação civil o mais voluntário



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                   dos atos deste mundo. Todo homem, tendo nascido livre e senhor de si
                   mesmo, ninguém pode, a qualquer pretexto imaginável, sujeitá-lo sem o
                   seu consentimento. Afirmar que um filho de escravo nasce escravo, é
                   afirmar que não nasce homem...Fora desse contrato primitivo, e em
                   conseqüência do próprio contrato, o voto dos mais numerosos sempre
                   obriga os demais. Pergunta-se, porém, como o homem poder ser livre, e
                   forçado a conformar-se com vontades que não a sua. Como os
                   opositores serão livres e submetidos a leis que não consentiram?
                   ...Respondo que a questão está mal proposta. O cidadão consente todas
                   as leis, mesmo as aprovadas contra sua vontade e até aquelas que o
                   punem quando ousa violar uma delas. A vontade constante de todos os
                   membros do Estado é a vontade geral: por ela é que são cidadãos e
                   livres. Quando se propõe uma lei na assembléia do povo, o que se lhes
                   pergunta não é precisamente se aprovam ou rejeitam a proposta, mas se
                   estão ou não de acordo com a vontade geral que é a deles".

                                                           Rousseau, Do Contrato Social


Este pensamento desembocará na Revolução Francesa, pregando a igualdade, a
liberdade e a fraternidade entre os homens, frente à concepção anterior de que os reis
eram descendentes diretos de Deus e devido a isso possuíam poder absoluto.

A Sociologia aparece então em um contexto de uma dupla revolução, a industrial
(aperfeiçoamento dos métodos produtivos, abandono da família patriarcal, urbanização)
e a política-intelectual (organização da classe operária: consciência de interesses e
instrumentos de ação e de crítica).

Após a desorganização (derrubada de um sistema e criação de outro) ocasionada pela
Revolução, o Positivismo busca re-estabelecer a estabilidade, a hierarquia social, a
autoridade e os valores morais, porém ainda conservando a idéia do uso livre da razão.




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Por exemplo, alguns dos fatos surgidos com a Revolução e que são apontados por
Leplay (um filósofo positivista) como razões da decadência da sociedade francesa:


         Corrupção da língua
         Falta de crença em deus e na religião
         Influência anormal dos literados
         Perda da influência das autoridades sociais
         Excesso de burocracia
         Falta de sentimento patriótico
         Perda progressiva da autoridade paterna
         Dissolução dos costumes
         Espirito revolucionário

O pensamento positivista vê o capitalismo como forma de satisfazer necessidades
humanas, como fim para os conflitos sociais, através do progresso econômico. O
pensamento social então surgia como forma de orientar a ciência, a indústria e a
produção industrial.

O principal expoente do positivismo é Augusto Comte (1798-1857), que em sua
Filosofia Positiva sugere uma forma de organizar o conhecimento humano, com os
seguintes níveis. Cada nível aumenta em complexidade e interesse, além de depender do
anterior:

         1. Astronomia
         2. Física
         3. Química
         4. Fisiologia
         5. Física Social, logo rebatizada como “Sociologia”.

Algumas máximas de Comte:

         “saber para prever, a fim de prover”, significando que se deve conhecer os
          problemas a fundo, para resolvê-los e dessa forma alcançar o progresso.

         “progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem” dando
          origem ao lema “ordem e progresso”




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                             Da Mecânica, Comte extraiu os conceitos de estática e dinâmica
                             e aplicou-os ao estudo dos fenômenos sociais. Viu neles uma
                             oposição e uma complementaridade, a estática era o desejo
                             intrínseco de ordem que toda sociedade civilizada deseja, a
                             dinâmica era o progresso, o destino que ela deve cumprir rumo
                             às etapas superiores de organização e produção. Harmonizou-os
                             no lema: "ordem e progresso", adotado na nova bandeira da
                             brasileira por sugestão do coronel Benjamin Constant, um dos
                             fundadores da república em 1889.
                                                                           Voltaire Schilling

O positivismo, possui portanto um conteúdo estabilizador, pregando uma reforma
conservadora, com a revalorização das instituições consideradas fundamentais para a
coesão social (autoridade, família, hierarquia):

É a partir das mudanças ocasionadas pela Revolução Industrial e pelas reformas
políticas que a Sociologia surge para colocar a “sociedade num plano de análise”, como
objeto de estudo a ser investigado orientação para a ação, para manter ou modificar
radicalmente a realidade.




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Leitura rápida #1


A análise da sociedade antes na Antiguidade


Grande parte dos filósofos da antigüidade praticamente abandonaram a análise neutra da
realidade social, insistindo em falar sobre a forma que consideravam ideal para aquele
momento social.


Em “República”, Platão insiste em impingir sua idéia de ideal social, assim como
Tomás Morus em “Utopia”, Campanela em “Cidade do Sol”, e Santo Agostinho em
“Cidade de Deus”.


Embora todas essas obras sejam consideradas valiosas para o estudo da Sociologia
devemos levar em consideração que elas versam sobre o ideal social pensado e
apresentado pelos seus autores.


Em “República”, por exemplo, os comentários feitos por Platão sobre a
interdependência e divisão das funções sociais são valiosíssimos até hoje.

O método comparativo, cuja eficácia é até hoje evidente, foi apresentado de forma
pioneira por Aristóteles em suas obras “Política” e em “Constituição de Atenas”. Nessas
obras Aristóteles analisa as organizações sociais das cidades antigas e elabora estudos
sobre a ordem social.

Entre suas idéias, Aristóteles reconhece a família como grupo social básico e elementar
e afirma que o homem é um animal político, destinado a viver em sociedade. Outra
característica encontrada em Aristóteles é o conceito de sociedade como ser vivo,
sujeito às mesmas leis que regem o Ser Humano: nascimento, crescimento e morte.


Outras contribuições decisivas para o estudo social foi a trazida pelos romanos, com
suas análises e definições de instituições como família, matrimônio, propriedade, posse,
contrato e outras, feitas pelos jurisconsultos romanos Caio, Paulo, Sabino, Labão,
Juliano, Pompônio, Papiniano e Ulpiano.




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4
      O pensamento sociológico moderno. Principais pensadores
      e linhas teóricas. A sociologia como conhecimento




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A sociologia como ciência

A sociologia, dentro da atual classificação das ciências, situa-se nas ciências sociais,
que estudam a interação entre os seres humanos e o produto desta interação. Além da
sociologia, são Ciências Sociais:


         Antropologia
          Estuda a história, origem e desenvolvimento da cultura do homem. Inicialmente
          limitada ao estudo dos povos ágrafos (iletrados ou primitivos), estuda aspectos
          culturas e comportamentais do homem
          Exemplos: rituais, cerimônias, mitos, artesanato, folclore.


        Direito
         Estuda as normas que regulam o comportamento social e as formas de controle
         social necessárias para exercer a coerção sobre os indivíduos. Dentro destas
         normas, preocupa-se com as leis (regras jurídicas) e seu conjunto, o sistema
         legislativo.
         Exemplos: normas de proteção ao trabalhador (direito trabalhista), divórcio
         (direito civil), penalidades por crimes cometidos (direito penal).


        Economia
         Estuda a organização dos recursos, produção, circulação, distribuição e consumo
         de bens e serviços. Analisa a atividade econômica em função das necessidades
         humanas.
         Exemplos: macroeconomia (sistema monetário, consumo, renda e investimentos
         na sociedade como um todo), microeconomia (agentes individuais,
         produtividade da empresa, orçamento familiar).


        Ciências Políticas
         Estudam a distribuição do poder na sociedade, a teoria e prática do governo.
         Exemplos: formas de governo, organização dos partidos políticos, funções do
         Estado




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        Psicologia social
         Estuda o comportamento e a motivação do indivíduo, no contexto de seu grupo e
         de seus valores associados. Analisa o fenômeno da personalidade, moldada pela
         cultura e pela sociedade.

         Exemplos: comportamento dos adolescentes, comportamento organizacional


        Sociologia
         Estuda o homem na sociedade, suas relações sociais e os elementos comuns
         existentes em todos os tipos de fenômenos sociais. Busca um conhecimento
         objetivo da realidade social.
         Exemplos: formação e desintegração de grupos, divisão da sociedade em
         camadas.


Diferentemente da psicologia social, a sociologia considera a sociedade como um
todo e busca por características que possam ser observadas em qualquer sociedade.

Muitas vezes seu estudo transcende o campo das disciplinas específicas, pois o homo
socius (o ser social) é o conjunto do homem econômico, político, religioso, ético,
artístico, etc.


                             Aprender Sociologia é aprender a analisar o comportamento
                             social com mais abrangência, procurando compreender as
                             atitudes das pessoas e dos grupos para poder interferir no
                             momento certo e da forma mais acertada, para alcançar os seus
                             objetivos.

                             A Sociologia faz do Ser Humano mais do que um simples
                             elemento no grupo, já que desenvolve nele a habilidade
                             necessária ao exercício da verdadeira cidadania, com
                             competência não só para entender o mundo e os fatos, mas
                             também para influenciar e participar ativamente das necessárias
                             reconstruções sociais.




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Campos da sociologia

Sociologia sistemática: estuda os elementos básicos e universais dos sistemas sociais e
o modo como se relacionam.
Exemplos: relações sociais, processos sociais, grupos.


Sociologia descritiva: estuda os fenômenos sociais nas condições reais em que operam.
Exemplo: estudo da família na sociedade

Sociologia comparada: estuda como os fenômenos sociais variam na história humana,
se apresentam semelhanças ou divergências.
Exemplo: a família através dos tempos.

Sociologia diferencial: busca as peculiaridades de cada sociedade específica
Exemplo: característica da família brasileira

Sociologia aplicada: utiliza a intervenção sobre as condições sociais
Exemplo: racionalização do trabalho em uma empresa

Sociologia geral: busca estabelecer a validade lógica do conhecimento sociológico,
sistematizando-o e realizando a crítica e a síntese do mesmo.

Sociologia especial: analisa e estuda em profundidade as categorias específicas de fatos
sociais
Exemplos: sociologia política, sociologia da educação, sociologia do turismo, sociologia
da comunicação, sociologia rural, sociologia industrial, sociologia da arte.


As fontes da verdade

         Intuição: é a capacidade de perceber ou pressentir, independentemente de
          qualquer raciocínio lógico e explícito

         Autoridade: é o acúmulo de conhecimento, confiável ou não. Já a autoridade
          sagrada ou conhecimento religioso é a fé em tradições e documentos de origem
          divina e tem como característica principal o fato de não poder ser questionada.

         Tradição: sabedoria acumulada, conjunto de conhecimentos que deram certo no
          passado e portanto aceitos de forma geral.

         Bom senso: estabelece relação entre os fatos, sem identificar causas reais.

         Ciência: é a fonte de conhecimento mais confiável, para a compreensão da
          realidade. Também a mais jovem, devido a que o método científico existe
          apenas há 400 anos, aproximadamente. É questionável (avança sobre os novos
          descobrimentos, que substituem os antigos) e falível (é aberta, admite que o


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Apostila de Sociologia
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          conhecimento pode mudar, pode avançar). Baseia-se no pensamento crítico e
          não admite o senso comum.


Senso comum (opinião)                                  Senso crítico

        espontâneo                                          reflexivo
        esporádico                                          demonstra os motivos
        sem explicações satisfatórias                       procura as causas dos fatos
        falta de profundidade                               as     conclusões    podem  ser
        aplicável a casos específicos                        generalizadas
        utiliza juízos de valor                             busca a "verdade por trás das
        "o que -deve ser"                                    aparências"
                                                             "o que é"



Exemplo: o senso comum nos diz que “todas as mulheres são más motoristas”. As
estatísticas (e as companhias de seguro), utilizando fatos (e não opiniões) nos dizem que
as mulheres envolvem-se em menos acidentes que os homens.


Características dos conhecimento científico na Ciência Social

         Detecta regularidades e padrões na vida social.
         As mesmas causas levam aos mesmos efeitos.
         Intersubjetivo, toda afirmação para tornar-se conhecimento aceito deve ser
          confirmado por outros observadores.
         Estuda o comportamento da sociedade como um todo, não de indivíduos ou de
          casos específicos
.

O método científico na Sociologia:


         Exige a observação sistemática, com a necessidade de provas e dados.
         Busca a minimização do erro e do preconceito.
         Suas conclusões nunca são absolutas, mas passam por um mecanismo de auto-
          correção.
         São necessários o estudo de muitos casos, para chegar à generalizações.
         Procura não somente descrições, mas explicações.


E principalmente nas Ciências Sociais se destaca o duplo papel do homem:

         ator/espectador



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Apostila de Sociologia
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         objeto/observador

Existe portanto, objetividade e neutralidade na ciência social? Podemos chegar a algum
conhecimento realmente confiável?

Esta é uma questão aberta, talvez o sentido de objetividade seja diferente do utilizado
nas ciências exatas, de forma pode estar limitada a que "não deve ser afetada pela
própria crença, por emoções, hábitos ou preferências, desejos ou valores do
observador".


Tipos de pesquisa utilizados na sociologia

Método histórico
Parte do princípio de que os atuais modos de vida possuem sua origem no passado.
Pesquisa as raízes históricas dos fatos sociais, para compreender sua função atual.
Exemplos: influência francesa nas quadrilhas da festa junina, “Casa Grande e Senzala”.

Método comparativo
Compara diferentes tipos de grupos, comunidades ou fenômenos, buscando identificar
semelhanças ou diferenças entre eles. A partir deste conhecimento, tenta obter
generalizações sobre os fatos sociais.
Exemplos: estudo comparativo entre as filiais brasileira e argentina de uma grande
organização multinacional.

Estudo de caso ou método monográfico
É o estudo específico de um grupo, comunidade, etc, ou de algum aspecto dele. Parte do
princípio de qualquer caso pode ser representativo de muitos outros.
Exemplo: estudo da política de recursos humanos da empresa X.




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Apostila de Sociologia
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Método estatístico / quantitativo
Utiliza procedimentos matemáticos (estatísticos) para estudar os fenômenos sociais.
Reduz os fenômenos a indicadores quantitativos. Algumas vezes revela-se ineficaz,
devido à imprevisibilidade no objeto de estudo (o homem), pois apesar do caráter direto
e aparentemente objetivo dos resultados, ocasiona a perda de uma riqueza no
conhecimento social, pois não é capaz de identificar as atitudes e experiências pessoais
dos indivíduos estudados.
Exemplo: “O suicídio” de Durkheim.

De qualquer forma, na prática observamos a combinação dos diferentes métodos, com
a combinação da fortaleza de cada um, para a obtenção de uma melhor compreensão da
realidade social.


Outros contribuidores para o início da Sociologia como Ciência

Além de Auguste Comte, considerado o “pai da sociologia”, podemos destacar o papel
de:

Émile Durkheim (1858-1917)

Fundador da sociologia como ciência independente, estabelece seus métodos e inicia a
comunidade científica ao redor deste conhecimento. Uma de suas principais obras é "As
regras do método sociológico".

Sua principal contribuição é a idéia de que os fatos sociais devem ser considerados
como "coisas", sendo aplicáveis os mesmos métodos de observação das ciências exatas.
Defende a observação, a experimentação como forma de indagação racional, com o
abandono do sobrenatural, da tradição, da revelação, em uma nova atitude intelectual. É
um dos precursores do método histórico, no qual a sociedade pode ser compreendida
justamente por que é obra dos indivíduos.

Para Durkheim mais do que os: fatos econômicos é a fragilidade moral e de valores que
determinam o comportamento na sociedade. Portanto, em resposta às propostas
socialistas (modificação na propriedade, distribuição das riquezas), defende a divisão do
trabalho, onde cada membro da sociedade dependeria mais dos outros. Dessa forma,
aumentaria a união e a solidariedade, que ele denomina, orgânica.




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Karl Marx (1818-1883)

Realiza uma crítica radical a nova ordem social estabelecida pela Revolução Industrial.
Afirma que a estrutura econômica é a base da história humana e defende que o
conhecimento da realidade social deve ser um instrumento político.

Porém, oposto ao positivismo, defende a realização de mudanças na ordem social.
Justamente, são nas situações de conflito econômico que a história avança, através do
que denomina "luta de classes". Sua obra mais conhecida é "O Capital" (1867)


Após Marx confrontar a economia política, lançando pela primeira vez o termo
“alienação no trabalho” e suas conseqüências no cotidiano das pessoas, Marx expõe
pela primeira vez a alienação da sociedade burguesa.

A alienação no trabalho é gerada na sociedade devido à mercadoria, que são os produtos
confeccionados pelos trabalhadores explorados, e o lucro, que vem a ser a usurpação do
trabalhador para que mais mercadorias sejam produzidas e vendidas acima do preço
investido no trabalhador, assim rompendo o homem de si mesmo.

Já a alienação da sociedade, o fetichismo, que é a fato da pessoa idolatrar certos objetos
(automóveis, jóias, etc). O importante não é mais o sentimento, a consciência,
pensamentos, mas sim o que a pessoa tem. Sendo o dinheiro o maior fetiche desta
cultura, que passa a ilusão às pessoas de possuir tudo o que desejam a respeito de bens
materiais.


Max Weber (1864-1820)

Destaca-se no campo do estudo da burocracia como forma de organização e da
sociologia da religião, estabelecendo assim as bases teóricas da estratificação social.

Em sua obra "A ética protestante e o espírito capitalista" afirma que o maior
desenvolvimento econômico dos países com religião protestante na Europa e América
ocorreu por que esta religião valoriza o individualismo, o trabalho árduo, o êxito pessoal
e a acumulação de riquezas (capital). A ética protestante seria uma nova mentalidade
diante da vida econômica (pioneirismo, ousadia), com o êxito econômico como benção
de Deus. Ao mesmo tempo, a não fruição dos lucros (rigidez na vida familiar) permite a
acumulação e re-investimento do capital.
Em comparação, o catolicismo prega a renúncia aos bens materiais, o amor fraterno e
condena a usura (empréstimos). Seriam estas diferenças culturais que levaram
Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Holanda Suécia, etc, a desenvolver o capitalismo
e a Revolução Industrial muito mais cedo (e de melhor forma) que países como Itália,
Espanha, Portugal, Brasil e outros países da América Latina.

Frases do catolicismo negativas em relação ao dinheiro e à riqueza:




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         "Ora, aconteceu que o pobre morreu e ele foi levado pelos anjos para o seio de
          Abraão. O rico morreu também e foi amortalhado no inferno". - Evangelho de
          Lucas, 16

         "Todo o homem rico é, ou injusto na sua pessoa, ou herdeiro da injustiça e da
          injustiça de outros" (Omnis dives aut iniquus est, aut heres iniqui) - São
          Jerónimo.

         "Quem quer se tornar rico tomba nas armadilhas do demônio, e se entrega a mil
          desejos não apenas vãos mas perniciosos, que o precipitam por fim no abismo da
          perdição e da condenação eterna" São Timóteo, 6

         "Ou tu és rico e tens o supérfluo, e nesse caso o supérfluo não é para ti mas para
          os pobres; ou então tu estás numa fortuna medíocre, e então que importa a ti
          procurar aquilo que não podes guardar ?" São Bernardo


Herbert Spencer (1820-1903)

Aplica a teoria da evolução à sociedade humana, criando a "teoria da evolução social".
Pensa na sociedade como um organismo, que cresce através da diferenciação
(surgimento de órgãos especializados) e da interdependência entre partes. Assim, tantos
nos organismos como na
história das sociedades observa-se uma complexidade crescente. Com a evolução social
se parte de uma organização social vaga para convenções cada vez mais precisas /
costumes que se transformam em lei / leis que se tornam cada vez mais rígidas e
específicas.


                             A evolução social e o progresso independem da vontade humana
                                                                                    Spencer

Exemplo: uma tribo igual em todas as partes evolui para uma nação civilizada, repleta
de diferenças estruturais e funcionais

Leitura rápida #1

O manifesto comunista (trechos)

Um espectro ronda a Europa - o espectro do comunismo

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das
lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de
corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante
oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra
que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou
pela destruição das duas classes em luta.


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A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação
da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital a condição
de existência do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na
concorrência dos operários entre si.

Suprimi a exploração do homem pelo homem e tereis suprimido a exploração de uma
nação por outra. Quando os antagonismos de classe, no interior das nações, tiverem
desaparecido, desaparecerá a
hostilidade entre as próprias nações.

Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam
abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda
a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução
comunista! Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um
mundo a ganhar.

Escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em dezembro de 1847 - janeiro de 1848.
Publicado pela primeira. vez em Londres em fevereiro de 1848.




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5
      Status e papel social. Conflito de papéis.




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Status: posição que o indivíduo ocupa na sociedade.

Observação: o status é diferente de prestígio, fama; todas pessoas possuem um status,
que como a definição diz, é a posição.

É o principal fator que vai determinar as relações sociais, pois a ele estão associados os:

         direitos
         deveres
         e privilégios

das pessoas na sociedade

A diferença entre posições estabelece uma distância social.

Exemplos

Na faculdade
    reitor
    diretor acadêmico
    professor
    secretária
    estudantes

Na família
    avô
    pai
    filho
    neto

A distância social é maior entre os alunos e o reitor do que entre alunos e professores.

O status é inseparável do papel social. O papel social é a parte dinâmica do status, ou
seja, como as pessoas desempenham as funções que estão associadas com sua posição
na sociedade.

O status pode ser visto como as posições que umas pessoas ocupam em um carro
(motorista, passageiro do banco da frente, outros passageiros). Já o papel social seria
como o motorista está dirigindo, como os passageiros estão se comportando.

Assim, status e papel social estão ligados a um comportamento socialmente esperado.
Se este comportamento não é alcançado, então ocorre a pressão social. Todos estamos
sujeitos à pressão social, basta pensar em nosso comportamento, vestuário, linguagem...

Por exemplo: o ocupante de um cargo político que bebe demais nas reuniões sociais não
está cumprindo o papel que dele se espera. Os meios de comunicação, e a sociedade em
geral, demandam uma atitude condizente.


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Se o papel social é vastamente difundido e reconhecido pela sociedade, podemos falar
de um papel padrão. É por exemplo o caso do "pai-gelol" (não basta ser pai, tem que
participar) e do operário padrão, figura criada durante o governo de Getúlio Vargas.

Portanto o conjunto de status e de papéis são uma forma de controle social, quer dizer,
de controle do comportamento humano no grupo.

Os papéis sociais algumas vezes são representados através de símbolos, que identificam
a posição de um determinado grupo na sociedade. É o caso da bata branca e o
estetoscópio dos médicos, de uniformes, condecorações e medalhas dos militares.

Símbolo: qualquer expressão verbal ou não-verbal que pretenda representar alguma
coisa e é utilizada para transmitir significado do emissor para o receptor.

Já os símbolos sociais são tipos de personalidades que as pessoas são levadas a imitar. O
herói é o mais significativo, possuindo traços que as pessoas devem copiar (bondade,
perseverança, força, liderança, etc.). Mas também possibilita a promoção e manipulação
de certos valores, sejam religiosos, sejam de solidariedade, prestígio ou aspirações.

Exemplo: os heróis nacionais brasileiros são aqueles que nunca promoveram revoluções
ou derramamentos de sangue, transmitindo a idéias de uma “história incruenta”.

O status pode ser de dois tipos:

1) Atribuído: devido a quem se é, são obrigatórios, inevitáveis.

Exemplos:
    sexo (posição inferior da mulher no mundo islâmico)
    idade (desconsideração com os idosos na sociedade atual)
    primogênito (hereditariedade na sucessão de monarquias)
    raça (segregação racial dos negros na África do Sul, até início da década de 90).

2) Adquirido: é conseguido com o próprio esforço e habilidade. Relacionado com o
processo social de competição, principalmente dentro da econômica e da política

Exemplos:
    Sílvio Santos, de camelô passou a ser um dos maiores empresários do país

Uma mesma pessoa pode possuir vários status, dependendo de que grupos faça parte.
São diferentes, portanto, o papéis sociais associados que uma pessoa ocupa no trabalho,
no clube, na comunidade onde vive, na família, etc.

Daí que também existe um conjunto de papéis que a pessoa deve desempenhar.
Algumas vezes existe o conflito de papéis, quando um papel de um determinado status
se confunde com outro.




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Exemplos:
    O militar que traz para o ambiente familiar a disciplina e rigor que aplica a seus
      comandados.
    O trabalhador que é promovido e deve abandonar o papel de empregado para
      assumir o de confidente do chefe.

Mas existe o status principal, aquele que melhor identifica a pessoa. O status principal
dependerá da sociedade em que a pessoa vive. Nas sociedades industriais, geralmente o
status econômico e profissional é o mas valorizado. Em outras sociedades, a sabedoria e
a experiência de uma pessoa podem valer mais.




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6
      Estratificação social. Mobilidade social. Classes sociais.
      Desigualdade social




                                                                      Vi ontem um bicho
                                                                   Na imundície do pátio
                                                         Catando comida entre os detritos

                                                           Quando achava alguma coisa,
                                                           Não examinava, nem cheirava:
                                                                Engolia com voracidade.

                                                                 O bicho não era um cão.
                                                                        Não era um gato.
                                                                        Não era um rato.

                                                       O bicho, meu Deus, era um homem.

                                                                        Manuel Bandeira




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Estratificação social

Apesar dos indivíduos em uma sociedade apresentarem características semelhantes (por
exemplo, elementos culturais como o idioma, a forma de ser, etc.), existem entre eles:

         diferenças biológicas;
         diferenças psicológicas;
         e diferenças sociais (em relação aos direitos, deveres, privilégios e status).

A existência dessas diferenças é o que dá origem à estratificação social, onde a
sociedade se divide em camadas (estratos), hierarquizadas e superpostas.




                  A representação da estratificação geralmente se faz na forma de pirâmide



O processo de formação das classes sociais no Brasil remonta à sua origem histórica.
Nos anos 50, propôs-se a seguinte classificação:

         Alta, média e baixa

Nos dias atuais, o esquema de estratificação se sofistica devido ao empobrecimento
relativo da classe média:

         Classe alta tradicional, nova classe alta
         Classe média alta, média-média, média-baixa
         Baixa alta, baixa-baixa




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Atualmente, para pesquisas de opinião pública e de mercado se utiliza um esquema
simplificado:

         Classe A (classe alta)
         Classe B (média alta)
         Classe C (média-média, média-baixa)
         Classe D (baixa-alta)
         Clase E (baixa-baixa)


O mito da sociedade igualitária

Ao longo da história vários movimentos pregam a “sociedade de iguais” (por exemplo
os movimentos anarquista, socialista e comunista). Porém, trata-se de uma utopia, pois
a igualdade é uma impossibilidade social!

Utopia: diz-se de um conjunto de idéias ou práticas propostas que se julgam
irrealizáveis. A construção de utopias é muito comum do ponto de vista de doutrinas
que propõe saídas para a desigualdade social.

Quando falarmos de igualdade, iremos nos referir, portanto, a igualdade de
oportunidades entre todas as pessoas, ou seja, a existência de direitos iguais para todos
(embora isto algumas vezes exija a redefinição de quais são estes "direitos", por
exemplo a democracia ateniense excluía as mulheres).

Mobilidade social

É a movimentação dos indivíduos de uma camada da sociedade para outra. Pode ser
tanto do indivíduo como do grupo.

Exemplos:

         mobilidade ascendente individual: Lula
         mobilidade descendente grupal: senhores de engenho

Já os canais de mobilidade são “vias rápidas” através da qual um indivíduo pode
ascender mais rapidamente na sociedade.

Os principais canais de mobilidade são

         Educação
         Política
         Exército
         Igreja




©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com)                                   49
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Apostila Sociologia

  • 1. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Recife, 2013
  • 2. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Atribuição-Uso Não-Comercial-Compatilhamento pela mesma licença 2.0 Brasil A OBRA (CONFORME DEFINIDA ABAIXO) É DISPONIBILIZADA DE ACORDO COM OS TERMOS DESTA LICENÇA PÚBLICA CREATIVE COMMONS ("CCPL" OU "LICENÇA"). A OBRA É PROTEGIDA POR DIREITO AUTORAL E/OU OUTRAS LEIS APLICÁVEIS. QUALQUER USO DA OBRA QUE NÃO O AUTORIZADO SOB ESTA LICENÇA OU PELA LEGISLAÇÃO AUTORAL É PROIBIDO. AO EXERCER QUAISQUER DOS DIREITOS À OBRA AQUI CONCEDIDOS, VOCÊ ACEITA E CONCORDA FICAR OBRIGADO NOS TERMOS DESTA LICENÇA. O LICENCIANTE CONCEDE A VOCÊ OS DIREITOS AQUI CONTIDOS EM CONTRAPARTIDA À SUA ACEITAÇÃO DESTES TERMOS E CONDIÇÕES. Você pode:  copiar, distribuir, exibir e executar a obra  criar obras derivadas Sob as seguintes condições: Atribuição. Você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor. Uso Não-Comercial. Você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença. Se você alterar, transformar, ou criar outra obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta.  Para cada novo uso ou distribuição, você deve deixar claro para outros os termos da licença desta obra.  Qualquer uma destas condições podem ser renunciadas, desde que Você obtenha permissão do autor. Qualquer direito de uso legítimo (ou "fair use") concedido por lei, ou qualquer outro direito protegido pela legislação local, não são em hipótese alguma afetados pelo disposto acima. Este é um sumário para leigos da Licença Jurídica (na íntegra): http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/br/legalcode ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 2
  • 3. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Sobre o autor Marcelo Sabbatini Doutor em Teoria e História da Educação – Universidad de Salamanca (Espanha) em 2004. Pós-doutorado realizado no Programa de Extensão Rural e Desenvolvimento Local – POSMEX da Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2006. Mestre em Comunicação Social, modalidade Comunicação Científica e Tecnológica, Universidade Metodista de São Paulo, 2000. Especialista em Comunicação e Cultura Científica, Universidad de Salamanca, 1999. MBA em Administração de Empresas, foco em Gestão, Fundação Getúlio Vargas, 2009. Engenheiro químico, Universidade Estadual de Campinas, 1997. Página Web: http://marcelo.sabbatini.com Email: marcelo@sabbatini.com Facebook: https://www.facebook.com/marsabbatini Twitter: #marsabbatini ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 3
  • 4. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Sumário 1. Introdução à Sociologia. Conceito. A imaginação sociológica. “O Suicídio”. 2. Aula-exemplo: o estudo sociológico da sexualidade. 3. O surgimento da Sociologia no contexto histórico. A Revolução Industrial, as mudanças culturais no trabalho. 4. O pensamento sociológico moderno. Principais pensadores e linhas teóricas. A sociologia como conhecimento. 5. Status e papel social. Conflito de papéis. 6. Estratificação social. Mobilidade social. Classes sociais. Desigualdade social. 7. As relações e os processos sociais básicos. Isolamento, acomodação, assimilação, cooperação, competição e conflito. Socialização. 8. Controle social. Normas. Sanções. Desvio social. Marginalização e crime. 9. Mudança social. Teorias da mudança social. 10. Conceito de cultura. Sub-cultura. Contracultura. Símbolos. Aculturação. Etnocentrismo. Introdução à cultura organizacional. 11. Grupos sociais. Grupos primários e secundários. Grupo de fora e grupo de dentro. Grupos formais e informais. 12. Redes sociais e a teoria do mundo pequeno. Sociograma. 13. Institucionalização. Instituições sociais básicas. Introdução às organizações formais. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 4
  • 5. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 1 Introdução à Sociologia. Conceito. A imaginação sociológica. “O Suicídio”. Características que vamos buscar neste curso de Sociologia:  Sintonia com a realidade com exemplos de casos concretos, estudo da comunidade onde os alunos estão inseridos. Buscar as causas e propor soluções para os problemas sociais é a razão de ser da Sociologia.  Compreensão do ambiente social onde os alunos vivem e a função social da carreira que escolheram.  O mundo que muda (origem da sociologia na revolução industrial): mudanças no mundo hoje com a integração mundial e o desenvolvimento da tecnologia.  Uma relação entre o social e o pessoal, com a compreensão de si mesmo e do mundo social. Uma experiência libertadora! E algumas habilidades específicas a desenvolver:  Aprender como pensar, além de o quê pensar.  Desaprender algumas idéias familiares.  Aprender algumas novas idéias que nos acompanharão para o resto da vida.  Aprender a diferença entre crença (desejo) e realidade (o que realmente é).  Aprender que o senso comum (como forma de pensar) é limitado.  Aprender a reconhecer tendências históricas de longo prazo, não tomando o agora somente como a única perspectiva.  Aprender a valorizar-se como pessoa capaz de defender suas idéias. E por quê tudo isso? O trabalho sociológico, ao questionar os dogmas, ensinar-nos a apreciar a variedade cultura e nos permitir compreender o funcionamento das instituições sociais, aumenta as possibilidades da liberdade humana. Anthony Giddens ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 5
  • 6. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Mais especificamente na Sociologia Aplicada à Administração, nos concentraremos em:  Teorias sobre as relaciones sociais no trabalho  Problemas históricos relativos à industrialização, e sua prospectiva (o futuro)  Estudo das organizações como sistema social e dos papéis que a compõe  Problemas relacionados ao controle e a participação na empresa  Temas relativos ao contexto exterior no qual se desenvolve a atividade empresarial: conflitos, sociedades, lazer, meio cultural, econômico e social. Algumas definições  A Sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos e sociedades (Giddens)  É a ciência do comportamento coletivo (Park, Burgess)  A sociologia geral é, em conjunto, a teoria da vida humana em grupo (Tönnies)  A Sociologia pergunta o que acontece com os homens, quais as regras de seu comportamento, não no que se refere ao desenvolvimento perceptível de suas existências individuais como um todo, porém, na medida em que forma grupos e são influenciados, devido às interações, por sua vida grupal (Simmel). A Sociologia é um encontro com as Forças Sociais que moldam nossa vida, especialmente aquelas que afetam a nossa percepção (ou ignorância) de como criamos, mantemos e mudamos estas mesmas Forças Sociais (). Os pontos comuns destas definições são as relações humanas, do comportamento do homem com os seus semelhantes. Mas é um estudo científico (sistemático e crítico) que busca a verdade “além das aparências”. Historicamente, a sociologia foi vista tanto como “arma a serviço dos interesses dominantes” ou como “expressão teórica dos movimentos revolucionários”. De forma geral, a Sociologia também pode ser entendida como uma “tentativa de dialogar com a civilização capitalista”, relacionada então com um desejo de interferir no rumo da civilização (possuindo dimensão política, portanto) tanto para a manutenção ou alteração das relações de poder na sociedade. O pensamento sociológico O chamado pensamento sociológico, exige cultivar a imaginação, colocar-se no lugar do outro, liberar-se das circunstâncias pessoais e um distanciar-se do cotidiano. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 6
  • 7. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Somente assim, o poderemos pensar na sociedade e em suas forças, sem estarmos influenciados por nossa própria experiência pessoal. Exemplo: quais são os significados sociológicos de tomar uma simples xícara de café?  Valor simbólico: tomar café como um ritual diário, “não me sinto gente até”  Valor bioquímico: cafeína  Relações sociais e econômicas: cultivo, preparação, distribuição, comercialização do café, afetando diversos grupos e culturas  Desenvolvimento social e econômico anterior, histórico. Processo de disseminação pelo mundo auxiliado pelo comércio internacional (século 19), hoje cultivado em países em desenvolvimento Portanto, para passar do problema pessoal ao problema social, necessitamos do que Charles Wright Mill chamou a imaginação sociológica. Exemplo Podemos pensar que um divórcio é motivado por razões puramente pessoais (emocionais, psicológicas): afastamento, incompatibilidade, ciúmes, traição, falta de confiança, monotonia.... Porém se pensarmos nas estatísticas a nível nacional (mais de metade dos jovens casais se separam após cinco anos, ver Leitura rápida #1), podemos pensar que há algo na sociedade que explica o por quê de um comportamento tão generalizado: a independência da mulher trabalhadora, o enfraquecimento dos laços morais e religiosos, a industrialização e a vida urbana com seu ritmo rápido e individualista e a própria possibilidade de se divorciar legalmente (que antes não existia)!!! Portanto, dentro de uma discussão científica e sociológica sobre o divórcio temos que aplicar a imaginação sociológica para escapar das nossas experiências pessoais. As forças sociais Toda experiência pessoal é influenciada pelo ambiente social (estrutura social), nossas ações são pautadas pela família, pela igreja, pelo estado... Podemos dizer então que o comportamento humano é ordenado, padronizado e estruturado. Mas as interações sociais também são relacionadas entre si, então a sociologia deve buscar a compreensão da totalidade, adotar uma visão de sistema (conjunto de elementos interligados que são modificados devido às relações entre si onde cada alteração em um elemento provoca uma mudança no todo). ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 7
  • 8. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Para mostrar como a sociedade pauta o comportamento humano, mais além do pessoa, Émile Durkheim, no momento que a Sociologia surgia como disciplina, realizou um estudo clássico, a explicação sociológica do suicídio. Justamente como o suicídio, um ato aparentemente altamente pessoal, que geralmente é explica do pelos motivos pessoais que levaram a pessoa á isso. Com efeito, se em lugar de apenas vermos os suicídios como acontecimentos particulares, isolados uns dos outros e que demandam ser examinados cada um separadamente, nós considerássemos o conjunto dos suicídios cometidos numa sociedade dada, durante uma unidade de tempo dada, constata- se que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades independentes, um todo de coleção, mas que ele constitui por si só um fato novo e sui generis, que possui sua unidade e sua individualidade, conseqüentemente sua natureza própria, e que, ademais, é uma natureza eminentemente social. Durkheim Durkheim foi buscar suas causas sociais e estudou as taxas de variação em suicídios em diferentes países e regiões (método estatístico):  Compara a taxa de mortalidade/suicídio com a taxa de mortalidade geral, particularmente suas variações ao longo do tempo. o Observa que não somente a taxa (de mortalidade/suicídio) permanece constante durante longos períodos de tempo, mas sua invariabilidade é muito maior do que aquela observada nos principais fenômenos demográficos.  Compara as variações anuais nas taxas de suicídio (que só acusam pequenas mudanças), com as variações entre diferentes sociedades (que podem ir do dobro ao quádruplo ou ainda mais) o Conclui que as taxas de suicídio são, portanto, “num grau bem mais alto que as taxas de mortalidade, pessoais a cada grupo social do qual elas podem ser vistas como um índice característico”. Mas estas diferenças entre as taxas de suicídio de diferentes grupos não podiam ser explicadas somente por doença mental, etnia ou mesmo pelo clima. Sua conclusão foi que o grupo social encoraja ou desencoraja o suicídio e identificou quatro tipos de suicídio: ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 8
  • 9. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 1. Suicídio egoísta: isolamento excessivo, pessoa separada do grupo, ostracismo 2. Suicídio altruístico: apego excessivo, valor da vida perde valor frente ao valor que pode aportar ao grupo (exemplo, terroristas, kamikazes) 3. Suicídio anômico: devido à anomia, a ausência de normas, perda dos valores tradicionais e das normas de comportamento 4. Suicídio fatalista: sociedades com alto grau de controle sobre emoções e motivações (exemplo, seitas religiosas, adolescentes japoneses). Durkheim conseguiu assim uma explicação em função dos grupos e das comunidades, não em fatores biológicos ou psicológicos. Neste esquema os suicídios egoísta / altruístico estão relacionados com a integração social. Os suicídios anômico / fatalista e regulação moral. A sociedade é mais que a soma de seus membros individuais Um conceito básico é o de fatos sociais (regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos), tudo aquilo que é: externo ao indivíduo e determinador de suas ações. Para o indivíduo na sociedade as “maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo”, “chegam a cada um de nós do exterior e que são susceptíveis de nos arrastar, mesmo contra nossa vontade”.  Exteriores : porque consistem em idéias , normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando nascemos .  Coercitivos: porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira pelo resto do grupo. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 9
  • 10. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Em conclusão: "A sociedade não só controla nosso movimentos, como ainda dá forma à nossa identidade, nosso pensamento e nossas emoções. As estruturas da sociedade tornam-se as estruturas de nossa própria consciência...As paredes de nosso cárcere já existiam antes de entrarmos em cena, mas nós a reconstruímos eternamente. Somos aprisionados com nossa própria cooperação...Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso encarceramento na história" Berger ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 10
  • 11. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Leitura rápida #1 Casamentos diminuem e separações aumentam, diz IBGE Ana Paula Grabois Folha Online, 1999 Mais separações e divórcios e menos casamentos no Brasil. Esta é uma das conclusões da pesquisa de registros civis referente ao ano de 1998, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No Brasil de 1991 ocorriam 21,2 dissoluções de uniões para cada 100 casamentos. Em 1998, para cada 100 casamentos, foram contabilizados 28,1 separações ou divórcios. O número de casamentos no Brasil, apesar de ter crescido entre 1991 e 1994, caiu em 1998. Em 1994, houve o maior volume de uniões legais, cerca de 763 mil. Em 1998, caiu 6%, passando para 699 mil. No entanto, a taxa de nupcialidade (divisão do número de casamentos por habitantes) vem caindo ao longo da década. Segundo o IBGE, a população cresceu num ritmo mais acelerado que o crescimento das uniões. Segundo o IBGE, os fatores que influenciaram mais o comportamento dos casamentos no Brasil são de ordem econômica e cultural. O econômico ocorre porque casa-se mais quando a renda aumenta. Isto pode ser comprovado pelo fato de que em 1994 - ano de implantação do Plano Real e de aumento da massa salarial - ter ocorrido o maior número de uniões. O fator cultural é explicado pela tendência de aumento nas uniões consensuais, indicando um mudança de comportamento social. Enquanto os casamentos diminuem, as separações e divórcios judiciais aumentam. O número de separações cresceu 19% de 1991 para 1998. Em 1991, o Brasil registrou 76.233 separações judiciais. Este número saltou para 90.778 em 1998. Já os divórcios cresceram 29,7% no país de 1991 a 1998, ano no qual foram registrados 105.253 divórcios no país. Em 1991, eram 81.128. Na região Norte, o número de divórcios praticamente dobrou, com 99% a mais de divórcios. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 11
  • 12. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Leitura rápida #2 Japão: O céu dos suicidas Ariel Kostman (de VEJA) Na semana passada, os corpos de sete jovens japoneses – quatro homens e três mulheres na faixa dos 20 anos – foram encontrados numa caminhonete numa estrada próxima a Tóquio. Os vidros do veículo estavam selados com fita e, no chão, quatro fogareiros a carvão indicavam a causa da morte: asfixia por monóxido de carbono. Logo depois, os policiais acharam o corpo de outras duas mulheres num carro em outra província vizinha da capital. As duas haviam se suicidado usando o mesmo método. No carro, um bilhete: "Não se trata de assassinato. Nós planejamos isso". Embora chocantes, os casos não surpreenderam a polícia. Apenas neste ano, vinte japoneses entre 16 e 30 anos se suicidaram em circunstâncias semelhantes. Todos os casos estão ligados a um hábito macabro que vem se disseminando naquele país: o pacto de morte coletivo combinado pela Internet. Em dezenas de salas virtuais de bate-papo, candidatos ao suicídio trocam idéias sobre os melhores locais e as maneiras mais rápidas e menos dolorosas de tirar a própria vida. Muitos passam da conversa à ação. Na maioria dos casos, as pessoas que se matam em grupo mantêm contato apenas pelo computador e só se conhecem na hora em que se encontram para morrer. O pacto de morte coletivo via Internet é a manifestação mais recente de um fenômeno que aflige a sociedade japonesa e impressiona o mundo: a escalada do número de suicídios no país. Nesta década, o número de suicidas tem crescido à razão de 10% ao ano. Em 2003, 34.000 pessoas se mataram no Japão. É o maior índice em relação à população (25 em cada 100.000 habitantes) entre os países desenvolvidos, mais que o dobro daquele verificado nos Estados Unidos e seis vezes o brasileiro. Entre japoneses na faixa de 20 a 30 anos, o suicídio já é a principal causa de mortalidade. Na origem dessa corrida para a morte combinam-se fatores culturais e reflexos de treze anos consecutivos de estagnação econômica enfrentada pelo Japão. Para começar, o suicídio é uma tradição antiga no país. O ritual do hara-quiri era comum na classe guerreira do período medieval. O samurai o utilizava quando não conseguia cumprir uma missão designada por seu mestre. A forma mais popular de arte dramática do Japão, o teatro kabuki, refere-se em muitas peças ao suicídio dos samurais e também ao pacto de morte realizado entre amantes. No fim da II Guerra, diante da derrota, militares japoneses se suicidaram para lavar a honra da nação. Esses rituais pertencem à história, mas a prática do suicídio continua a ser encarada com certa tolerância pela sociedade japonesa, ao contrário do que ocorre nas sociedades ocidentais. No budismo e no xintoísmo, religiões predominantes no Japão, tirar a própria vida não é pecado. Muitos vêem o gesto como uma forma aceitável, e até valorizada, de resolver uma situação. Se a pessoa tem uma dívida que não consegue pagar, considera-se que se matar é uma saída honrosa. O fato de a cultura japonesa valorizar o grupo, e não o indivíduo, também contribui para o alto número de suicídios no país. "Os idosos que precisam de um tratamento médico muito caro, ou que não podem pagar por um asilo, muitas vezes se matam para não onerar a família, e ninguém se espanta com isso", comenta a psicóloga Kyoko Nakagawa, japonesa radicada no Brasil. Também é comum que pessoas em dificuldade financeira façam um seguro de ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 12
  • 13. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini vida e depois se matem, garantindo assim o futuro da família. Há atualmente uma queda-de-braço entre as companhias de seguro que operam no Japão e a Justiça. As primeiras não querem mais pagar prêmios às famílias de suicidas, mas a Suprema Corte japonesa decidiu que devem pagar, sim. Outro fator que ajuda a explicar a alta incidência de suicídios no Japão é a rigidez da sociedade, que imputa enorme importância a valores como honra e vergonha. Como a sociedade é muito fechada, há muitos casos de crianças e adolescentes vítimas de maus- tratos dos colegas na escola que não conseguem expor seus problemas para os pais ou professores e acabam se matando. "Muitos jovens estão também céticos com relação ao futuro, depois de anos de crise econômica", avalia o psiquiatra japonês Rika Kayama, que tem estudado o fenômeno dos suicídios coletivos combinados pela Internet. Nos últimos anos, as autoridades japonesas vêm tomando medidas para desestimular os suicídios. Muitos prédios em Tóquio foram reformados para impedir o acesso fácil a amuradas que servem de trampolim. No metrô de Tóquio, instalaram-se barreiras para evitar que pessoas pulem nos trilhos, uma forma tão comum de suicídio que o governo cobra das famílias das vítimas os estragos feitos nos trens e nas linhas. Também no metrô foram colocados enormes espelhos que cobrem inteiramente as paredes das plataformas, com a intenção de dissuadir os que planejam a própria morte. Espera-se que, ao olhar o próprio rosto, os suicidas pensem duas vezes e desistam de seu intento. Nada disso, porém, tem freado as estatísticas que fazem do Japão o céu dos suicidas. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 13
  • 14. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Alta tecnologia e obsoletismo programado no setor de telefonia celular no Brasil: uma análise sociológica Wagner Araújo Introdução A partir de 1997, com a quebra do monopólio estatal da Telebrás, o setor de telecomunicação no Brasil vem sofrendo radicais mudanças. Dentre as áreas que mais se modificaram, encontra-se a telefonia celular. Toda esta mudança vem tendo várias implicações para a sociedade brasileira, seja no âmbito econômico, jurídico, financeiro, ou sociológico. O presente trabalho se concentra nas implicações sociológicas da telefonia celular no Brasil, especialmente os aparelhos telefônicos, e sua ligação com o obsoletismo programado. Para tanto fez-se necessário uma pequena contextualização econômica para que se possa compreender a análise sociológica. Contexto Econômico e Tecnológico Desde a Lei Federal 9.472/97 que iniciou o processo de privatização do setor telefônico no Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem financiando uma quantia elevada de investimentos nesta área. A maioria das empresas que contraem o investimento no BNDES são empresas de capital estrangeiro, para constituir as operadoras. As operadoras são as responsáveis pela definição de quase toda a tecnologia envolvida no processo. Na balança comercial do segmento de telecomunicações brasileiro, o total de importações de telefones celulares fica em torno de apenas 15% do total. Embora aparentemente alto, este investimento fica muito aquém do investido na infra-estrutura de operação. O número de telefones móveis subiu de 6 milhões em 1997 para 12 milhões em 1999, porém a maioria desses telefones, pelo menos inicialmente, utilizava o sistema analógico, mesmo que as operadoras possuíam tecnologia para operar no sistema digital. Outro problema era o obsoletismo dos aparelhos, e ao mesmo tempo, paradoxalmente, a quantidade de funções inúteis e subtilizadas, daí surge os primeiros traços do obsoletismo programado neste setor. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 14
  • 15. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini O Obsoletismo programado e a "febre" dos celulares no Brasil O obsoletismo programado consiste em lançar ou manter um produto no mercado, sabendo-se que tem uma ou várias tecnologias desenvolvidas, de melhor qualidade que a antiga, e também quando este produto vai ser substituído. Tal substituição visa a troca dos usuários das tecnologias passadas para as mais modernas. A diferença entre a evolução natural da tecnologia está na retenção desta que deixa, toda a tecnologia do mercado obsoleta. Neste ponto Gelernter, um dos fundadores da Internet e Doutor em Ciência da Computação, afirma que todos esses sistemas e máquinas são obsoletos e que "estão nos empurrando velharias, porcarias baratas". Embora esses aparelhos tenham uma série de funções como, por exemplo, calculadora, agenda, jogos, etc., que não são utilizadas pelos usuários, eles possuem uma tecnologia muito atrasada. Daí surge o aparente paradoxo: se de um lado a tecnologia é obsoleta, as pessoas necessitam de aparelhos muito mais simples, não utilizando a tecnologia que possuem. Este paradoxo, entretanto, é falso. O que acontece é que para "mascarar" o obsoletismo de seus produtos, os fabricantes os enchem de funções ditas "de última tecnologia", criando a imagem de um aparelho moderno e eficiente. Segundo GElernter, "alta tecnologia não é sinal de complexidade, nem complexidade é sinal de alta tecnologia." Para o autor, os aparelhos realmente modernos são os que reúnem "altíssima tecnologia com simplicidade extrema". Nada mais lógico, pois o objetivo da tecnologia de ponta seria melhorar, agilizar e tornar mais prática a vida do ser humano, não complicar, enchendo- o de manuais gigantescos e inúmeras teclas e funções que ocupam um enorme espaço e tempo para serem memorizadas. Mas apesar de todo este problema, muitas vezes visível, as pessoas, em específico os brasileiros, continuam comprando cada vez mais telefones celulares, sempre procurando a "última tecnologia", não refletindo nem um pouco sobre este ato. Por quê? Perspectivas Sociológicas O porquê da pergunta anteriormente proposta encontra sua resposta na teoria sociológica. Ou seja, muitas vezes essas pessoas que compram celulares não são levados por sua necessidade pessoal, mas por uma exigência coletiva. Segundo BERGER a sociedade diz ao indivíduo exatamente aquilo o que ele deve fazer, e este não pode fazer muito para mudar essa situação. Uma das maneiras que o autor aponta para o exercício do controle social está nos mecanismos de persuasão, difamação e exposição ao ridículo. A sociedade, criando a necessidade de se ter um celular, expõe quem não o tem ao ridículo. Frases como "Ora, como você consegue viver sem um celular" são comuns, principalmente nas classes médias e altas. As pessoas dessas classes que não têm um aparelho celular são vistas com um certo desprezo pois, segundo a visão da sociedade, sua verdadeira classe social é contestável devido ao fato da grande maioria dessa classe possuir um celular. Resumindo, ter um celular é uma questão de status. Nesse ponto começa um grande ciclo vicioso. Isto acontece porque as classes mais baixas, devido à facilidade de acesso aos celulares, começam a comprar aparelhos para tentar se igualar, pelo menos aparentemente, às classes mais elevadas. Estas porém, ao perceberem essa conduta das classes inferiores, procuram comprar aparelhos mais caros e com a última tecnologia existe no mercado. As classes altas querem estabelecer um diferencial, para isso adquirem aparelhos que as classes mais baixas não podem adquirir. Entretanto, ao passar do tempo, esses aparelhos mais caros vão se tornando mais acessíveis às classes ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 15
  • 16. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini mais baixas, o que faz com que as classes mais altas tenham a necessidade de buscar novos aparelhos para poder mostrar seu status social. Este é o grande ciclo da tecnologia. Mas onde se localiza o obsoletismo programado neste ciclo? Bem, as classes mais elevadas estão sempre em busca, como afirma Berger, da manutenção da sua posição na sociedade, e como já foi exposto, procuram adquirir a tecnologia mais cara. Contudo, pouco se preocupam em questionar a qualidade e a modernidade do produto, compram porque é o mais novo e mais caro no mercado. A classe alta está, na verdade, preocupada em manter seu papel social. Diante desta situação, os fabricantes podem se aproveitar amplamente. Enquanto em seus centros de Pesquisa e Desenvolvimento desenvolvem tecnologias dez anos mais avançadas, vendem tecnologias obsoletas, disfarçadas por algumas peculiaridades e sustentadas por uma necessidade social. Considerando que essa situação é imperativa ao indivíduo e condiciona suas ações, pode-se considerar, sem exageros, a posse de um celular como uma instituição social, mesmo que pequena. E como instituição, pode proporcionar sanções coercitivas àqueles que não a seguem. Neste ponto, exatamente pode-se observar BERGER: "...sempre desejamos exatamente aquilo que a sociedade espera de nós". O indivíduo nesta perspectiva passa a estar subordinado à vontade coletiva, sua necessidade é criada por seu grupo de referência, independente da classe que ocupa. Esta concepção é tangente à durkheimiana, pois este fato social é externo às vontades individuais, é anterior ao indivíduo. A idéia de necessidade de celulares não advém de deliberações e críticas individuais, mas sim do todo. Porém é criada a ilusão de que ele próprio é quem tem esta precisão. Dentro do que expõe Durkheim, encontra-se o caráter sui generis desta fato social. Ou seja, o efeito total dessas ações é muito mais significativo do que a sua soma: o fato da manutenção do status de uma classe se torna infinitamente maior do que o simples de fato de várias pessoas adquirirem celulares novos. Outro ponto a ser considerado, dentro desse autor, é o papel chave da comunicação. Pois assim os conhecimentos das distintas classes tomam conhecimento do fato social. A comunicação é um meio de extrema importância para os fabricantes conseguirem estabelecer o obsoletismo programado. Não basta lançar um produto no mercado, é necessário apresentá-lo às classes inferiores e superiores. Primeiro para que estas o comprem de imediato; e segundo, para que aquelas tenham o desejo de comprá-lo. Portanto, assim, como Durkheim os fatos sociais não podem ser vistos da perspectiva individual, mas sim da ação da sociedade sobre tal indivíduo. Neste caso específico fica claro que as imposições sociais fazem com que necessidades surjam entre os indivíduos. Conclusão Pôde-se perceber neste estudo a grande influência que a sociedade possui sobre o indivíduo e suas ações. O que faz com que os grandes fabricantes possam facilmente prorrogar o obsoletismo programado. Tal obsoletismo não ocorre somente com telefones celulares. Pode-se encontrar exemplos como computadores, automóveis, e até mesmo produtos mais simples como fogões, geladeiras, aparelhos de som, etc. Uma prova que de tecnologia realmente avançada está no telefone de cartão, que consegue cumprir às exigências que esta se propõe: prática, de fácil uso e manutenção, barata e eficiente. Fazer com que as pessoas percebam este engano se torna um problema vital para um grande avanço tecnológico e cultural da sociedade. Todavia, com as determinações e pressões sociais existentes, torna-se uma tarefa extremamente difícil. E. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 16
  • 17. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini considerando-se os interesses econômicos envolvidos, quase impossível, pois, como afirma BERGER, pode-se concluir: "A sociedade não só controla nosso movimentos, como ainda dá forma à nossa identidade, nosso pensamento e nossas emoções. As estruturas da sociedade tornam-se as estruturas de nossa própria consciência... As paredes de nosso cárcere já existiam antes de entrarmos em cena, mas nós a reconstruímos eternamente. Somos aprisionados com nossa própria cooperação... Em suma, a sociedade constitui as paredes de nosso encarceramento na história." ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 17
  • 18. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 2 Aula-exemplo: o estudo sociológico da sexualidade ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 18
  • 19. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Para exemplificar ainda melhor a relação entre o individual e o social, vamos analisar sociologicamente outro fato social que geralmente se relaciona com fatores psicológicos e emocionais somente: a sexualidade. O estudo científico da sexualidade deve ser tratado multidisciplinarmente, com contribuições da psicologia, da medicina, da antropologia e da sociologia. Quando falamos de sexualidade, existem diferentes visões e perspectivas dos indivíduos sobre o objetivo da prática sexual. A explicação primária da sexualidade pode ser dividida em:  Orientação procriacional: geração de filhos, reprodução.  Orientação relacional-afetiva: expressão de apego emocional ao parceiro.  Orientação recreacional: o sexo como prazer. Também distinguimos duas correntes de pensamento teórico: 1) Essencialismo: o comportamento biológico é natural e ubíqüo. Exemplo: as teorias evolucionistas dizem que o sexo deve maximizar a reprodução; os machos devem transmitir seus genes e por isso tentam engravidar o maior número de fêmeas possível. Estas, por sua vez, buscariam um parceiro capaz de proteger, a longo prazo, seus filhos. Neste esquema, perpetuaria-se a espécie. 2) Construcionismo: minimiza os fatores biológicos. A sexualidade é construída socialmente. Promiscuidade e fidelidade seriam valores transmitidos de uma geração à outra através da socialização (mensagens culturais). A identidade sexual (comportamento masculino, feminino) é aprendido através da interação social dos indivíduos. Exemplo: segundo a teoria da troca social, os indivíduos buscam a maximização das recompensas e a minimização dos custos (por exemplo fidelidade em troca de recursos financeiros, atração física e poder). Já a teoria do conflito postula que existe uma luta de poder com relações de dominação e exploração. Dessa forma os indivíduos utilizariam da sexualidade para atingir os próprios objetivos. Na atualidade, chama a atenção a natureza descritiva da pesquisa sociológica sobre sexualidade, com a falta de uma base teórica que dê o caráter explicativo necessário para compreendê-la totalmente. Justamente, os sociólogos ainda não sabem muito sobre como ou por quê a sociedade afeta o comportamento individual, apesar de poderem descrever este.[ Os dados a seguir são baseados em pesquisas norte-americanas (1994): 1) Freqüência do ato sexual ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 19
  • 20. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini O senso comum nos diz que “pessoas casadas não fazem sexo”. Apesar disso as pesquisas indicam que em relação a não realização do ato sexual no período de um ano :  1,3% dos homens casados  3,0% das mulheres casadas  22% dos homens não casados  30% das mulhers não casadas Dos casais que responderam positivamente:  45% dos casais com 2 anos ou mais de união: 3 vezes por semana  61% dos co-habitantes (união estável) recentes; 3 vezes por semana  67% dos casais gays: 3 vezes por semana  33% dos casais de lésbicas: 3 vezes por semana Em resumo, o casamento não é a anomalia que o senso comum nos diz, apesar de que os casais de união estável apresentem maior freqüência e que os casais casados diminuam sua freqüência com o aumento da duração da relação. 2) Satisfação sexual As pesquisas indicam que a freqüência de relações sexuais está correlacionada diretamente com a percepção da qualidade de vida do indivíduo. Dos pesquisados:  Aqueles que praticam sexo 3 vezes por semana: 89% mostram-se satisfeitos.  Aqueles que praticam sexo 1 vez por mês: 32% mostram-se satisfeitos. 3) E a infidelidade? Ou melhor, sexo extra-marital ou extra-diádico, utilizando terminologia científica.  25% dos homens afirmam ter traído  15 % das mulheres afirmam ter traído Porém, o método estatístico tem suas armadilhas. Quando analisamos estes percentuais com uma divisão por idades, vemos que os jovens não mostram diferenças em relação ao sexo extra-diádico, mas aos 40 anos:  29,3% dos homens traem  19,3% das mulheres traem ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 20
  • 21. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini E aos 60 anos:  34% dos homens traem  7,6% das mulheres traem Quando buscam-se as causas da traição:  As mulheres afirmam que buscam o aumento da auto-estima, da confiança e da independência. Citam fatores como fatores amorosos (afeição, necessidade de se apaixonar) e afetivos (companhia, respeito, compreensão).  Os homens justificam a traição principalmente em função da insatisfação sexual com o parceiro. Mencionam fatores como a novidade, a curiosidade e a excitação. Como conclusões, o sexo extra-marital não é uma experiência majoritária, e a maioria dos casais é monogâmica. Conclusões A pesquisa sociológica sobre a sexualidade em relações próximas é basicamente descritiva, faltando ainda explicações sobre as negociações que os casais fazem em relação a sua sexualidade e à forma de como a sociedade em geral influencia o comportamento individual nesta questão. Entretanto, os resultados desmistificam vários ditos do senso comum, ao utilizar dados, ao invés de opiniões. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 21
  • 22. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Leitura rápida #1 Questões tratadas pela Sociologia da Sexualidade A sexualidade e com a emergência da subjetividade moderna reflete a organização social e sexual dos gêneros, trata, mais especificamente, da ordem dos sexos e das coisas vistas como imutáveis. Classificação dualista e binária dos sexos. Em torno da reprodução, oposição entre feminino e masculino, masculino ativo x feminino passivo. Reforço da dependência social e sexual das mulheres em relação aos homens. Esfera da reprodução. O processo de normatização dos corpos e a importante influência da biologia nesse processo. A “segunda revolução contraceptiva” ou o que comumente denominamos de “revolução sexual”, a partir do final dos anos 60, nos então países desenvolvidos. Esta se caracteriza por uma reorganização e rédea docontrole do corpo, ampla difusão de métodos contraceptivos médicos, associado a uma maior autonomia e controle do processo reprodutivo por parte da mulher. A fecundidade passa a ser vista como projeto individual. Articulação destes acontecimentos em países desenvolvidos e sua comparação com os chamados países em desenvolvimento. O impacto da adoção destes métodos contraceptivos modernos na vida sócio-familiar contemporânea. A redução das uniões oficiais, com casamentos no civil e no religioso; o planejamento no número de filhos; e a racionalização do prazer, associadas ao direito ao prazer, liberação das minorias e maior igualdade sexual entre homens e mulheres. Reorganização de hábitos e costumes em relação ao exercício da sexualidade. Em tempos de Aids, aumento da adoção de preservativo masculino e recuo de contraceptivo oral, pelo menos no início das relações sexuais. Nos adultos, fala da vida em comum do casal, da queda na freqüência das relações sexuais, associadas à procriação, parentalidade e influência do investimento na trajetória profissional. Em relação aos idosos, o aumento significativo da atividade sexual neste segmento; em particular das mulheres, o que está vinculado ao oferecimento no mercado das modernas técnicas científicas contra impotência e outros. Em termos de práticas sexuais, a homossexualidade ainda aparece relacionada à dificuldade da aceitação institucional e os conflitos internos / privados, como a família; e os externos / públicos, como os amigos, escola e trabalho. Juventude e homossexualidade, e os conflitos familiares e outros advindos desta orientação. O declínio do discurso religioso, tanto a medicina quanto a psicologia são cada vez mais utilizadas como suporte de uma nova normatividade, mais técnica, das condutas e funcionamentos sexuais. A organização da sexualidade através dos tempos, o surgimento dos escritos eróticos, da pornografia e a libertinagem francesa; está última como uma ruptura nas representações e nos códigos de sexualidade vigente. Leitura rápida #2 Comportamento sexual: o relatório Kinsey ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 22
  • 23. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Quando Alfred Kinsey começou suas pesquisas nos Estados Unidos nos anos quarenta e cinqüenta, era a primeira vez que se levava a cabo um estudo de envergadura sobre a conduta sexual real. Kinsey e seus colaboradores se enfrentaram a condenação de numerosas organizações religiosas e seu trabalho foi tachado de imoral na imprensa e no Congresso. Entretanto, Kinsey persistiu em seu empenho e finalmente obteve a história da vida sexual de 18.000 pessoas, uma amostra bastante apreciativa da população norte-americana branca. Os resultados que obteve Kinsey surpreenderam a maioria e resultaram impactantes para muitos, já que revelavam uma profunda diferença entre as concepções dominantes na opinião pública do momento a respeito da conduta sexual e o que era o comportamento sexual real. Kinsey descobriu que aproximadamente 70% dos homens tinham freqüentando prostitutas e que 84% tinham mantido relações sexuais antes do matrimônio. Entretanto, 40% dos homens esperavam que sua mulher fora virgem ao casar-se. Mais de 90% tinham praticado a masturbação e ao redor do de 60% algum tipo de sexo oral. Entre as mulheres, ao redor do 50% tinha tido alguma experiência sexual antes do matrimônio, embora a maioria fosse com seus futuros maridos. Ao redor de 60% se masturbava e a mesma percentagem de mulheres tinha tido contatos genitais orais. A diferença que havia entre as atitudes aceitas publicamente e o comportamento real que demonstravam as conclusões de Kinsey é muito provável que fosse especialmente grande naquele momento, imediatamente depois da Segunda Guerra Mundial. Um pouco antes, nos anos vinte, tinha começado uma fase de liberalização sexual em que muitos jovens se livraram dos estritos códigos morais que tinham governado às gerações anteriores. Provavelmente, a conduta sexual mudou muito, mas as questões relacionadas com a sexualidade não se discutiam abertamente como é habitual hoje em dia. Aqueles que praticavam atividades sexuais que ainda recebiam a desaprovação da opinião pública as ocultavam, sem dar-se conta de até que ponto outros muitos estavam imersos em práticas similares. A era mais permissiva dos anos sessenta aproximou as atitudes expostas abertamente às realidades da conduta sexual. Leitura rápida #3 Juventudes e sexualidade O livro Juventudes e sexualidade resulta de uma pesquisa realizada em 13 capitais (Belém, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória) e no Distrito Federal. Abrange diferentes aspectos da vida sexual dos jovens, tais como a iniciação sexual, comportamentos diversificados como o “ficar” e o namorar, a iniciação sexual cada vez mais precoce, o conhecimento e as informações que possuem sobre métodos anticoncepcionais, de prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). No livro também se faz uma discussão sobre como os jovens encaminham as negociações entre eles a respeito da utilização desses métodos, além de problemáticas ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 23
  • 24. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini como a gravidez juvenil e o aborto. Analisa-se ainda, a partir de diálogos com os adultos, os diversos tipos de violência e abordagens desenvolvidas pela escola a respeito da sexualidade. A pesquisa indica que os jovens, apesar da precocidade da vida sexual, tendem a ter contatos com apenas um parceiro - o que remete a um questionamento do senso-comum sobre a suposta “promiscuidade” sexual juvenil. A gravidez juvenil é um tema de destaque no estudo: a maioria dos alunos e professores afirmam ter contato com adolescentes grávidas nas escolas. No que diz respeito à violência, mostra a pesquisa, muitos jovens ainda estão vulneráveis e já sofreram violências de várias ordens (tais como assédio, estupro e discriminação por conta de gênero e opção sexual). A discriminação em relação aos homossexuais é um aspecto de grande relevância que aparece em dados como o seguinte: cerca de um quarto dos alunos afirma que não gostaria de ter um colega homossexual. A pesquisa também indica uma certa vulnerabilidade negativa dos jovens no campo da sexualidade. Nesse sentido, faz-se necessário a implantação de políticas públicas, assim como o auxílio do ambiente escolar para suprir a carência de informação do jovem acerca da sexualidade. Entretanto, além das vulnerabilidades negativas, percebe-se as “vulnerabilidades positivas” entre os jovens, como a impulsividade e as curiosidades pelas possibilidades do seu corpo e das relações com o parceiro. Finalmente, também foram registrados na pesquisa questionamentos sobre estereótipos, tabus, preconceitos e a vontade de saber e construir relacionamentos mais ricos e afetuosos, atribuindo sentidos positivos para as relações. Leitura rápida #4 Mulher que usa sexualidade no trabalho ganha menos, diz pesquisa Folha Online Uma pesquisa divulgada pelo jornal americano "USA Today" revela que as mulheres americanas que usam a sexualidade para crescer dentro de uma empresa acabam recebendo salário menores e menos promoções. A reportagem apresenta números para mostrar que as mulheres que cruzam as pernas de maneira provocante, vestem saias curtas ou camisas com decote e massageiam os ombros dos chefes crescem menos na carreira. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 24
  • 25. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Os estudo, elaborado pela Universidade de Tulane (Louisiana) com base em 164 entrevistadas de idades entre 20 e 60 anos, mostra que 49% das mulheres graduadas e com MBA (especialização) admitem ter tentado galgar cargos dentro de uma empresa por meio do comportamento sexual. Essas mulheres conseguiram em média duas promoções na carreira e recebem entre US$ 50 mil e US$ 75 mil por ano. Por outro lado, as demais, que afirmaram nunca ter apelado para a sexualidade, dizem ter recebido em média três promoções na carreira e possuir um salário de US$ 75 mil a US$ 100 mil. "Há conseqüências negativas paras as mulheres que usam a sexualidade no local de trabalho", afirmou o professor Arthur Brief, da Universidade de Tulane, ao "USA Today. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 25
  • 26. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 3 O surgimento da Sociologia no contexto histórico. A Revolução Industrial, as mudanças culturais no trabalho. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 26
  • 27. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini A Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) A Revolução Industrial foi uma revolução científico-tecnológica que ocasionou uma mudança na organização social e grandes transformações em um curto espaço de tempo: economia agrária economia industrial sistema feudal sistema capitalista artesão indústria utensílios manuais máquinas água, vento, força animal eletricidade aldeões operários ? empresários, engenheiros e cientistas Foi caracterizada por um conjunto de inovações técnicas:  teares mecânicos  Siderurgia e ferro de alta qualidade  Motor a vapor  Novas máquinas  Ferrovias e barcos a vapor E por novas formas de organização do trabalho: 1. Substituição progressiva do trabalho humano pelas máquinas 2. Divisão do trabalho: necessidade de coordenação, perda de qualificação, especialização e tarefas isoladas, repetitivas 3. Mudanças culturais no trabalho: auto-controle à disciplina imposta e à supervisão, modo de vida urbano, falta de condições impostas pelos empresários 4. Produção em massa, maior produção, mais produtos, mais baratos A Revolução Industrial, com suas inovações técnicas se auto-alimenta, pois cada inovação (o trem a vapor como forma de escoar as mercadorias, aço mais resistente para fabricação de máquinas mais eficientes, etc.) a produção aumenta e criam-se mais indústrias. O pioneirismo é da Inglaterra e cidades como Londres e Manchester são as grandes metrópoles industriais. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 27
  • 28. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini E surgem também novos papéis sociais: empresário / industrial /capitalista detentor dos meios de produção (matéria prima, capital, máquinas) relação de interdependência operário / proletário detentor da força de produção criação de um “mercado de trabalho” Dentro desse cenário é que surge a chamada questão social:  Fluxo de massas camponesas rumo ao meio urbano  Grande concentração humana nas cidades  Degradação do espaço urbano e dos valores tradicionais  Exploração do homem pelo homem  Epidemias, prostituição, alcoolismo, violência, suicídios As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava- se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade. De forma mais ou menos paralela ocorre uma revolução no pensamento:  Século XVII uso livre da razão: Racionalismo  Século XVIII uso da razão, associado a uma crítica da sociedade (esta seria injusta e impediria a liberdade dos homens). Surge a doutrina do Iluminismo que representa a ideologia burguesa versus sociedade feudal. Critica principalmente o aspecto irracional e injusto das instituições sociais, contrária à liberdade do homem. Existe uma única lei que, pela sua natureza, exige consentimento unânime - é o pacto social, por ser a associação civil o mais voluntário ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 28
  • 29. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini dos atos deste mundo. Todo homem, tendo nascido livre e senhor de si mesmo, ninguém pode, a qualquer pretexto imaginável, sujeitá-lo sem o seu consentimento. Afirmar que um filho de escravo nasce escravo, é afirmar que não nasce homem...Fora desse contrato primitivo, e em conseqüência do próprio contrato, o voto dos mais numerosos sempre obriga os demais. Pergunta-se, porém, como o homem poder ser livre, e forçado a conformar-se com vontades que não a sua. Como os opositores serão livres e submetidos a leis que não consentiram? ...Respondo que a questão está mal proposta. O cidadão consente todas as leis, mesmo as aprovadas contra sua vontade e até aquelas que o punem quando ousa violar uma delas. A vontade constante de todos os membros do Estado é a vontade geral: por ela é que são cidadãos e livres. Quando se propõe uma lei na assembléia do povo, o que se lhes pergunta não é precisamente se aprovam ou rejeitam a proposta, mas se estão ou não de acordo com a vontade geral que é a deles". Rousseau, Do Contrato Social Este pensamento desembocará na Revolução Francesa, pregando a igualdade, a liberdade e a fraternidade entre os homens, frente à concepção anterior de que os reis eram descendentes diretos de Deus e devido a isso possuíam poder absoluto. A Sociologia aparece então em um contexto de uma dupla revolução, a industrial (aperfeiçoamento dos métodos produtivos, abandono da família patriarcal, urbanização) e a política-intelectual (organização da classe operária: consciência de interesses e instrumentos de ação e de crítica). Após a desorganização (derrubada de um sistema e criação de outro) ocasionada pela Revolução, o Positivismo busca re-estabelecer a estabilidade, a hierarquia social, a autoridade e os valores morais, porém ainda conservando a idéia do uso livre da razão. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 29
  • 30. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Por exemplo, alguns dos fatos surgidos com a Revolução e que são apontados por Leplay (um filósofo positivista) como razões da decadência da sociedade francesa:  Corrupção da língua  Falta de crença em deus e na religião  Influência anormal dos literados  Perda da influência das autoridades sociais  Excesso de burocracia  Falta de sentimento patriótico  Perda progressiva da autoridade paterna  Dissolução dos costumes  Espirito revolucionário O pensamento positivista vê o capitalismo como forma de satisfazer necessidades humanas, como fim para os conflitos sociais, através do progresso econômico. O pensamento social então surgia como forma de orientar a ciência, a indústria e a produção industrial. O principal expoente do positivismo é Augusto Comte (1798-1857), que em sua Filosofia Positiva sugere uma forma de organizar o conhecimento humano, com os seguintes níveis. Cada nível aumenta em complexidade e interesse, além de depender do anterior: 1. Astronomia 2. Física 3. Química 4. Fisiologia 5. Física Social, logo rebatizada como “Sociologia”. Algumas máximas de Comte:  “saber para prever, a fim de prover”, significando que se deve conhecer os problemas a fundo, para resolvê-los e dessa forma alcançar o progresso.  “progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem” dando origem ao lema “ordem e progresso” ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 30
  • 31. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Da Mecânica, Comte extraiu os conceitos de estática e dinâmica e aplicou-os ao estudo dos fenômenos sociais. Viu neles uma oposição e uma complementaridade, a estática era o desejo intrínseco de ordem que toda sociedade civilizada deseja, a dinâmica era o progresso, o destino que ela deve cumprir rumo às etapas superiores de organização e produção. Harmonizou-os no lema: "ordem e progresso", adotado na nova bandeira da brasileira por sugestão do coronel Benjamin Constant, um dos fundadores da república em 1889. Voltaire Schilling O positivismo, possui portanto um conteúdo estabilizador, pregando uma reforma conservadora, com a revalorização das instituições consideradas fundamentais para a coesão social (autoridade, família, hierarquia): É a partir das mudanças ocasionadas pela Revolução Industrial e pelas reformas políticas que a Sociologia surge para colocar a “sociedade num plano de análise”, como objeto de estudo a ser investigado orientação para a ação, para manter ou modificar radicalmente a realidade. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 31
  • 32. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Leitura rápida #1 A análise da sociedade antes na Antiguidade Grande parte dos filósofos da antigüidade praticamente abandonaram a análise neutra da realidade social, insistindo em falar sobre a forma que consideravam ideal para aquele momento social. Em “República”, Platão insiste em impingir sua idéia de ideal social, assim como Tomás Morus em “Utopia”, Campanela em “Cidade do Sol”, e Santo Agostinho em “Cidade de Deus”. Embora todas essas obras sejam consideradas valiosas para o estudo da Sociologia devemos levar em consideração que elas versam sobre o ideal social pensado e apresentado pelos seus autores. Em “República”, por exemplo, os comentários feitos por Platão sobre a interdependência e divisão das funções sociais são valiosíssimos até hoje. O método comparativo, cuja eficácia é até hoje evidente, foi apresentado de forma pioneira por Aristóteles em suas obras “Política” e em “Constituição de Atenas”. Nessas obras Aristóteles analisa as organizações sociais das cidades antigas e elabora estudos sobre a ordem social. Entre suas idéias, Aristóteles reconhece a família como grupo social básico e elementar e afirma que o homem é um animal político, destinado a viver em sociedade. Outra característica encontrada em Aristóteles é o conceito de sociedade como ser vivo, sujeito às mesmas leis que regem o Ser Humano: nascimento, crescimento e morte. Outras contribuições decisivas para o estudo social foi a trazida pelos romanos, com suas análises e definições de instituições como família, matrimônio, propriedade, posse, contrato e outras, feitas pelos jurisconsultos romanos Caio, Paulo, Sabino, Labão, Juliano, Pompônio, Papiniano e Ulpiano. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 32
  • 33. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 4 O pensamento sociológico moderno. Principais pensadores e linhas teóricas. A sociologia como conhecimento ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 33
  • 34. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini A sociologia como ciência A sociologia, dentro da atual classificação das ciências, situa-se nas ciências sociais, que estudam a interação entre os seres humanos e o produto desta interação. Além da sociologia, são Ciências Sociais:  Antropologia Estuda a história, origem e desenvolvimento da cultura do homem. Inicialmente limitada ao estudo dos povos ágrafos (iletrados ou primitivos), estuda aspectos culturas e comportamentais do homem Exemplos: rituais, cerimônias, mitos, artesanato, folclore.  Direito Estuda as normas que regulam o comportamento social e as formas de controle social necessárias para exercer a coerção sobre os indivíduos. Dentro destas normas, preocupa-se com as leis (regras jurídicas) e seu conjunto, o sistema legislativo. Exemplos: normas de proteção ao trabalhador (direito trabalhista), divórcio (direito civil), penalidades por crimes cometidos (direito penal).  Economia Estuda a organização dos recursos, produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Analisa a atividade econômica em função das necessidades humanas. Exemplos: macroeconomia (sistema monetário, consumo, renda e investimentos na sociedade como um todo), microeconomia (agentes individuais, produtividade da empresa, orçamento familiar).  Ciências Políticas Estudam a distribuição do poder na sociedade, a teoria e prática do governo. Exemplos: formas de governo, organização dos partidos políticos, funções do Estado ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 34
  • 35. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini  Psicologia social Estuda o comportamento e a motivação do indivíduo, no contexto de seu grupo e de seus valores associados. Analisa o fenômeno da personalidade, moldada pela cultura e pela sociedade. Exemplos: comportamento dos adolescentes, comportamento organizacional  Sociologia Estuda o homem na sociedade, suas relações sociais e os elementos comuns existentes em todos os tipos de fenômenos sociais. Busca um conhecimento objetivo da realidade social. Exemplos: formação e desintegração de grupos, divisão da sociedade em camadas. Diferentemente da psicologia social, a sociologia considera a sociedade como um todo e busca por características que possam ser observadas em qualquer sociedade. Muitas vezes seu estudo transcende o campo das disciplinas específicas, pois o homo socius (o ser social) é o conjunto do homem econômico, político, religioso, ético, artístico, etc. Aprender Sociologia é aprender a analisar o comportamento social com mais abrangência, procurando compreender as atitudes das pessoas e dos grupos para poder interferir no momento certo e da forma mais acertada, para alcançar os seus objetivos. A Sociologia faz do Ser Humano mais do que um simples elemento no grupo, já que desenvolve nele a habilidade necessária ao exercício da verdadeira cidadania, com competência não só para entender o mundo e os fatos, mas também para influenciar e participar ativamente das necessárias reconstruções sociais. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 35
  • 36. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Campos da sociologia Sociologia sistemática: estuda os elementos básicos e universais dos sistemas sociais e o modo como se relacionam. Exemplos: relações sociais, processos sociais, grupos. Sociologia descritiva: estuda os fenômenos sociais nas condições reais em que operam. Exemplo: estudo da família na sociedade Sociologia comparada: estuda como os fenômenos sociais variam na história humana, se apresentam semelhanças ou divergências. Exemplo: a família através dos tempos. Sociologia diferencial: busca as peculiaridades de cada sociedade específica Exemplo: característica da família brasileira Sociologia aplicada: utiliza a intervenção sobre as condições sociais Exemplo: racionalização do trabalho em uma empresa Sociologia geral: busca estabelecer a validade lógica do conhecimento sociológico, sistematizando-o e realizando a crítica e a síntese do mesmo. Sociologia especial: analisa e estuda em profundidade as categorias específicas de fatos sociais Exemplos: sociologia política, sociologia da educação, sociologia do turismo, sociologia da comunicação, sociologia rural, sociologia industrial, sociologia da arte. As fontes da verdade  Intuição: é a capacidade de perceber ou pressentir, independentemente de qualquer raciocínio lógico e explícito  Autoridade: é o acúmulo de conhecimento, confiável ou não. Já a autoridade sagrada ou conhecimento religioso é a fé em tradições e documentos de origem divina e tem como característica principal o fato de não poder ser questionada.  Tradição: sabedoria acumulada, conjunto de conhecimentos que deram certo no passado e portanto aceitos de forma geral.  Bom senso: estabelece relação entre os fatos, sem identificar causas reais.  Ciência: é a fonte de conhecimento mais confiável, para a compreensão da realidade. Também a mais jovem, devido a que o método científico existe apenas há 400 anos, aproximadamente. É questionável (avança sobre os novos descobrimentos, que substituem os antigos) e falível (é aberta, admite que o ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 36
  • 37. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini conhecimento pode mudar, pode avançar). Baseia-se no pensamento crítico e não admite o senso comum. Senso comum (opinião) Senso crítico  espontâneo  reflexivo  esporádico  demonstra os motivos  sem explicações satisfatórias  procura as causas dos fatos  falta de profundidade  as conclusões podem ser  aplicável a casos específicos generalizadas  utiliza juízos de valor  busca a "verdade por trás das  "o que -deve ser" aparências"  "o que é" Exemplo: o senso comum nos diz que “todas as mulheres são más motoristas”. As estatísticas (e as companhias de seguro), utilizando fatos (e não opiniões) nos dizem que as mulheres envolvem-se em menos acidentes que os homens. Características dos conhecimento científico na Ciência Social  Detecta regularidades e padrões na vida social.  As mesmas causas levam aos mesmos efeitos.  Intersubjetivo, toda afirmação para tornar-se conhecimento aceito deve ser confirmado por outros observadores.  Estuda o comportamento da sociedade como um todo, não de indivíduos ou de casos específicos . O método científico na Sociologia:  Exige a observação sistemática, com a necessidade de provas e dados.  Busca a minimização do erro e do preconceito.  Suas conclusões nunca são absolutas, mas passam por um mecanismo de auto- correção.  São necessários o estudo de muitos casos, para chegar à generalizações.  Procura não somente descrições, mas explicações. E principalmente nas Ciências Sociais se destaca o duplo papel do homem:  ator/espectador ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 37
  • 38. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini  objeto/observador Existe portanto, objetividade e neutralidade na ciência social? Podemos chegar a algum conhecimento realmente confiável? Esta é uma questão aberta, talvez o sentido de objetividade seja diferente do utilizado nas ciências exatas, de forma pode estar limitada a que "não deve ser afetada pela própria crença, por emoções, hábitos ou preferências, desejos ou valores do observador". Tipos de pesquisa utilizados na sociologia Método histórico Parte do princípio de que os atuais modos de vida possuem sua origem no passado. Pesquisa as raízes históricas dos fatos sociais, para compreender sua função atual. Exemplos: influência francesa nas quadrilhas da festa junina, “Casa Grande e Senzala”. Método comparativo Compara diferentes tipos de grupos, comunidades ou fenômenos, buscando identificar semelhanças ou diferenças entre eles. A partir deste conhecimento, tenta obter generalizações sobre os fatos sociais. Exemplos: estudo comparativo entre as filiais brasileira e argentina de uma grande organização multinacional. Estudo de caso ou método monográfico É o estudo específico de um grupo, comunidade, etc, ou de algum aspecto dele. Parte do princípio de qualquer caso pode ser representativo de muitos outros. Exemplo: estudo da política de recursos humanos da empresa X. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 38
  • 39. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Método estatístico / quantitativo Utiliza procedimentos matemáticos (estatísticos) para estudar os fenômenos sociais. Reduz os fenômenos a indicadores quantitativos. Algumas vezes revela-se ineficaz, devido à imprevisibilidade no objeto de estudo (o homem), pois apesar do caráter direto e aparentemente objetivo dos resultados, ocasiona a perda de uma riqueza no conhecimento social, pois não é capaz de identificar as atitudes e experiências pessoais dos indivíduos estudados. Exemplo: “O suicídio” de Durkheim. De qualquer forma, na prática observamos a combinação dos diferentes métodos, com a combinação da fortaleza de cada um, para a obtenção de uma melhor compreensão da realidade social. Outros contribuidores para o início da Sociologia como Ciência Além de Auguste Comte, considerado o “pai da sociologia”, podemos destacar o papel de: Émile Durkheim (1858-1917) Fundador da sociologia como ciência independente, estabelece seus métodos e inicia a comunidade científica ao redor deste conhecimento. Uma de suas principais obras é "As regras do método sociológico". Sua principal contribuição é a idéia de que os fatos sociais devem ser considerados como "coisas", sendo aplicáveis os mesmos métodos de observação das ciências exatas. Defende a observação, a experimentação como forma de indagação racional, com o abandono do sobrenatural, da tradição, da revelação, em uma nova atitude intelectual. É um dos precursores do método histórico, no qual a sociedade pode ser compreendida justamente por que é obra dos indivíduos. Para Durkheim mais do que os: fatos econômicos é a fragilidade moral e de valores que determinam o comportamento na sociedade. Portanto, em resposta às propostas socialistas (modificação na propriedade, distribuição das riquezas), defende a divisão do trabalho, onde cada membro da sociedade dependeria mais dos outros. Dessa forma, aumentaria a união e a solidariedade, que ele denomina, orgânica. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 39
  • 40. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Karl Marx (1818-1883) Realiza uma crítica radical a nova ordem social estabelecida pela Revolução Industrial. Afirma que a estrutura econômica é a base da história humana e defende que o conhecimento da realidade social deve ser um instrumento político. Porém, oposto ao positivismo, defende a realização de mudanças na ordem social. Justamente, são nas situações de conflito econômico que a história avança, através do que denomina "luta de classes". Sua obra mais conhecida é "O Capital" (1867) Após Marx confrontar a economia política, lançando pela primeira vez o termo “alienação no trabalho” e suas conseqüências no cotidiano das pessoas, Marx expõe pela primeira vez a alienação da sociedade burguesa. A alienação no trabalho é gerada na sociedade devido à mercadoria, que são os produtos confeccionados pelos trabalhadores explorados, e o lucro, que vem a ser a usurpação do trabalhador para que mais mercadorias sejam produzidas e vendidas acima do preço investido no trabalhador, assim rompendo o homem de si mesmo. Já a alienação da sociedade, o fetichismo, que é a fato da pessoa idolatrar certos objetos (automóveis, jóias, etc). O importante não é mais o sentimento, a consciência, pensamentos, mas sim o que a pessoa tem. Sendo o dinheiro o maior fetiche desta cultura, que passa a ilusão às pessoas de possuir tudo o que desejam a respeito de bens materiais. Max Weber (1864-1820) Destaca-se no campo do estudo da burocracia como forma de organização e da sociologia da religião, estabelecendo assim as bases teóricas da estratificação social. Em sua obra "A ética protestante e o espírito capitalista" afirma que o maior desenvolvimento econômico dos países com religião protestante na Europa e América ocorreu por que esta religião valoriza o individualismo, o trabalho árduo, o êxito pessoal e a acumulação de riquezas (capital). A ética protestante seria uma nova mentalidade diante da vida econômica (pioneirismo, ousadia), com o êxito econômico como benção de Deus. Ao mesmo tempo, a não fruição dos lucros (rigidez na vida familiar) permite a acumulação e re-investimento do capital. Em comparação, o catolicismo prega a renúncia aos bens materiais, o amor fraterno e condena a usura (empréstimos). Seriam estas diferenças culturais que levaram Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Holanda Suécia, etc, a desenvolver o capitalismo e a Revolução Industrial muito mais cedo (e de melhor forma) que países como Itália, Espanha, Portugal, Brasil e outros países da América Latina. Frases do catolicismo negativas em relação ao dinheiro e à riqueza: ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 40
  • 41. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini  "Ora, aconteceu que o pobre morreu e ele foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico morreu também e foi amortalhado no inferno". - Evangelho de Lucas, 16  "Todo o homem rico é, ou injusto na sua pessoa, ou herdeiro da injustiça e da injustiça de outros" (Omnis dives aut iniquus est, aut heres iniqui) - São Jerónimo.  "Quem quer se tornar rico tomba nas armadilhas do demônio, e se entrega a mil desejos não apenas vãos mas perniciosos, que o precipitam por fim no abismo da perdição e da condenação eterna" São Timóteo, 6  "Ou tu és rico e tens o supérfluo, e nesse caso o supérfluo não é para ti mas para os pobres; ou então tu estás numa fortuna medíocre, e então que importa a ti procurar aquilo que não podes guardar ?" São Bernardo Herbert Spencer (1820-1903) Aplica a teoria da evolução à sociedade humana, criando a "teoria da evolução social". Pensa na sociedade como um organismo, que cresce através da diferenciação (surgimento de órgãos especializados) e da interdependência entre partes. Assim, tantos nos organismos como na história das sociedades observa-se uma complexidade crescente. Com a evolução social se parte de uma organização social vaga para convenções cada vez mais precisas / costumes que se transformam em lei / leis que se tornam cada vez mais rígidas e específicas. A evolução social e o progresso independem da vontade humana Spencer Exemplo: uma tribo igual em todas as partes evolui para uma nação civilizada, repleta de diferenças estruturais e funcionais Leitura rápida #1 O manifesto comunista (trechos) Um espectro ronda a Europa - o espectro do comunismo A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 41
  • 42. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital a condição de existência do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na concorrência dos operários entre si. Suprimi a exploração do homem pelo homem e tereis suprimido a exploração de uma nação por outra. Quando os antagonismos de classe, no interior das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade entre as próprias nações. Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Escrito por Karl Marx e Friedrich Engels em dezembro de 1847 - janeiro de 1848. Publicado pela primeira. vez em Londres em fevereiro de 1848. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 42
  • 43. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 5 Status e papel social. Conflito de papéis. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 43
  • 44. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Status: posição que o indivíduo ocupa na sociedade. Observação: o status é diferente de prestígio, fama; todas pessoas possuem um status, que como a definição diz, é a posição. É o principal fator que vai determinar as relações sociais, pois a ele estão associados os:  direitos  deveres  e privilégios das pessoas na sociedade A diferença entre posições estabelece uma distância social. Exemplos Na faculdade  reitor  diretor acadêmico  professor  secretária  estudantes Na família  avô  pai  filho  neto A distância social é maior entre os alunos e o reitor do que entre alunos e professores. O status é inseparável do papel social. O papel social é a parte dinâmica do status, ou seja, como as pessoas desempenham as funções que estão associadas com sua posição na sociedade. O status pode ser visto como as posições que umas pessoas ocupam em um carro (motorista, passageiro do banco da frente, outros passageiros). Já o papel social seria como o motorista está dirigindo, como os passageiros estão se comportando. Assim, status e papel social estão ligados a um comportamento socialmente esperado. Se este comportamento não é alcançado, então ocorre a pressão social. Todos estamos sujeitos à pressão social, basta pensar em nosso comportamento, vestuário, linguagem... Por exemplo: o ocupante de um cargo político que bebe demais nas reuniões sociais não está cumprindo o papel que dele se espera. Os meios de comunicação, e a sociedade em geral, demandam uma atitude condizente. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 44
  • 45. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Se o papel social é vastamente difundido e reconhecido pela sociedade, podemos falar de um papel padrão. É por exemplo o caso do "pai-gelol" (não basta ser pai, tem que participar) e do operário padrão, figura criada durante o governo de Getúlio Vargas. Portanto o conjunto de status e de papéis são uma forma de controle social, quer dizer, de controle do comportamento humano no grupo. Os papéis sociais algumas vezes são representados através de símbolos, que identificam a posição de um determinado grupo na sociedade. É o caso da bata branca e o estetoscópio dos médicos, de uniformes, condecorações e medalhas dos militares. Símbolo: qualquer expressão verbal ou não-verbal que pretenda representar alguma coisa e é utilizada para transmitir significado do emissor para o receptor. Já os símbolos sociais são tipos de personalidades que as pessoas são levadas a imitar. O herói é o mais significativo, possuindo traços que as pessoas devem copiar (bondade, perseverança, força, liderança, etc.). Mas também possibilita a promoção e manipulação de certos valores, sejam religiosos, sejam de solidariedade, prestígio ou aspirações. Exemplo: os heróis nacionais brasileiros são aqueles que nunca promoveram revoluções ou derramamentos de sangue, transmitindo a idéias de uma “história incruenta”. O status pode ser de dois tipos: 1) Atribuído: devido a quem se é, são obrigatórios, inevitáveis. Exemplos:  sexo (posição inferior da mulher no mundo islâmico)  idade (desconsideração com os idosos na sociedade atual)  primogênito (hereditariedade na sucessão de monarquias)  raça (segregação racial dos negros na África do Sul, até início da década de 90). 2) Adquirido: é conseguido com o próprio esforço e habilidade. Relacionado com o processo social de competição, principalmente dentro da econômica e da política Exemplos:  Sílvio Santos, de camelô passou a ser um dos maiores empresários do país Uma mesma pessoa pode possuir vários status, dependendo de que grupos faça parte. São diferentes, portanto, o papéis sociais associados que uma pessoa ocupa no trabalho, no clube, na comunidade onde vive, na família, etc. Daí que também existe um conjunto de papéis que a pessoa deve desempenhar. Algumas vezes existe o conflito de papéis, quando um papel de um determinado status se confunde com outro. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 45
  • 46. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Exemplos:  O militar que traz para o ambiente familiar a disciplina e rigor que aplica a seus comandados.  O trabalhador que é promovido e deve abandonar o papel de empregado para assumir o de confidente do chefe. Mas existe o status principal, aquele que melhor identifica a pessoa. O status principal dependerá da sociedade em que a pessoa vive. Nas sociedades industriais, geralmente o status econômico e profissional é o mas valorizado. Em outras sociedades, a sabedoria e a experiência de uma pessoa podem valer mais. ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 46
  • 47. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini 6 Estratificação social. Mobilidade social. Classes sociais. Desigualdade social Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos Quando achava alguma coisa, Não examinava, nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão. Não era um gato. Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Manuel Bandeira ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 47
  • 48. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Estratificação social Apesar dos indivíduos em uma sociedade apresentarem características semelhantes (por exemplo, elementos culturais como o idioma, a forma de ser, etc.), existem entre eles:  diferenças biológicas;  diferenças psicológicas;  e diferenças sociais (em relação aos direitos, deveres, privilégios e status). A existência dessas diferenças é o que dá origem à estratificação social, onde a sociedade se divide em camadas (estratos), hierarquizadas e superpostas. A representação da estratificação geralmente se faz na forma de pirâmide O processo de formação das classes sociais no Brasil remonta à sua origem histórica. Nos anos 50, propôs-se a seguinte classificação:  Alta, média e baixa Nos dias atuais, o esquema de estratificação se sofistica devido ao empobrecimento relativo da classe média:  Classe alta tradicional, nova classe alta  Classe média alta, média-média, média-baixa  Baixa alta, baixa-baixa ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 48
  • 49. Apostila de Sociologia Marcelo Sabbatini Atualmente, para pesquisas de opinião pública e de mercado se utiliza um esquema simplificado:  Classe A (classe alta)  Classe B (média alta)  Classe C (média-média, média-baixa)  Classe D (baixa-alta)  Clase E (baixa-baixa) O mito da sociedade igualitária Ao longo da história vários movimentos pregam a “sociedade de iguais” (por exemplo os movimentos anarquista, socialista e comunista). Porém, trata-se de uma utopia, pois a igualdade é uma impossibilidade social! Utopia: diz-se de um conjunto de idéias ou práticas propostas que se julgam irrealizáveis. A construção de utopias é muito comum do ponto de vista de doutrinas que propõe saídas para a desigualdade social. Quando falarmos de igualdade, iremos nos referir, portanto, a igualdade de oportunidades entre todas as pessoas, ou seja, a existência de direitos iguais para todos (embora isto algumas vezes exija a redefinição de quais são estes "direitos", por exemplo a democracia ateniense excluía as mulheres). Mobilidade social É a movimentação dos indivíduos de uma camada da sociedade para outra. Pode ser tanto do indivíduo como do grupo. Exemplos:  mobilidade ascendente individual: Lula  mobilidade descendente grupal: senhores de engenho Já os canais de mobilidade são “vias rápidas” através da qual um indivíduo pode ascender mais rapidamente na sociedade. Os principais canais de mobilidade são  Educação  Política  Exército  Igreja ©2005-2013 Marcelo Sabbatini (marcelo@sabbatini.com) 49