1. Moisés legalizou o divórcio para restaurar a nação após séculos de escravidão no Egito, mas Jesus criticou as distorções da lei pelos líderes religiosos da época.
2. A lei do divórcio permitia novos casamentos, mas proibia o retorno de um casal divorciado, para evitar a "contaminação" da terra.
3. Embora o divórcio seja bíblico em casos como adultério, deve-se tentar restaurar o casamento sempre que possível, e
4. Após séculos de escravidão no Egito, enfrentando a dura
tarefa de restaurar os fundamentos da nação, amenizando
tantas feridas e desordens sociais, reorganizando
civilmente a família, Moisés legalizou o divórcio. O ideal é
que não precisasse de existir uma lei como essa, mas
como não existe uma sociedade perfeita, ela acabou
sendo instituída.
Essa lei por muito tempo vinha cumprindo o seu papel
civilizador, quando no NT surge séria denúncia feita pelo
próprio Jesus.
Na verdade, o sistema religioso de Israel, estava
profundamente corrompido, a sua liderança estava como
a figueira que Jesus amaldiçoou. (Mt 21:18-22)
5. No Cap. 23 de Mateus Jesus denuncia esta corrupção na
liderança judaica.
A lei do divórcio, assim como outras leis, haviam sofrido
distorções com o intuito de atender ao interesse daqueles
que as aplicavam.
Em se tratando do divórcio, é necessário advertir, como
Jesus o fez ao confrontar os fariseus.
“Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza do vosso
coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao
princípio, não foi assim.” Mt 19:8
6. O divórcio, apesar de ser biblicamente legal, pode se
tornar um dispositivo perigoso, distorcível, abusivo,
facilmente usado com motivação corrompidas, sendo
inspirado por egoísmo, leviandade, lascívia, vaidade,
irresponsabilidade, maldade, como artifício de vingança,
etc.
É importante considerar o contexto das declarações feitas
por Jesus sobre o divórcio nos evangelhos.
Elas foram feitas para confrontar líderes religiosos que
imoralmente estavam fazendo do divórcio um pretexto
para o repúdio, pervertendo a funcionalidade da lei.
A lei do divórcio foi instituída por causa do repúdio, e não
para ser pretexto para o repúdio.
7. Deus não instituiu a separação de casais.
Ela surgiu por iniciativa do homem, da dureza do seu
coração, como Jesus afirmou. Apesar de Deus ter proibido
a separação (aquilo que Deus ajuntou não separe o
homem), pela lei do divórcio, a regulamentou.
Alei do divórcio não tem caráter autorizativo, e sim
normativo.
Os cônjuges não devem apenas largar ou abandonar um
ao outro, da mesma forma como também não devem se
ajuntar sem uma aliança de casamento que envolva a
família dessas pessoas.
Se há de acontecer a separação, que siga uma norma
apropriada. Fique claro que o divórcio não isenta as
pessoas das consequentes maldições.
8. Após a separação (repúdio), estava proibido o divórcio
apenas quando o marido, injustamente, acusava a mulher
de infidelidade, e quando o homem fosse compelido a
casar por haver desonrado a moça (Dt 22:13-19).
Sem o divórcio, essas pessoas estariam legalmente
impedidas de contrair um novo matrimônio.
Em Levíticos 21:7, vemos a restrição ao casamento de
sacerdotes com divorciadas, e em Ez 44:21-22 a mesma
restrição, também estendida viúvas. “
“Ao entrar no santuário, nenhum sacerdote beberá vinho.
Não desposarão nem viúva, a não ser que o seja de um
sacerdote, nem divorciada, mas, sim, virgens da estirpe da
Casa de Israel.”
9. Em relação ao povo em geral, no texto da lei do divórcio
instituída por Moisés, havia impedimento para o novo
casamento apenas entre os dois que já haviam sido
casados entre si.
A lei prevê sucessivos casamentos e divórcios, como
infelizmente é praxe acontecer na atualidade:
“Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então
será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar
coisa indecente, far-lhe-á uma carta de divórcio, e lhe dará na sua
mão, e a despedirá da sua casa. Se ela, pois saindo da sua casa,
for e se casar com outro homem, e este também a desprezar, e lhe
fizer carta de divórcio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua
casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher,
vier a morrer, então o seu primeiro marido, que a despediu, não
poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi
contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não
farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.”
Dt 24:1-4
11. 1. Quais sejam os motivos justos do divórcio, eles são
mencionados em termos gerais, fazendo alusão a algo
moralmente reprovável, ou imoral: “...por nela encontrar
coisa indecente (erwãh dabhar)”.
A terminologia hebraica erwãh dabhar ocorre como frase
apenas em Dt 23:14-15.
“Pois o Senhor teu Deus anda no meio do teu
acampamento, para te proteger, e para entregar-te os teus
inimigos. O teu acampamento será santo, para que Ele não
veja em ti coisa indecente, e se apartar de ti.”
O mesmo tipo de situação indecente que faz com que Deus
se aparte de nós é o que supostamente “justificaria” um
marido se apartar da sua mulher.
Esse é o sentido original da terminologia.
12. Jesus parece endossar essa mesma postura: “... A não ser
por causa de prostituição” Mt 5:22.
Como a Bíblia não estabelece um motivo para o divórcio
de forma conclusiva, e creio que isso é proposital, porque
cada caso é um caso, minha opinião é que mesmo em
caso de adultério, deve-se tentar de todas as formas
possíveis restaurar o casamento.
13. 2. O novo casamento é proibido entre as mesmas pessoas
que foram casadas e se divorciaram: “...então seu
primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a
tomá-la.”
Por razões que desconhecemos, temos apenas
especulações, a Bíblia proíbe a restauração de um
casamento vítima do divórcio, alegando que isso
contamina espiritualmente a terra, ou seja, endemoniza o
território, indicando que a situação só faria piorar a
sociedade como um todo.
Trazendo para os nossos dias, vale mencionar algumas
situações abusivas onde a igreja obriga a pessoa
divorciada (antes mesmo de conhecer a Jesus) que está
no segundo casamento, inclusive com filhos, a abandonar
essa mulher e voltar para a primeira, que também já está
recasada com outro, com quem também já possui filhos.
14. Muitas dessas pessoas, ao se converterem a Jesus,
subjugadas por esse tipo de imposição, acabam
desenvolvendo um processo de rejeição, autocondenação,
amargura e apostasia.
Assim, a própria igreja, ao invés de ajudar, mata os seus
feridos.
Aqui também essa proibição é estabelecida em termos
gerais. Apesar dessa restrição, o próprio Deus,
constrangido pelo seu infinito amor, a desconheceu no seu
drama conjugal vivido com Israel:
“Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela o
deixar, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele
outra vez para ela? Não se poluirá de todo aquela terra?
Ora, tu te prostituíste com muitos amantes; mas ainda
assim, torna para mim, diz o Senhor” Jr 3:1
15. 3. O divórcio implica na possibilidade de um outro
casamento:
“...Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com
outro homem”.
Não temos como ignorar esta questão. São nesses casos
onde um sábio aconselhamento torna-se ainda mais
imprescindível. Na Bíblia, o conceito do segundo
casamento está implícito na lei do divórcio, o que jamais
foi a intenção original de Deus para o relacionamento
familiar.
Essas situações sempre deixam sequelas sérias
envolvendo filhos, finanças, enteados, ex-cônjuges e etc.
16. As consequências de um divórcio sempre são
fulminantes, e as demandas de um segundo casamento
normalmente são complicadas.
Quando entramos para a área do aconselhamento temos
que ter o bom senso na hora de aconselhar uma pessoa
ou um casal.
Eu pessoalmente sou a favor do divórcio quando a
agressão física, neste caso devemos aconselhar a pessoa
agredida a procurar a delegacia e denunciar o agressor.
(lei Maria da Penha)
18. 1. PESSOAS QUE SE CASAM E DESCASAM
INESCRUPULOSAMENTE.
Isso só reforça a infidelidade, a imoralidade e a perda dos
vínculos familiares, causando a destruição da família e da
sociedade.
Neste caso muitos se casam com o adultério e se colocam
em um caminho circular de dor e perdição.
19. 2. PESSOAS QUE CONDENAM TAXATIVAMENTE O
SEGUNDO CASAMENTO, EXCLUINDO-O
NORMATIVAMENTE DAS ESCRITURAS.
Vale repetir que em muitas situações o segundo
casamento é condenável mesmo, a pessoa passa a viver
em uma condição de adultério mas, em outras, o divórcio
funciona como um mecanismo altamente redentivo,
principalmente em relação à pessoa repudiada, lesada,
traída, agredida, abandonada, desamparada no
matrimônio.
20. “E vi que, por causa de tudo isto, por ter cometido
adultério a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei a sua carta
de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas
se foi e também ela mesma se prostituiu” Jr 3:8
É o próprio Deus quem está dizendo essas palavras. Ele
não se divorciou de Israel por iniciativa própria, mas
devido a uma obstinada rebelião da nação em rejeitá-lo.
Israel repudiou ao Senhor, trocando-o pelos seus amantes.
Por incrível que pareça, Deus não ignora esse tipo de dor.
Depois de ser ostensivamente repudiado, Ele passou pela
situação de divórcio e novo casamento, com a Igreja:
21. “E Deus disse:Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque vós não
sois meu povo, nem eu serei vosso Deus. Todavia o
número dos filhos de Israel será como areia do mar, que
não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no
lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes
dirá: vós sois filhos do Deus vivo. Os 1:9-10
Este veredicto divino mostra como aqueles que eram o
povo desposado de Deus deixaram de ser, e os que não
eram povo de Deus passaram a ser.