PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
Contemp agosto__07
1. Bernardino de Matos: É hora de partir
Marco Fontolan: A voz de um rio
Marco Fontolan: A poesia
Marco Fontolan: Haicais
Luis Filipe: Retalhos de uma aldeia
Luis Filipe: Mais uma esquina de rua
Luis Filipe: Teu jeito
Luis Filipe: Naturalidades
José Geraldo Martinez: Você é linda
José Geraldo Martinez: Ilusão
José Geraldo Martinez: Dê-me Senhor
Mercília Rodrigues: Amante
Mercília Rodrigues: Ainda o sonho
Márcia Possar - Arritmia
Vera Mussi – Ontem, tanta felicidade
Carmo Vasconcelos – Pudesse eu ser...
Gui Oliva – Responde coração
Carmo Vasconcelos – O último grito
Vera Mussi – O toque de Deus
Carmo Vasconcelos – Fogo preso
José Geraldo Martinez - Sábio
José Geraldo Martinez – Minha bandeirante
Alceu Sebastião Costa – O poeta, a ética e o fingimento
Gui Oliva – Sou o mar
Vera Mussi – Nas mãos de Deus
2. É HORA DE PARTIR!
Bernardino Matos
Uns partindo, outros chegando,
é a vida em movimento,
mas quando chega o momento,
de a mala ir arrumando.
a gente fica escutando,
a canção de um lamento,
que açoita o sentimento,
encabresta aquele afeto,
que aqueceu nosso teto,
e deixa a alma chorando.
A gente arruma as lembranças,
deixa o adeus num cantinho,
cuida pra que o carinho,
tão presente nas andanças,
eivadas de esperanças,
não se amasse com a tristeza,
não amarrote a leveza,
de um amor outrora infindo,,
que aos poucos foi sumindo,
no trotear das nuanças..
A gente deixa um espaço,
onde se guarda a ternura,
bem longe da amargura,
que deixa aquele mormaço,
3. que, o tempo, passo a passo,
com sua sabedoria,
com o dom de sua magia,,
o amor vai restaurar,
um amanhã vai raiar,
longe desse embaraço.
E depois de tudo pronto,
resta somente a partida,
uma triste despedida,
onde não vale o confronto,
dá-se à saudade um desconto,
que se supunha sem fim,
que não terminasse assim,
mas se não há mais carinho,
resta somente um caminho,
sair sem bater o ponto.
Se o amor é verdadeiro,
há uma nesga de ternura,
não há nódoa de amargura,
e a chama de um candeeiro,
qual a vela de um veleiro,
traz um clima de aconchego,
e a réstia de um apego,
mantém-se frágil e serena,
o que torna mais amena,
o acorde do violeiro.
Fortaleza, 19/05/11
Título
4. A voz de um rio
Marco Fontolan*
Eu nasci numa fonte
Escondida embaixo de árvores
Frondosas e sombrias
Ao pé de um morro
Dentro de uma mata densa
Escura e fria
Sou este rio que corre
Sou este rio que desce
Sou este rio que avança
Este rio que passa...
Este rio que canta.
Este rio que se alarga
como parte de um mundo
falo a voz do tempo
não penso, não ouço
Não tenho respostas a dar
ou perguntas a fazer
Sou um rio, apenas
um rio que corre
um rio que desce.;..
Um rio,
5. que some entre a espessa
Mata virgem
e depois reaparece!
*Marco Antonio Benassi Fontolan é formado em Direito na USP, pós-graduação em Literatura
Brasileira na PUC e Mackensie. Nasceu na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, SP.
Tem participado de várias antologias, inclusive foi premiado numa antologia de contos, editada
pela Fundação Cassiano Ricardo, de São José Campos.
Obras publicadas: Viajante do Tempo (poemas) e Pedaços de verão e outras histórias (contos).
Título
6. A poesia
Marco Fontolan
A poesia está em tudo
Nos instantes do dia
Na chuva que cai
Na ventania.
Em jardins inacessíveis
Em brejos lamacentos
Em toda as coisas
A poesia está no ar
A poesia está no mar
E mesmo que um dia.,
Nem venha a ser mais escrita
Ainda assim, sempre existirá.
A poesia é invisível
Título
7. Haicais
Marco Fontolan
Luzes na neblina
da estrada que cruza a serra
num dia de maio
Colheita de frutos
de um cajueiro em flor...
- imagem tropical
Dezembro chegando
dias contagiantes, alegres
- festas e presentes
Dezembro chegando
chuvas de verão, intensas
- Natal se aproxima
Cesta com várias frutas
sobre a mesa da família
- no final do ano
Tempo de colheita
de certas frutas tropicais,
- caminho entre os pés
Mangas caem pelo chão
num dezembro radiante
- muitas festas virão
8. No final do ano
frutas, frutas... muitas frutas
trabalho, colheita
em uma esquina
grande ipê, deslumbrante
- embeleza tudo...
Na mata fechada
uma embaúba surge...
- folhas prateadas...
a lua caminha
sobre uma rodovia
- onde tudo corre
no jardim, um jasmim
perfuma a noite no verão
- intenso aroma...
Maracujá em flor
lá no meio do quintal
- aroma e sabor
Num canto do quintal
mangas despencam do pé
- sobre o gramado
canta o sabiá
entre as árvores do quintal
como antigamente.
Título
9. RETALHOS DE UMA ALDEIA
Luis da Mota Filipe*
Aqui…
Onde o bom dia baila de boca em boca numa dança natural, as manhãs brindam-nos com
a pureza das gotas de orvalho.
Há cheiro a campos viçosos e a perfumes que vivem nos estendais de roupa sempre que
se encontram povoados.
Os beirais acolhem sinfonias, anunciando a estação dos amores.
O toque do sino na torre é o orientador fiel para os que andam mimando as suas
fazendas.
Diariamente, em cada morada, fumegam iguarias saloias compondo buchas, merendas e
ceias.
Postigos gastos são enfeitados com a brancura da arte rendilhada.
O rossio, o mirante, a sociedade, o chafariz, o rio e o poço, são os padrinhos briosos de
algumas ruas e largos.
Enquanto os pátios namoram com as travessas e os becos cobiçam as ladeiras, bancos
improvisados, aquecidos pelo sol, servem de palco aos temas da vida alheia.
Agosto é mês de branquear casas e muros, para que possam combinar com a pureza dos
jardins de fé que se carregam aos ombros.
10. Neste canto saboreia-se a tranquilidade, respirando-se das marcas seculares.
Nesta terra que beija o céu, os dias morrem mais depressa e as noites nascem mais
cedo.
Na aldeia, todos são primos e primas. Os sorrisos e as lágrimas são comunitários,
partilham-se dores e alegrias.
Não se fantasiam sentimentos. Tudo é mais autêntico e a vida brota… ao sabor dos
versos apinhados de rimas de verdades.
* (Anços – Montelavar – Sintra - Portugal)
In:geoGRAFIA do Silêncio, Edium Editores, 2010.
Título
11. MAIS UMA ESQUINA DE RUA
Luis da Mota Filipe*
No palco turvado das madrugadas enganosas, o cenário é avesso à cor da esperança.
Naquela esquina de rua, passos de provocação abafam o medo.
As bonecas trajam vestes enaltecendo os seus contornos,
há movimentos ensaiados que adivinham a acção relâmpago.
Os pássaros surgem agrestes num cântico de devaneio,
pousando impacientes seus venenos poluidores.
Há vestígios que o líquido mais puro não branqueia nem apaga.
Quando as manhãs surgem sombrias nos corpos exaustos,
lacrimosos rios fluem pelo deserto.
A sede de amar é maior que a vergonha.
Só este desejo,
vai suavizando o seu divórcio da felicidade.
*(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)
In “geoGRAFIA do Silêncio”, Ed.Edium Editores, 2010.
Título
12. TEU JEITO
Teu falar cativante,
Teu cheiro agradável,
Teu olhar ternurento,
Teu toque delicado,
Teu abraço envolvente,
Teu beijo doce,
Teu amar encantador,
Teu ser maravilhoso,
Tua presença… desejada
ambicionada
amada
Luis da Mota Filipe
(Anços – Montelavar – Sintra – Portugal)
Título
13. NATURALIDADES
Meus versos são os gritos de esperança
Percorrendo um mundo de magia
Frases que se embalam numa dança
Lembrando o valor da ecologia
Rimas são natureza em alvorada
Cores da vida mais bela e sã
Gotas de um orvalho à chegada
Dum dia que começa na manhã
Tantas palavras que eu invento
São as inspirações do momento
Com as quais me apetece brincar
Histórias mil, feitas ao vento
Entre alegria e o lamento
Onde o ambiente eu vou amar
Luis da Mota Filipe
Título
14. VOCÊ É LINDA!
José Geraldo Martinez
Tu és tão linda senhora...
Não consegues enxergar?
A doçura que tens quando sorris,
a meiguice que transborda em teu olhar...
Tu és incrivelmente linda!
Ainda que sem te arrumares...
E nem te percebes, senhora,
quando no espelho a te contemplares?
Traços que mostram uma vida
marcada de lutas vencidas?
Os sonhos que eu te entrego no colo,
que me foram de eterna guarida...
Quando te vestes...
Arrancas-me ainda arrepio!
E teu cheiro de absinto...
Apura-me o instinto esta loba no cio!
Tuas mãos quando me tocam...
Meus pecados invocam, amada minha!
E, ao teu gozo, entrego-te ao céu, mulher que amo...
Com minha alma inteirinha!
15. Não percebes a tua sensualidade?
O poder que ainda tens nas mãos?
Quando me vês, ainda submisso a teus encantos,
resignado e tal qual um cão?
Não confias em ti?
Na leveza que carregas no coração.
Teu corpo, nem me lembro, esqueci...
Vejo além da carne que me entregas com paixão!
Mulher, tu és linda!
Tanto, tanto, tanto...
A mim seja sempre bem-vinda, que o tempo
ainda
não conseguiu roubar teu encanto!
09/05/2011
Título
16. ILUSÃO....
José Geraldo Martinez
Espera-me que não demoro!
Sou uma ilusão qualquer...
Destas que não buscam um rosto ou colo,
de quem na verdade as quiser!
Desde que não me percam, um dia chego...
Com vestes de sua imaginação!
Por favor, não me cobrem realidade,
sou apenas ilusão!
Deixarei meu rosto vocês esculpirem...
E até meus lábios beijarem!
Terei a cor dos olhos como quiserem,
os cabelos como gostarem...
Serei alto, baixo, mediano, não importa!
Gordo, magro, careca...
Um tipo que as agradam com certeza
e suas fantasias emprestam!
Serei poeta, bombeiro, policial,
um super herói...
Um personagem casual
que, no virtual, seu libido constrói!
17. Levarei-as nos braços gentilmente...
E dançaremos o quanto desejarem!
Cantaremos noite a dentro alegremente,
melodias com lindos luares...
Faremos amor a bel prazer,
onde nossas mentes nos levarem!
No carro, no mar, no rio, no banheiro...
Em todos os lugares!
Sou a fantasia amiga do(as) sonhadores...
Não me cobrem a realidade!
Sou pueril, efêmera...
Tenho o corpo da irrealidade!
Sou de alguns as lágrimas e
de outros a saudade...
Vento nas mãos que me apertam,
daqueles que buscam a verdade!
12/5/2011
Sou nada, sou tudo ao mesmo tempo...
Sem mim? Morreriam os sonhos!
( Martinez)
martinez.ata@terra.com.br
Título
18. DÊ-ME, SENHOR...
José Geraldo Martinez
Dê-me, Senhor, uma mulher
cuja fé consiga transformar-me inteiramente!
E que me faça levantar dos tombos e, com meus próprios pés, no aprendizado seguir em
frente.
Uma mulher de Deus...
Com resignação e sentimentos puros!
Que eu farei com ela levantarem os ateus,
incrédulos, ao Pai, tão obscuros...
Dê-me, Senhor, uma mulher bendita!
Eu gritarei ao mundo teus ensinamentos e de
minha fé, também contrita...
Levantarei os pecadores num só momento!
Dê-me, Senhor, uma mulher de verdade,
que as bainhas não terão mais espadas!
Os conflitos estarão terminados,
na força viva desta mulher amada...
Dê-me, Senhor, uma mulher à Tua imagem e
deste espelho serei cópia fiel!
Quando nesta terra em pueril passagem
possa nos receber ao teu lado, com glória ao céu...
Dê-me, Senhor, uma mulher companheira,
uma profeta poderosa!
Serei capaz de enfrentar os canhões,
tombar os soldados com buquês de rosas...
Hei de edificar os teus santuários destruídos,
o nosso mundo perdido!
Dê-me, Senhor, uma mulher que eu ame o suficiente,
19. para me deixar mais perto de Ti.
19/5/2011
"Inspirado no belíssimo texto de Oswald Chambers. "
Leia o texto a seguir que o Poeta citou e se inspirou...
é belo demais....
(colaboração da poeta Vera Mussi)
"Dê-me um homem de Deus - um homem,
Cuja fé seja mestre de sua mente,
E eu removerei todas as transgressões
E abençoarei toda a humanidade.
Dê-me um homem de Deus - um homem,
Cuja língua seja tocada com fogo do céu,
E eu incendiarei os corações mais impuros,
Com grande determinação e desejos puros.
Dê-me um homem de Deus - um homem,
Um profeta poderoso do Senhor,
E eu lhe darei paz na Terra,
Conquistada com oração e não com espada.
Dê-me um homem de Deus - um homem,
fiel à visão recebida,
E eu edificarei seus santuários quebrados,
E conduzirei as nações aos seus joelhos."
(Oswald Chambers)
Título
20. AMANTE
Mercília Rodrigues
Cubro meu pudor com teu abraço,
em noite de sensatez tão pouca!
Encontro ainda calor no teu abraço...
Sinto teus beijos atrevidos em minha boca.
Meu corpo responde a teu carinho,
no aconchego sedutor de teus cabelos.
Deixo fluir a chama de mansinho,
evoluindo no ardor de teus apelos!
Loucos! Loucos de paixão em desatino!
Param as horas... Silencia o mundo .
Dois corpos enlaçados no carinho
inebriados de prazer profundo.
Somos um no vivido desvario.
Abandono, então todo pudor.
Entrego-me completa, corpo em cio
meu ser que responde ao teu calor!
Arranca de mim esta entrega!
Nada sei, pois a paixão me cega.
Toma-me o corpo que te quer...
Neste momento sou amante, sou mulher!
21. Owner: Eme Paiva
Moderadoras: Anna Peralva, Marilda Ternura, Eliana (Shir)
Midi: Aranjuez Mon Amour
Tube: Nikita e Site Laumidia
Arte e formatação Marilda Ternura
Mercília Rodrigues nasceu no mês de junho em Monte Alto (São Paulo).
Sendo a pequenina de uma família de cinco filhos cresceu na vila, no campo. Rodeada
pela simplicidade das pessoas e o carinho dos seus. Sonhadora, conheceu José casou e
com ele teve um casal de filhos.
A menina ficou nas lembranças do passado... Nascia uma nova mulher, ave mãe
protegendo e educando as crias num ninho de amor e ternura.
Atualmente reside em Araçatuba. Licenciada em Português exerceu o magistério por
aproximadamente trinta anos. Hoje se dedica à poesia almejando a ampliação cultural e
troca de conhecimento entre amigos.
Seus poetas preferidos: Drummond, Fernando Pessoa, Cecília Meirelles e Ferreira Gullar.
Mercília é a essência pura da poesia, tem o dom de fazer com a gente embarque em seus
versos e voe ao encontro dos seus sonhos...
Tal encontro só é possível pelo lirismo poético, pela sensibilidade exposta em seu estilo
singular de poetar.
Ela conhece profundamente as variações e movimentos de cada palavra, pois escreve
com a alma!
Anna Peralva
Título
22. AINDA O SONHO
Mercília Rodrigues
Fujo de conflito e inutilidades.
Teimosa sou com a vida e acredito
no hoje pleno de possibilidades,
num amanhã abrindo portas, bendito!
Abraço o tempo sem qualquer tristeza
e arrumo em sonhos a mala de viagem.
Olho pra o futuro com a certeza
de levar esperança na bagagem.
Se me veem como maluca? Beleza!
Quero olhar até o universo com coragem
e ter gratidão pela sua grandeza!
Sei que, no final de sonhos em viagem,
haveremos de ver, com sutileza,
os que puseram sonhos na bagagem!
mercilia.rodrigues@terra.com.br
Título
23. Arritmia
Márcia Possar*
E foi assim, com um pé na estrela.
Foi querendo sê-la
que entreguei-me à sua parecença.
Deixei-me cintilar de seu brilho trepidante,
para, quem sabe, ou até que pudesse,
me ver volível desse acaso,
que foi dos meus acasos
o maior e mais excedível.
Quis-me pauta
para conter-te em dó maior.
Quis-me versos e odes.
Quis-me leve, solta,
para que, ainda que em prelúdio,
pudesses ouvir-me dos teus acordes.
Fiz-me brilho e calor,
fiz-me música e fiz-me musa
para ouvir-te em declaração de amor!
E ouvi teu canto... Meu encanto...
Recanto de insensatez em noite de lua,
onde me quiseste nua e eu... Quis-me tua!
24. Rua escura cheia de madrugadas,
cheia de loucura,
para sempre e inteira das tuas baladas.
Chamadas...
Foram as marcas da falta de ritmo
daquela minha estrela louca.
Centelha falta de mim,
que me fazia cismar.
Que me fazia pouca,
para tanto desvairar,
como se o que de anuência em mim,
não me fosse bastar.
E foi assim que eu parti.
Foi nessa trama,
que o meu drama virou poesia.
Foi nessa arritmia
que chamei e ainda chamo por ti...
*****************************
*Nasceu em Santo André (Grande ABC Paulista) - SP no dia 30 de
setembro de 1957, atualmente mora na Cidade de Uberaba - MG.
Título
25. Ontem, tanta felicidade
Vera Mussi
Tudo muda em função do passado,
tão recente !
O inesperado, a cada dia,
alavanca nossas escolhas do presente
Repleto de magia...
O ontem não nos pertence
É a presença da "vontade ausente"
É nuvem passageira...
transformando o momento em
pensamento "sem eira nem beira..."
O sentimento ignora
( joga fora)
as lembranças de outrora...
Agora, a emoção é estrangeira!
Da razão, é simples a consequência
Fala-se de um Amor - ominisciente!!
Na cor azul da transparência...
O coração continua reluzente
As escolhas entre o Eu e o Tu, imanentes
repelem o "Nós"- em contradição...
Uma "vontade ausente"
é o fruto do adeus consciente,
à voz da ilusão amante.
26. A divergência entre o segredo e os fatos
É gritante!
Vence o enredo dos boatos...
Impertinentes!
Foram sonhos inadimplentes
Verdades incoerentes.
Ontem, tanta felicidade!
Hoje, nos caminhos distantes,
morre a saudade de antes...
"Bem que eu quis te ofertar meu destino, meu sonho,
minha vida, e até mesmo esta efêmera glória
que desperdiço a cantar nos versos que componho...
Nada quiseste...E assim, os sonhos que viviam,
se ontem, puderam ser um começo de história,
hoje, são dois caminhos que se distanciam..."
J.G.de Araujo Jorge
Título
27. PUDESSE EU SER...
Carmo Vasconcelos
Pudesse eu ser...
A concha onde abrigas
pérolas de palavras inúteis
O cofre onde ocultas
jóias de pensamentos calados
A ânfora onde derramas
cristais de lágrimas antigas
Pudesse eu ser...
Faísca e fogo
na lenha húmida dos teus olhos
Sol e Lua
na sombra difusa do teu corpo
Verde e água
na aridez do teu deserto
Pudesse eu dizer...
Pertenço-te!
***
(In "Geometrias Intemporais" - publicado em Maio/2000)
Publicado no Recanto das Letras em 08/04/2005
Código do texto: T10392
Título
28. RESPONDE CORAÇÃO
Gui Oliva
Diga coração...responde neste curto espaço,
explique para mim, nesse entrelaço do amor
o que significa e o que se sente num abraço?
mas não o disfarce em calor de amizade, por favor.
É bem verdade que, para bater,
o amor tem de ser um grande amigo,
mas ele às vezes pulsa um sofrer tão dolorido,
e nem sempre um amigo é um amor antigo
então, diga coração sem mais demora,
um abraço é como um amasso prévio da massa?
é verdade que no seu descanso não cumpre hora,
pois é requisitado a embalar beijos, enquanto abraça?
Confirme coração, se o amor continua a privilegiar
entre os corpos, o enredo desse fio que não dá nó,
quando os amantes sob os lençóis vão se amar
e braços, pernas e sexos se realizam sendo um só.
Conte para mim coração se os gemidos bradados
quando explodem chegam solitários
ou de um retesado abraço vêm acompanhados?
Finalmente coração me segrede agora, no cansaço,
após o gozo final quando o silêncio ronda os olhares,
o até breve ou o adeus se faz, cada um vai embora
ou permanecem por instantes, que parecem séculos,
quentes e unidos em um novo e renovado abraço?
concluo coração...tanta indagação só causa embaraço!
março/2007
www.vidaemcaminho.com.br
Título
29. O último Grito!
Carmo Vasconcelos
Hoje apetece-me gritar!
O tempo já se vai fazendo curto para soltar os meus ecos
Limitado para esvaziar tantos gestos recalcados
Exíguo para extravasar tanto amor
Urgente para toda me entregar
Não tentem sufocar-me, senhores!
Não mais calarei os meus ardores
Direi "amo-te" a quem amo, direi "quero-te" a quem quero
Beijarei a boca que me chama
Enlaçarei o corpo que me inflama
Preguem-me os letreiros que quiserem
Apelidem-me de tonta, idiota, ridícula se preferirem
Estou-me nas tintas!
Recuso-me a vestir essa farpela
Não condiz com a genética da minha pele
Já abortei muitos abraços, embalsamei o corpo
Deixei morrer à fome filhos-beijos
Congelei cios e desejos
E matei à nascença inocentes palavras de amor
Basta! Mais assassinatos, não!
Pouco me importam os epítetos!
Tenho as costas largas, um peito imenso
Dilatado de tantas emoções contidas
Não posso protelar tudo para outra encarnação
A minha alma está em fim de gestação
Placenta a rebentar de nados-mortos. Sonhos que calei
30. Passos que não dei, amores que não vivi
Corre-me nas veias um rio de desafectos
Não me enjeitem os beijos, não me amarrem as mãos
Não me devolvam carícias
Não aceito devoluções!
Deitem no lixo se vos forem de sobra
Haverá sempre os subalimentados que catarão delícias
Nos contentores dos rejeitados
Não me impeçam de gritar o amor
Enquanto a matéria vibre e tenha sangue e tenha voz
Porque o amanhã pode não passar de hoje
E ser chegado o tempo de me levar de vós
***
Janeiro/2007
ninita.casa@netcabo.pt
Título
31. O Toque de Deus
Vera Mussi
Reflexão
"Quando as cordas de minha vida se afinarem,
a cada toque Seu soará a música do amor."
Rabindranath Tagore, O Coração de Deus
Caminhei pelas veredas de tantas verdades!
Busquei Deus em todas as esquinas...
Encantadas poesias, peregrinas,
Foram escritas
Na alegria do amor, sem rimas...
Entre as ídas e vindas...
Tantas portas abertas ao léu...
Quantas graças recebidas
Milagres do céu!
Nas manhãs frias de abril
A saudade febril
Da felicidade espiritual!
Meditei ... Meditei...
Sobre as bençãos das dores
Meditei...Presenciei...
Um arco-íris de mil cores...
Nas cordas deste coração...Soará
A música do Amor divino
32. Em sentimento...Ouvirá
A voz do destino...
O toque de Deus...Reinará
Sem julgamento!
No âmago da minh'alma
Há de restaurar a calma
E... Além ....Muito além...
A Paz do Supremo Bem!
Vera Mussi
1ºde Julho / 2011
http://www.veramussi.com.br/
Poesias Especiais
Título
33. FOGO-PRESO
Carmo Vasconcelos
Tenho um poema atado na garganta,
Como uma espinha aguda atravessada,
Cingido ao fogo-preso que o não canta,
Hirta a língua, pla verve não largada.
E a mágoa que bebi, por não ser pouca,
Pela afronta, de fel envenenada,
Traz ressaca de gelo à minha boca,
Pela amarga revolta não gritada.
Porém, se ao rubro a mágoa se agiganta,
Deitada ao gelo, breve é desmanchada,
E porque lisa… a pena já não espanta.
E liquefeito o mote, então sustido,
Corre a mágoa na verve deslaçada,
Vai-se a espinha, e o poema é engolido!
***
Lisboa/Portugal
Setº/13/2010
***
http://carmovasconcelos.spaces.live.com
http://carmovasconcelosf.spaces.live.com
http://eisfluencias.ecosdapoesia.org/
Título
34. SÁBIO!
José Geraldo Martinez
Hoje eu lhe entrego a minha alegria...
Somente agora a descobri!
Foram tantas buscas mundo afora,
na ilusão inútil que nos devora e
você esteve sempre aqui...
Hoje eu lhe entrego meu sorriso livre...
Tal qual dos homens aliviados!
Um abraço que em minha busca eu nunca tive,
que me deixasse feliz e confortado...
Hoje, este que corre com você na chuva,
é o menino que habita em todo homem...
Feliz simplesmente!
Ainda que a vida o tivesse reservado tantas surras!
Nada a estranhar quando se passa
dos cinquenta, tudo se reinventa...
São poucas as coisas que nos parecem
absurdas...
Uma delas é amá-la só agora,
quando o tempo é tão pequeno!
É que o amor este fato ignora,
quando sublime, o sabemos...
35. Ah! Meu amor, se o mundo
meu grito ouvisse:
Feliz eu fui em minha juventude
e lhe encontrando...
Sábio eu fui em minha velhice!
01/6/2011
Título
36. MINHA BANDEIRANTE!
José Geraldo Martinez
Hoje sou todo entrega...
O melhor de mim está a tua frente!
Com os braços abertos minha alma te espera...
Entra!
E te apossas de tudo que nela tem...
Das infinitas noites estelares,
onde abrigam os mansos luares,
com praias intocadas e mares
jamais visitados por alguém!
É toda tua...
Com céu azul nas alturas,
onde voam os mandarins...
Com manhãs completamente nuas,
a mostrarem a dança dos jasmins!
Entra!
E te apossas de tudo:
Deste amor sublime a te esperar,
livre, solto e leve...
Coberto de entrega somente
a esta mulher que acabou de chegar!
37. Tem frutos pendidos nos pés
dos infinitos pomares esparramados...
Com relva fresca a nos banhar os pés,
por caminhos serpenteados!
Hoje sou todo entrega...
Faze de mim o teu banquete,
o teu café matinal!
Cobre-me com flores em ramalhetes,
de meu corpo o teu quintal...
Sou aquele que mais te amou
sobre esta mísera terra!
Onde a alma te entregou
virgem, pura e bela...
És minha bandeirante!
Faze de minha alma teu recanto hospedeiro...
Eterniza em ti este sublime instante,
marcado por um amor d'antes,
desbrava-me inteiro!
12/6/2011
"É dentro de cada um que todas as perguntas são respondidas e todos os sonhos se
realizam...
Existe aí uma luz que lhe mostra o caminho e que
faz acontecer o melhor."
(A.D)
Título
38. O POETA, A ÉTICA E O FINGIMENTO
POETA ALCEU SEBASTIÃO COSTA
São Paulo, 16 de janeiro de 2002
Finjo que sou fingidor,
Como o falso poeta
Se faz arauto do amor.
Assim, até oculto a dor
Do cotidiano, da vida,
Qual máscara colorida.
Fazer poesia fingida,
Por mero fingimento frio,
Me fere, me constrange,
Pois, da ética, ao arrepio.
Se me chamam poeta,
Apenas fingindo louvor,
É aval que me atesta
Ser poeta e fingidor.
Se, por conta do original,
Eu já nasci em pecado
E, do amor, fui perdoado,
Por fingimento culposo,
Como seria eu onerado?
Fingir que sou fingidor,
Confesso, não me afeta,
Só quero manter “in albis”
A minh`alma de poeta.
Título
39. SOU MAR
Gui Oliva
Sou como ele já cantado em poesia,
selvagem, insubmisso,rebelde e calmo,
brumas nesse vem e vai,voltas da vida
e ondas que se desmancham em espumas.
Sou seu mergulho fundo a recitar um salmo,
à margem tento encontrar os pés descalços,
com força bato nos costões e sigo no encalço
das marés mansas,a encontrar quem beijo e salgo.
Sou as águas espelho dos voejos de gaivotas,
sou parte de um porto que espera ser seguro,
e quero sempre ser um mar do amor que clamo,
se insano lançar tempestade em minhas grotas,
sou maré dos desenganos,no tempo escuro
viro um oceano de perdas...um mar profano.
Santos/SP 01/07/07
Versos revisados em 2010
http://www.guioliva.com.br
Título
40. Nas mãos de Deus
Vera Mussi
Reflexão
Eu segurei muitas coisas em minhas mãos, e perdi tudo;
mas, tudo que eu coloquei nas mãos de Deus, eu ainda possuo.
Martin Luther King
No passado conquistei afetos queridos
Dividi anseios amadurecidos
Sonhei sonhos, já esquecidos...
Tantos amores rejuvenescidos
foram mantidos por tanto tempo...
Segurei em minhas mãos
frágeis e pueris...
Pensei ...
Em horas inúteis...
Pensava...
Pensava ter conservado
eternos os antigos valores...
Grande aprendizado
De todas as cores...
Estavam todos em meu poder
Eram todos passageiros,
bem distantes do verdadeiro Ser!
Em pleno viver terreno
41. Eternamente sereno...
Sem qualquer compromisso
Por isso...
Perdi tudo!
Até o imenso "silêncio"
fez parte desse "tudo"
que eu não consegui
colocar nas mãos de Deus...
Não entendi o porquê!
Mudei a rotina, mais uma vez!
Aos poucos me convenci
de que somente
a essência purificada,
colocada nas mãos de Deus,
tornar-se-ia a joia preciosa,
lapidada por Ele,
cujo brilho incomparável
haveria de iluminar a vida
de todos aqueles que se envolveram
em minha vida,
de valor inestimável!
Agora, tudo possuo!
Nada mais desejo!
Vera Mussi
03.08.2011
18:00 hs
http://veramussi.com.br/
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