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USO DO PRESERVATIVO NAS RELAÇÕES SEXUAIS: UM ESTUDO NA
            UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
    USE OF THE PRESERVATIVE IN THE SEXUAL RELATIONSHIPS: A STUDY IN THE
                     STATE UNIVERSITY OF PONTA GROSSA


Michaely Natali Mendes Costa1, Lidia Dalgallo Zarpellon2
1
  Autor para contato:Acadêmica da Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG
 (44) 36231704; e-mail: michanatali@hotmail.com
2
  Enfermeira Mestre em Educação, Docente da Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG,
Campus de Uvaranas, Departamento de Enfermagem, Ponta Grossa, PR, Brasil;
(42) 32203735; e-mail:ldzarpellon@interponta.com.br

                                            RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar o uso do preservativo em acadêmicos com parceiros
fixos dos cursos enfermagem, odontologia, direito, administração e jornalismo e verificou que o
desuso, abandono ou uso não-consistente do preservativo está relacionado a confiança no parceiro
ou ao uso de outro método contraceptivo. Foram entrevistados 200 acadêmicos, onde se avaliou a
idade, sexo, tempo de relacionamento, se usam o preservativo durante as relações sexuais, qual
método contraceptivo utilizam, tempo de relacionamento para abandono do preservativo e se
dialogam sobre a importância do preservativo. A metodologia foi quantitativa utilizando o software
SPSS para análise bioestatística. Verificou-se que 59% dos acadêmicos não utilizam o preservativo
durante suas relações sexuais, destes 47% não o utilizam por possuírem parceria de confiança e
32,3% não o utilizam, pois fazem uso de um anticoncepcional. Dos duzentos acadêmicos
entrevistados, 87% responderam que dialogam com o parceiro sobre a importância do preservativo.
Práticas de sexo seguro entre homens e mulheres dependem de fatores socioculturais que envolvem
informação, percepção de risco e significados das relações afetivas. Entre a consciência da
necessidade e uso do preservativo não implica que a prática de seu uso deva ocorrer, uma vez que
várias pesquisas mostram que há uma enorme distância entre um grau avançado de conhecimento
em relação a DST/HIV/AIDS e a necessidade do uso do preservativo e comportamentos que
envolvam menor risco.
Palavras-chave: contraceptivo; preservativo; parceiro fixo.

                                           ABSTRACT

The present study had as objective evaluates the use of the preservative in academics with fixed
partners of the courses nursing, dentistry, legal, administration and journalism and it verified that
the disuse, abandonment or no-solid use of the preservative is related the trust in the partner or to
the use of another contraceptive method. 200 were interviewed academic, where the age, sex, time
of relationship was evaluated, they are used the preservative during the sexual relationships, which
contraceptive method uses, time of relationship for abandonment of the preservative and they are
dialogued on the importance of the preservative. The methodology was quantitative using the
software SPSS for analysis statistic. It was verified that 59% of the academics don't use the
preservative during their sexual relationships, of these 47% they don't use him/it for they possess
trust partnership and 32,3% don't use him/it, therefore they make use of a contraceptive. Of the two
hundred academics interviewees, 87% answered that you/they dialogue with the partner on the
importance of the preservative. Practices of safe sex between men and women depend on
sociocultural factors that you/they involve information, risk perception and meanings of the
affectionate relationships. Between the conscience of the need and use of the preservative it doesn't
implicate that the practice of his/her use should happen, once several researches show that there is
an enormous distance among an advanced degree of knowledge in relation to DST/HIV/AIDS and
the need of the use of the preservative and behaviors that involve smaller risk.

Key words: contraceptive; preservative; fixed partner.



       1. Introdução



       É de conhecimento da grande maioria da população que o meio mais eficaz de prevenção da

AIDS/DST é o preservativo, ele permite a prática sexual com penetração com o menor risco de

contaminação. O uso do preservativo é alvo de várias campanhas publicitárias do governo e de

organizações não governamentais. As campanhas são veiculadas na TV e rádio desde 1987,

procurando alcançar uma maior eficácia na sua atribuição, buscando despertar nos indivíduos a

procura e consumo dessa poderosa arma contra a tão temida AIDS.

       O uso do preservativo como uma das diretrizes mais importantes para a prevenção da

infecção do HIV pela via sexual foi, desde os primeiros anos da epidemia, a alternativa para o sexo

mais protegido em tempos de AIDS (Kalichman, 1993).

       O uso da camisinha foi incorporado, como recomendado desde 1987, proposto por técnicos

dedicados à saúde pública e à prevenção em conjunto com o movimento das comunidades mais

atingidas, principalmente a comunidade gay organizada, apesar da oposição até hoje de alguns

grupos religiosos (Paternostro, 1999).

       Muitas pesquisas buscam determinados grupos e determinantes do uso do preservativo,

porém, tem se percebido nas últimas pesquisas realizadas pelo governo, uma feminização dos

portadores do HIV e, ainda que a maioria das mulheres infectadas são casadas ou possuem parceiros

fixo ( Paiva et al, 2006).

       De acordo com Segatto (2006), “Entre 1994 e 2004 os casos de AIDS cresceram 175% entre

as mulheres, que muitas vezes são infectadas pelos parceiros, namorados, noivos ou maridos”.

       Cerca de 44 milhões de casais usam a camisinha para o planejamento familiar. Esses 44

milhões representam 4% de todos os casais onde a mulher está em idade reprodutiva. No mundo
inteiro, os preservativos estão quase no último lugar da preferência dos casais como método de

planejamento familiar, verificando-se assim que, quando usado por casais, o preservativo tem

apenas a função de prevenir gestações indesejadas (DEFASAGEM..., 2006).

       Para entender um pouco o motivo do abandono do uso do preservativo entre casais é

necessário aprofundar-se na história do preservativo e do anticoncepcional.



       1.1 Um breve histórico do preservativo

        Segundo Schiavo, (1997) na história do Ocidente, o aparecimento da “camisinha” não é um

fato preciso. Sua primeira descrição escrita data de 1564, quando o italiano Gabriel Fallopio, um

médico-cirurgião, declarou que um envoltório de linho usado sobre o pênis durante a relação sexual

impediria a disseminação de doenças venéreas.

       Souza (2003) declara que os chineses foram os desbravadores que, com sua sabedoria,

criaram capas de papel de seda, embebido em óleo. Na Idade Média os turcos desenvolveram uma

capa para o pênis, feito de intestino de carneiro. No ano de 1750, a França proibiu o uso do

preservativo, que na época era chamado de sobrecasacas inglesas porém, com a Revolução

Francesa, o governo de Paris autorizou e legalizou a venda e a utilização da camisinha, e estas eram

confeccionadas para cada cliente.

       Mora e Serrano (2000) citam que o higienista britânico Condom introduz em 1720 o célebre

artigo do mesmo nome fabricado com intestino de ovelha e vedado na ponta com um fio ou fita de

maneira a evitar o refluxo. A partir do século XVII, foi que a camisinha teve como função proteger

de indesejável gestação, pois teria sido desenvolvida para o rei Carlos II, da Inglaterra, que tinha um

número enorme de filhos ilegítimos.

       No século XIX, com o processo de vulcanização da borracha, o preservativo pode ser

fabricado em grandes quantidades, mas era lavado, seco e reutilizado e mesmo assim, era

considerado de alto custo para as classes baixas. Somente na década de trinta do século XX, o

preservativo passou a ser fabricado em látex, porém, seu aparecimento ainda estava mais ligado à
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis que à contracepção. A contracepção ficava por

conta das mulheres que utilizavam esponjas e tampões até o fim do século XVII. (McLaren, 1997).

       Devido à função de prevenção de doenças, o preservativo passou a ser identificado a práticas

libertinas, relações extraconjugais, relacionado à perversão. E, ainda, o fato de que a contracepção

deveria ficar a cargo das mulheres, tornou a camisinha impopular. Durante a primeira guerra

mundial, é que o preservativo se popularizou, por prevenir doenças, assim a sua associação à

prostituição, tornou-se ainda mais um opositor ao casamento (Marinho 1999).

       Marinho (2006) afirma que a mídia foi fundamental na procura do preservativo por jovens e

solteiros, porém ainda é associada ao comportamento promíscuo, dificultando o seu uso entre

parceiros fixos que afirmam que o compromisso e a confiança no parceiro (a) não justificariam o

uso consistente do preservativo.

       Segundo Sanches (2006), o preservativo como método de prevenção de DST/HIV/AIDS é

visto por muitos casais como um símbolo de infidelidade ou desconfiança, por isso há uma maior

adesão entre pessoas que têm parceiros eventuais.



       1.2 O surgimento da pílula

       Na década de 30, pesquisas apontaram que o hormônio feminino progesterona apresentava

indícios contraceptivos, uma década depois, Russel Marker um químico americano, produziu o

primeiro comprimido de progesterona sintética feito de raiz de batata-doce mexicana (Souza, 2003).

       Com a introdução dos contraceptivos orais combinados os (COC´s) na década de 60,

observa-se uma evolução contínua dos compostos utilizados, focalizando comodidade, segurança e

conforto. A rápida evolução dos contraceptivos foi o maior responsável pela progressiva diminuição

do uso do preservativo. Com a chegada da pílula, as mulheres foram libertadas da obrigação da

gravidez indesejada. Nesse período, a camisinha viveu praticamente isolada e escondida nas

prateleiras das farmácias, pois seu uso ficara restrito para casos de infecção das doenças
sexualmente transmissíveis. A contracepção oral é o método contraceptivo reversível mais

amplamente utilizado no mundo (Livoti e Topp, 2006).

         As mulheres hoje podem escolher o momento certo para engravidar, e decidem também a

maneira e por quanto tempo pretendem usar o anticoncepcional, pois não lhes faltam opções,

existem anticoncepcionais orais, comprimidos vaginais, adesivos, injetáveis, anéis vaginais,

implantes intradérmicos.

         A escolha do anticoncepcional pela mulher é algo pessoal. As opções diversas dos métodos

anticoncepcionais envolvem diferentes riscos, melhores adequações conforme a faixa etária,

métodos mais ou menos definitivos, custos, mas principalmente os efeitos colaterais (Ferriani,

2003).

         A camisinha, ao contrário de todos os outros métodos contraceptivos, não oferece efeitos

colaterais, exceto em casos de usuários alérgicos ao látex, é de baixo custo, além de ser distribuída

pela rede pública de saúde.

         Soares (2001) afirma que a camisinha é o único método contraceptivo que, além de evitar

filhos, protege contra a transmissão das DST/HIV/AIDS.

         É importante frisar que as ações de anticoncepção devem estar atreladas à prevenção de

DST/HIV/AIDS, principalmente a síndrome da imunodeficiência que vem crescendo amplamente

entre as mulheres e jovens (Aquino, 2003).

         A utilização de métodos contraceptivos adequados e eficazes aliados à prevenção de DST

tem esbarrado na aceitabilidade, taxa de descontinuação, preconceito que o tema DST gera (Souza

et al., 2006).



         2. Objetivos



         O objetivo geral da pesquisa realizada foi avaliar o uso do preservativo em acadêmico com

parceiros fixos, verificando se o desuso, abandono ou uso não-consistente do preservativo está
relacionado à confiança no parceiro ou o uso de outro método contraceptivo, de forma que estas

informações possibilitem o desenvolvimento de programas preventivos e adequados, com sua

posterior avaliação.

         Para a execução dos objetivos foram necessários levantamentos bibliográficos, que tinham

como foco o uso do preservativo e o motivo de seu desuso ou abandono.



         3. Sujeitos, Materiais e Métodos



         Optou-se por abordar acadêmicos para a pesquisa por situarem-se na faixa etária de

população sexualmente ativa e para avaliar se o conhecimento adquirido na universidade, ou seja, se

o grau de instrução favorece ou não a utilização do preservativo.

         O estudo realizado entre setembro e outubro de 2007 foi quantitativo e utilizou-se de

questionário semi-estruturado, auto preenchido em sala de aula por alunos dos curso de direito (três

turmas), enfermagem (duas turmas) jornalismo, administração e odontologia (uma turma) da

Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná. A abordagem foi feita anteriormente com o

professor que estaria em sala de aula no momento da pesquisa. Os questionários foram aplicados

nos primeiros vinte minutos iniciais da aula com os acadêmicos que estavam presentes.

         Foram excluídos da pesquisa acadêmicos menores de 18 anos e acadêmicos que não

possuíam parceiro fixo por pelo menos dois meses.

         A proposta do projeto foi registrada no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual

de Ponta Grossa, sendo submetida à apreciação e obteve parecer favorável, sob o nº 37/2007

estando de acordo com as normas éticas estabelecidas pela resolução nº196/96 do Ministério da

Saúde.

         Em relação ao tamanho da amostra, utilizou-se o modelou N= (Z/d)2. p(1-p), onde N é o

tamanho da amostra, Z é a variável normal reduzida, p(1-p) é o desvio padrão amostral e d é o erro

padrão de 5%. Os dados foram processados e submetidos a estudos estatísticos utilizando-se o
software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 12.0. Inicialmente, foi construída

uma base de dados a partir dos dados coletados pela entrevistadora. Em seguida, procedeu-se a

entrada de dados, com dupla digitação (dois digitadores diferentes). Após a digitação, fez-se a

consistência lógica do banco de dados. A análise dos dados foi feita no mesmo SPSS e foram

utilizados o teste de Qui- quadrado de Pearson e Yates, sendo que o nível de significância p foi de

5%.



       4. Resultados e Discussão



       Os resultados desse estudo baseiam-se nas respostas obtidas a partir da aplicação de um

questionário estruturado a uma amostra de 200 acadêmicos, composta pelos cursos de direito,

jornalismo, administração, enfermagem e odontologia. A amostra constitui-se de 55% de

acadêmicos do sexo feminino e 45% de acadêmicos do sexo masculino.

       Na amostra global, a idade dos acadêmicos variou entre 18 e 38 anos, 44,5% têm idade entre

21 e 26 anos, 8,5% têm idade de 33 a 38 anos.

       Quanto ao tempo de relacionamento, 57% dos acadêmicos entrevistados mantém

relacionamento há pelo menos 24 meses, 15% tem relacionamento entre 12 e 18 meses, 12% de 6 a

11 meses e 16% de 2 a 5 meses.

       O que se percebe nos dias de hoje é que ainda existe uma visão de que o preservativo deve

ser usado eventualmente com parceiros que ainda não são considerados de “confiança”.

       Segundo Brasil (2006) dados divulgados pelo Programa DST/HIV/AIDS do Ministério da

Saúde, em pesquisa realizada em território nacional com 1.882 pessoas com mais de 14 anos em

2003, o uso do preservativo com parceiros fixos fica na faixa de (20%) na última relação sexual.

Número semelhante ao encontrado na pesquisa de 1998 do Ministério da Saúde (21%). Quando

perguntados sobre o uso consistente do preservativo (uso em todas as relações sexuais), o índice cai

para (11%).
Verificando os dados coletados na pesquisa podemos analisar a pergunta: Você costuma

usar preservativo durante as relações sexuais?

         Apenas 41% responderam que usam. Destes, apenas 34,4 % eram do sexo masculino.

         Mais da metade, 59% dos acadêmicos não utilizam o preservativo, e justificaram suas

respostas. Analisando as justificativas para o não uso do preservativo, encontramos as seguintes

respostas (tabela 1).




Tabela 1- Distribuição percentual (%) da justificativa da não utilização do preservativo durante

             as relações sexuais segundo o sexo.

 Justificativa                                               F        M              Total

 Parceiro fixo                                             23,7%    71,2%            47,4%

 Uso de Anticoncepcional                                   45,8%    18,6%            32,3%

 Parceiro Fixo e Anticoncepcional                         28,8%     8,5%            18,6%

 Coito interrompido                                        1,7%     1,7%             1,7%


Fonte: A pesquisadora 2007 a partir de amostra com 200 acadêmicos




         A baixa freqüência no uso de preservativos na amostra do sexo masculino aparece

preferencialmente relacionada à natureza do relacionamento, demonstrando que o preservativo seja

menos utilizado ou usado apenas com o intuito primário de prevenir uma gravidez indesejável.

         Paiva et al. (2003) relata que a relação estabelecida entre parceiros é a explicação

predominante para não usar o preservativo.

         Segundo Amorin e Andrade (2006) outro fator que tem aumentado o número de casos de

HIV/AIDS em mulheres, é a chamada dupla moral sexual, que acaba impondo restrições à

expressão sexual das mulheres e uma maior tolerância às relações extraconjugais dos homens.
Carreno e Costa (2006) afirmam que a confiança no parceiro fixo e a vasta diversidade de

contraceptivos disponíveis no mercado têm favorecido um aumento significativo de casos de AIDS

entre as mulheres, causando preocupação.

       Já na amostra feminina predomina o uso do anticoncepcional, ou seja, a mulher demonstra

ter o poder de escolher se quer ou não engravidar independente se o parceiro usa ou não o

preservativo.

       A escolha do método contraceptivo, de acordo com Brasil (2002), pressupõe a oferta de

todas as alternativas de elegibilidade do contraceptivo, que depende do grau de confiança e eficácia

que ele oferece ao casal. Outros fatores influenciam na escolha, como a disponibilidade do produto,

facilidade do uso e reversibilidade do método e a proteção contra doenças sexualmente

transmissíveis.

       Um fator predominante nas vivências afetivo-sexuais nos acadêmicos pesquisados, a relação

estável, mantida com um único parceiro é o principal fator associado à dispensa de prevenção, não

uso ou uso inconsistente do preservativo masculino.

       Quanto à pergunta: Você ou seu parceiro usam algum método contraceptivo?

       Verificou-se o uso do preservativo como método contraceptivo em apenas 7,5% dos

acadêmicos. O uso ideal do preservativo juntamente com anticoncepcional totalizaram 18,5%, o

anticoncepcional ficou em primeiro lugar com 66,5%.

       Foi questionado também qual o motivo que leva o acadêmico a utilizar o preservativo. O uso

dos preservativos foi relacionado às praticas anticoncepcionais na maioria das respostas; 37% só o

utilizam como substituto na falta de outro método contraceptivo, 18,5% utilizam o preservativo

apenas como contraceptivo, para evitar gravidez. Relacionaram o uso do preservativo diretamente à

prevenção de DST/HIV/AIDS, 14,5% dos acadêmicos.

       O preservativo, como método de prevenção de doenças, parece não ter grande popularidade

nessa amostra, historicamente o preservativo ainda é visto por alguns como símbolo de infidelidade

ou desconfiança. Para muitos, o uso do preservativo durante um relacionamento baseado na
afetividade e confiança implicaria a possibilidade de rompimento de tal compromisso, pondo em

questão a fidelidade do parceiro. Algumas bibliografias ainda associam a não utilização do

preservativo por ele ser visto como um obstáculo ao prazer.

        A percepção do preservativo como um método contraceptivo, mais do que como um

preventivo de DST/AIDS, também é o motivo para o abandono de seu uso.

        Uma porção razoável (30 %) afirmou fazer o uso consistente do preservativo independente

do motivo.

        Uma questão de grande importância foi a de com quanto tempo de relacionamento houve o

abandono do preservativo (tabela 2).



Tabela 2- Distribuição percentual (%) do tempo de relação para abandonar o uso do preservativo.

 Tempo de abandono                                  F                 M                Total

 1 a 4 meses                                       22,7%             26,7%            24,5%

 5 a 10 meses                                        10%             15,5%            12,5%

 11 a 18 meses                                      9,2%             10%               9,5%

 24 meses ou mais                                   5,4%             5,5%              5,5%

 Nunca usei                                        11,8%             12,2%             12%

 Sempre uso                                        40,9%             30,9%             36%


 Fonte: A pesquisadora 2007 a partir de amostra com 200 acadêmicos




        Segundo as Políticas e Diretrizes de Prevenção das DST/AIDS entre Mulheres , a prevenção

em parcerias fixas e/ou estáveis está intimamente relacionada à prevenção da transmissão sexual do

HIV, onde o termo se refere à relação entre duas pessoas casadas ou que moram juntas (coabitam) e

/ou se relacionam sexualmente por um período de pelo menos de 12 meses. Porém, o que se tem

visto é que adolescentes e adultos que se relacionam por menos de 3 (três) meses têm dispensado o

uso de camisinha, procurando apenas se prevenirem de uma possível gravidez (Brasil,2003).
Apesar dos dados demonstrarem que 59% dos acadêmicos não utilizam o preservativo

durante as relações sexuais com seus parceiros, 87% responderam que dialogam com o parceiro

sobre a importância do preservativo, destes 7,3% são mulheres e 20% homens.

       Outro valor destacado na população de acadêmicos pesquisada é a percepção de risco, que

está presente tanto nos homens quanto nas mulheres.



       5. Conclusão



       Práticas de sexo seguro entre homens e mulheres dependem de fatores socioculturais que

envolvem informação, percepção de risco e significados das relações afetivas (Sanches, 2006).

       Entre a consciência da necessidade e uso do preservativo não implica que a prática de seu

uso deva ocorrer, uma vez que várias pesquisas mostram que há uma enorme distância entre um

grau avançado de conhecimento em relação a DST/HIV/AIDS e a necessidade do uso do

preservativo e comportamentos que envolvam menor risco. Trata-se de insistir no fato de se

reconhecer que o estímulo do desejo dos indivíduos pelo preservativo não deve estar limitado ao

caráter meramente contraceptivo, mas tentar associá-los à prevenção de valores socioculturais

conhecidos, desejados e respeitados. A vulnerabilidade coletiva de novas infecções pelo HIV parece

estar se reduzindo há certos estratos da população.

       Deve-se buscar uma a mudança no sentido moral, coerente com as normas sociais que

atribuem pecado e risco ao sexo não conjugal e, no entanto, há uma visão oposta de que o “sexo

com um parceiro fixo” é mais protegido, por isso tem se verificado uma não utilização do

preservativo em parceiros fixo ou de confiança, enquanto que com parceiros eventuais há uma

maior utilização do preservativo.



       Agradecimentos
A minha mãe Maria Cleide Natali Mendes, meu pai Luiz Mendes a minha irmã Flávia

Natali Mendes, pelas orientações durante as horas de pânico e ansiedade para a finalização deste

trabalho, à minha tia Ana Odete Cray pelas correções gramaticais, que mesmo sabendo que não

poderiam ser citados como co-autores, devido ao grau de parentesco me ajudaram, sem vocês eu

não teria conseguido. Obrigada!



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16. PAIVA, Vera; PUPO, Ligia Rivero; BARBOSA, Renato. O direito à prevenção e os desafios da

redução da vulnerabilidade ao HIV no Brasil. Revista Saúde Pública. v.40 sup. P. 109-119. 2006.

17. PATERNOSTRO, Silvana. Na terra de Deus e do Homem: uma visão crítica da nossa cultura

sexual. 2 ed. Rio de Janeiro:Objetiva, 1999.

18. SCHIAVO, R. M. Preservativo masculino: Hoje mais necessário do que nunca! Brasília:

Ministério da Saúde. 1997

19. SANCHES, Kátia Regina de Barros. A aids e as mulheres jovens: uma questão de

vulnerabilidade. Disponível em: <http://portalteses.cict.fiocruz.br. Acesso em: 02 de set. de 2006.

20. SEGATTO, Cristiane. Aids 25 anos.Época, São Paulo, n.422, p.64-74, 2006
21. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico: São Paulo: Cortez, 1996.

22. SILVEIRA, Mariângela F.; SANTOS. Iná. Impacto de intervenção no uso de preservativos em

portadores do HIV. Revista Saúde Publica, São Paulo. V. 39(2) n. 296-304. 2005.

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24. SOUZA, José Bento de. Mulher e Contracepção: Evolução e conquista. São Paulo: Editora

Alaúde, 2003.

25. SOUZA, Jovita M. Matarezi. PELLOSO, Sandra M. UCHIMURA, Nelson S. SOUZA,

Fernando de. Utilização de métodos contraceptivos entre as usuárias da rede pública de saúde do

município de Maringá- PR. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo. v. 28(5)

n.271-7 p. 271-277. 2006.

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USO DO PRESERVATIVO NAS RELAÇÕES SEXUAIS: UM ESTUDO NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

  • 1. USO DO PRESERVATIVO NAS RELAÇÕES SEXUAIS: UM ESTUDO NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA USE OF THE PRESERVATIVE IN THE SEXUAL RELATIONSHIPS: A STUDY IN THE STATE UNIVERSITY OF PONTA GROSSA Michaely Natali Mendes Costa1, Lidia Dalgallo Zarpellon2 1 Autor para contato:Acadêmica da Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG (44) 36231704; e-mail: michanatali@hotmail.com 2 Enfermeira Mestre em Educação, Docente da Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG, Campus de Uvaranas, Departamento de Enfermagem, Ponta Grossa, PR, Brasil; (42) 32203735; e-mail:ldzarpellon@interponta.com.br RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar o uso do preservativo em acadêmicos com parceiros fixos dos cursos enfermagem, odontologia, direito, administração e jornalismo e verificou que o desuso, abandono ou uso não-consistente do preservativo está relacionado a confiança no parceiro ou ao uso de outro método contraceptivo. Foram entrevistados 200 acadêmicos, onde se avaliou a idade, sexo, tempo de relacionamento, se usam o preservativo durante as relações sexuais, qual método contraceptivo utilizam, tempo de relacionamento para abandono do preservativo e se dialogam sobre a importância do preservativo. A metodologia foi quantitativa utilizando o software SPSS para análise bioestatística. Verificou-se que 59% dos acadêmicos não utilizam o preservativo durante suas relações sexuais, destes 47% não o utilizam por possuírem parceria de confiança e 32,3% não o utilizam, pois fazem uso de um anticoncepcional. Dos duzentos acadêmicos entrevistados, 87% responderam que dialogam com o parceiro sobre a importância do preservativo. Práticas de sexo seguro entre homens e mulheres dependem de fatores socioculturais que envolvem informação, percepção de risco e significados das relações afetivas. Entre a consciência da necessidade e uso do preservativo não implica que a prática de seu uso deva ocorrer, uma vez que várias pesquisas mostram que há uma enorme distância entre um grau avançado de conhecimento em relação a DST/HIV/AIDS e a necessidade do uso do preservativo e comportamentos que envolvam menor risco. Palavras-chave: contraceptivo; preservativo; parceiro fixo. ABSTRACT The present study had as objective evaluates the use of the preservative in academics with fixed partners of the courses nursing, dentistry, legal, administration and journalism and it verified that the disuse, abandonment or no-solid use of the preservative is related the trust in the partner or to the use of another contraceptive method. 200 were interviewed academic, where the age, sex, time of relationship was evaluated, they are used the preservative during the sexual relationships, which contraceptive method uses, time of relationship for abandonment of the preservative and they are dialogued on the importance of the preservative. The methodology was quantitative using the software SPSS for analysis statistic. It was verified that 59% of the academics don't use the preservative during their sexual relationships, of these 47% they don't use him/it for they possess trust partnership and 32,3% don't use him/it, therefore they make use of a contraceptive. Of the two hundred academics interviewees, 87% answered that you/they dialogue with the partner on the importance of the preservative. Practices of safe sex between men and women depend on sociocultural factors that you/they involve information, risk perception and meanings of the affectionate relationships. Between the conscience of the need and use of the preservative it doesn't implicate that the practice of his/her use should happen, once several researches show that there is
  • 2. an enormous distance among an advanced degree of knowledge in relation to DST/HIV/AIDS and the need of the use of the preservative and behaviors that involve smaller risk. Key words: contraceptive; preservative; fixed partner. 1. Introdução É de conhecimento da grande maioria da população que o meio mais eficaz de prevenção da AIDS/DST é o preservativo, ele permite a prática sexual com penetração com o menor risco de contaminação. O uso do preservativo é alvo de várias campanhas publicitárias do governo e de organizações não governamentais. As campanhas são veiculadas na TV e rádio desde 1987, procurando alcançar uma maior eficácia na sua atribuição, buscando despertar nos indivíduos a procura e consumo dessa poderosa arma contra a tão temida AIDS. O uso do preservativo como uma das diretrizes mais importantes para a prevenção da infecção do HIV pela via sexual foi, desde os primeiros anos da epidemia, a alternativa para o sexo mais protegido em tempos de AIDS (Kalichman, 1993). O uso da camisinha foi incorporado, como recomendado desde 1987, proposto por técnicos dedicados à saúde pública e à prevenção em conjunto com o movimento das comunidades mais atingidas, principalmente a comunidade gay organizada, apesar da oposição até hoje de alguns grupos religiosos (Paternostro, 1999). Muitas pesquisas buscam determinados grupos e determinantes do uso do preservativo, porém, tem se percebido nas últimas pesquisas realizadas pelo governo, uma feminização dos portadores do HIV e, ainda que a maioria das mulheres infectadas são casadas ou possuem parceiros fixo ( Paiva et al, 2006). De acordo com Segatto (2006), “Entre 1994 e 2004 os casos de AIDS cresceram 175% entre as mulheres, que muitas vezes são infectadas pelos parceiros, namorados, noivos ou maridos”. Cerca de 44 milhões de casais usam a camisinha para o planejamento familiar. Esses 44 milhões representam 4% de todos os casais onde a mulher está em idade reprodutiva. No mundo
  • 3. inteiro, os preservativos estão quase no último lugar da preferência dos casais como método de planejamento familiar, verificando-se assim que, quando usado por casais, o preservativo tem apenas a função de prevenir gestações indesejadas (DEFASAGEM..., 2006). Para entender um pouco o motivo do abandono do uso do preservativo entre casais é necessário aprofundar-se na história do preservativo e do anticoncepcional. 1.1 Um breve histórico do preservativo Segundo Schiavo, (1997) na história do Ocidente, o aparecimento da “camisinha” não é um fato preciso. Sua primeira descrição escrita data de 1564, quando o italiano Gabriel Fallopio, um médico-cirurgião, declarou que um envoltório de linho usado sobre o pênis durante a relação sexual impediria a disseminação de doenças venéreas. Souza (2003) declara que os chineses foram os desbravadores que, com sua sabedoria, criaram capas de papel de seda, embebido em óleo. Na Idade Média os turcos desenvolveram uma capa para o pênis, feito de intestino de carneiro. No ano de 1750, a França proibiu o uso do preservativo, que na época era chamado de sobrecasacas inglesas porém, com a Revolução Francesa, o governo de Paris autorizou e legalizou a venda e a utilização da camisinha, e estas eram confeccionadas para cada cliente. Mora e Serrano (2000) citam que o higienista britânico Condom introduz em 1720 o célebre artigo do mesmo nome fabricado com intestino de ovelha e vedado na ponta com um fio ou fita de maneira a evitar o refluxo. A partir do século XVII, foi que a camisinha teve como função proteger de indesejável gestação, pois teria sido desenvolvida para o rei Carlos II, da Inglaterra, que tinha um número enorme de filhos ilegítimos. No século XIX, com o processo de vulcanização da borracha, o preservativo pode ser fabricado em grandes quantidades, mas era lavado, seco e reutilizado e mesmo assim, era considerado de alto custo para as classes baixas. Somente na década de trinta do século XX, o preservativo passou a ser fabricado em látex, porém, seu aparecimento ainda estava mais ligado à
  • 4. prevenção de doenças sexualmente transmissíveis que à contracepção. A contracepção ficava por conta das mulheres que utilizavam esponjas e tampões até o fim do século XVII. (McLaren, 1997). Devido à função de prevenção de doenças, o preservativo passou a ser identificado a práticas libertinas, relações extraconjugais, relacionado à perversão. E, ainda, o fato de que a contracepção deveria ficar a cargo das mulheres, tornou a camisinha impopular. Durante a primeira guerra mundial, é que o preservativo se popularizou, por prevenir doenças, assim a sua associação à prostituição, tornou-se ainda mais um opositor ao casamento (Marinho 1999). Marinho (2006) afirma que a mídia foi fundamental na procura do preservativo por jovens e solteiros, porém ainda é associada ao comportamento promíscuo, dificultando o seu uso entre parceiros fixos que afirmam que o compromisso e a confiança no parceiro (a) não justificariam o uso consistente do preservativo. Segundo Sanches (2006), o preservativo como método de prevenção de DST/HIV/AIDS é visto por muitos casais como um símbolo de infidelidade ou desconfiança, por isso há uma maior adesão entre pessoas que têm parceiros eventuais. 1.2 O surgimento da pílula Na década de 30, pesquisas apontaram que o hormônio feminino progesterona apresentava indícios contraceptivos, uma década depois, Russel Marker um químico americano, produziu o primeiro comprimido de progesterona sintética feito de raiz de batata-doce mexicana (Souza, 2003). Com a introdução dos contraceptivos orais combinados os (COC´s) na década de 60, observa-se uma evolução contínua dos compostos utilizados, focalizando comodidade, segurança e conforto. A rápida evolução dos contraceptivos foi o maior responsável pela progressiva diminuição do uso do preservativo. Com a chegada da pílula, as mulheres foram libertadas da obrigação da gravidez indesejada. Nesse período, a camisinha viveu praticamente isolada e escondida nas prateleiras das farmácias, pois seu uso ficara restrito para casos de infecção das doenças
  • 5. sexualmente transmissíveis. A contracepção oral é o método contraceptivo reversível mais amplamente utilizado no mundo (Livoti e Topp, 2006). As mulheres hoje podem escolher o momento certo para engravidar, e decidem também a maneira e por quanto tempo pretendem usar o anticoncepcional, pois não lhes faltam opções, existem anticoncepcionais orais, comprimidos vaginais, adesivos, injetáveis, anéis vaginais, implantes intradérmicos. A escolha do anticoncepcional pela mulher é algo pessoal. As opções diversas dos métodos anticoncepcionais envolvem diferentes riscos, melhores adequações conforme a faixa etária, métodos mais ou menos definitivos, custos, mas principalmente os efeitos colaterais (Ferriani, 2003). A camisinha, ao contrário de todos os outros métodos contraceptivos, não oferece efeitos colaterais, exceto em casos de usuários alérgicos ao látex, é de baixo custo, além de ser distribuída pela rede pública de saúde. Soares (2001) afirma que a camisinha é o único método contraceptivo que, além de evitar filhos, protege contra a transmissão das DST/HIV/AIDS. É importante frisar que as ações de anticoncepção devem estar atreladas à prevenção de DST/HIV/AIDS, principalmente a síndrome da imunodeficiência que vem crescendo amplamente entre as mulheres e jovens (Aquino, 2003). A utilização de métodos contraceptivos adequados e eficazes aliados à prevenção de DST tem esbarrado na aceitabilidade, taxa de descontinuação, preconceito que o tema DST gera (Souza et al., 2006). 2. Objetivos O objetivo geral da pesquisa realizada foi avaliar o uso do preservativo em acadêmico com parceiros fixos, verificando se o desuso, abandono ou uso não-consistente do preservativo está
  • 6. relacionado à confiança no parceiro ou o uso de outro método contraceptivo, de forma que estas informações possibilitem o desenvolvimento de programas preventivos e adequados, com sua posterior avaliação. Para a execução dos objetivos foram necessários levantamentos bibliográficos, que tinham como foco o uso do preservativo e o motivo de seu desuso ou abandono. 3. Sujeitos, Materiais e Métodos Optou-se por abordar acadêmicos para a pesquisa por situarem-se na faixa etária de população sexualmente ativa e para avaliar se o conhecimento adquirido na universidade, ou seja, se o grau de instrução favorece ou não a utilização do preservativo. O estudo realizado entre setembro e outubro de 2007 foi quantitativo e utilizou-se de questionário semi-estruturado, auto preenchido em sala de aula por alunos dos curso de direito (três turmas), enfermagem (duas turmas) jornalismo, administração e odontologia (uma turma) da Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná. A abordagem foi feita anteriormente com o professor que estaria em sala de aula no momento da pesquisa. Os questionários foram aplicados nos primeiros vinte minutos iniciais da aula com os acadêmicos que estavam presentes. Foram excluídos da pesquisa acadêmicos menores de 18 anos e acadêmicos que não possuíam parceiro fixo por pelo menos dois meses. A proposta do projeto foi registrada no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa, sendo submetida à apreciação e obteve parecer favorável, sob o nº 37/2007 estando de acordo com as normas éticas estabelecidas pela resolução nº196/96 do Ministério da Saúde. Em relação ao tamanho da amostra, utilizou-se o modelou N= (Z/d)2. p(1-p), onde N é o tamanho da amostra, Z é a variável normal reduzida, p(1-p) é o desvio padrão amostral e d é o erro padrão de 5%. Os dados foram processados e submetidos a estudos estatísticos utilizando-se o
  • 7. software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 12.0. Inicialmente, foi construída uma base de dados a partir dos dados coletados pela entrevistadora. Em seguida, procedeu-se a entrada de dados, com dupla digitação (dois digitadores diferentes). Após a digitação, fez-se a consistência lógica do banco de dados. A análise dos dados foi feita no mesmo SPSS e foram utilizados o teste de Qui- quadrado de Pearson e Yates, sendo que o nível de significância p foi de 5%. 4. Resultados e Discussão Os resultados desse estudo baseiam-se nas respostas obtidas a partir da aplicação de um questionário estruturado a uma amostra de 200 acadêmicos, composta pelos cursos de direito, jornalismo, administração, enfermagem e odontologia. A amostra constitui-se de 55% de acadêmicos do sexo feminino e 45% de acadêmicos do sexo masculino. Na amostra global, a idade dos acadêmicos variou entre 18 e 38 anos, 44,5% têm idade entre 21 e 26 anos, 8,5% têm idade de 33 a 38 anos. Quanto ao tempo de relacionamento, 57% dos acadêmicos entrevistados mantém relacionamento há pelo menos 24 meses, 15% tem relacionamento entre 12 e 18 meses, 12% de 6 a 11 meses e 16% de 2 a 5 meses. O que se percebe nos dias de hoje é que ainda existe uma visão de que o preservativo deve ser usado eventualmente com parceiros que ainda não são considerados de “confiança”. Segundo Brasil (2006) dados divulgados pelo Programa DST/HIV/AIDS do Ministério da Saúde, em pesquisa realizada em território nacional com 1.882 pessoas com mais de 14 anos em 2003, o uso do preservativo com parceiros fixos fica na faixa de (20%) na última relação sexual. Número semelhante ao encontrado na pesquisa de 1998 do Ministério da Saúde (21%). Quando perguntados sobre o uso consistente do preservativo (uso em todas as relações sexuais), o índice cai para (11%).
  • 8. Verificando os dados coletados na pesquisa podemos analisar a pergunta: Você costuma usar preservativo durante as relações sexuais? Apenas 41% responderam que usam. Destes, apenas 34,4 % eram do sexo masculino. Mais da metade, 59% dos acadêmicos não utilizam o preservativo, e justificaram suas respostas. Analisando as justificativas para o não uso do preservativo, encontramos as seguintes respostas (tabela 1). Tabela 1- Distribuição percentual (%) da justificativa da não utilização do preservativo durante as relações sexuais segundo o sexo. Justificativa F M Total Parceiro fixo 23,7% 71,2% 47,4% Uso de Anticoncepcional 45,8% 18,6% 32,3% Parceiro Fixo e Anticoncepcional 28,8% 8,5% 18,6% Coito interrompido 1,7% 1,7% 1,7% Fonte: A pesquisadora 2007 a partir de amostra com 200 acadêmicos A baixa freqüência no uso de preservativos na amostra do sexo masculino aparece preferencialmente relacionada à natureza do relacionamento, demonstrando que o preservativo seja menos utilizado ou usado apenas com o intuito primário de prevenir uma gravidez indesejável. Paiva et al. (2003) relata que a relação estabelecida entre parceiros é a explicação predominante para não usar o preservativo. Segundo Amorin e Andrade (2006) outro fator que tem aumentado o número de casos de HIV/AIDS em mulheres, é a chamada dupla moral sexual, que acaba impondo restrições à expressão sexual das mulheres e uma maior tolerância às relações extraconjugais dos homens.
  • 9. Carreno e Costa (2006) afirmam que a confiança no parceiro fixo e a vasta diversidade de contraceptivos disponíveis no mercado têm favorecido um aumento significativo de casos de AIDS entre as mulheres, causando preocupação. Já na amostra feminina predomina o uso do anticoncepcional, ou seja, a mulher demonstra ter o poder de escolher se quer ou não engravidar independente se o parceiro usa ou não o preservativo. A escolha do método contraceptivo, de acordo com Brasil (2002), pressupõe a oferta de todas as alternativas de elegibilidade do contraceptivo, que depende do grau de confiança e eficácia que ele oferece ao casal. Outros fatores influenciam na escolha, como a disponibilidade do produto, facilidade do uso e reversibilidade do método e a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis. Um fator predominante nas vivências afetivo-sexuais nos acadêmicos pesquisados, a relação estável, mantida com um único parceiro é o principal fator associado à dispensa de prevenção, não uso ou uso inconsistente do preservativo masculino. Quanto à pergunta: Você ou seu parceiro usam algum método contraceptivo? Verificou-se o uso do preservativo como método contraceptivo em apenas 7,5% dos acadêmicos. O uso ideal do preservativo juntamente com anticoncepcional totalizaram 18,5%, o anticoncepcional ficou em primeiro lugar com 66,5%. Foi questionado também qual o motivo que leva o acadêmico a utilizar o preservativo. O uso dos preservativos foi relacionado às praticas anticoncepcionais na maioria das respostas; 37% só o utilizam como substituto na falta de outro método contraceptivo, 18,5% utilizam o preservativo apenas como contraceptivo, para evitar gravidez. Relacionaram o uso do preservativo diretamente à prevenção de DST/HIV/AIDS, 14,5% dos acadêmicos. O preservativo, como método de prevenção de doenças, parece não ter grande popularidade nessa amostra, historicamente o preservativo ainda é visto por alguns como símbolo de infidelidade ou desconfiança. Para muitos, o uso do preservativo durante um relacionamento baseado na
  • 10. afetividade e confiança implicaria a possibilidade de rompimento de tal compromisso, pondo em questão a fidelidade do parceiro. Algumas bibliografias ainda associam a não utilização do preservativo por ele ser visto como um obstáculo ao prazer. A percepção do preservativo como um método contraceptivo, mais do que como um preventivo de DST/AIDS, também é o motivo para o abandono de seu uso. Uma porção razoável (30 %) afirmou fazer o uso consistente do preservativo independente do motivo. Uma questão de grande importância foi a de com quanto tempo de relacionamento houve o abandono do preservativo (tabela 2). Tabela 2- Distribuição percentual (%) do tempo de relação para abandonar o uso do preservativo. Tempo de abandono F M Total 1 a 4 meses 22,7% 26,7% 24,5% 5 a 10 meses 10% 15,5% 12,5% 11 a 18 meses 9,2% 10% 9,5% 24 meses ou mais 5,4% 5,5% 5,5% Nunca usei 11,8% 12,2% 12% Sempre uso 40,9% 30,9% 36% Fonte: A pesquisadora 2007 a partir de amostra com 200 acadêmicos Segundo as Políticas e Diretrizes de Prevenção das DST/AIDS entre Mulheres , a prevenção em parcerias fixas e/ou estáveis está intimamente relacionada à prevenção da transmissão sexual do HIV, onde o termo se refere à relação entre duas pessoas casadas ou que moram juntas (coabitam) e /ou se relacionam sexualmente por um período de pelo menos de 12 meses. Porém, o que se tem visto é que adolescentes e adultos que se relacionam por menos de 3 (três) meses têm dispensado o uso de camisinha, procurando apenas se prevenirem de uma possível gravidez (Brasil,2003).
  • 11. Apesar dos dados demonstrarem que 59% dos acadêmicos não utilizam o preservativo durante as relações sexuais com seus parceiros, 87% responderam que dialogam com o parceiro sobre a importância do preservativo, destes 7,3% são mulheres e 20% homens. Outro valor destacado na população de acadêmicos pesquisada é a percepção de risco, que está presente tanto nos homens quanto nas mulheres. 5. Conclusão Práticas de sexo seguro entre homens e mulheres dependem de fatores socioculturais que envolvem informação, percepção de risco e significados das relações afetivas (Sanches, 2006). Entre a consciência da necessidade e uso do preservativo não implica que a prática de seu uso deva ocorrer, uma vez que várias pesquisas mostram que há uma enorme distância entre um grau avançado de conhecimento em relação a DST/HIV/AIDS e a necessidade do uso do preservativo e comportamentos que envolvam menor risco. Trata-se de insistir no fato de se reconhecer que o estímulo do desejo dos indivíduos pelo preservativo não deve estar limitado ao caráter meramente contraceptivo, mas tentar associá-los à prevenção de valores socioculturais conhecidos, desejados e respeitados. A vulnerabilidade coletiva de novas infecções pelo HIV parece estar se reduzindo há certos estratos da população. Deve-se buscar uma a mudança no sentido moral, coerente com as normas sociais que atribuem pecado e risco ao sexo não conjugal e, no entanto, há uma visão oposta de que o “sexo com um parceiro fixo” é mais protegido, por isso tem se verificado uma não utilização do preservativo em parceiros fixo ou de confiança, enquanto que com parceiros eventuais há uma maior utilização do preservativo. Agradecimentos
  • 12. A minha mãe Maria Cleide Natali Mendes, meu pai Luiz Mendes a minha irmã Flávia Natali Mendes, pelas orientações durante as horas de pânico e ansiedade para a finalização deste trabalho, à minha tia Ana Odete Cray pelas correções gramaticais, que mesmo sabendo que não poderiam ser citados como co-autores, devido ao grau de parentesco me ajudaram, sem vocês eu não teria conseguido. Obrigada! Referencias Bibliográficas 1. AMORIN, Melissa Mattos. ANDRADE, Ângela Nobre de. Relações afetivo-sexuais e prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis e AIDS entre mulheres do município de Vitória-ES. Psicologia em estudo, Maringá, v.11, n.2, p331-339, 2006. 2. AQUINO, E.M.L.; HEIBORN M.; KNAUTH D.; BOZON M.; ALMEIDA M.C.; ARAUJO J. Adolescência e reprodução no Brasil: A heterogeneidade dos perfis sociais. Cadernos Saúde Publica. 2003. 3. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Assistência em planejamento familiar: Manual Técnico: Brasília: Brasília, 2002. 4. BRASIL, Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST e Aids. Políticas e diretrizes das DST/ Aids entre mulheres: Brasília, 2003. 5. BRASIL, Ministério da Saúde. Comportamento da População Brasileira Sexualmente Ativa. Disponível em: <http//www.aids.gov.br/final/biblioteca/ibope_2003/briefing2.doc>. Acesso em: 18 de dez. de 2006. 6. CARRENO, Ioná; COSTA. Juvenal Dias da Costa. Uso de preservativo nas relações sexuais: estudo de base populacional. Revista Saúde Pública. São Paulo v.40(4), n.305. 2006. 7. DEFASAGEM no uso dos preservativos: uma crise da área de saúde. Disponível em: <http://boasaude.uol.com.br>. Acesso em: 02 de set. de 2006. 8. FERRIANI, Rui Alberto. Evolução da anticoncepção hormonal. São Paulo: Janssen-Cilag, 2003.
  • 13. 9. KALICHMAN, A. O. A vigilância epidemiológica de AIDS: recuperação histórica de conceitos e práticas: São Paulo, 1993. Dissertação (mestrado)- FMUSP. 10. LIVOTI, Carol. TOPP, Elizabeth Vaginas: Manual da Proprietária: Rio de Janeiro: Best Seller, 2006. 11. MARINHO, Mônica B. Da ameaça à sedução: um estudo sobre as campanhas de prevenção da Aids veiculada pela televisão. Salvador, 1999. Dissertação (mestrado)-Universidade Federal da Bahia. 12.MARINHO, Mônica B. Entre o funcional e o lúdico: A camisinha nas campanhas de prevenção da Aids. Disponível em: http://www.interface.org.br/revista6... acesso em: 02 de setembro de 2006. 13. McLAREN, A. A história da contracepção: da antiguidade à actualidade. Trad. T. Perez. Lisboa: Terramar, 1997. 14. MORA, Fernando López. SERRANO, Júlio Pérez. História e Anticoncepção. SCHERING GA. Pílula anticoncepcional 40 anos de impacto social.:Schering AG: Alemanha, 2000 15. PAIVA, Vera. VENTURI, Gustavo; JUNIOR, Ivan França; LOPES, Fernanda al. Uso de Preservativos: Pesquisa Nacional MS/ IBOP, BRASIL 2003. Disponível em: <http://www.aids.gov.br>. Acesso em: 02 de set. de 2006. 16. PAIVA, Vera; PUPO, Ligia Rivero; BARBOSA, Renato. O direito à prevenção e os desafios da redução da vulnerabilidade ao HIV no Brasil. Revista Saúde Pública. v.40 sup. P. 109-119. 2006. 17. PATERNOSTRO, Silvana. Na terra de Deus e do Homem: uma visão crítica da nossa cultura sexual. 2 ed. Rio de Janeiro:Objetiva, 1999. 18. SCHIAVO, R. M. Preservativo masculino: Hoje mais necessário do que nunca! Brasília: Ministério da Saúde. 1997 19. SANCHES, Kátia Regina de Barros. A aids e as mulheres jovens: uma questão de vulnerabilidade. Disponível em: <http://portalteses.cict.fiocruz.br. Acesso em: 02 de set. de 2006. 20. SEGATTO, Cristiane. Aids 25 anos.Época, São Paulo, n.422, p.64-74, 2006
  • 14. 21. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico: São Paulo: Cortez, 1996. 22. SILVEIRA, Mariângela F.; SANTOS. Iná. Impacto de intervenção no uso de preservativos em portadores do HIV. Revista Saúde Publica, São Paulo. V. 39(2) n. 296-304. 2005. 23. SOARES, José Luis. SEXO: Guia Completo e Ilustrado: Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. 24. SOUZA, José Bento de. Mulher e Contracepção: Evolução e conquista. São Paulo: Editora Alaúde, 2003. 25. SOUZA, Jovita M. Matarezi. PELLOSO, Sandra M. UCHIMURA, Nelson S. SOUZA, Fernando de. Utilização de métodos contraceptivos entre as usuárias da rede pública de saúde do município de Maringá- PR. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo. v. 28(5) n.271-7 p. 271-277. 2006.