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O Behaviorismo
O Estudo do Comportamento
O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B.Watson, em artigo
publicado em 1913, que apresentava o título“Psicologia: como os behavioristas a
vêem”. O termo inglês behavior significa “comportamento”; por isso, para
denominar essa tendência teórica, usamos Behaviorismo e, também,
Comportamentalismo,Teoria Comportamental, Análise Experimental do
Comportamento,Análise do Comportamento.Watson, postulando o comportamento
como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos
da época vinham buscando um objeto observável, mensurável, cujos
experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos.
Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o
status de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica.Watson
também defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o
comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio.
Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre
porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos
hereditários e pela formação de hábitos. Hoje, não se entende comportamento
como uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como uma interação entre aquilo
que o sujeito faz e o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, o
Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente,
entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações).Os
psicólogos desta abordagem chegaram aos termos “resposta” e“estímulo” para se
referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com
o sujeito. Para explicar a adoção desses termos, duas razões podem ser
apontadas: uma metodológica e outra histórica.
A razão metodológica deve-se ao fato de que os analistas experimentais do
comportamento tomaram, como modo preferencial de investigação, um método
experimental e analítico.Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade
de dividir o objeto para efeito de investigação, chegando a unidades de análise.
A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram
mantidos posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao
seu uso generalizado.
Comportamento, entendido como interação indivíduo-ambiente, é a unidade
básica de descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. O
homem começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo
tomado como produto e produtor essas interações.
A ANÁLISEEXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO
O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F.Skinner (1904-
1990).
O Behaviorismo de Skinner tem influenciado muitos psicólogos americanos e de
vários países onde a Psicologia americana tem grande penetração, como o Brasil.
Esta linha de estudo ficou conhecida por Behaviorismo radical, termo cunhado
pelo próprio Skinner, em 1945,para designar uma filosofia da Ciência do
Comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do
comportamento.
A base da corrente skinneriana está na formulação do comportamento operante.
O COMPORTAMENTO RESPONDENTE
O comportamento reflexo ou respondente é o que usualmente chamamos de “não-
voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas “produzidas” por estímulos
antecedentes do ambiente. Como exemplo,podemos citar a contração das pupilas
quando uma luz forte incide sobre os olhos, a salivação provocada por uma gota
de limão colocada na ponta da língua, o arrepio da pele quando um ar frio nos
atinge, as famosas “lágrimas de cebola” etc.Esses comportamentos reflexos ou
respondentes são interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito)
incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais confiavelmente eliciam
certas respostas do organismo que independem de “aprendizagem”. Mas
interações desse tipo também podem ser provocadas por estímulos que,
originalmente não eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais
estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciado respodem, em
certas condições, eliciar respostas semelhantes às destes. A essas novas
interações chamamos também de reflexos , que agora são condicionados devido
a uma história de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estímulos
que antes não respondia. Suponha que, numa sala aquecida, sua mão direita seja
mergulhada numa vasilha de água gelada. A temperatura da mão cairá
rapidamente devido ao encolhimento ou constrição dos vasos sangüíneos,
caracterizando o comportamento como respondente. Esse comportamento será
acompanhado de uma modificação semelhante, e mais facilmente mensurável, na
mão esquerda, onde a constrição vascular também será induzida. Suponha,agora,
que a sua mão direita seja mergulhada na água gelada um certo número de
vezes, em intervalos de três ou quatro minutos, e que você ouça uma campainha
pouco antes de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da
campainha com a água fria, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser
eliciada apenas pelo som, isto é, sem necessidade de imergir uma das mãos
.Neste exemplo de condicionamento respondente, a queda da temperatura da
mão, eliciada pela água fria, é uma resposta incondicionada, enquanto a queda da
temperatura, eliciada pelo som, é uma resposta condicionada (aprendida): a água
é um estímulo incondicionado, e o som, um estímulo condicionado.
No início dos anos 30, na Universidade de Harvard (EstadosUnidos), Skinner
começou o estudo do comportamento justamente pelo comportamento
respondente, O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre um
outro tipo de relação do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova
unidade de análise de sua ciência: o comportamento operante . Esse tipo de
comportamento caracteriza a maioria de nossas interações com o ambiente.
OCOMPORTAMENTOOPERANTE
O comportamento operante abrange um leque amplo da atividade humana — dos
comportamentos do bebê de balbuciar, de agarrar objetos e de olhar os enfeites
do berço aos mais sofisticados,apresentados pelo adulto. Como nos diz Keller, o
comportamento operante “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais
se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo
em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer
direta, quer indiretamente” .
A leitura que você está fazendo deste livro é um exemplo de comportamento
operante, assim como escrever uma carta, chamar o táxi comum gesto de mão,
tocar um instrumento etc.Para exemplificarmos melhor os conceitos apresentados
até aqui, vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos de
laboratório. Vale informar que animais como ratos,pombos e macacos — para citar
alguns — foram utilizados pelos analistas experimentais do comportamento
(inclusive Skinner) para verificar como as variações no ambiente interferiam nos
comportamentos. Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que
chamaram de leis comportamentais .
.Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat, certamente manifesta algum
comportamento que lhe permita satisfazer a sua necessidade orgânica. Esse
comportamento foi aprendido por ele e se mantém pelo efeito proporcionado:
saciar a sede. Assim, se deixarmos um ratinho privado de água durante 24 horas,
ele certamente apresentará o comportamento de beber água no momento em que
tiver sede. Sabendo disso, os pesquisadores da época decidiram simular esta
situação em laboratório sob condições especiais de controle, o que os levou à
formulação de uma lei comportamental.Um ratinho foi colocado na “caixa de
Skinner” — um recipiente fechado no qual encontrava apenas uma barra. Esta
barra, ao serpressionada por ele,acionava um mecanismo(camuflado) que
lhepermitia obter uma gotinhade água, que chegava à caixa por meio de uma
pequena haste.Que resposta esperava-se do ratinho? — Que pressionasse
abarra. Como isso ocorreu pela primeira vez? — Por acaso. Durante aexploração
da caixa, o ratinho pressionou a barra acidentalmente, o quelhe trouxe, pela
primeira vez, uma gotinha de água, que, devido à sede,fora rapidamente
consumida. Por ter obtido água ao encostar na barraquando sentia sede,
constatou-se a alta probabilidade de que, estandoem situação semelhante, o
ratinho a pressionasse novamente.Neste caso de comportamento operante, o que
propicia aaprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o
meioe o efeito dela resultante — a satisfação de alguma necessidade, ouseja, a
aprendizagem está na relação entre uma ação e seu efeito.Este comportamento
operante pode ser representado da seguintemaneira:
R
—
►
S
, em que
R
é a resposta (pressionar a barra) e
S
(do
O ratinho, por acaso, pressiona a barra e recebe a gotad’água. Inicia-se o
processo de aprendizagem.
inglês
stimuli)
o estímulo reforçador (a água), que tanto interessa aoorganismo; a flecha significa
“levar a”.Esse estímulo reforçador é chamado de
reforço
. O termo“estímulo” foi mantido da relação R-S do comportamento
respondentepara designar-lhe a responsabilidade pela ação, apesar de ela
ocorrerapós a manifestação do comportamento. O comportamento operanterefere-
se à interação sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de
relação fundamental
à relação entre a ação do indivíduo (a emissão daresposta) e as conseqüências. É
considerada fundamental porque oorganismo se comporta (emitindo esta ou
[pg. 49]
aquela resposta), suaação produz uma alteração ambiental (uma conseqüência)
que, por suavez, retroage sobre o sujeito, alterando a probabilidade futura
deocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função
dasconseqüências criadas pela nossa ação. As conseqüências da respostasão as
variáveis de controle mais relevantes.Pense no aprendizado de um instrumento:
nós o tocamos paraouvir seu som harmonioso. Há outros exemplos: podemos
dançar paraestar próximo do corpo do outro, mexer com uma garota para
receberseu olhar, abrir uma janela para entrar a luz etc
evitar ou reduzir amagnitude dosseguintes, ou seja,tapamos os ouvidospara evitar
o estourodos trovões oudesviamos o rosto dabroca usada pelodentista. Por que
issoacontece?Quando osestímulos ocorrem nessa ordem, o primeiro torna-se um
reforçadornegativo condicionado (aprendido) e a ação que o reduz é reforçada
pelocondicionamento operante. As ocorrências passadas de
reforçadoresnegativos condicionados são responsáveis pela probabilidade
daresposta de esquiva.No processo de esquiva, após o estímulo condicionado, o
indivíduoapresenta um comportamento que é reforçado pela necessidade
dereduzir ou evitar o segundo estímulo, que também é aversivo, ou seja,após a
visão do raio, o indivíduo manifesta um comportamento (tapar osouvidos), que é
reforçado pela necessidade de reduzir o segundoestímulo (o barulho do trovão)
— igualmente aversivo.
[pg. 51]
Outro processo semelhante é o de
fuga
.
Neste caso, ocomportamento reforçado é aquele que termina com um
estímuloaversivo já em andamento.A diferença é sutil. Se posso colocar as mãos
nos ouvidos paranão escutar o estrondo do rojão, este comportamento é de
esquiva, poisestou evitando o segundo estímulo antes que ele aconteça. Mas, se
osrojões começam a pipocar e só depois apresento um comportamentopara evitar
o barulho que incomoda, seja fechando a porta, seja indoembora ou mesmo
tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga. Ambosreduzem ou evitam os
estímulos aversivos, mas em processos
ser usado no autocontrole e, eventualmente, uma tecnologiacomportamental bem
desenvolvida conduz a um autocontrole capaz.
[pg.55]
A
QUESTÃO DO CONTROLE
Uma análise científica do comportamento deve, creio eu, supor queo
comportamento de uma pessoa é controlado mais por sua históriagenética e
ambiental do que pela própria pessoa enquanto agentecriador, iniciador; todavia,
nenhum outro aspecto da posição behavioristasuscitou objeções mais violentas.
Não podemos evidentemente provarque o comportamento humano como um todo
seja inteiramentedeterminado, mas a proposição torna-se mais plausível à medida
que osfatos se acumulam e creio que chegamos a um ponto em que
suasimplicações devem ser consideradas a sério.Subestimamos amiúde o fato de
que o comportamento humano étambém uma forma de controle. Que um
organismo deva agir paracontrolar o mundo a seu redor é uma característica da
vida, tanto quantoa respiração ou a reprodução. Uma pessoa age sobre o meio e
aquiloque obtém é essencial para a sua sobrevivência e para a sobrevivênciada
espécie. A Ciência e a Tecnologia são simplesmente manifestaçõesdesse traço
essencial do comportamento humano. A compreensão, aprevisão e a explicação,
bem como as aplicações tecnológicas,exemplificam o controle da natureza. Elas
não expressam uma “atitudede dominação” ou “uma filosofia de controle”. São os
resultadosinevitáveis de certos processos de comportamento.Sem dúvida
cometemos erros. Descobrimos, talvez rápido demais,meios cada vez mais
eficazes de controlar nosso mundo, e nem sempreos usamos sensatamente, mas
não podemos deixar de controlar anatureza, assim como não podemos deixar de
respirar ou de digerir oque comemos. O controle não é uma fase passageira.
Nenhum místicoou asceta deixou jamais de controlar o mundo em seu redor;
controla-opara controlar-se a si mesmo. Não podemos escolher um gênero de vida
no qual não haja controle. Podemos tão-só mudar as condiçõescontroladoras.
Contracontrole
Órgãos ou instituições organizados, tais como governos, religiões esistemas
econômicos e, em grau menor, educadores e psicoterapeutas,exercem um
controle poderoso e muitas vezes molesto. Tal controle éexercido de maneiras
que reforçam de forma muito eficaz aqueles que oexercem e, infelizmente, isto via
de regra significa maneiras que são ouimediatamente adversativas para aqueles
que sejam controlados ou osexploram a longo prazo.Os que são assim
controlados passam a agir. Escapam aocontrolador — pondo-se fora de seu
alcance, se for uma pessoa;desertando de um governo; apostasiando de uma
religião; demitindo-seou mandriando — ou então atacam a fim de enfraquecer ou
destruir opoder controlador, como numa revolução, numa reforma, numa greve
ounum protesto estudantil. Em outras palavras, eles se opõem ao controlecom
contracontrole.B. F. Skinner.
Sobre o Behaviorismo.
Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo,Cultrix/Editora da Universidade de
São Paulo, 1982

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O behaviorismo

  • 1. O Behaviorismo O Estudo do Comportamento O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B.Watson, em artigo publicado em 1913, que apresentava o título“Psicologia: como os behavioristas a vêem”. O termo inglês behavior significa “comportamento”; por isso, para denominar essa tendência teórica, usamos Behaviorismo e, também, Comportamentalismo,Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento,Análise do Comportamento.Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica.Watson também defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. Hoje, não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações).Os psicólogos desta abordagem chegaram aos termos “resposta” e“estímulo” para se referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito. Para explicar a adoção desses termos, duas razões podem ser apontadas: uma metodológica e outra histórica. A razão metodológica deve-se ao fato de que os analistas experimentais do comportamento tomaram, como modo preferencial de investigação, um método experimental e analítico.Com isso, os experimentadores sentiram a necessidade de dividir o objeto para efeito de investigação, chegando a unidades de análise. A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram mantidos posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso generalizado. Comportamento, entendido como interação indivíduo-ambiente, é a unidade básica de descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. O homem começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado como produto e produtor essas interações.
  • 2. A ANÁLISEEXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F.Skinner (1904- 1990). O Behaviorismo de Skinner tem influenciado muitos psicólogos americanos e de vários países onde a Psicologia americana tem grande penetração, como o Brasil. Esta linha de estudo ficou conhecida por Behaviorismo radical, termo cunhado pelo próprio Skinner, em 1945,para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do comportamento. A base da corrente skinneriana está na formulação do comportamento operante. O COMPORTAMENTO RESPONDENTE O comportamento reflexo ou respondente é o que usualmente chamamos de “não- voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas “produzidas” por estímulos antecedentes do ambiente. Como exemplo,podemos citar a contração das pupilas quando uma luz forte incide sobre os olhos, a salivação provocada por uma gota de limão colocada na ponta da língua, o arrepio da pele quando um ar frio nos atinge, as famosas “lágrimas de cebola” etc.Esses comportamentos reflexos ou respondentes são interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que independem de “aprendizagem”. Mas interações desse tipo também podem ser provocadas por estímulos que, originalmente não eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciado respodem, em certas condições, eliciar respostas semelhantes às destes. A essas novas interações chamamos também de reflexos , que agora são condicionados devido a uma história de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não respondia. Suponha que, numa sala aquecida, sua mão direita seja mergulhada numa vasilha de água gelada. A temperatura da mão cairá rapidamente devido ao encolhimento ou constrição dos vasos sangüíneos, caracterizando o comportamento como respondente. Esse comportamento será acompanhado de uma modificação semelhante, e mais facilmente mensurável, na mão esquerda, onde a constrição vascular também será induzida. Suponha,agora, que a sua mão direita seja mergulhada na água gelada um certo número de vezes, em intervalos de três ou quatro minutos, e que você ouça uma campainha pouco antes de cada imersão. Lá pelo vigésimo pareamento do som da campainha com a água fria, a mudança de temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som, isto é, sem necessidade de imergir uma das mãos .Neste exemplo de condicionamento respondente, a queda da temperatura da mão, eliciada pela água fria, é uma resposta incondicionada, enquanto a queda da temperatura, eliciada pelo som, é uma resposta condicionada (aprendida): a água é um estímulo incondicionado, e o som, um estímulo condicionado.
  • 3. No início dos anos 30, na Universidade de Harvard (EstadosUnidos), Skinner começou o estudo do comportamento justamente pelo comportamento respondente, O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre um outro tipo de relação do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise de sua ciência: o comportamento operante . Esse tipo de comportamento caracteriza a maioria de nossas interações com o ambiente. OCOMPORTAMENTOOPERANTE O comportamento operante abrange um leque amplo da atividade humana — dos comportamentos do bebê de balbuciar, de agarrar objetos e de olhar os enfeites do berço aos mais sofisticados,apresentados pelo adulto. Como nos diz Keller, o comportamento operante “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer indiretamente” . A leitura que você está fazendo deste livro é um exemplo de comportamento operante, assim como escrever uma carta, chamar o táxi comum gesto de mão, tocar um instrumento etc.Para exemplificarmos melhor os conceitos apresentados até aqui, vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos de laboratório. Vale informar que animais como ratos,pombos e macacos — para citar alguns — foram utilizados pelos analistas experimentais do comportamento (inclusive Skinner) para verificar como as variações no ambiente interferiam nos comportamentos. Tais experimentos permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que chamaram de leis comportamentais . .Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat, certamente manifesta algum comportamento que lhe permita satisfazer a sua necessidade orgânica. Esse comportamento foi aprendido por ele e se mantém pelo efeito proporcionado: saciar a sede. Assim, se deixarmos um ratinho privado de água durante 24 horas, ele certamente apresentará o comportamento de beber água no momento em que tiver sede. Sabendo disso, os pesquisadores da época decidiram simular esta situação em laboratório sob condições especiais de controle, o que os levou à formulação de uma lei comportamental.Um ratinho foi colocado na “caixa de Skinner” — um recipiente fechado no qual encontrava apenas uma barra. Esta barra, ao serpressionada por ele,acionava um mecanismo(camuflado) que lhepermitia obter uma gotinhade água, que chegava à caixa por meio de uma pequena haste.Que resposta esperava-se do ratinho? — Que pressionasse abarra. Como isso ocorreu pela primeira vez? — Por acaso. Durante aexploração da caixa, o ratinho pressionou a barra acidentalmente, o quelhe trouxe, pela primeira vez, uma gotinha de água, que, devido à sede,fora rapidamente consumida. Por ter obtido água ao encostar na barraquando sentia sede, constatou-se a alta probabilidade de que, estandoem situação semelhante, o ratinho a pressionasse novamente.Neste caso de comportamento operante, o que propicia aaprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meioe o efeito dela resultante — a satisfação de alguma necessidade, ouseja, a
  • 4. aprendizagem está na relação entre uma ação e seu efeito.Este comportamento operante pode ser representado da seguintemaneira: R — ► S , em que R é a resposta (pressionar a barra) e S (do O ratinho, por acaso, pressiona a barra e recebe a gotad’água. Inicia-se o processo de aprendizagem.
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  • 6. inglês stimuli) o estímulo reforçador (a água), que tanto interessa aoorganismo; a flecha significa “levar a”.Esse estímulo reforçador é chamado de reforço . O termo“estímulo” foi mantido da relação R-S do comportamento respondentepara designar-lhe a responsabilidade pela ação, apesar de ela ocorrerapós a manifestação do comportamento. O comportamento operanterefere- se à interação sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de relação fundamental à relação entre a ação do indivíduo (a emissão daresposta) e as conseqüências. É considerada fundamental porque oorganismo se comporta (emitindo esta ou [pg. 49] aquela resposta), suaação produz uma alteração ambiental (uma conseqüência) que, por suavez, retroage sobre o sujeito, alterando a probabilidade futura deocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função dasconseqüências criadas pela nossa ação. As conseqüências da respostasão as variáveis de controle mais relevantes.Pense no aprendizado de um instrumento: nós o tocamos paraouvir seu som harmonioso. Há outros exemplos: podemos dançar paraestar próximo do corpo do outro, mexer com uma garota para receberseu olhar, abrir uma janela para entrar a luz etc evitar ou reduzir amagnitude dosseguintes, ou seja,tapamos os ouvidospara evitar o estourodos trovões oudesviamos o rosto dabroca usada pelodentista. Por que issoacontece?Quando osestímulos ocorrem nessa ordem, o primeiro torna-se um reforçadornegativo condicionado (aprendido) e a ação que o reduz é reforçada pelocondicionamento operante. As ocorrências passadas de reforçadoresnegativos condicionados são responsáveis pela probabilidade daresposta de esquiva.No processo de esquiva, após o estímulo condicionado, o indivíduoapresenta um comportamento que é reforçado pela necessidade dereduzir ou evitar o segundo estímulo, que também é aversivo, ou seja,após a visão do raio, o indivíduo manifesta um comportamento (tapar osouvidos), que é reforçado pela necessidade de reduzir o segundoestímulo (o barulho do trovão) — igualmente aversivo. [pg. 51] Outro processo semelhante é o de fuga . Neste caso, ocomportamento reforçado é aquele que termina com um estímuloaversivo já em andamento.A diferença é sutil. Se posso colocar as mãos nos ouvidos paranão escutar o estrondo do rojão, este comportamento é de esquiva, poisestou evitando o segundo estímulo antes que ele aconteça. Mas, se osrojões começam a pipocar e só depois apresento um comportamentopara evitar
  • 7. o barulho que incomoda, seja fechando a porta, seja indoembora ou mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga. Ambosreduzem ou evitam os estímulos aversivos, mas em processos ser usado no autocontrole e, eventualmente, uma tecnologiacomportamental bem desenvolvida conduz a um autocontrole capaz. [pg.55] A QUESTÃO DO CONTROLE Uma análise científica do comportamento deve, creio eu, supor queo comportamento de uma pessoa é controlado mais por sua históriagenética e ambiental do que pela própria pessoa enquanto agentecriador, iniciador; todavia, nenhum outro aspecto da posição behavioristasuscitou objeções mais violentas. Não podemos evidentemente provarque o comportamento humano como um todo seja inteiramentedeterminado, mas a proposição torna-se mais plausível à medida que osfatos se acumulam e creio que chegamos a um ponto em que suasimplicações devem ser consideradas a sério.Subestimamos amiúde o fato de que o comportamento humano étambém uma forma de controle. Que um organismo deva agir paracontrolar o mundo a seu redor é uma característica da vida, tanto quantoa respiração ou a reprodução. Uma pessoa age sobre o meio e aquiloque obtém é essencial para a sua sobrevivência e para a sobrevivênciada espécie. A Ciência e a Tecnologia são simplesmente manifestaçõesdesse traço essencial do comportamento humano. A compreensão, aprevisão e a explicação, bem como as aplicações tecnológicas,exemplificam o controle da natureza. Elas não expressam uma “atitudede dominação” ou “uma filosofia de controle”. São os resultadosinevitáveis de certos processos de comportamento.Sem dúvida cometemos erros. Descobrimos, talvez rápido demais,meios cada vez mais eficazes de controlar nosso mundo, e nem sempreos usamos sensatamente, mas não podemos deixar de controlar anatureza, assim como não podemos deixar de respirar ou de digerir oque comemos. O controle não é uma fase passageira. Nenhum místicoou asceta deixou jamais de controlar o mundo em seu redor; controla-opara controlar-se a si mesmo. Não podemos escolher um gênero de vida no qual não haja controle. Podemos tão-só mudar as condiçõescontroladoras. Contracontrole Órgãos ou instituições organizados, tais como governos, religiões esistemas econômicos e, em grau menor, educadores e psicoterapeutas,exercem um controle poderoso e muitas vezes molesto. Tal controle éexercido de maneiras que reforçam de forma muito eficaz aqueles que oexercem e, infelizmente, isto via de regra significa maneiras que são ouimediatamente adversativas para aqueles que sejam controlados ou osexploram a longo prazo.Os que são assim controlados passam a agir. Escapam aocontrolador — pondo-se fora de seu alcance, se for uma pessoa;desertando de um governo; apostasiando de uma religião; demitindo-seou mandriando — ou então atacam a fim de enfraquecer ou
  • 8. destruir opoder controlador, como numa revolução, numa reforma, numa greve ounum protesto estudantil. Em outras palavras, eles se opõem ao controlecom contracontrole.B. F. Skinner. Sobre o Behaviorismo. Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo,Cultrix/Editora da Universidade de São Paulo, 1982