2. O que foi a peste negra?
A Peste Negra foi uma pandemia que atingiu a Europa, a China, o Oriente
Médio e outras regiões do Mundo durante o século XIV(1347-1350),
matando um terço da população da Europa e proporções provavelmente
semelhantes nas outras regiões.
Antes mesmo do sistema feudal existir (antiguidade) os historiadores
acreditam que há relatos dessa peste, porém em escala menor , pois não
havia uma população de ratos e pulgas contaminados suficientemente
grande para causar a disseminação da doença .
4. Como era transmitida?
• Em 1330 surgiram os primeiros focos
da peste bubônica na china
• O comércio por meio de navios foi o
método mais eficaz de trazer o vetor
da peste bubônica para a Europa ( a
pulga do RattusRattus, rato que graças
a viver mais perto das pessoas gerou
melhores condições para a
transmissão). Os Ratos infectados e
suas pulgas que causaram a pandemia
de 1347 eram provavelmente
oriundos ou da China ou da região
central da Asia .
• O rato preto foi bastante importante
para difusão da peste por seus
hábitos mais domesticados.
• A maneira como as pessoas viviam
nos burgos também foi importante
para a propagação da doença.
• As principais maneiras para uma
pessoa ser contaminada eram: Ou
diretamente por uma pulga, que
libertava bactérias na pele da vitima,
ou então pela inalação de saliva (tosse
e espirros, sendo essa forma mais
letal).
• A mudança do rato preto para o rato
cinza como principal hospedeiro das
pulgas foi um fator marcante para o
fim das epidemias .
5. Yersinia Pestis
A peste é uma infecção bacteriana grave transmitida pela bactéria Yersinia
pestis, presente em todos os continentes do mundo menos na Oceania.
Yersinia pestis é um organismo anaeróbico facultativo que ocorre
principalmente em roedores selvagens (p. ex., ratos, camundongos, esquilos,
cachorros-de-pradaria) e é transmitida do roedor ao ser humano pela picada
de uma pulga-vetor infectada. A peste também pode ser transmitida através
de contato com secreções ou tecidos de um animal infectado, por exemplo
muco.
6. Sintomas
O quadro clínico se apresenta com calafrios, cefaleia intensa, febre alta, dores
generalizadas, mialgias, anorexia, náuseas, vômitos, confusão mental, congestão das
conjuntivas, pulso rápido e irregular, taquicardia, hipotensão arterial, prostração e mal-
estar geral. Os casos da forma bubônica podem, com certa frequência, apresentar
sintomatologia moderada ou mesmo benigna. No 2º ou 3º dia de doença, aparecem as
manifestações de inflamação aguda e dolorosa dos linfonodos da região, ponto de
entrada da Yersinia Pestis. É o chamado
bubão pestoso, formado pela conglomeração
de vários linfonodos inflamados. O tamanho
varia 1 a 10cm; a pele do bubão é brilhante,
distendida e de coloração vermelho escura; é
extremamente doloroso e frequentemente se
fistuliza, com drenagem de material
purulento. Podem ocorrer manifestações
hemorrágicas e necróticas, devido à ação da
endotoxina bacteriana sobre os vasos.
7. O período mais quente e seco não apenas transformou determinadas áreas
em cultiváveis e habitáveis como contribuiu para dificultar a difusão da peste.
De fato, na forma bubônica seu vetor é a pulga, que vive sob uma
temperatura de 15 a 20 graus e sob uma umidade relativa do ar de 90% a
95%. Na forma pneumônica, a peste é transmitida pelas gotículas de saliva do
homem infectado, as quais em regiões frias e úmidas ficam em suspensão na
atmosfera e penetram no organismo pela respiração. Ou seja, a pluviometria
condiciona o ritmo sazonal da peste, com a umidade do ar estimulando a
epidemia se ela estiver presente na região. Daí nas zonas atlânticas, devido à
umidade, a peste ter-se instalado e persistido por anos sob uma forma
atenuada antes de eclodir em vagas violentas.
8. A Falta de Higiene
Na época, as cidades medievais agrupavam desordeiramente uma
grande quantidade de pessoas. O lixo e o esgoto corriam a céu aberto,
atraindo insetos e roedores portadores da peste. Os hábitos de higiene
pessoal ofereciam grande risco, pois os banhos não faziam parte da
rotina das pessoas.
Os que sobreviviam à doença tinham que, enfrentar a falta de
alimentos e a crise econômica instalada nas cidades. Por isso, muitas
cidades tentavam se precaver da epidemia criando locais de
quarentena para os doentes, impedindo a chegada de pessoas e
dificultando o acesso à cidade. O preconceito com a doença era tão
grande que os doentes eram, muitas vezes, abandonados, pela própria
família, nas florestas ou em locais afastados.
A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção
de medidas higiênicas nas cidades medievais.
9. Mortes
População estimada na Europa
• 1000 - 38 milhões
• 1100 - 48 milhões
• 1200 - 59 milhões
• 1300 - 70 milhões
• 1347 - 75 milhões
• 1352 - 50 milhões
Em cinco anos a peste dizimou
25 milhões de toda população
europeia, chegando a matar
50% de todas as pessoas nas
áreas mais afetadas
Durante essa pandemia 1/3 da
população europeia pereceu.
Mas o lugar onde a pandemia
de peste bubônica mais matou
foi na China
Para termos uma real noção do número de mortes
10. A Igreja
A peste tomou proporções alarmantes. Chegou a
um ponto que as pessoas, sem saber o que era isso,
começaram a buscar resposta na Igreja, na figura
divina.
A Igreja acusava que aquilo era uma punição que
vinha sobre os judeus, mas que afetava a todos e
também os exageros cometidos pela população,
argumentando que os prazeres carnais eram uma
orquestra do demônio, justificando a Peste Negra
como um castigo pelo gosto de viver.
11. Os padres, no início da peste, benziam as
pessoas, acreditando que aquilo era uma
possessão demoníaca, afinal, em se tratando de
Idade Média, o simbolismo entre bem e mal era
muito forte.
Quando a doença estava em seu auge, depois
dos coveiros, os padres eram os mais afetados
pela doença, pelo contato direto com ela.
12. O desespero crescente levou aos atos radicais e ao fanatismo
religioso. A doença era a marca do pecado e se alguém sofria no leito
era porque boa coisa não fizera antes. Na Alemanha, começou um
movimento que procurava aplacar a ira de Deus, por meio da
mortificação coletiva e era chamado de Irmandade dos Flagelantes.
Prática desconhecida na Europa até o século 11, o hábito da disciplina
como designavam a autoflagelação,
virou rotina durante aqueles anos.
Vestindo-se com uma bata ou um
saco branco, com uma cruz vermelha
no peito, eles peregrinavam de
aldeia a aldeia, repetindo ladainhas,
chicoteando- se nas costas com tiras
de relho com pontas de ferro. No
início eram apenas inocentes
aberrações, mas com o tempo os
fervorosos flagelantes se tornariam
perigosos para as outras pessoas.
13. Os Judeus
O ódio pelos judeus já existia, e agora, era mais agravante ainda.
Posto a culpa neles, a perseguição começava.
Os judeus, por não serem da Europa e por, desde a Idade Antiga,
viverem em constante migração, passando por várias regiões do
mundo até se instalarem nos domínios do continente europeu,
acabaram por se tornarem o “bode expiatório” das multidões
enfurecidas.
Em todo o norte da Europa, os judeus foram acusados de
envenenarem a água dos poços e das cisternas. Foi a mais violenta
onda de antissemitismo até então, mais intensa do que nos
tempos da Primeira Cruzada, no século 11, e somente superada
pela desencadeada pelos nazistas no século 20.
14. Vários judeus foram aprisionados e torturados para admitirem a
culpa, contudo, hoje sabe-se que a culpa não era deles, mas da
falta de higiene da maioria da população.
Na península Ibérica, incitadas por
padres apopléticos, as aljamas ou
judiarias – comunidades que
reuniam os judeus – foram
invadidas por turbas ensandecidas
que destruíam tudo pelo caminho,
prendendo os moradores para
serem em seguida queimados ou
afogados.
15. Em Basel, na Suíça, todos os judeus da cidade foram
reunidos, presos em estacas de madeira e queimados
vivos.
Em Estrasburgo, na época pertencente à Alemanha, dois
mil judeus foram mortos em fogueiras coletivas.
Nem a ação do papa Clemente VI, que expediu as bulas
de 4 de julho e 26 de setembro de 1348, isentando
oficialmente os judeus de qualquer responsabilidade no
contágio da peste, evitou os assassinatos em massa.
16. Médicos da Peste Negra
Muitos devem se lembrar de terem visto imagens dos médicos
que foram alistados para ajudar os moribundos e tentar conter a
propagação da doença, estamos falando das figuras sombrias,
que circulavam com casacões longos, luvas e aquelas máscaras
grotescas que pareciam ter um
bico sinistro. Por conta desse
estilo, é comum ser visto em
filmes e até mesmo desenhos
e tatuagens baseado na
imagem misteriosa e
aterrorizante dos médicos da
peste negra.
17. Na época, os europeus não sabiam o que,
exatamente, transmitia a peste negra, e a teoria
mais popular no século 17 era a de que o contágio
acontecia por meio do ar pestilento das cidades.
Assim, l’Orme propôs que os médicos usassem uma
máscara com um longo nariz em formato de bico
que deveria ser preenchido com ervas aromáticas,
como a mirra e a cânfora, por exemplo, e que se
protegessem com um sobretudo de couro.
Debaixo do casaco, os médicos usavam calças
justas e uma blusa de manga curta, botas e luvas –
todas feitas de couro de cabra. Só que l’Orme
acreditava que as fibras das peças podiam capturar
a doença do ar e transmiti-la aos médicos; então, as
peças tinham que ser enceradas com uma camada
de gordura de animal para que tudo fosse
impermeabilizado.
18. O Fim da Epidemia
Quando a praga por fim arrefeceu, no fim do ano de 1351, saciada
por tanta gente que matou em cinco anos de horror, a Europa não
seria mais a mesma. As elites medievais com sua fé abalada pela
devastação, tornaram-se cada vez mais sombrias, inclinaram-se por
temas mórbidos e místicos. As relações comerciais demorariam
dezenas de anos para reconquistar a força de antes da crise. As ruas e
as cidades, os campos e as estradas estavam vazias, as autoridades
haviam sumido. Os portões dos feudos se fecharam para os visitantes
que passaram a ser vistos como inimigos.
O isolamento entre os reinos tornou- se ainda maior e havia um
crescente sentimento de xenofobia. Ninguém era bem-vindo e todos
eram suspeitos de carregar a peste.
19. Consequências
• Religião
A peste negra levou ao cinismo em
relação a autoridades religiosas que
não conseguiam cumprir suas
promessas de curar vítimas da peste e
banir a doença. Ninguém, inclusive a
Igreja, foi capaz de curar ou mesmo
explicar a peste. Na verdade, a
maioria achava que se espalhava pelo
ar, chamando-a de miasma.
Isso aumentou a dúvida nas
habilidades do clero. A alienação
extrema da igreja culminou no apoio a
diferentes grupos religiosos, como os
flagelantes, que cresceram
tremendamente durante os anos
iniciais da peste negra.
• Despovoamento
Informações sobre o número de mortes
variam amplamente por área e de fonte
para fonte.
Aproximadamente 25 milhões de
mortes ocorreram somente na Europa,
com muitas outras ocorrendo no norte
da África, no Oriente Médio e na Ásia.
• Efeitos socioeconômicos
Os governos da Europa não tiveram uma
resposta aparente à crise porque
ninguém sabia sua causa ou como ela se
espalhava. A maioria dos monarcas
instituiu medidas que proibiram a
exportação de alimentos, condenou
especuladores do mercado negro,
estabeleceu controles de preços sobre os
grãos e proibiu a pesca em larga escala.