Habermas foi um importante teórico crítico do movimento estudantil na década de 1960 e é considerado um dos últimos representantes da Escola de Frankfurt. Seu pensamento procura criar uma teoria social crítica baseada em uma teoria da sociedade e da razão que inclua teoria e prática. Ele parte do pressuposto que todo o conhecimento é influenciado por interesses, distinguindo interesses técnicos, comunicativos e emancipatórios.
2. Habermas foi durante os anos 60 um dos
principais teóricos e depois crítico do movimento
estudantil. É considerado um dos últimos
representantes da escola de Frankfurt.
Apesar da enorme complexidade do pensamento
de Habermas, é possível descobrir algumas
constantes:
1. Ao longo da sua vastíssima obra, tem
procurado de criar uma teoria crítica social
assente numa teoria da sociedade
2. Assumindo-se como um dos defensores da
modernidade, procura igualmente criar uma
teoria da razão que inclua teoria e prática, o
mesmo é dizer, uma teoria que seja ao mesmo
tempo justificativa e explicativa.
3. 3.A noção de interesse é nuclear no seu pensamento.
Habermas parte do pressuposto que todo o
conhecimento é induzido ou dirigido por interesses.
Mas ao contrário das Karl Marx não o reduz o
conhecimento à esfera da produção, onde seria
convertido em ideologia. Nem reduz os conflitos de
interesses à luta de classes. A sua noção de interesse é
muito ampla. Os interesses surgem de problemas que a
humanidade enfrenta e a que tem que dar resposta. Os
interesses são estruturados por processos de
aprendizagem e compreensão mútua. É neste contexto
que Habermas afirma o princípio da racionalidade dos
interesses. Distingue três grandes tipos de interesses,
segundo um hierarquia algo peculiar:técnicos;
comunicativos; emancipatórios.
4. interesses técnicos interesses
comunicativos
interesses
emancipatórios ou
libertadores
surgem do desejo de
domínio e controlo da
natureza. Tratam-se de
interesses técnicos na
medida em que a
tecnologia se apoia ou
está ligada à ciência.
Todo o conhecimento
científico enquadra-se
nesta esfera de
interesses.
levam os membros
duma sociedade a
entenderem-se com
outros membros da
mesma da mesma
comunidade, o que
origina entendimentos e
desentendimentos entre
as várias comunidades.
Nesta esfera de
interesses estão as
chamadas ciências do
espírito
estão ligados à auto-reflexão
que permite
estabelecer modos de
comunicação entre os
homens tornando
razoáveis as suas
interpretações. Estes
interesses estão ligados à
reflexão, às ciências
críticas (teorias sociais), e
pelo menos em parte, ao
pensamento filosófico.
5. 4.A auto-reflexão individual é inseparável da
educação social, e ambas são aspectos de
emancipação social e humana. As decisões
(práticas) são encaradas como actos racionais,
onde não é possível separar a teoria da prática.
5. Todo o seu pensamento aponta, assim, para
uma auto-reflexão do espécie humana, cuja
história natural nos vai dando conta dos níveis de
racionalidade que a mesma atinge
6. ° A ética do discurso tem na linguagem argumentativa o
critério procedimentalista para a fundamentação racional de
normas morais. Embora a ética do discurso encontre as suas
raízes na teoria moral kantiana, há uma diferença
fundamental entre as duas propostas: em Kant, cada sujeito
em seu teto interno determina o que é e o que não é
(objetivamente) moral; já à ética do discurso, as questões
morais são resolvidas dentro de uma comunidade de
comunicação. A razão monológica não é mais suficiente para
decidir sobre questões morais, mas é a razão dialógica que vai
determinar o que pode e deve ser feito em situações de
conflito moral. A validade ou não de uma norma é mediada
pelo consenso alcançado entre os sujeitos capazes de
linguagem e ação.
7. Assim, a ética do discurso é
constituída pela tentativa de estruturação de uma teoria da
racionalidade fundamentada naquilo que tanto Apel quanto
Habermas chamaram de razão comunicativa, o que não é
apenas uma queixa contra a razão instrumental, mas uma
proposta de uma ética do viver bem, da felicidade e da
solidariedade entre os indivíduos capazes de linguagem e
ação. De modo mais específico, Habermas é visto e
reconhecido como um dos pensadores que fundamentam a
ética do discurso através da pragmática formal. Contudo, não
é fácil abordar a ética do discurso sem ferir a sua
profundidade e a sua abrangência. O mesmo se pode dizer
de Apel, cuja fundamentação ocorre através da pragmática
transcendental.