Este documento analisa cinco obras de arte abstrata que exploram a irregularidade através da falta de organização visual e formas livres e imprevistas. As obras incluem pinturas de Maurice Tabard, Joan Miró, Wassily Kandinsky e uma colagem de Minimo Rotella e fotomontagem de Raoul Hausmann. O documento conclui que essas obras quebram com as regras estabelecidas em busca de novos padrões criativos.
1. SENAC‐ EAD 2012– Artes visuais‐ Cultura e Criação
Márcio Otávio Ferreira Pereia
7 de outubro de 2013
A irregularidade em cinco obras
Para a análise a seguir das cinco obras escolhidas tomarei como referência o
conceito de irregularidade exposto no livro Gestalt do Objeto de João Gomes
Filho. No ivro a irregularidade é caracterizada pela ausência de ordem e
nivelamento. O autor também explicita que na irregularidade destaca-se a
falta de organização visual dos elementos compositivos.
A primeira obra a ser analisada a partir desse conceito é uma imagem de
Maurice Tabard, de 1935, construida a partir da pintura revelador e intitulada
Os dois convidados. Esta trabalho é considerado constuinte de um grupo de
obras pertencente a uma corrente chamada abstração informal. Nesta
corrente formas livres, irregulares e imprevistas são representadas,
evidenciando o caráter aleatório em seu desenho ou composição. Para que
isso aconteça o artista se utiliza de manchas de intensidades e contornos
variáveis para representar o acaso, a irracionalidade e a ausência de uma
ordem ou estrutura plástica.
Outra obra que pode ser considerada a partir do prisma da irregularidade é a
pintura de Joan Miró, intitulada O carnaval dos arlequins, produzida entre os
anos de 1924 a 25. Nessa pintura Miró lança mão, através de elementos
livres e sinuosos, de uma variedade de contornos arredondados e irregulares,
gerando uma confusão, ou seja, uma mistura desordenada de formas
exóticas. Essas formas obscuras na sua excentricidade questionam conceitos
como real e irreal, racional e irracional.
Wassily Kandinky, com sua pintura Amarelo-vermelho-azul, produzida
também em 1925 expoe uma composição abstrata e complexa na qual várias
figuras como círculos, triângulos, retângulos, pontos, linhas retas e sinuosas
2. disputam lugar com áreas irregulares de cor lisa e manhas imprecisas. Dessa
forma ele cria uma pintura com muitos elementos que mesclam formas da
geometria com manchas livres e irregulares.
A quarta obra é a colagem intitulada Cinemascope, do artista Minimo Rotella,
produzida em 1962. Nesta imagem percebemos a confusão de imagens
escondidas que evidenciam a deteriorização da experiência visual em função
de novos sentidos de visualidade. Isso éconseguido através do procedimento
de fragmentação, no qual o artista rasga várias unidades de cartazes
cinematográficos, evidenciando apenas fragmentos dos mesmos.
E por último, do artista Raoul Hausmann, a fotomontagem inttitulada ABCD,
retrato do artista, feita em 1923. Nesta obra o artista produz uma unidade
visual incoerente que exalta a contradição. Isso acontece através da
justaposição aleatória de recortes fotográficos provocando confusão e
subversão de uma unidade na imagem buscada pelos cubistas. Através
desse procedimento ele constrói uma imagem desorganizada que transmite
visões incompatíveis sobre um mesmo suporte.
Concluindo pego emprestado a definição apresentada pelo dicionário online
de português de irregularidade Neste site a irregularidade é caracterizada
como um ato feito em desacordo com os regulamentos.Transpondo essa
significação à produção apresentada acima podemos perceber uma
necessidade desses artistas em ultrapassar os regulamentos ditados pela
produção artistíca em que estavam inseridos para propor obras de arte que
rompiam com o já estabelecido, em busca de novos padrões de criação.
Referências:
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São
Paulo: Escrituras Editora, 2000.
Disponível em http://www.dicio.com.br/irregularidade/. Acessado em:
07/10/2013 às 20:35hrs.