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Eficiência energética
em equipamentos e sistemas eléctricos
no sector residencial
FEDER
Iniciativa promovida e financiada por
Eficiência energética
em equipamentos
e sistemas eléctricos
no sector residencial
1
2
FICHA TÉCNICA
TÍTULO:
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
EDIÇÃO :
DGGE / IP-3E
DESIGN:
Companhia das Cores
IMPRESSÃO e ACABAMENTO:
Tipografia Peres
Rua das Fontaínhas, Lote 2
Venda Nova
2700-391 AMADORA
TIRAGEM
1000 exemplares
DEPÓSITO LEGAL
ISBN
972-8268-31-9
Lisboa, Abril 2004
PUBLICAÇÃO GRATUITA
Para mais informações:
www.p3e-portugal.com
Edição Financiada por
FEDER
3
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
ÍNDICE
1. Enquadramento energético do sector residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4
1.1. Caracterização dos consumos eléctricos no sector residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4
2. A etiquetagem energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
2.1. Equipamentos de frio doméstico (frigoríficos, congeladores e combinados) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
2.2. Máquinas de lavar roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
2.3. Máquinas de secar roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
2.4. Máquinas de lavar-secar roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
2.5. Máquinas de lavar louça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
2.6. Forno eléctrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.7. Iluminação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18
3. Equipamentos a etiquetar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
3.1. Ar condicionado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
3.2. Consumos de Stand-by . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
3.2.1. O consumo de stand-by nos equipamentos audiovisuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
3.2.2. O consumo de stand-by nos equipamentos informáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
4. Instrumentos de eficiência energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
4.1. Transformação do mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
4.2. Instrumentos de transformação do mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
4.2.1. Etiquetagem energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
4.2.2. Níveis mínimos de eficiência energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
4.2.3. Aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
4.2.4. Impacto das acções desenvolvidas a nível europeu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
5. Potencial de economias de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
6. Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
7. Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
4
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
1. ENQUADRAMENTO ENERGÉTICO DO SECTOR RESIDENCIAL
O consumo de energia no sector residencial em Portugal tem apresentado um crescimento acentuado nos últimos anos,
representando em 2001 cerca de 16% do consumo nacional em energia final, sendo o terceiro sector mais energívero.
Consumos de energia final em Portugal (1999/2001)
Em 1996, a desagregação da estrutura dos consumos1 mostrava que a energia eléctrica representava cerca de 28% do
consumo total do sector, valor este que correspondia a cerca de 60% das despesas em energia das famílias portuguesas.
Estrutura dos consumos e seus custos desagregados por forma de energia no sector residencial (1996)
O panorama actual de consumos e despesas não se afasta muito do verificado em 1996, sendo de ressalvar a introdução do
gás natural, que no entanto não alterou significativamente aquela estrutura. Assim, a preponderância do consumo de ener-
gia eléctrica no sector residencial tem-se acentuado, verificando-se um crescimento nas duas últimas décadas (1980-2000) a
uma taxa média anual de cerca de 7%, superior à verificada para as restantes fontes energéticas. Em consequência, o con-
sumo de electricidade nas habitações portuguesas no ano 2000 foi de 10.056 GWh, enquanto que em 1980 era de apenas
3.395 GWh. Este facto deve-se essencialmente ao aumento do rendimento disponível das famílias acompanhado de uma pro-
cura crescente da melhoria das condições de conforto, com repercussões directas no aumento do parque de electrodomés-
ticos instalados. Relativamente a estes, o mercado nacional tem apresentado uma enorme diversidade de modelos com efi-
ciências muito distintas, o que tem contribuído para um crescimento desnecessário dos consumos energéticos.
Foi neste contexto de consumos crescentes, que a Comissão Europeia definiu o sector residencial como um dos sectores
fundamentais de intervenção a nível da promoção da eficiência energética, e em particular nos aspectos relacionados com
a energia eléctrica.
1.1. Caracterização dos consumos eléctricos no sector residencial
A estrutura de consumos eléctricos desagregados pelas principais utilizações finais foi obtida com base na monitorização
de cerca de 150 unidades de alojamento (u.a.) realizada em Portugal2 nos últimos anos, e cujos resultados são ilustrados
na figura seguinte.
Despesas com o consumo por forma de energia -
sector residencial
Lenhas
13%
Electricidade
60%
Gás de cidade
2%
GPL
canalizado
1%
GPL garrafas
24%
Consumo por forma de energia -
sector residencial
Electricidade
28%
Lenhas
41%
GPL garrafas
26%
GPL
canalizado
2%
Gás de cidade
2%
Outros
1%
Consumo energia final - 2001
Doméstico
16%
Serviços
11%
Outros
8% Transportes
35%
Indústria
30%
Consumo energia final - 1999
Doméstico
13%
Serviços
9%
Outros
8% Transportes
38%
Indústria
32%
1 Dados mais recentes do Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico disponibilizados pela Direcção Geral de Energia;
2 “Caracterização do consumo de energia no sector doméstico”, Centro para a Conservação de Energia, 1996;
“Monitorização de consumos energéticos no sector residencial”, Centro para a Conservação de Energia, 1997;
“EURECO – Energy savings by using efficient end-uses appliances in the residential sector”, ADENE-Agência para a Energia, 2002.
5
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Repartição do consumo de electricidade por uso final
Da análise da figura anterior, pode-se verificar que os equipamentos de frio doméstico (frigoríficos, combinados e conge-
ladores) representam cerca de 32% do consumo, pelo que devem ser uma das prioridades para os programas de eficiên-
cia energética. Em termos de tendência, prevê-se que os equipamentos informáticos, os secadores de roupa e as máqui-
nas de lavar louça venham a ter um peso cada vez mais significativo. Com efeito, o peso ainda reduzido que apresentam
resulta da sua baixa penetração, prevendo-se que esta aumente significativamente nos próximos anos, com impactes di-
rectos na estrutura de consumos do sector.
A estrutura de consumos eléctricos acima referida está suportada na seguinte taxa de penetração dos equipamentos nas
unidades de alojamento.
Taxas de posse 3 dos equipamentos
Com base na informação recolhida das monitorizações efectuadas, foi possível estimar a estrutura do diagrama de carga
horário para o sector residencial desagregado pelos principais usos finais, que se ilustra na figura seguinte. Esta figura re-
vela que três das utilizações específicas de electricidade (iluminação, equipamentos de frio e audiovisual) representam, no
período de ponta nocturna, mais de um terço da potência total solicitada, razão pela qual estas três utilizações apresen-
tam um potencial de intervenção mais elevado.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Forno Eléctrico
Arrefecimento ambiente
Aquecimento ambiente
AQS Eléctrico
Iluminação
Informática
Audiovisuais - TV, VCR, Hi-Fi
Máquina Lavar Louça
Máquina Secar Roupa
Máquina Lavar Roupa
Congelador
Frigorífico/Combinado
Repartição dos consumos de electricidade pelos diferentes usos finais
(Total 2002: 11087 GWh)
Informática
2%
Iluminação
12%
AQS Eléctrico
5%
Aquecimento ambiente
15%
Outros
12%
Congelador
10%
Frigorífico / Combinado
22%
Arrefecimento ambiente
2%
Audiovisuais
9%
Forno
1%
Máquina Lavar Louça
3%
Secador Roupa
2%
Máquina Lavar Roupa
5%
3 Fonte: INE (Instituto Nacional Estatística) – Indicadores de conforto (1997)
6
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Estrutura do diagrama de carga horário para o sector residencial
Na figura seguinte apresentam-se as estimativas4 de emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) devidas ao consumo
eléctrico de cada equipamento. A projecção de emissões de GEE no sector residencial teve como base os cenários de pro-
jecção de consumos da Direcção Geral de Geologia e Energia (DGGE), aos quais se associaram Factores de Emissão (FE)
corrigidos nos períodos considerados.
Distribuição do Potencial de Aquecimento Global (PAG)5 por uso final
Esta figura mostra que é previsível um acréscimo de 10% das emissões de CO2 equivalente no período compreendido en-
tre 2000 e 2005 associadas ao consumo de electricidade no sector residencial, o que reforça a necessidade de interven-
ção, com particular ênfase nos usos finais que apresentam maior potencial de economias de energia e taxas de penetra-
ção tendencialmente crescentes. No entanto, os valores estimados para o aquecimento e arrefecimento não têm em conta
a nova regulamentação térmica e energética para os edifícios, que justamente se baseia em conceitos que permitirão con-
trariar, de forma significativa, a tendência crescente verificada naqueles consumos. Contudo, é importante salientar que os
consumos energéticos no sector residencial dependem, para além da eficiência energética dos equipamentos, também da
sua idade, do modo de utilização e do estado de manutenção, pelo que o potencial de economias de energia em cada
unidade de alojamento é muito variável.
Com base nestas considerações referem-se neste documento algumas medidas que visam promover a eficiência energética dos
equipamentos eléctricos, apresentando-se também uma estimativa do potencial de economias de energia resultante da sua
penetração no mercado. No entanto, e embora o consumo de energia neste sector esteja fortemente dependente da tecnolo-
gia utilizada, está também e de forma fundamental, dependente dos comportamentos dos utilizadores. Assim, qualquer abor-
dagem ao sector terá forçosamente de ter em conta estes dois aspectos, integrando uma vertente de promoção das tecnolo-
gias mais eficientes, sem no entanto descurar o aspecto informativo sobre as “melhores práticas” para a sua utilização.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Frigorífico Congelador
Congelador
Máquina Lavar Roupa
Secador Roupa
Máquina Lavar Louça
Audiovisuais - TV, VCR, Hi-Fi
Informática
Iluminação
AQS Eléctrico
Aquecimento ambiente
Arrefecimento ambiente
Forno
Outros
kt CO2 eq.
2005
2000
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
Potência(MW)
Equipamentos de frio Máquina de lavar roupa
Máquina de lavar louça Máquina de secar roupa
Conjunto informático Conjunto audiovisual
Iluminação Outras aplicações
4 “Avaliação dos Gases com Efeito Estufa (GEE´s) em Portugal – Apoio à implementação ao Protocolo de Kyoto”, Faculdade de Ciências e
Tecnologia, 2000;
5 A abordagem adoptada segue o ciclo de vida do combustível até ao utilizador final.
2. A ETIQUETAGEM ENERGÉTICA
A etiquetagem energética de equipamentos domésticos foi criada pela Comissão Europeia para informar os consumidores
sobre os desempenhos energéticos dos electrodomésticos, em termos de consumo de electricidade e nalguns casos tam-
bém de água, de modo a tornar possível efectuar a comparação entre os diversos modelos existentes no mercado. As in-
formações fornecidas pela etiqueta energética ajudam os consumidores a realizar uma escolha racional com repercussões
na diminuição da factura eléctrica, contribuindo ao mesmo tempo para a preservação do meio-ambiente.
A etiqueta energética garante também uma vantagem comercial aos fabricantes que produzem aparelhos eficientes e pe-
naliza aqueles que não promovem a eficiência energética dos seus produtos. É assim um instrumento de política energé-
tica, que permite alargar as áreas de decisão dos consumidores no processo de aquisição dos equipamentos, contribuin-
do para o aumento da penetração dos equipamentos mais eficientes, melhorando a qualidade do parque instalado, com
repercussão na redução dos consumos energéticos.
A etiquetagem energética está consagrada na Directiva Qua-
dro Europeia (92/75/CEE) e nas subsequentes directivas pa-
ra cada família de equipamentos. É baseada em categorias
pré-definidas de A (melhor índice de eficiência energética) a
G (pior índice), sendo de afixação obrigatória em todos os
equipamentos abrangidos, desde que estejam expostos ao
público. Estes índices de eficiência são obtidos através de
ensaios laboratoriais realizados de acordo com normas téc-
nicas específicas para cada tipo de equipamento. Para além
dos dados energéticos encontram-se também indicados ou-
tros parâmetros que revelam um conjunto de características
técnicas das diferentes famílias de equipamentos. Os dados
existentes na etiqueta são da responsabilidade dos fabri-
cantes sendo a sua colocação da responsabilidade da enti-
dade que os comercializa.
Na tabela seguinte encontram-se os equipamentos que já possuem etiqueta energética e as datas de aplicação obrigató-
ria das Directivas Europeias.
Equipamentos etiquetados em Portugal
Equipamento Em vigor em Portugal desde: Data da Directiva Europeia
Frigoríficos e Congeladores Janeiro de 1995 (Portaria n.º 1139/94) Janeiro de 1994
Máquinas de secar roupa Abril de 1996 (Portaria n.º 117/96) Maio de 1995
Máquinas de lavar roupa Abril de 1996 (Portaria n.º 116/96) Maio de 1995
Máquinas de lavar e secar roupa Novembro de 1997 (Portaria n.º 1095/97) Setembro de 1996
Máquinas de lavar louça Agosto de 1999 (Decreto-Lei n.º 309/99) Abril de 1997
Lâmpadas CFL e incandescentes Fevereiro de 2000 (Decreto-Lei n. 18/2000) Janeiro de 1998
Fornos eléctricos Janeiro de 2003 (Decreto-Lei n.º 27/2003) Maio de 2002
2.1. Equipamentos de frio doméstico (frigoríficos, congeladores e combinados)
Os equipamentos de frio são responsáveis por cerca de 32% do consumo total de energia eléctrica no sector doméstico,
assumindo-se como os equipamentos mais consumidores em virtude da sua elevada taxa de penetração, estando pre-
sentes na totalidade das unidades de alojamento em Portugal. Estes equipamentos transferem calor do seu interior pa-
ra o exterior, de modo a poder conservar os alimentos a uma temperatura mais ou menos constante. O compartimento
frigorífico é mantido a +5°C, enquanto que o compartimento de congelação é mantido a uma temperatura que varia com
a categoria do aparelho (ver tabela seguinte).
7
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Classificação da eficiência energética dos equipamentos
8
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Características gerais dos equipamentos domésticos de frio
Categoria Temperatura do compartimento Tempo médio de conservação
(nº estrelas) de alimentos congelados dos alimentos congelados
– Pode ter compartimento de produção de gelo Apenas conserva alimentos frescos
* –6°C 1 semana
** –12°C 1 mês
*** –18°C 3 meses
* *** –18°C 3 meses (congela alimentos frescos)
O frigorífico deve ter um tamanho adequado às necessidades dos utilizadores porque, quanto maior for o volume interior
também maior será o respectivo consumo energético. O funcionamento dos equipamentos de frio é cíclico, em que parte
do ciclo corresponde ao funcionamento à potência nominal e outra parte à paragem do compressor, como se visualiza na
figura seguinte.
Perfil de funcionamento de um combinado
O consumo de electricidade destes equipamentos depende essencialmente da regulação da temperatura, da capacidade
de isolamento e do desempenho do compressor. Por ser o electrodoméstico com maior consumo, foi também o primeiro
a ter uma etiqueta energética, obrigatória desde Janeiro de 1995 (Portaria n.º 1139/94 de 22 de Dezembro). Esta etiqueta
fornece ao consumidor informações claras, objectivas e normalizadas em toda a Europa, permitindo comparar os equipa-
mentos entre si. Na figura seguinte representa-se a etiqueta energética para os equipamentos de frio doméstico.
Etiqueta energética para equipamentos de frio doméstico
Referência do aparelho – designação
ou marca do fabricante
Classe de eficiência energética
Etiqueta ecológica europeia
Consumo anual de energia
Capacidade (l) e número de estrelas
Nível de ruído (dB(A))
Bandeira Europeia
0
25
50
75
100
125
150
175
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Horas
Potência(W)
A classe de eficiência energética reflecte o estado tecnológico destes equipamentos num determinado momento. A rela-
ção entre o consumo de um dado aparelho e o consumo médio da sua categoria define o índice de eficiência energética
(EEI), que se relaciona com as classes energéticas como se indica na seguinte tabela:
Classificação energética dos equipamentos de frio
Classe de eficiência energética Índice de eficiência energética Diferença de consumos
A EEI < 55 Superior a –45%
B 55 ≤ EEI < 75 de –45% a –25%
C 75 ≤ EEI < 90 de –25% a –10%
D 90 ≤ EEI < 100 de –10% a 0
E 100 ≤ EEI < 110 de 0 a +10%
F 110 ≤ EEI < 125 de +10% a +25%
G 125 ≤ EEI Superior a +25%
Em Julho de 1998, o Decreto-Lei n.º 214/98 transpôs para Portugal a Directiva Europeia nº 96/57/CE que consagrou as nor-
mas de eficiência energética mínimas, abrangendo todas as classes de frio doméstico (frigoríficos, congeladores e combi-
nados). De acordo com esta Directiva, são excluídos do mercado a maioria dos equipamentos de frio com classes de efi-
ciência igual ou inferior à classe D. Estima-se que esta imposição de níveis mínimos de eficiência energética permitirá
reduzir os consumos energéticos destes equipamentos em cerca de 18% até 2020. Esta medida originou uma significati-
va evolução tecnológica nestes equipamentos, de tal forma que actualmente já existem no mercado vários equipamentos
de frio com níveis de eficiência superior ao necessário para obter a classificação A, sendo denominados de equipamentos
de classe A+ e A++.
O consumo de energia destes equipamentos também depende muito da forma como são utilizados. Assim, para um cor-
recto funcionamento dos equipamentos de frio, devem ter-se em atenção os aspectos referidos no quadro seguinte.
O que não deve ser feito:
• Colocar este tipo de equipamento junto de fontes de calor (fornos, fogões), nem em locais com incidência solar
directa. Baixando a temperatura da envolvente do equipamento em 5°C pode-se atingir uma economia de energia
de aproximadamente 30%;
• Deixar que o gelo se acumule, pois dificulta a transferência de calor entre o evaporador e o interior do frigorífico.
O consumo pode aumentar em cerca de 30% se existir uma camada de gelo superior a 5 mm;
• Colocar comida ainda quente no frigorífico.
O que fazer:
• Assegurar a existência de espaço para circulação do ar na parte traseira do frigorífico;
• Limpar a grelha traseira do frigorífico pelo menos uma vez por ano. A acumulação de pó e sujidade dificulta a tro-
ca de calor através do condensador;
• Verificação regular da estanquicidade das portas. Tal pode ser efectuado deixando uma folha de papel entre a bor-
racha e a porta. Se a folha de papel ficar solta, é porque a porta não fecha convenientemente;
• Ajustar o regulador de temperatura interior de acordo com as necessidades;
• Reduzir o tempo de abertura das portas ao necessário (20% do consumo global dos equipamentos de frio são de-
vidos às aberturas das portas). Esta prática também reduz a acumulação de gelo;
• Cobrir a comida confeccionada e acondicionar convenientemente os alimentos em geral. Estas práticas evitam a
proliferação de bactérias e odores, evitando também a formação de gelo dentro do aparelho.
9
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
2.2. Máquinas de lavar roupa
A máquina de lavar roupa é um equipamento cujo consumo representa cerca de 5% do consumo total de electricidade
nas habitações, apresentando uma taxa de penetração da ordem dos 90%.
Uma máquina de lavar roupa consome água e energia eléctrica. A electricidade é necessária às acções mecânicas (rotação
do tambor, enxaguamento, bombas de circulação da água) e à acção térmica para aquecimento da água por resistência
eléctrica. O aquecimento eléctrico da água constitui por si só 80 a 90% do consumo total de energia de um ciclo de la-
vagem. Existem também equipamentos que apresentam a hipótese de serem alimentadas com água quente, proveniente
de outros sistemas de aquecimento (caldeiras murais, termoacumuladores a gás, painéis solares, etc.), permitindo reduzir
o consumo eléctrico de forma significativa. No entanto, estas máquinas não se encontram muito difundidas no mercado
nacional.
A figura seguinte representa os ciclos típicos de funcionamento de uma máquina de lavar roupa, para diferentes tempe-
raturas de lavagem, permitindo identificar um nível elevado de consumo energético que está associado ao aquecimento
da água e níveis mais reduzidos associados à rotação do tambor na centrifugação final da roupa.
Ciclos de lavagem a baixa temperatura (30°C) e a temperatura elevada (60°C)
As máquinas de lavar roupa apresentam habitualmente vários programas baseados em temperaturas mais ou menos ele-
vadas, adaptadas às lavagens de diferentes tipos de roupa. No entanto, a evolução nos detergentes tem vindo a permi-
tir a obtenção de uma boa qualidade de lavagem mesmo a baixas temperaturas (30°C), contribuindo para a redução dos
consumos energéticos. Na figura seguinte podem-se constatar as economias de energia obtidas com ciclos de baixa tem-
peratura.
Consumo médio dos ciclos de lavagem das máquinas de lavar roupa
Alguns dos parâmetros que não deverão ser negligenciados na compra de uma máquina de lavar roupa são a velocidade
0
500
1000
1500
2000
Frio 30/40ºC 60ºC 90ºC
Wh/ciclo
0
500
1000
1500
2000
2500
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Minutos
Potência(W)
60º 30º
10
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
de rotação na centrifugação (quanto maior for a velocidade de centrifugação menor será a quantidade de água retida na
roupa, pelo que menor será o ciclo de secagem com a consequente redução do consumo energético) e a existência de
programas económicos (as reduções do consumo de electricidade podem atingir 40%).
A etiqueta de energia aplicada às máquinas de lavar a roupa vigora desde 1996, e tem a configuração representada na fi-
gura seguinte.
Etiqueta energética para as máquinas de lavar roupa
A classificação energética das máquinas de lavar roupa fundamenta-se no consumo obtido em ciclos de lavagem norma-
lizados de tecidos de algodão e a uma temperatura de 60°C, sendo expresso em kWh/kg de roupa, estabelecendo-se clas-
sificações numa escala de A (mais eficiente) a G (menos eficiente), conforme as indicações apresentadas na tabela se-
guinte. São ainda indicados os acréscimos médios de consumo verificados entre as diferentes classes de eficiência e a
classe A.
Classificação energética das máquinas de lavar roupa
Classe de eficiência energética Consumo de energia (kWh/kg) Diferença de consumos
A C ≤ 0,19 X
B 0,19 ≤ C ≤ 0,23 X+21%
C 0,23 < C ≤ 0,27 X+42%
D 0,27 < C ≤ 0,31 X+63%
E 0,31 < C ≤ 0,35 X+84%
F 0,35 < C ≤ 0,39 X+105%
G C > 0,39 > X+105%
Na figura seguinte ilustra-se o diagrama de carga (DDC) médio das máquinas de lavar roupa resultante de monitorizações
efectuadas. Assumindo que este comportamento é representativo do universo, é de todo vantajosa a realização de uma
campanha de sensibilização dos clientes Baixa Tensão (BT) para a utilização da tarifa bi-horária, transferindo os consumos
deste tipo de equipamentos para períodos tarifários favoráveis. Este procedimento apresenta vantagens financeiras quer
para os utilizadores, quer para a empresa distribuidora de electricidade, pois contribui para a rectangularização do dia-
grama de carga de produção, com as vantagens daí decorrentes.
Referência ou marca do aparelho
— designação ou marca do fabricante
Classe de eficiência energética
Etiqueta ecológica europeia
Consumo de energia (kWh) relativamente
a um ciclo de algodão de 5 kg a 60ºC
Eficiência de lavagem
Eficiência de centrifugação
Bandeira Europeia
Capacidade (kg) e consumo de água (l)
Níveis de ruído para a lavagem
e centrifugação (db(A))
11
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Diagrama de carga médio das máquinas de lavar roupa
Conselhos para a sua utilização:
• Escolher criteriosamente o programa de que necessita, de acordo com o tipo de roupa que vai lavar;
• Evitar a utilização da pré-lavagem (só quando a roupa estiver muito suja);
• Seleccionar a tecla económica (ECO), sempre que a roupa não estiver muito suja;
• Utilização de programas a baixas temperaturas sempre que possível;
• Utilizar a máquina preferencialmente na sua capacidade máxima;
• Instalar as máquinas em locais secos e bem ventilados.
2.3. Máquinas de secar roupa
As máquinas de secar roupa apresentam uma taxa de penetração baixa (13%) nos alojamentos portugueses, mas com ten-
dência para aumentar num futuro próximo. No mercado existem dois tipos de máquinas para secagem da roupa – eva-
cuação do ar húmido para o exterior ou a sua condensação, apresentando as primeiras menores níveis de consumo ener-
gético. Tal como no caso das máquinas de lavar roupa, a maior parte da energia é consumida no processo de aquecimento,
neste caso do ar, através de resistência eléctrica.
A figura seguinte representa um ciclo típico de funcionamento para uma máquina de secar roupa de evacuação, verifi-
cando-se a solicitação de uma potência eléctrica elevada, durante um período de tempo considerável.
Ciclo típico da máquina de secar roupa
A etiqueta de eficiência energética está em vigor desde 1996 para todas as máquinas de secar roupa (Portaria n.º 117/96
de 15 de Abril).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Tempo (minutos)
Potência(W)
0
20
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100
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Horas
Potência(MW)
12
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
13
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Etiqueta energética para as máquinas de secar roupa
A metodologia utilizada para etiquetar energeticamente estes equipamentos baseia-se no consumo (kWh/kg) para um ci-
clo de carga máxima de algodão (ciclo padrão), sendo estabelecida uma classificação numa escala de A a G, e indicada
na tabela seguinte.
Classificação energética das máquinas de secar roupa
Classe Máquina de secar por extracção Máquina de secar por condensação
de eficiência Consumo Diferença Consumo Diferença
energética de energia (kWh/kg) de consumos de energia (kWh/kg) de consumos
A C < 0,51 X C < 0,55 X
B 0,51 < C ≤ 0,59 X+16% 0,55 < C ≤ 0,64 X+16%
C 0,59 < C ≤ 0,67 X+32% 0,64 < C ≤ 0,73 X+33%
D 0,67 < C ≤ 0,75 X+47% 0,73 < C ≤ 0,82 X+49%
E 0,75 < C ≤ 0,83 X+63% 0,82 < C ≤ 0,91 X+65%
F 0,83 < C ≤ 0,91 X+78% 0,91 < C ≤ 1 X+82%
G C > 0,91 > X+78% C > 1 > X+82%
Na figura seguinte ilustra-se o diagrama de carga (DDC) médio das máquinas de secar roupa resultante de monitorizações
efectuadas. Assumindo que este DDC é representativo do universo, e à semelhança do referido para as máquinas de la-
var roupa, é também aqui vantajoso a sensibilização dos clientes para a transferência dos consumos deste tipo de equi-
pamentos para períodos tarifários mais favoráveis.
Diagrama de carga médio das máquinas de secar roupa
0
20
40
60
80
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
Potência(MW)
Referência do aparelho – nome ou marca do fabricante
Classe de eficiência energética
Etiqueta ecológica europeia
Consumo de energia (kWh) por programa para 5 kg de algodão
Capacidade (kg)
Tipo de aparelho
Nível de ruído (dB(A)) - Facultativo
Bandeira Europeia
14
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Conselhos para a sua utilização:
• Utilize preferencialmente a máquina na sua capacidade de carga máxima;
• Se centrifugar a roupa na máquina de lavar a uma velocidade elevada, o consumo de energia eléctrica dispendi-
do pelo secador será menor;
• Para a instalação de uma máquina de secar roupa por evacuação recomenda-se um local sem problemas de ven-
tilação;
• No caso de possuir uma máquina de secar roupa por evacuação, o tubo para o exterior deve ser o mais curto pos-
sível, por forma a aumentar o rendimento de secagem.
2.4. Máquinas de lavar-secar roupa
Uma máquina com as funções de lavagem e secagem permite ganhar espaço numa unidade de alojamento, substituindo
com vantagem o conjunto máquina de lavar roupa e secador de roupa. A etiqueta energética concebida para as máquinas
de lavar-secar segue o mesmo princípio da referente às máquinas de lavar roupa, existindo no entanto algumas diferen-
ças que reflectem a variação tecnológica. A etiqueta de energia aplicada a este tipo de equipamento está em vigor desde
1997, apresentando a configuração apresentada na figura seguinte.
Etiqueta energética para as máquinas de lavar-secar roupa
A classe de eficiência energética é calculada de acordo com o mesmo princípio utilizado no caso das máquinas de lavar
roupa, obtendo-se os seguintes indicadores:
Classificação energética das máquinas de lavar-secar roupa
Classe de eficiência energética Consumo de energia (kWh/kg) Diferença de consumos
A C ≤ 0,68 X
B 0,68 < C ≤ 0,81 X+19%
C 0,81 < C ≤ 0,93 X+37%
D 0,93 < C ≤ 1,05 X+54%
E 1,05 < C ≤ 1,17 X+72%
F 1,17 < C ≤ 1,29 X+90%
G C > 1,29 > X+90%
Referência do aparelho – designação
ou marca do fabricante
Classe de eficiência energética
Etiqueta ecológica europeia
Consumo de energia (kWh) para um ciclo completo (lavagem +
centrifugação + secagem) de 5 kg de algodão a 60ºC.
Consumo de energia (kWh) para um ciclo
(lavagem+centrifugação) de 5kg de algodão a 60ºC
Eficiência de lavagem
Capacidade para a lavagem e secagem (kg)
Consumo de água (l)
Nível de ruído (dB(A))
Bandeira europeia
São possíveis economias de cerca de 33% de electricidade quando a centrifugação da roupa é realizada a 1600 rot/min
comparativamente com uma centrifugação realizada a 750 rot/min, factor que deve ser considerado no momento de aqui-
sição deste tipo de equipamento.
2.5. Máquinas de lavar louça
A máquina de lavar louça tem apresentado, nos últimos anos, um crescimento acelerado na sua taxa de penetração no
mercado, existindo actualmente em cerca de 30% das habitações. Este equipamento consome água e energia eléctrica. A
electricidade é principalmente consumida pela resistência eléctrica que permite o aquecimento da água (nos equipamen-
tos com alimentação de água fria) e secagem da louça, podendo estes ciclos representar mais de 80% do consumo total.
No mercado nacional existem também máquinas de lavar louça com alimentação de água quente, sendo no entanto esta
capacidade pouco utilizada pelos consumidores, essencialmente por falta de informação sobre esta função. A maioria das
actuais máquinas de lavar louça possui um programa “ECO” que permite a redução da temperatura da água de 65 para
50°C, com redução dos consumos de energia eléctrica.
Na figura seguinte representa-se um ciclo típico de funcionamento das máquinas de lavar louça. A primeira fase deste ci-
clo corresponde ao aquecimento da água e o segundo pico de consumo diz respeito à fase de secagem da louça.
Ciclo típico da máquina de lavar louça
Estas máquinas possuem uma etiquetagem energética semelhante à das máquinas de lavar roupa, regulamentada pelo
Decreto-Lei n.º 309/99 de 10 de Agosto.
Etiqueta energética para as máquinas de lavar louça
Capacidade do aparelho e Consumo de água (l) por ciclo
Referência do fornecedor
Classe de eficiência energética
Rótulo ecológico
Consumo de energia (kWh) por ciclo padrão
Classe de eficiência de lavagem
Classe de eficiência de secagem
Nível de ruído
Bandeira europeia
Aquecimento
da água
Secagem
da louça
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Tempo (minutos)
Potência(W)
15
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
16
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
A classe de eficiência energética de um aparelho é determinada pelo cálculo do índice de eficiência energética EI, que re-
laciona o consumo de um dado equipamento com o consumo de referência, e que se apresenta no quadro seguinte:
Classificação energética das máquinas de lavar louça
Classe de eficiência energética Índice de eficiência energética Diferença de consumos
A EI < 0,64 Superior a –36%
B 0,64 ≤ EI < 0,76 de –36% a –24%
C 0,76 ≤ EI < 0,88 de –24% a –12%
D 0,88 ≤ EI < 1,00 de –12% a 0
E 1,00 ≤ EI < 1,12 de 0 a +12%
F 1,12 ≤ EI < 1,24 de +12% a +24%
G EI ≥ 1,24 Superior a +24%
Na figura seguinte representa-se o diagrama de carga médio para as máquinas de lavar louça 6, que permite verificar a
existência típica de pontas que ocorrem durante as horas da manhã e início da tarde, consumos que poderão ser facil-
mente transferidos para um período mais económico, pelo menos em grande parte, o que será vantajoso para o utiliza-
dor se dispuser de tarifa bi-horária.
Diagrama de carga médio das máquinas de lavar louça
Conselhos para a sua utilização
• Utilizar o mais possível os programas de baixas temperaturas;
• Utilizar preferencialmente a máquina na sua capacidade máxima;
• Utilizar o programa económico sempre que a louça estiver pouco suja. O ciclo económico limita a temperatura a 50-55° C
durante a lavagem e secagem, diminui a quantidade de água por lavagem e reduz o consumo de energia eléctrica;
• O ciclo de pré-lavagem deve apenas ser utilizado quando a louça está muito suja.
0
40
80
120
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Horas
Potência(MW)
6 Monitorização de 100 unidades de alojamento, no âmbito do projecto Eureco.
17
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Potencial de economia de custos pela utilização da tarifa bi-horária
Na abordagem efectuada sobre as diferentes máquinas de lavar e secar, foi sempre referido que um dos processos ao
dispor dos utilizadores para reduzirem os custos com a utilização destes equipamentos consistia em transferir o seu fun-
cionamento para os períodos mais favoráveis do tarifário eléctrico (períodos de vazio), nos quais a energia é significati-
vamente mais barata, desde que tenham optado pela tarifa bi-horária no contrato de fornecimento da energia eléctrica.
É por isso interessante quantificar as vantagens resultantes desta transferência. Assim, definiram-se como representati-
vos dos regimes de utilização dos diferentes equipamentos, os seguintes valores:
• quatro utilizações semanais para a máquina de lavar louça que apresenta um consumo médio de 1,4 kWh/ciclo;
• três utilizações semanais para a máquina de lavar roupa que apresenta um consumo médio de 1,3 kWh/ciclo;
• duas utilizações semanais da máquina de secar roupa que apresenta um consumo médio de 3,6 kWh/ciclo.
Foi ainda analisado o impacto da tarifa bi-horária no custo de funcionamento do equipamento de frio, devido à relevância
do consumo deste electrodoméstico no consumo global de uma unidade de alojamento. Assim, considerámos um frigorífi-
co combinado com um consumo médio anual de 550 kWh. O quadro seguinte ilustra os resultados obtidos. Da sua análi-
se, pode verificar-se que a simples transferência de utilização das máquinas acima referidas, acrescida da redução dos cus-
tos de funcionamento do frigorífico compensa, por si só, o acréscimo de custos resultante da opção pela tarifa bi-horária.
Tipo de equipamento Nº de ciclos semanais
Consumo por ciclo Consumo anual
(kWh/ciclo) (kWh/ano)
Máquina lavar roupa (MLR) 3 1,3 202,8
Máquina lavar louça (MLL) 4 1,4 291,2
Máquina secar roupa (MSR) 2 3,6 374,4
Equipamento de frio (FRIO) 550,0
Consumo global 1418,4
TTaarriiffaa bbii--hhoorráárriiaa
(0,0965 €/kWh – horas fora de vazio; 0,0528 €/kWh – horas de vazio)
TTaarriiffaa ssiimmpplleess TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee 6600%% TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee 8800%% TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee 110000%%
(0,0965 €/kWh) ddoo ccoonnssuummoo ppaarraa oo vvaazziioo ddoo ccoonnssuummoo ppaarraa oo vvaazziioo ddoo ccoonnssuummoo ppaarraa oo vvaazziioo
Custo em Custo em Custo em Custo em Custo em Custo em
período de período fora período de período fora período de período fora
vazio (€) de vazio (€) vazio (€) de vazio (€) vazio (€) de vazio (€)
MMLLRR 19,57 6,43 7,83 8,57 3,91 10,71 ---
MMLLLL 28,10 9,23 11,24 12,30 5,62 15,38 ---
MMSSRR 36,13 11,86 14,45 15,82 7,23 19,77 ---
FFRRIIOO* 53,08 12,10 30,96 12,10 30,96 12,10 30,96
TTOOTTAALL 113366,,8888 110044,,0099 9966,,5500 8888,,9911
DDiiffeerreennççaa eennttrree
aass dduuaass ooppççõõeess ((€))
3322,,7788 4400,,3377 4477,,9966
AAccrréésscciimmoo ddee ccuussttoo aannuuaall ppeellaa
ooppççããoo ddaa ttaarriiffaa bbii--hhoorráárriiaa ((€))
2255
* Os custos relativos ao consumo do equipamento de frio são iguais nos 3 cenários em tarifa bi-horária, pois o equipamento funciona sempre 10
horas nos períodos de vazio e 14 horas nos períodos fora de vazio (ciclo diário)
2.6. Forno eléctrico
Os fornos eléctricos apresentam consumos eléctricos distintos, em função dos diversos processos utilizados na confecção
de alimentos. O modo de operação mais usual reside na radiação de calor por intermédio de resistências eléctricas, com-
plementado pela acção de um ventilador que permite a convecção do calor gerado, distribuindo-o de uma forma unifor-
me sobre os alimentos. Existe ainda a opção de grelhador, entre outras funcionalidades que, no seu conjunto, corres-
pondem a potências eléctricas elevadas e, consequentemente, a consumos também elevados.
O Decreto-Lei nº 27/2003 de 12 de Fevereiro de 2003 estabelece as regras relativas à etiquetagem energética dos fornos
eléctricos para uso doméstico, transpondo para a ordem jurídica nacional a Directiva da Comissão n.º 2002/40/CE, de 8
de Maio. Na figura seguinte representa-se a etiqueta energética para este tipo de equipamento.
Etiqueta energética para os fornos eléctricos
A classe de eficiência energética de um forno eléctrico é determinada de acordo com o quadro seguinte. O consumo de
energia (kWh) para as funções de aquecimento do compartimento (convencional e ou por circulação forçada de ar) com
base na carga normalizada, é determinado em conformidade com os procedimentos de ensaio das normas harmonizadas.
Classificação energética dos fornos eléctricos
Consumo de energia (kWh) com base na carga normalizadaClasse
de eficiência Forno pequeno Forno médio Forno grande Diferença
energética (12 l ≤ volume < 35 l) (35 l ≤ volume < 65 l) (volume ≥ 65 l) de consumos
A E < 0.60 E < 0.80 E < 1.00 X
B 0.60 ≤ E < 0.80 0.80 ≤ E < 1.00 1.00 ≤ E < 1.20 X + 26%
C 0.80 ≤ E < 1.00 1.00 ≤ E < 1.20 1.20 ≤ E < 1.40 X + 52%
D 1.00 ≤ E < 1.20 1.20 ≤ E < 1.40 1.40 ≤ E < 1.60 X + 78%
E 1.20 ≤ E < 1.40 1.40 ≤ E < 1.60 1.60 ≤ E < 1.80 X + 104%
F 1.40 ≤ E < 1.60 1.60 ≤ E < 1.80 1.80 ≤ E < 2.00 X + 131%
G E ≥ 1.60 E ≥ 1.80 E ≥ 2.00 > X + 131%
Conselhos para a sua utilização:
• Reduzir a abertura das portas ao máximo.
• Substituir juntas e borrachas de vedação que estejam gastas ou com fissuras, de modo a evitar perdas de calor.
2.7. Iluminação
O consumo médio anual em iluminação por unidade de alojamento é de cerca de 370 kWh, equivalente a 12% do con-
sumo de electricidade no sector residencial. No entanto, este é um uso com enorme potencial de economias de energia,
não apenas pelo uso de equipamentos mais eficientes, como também pela utilização da iluminação natural.
Bandeira europeia
Rótulo ecológico
Classe de eficiência energética
Consumo de energia (kWh)
Referência do fabricante
Nível de ruído
Volume útil (l)
Tamanho do compartimento
18
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Características técnicas
No sector residencial, são utilizados dois tipos principais de lâmpadas: incandescente e fluorescente. Numa lâmpada in-
candescente “clássica”, um filamento (normalmente de tungsténio) é atravessado por uma corrente eléctrica atingindo uma
temperatura elevada, o que provoca a emissão de luz visível. As lâmpadas incandescentes evoluíram para as chamadas
lâmpadas de halogéneo, nas quais o filamento se encontra inserido num gás halogéneo que garante um ciclo regenerati-
vo do tungsténio, aumentando assim a duração do filamento e evitando a sua deposição nas paredes da lâmpada, au-
mentando quer o rendimento quer a duração destas lâmpadas.
As lâmpadas incandescentes clássicas são as mais baratas mas apresentam uma eficiência muito reduzida. Com efeito,
apenas cerca de 5% da electricidade consumida é convertida em luz, sendo a restante convertida em calor. Quanto às
lâmpadas incandescentes de halogéneo, apresentam uma eficiência ligeiramente superior. São muito utilizadas em ilumi-
nação indirecta, chegando a atingir 500 Watt em candeeiros de pé, sendo no entanto altamente energívoras e perigosas
devido ao calor dissipado. A sua principal característica é apresentarem índices de restituição de côr muito elevados (pró-
ximos da luz natural).
Nas lâmpadas fluorescentes, as paredes interiores são revestidas de um pó fluorescente, que transforma em luz visível a
radiação ultravioleta emitida por um gás (vapor de mercúrio) atravessado por uma corrente eléctrica. As lâmpadas fluo-
rescentes classificam-se em lâmpadas tubulares e compactas.
Incandescentes Fluorescentes
CClláássssiiccaa HHaallooggéénneeoo TTuubbuullaarr CCoommppaaccttaa
Diferentes tipos de lâmpadas
As lâmpadas fluorescentes tubulares apresentam uma elevada eficiência luminosa, necessitando no entanto de utilizar lu-
minárias (armaduras, na linguagem corrente) próprias, que normalmente são bastante inestéticas. Quanto às lâmpadas
fluorescentes compactas (CFL), são, devido ao desenvolvimento tecnológico verificado nos últimos anos, uma alternativa
excelente às lâmpadas incandescentes clássicas. A qualidade da luz produzida é agora muito próxima destas últimas e o
seu peso tem vindo a diminuir significativamente, incorporando balastros electrónicos que eliminam a “trepidação” da luz
e proporcionando um arranque rápido, sendo o seu preço actual muito mais baixo. A sua evolução foi também focaliza-
da no tamanho (que no passado era demasiado grande) e no formato, por forma a compatibilizá-las esteticamente com
as lâmpadas incandescentes. Comparativamente com as lâmpadas incandescentes, apresentam um consumo energético 5
a 6 vezes inferior e um tempo médio de vida que pode atingir as 15.000 horas (cerca de 15 vezes superior às lâmpadas
incandescentes).
Características técnicas e económicas das lâmpadas
Incandescente Fluorescente
Clássica Halogéneo Tubular Compacta
Potência (W) 15-2000 20-2000 15-58 9-23
Eficiência luminosa (lm/W) 8-15 15-25 58-93 55-65
Duração (horas) 1000 2000 12000 a 18000 6000 a 15000
Índice de restituição de côr 90-100 90-100 85 a 98 82-90
Preço (€) 0,5 a 1 2 a 8 3 a 5 5 a 15
19
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Porquê escolher uma lâmpada fluorescente compacta?
• Um maior respeito pelo ambiente, pois consome 5 a 6 vezes menos que uma lâmpada incandescente equivalente;
• Por razões de segurança: uma lâmpada de halogéneo pode, por exemplo, atingir a temperatura de 600°C e uma
incandescente standard cerca de 230°C, com os consequentes riscos de queimaduras e de incêndio. As lâmpadas
compactas (CFL) atingem no máximo cerca de 70°C, pelo que minimizam estes riscos;
• Duram mais, cerca de 6 a 15 vezes mais que as lâmpadas incandescentes (o tempo de vida útil de uma lâmpada
incandescente é de cerca de 1.000 horas, enquanto que as compactas apresentam um período de vida até às
15.000 horas);
• Apresentam um custo global inferior, devido ao baixo custo de utilização.
O quadro seguinte exemplifica uma comparação técnica/económica entre lâmpadas incandescentes e lâmpadas fluores-
centes compactas.
Exemplo de substituição de lâmpadas incandescentes por compactas fluorescentes
Incandescente CFL
Diferença face às
incandescentes
Potência (W) 75 15 –60
Fluxo luminoso (lm) 960 1.200 +240
Vida útil (hora) 1.000 12.000 +11.000
Nº de lâmpadas para a mesma vida útil 12 1 ––
Preço médio de cada lâmpada (€) 0,5 9 ––
Preço total das lâmpadas (€) 12*0,50=6 1x9 +3,0
Consumo em 1.000 h de utilização (kWh) 75 15 –60
Custo de energia em 1.000 h de utilização (€) 7,24 1,45 –5,79
Custo global no ciclo de vida de uma CFL (€) 92,85 26,37 –66,48
Nota: Assumiu-se o preço da energia de 0.0965 € / kWh (tarifa simples)
Na figura seguinte visualizam-se as economias resultantes da utilização de lâmpadas fluorescentes compactas a partir das
1.500 horas de utilização, ou seja, a partir do primeiro ano e meio de utilização, assumindo um uso diário de 3 horas.
Comparação da viabilidade económica entre as lâmpadas incandescentes e as CFL
0
15
30
45
60
75
90
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
Horas
Euro
CFL Incandescente
Economias
20
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Os principais inconvenientes das lâmpadas CFL residem no ainda elevado preço inicial, e no facto do fluxo luminoso não
ser atingido imediatamente. Por estas razões não são aconselhadas para locais em que os períodos de utilização são mui-
to curtos.
O Decreto-Lei n.º 18/2000 de 29 de Fevereiro transcreveu para o direito interno os requisitos da etiquetagem energética
das lâmpadas eléctricas para uso doméstico, proporcionando aos consumidores uma escolha mais racional deste tipo de
equipamento. Esta etiqueta fornece a seguinte informação:
• Classe de eficiência energética;
• Fluxo luminoso em lumens (lm);
• Potência absorvida pela lâmpada em Watt (W);
• Duração de vida da lâmpada, i.e. o período depois do qual 50% das lâmpadas já não funcionam.
Etiqueta energética para as lâmpadas
No quadro seguinte indicam-se os valores correspondentes aos índices de eficiência energética para as diferentes classes
de lâmpadas. De referir que a classe A destina-se essencialmente às lâmpadas fluorescentes sem balastro integrado, que
apresentem níveis de eficiência elevado, satisfazendo as condições definidas na norma respectiva. Se uma lâmpada não
for classificada na classe A, a sua classe de eficiência será determinada de acordo com os dados indicados no quadro se-
guinte, sendo o índice de eficiência energética EI a razão entre a potência absorvida medida em laboratório e a potência
de referência calculada de acordo com as normas estabelecidas.
Classificação energética das lâmpadas
Classe de eficiência energética Índice de eficiência energética
A Para lâmpadas fluorescentes sem balastro integrado e de rendimento elevado
B EI < 60%
C 60% ≤ EI < 80%
D 80% ≤ EI < 95%
E 95% ≤ EI < 110%
F 110% ≤ EI < 130%
G EI ≥ 130%
Classe de eficiência energética
Fluxo luminoso
Potência absorvida
Tempo de vida médio
21
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
3. EQUIPAMENTOS A ETIQUETAR
3.1. Ar condicionado
A penetração de equipamentos de ar condicionado tem aumentado consideravelmente no nosso país, devido ao aumen-
to do poder de compra que se repercute na crescente tendência de melhoria das condições de conforto. No entanto, es-
tes equipamentos são responsáveis por uma parte significativa do aumento do consumo de energia eléctrica e, conse-
quentemente da factura energética nas habitações onde são instalados. Em termos energéticos, a solução óptima seria
que os edifícios fossem construídos de forma a que a utilização de sistemas activos de climatização fosse reduzida ao mí-
nimo. Isto poderia ser realizado através da melhoria do nível de isolamento térmico e da utilização de soluções arquitec-
tónicas que optimizam a ventilação natural e reduzam os ganhos solares e também pela escolha criteriosa dos materiais
de construção. É neste sentido que foi revisto o Regulamento do Comportamento das Características Térmicas dos Edifí-
cios (RCCTE), esperando-se que a sua aplicação se traduza numa melhor qualidade das edificações e numa menor neces-
sidade da utilização destes sistemas para a obtenção das condições de conforto interior.
O aumento de penetração dos sistemas de ar condicionado a nível Europeu levou a que a União Europeia tenha desen-
volvido uma Directiva no sentido de estabelecer níveis mínimos de eficiência energética para estes sistemas. A etiqueta-
gem dos equipamentos de ar condicionado encontra-se actualmente em preparação e poderá ajudar o mercado a ajustar-
–se às fases de estabelecimento de níveis mínimos de eficiência energética.
3.2. Consumos de Stand-by
Nas habitações, escritórios e em outros locais, um número crescente de equipamentos eléctricos consome energia eléc-
trica quando colocados em modo de repouso (normalmente designado por modo stand-by), ou mesmo quando se en-
contram desligados. Este desperdício de energia é devido fundamentalmente às características de funcionalidade que lhes
estão inerentes, o que provoca que exista uma potência absorvida quando aparentemente não estão a desempenhar qual-
quer função.
Potências em modo stand-by (ou desligado) de alguns equipamentos
Equipamento Potências em modo desligado ou stand-by (W)
Televisão 0,1 – 13
Vídeo 5 – 19
Áudio compacto 0 – 18
Controlador de TV por cabo 8 – 14
Relógio com rádio 1 – 3
Micro-ondas 2 – 6
Carregador de bateria 2 – 4
Atendedor automático de chamadas 2 – 4
Fax 5 – 30
Telefone sem fios 2 – 7
Controlador de antena parabólica 14 – 20
Computador 0 – 4
Sistema Hi-fi 0 – 12
Leitor de CD 0 – 6
Áudio portátil 0 – 5
Máquina de café 0 – 4
Fogão eléctrico 0 – 4
Máquina de lavar roupa 0 – 5
22
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
De uma maneira simplificada, podem ser identificados três modos de operação dos equipamentos eléctricos: o modo li-
gado quando o equipamento realiza a sua função principal (a televisão apresenta imagem, o carregador de bateria carre-
ga a bateria, etc.), o modo stand-by quando o equipamento é alimentado electricamente, mas o equipamento não reali-
za a sua função principal (a televisão aguarda por um sinal de controlo remoto para entrar no modo ligado) e o modo
desligado quando o equipamento não desempenha qualquer função (ocorrendo perdas no transformador da fonte de ali-
mentação, pelo facto do equipamento estar ligado à rede eléctrica).
Os consumos globais em modo stand-by representam em média um acréscimo de cerca 380 kWh/ano ao consumo total
de uma unidade de alojamento (cerca de 12% do consumo total), sendo expectável que este valor aumente rapidamente
devido ao incremento dos equipamentos eléctricos nas habitações. Na tabela seguinte apresenta-se a gama de valores
dos consumos em modo stand-by (e/ou modo desligado) para alguns equipamentos eléctricos de utilização doméstica.
A implementação recente de serviços audiovisuais por cabo levou ao aparecimento das set-top boxes (permitem a recep-
ção de sinais digitais em televisão, a ligação à internet e a ligação telefónica, entre outras funcionalidades) com consu-
mos consideráveis. A massificação destes serviços carece de medidas de eficiência energética, constituindo um alvo de in-
tervenção no sector doméstico.
O problema do consumo em modo stand-by/desligado é essencialmente um problema de tecnologia, existindo actualmente
soluções capazes de reduzir o consumo em stand-by/desligado em 90%, por um custo muito reduzido. No entanto, as bar-
reiras de mercado, financeiras e de informação têm evitado a adopção massificada destas medidas. Neste sentido, a Comis-
são Europeia está a preparar uma campanha de sensibilização dos construtores no sentido da optimização dos sistemas de
stand-by, que será complementada com a extensão da etiquetagem energética a estes sistemas. É assim fundamental uma
rápida decisão das entidades oficiais europeias sobre esta matéria, pois o consumo em stand–by não é normalmente indi-
cado na ficha técnica dos equipamentos, não dando assim qualquer oportunidade de escolha ao consumidor.
3.2.1 O consumo de stand-by nos equipamentos audiovisuais
Praticamente todos os sistemas “audiovisuais” incorporam um modo de funcionamento em repouso, que tem sido alvo
de vários estudos por parte das entidades científicas. Com efeito, o consumo em modo de repouso (stand-by) deste tipo
de equipamento é importante, conforme foi identificado numa amostra de 100 unidades de alojamento e cujos resultados
se ilustram nas figuras seguintes. Nesta amostra, o período de stand-by (os videogravadores estão em média cerca de 23
horas por dia neste modo de funcionamento) é quase sempre superior ao período de funcionamento.
Evolução horária dos diferentes modos Diagrama de carga médio
de funcionamento dos equipamentos audiovisuais dos equipamentos audiovisuais
Com base nas monitorizações realizadas, os consumos de stand-by para a globalidade dos equipamentos audiovisuais re-
presentam cerca de 310 kWh, o equivalente a 30% do consumo total para estes sistemas. Relativamente aos televisores,
o seu consumo médio anual é de cerca de 90 kWh/ano, sendo a componente imputada ao consumo de stand-by de 26%
(24 kWh/ano).
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90%
100%
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Horas
Repartiçãodotempo
Funcionamento Stand-by Desligado
23
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
3.2.2. O consumo de stand-by nos equipamentos informáticos
O desenvolvimento crescente da informática nos últimos anos modificou profundamente a paisagem energética das uni-
dades de alojamento, nas quais se introduziu uma nova fonte de consumo significativo. A informática doméstica não po-
de ser encarada como uma nova utilização de consumo marginal. O material informático, tal como a maioria dos equipa-
mentos electrónicos, pode constituir uma fonte de consumos de stand-by considerável e de crescimento rápido.
A figura seguinte demonstra o papel relevante do modo de utilização destes equipamentos numa amostra de 100 unida-
des de alojamento, verificando-se que o período de tempo em modo stand-by (cerca de 30%) é superior ao período de
tempo em funcionamento destes equipamentos.
Evolução horária dos diferentes modos Diagrama de carga médio
de funcionamento dos equipamentos informáticos dos equipamentos informáticos
Da análise da figura anterior, podemos identificar os consumos significativos provocados pelo modo de operação em
stand-by na mesma amostra com valores da ordem dos 60 kWh/ano, o que representa cerca de 30% do consumo total
dos conjuntos informáticos (220 kWh/ano).
Conselhos úteis:
• Ao adquirir um equipamento verifique na ficha técnica se existe referência a estes consumos;
• Evite os modos de stand-by. A maior parte das vezes o equipamento é deixado em stand-by sem nenhuma ne-
cessidade.
4. INSTRUMENTOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Tradicionalmente, os equipamentos mais eficientes apresentam custos mais elevados, devido a resultarem de um proces-
so produtivo mais evoluído e da incorporação de elementos de maior qualidade. No entanto, este acréscimo de investi-
mento inicial é normalmente recuperado em pouco tempo, devido às economias de energia geradas, tornando economi-
camente atractiva a sua aquisição. É suportado neste conceito que se têm baseado todas as estratégias nacionais e
comunitárias conducentes à penetração das soluções energeticamente mais eficientes.
Contudo, se no sector industrial e em alguns serviços esta “mensagem” foi razoavelmente bem internalizada pelos deci-
sores, dado o peso enorme da componente energética na sua estrutura de custos, o mesmo já não aconteceu no sector
residencial. De facto, a energia representa uma componente menos importante nas despesas das famílias, o que reduz o
impacto daquela “mensagem”. Complementarmente, a ausência de campanhas de informação eficazes sobre as questões
relacionadas com a energia e a sua utilização racional, também não têm contribuído para aumentar o grau de conscien-
cialização dos decisores e consumidores em geral.
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Horas
Repartiçãodotempo
Funcionamento Stand-by Desligado
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Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
No entanto, a evolução tecnológica que se tem verificado nos últimos anos tem permitido a comercialização de equipa-
mentos que apresentam reduções substanciais dos consumos energéticos e cujos preços são bastante competitivos face
aos das soluções “tradicionais”, facilitando assim a sua maior penetração. Esta situação não é contudo ainda generalizá-
vel a todos os equipamentos, pelo que é fundamental o desenvolvimento de planos de intervenção estruturados, dina-
mizados pelo sector público em articulação estreita com o sector privado, conducente ao aparecimento e penetração das
tecnologias mais eficientes.
Este tipo de intervenção, genericamente designado por “mecanismos de transformação de mercado”, abrangerá acções di-
rigidas para os diferentes actores envolvidos, com especial ênfase nos consumidores, pois são os seus comportamentos,
quer ao nível da aquisição dos equipamentos, quer na sua utilização, que condicionam fortemente o consumo energéti-
co. É pois fundamental implementar acções, informativas ou de outra índole, conducentes a alterar aqueles comporta-
mentos, induzindo o conceito da racionalidade energética como um vector condicionador das suas opções.
Nos pontos seguintes apresentam-se alguns dos instrumentos de “transformação de mercado” que foram implementados
ao nível europeu e vocacionados essencialmente para os principais equipamentos de uso doméstico.
4.1. Transformação de mercado
Os mecanismos de “transformação do mercado” destinam-se a incentivar, do lado da “procura”, a penetração dos equi-
pamentos mais eficientes e, simultaneamente, estimular o sector da “oferta” para o desenvolvimento de produtos cada
vez mais eficientes e a preços competitivos, tornando mais atraente a sua aquisição por parte dos utilizadores. A figura
seguinte ilustra o processo de transformação de mercado de um dado produto ou serviço.
Transformação do mercado no sentido de uma maior eficiência energética
Nesta figura, o traço cheio representa um mercado típico de um produto (segue uma distribuição normal) antes da inter-
venção, enquanto que o traço interrompido corresponde ao “mercado transformado”, i.e. depois da intervenção. Para
transformar o mercado de um produto ou serviço é necessário:
• que apareçam bons produtos no mercado;
• que os bons produtos sejam a escolha de mais consumidores;
• que os piores produtos saiam do mercado.
4.2. Instrumentos de transformação do mercado
4.2.1. Etiquetagem energética
A etiquetagem energética, conforme foi já referido neste documento, é um instrumento claramente de carácter público que
tem um efeito do tipo 2 da figura anterior (“Acção destinada ao consumidor”), destinando-se a aumentar a penetração
dos bons produtos existentes no mercado. A etiquetagem permite que os produtos com melhor desempenho sejam reco-
nhecidos como tal, fornecendo ao consumidor a informação necessária para uma escolha mais racional, contribuindo as-
3. Nivel mínimo
Standard
2. Acções
destinadas ao
Consumidor
1. Aquisição cooperativa
de tecnologias inovadoras
Performance
Ineficientes Eficiente
Produtos
MELHORIA TECNOLÓGICA
25
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
sim para a melhoria do parque de equipamentos. O impacto de aplicação deste mecanismo traduz-se na redução de ener-
gia consumida sem reduzir o nível de desempenho pretendido. No entanto, não permite a eliminação dos equipamentos
menos eficientes.
4.2.2. Níveis mínimos de eficiência energética
Instrumento também de carácter público (“Nível mínimo standard”), tem por objectivo eliminar do mercado os equipa-
mentos menos eficientes, não contribuindo no entanto para uma maior penetração dos equipamento mais eficientes nem
para o seu desenvolvimento. Trata-se de um instrumento de carácter obrigatório, aplicando-se já a frigoríficos, congela-
dores e balastros para lâmpadas fluorescentes. Os níveis mínimos de eficiência energética para os equipamentos de frio
são baseados na etiqueta energética, correspondendo à eliminação dos produtos de classe D, E, F e G do mercado.
4.2.3. Aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras
A aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras e eficientes (technology procurement) é um instrumento que permite ace-
lerar a penetração de um produto, serviço ou processo no mercado. Este instrumento é baseado no “poder” dos comprado-
res agrupados, sendo por isso dirigido ao sector privado, podendo no entanto existir também uma intervenção do Estado.
Assim, um grande comprador ou um grupo de compradores define as características de um produto (rendimento energé-
tico, nº de unidades anuais a adquirir e/ou custo final) e, contacta um conjunto de fabricantes (normalmente através de
um concurso) no sentido de garantir o seu fabrico. Este processo tem vantagens para o comprador, pois garante o preço
(normalmente mais reduzido do que o obtido na situação normal) e a qualidade do produto, e para o fabricante, que ga-
rante assim o escoamento da sua produção.
Inserido nesta perspectiva, têm sido desenvolvidos na Europa um conjunto de projectos destinados a aplicar os concei-
tos de “transformação de mercado” aos equipamentos, dos quais se destacam os programas “Energy +”, “Energy Star”
(adopção do programa americano de grande sucesso) e “Etiqueta GEEA”.
Programa Energy +
O Energy+ correspondeu à primeira experiência desenvolvida a nível europeu, com o objectivo de incitar o desenvolvi-
mento e a penetração de frigoríficos e congeladores eficientes no mercado. Este programa, baseado no conceito de “com-
pra agrupada”, foi bastante bem sucedido, tendo contribuído para o aparecimento de equipamentos de classe energética
A+ (modelos 25% mais eficientes que as versões A standard) e A++ (modelos 45% mais eficientes que as versões A stan-
dard).
As listas dos produtos são regularmente actualizadas e encontram-se disponíveis no website wwwwww..eenneerrggyy--pplluuss..oorrgg. É de
salientar a evolução do número de equipamentos disponíveis no mercado com estas características. Assim, em Julho de
2002 existiam 78 modelos, tendo este número crescido para 597 modelos em Outubro de 2003. A nível nacional e de
acordo com os fabricantes, existiam, em Outubro de 2003, 32 modelos da lista Energy+ disponíveis no mercado. O au-
mento do número destes aparelhos no mercado irá resultar num salto decisivo em eficiência energética no que respeita
à produção e concepção de novos modelos.
Etiqueta Energy Star
O equipamento electrónico de escritório é responsável por uma grande parte do consumo de electricidade no sector ter-
ciário, apresentando também uma taxa de penetração considerável no sector residencial. O objectivo desta etiqueta é sen-
sibilizar os fabricantes para a redução do consumo de energia daqueles equipamentos em modo de stand-by.
Assim, a Agência para a Protecção do Ambiente (EPA) em colaboração com o Departamento de Energia (DOE) dos EUA lan-
çou em 1993 um programa voluntário de etiquetagem para o equipamento de escritório – o Programa Energy Star (o web-
site wwwwww..eenneerrggyyssttaarr..oorrgg apresenta uma listagem completa de produtos Energy Star assim como outra informação rele-
vante). Este programa obteve a adesão dos grandes fabricantes que passaram a introduzir as funções de economia de
26
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
27
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
energia nos seus produtos. Por forma a incentivar a penetração destes produtos, a legislação americana não permite que
o Governo dos EUA e as entidades da administração americana adquiram material electrónico que não tenham a etique-
ta Energy Star, contribuíndo desta maneira para o aumento da eficiência energética dos seus serviços.
Tendo em conta os resultados desta experiência, a Comissão Europeia decidiu aderir a este programa. A participação no
programa é voluntária e o acordo prevê que os fabricantes, comerciantes ou revendedores dos produtos que respeitam
as especificações exigidas sejam autorizados a utilizar o logo Energy Star. Os produtos abrangidos pelo acordo são es-
sencialmente monitores, computadores e sistemas operativos mas também equipamentos de fax, scanners, fotocopiado-
ras e impressoras.
Etiqueta GEEA
A etiqueta GEEA resultou de um programa voluntário de etiquetagem, iniciado em 1996, desenvolvido pelo Group for
Energy Efficient Appliances (fórum de representantes de diferentes agências nacionais de energia e de departamentos go-
vernamentais europeus) que actua em conjunto com a indústria em actividades voluntárias de informação no campo da
eficiência energética aplicada a equipamentos de electrónica doméstica e de escritório.
As etiquetas são aplicadas aos equipamentos mais eficientes disponíveis no mercado dos oito países aderentes que fa-
zem parte do acordo voluntário GEEA. Todos os produtos distinguidos com esta etiqueta podem ser encontrados na ba-
se de dados disponível em wwwwww..eeffffiicciieenntt--aapppplliiaanncceess..oorrgg. Anualmente são revistos os critérios utilizados para a determi-
nação das características energéticas previstas na etiquetagem GEEA.
4.2.4. Impacto das acções desenvolvidas a nível europeu
Nenhum instrumento permite aproveitar todo o potencial de eficiência energética existente, pelo que é necessário adop-
tar um conjunto de instrumentos complementares por forma a atingir os objectivos pretendidos. São também necessárias
medidas de apoio à aplicação destes instrumentos junto dos fabricantes, importadores, distribuidores, compradores e uti-
lizadores dos equipamentos.
Actualmente, sabe-se que a introdução da etiqueta energética para os equipamentos de frio contribuiu para a melhoria
do nível de eficiência energética dos aparelhos vendidos, essencialmente devido à combinação dos esforços de fabrican-
tes e dos consumidores. Com efeito, a venda dos modelos mais eficientes aumentou significativamente depois da criação
da etiqueta energética. Em Portugal, entre 1994 e 1996, as vendas de aparelhos de classe A, B e C quase que duplicaram,
enquanto que as vendas de aparelhos de classe E, F, e G baixaram fortemente durante o mesmo período.
De um modo geral, em toda a Europa, é visível uma melhoria significativa na eficiência energética dos aparelhos vendi-
dos, tal como se pode verificar pela análise da figura seguinte.
Impacte da etiquetagem no mercado europeu de frigoríficos e congeladores
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Vendas-partedemercado
Mercado EU 1999
Mercado EU 1996
Mercado EU 1992
A B C D E F G
Classe de eficiência energética
Este tipo de abordagem não se limita aos electrodomésticos, sendo já aplicada aos edifícios e aos automóveis. De igual
modo, em Portugal, o Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios corresponde a um nível
de eficiência mínimo, não permitindo a construção de edifícios com desempenho energético reduzido, sendo também no-
tória a melhoria da qualidade térmica das edificações construídas durante a última década.
5. POTENCIAL DE ECONOMIAS DE ENERGIA
De um modo global, todas as análises efectuadas ao consumo energético no sector residencial indicam que existe um enor-
me potencial de economias de energia, resultante por um lado da fraca eficiência que caracteriza o parque instalado e, por
outro, pelos aspectos comportamentais dos utilizadores que normalmente não são consentâneos com os princípios da ra-
cionalidade energética. Para a determinação deste potencial a nível nacional, foram considerados níveis distintos relativos
aos aspectos tecnológicos dos equipamentos que serão analisados comparativamente com a situação actual. Assim temos:
• “Parque”, que corresponde ao consumo dos equipamentos actualmente instalados;
• “BAU” (do inglês “business as usual”) que corresponde ao consumo resultante da substituição de todos os
equipamentos existentes nas unidades de alojamento por equipamentos com uma eficiência correspondente
ao valor médio do mercado;
• “Melhor do mercado”, que corresponde aos equipamentos de menor consumo energético actualmente dispo-
níveis no mercado.
De referir que a análise efectuada deve ser encarada apenas como um referencial, sendo os valores apresentados supor-
tados pela análise dos equipamentos existentes no mercado e em monitorizações efectuadas no sector residencial.
Consumos individuais dos equipamentos electrodomésticos
A gama de frio doméstico apresenta, conforme foi já referido, um papel significativo na estrutura dos consumos domésti-
cos, sendo o parque existente pouco eficiente do ponto de vista energético. A simples substituição dos equipamentos de
frio existentes pelos equipamentos “médios” do mercado apresenta um potencial de redução de consumo energético va-
riável entre 26% (frigorífico/combinado) e os 39% (congeladores). A substituição dos equipamentos do parque pelos me-
lhores existentes no mercado conduz a economias da ordem dos 63% e 75% para frigoríficos/combinados e congelado-
res, respectivamente. Estes factos evidenciam que a etiquetagem energética de equipamentos de frio apresenta condições
para promover a eficiência energética, existindo um potencial bastante considerável para a redução de consumos.
Em termos de consumo energético das máquinas de lavar roupa verifica-se que o consumo do parque instalado é supe-
rior em cerca de 14% ao consumo da média dos equipamentos de mercado. Os melhores equipamentos podem, contudo,
conduzir a reduções no consumo energético de cerca de 33%.
28
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
As máquinas de secar roupa e louça apresentam um potencial crescente de penetração no parque habitacional, verifican-
do-se que a qualidade do parque em termos energéticos não se afasta muito da média dos equipamentos de mercado.
No entanto, os melhores equipamentos do mercado podem conduzir a reduções de consumos energéticos de cerca de
52% nos secadores de roupa e de 37% nas máquinas de lavar louça.
No caso dos fornos eléctricos e nos sistemas de iluminação há a salientar a semelhança nos consumos verificados entre
os equipamentos do parque instalado e a média do mercado. No entanto, existe um afastamento significativo entre o con-
sumo do parque instalado e os melhores equipamentos existentes, que se traduzem em reduções de 42% para os fornos
eléctricos e 70% para os sistemas de iluminação.
Para além das aplicações referidas, os consumos devido a stand-by constituem um fenómeno que tem sido ignorado ou
pelo menos subestimado, constituindo uma prioridade de intervenção a sua redução. Um estudo muito recente 7 aponta
o consumo de stand-by como aquele que apresenta o potencial de economias mais elevado, a par com os equipamentos
de frio. Com efeito, estima-se que o potencial de redução do consumo de energia devido ao stand-by represente cerca de
86%, com inevitáveis repercussões na redução dos consumos eléctricos nos equipamentos informáticos e audiovisuais.
Levando em consideração a taxa de penetração dos aparelhos em análise, verifica-se (ver figura seguinte) que os equi-
pamentos que apresentam um maior potencial técnico-económico de economia de energia são os equipamentos de frio,
a iluminação e os equipamentos audiovisuais, estes últimos em consequência da elevada parcela de consumo devido a
stand-by.
Potencial de economia na globalidade do sector residencial
Face à evolução crescente de penetração de alguns equipamentos no mercado, o potencial total de economias geradas
tende a aumentar rapidamente.
Um obstáculo corrente à eficiência energética prende-se com o custo de aquisição dos equipamentos. No entanto, não é
forçosamente verdade afirmar-se que os equipamentos mais eficientes são necessariamente os mais caros. Com efeito,
existem no mercado electrodomésticos bastante eficientes (classe A de eficiência energética) cujo preço é inferior a outros
menos eficientes.
Informática
4%
Iluminação
21%
Forno Eléctrico
1%
Congelador
19%Máquina Secar
Roupa
2%
Máquina Lavar
Louça
3%
Audiovisuais - TV,
VCR, Hi-Fi
11%
Máquina Lavar
Roupa
4%
Frigorífico /
Combinado
35%
29
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
7 Projecto Eureco
30
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Potencial de economias de energia
Se os consumidores optarem por adquirirem alguns dos modelos mais eficientes do mercado, reduzirão significati-
vamente o seu consumo energético e também de água.
Assim, na tabela seguinte faz-se uma comparação entre os consumos de energia eléctrica e água associados à uti-
lização de um conjunto de equipamentos existentes numa habitação, utilizando duas situações designadas de ”Fa-
mília standard” e “Família ecológica”, cuja diferença reside na classe de eficiência dos electrodomésticos instalados.
Assim, a “Família standard” corresponde a uma situação em que a opção de compra dos equipamentos não foi ba-
seada nos critérios de eficiência energética, sendo o parque instalado composto por um frigorífico classe C, uma ar-
ca classe D e máquinas de lavar da classe G. Em contrapartida, a “Família ecológica”, que se preocupa com os pro-
blemas energéticos e ambientais, só adquiriu equipamentos classe A, assumindo uma postura racional e eficiente na
utilização da energia.
Consumo anual de uma Consumo anual de uma
“Família Standard” “Família Ecológica”
Equipamentos
Electricidade Água Electricidade Água
(kWh) (m3) (kWh) (m3)
Frigorífico 380 –– 140 ––
Congelador 625 –– 225 ––
Máquina de lavar louça 396 5,7 264 3,3
Máquina de lavar roupa 240 14,0 180 10,0
Forno eléctrico 306 –– 250 ––
Computador 200 –– 95 ––
Audiovisual 335 –– 220 ––
Iluminação 500 –– 160 ––
TToottaall 22..998822 1199,,77 11..553344 1133,,33
DDiiffeerreennççaa eennttrree aass dduuaass ssiittuuaaççõõeess --11..444488 --66,,44
A redução do consumo é significativa. A “Família ecológica” que optou por equipamentos eficientes, gasta menos 49%
em electricidade e menos 32% em água nestas utilizações. Esta redução corresponde a uma economia de 143 € /ano
em relação à “Família standard”, tendo em consideração que o preço da electricidade na tarifa normal da baixa ten-
são é de 0,0965 € /kWh e que o preço do m3 da água é de 0,5 € /m3.
A análise comparativa não engloba o investimento necessário na compra dos electrodomésticos segundo a classe
de eficiência energética, porque os preços destes variam de acordo com as mais diversas características (ex.: mar-
ca, estética, etc.) e por ser possível encontrar no mercado, electrodomésticos de classe A mais baratos do que equi-
pamentos semelhantes mas de outras classes energéticas. A escolha na compra depende unicamente do consumi-
dor, que deverá ter em atenção o consumo do equipamento e as suas características energéticas.
Se todos os lares portugueses fizerem um esforço para consumir como a “Família ecológica” será possível reduzir o
consumo de energia eléctrica no sector doméstico em cerca de 1.400 GWh, o que corresponde a cerca de 13% do
consumo total de electricidade neste sector. Alargando a análise anterior a todas as famílias de equipamentos exis-
tentes nas habitações portuguesas, i.e., substituindo todo o parque instalado por modelos da classe A, obtém-se
um potencial técnico equivalente a 3.500 GWh/ano, isto é, cerca de 30% do consumo total de energia eléctrica do
sector residencial.
Controlar o consumo dos electrodomésticos constitui, assim, um objectivo fundamental para a comunidade. Torna-se im-
perativo, por isso, reduzir o consumo dos equipamentos sem redução do conforto e funcionalidade proporcionado pelos
mesmos, seleccionando no acto da compra, aparelhos económicos e mudando os comportamentos na sua utilização.
6. CONCLUSÕES
O sector residencial representa uma parcela considerável do consumo eléctrico total nacional, com a agravante de apre-
sentar uma tendência para forte crescimento nos próximos anos, resultante da melhoria do poder de compra que se tra-
duz no aumento de conforto e do parque de equipamentos instalados.
Os equipamentos mais consumidores numa unidade de alojamento são os equipamentos de frio, as máquinas de secar
roupa e a iluminação, sendo de salientar o papel desempenhado pelo consumo de stand-by dos equipamentos electró-
nicos, que cada vez mais proliferam no sector residencial.
O potencial de economia de energia é em geral elevado devido à pouca eficiência energética do parque instalado, sendo
mais elevado para a iluminação, para os equipamentos audiovisuais e equipamentos de frio. É pois possível identificar al-
gumas oportunidades de utilização racional de energia no sector doméstico, numa estratégia de DSM (Demand Side Ma-
nagement). Essas oportunidades podem dividir-se em redução de consumos e deslocamento de cargas.
A redução dos consumos poderá ser conseguida através de:
• utilização de equipamentos mais eficientes: todas as aplicações analisadas apresentam oportunidades de con-
servação de energia na medida em que existem equipamentos mais eficientes no mercado. A substituição to-
tal dos equipamentos existentes no parque habitacional pelos modelos actualmente mais eficientes, aquando
da sua renovação, traduzir-se-á numa redução anual dos consumos eléctricos da ordem dos 3.500 GWh/ano,
isto é, cerca de 30% do consumo total de energia eléctrica do sector residencial;
• utilização mais racional dos equipamentos: uma componente importante na estrutura de consumos reside na
deficiente utilização dos equipamentos por parte dos utilizadores.
Quanto ao deslocamento de cargas, ou seja, a mudança do período de funcionamento de equipamentos das horas de
ponta ou cheias do diagrama de carga para horas de vazio, é uma estratégia que pode e deve ser aplicada às máquinas
de lavar louça e roupa. No entanto, para o consumidor tirar partido desta medida, deverá optar pela tarifa bi-horária, ob-
tendo as vantagens económicas decorrentes da utilização daqueles equipamentos nos períodos de mais baixo custo ener-
gético. A implementação desta medida numa habitação pode traduzir-se numa economia na factura eléctrica anual com-
preendida entre os 33 e os 48 € (consideraram-se unicamente as máquinas de lavar e secar e equipamentos de frio).
A etiquetagem energética dos equipamentos com aplicação no sector residencial tem-se afirmado como uma ferramenta
de elevada utilidade para a prossecução da redução do consumo energético e de emissões de gases com efeito de estu-
fa, apesar do seu curto “tempo de vida”. Com efeito, a sua influência no apoio à decisão na compra de novos electrodo-
mésticos a par com a consciencialização “mais ecológica” do consumidor, tem permitido e continuará a fomentar a entra-
da de novos equipamentos mais eficientes em detrimento de outros que poderão apresentar um custo mais apelativo,
mas que sejam menos eficientes. A par da etiquetagem energética dos equipamentos, existem outros instrumentos que
partilham a mesma “vontade energética” e que têm apresentado um grande sucesso internacional, ainda que pouco di-
fundidos a nível nacional, constituindo a “aquisição agrupada” de tecnologias inovadoras um exemplo de referência, par-
ticularmente no caso do projecto Energy+.
Contudo, assiste-se à evolução de um mercado dinâmico, pelo que a actualização periódica dos requisitos a atingir deve
ser um objectivo que não deve ser esquecido. A diminuição da dependência energética nacional implica também que a
promoção destes instrumentos chegue aos actores envolvidos, consumidores, retalhistas, importadores e fabricantes, pe-
lo que os mecanismos de eficiência energética necessitam de canais de divulgação abrangentes.
31
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
7. BIBLIOGRAFIA
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[6] Group for Efficient Appliances, ADEME, “Study on Energy Efficiency Standards for Domestic Refrigeration Appliances”,
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[7] Lebot, Benoît; Lenci, Olivier; Mayer, Didier “Measuring Electricity Consumption by End-Use: Lessons learned from a
Monitoring Project in the Residential Sector”
[8] NOVEM, Huenges Wajer B.P.F., “Study of Standby Losses and Energy Savings Potential for Television and Video Re-
corder Sets in Europe” (Part A), Setembro 1995
[9] Instituto Nacional de Estatística “Indicadores de conforto das famílias”, Lisboa 1995
[10] Universidade de Oxford. DELight – “Domestic efficient lighting” – European SAVE contract, Maio 1998
[11] Jérôme Adnot – “Energy Efficiency of Room Air – Conditioners”, 1999
[12] Enertech; Adene – “Eureco – Energy savings by using eficient end-uses appliances in the residential sector”, Maio
2002
[13] Ministério da economia – “Eficiência Energética e Energias Endógenas”, Dezembro 2001
[14] DGE – “Estatisticas rápidas – Energia”, 1992 a 1998
[15] DGE – “Informação ENERGIA”
SITES PARA CONSULTA NA INTERNET
www.clasponline.org
www.efficient-appliances.org
www.iea.org/effi
www.perso.club-internet.fr/sidler/page9.html
www.ademe.fr
www.eande.lbl.gov
www.eappc76.lbl.gov/tmacal/ees.cfm
www.energy-plus.org
www.mtprog.com
www.edp.pt
www.dge.pt
www.ine.pt
www.p3e-portugal.com
32
Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
Brochura editada no âmbito da Iniciativa Pública “ Eficiência Energética nos Edifícios” (P3E), promovida pela Direcção Geral de Geologia
e Energia e executada por: Agência para a Energia, Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Laboratório Nacional de
Engenharia Civil e Instituto Português da Qualidade. A P3E é financiada pelo Programa de Incentivos à Modernização da Economia (PRIME).
Para mais informações: www.p3e-portugal.com ou ADENE - Agência para a Energia (tel.: 214 722 800)

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  • 1. Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial FEDER Iniciativa promovida e financiada por
  • 2. Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial 1
  • 3. 2 FICHA TÉCNICA TÍTULO: Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial EDIÇÃO : DGGE / IP-3E DESIGN: Companhia das Cores IMPRESSÃO e ACABAMENTO: Tipografia Peres Rua das Fontaínhas, Lote 2 Venda Nova 2700-391 AMADORA TIRAGEM 1000 exemplares DEPÓSITO LEGAL ISBN 972-8268-31-9 Lisboa, Abril 2004 PUBLICAÇÃO GRATUITA Para mais informações: www.p3e-portugal.com Edição Financiada por FEDER
  • 4. 3 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial ÍNDICE 1. Enquadramento energético do sector residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 1.1. Caracterização dos consumos eléctricos no sector residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 2. A etiquetagem energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 2.1. Equipamentos de frio doméstico (frigoríficos, congeladores e combinados) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 2.2. Máquinas de lavar roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 2.3. Máquinas de secar roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12 2.4. Máquinas de lavar-secar roupa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 2.5. Máquinas de lavar louça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 2.6. Forno eléctrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 2.7. Iluminação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18 3. Equipamentos a etiquetar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 3.1. Ar condicionado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 3.2. Consumos de Stand-by . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 3.2.1. O consumo de stand-by nos equipamentos audiovisuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 3.2.2. O consumo de stand-by nos equipamentos informáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 4. Instrumentos de eficiência energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 4.1. Transformação do mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 4.2. Instrumentos de transformação do mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 4.2.1. Etiquetagem energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 4.2.2. Níveis mínimos de eficiência energética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 4.2.3. Aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 4.2.4. Impacto das acções desenvolvidas a nível europeu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 5. Potencial de economias de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 6. Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 7. Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
  • 5. 4 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial 1. ENQUADRAMENTO ENERGÉTICO DO SECTOR RESIDENCIAL O consumo de energia no sector residencial em Portugal tem apresentado um crescimento acentuado nos últimos anos, representando em 2001 cerca de 16% do consumo nacional em energia final, sendo o terceiro sector mais energívero. Consumos de energia final em Portugal (1999/2001) Em 1996, a desagregação da estrutura dos consumos1 mostrava que a energia eléctrica representava cerca de 28% do consumo total do sector, valor este que correspondia a cerca de 60% das despesas em energia das famílias portuguesas. Estrutura dos consumos e seus custos desagregados por forma de energia no sector residencial (1996) O panorama actual de consumos e despesas não se afasta muito do verificado em 1996, sendo de ressalvar a introdução do gás natural, que no entanto não alterou significativamente aquela estrutura. Assim, a preponderância do consumo de ener- gia eléctrica no sector residencial tem-se acentuado, verificando-se um crescimento nas duas últimas décadas (1980-2000) a uma taxa média anual de cerca de 7%, superior à verificada para as restantes fontes energéticas. Em consequência, o con- sumo de electricidade nas habitações portuguesas no ano 2000 foi de 10.056 GWh, enquanto que em 1980 era de apenas 3.395 GWh. Este facto deve-se essencialmente ao aumento do rendimento disponível das famílias acompanhado de uma pro- cura crescente da melhoria das condições de conforto, com repercussões directas no aumento do parque de electrodomés- ticos instalados. Relativamente a estes, o mercado nacional tem apresentado uma enorme diversidade de modelos com efi- ciências muito distintas, o que tem contribuído para um crescimento desnecessário dos consumos energéticos. Foi neste contexto de consumos crescentes, que a Comissão Europeia definiu o sector residencial como um dos sectores fundamentais de intervenção a nível da promoção da eficiência energética, e em particular nos aspectos relacionados com a energia eléctrica. 1.1. Caracterização dos consumos eléctricos no sector residencial A estrutura de consumos eléctricos desagregados pelas principais utilizações finais foi obtida com base na monitorização de cerca de 150 unidades de alojamento (u.a.) realizada em Portugal2 nos últimos anos, e cujos resultados são ilustrados na figura seguinte. Despesas com o consumo por forma de energia - sector residencial Lenhas 13% Electricidade 60% Gás de cidade 2% GPL canalizado 1% GPL garrafas 24% Consumo por forma de energia - sector residencial Electricidade 28% Lenhas 41% GPL garrafas 26% GPL canalizado 2% Gás de cidade 2% Outros 1% Consumo energia final - 2001 Doméstico 16% Serviços 11% Outros 8% Transportes 35% Indústria 30% Consumo energia final - 1999 Doméstico 13% Serviços 9% Outros 8% Transportes 38% Indústria 32% 1 Dados mais recentes do Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico disponibilizados pela Direcção Geral de Energia; 2 “Caracterização do consumo de energia no sector doméstico”, Centro para a Conservação de Energia, 1996; “Monitorização de consumos energéticos no sector residencial”, Centro para a Conservação de Energia, 1997; “EURECO – Energy savings by using efficient end-uses appliances in the residential sector”, ADENE-Agência para a Energia, 2002.
  • 6. 5 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Repartição do consumo de electricidade por uso final Da análise da figura anterior, pode-se verificar que os equipamentos de frio doméstico (frigoríficos, combinados e conge- ladores) representam cerca de 32% do consumo, pelo que devem ser uma das prioridades para os programas de eficiên- cia energética. Em termos de tendência, prevê-se que os equipamentos informáticos, os secadores de roupa e as máqui- nas de lavar louça venham a ter um peso cada vez mais significativo. Com efeito, o peso ainda reduzido que apresentam resulta da sua baixa penetração, prevendo-se que esta aumente significativamente nos próximos anos, com impactes di- rectos na estrutura de consumos do sector. A estrutura de consumos eléctricos acima referida está suportada na seguinte taxa de penetração dos equipamentos nas unidades de alojamento. Taxas de posse 3 dos equipamentos Com base na informação recolhida das monitorizações efectuadas, foi possível estimar a estrutura do diagrama de carga horário para o sector residencial desagregado pelos principais usos finais, que se ilustra na figura seguinte. Esta figura re- vela que três das utilizações específicas de electricidade (iluminação, equipamentos de frio e audiovisual) representam, no período de ponta nocturna, mais de um terço da potência total solicitada, razão pela qual estas três utilizações apresen- tam um potencial de intervenção mais elevado. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Forno Eléctrico Arrefecimento ambiente Aquecimento ambiente AQS Eléctrico Iluminação Informática Audiovisuais - TV, VCR, Hi-Fi Máquina Lavar Louça Máquina Secar Roupa Máquina Lavar Roupa Congelador Frigorífico/Combinado Repartição dos consumos de electricidade pelos diferentes usos finais (Total 2002: 11087 GWh) Informática 2% Iluminação 12% AQS Eléctrico 5% Aquecimento ambiente 15% Outros 12% Congelador 10% Frigorífico / Combinado 22% Arrefecimento ambiente 2% Audiovisuais 9% Forno 1% Máquina Lavar Louça 3% Secador Roupa 2% Máquina Lavar Roupa 5% 3 Fonte: INE (Instituto Nacional Estatística) – Indicadores de conforto (1997)
  • 7. 6 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Estrutura do diagrama de carga horário para o sector residencial Na figura seguinte apresentam-se as estimativas4 de emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) devidas ao consumo eléctrico de cada equipamento. A projecção de emissões de GEE no sector residencial teve como base os cenários de pro- jecção de consumos da Direcção Geral de Geologia e Energia (DGGE), aos quais se associaram Factores de Emissão (FE) corrigidos nos períodos considerados. Distribuição do Potencial de Aquecimento Global (PAG)5 por uso final Esta figura mostra que é previsível um acréscimo de 10% das emissões de CO2 equivalente no período compreendido en- tre 2000 e 2005 associadas ao consumo de electricidade no sector residencial, o que reforça a necessidade de interven- ção, com particular ênfase nos usos finais que apresentam maior potencial de economias de energia e taxas de penetra- ção tendencialmente crescentes. No entanto, os valores estimados para o aquecimento e arrefecimento não têm em conta a nova regulamentação térmica e energética para os edifícios, que justamente se baseia em conceitos que permitirão con- trariar, de forma significativa, a tendência crescente verificada naqueles consumos. Contudo, é importante salientar que os consumos energéticos no sector residencial dependem, para além da eficiência energética dos equipamentos, também da sua idade, do modo de utilização e do estado de manutenção, pelo que o potencial de economias de energia em cada unidade de alojamento é muito variável. Com base nestas considerações referem-se neste documento algumas medidas que visam promover a eficiência energética dos equipamentos eléctricos, apresentando-se também uma estimativa do potencial de economias de energia resultante da sua penetração no mercado. No entanto, e embora o consumo de energia neste sector esteja fortemente dependente da tecnolo- gia utilizada, está também e de forma fundamental, dependente dos comportamentos dos utilizadores. Assim, qualquer abor- dagem ao sector terá forçosamente de ter em conta estes dois aspectos, integrando uma vertente de promoção das tecnolo- gias mais eficientes, sem no entanto descurar o aspecto informativo sobre as “melhores práticas” para a sua utilização. 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Frigorífico Congelador Congelador Máquina Lavar Roupa Secador Roupa Máquina Lavar Louça Audiovisuais - TV, VCR, Hi-Fi Informática Iluminação AQS Eléctrico Aquecimento ambiente Arrefecimento ambiente Forno Outros kt CO2 eq. 2005 2000 0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Potência(MW) Equipamentos de frio Máquina de lavar roupa Máquina de lavar louça Máquina de secar roupa Conjunto informático Conjunto audiovisual Iluminação Outras aplicações 4 “Avaliação dos Gases com Efeito Estufa (GEE´s) em Portugal – Apoio à implementação ao Protocolo de Kyoto”, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2000; 5 A abordagem adoptada segue o ciclo de vida do combustível até ao utilizador final.
  • 8. 2. A ETIQUETAGEM ENERGÉTICA A etiquetagem energética de equipamentos domésticos foi criada pela Comissão Europeia para informar os consumidores sobre os desempenhos energéticos dos electrodomésticos, em termos de consumo de electricidade e nalguns casos tam- bém de água, de modo a tornar possível efectuar a comparação entre os diversos modelos existentes no mercado. As in- formações fornecidas pela etiqueta energética ajudam os consumidores a realizar uma escolha racional com repercussões na diminuição da factura eléctrica, contribuindo ao mesmo tempo para a preservação do meio-ambiente. A etiqueta energética garante também uma vantagem comercial aos fabricantes que produzem aparelhos eficientes e pe- naliza aqueles que não promovem a eficiência energética dos seus produtos. É assim um instrumento de política energé- tica, que permite alargar as áreas de decisão dos consumidores no processo de aquisição dos equipamentos, contribuin- do para o aumento da penetração dos equipamentos mais eficientes, melhorando a qualidade do parque instalado, com repercussão na redução dos consumos energéticos. A etiquetagem energética está consagrada na Directiva Qua- dro Europeia (92/75/CEE) e nas subsequentes directivas pa- ra cada família de equipamentos. É baseada em categorias pré-definidas de A (melhor índice de eficiência energética) a G (pior índice), sendo de afixação obrigatória em todos os equipamentos abrangidos, desde que estejam expostos ao público. Estes índices de eficiência são obtidos através de ensaios laboratoriais realizados de acordo com normas téc- nicas específicas para cada tipo de equipamento. Para além dos dados energéticos encontram-se também indicados ou- tros parâmetros que revelam um conjunto de características técnicas das diferentes famílias de equipamentos. Os dados existentes na etiqueta são da responsabilidade dos fabri- cantes sendo a sua colocação da responsabilidade da enti- dade que os comercializa. Na tabela seguinte encontram-se os equipamentos que já possuem etiqueta energética e as datas de aplicação obrigató- ria das Directivas Europeias. Equipamentos etiquetados em Portugal Equipamento Em vigor em Portugal desde: Data da Directiva Europeia Frigoríficos e Congeladores Janeiro de 1995 (Portaria n.º 1139/94) Janeiro de 1994 Máquinas de secar roupa Abril de 1996 (Portaria n.º 117/96) Maio de 1995 Máquinas de lavar roupa Abril de 1996 (Portaria n.º 116/96) Maio de 1995 Máquinas de lavar e secar roupa Novembro de 1997 (Portaria n.º 1095/97) Setembro de 1996 Máquinas de lavar louça Agosto de 1999 (Decreto-Lei n.º 309/99) Abril de 1997 Lâmpadas CFL e incandescentes Fevereiro de 2000 (Decreto-Lei n. 18/2000) Janeiro de 1998 Fornos eléctricos Janeiro de 2003 (Decreto-Lei n.º 27/2003) Maio de 2002 2.1. Equipamentos de frio doméstico (frigoríficos, congeladores e combinados) Os equipamentos de frio são responsáveis por cerca de 32% do consumo total de energia eléctrica no sector doméstico, assumindo-se como os equipamentos mais consumidores em virtude da sua elevada taxa de penetração, estando pre- sentes na totalidade das unidades de alojamento em Portugal. Estes equipamentos transferem calor do seu interior pa- ra o exterior, de modo a poder conservar os alimentos a uma temperatura mais ou menos constante. O compartimento frigorífico é mantido a +5°C, enquanto que o compartimento de congelação é mantido a uma temperatura que varia com a categoria do aparelho (ver tabela seguinte). 7 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Classificação da eficiência energética dos equipamentos
  • 9. 8 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Características gerais dos equipamentos domésticos de frio Categoria Temperatura do compartimento Tempo médio de conservação (nº estrelas) de alimentos congelados dos alimentos congelados – Pode ter compartimento de produção de gelo Apenas conserva alimentos frescos * –6°C 1 semana ** –12°C 1 mês *** –18°C 3 meses * *** –18°C 3 meses (congela alimentos frescos) O frigorífico deve ter um tamanho adequado às necessidades dos utilizadores porque, quanto maior for o volume interior também maior será o respectivo consumo energético. O funcionamento dos equipamentos de frio é cíclico, em que parte do ciclo corresponde ao funcionamento à potência nominal e outra parte à paragem do compressor, como se visualiza na figura seguinte. Perfil de funcionamento de um combinado O consumo de electricidade destes equipamentos depende essencialmente da regulação da temperatura, da capacidade de isolamento e do desempenho do compressor. Por ser o electrodoméstico com maior consumo, foi também o primeiro a ter uma etiqueta energética, obrigatória desde Janeiro de 1995 (Portaria n.º 1139/94 de 22 de Dezembro). Esta etiqueta fornece ao consumidor informações claras, objectivas e normalizadas em toda a Europa, permitindo comparar os equipa- mentos entre si. Na figura seguinte representa-se a etiqueta energética para os equipamentos de frio doméstico. Etiqueta energética para equipamentos de frio doméstico Referência do aparelho – designação ou marca do fabricante Classe de eficiência energética Etiqueta ecológica europeia Consumo anual de energia Capacidade (l) e número de estrelas Nível de ruído (dB(A)) Bandeira Europeia 0 25 50 75 100 125 150 175 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Horas Potência(W)
  • 10. A classe de eficiência energética reflecte o estado tecnológico destes equipamentos num determinado momento. A rela- ção entre o consumo de um dado aparelho e o consumo médio da sua categoria define o índice de eficiência energética (EEI), que se relaciona com as classes energéticas como se indica na seguinte tabela: Classificação energética dos equipamentos de frio Classe de eficiência energética Índice de eficiência energética Diferença de consumos A EEI < 55 Superior a –45% B 55 ≤ EEI < 75 de –45% a –25% C 75 ≤ EEI < 90 de –25% a –10% D 90 ≤ EEI < 100 de –10% a 0 E 100 ≤ EEI < 110 de 0 a +10% F 110 ≤ EEI < 125 de +10% a +25% G 125 ≤ EEI Superior a +25% Em Julho de 1998, o Decreto-Lei n.º 214/98 transpôs para Portugal a Directiva Europeia nº 96/57/CE que consagrou as nor- mas de eficiência energética mínimas, abrangendo todas as classes de frio doméstico (frigoríficos, congeladores e combi- nados). De acordo com esta Directiva, são excluídos do mercado a maioria dos equipamentos de frio com classes de efi- ciência igual ou inferior à classe D. Estima-se que esta imposição de níveis mínimos de eficiência energética permitirá reduzir os consumos energéticos destes equipamentos em cerca de 18% até 2020. Esta medida originou uma significati- va evolução tecnológica nestes equipamentos, de tal forma que actualmente já existem no mercado vários equipamentos de frio com níveis de eficiência superior ao necessário para obter a classificação A, sendo denominados de equipamentos de classe A+ e A++. O consumo de energia destes equipamentos também depende muito da forma como são utilizados. Assim, para um cor- recto funcionamento dos equipamentos de frio, devem ter-se em atenção os aspectos referidos no quadro seguinte. O que não deve ser feito: • Colocar este tipo de equipamento junto de fontes de calor (fornos, fogões), nem em locais com incidência solar directa. Baixando a temperatura da envolvente do equipamento em 5°C pode-se atingir uma economia de energia de aproximadamente 30%; • Deixar que o gelo se acumule, pois dificulta a transferência de calor entre o evaporador e o interior do frigorífico. O consumo pode aumentar em cerca de 30% se existir uma camada de gelo superior a 5 mm; • Colocar comida ainda quente no frigorífico. O que fazer: • Assegurar a existência de espaço para circulação do ar na parte traseira do frigorífico; • Limpar a grelha traseira do frigorífico pelo menos uma vez por ano. A acumulação de pó e sujidade dificulta a tro- ca de calor através do condensador; • Verificação regular da estanquicidade das portas. Tal pode ser efectuado deixando uma folha de papel entre a bor- racha e a porta. Se a folha de papel ficar solta, é porque a porta não fecha convenientemente; • Ajustar o regulador de temperatura interior de acordo com as necessidades; • Reduzir o tempo de abertura das portas ao necessário (20% do consumo global dos equipamentos de frio são de- vidos às aberturas das portas). Esta prática também reduz a acumulação de gelo; • Cobrir a comida confeccionada e acondicionar convenientemente os alimentos em geral. Estas práticas evitam a proliferação de bactérias e odores, evitando também a formação de gelo dentro do aparelho. 9 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 11. 2.2. Máquinas de lavar roupa A máquina de lavar roupa é um equipamento cujo consumo representa cerca de 5% do consumo total de electricidade nas habitações, apresentando uma taxa de penetração da ordem dos 90%. Uma máquina de lavar roupa consome água e energia eléctrica. A electricidade é necessária às acções mecânicas (rotação do tambor, enxaguamento, bombas de circulação da água) e à acção térmica para aquecimento da água por resistência eléctrica. O aquecimento eléctrico da água constitui por si só 80 a 90% do consumo total de energia de um ciclo de la- vagem. Existem também equipamentos que apresentam a hipótese de serem alimentadas com água quente, proveniente de outros sistemas de aquecimento (caldeiras murais, termoacumuladores a gás, painéis solares, etc.), permitindo reduzir o consumo eléctrico de forma significativa. No entanto, estas máquinas não se encontram muito difundidas no mercado nacional. A figura seguinte representa os ciclos típicos de funcionamento de uma máquina de lavar roupa, para diferentes tempe- raturas de lavagem, permitindo identificar um nível elevado de consumo energético que está associado ao aquecimento da água e níveis mais reduzidos associados à rotação do tambor na centrifugação final da roupa. Ciclos de lavagem a baixa temperatura (30°C) e a temperatura elevada (60°C) As máquinas de lavar roupa apresentam habitualmente vários programas baseados em temperaturas mais ou menos ele- vadas, adaptadas às lavagens de diferentes tipos de roupa. No entanto, a evolução nos detergentes tem vindo a permi- tir a obtenção de uma boa qualidade de lavagem mesmo a baixas temperaturas (30°C), contribuindo para a redução dos consumos energéticos. Na figura seguinte podem-se constatar as economias de energia obtidas com ciclos de baixa tem- peratura. Consumo médio dos ciclos de lavagem das máquinas de lavar roupa Alguns dos parâmetros que não deverão ser negligenciados na compra de uma máquina de lavar roupa são a velocidade 0 500 1000 1500 2000 Frio 30/40ºC 60ºC 90ºC Wh/ciclo 0 500 1000 1500 2000 2500 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 Minutos Potência(W) 60º 30º 10 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 12. de rotação na centrifugação (quanto maior for a velocidade de centrifugação menor será a quantidade de água retida na roupa, pelo que menor será o ciclo de secagem com a consequente redução do consumo energético) e a existência de programas económicos (as reduções do consumo de electricidade podem atingir 40%). A etiqueta de energia aplicada às máquinas de lavar a roupa vigora desde 1996, e tem a configuração representada na fi- gura seguinte. Etiqueta energética para as máquinas de lavar roupa A classificação energética das máquinas de lavar roupa fundamenta-se no consumo obtido em ciclos de lavagem norma- lizados de tecidos de algodão e a uma temperatura de 60°C, sendo expresso em kWh/kg de roupa, estabelecendo-se clas- sificações numa escala de A (mais eficiente) a G (menos eficiente), conforme as indicações apresentadas na tabela se- guinte. São ainda indicados os acréscimos médios de consumo verificados entre as diferentes classes de eficiência e a classe A. Classificação energética das máquinas de lavar roupa Classe de eficiência energética Consumo de energia (kWh/kg) Diferença de consumos A C ≤ 0,19 X B 0,19 ≤ C ≤ 0,23 X+21% C 0,23 < C ≤ 0,27 X+42% D 0,27 < C ≤ 0,31 X+63% E 0,31 < C ≤ 0,35 X+84% F 0,35 < C ≤ 0,39 X+105% G C > 0,39 > X+105% Na figura seguinte ilustra-se o diagrama de carga (DDC) médio das máquinas de lavar roupa resultante de monitorizações efectuadas. Assumindo que este comportamento é representativo do universo, é de todo vantajosa a realização de uma campanha de sensibilização dos clientes Baixa Tensão (BT) para a utilização da tarifa bi-horária, transferindo os consumos deste tipo de equipamentos para períodos tarifários favoráveis. Este procedimento apresenta vantagens financeiras quer para os utilizadores, quer para a empresa distribuidora de electricidade, pois contribui para a rectangularização do dia- grama de carga de produção, com as vantagens daí decorrentes. Referência ou marca do aparelho — designação ou marca do fabricante Classe de eficiência energética Etiqueta ecológica europeia Consumo de energia (kWh) relativamente a um ciclo de algodão de 5 kg a 60ºC Eficiência de lavagem Eficiência de centrifugação Bandeira Europeia Capacidade (kg) e consumo de água (l) Níveis de ruído para a lavagem e centrifugação (db(A)) 11 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 13. Diagrama de carga médio das máquinas de lavar roupa Conselhos para a sua utilização: • Escolher criteriosamente o programa de que necessita, de acordo com o tipo de roupa que vai lavar; • Evitar a utilização da pré-lavagem (só quando a roupa estiver muito suja); • Seleccionar a tecla económica (ECO), sempre que a roupa não estiver muito suja; • Utilização de programas a baixas temperaturas sempre que possível; • Utilizar a máquina preferencialmente na sua capacidade máxima; • Instalar as máquinas em locais secos e bem ventilados. 2.3. Máquinas de secar roupa As máquinas de secar roupa apresentam uma taxa de penetração baixa (13%) nos alojamentos portugueses, mas com ten- dência para aumentar num futuro próximo. No mercado existem dois tipos de máquinas para secagem da roupa – eva- cuação do ar húmido para o exterior ou a sua condensação, apresentando as primeiras menores níveis de consumo ener- gético. Tal como no caso das máquinas de lavar roupa, a maior parte da energia é consumida no processo de aquecimento, neste caso do ar, através de resistência eléctrica. A figura seguinte representa um ciclo típico de funcionamento para uma máquina de secar roupa de evacuação, verifi- cando-se a solicitação de uma potência eléctrica elevada, durante um período de tempo considerável. Ciclo típico da máquina de secar roupa A etiqueta de eficiência energética está em vigor desde 1996 para todas as máquinas de secar roupa (Portaria n.º 117/96 de 15 de Abril). 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 Tempo (minutos) Potência(W) 0 20 40 60 80 100 120 140 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Potência(MW) 12 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 14. 13 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Etiqueta energética para as máquinas de secar roupa A metodologia utilizada para etiquetar energeticamente estes equipamentos baseia-se no consumo (kWh/kg) para um ci- clo de carga máxima de algodão (ciclo padrão), sendo estabelecida uma classificação numa escala de A a G, e indicada na tabela seguinte. Classificação energética das máquinas de secar roupa Classe Máquina de secar por extracção Máquina de secar por condensação de eficiência Consumo Diferença Consumo Diferença energética de energia (kWh/kg) de consumos de energia (kWh/kg) de consumos A C < 0,51 X C < 0,55 X B 0,51 < C ≤ 0,59 X+16% 0,55 < C ≤ 0,64 X+16% C 0,59 < C ≤ 0,67 X+32% 0,64 < C ≤ 0,73 X+33% D 0,67 < C ≤ 0,75 X+47% 0,73 < C ≤ 0,82 X+49% E 0,75 < C ≤ 0,83 X+63% 0,82 < C ≤ 0,91 X+65% F 0,83 < C ≤ 0,91 X+78% 0,91 < C ≤ 1 X+82% G C > 0,91 > X+78% C > 1 > X+82% Na figura seguinte ilustra-se o diagrama de carga (DDC) médio das máquinas de secar roupa resultante de monitorizações efectuadas. Assumindo que este DDC é representativo do universo, e à semelhança do referido para as máquinas de la- var roupa, é também aqui vantajoso a sensibilização dos clientes para a transferência dos consumos deste tipo de equi- pamentos para períodos tarifários mais favoráveis. Diagrama de carga médio das máquinas de secar roupa 0 20 40 60 80 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Potência(MW) Referência do aparelho – nome ou marca do fabricante Classe de eficiência energética Etiqueta ecológica europeia Consumo de energia (kWh) por programa para 5 kg de algodão Capacidade (kg) Tipo de aparelho Nível de ruído (dB(A)) - Facultativo Bandeira Europeia
  • 15. 14 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Conselhos para a sua utilização: • Utilize preferencialmente a máquina na sua capacidade de carga máxima; • Se centrifugar a roupa na máquina de lavar a uma velocidade elevada, o consumo de energia eléctrica dispendi- do pelo secador será menor; • Para a instalação de uma máquina de secar roupa por evacuação recomenda-se um local sem problemas de ven- tilação; • No caso de possuir uma máquina de secar roupa por evacuação, o tubo para o exterior deve ser o mais curto pos- sível, por forma a aumentar o rendimento de secagem. 2.4. Máquinas de lavar-secar roupa Uma máquina com as funções de lavagem e secagem permite ganhar espaço numa unidade de alojamento, substituindo com vantagem o conjunto máquina de lavar roupa e secador de roupa. A etiqueta energética concebida para as máquinas de lavar-secar segue o mesmo princípio da referente às máquinas de lavar roupa, existindo no entanto algumas diferen- ças que reflectem a variação tecnológica. A etiqueta de energia aplicada a este tipo de equipamento está em vigor desde 1997, apresentando a configuração apresentada na figura seguinte. Etiqueta energética para as máquinas de lavar-secar roupa A classe de eficiência energética é calculada de acordo com o mesmo princípio utilizado no caso das máquinas de lavar roupa, obtendo-se os seguintes indicadores: Classificação energética das máquinas de lavar-secar roupa Classe de eficiência energética Consumo de energia (kWh/kg) Diferença de consumos A C ≤ 0,68 X B 0,68 < C ≤ 0,81 X+19% C 0,81 < C ≤ 0,93 X+37% D 0,93 < C ≤ 1,05 X+54% E 1,05 < C ≤ 1,17 X+72% F 1,17 < C ≤ 1,29 X+90% G C > 1,29 > X+90% Referência do aparelho – designação ou marca do fabricante Classe de eficiência energética Etiqueta ecológica europeia Consumo de energia (kWh) para um ciclo completo (lavagem + centrifugação + secagem) de 5 kg de algodão a 60ºC. Consumo de energia (kWh) para um ciclo (lavagem+centrifugação) de 5kg de algodão a 60ºC Eficiência de lavagem Capacidade para a lavagem e secagem (kg) Consumo de água (l) Nível de ruído (dB(A)) Bandeira europeia
  • 16. São possíveis economias de cerca de 33% de electricidade quando a centrifugação da roupa é realizada a 1600 rot/min comparativamente com uma centrifugação realizada a 750 rot/min, factor que deve ser considerado no momento de aqui- sição deste tipo de equipamento. 2.5. Máquinas de lavar louça A máquina de lavar louça tem apresentado, nos últimos anos, um crescimento acelerado na sua taxa de penetração no mercado, existindo actualmente em cerca de 30% das habitações. Este equipamento consome água e energia eléctrica. A electricidade é principalmente consumida pela resistência eléctrica que permite o aquecimento da água (nos equipamen- tos com alimentação de água fria) e secagem da louça, podendo estes ciclos representar mais de 80% do consumo total. No mercado nacional existem também máquinas de lavar louça com alimentação de água quente, sendo no entanto esta capacidade pouco utilizada pelos consumidores, essencialmente por falta de informação sobre esta função. A maioria das actuais máquinas de lavar louça possui um programa “ECO” que permite a redução da temperatura da água de 65 para 50°C, com redução dos consumos de energia eléctrica. Na figura seguinte representa-se um ciclo típico de funcionamento das máquinas de lavar louça. A primeira fase deste ci- clo corresponde ao aquecimento da água e o segundo pico de consumo diz respeito à fase de secagem da louça. Ciclo típico da máquina de lavar louça Estas máquinas possuem uma etiquetagem energética semelhante à das máquinas de lavar roupa, regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 309/99 de 10 de Agosto. Etiqueta energética para as máquinas de lavar louça Capacidade do aparelho e Consumo de água (l) por ciclo Referência do fornecedor Classe de eficiência energética Rótulo ecológico Consumo de energia (kWh) por ciclo padrão Classe de eficiência de lavagem Classe de eficiência de secagem Nível de ruído Bandeira europeia Aquecimento da água Secagem da louça 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Tempo (minutos) Potência(W) 15 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 17. 16 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial A classe de eficiência energética de um aparelho é determinada pelo cálculo do índice de eficiência energética EI, que re- laciona o consumo de um dado equipamento com o consumo de referência, e que se apresenta no quadro seguinte: Classificação energética das máquinas de lavar louça Classe de eficiência energética Índice de eficiência energética Diferença de consumos A EI < 0,64 Superior a –36% B 0,64 ≤ EI < 0,76 de –36% a –24% C 0,76 ≤ EI < 0,88 de –24% a –12% D 0,88 ≤ EI < 1,00 de –12% a 0 E 1,00 ≤ EI < 1,12 de 0 a +12% F 1,12 ≤ EI < 1,24 de +12% a +24% G EI ≥ 1,24 Superior a +24% Na figura seguinte representa-se o diagrama de carga médio para as máquinas de lavar louça 6, que permite verificar a existência típica de pontas que ocorrem durante as horas da manhã e início da tarde, consumos que poderão ser facil- mente transferidos para um período mais económico, pelo menos em grande parte, o que será vantajoso para o utiliza- dor se dispuser de tarifa bi-horária. Diagrama de carga médio das máquinas de lavar louça Conselhos para a sua utilização • Utilizar o mais possível os programas de baixas temperaturas; • Utilizar preferencialmente a máquina na sua capacidade máxima; • Utilizar o programa económico sempre que a louça estiver pouco suja. O ciclo económico limita a temperatura a 50-55° C durante a lavagem e secagem, diminui a quantidade de água por lavagem e reduz o consumo de energia eléctrica; • O ciclo de pré-lavagem deve apenas ser utilizado quando a louça está muito suja. 0 40 80 120 160 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Potência(MW) 6 Monitorização de 100 unidades de alojamento, no âmbito do projecto Eureco.
  • 18. 17 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Potencial de economia de custos pela utilização da tarifa bi-horária Na abordagem efectuada sobre as diferentes máquinas de lavar e secar, foi sempre referido que um dos processos ao dispor dos utilizadores para reduzirem os custos com a utilização destes equipamentos consistia em transferir o seu fun- cionamento para os períodos mais favoráveis do tarifário eléctrico (períodos de vazio), nos quais a energia é significati- vamente mais barata, desde que tenham optado pela tarifa bi-horária no contrato de fornecimento da energia eléctrica. É por isso interessante quantificar as vantagens resultantes desta transferência. Assim, definiram-se como representati- vos dos regimes de utilização dos diferentes equipamentos, os seguintes valores: • quatro utilizações semanais para a máquina de lavar louça que apresenta um consumo médio de 1,4 kWh/ciclo; • três utilizações semanais para a máquina de lavar roupa que apresenta um consumo médio de 1,3 kWh/ciclo; • duas utilizações semanais da máquina de secar roupa que apresenta um consumo médio de 3,6 kWh/ciclo. Foi ainda analisado o impacto da tarifa bi-horária no custo de funcionamento do equipamento de frio, devido à relevância do consumo deste electrodoméstico no consumo global de uma unidade de alojamento. Assim, considerámos um frigorífi- co combinado com um consumo médio anual de 550 kWh. O quadro seguinte ilustra os resultados obtidos. Da sua análi- se, pode verificar-se que a simples transferência de utilização das máquinas acima referidas, acrescida da redução dos cus- tos de funcionamento do frigorífico compensa, por si só, o acréscimo de custos resultante da opção pela tarifa bi-horária. Tipo de equipamento Nº de ciclos semanais Consumo por ciclo Consumo anual (kWh/ciclo) (kWh/ano) Máquina lavar roupa (MLR) 3 1,3 202,8 Máquina lavar louça (MLL) 4 1,4 291,2 Máquina secar roupa (MSR) 2 3,6 374,4 Equipamento de frio (FRIO) 550,0 Consumo global 1418,4 TTaarriiffaa bbii--hhoorráárriiaa (0,0965 €/kWh – horas fora de vazio; 0,0528 €/kWh – horas de vazio) TTaarriiffaa ssiimmpplleess TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee 6600%% TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee 8800%% TTrraannssffeerrêênncciiaa ddee 110000%% (0,0965 €/kWh) ddoo ccoonnssuummoo ppaarraa oo vvaazziioo ddoo ccoonnssuummoo ppaarraa oo vvaazziioo ddoo ccoonnssuummoo ppaarraa oo vvaazziioo Custo em Custo em Custo em Custo em Custo em Custo em período de período fora período de período fora período de período fora vazio (€) de vazio (€) vazio (€) de vazio (€) vazio (€) de vazio (€) MMLLRR 19,57 6,43 7,83 8,57 3,91 10,71 --- MMLLLL 28,10 9,23 11,24 12,30 5,62 15,38 --- MMSSRR 36,13 11,86 14,45 15,82 7,23 19,77 --- FFRRIIOO* 53,08 12,10 30,96 12,10 30,96 12,10 30,96 TTOOTTAALL 113366,,8888 110044,,0099 9966,,5500 8888,,9911 DDiiffeerreennççaa eennttrree aass dduuaass ooppççõõeess ((€)) 3322,,7788 4400,,3377 4477,,9966 AAccrréésscciimmoo ddee ccuussttoo aannuuaall ppeellaa ooppççããoo ddaa ttaarriiffaa bbii--hhoorráárriiaa ((€)) 2255 * Os custos relativos ao consumo do equipamento de frio são iguais nos 3 cenários em tarifa bi-horária, pois o equipamento funciona sempre 10 horas nos períodos de vazio e 14 horas nos períodos fora de vazio (ciclo diário) 2.6. Forno eléctrico Os fornos eléctricos apresentam consumos eléctricos distintos, em função dos diversos processos utilizados na confecção de alimentos. O modo de operação mais usual reside na radiação de calor por intermédio de resistências eléctricas, com- plementado pela acção de um ventilador que permite a convecção do calor gerado, distribuindo-o de uma forma unifor- me sobre os alimentos. Existe ainda a opção de grelhador, entre outras funcionalidades que, no seu conjunto, corres- pondem a potências eléctricas elevadas e, consequentemente, a consumos também elevados.
  • 19. O Decreto-Lei nº 27/2003 de 12 de Fevereiro de 2003 estabelece as regras relativas à etiquetagem energética dos fornos eléctricos para uso doméstico, transpondo para a ordem jurídica nacional a Directiva da Comissão n.º 2002/40/CE, de 8 de Maio. Na figura seguinte representa-se a etiqueta energética para este tipo de equipamento. Etiqueta energética para os fornos eléctricos A classe de eficiência energética de um forno eléctrico é determinada de acordo com o quadro seguinte. O consumo de energia (kWh) para as funções de aquecimento do compartimento (convencional e ou por circulação forçada de ar) com base na carga normalizada, é determinado em conformidade com os procedimentos de ensaio das normas harmonizadas. Classificação energética dos fornos eléctricos Consumo de energia (kWh) com base na carga normalizadaClasse de eficiência Forno pequeno Forno médio Forno grande Diferença energética (12 l ≤ volume < 35 l) (35 l ≤ volume < 65 l) (volume ≥ 65 l) de consumos A E < 0.60 E < 0.80 E < 1.00 X B 0.60 ≤ E < 0.80 0.80 ≤ E < 1.00 1.00 ≤ E < 1.20 X + 26% C 0.80 ≤ E < 1.00 1.00 ≤ E < 1.20 1.20 ≤ E < 1.40 X + 52% D 1.00 ≤ E < 1.20 1.20 ≤ E < 1.40 1.40 ≤ E < 1.60 X + 78% E 1.20 ≤ E < 1.40 1.40 ≤ E < 1.60 1.60 ≤ E < 1.80 X + 104% F 1.40 ≤ E < 1.60 1.60 ≤ E < 1.80 1.80 ≤ E < 2.00 X + 131% G E ≥ 1.60 E ≥ 1.80 E ≥ 2.00 > X + 131% Conselhos para a sua utilização: • Reduzir a abertura das portas ao máximo. • Substituir juntas e borrachas de vedação que estejam gastas ou com fissuras, de modo a evitar perdas de calor. 2.7. Iluminação O consumo médio anual em iluminação por unidade de alojamento é de cerca de 370 kWh, equivalente a 12% do con- sumo de electricidade no sector residencial. No entanto, este é um uso com enorme potencial de economias de energia, não apenas pelo uso de equipamentos mais eficientes, como também pela utilização da iluminação natural. Bandeira europeia Rótulo ecológico Classe de eficiência energética Consumo de energia (kWh) Referência do fabricante Nível de ruído Volume útil (l) Tamanho do compartimento 18 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 20. Características técnicas No sector residencial, são utilizados dois tipos principais de lâmpadas: incandescente e fluorescente. Numa lâmpada in- candescente “clássica”, um filamento (normalmente de tungsténio) é atravessado por uma corrente eléctrica atingindo uma temperatura elevada, o que provoca a emissão de luz visível. As lâmpadas incandescentes evoluíram para as chamadas lâmpadas de halogéneo, nas quais o filamento se encontra inserido num gás halogéneo que garante um ciclo regenerati- vo do tungsténio, aumentando assim a duração do filamento e evitando a sua deposição nas paredes da lâmpada, au- mentando quer o rendimento quer a duração destas lâmpadas. As lâmpadas incandescentes clássicas são as mais baratas mas apresentam uma eficiência muito reduzida. Com efeito, apenas cerca de 5% da electricidade consumida é convertida em luz, sendo a restante convertida em calor. Quanto às lâmpadas incandescentes de halogéneo, apresentam uma eficiência ligeiramente superior. São muito utilizadas em ilumi- nação indirecta, chegando a atingir 500 Watt em candeeiros de pé, sendo no entanto altamente energívoras e perigosas devido ao calor dissipado. A sua principal característica é apresentarem índices de restituição de côr muito elevados (pró- ximos da luz natural). Nas lâmpadas fluorescentes, as paredes interiores são revestidas de um pó fluorescente, que transforma em luz visível a radiação ultravioleta emitida por um gás (vapor de mercúrio) atravessado por uma corrente eléctrica. As lâmpadas fluo- rescentes classificam-se em lâmpadas tubulares e compactas. Incandescentes Fluorescentes CClláássssiiccaa HHaallooggéénneeoo TTuubbuullaarr CCoommppaaccttaa Diferentes tipos de lâmpadas As lâmpadas fluorescentes tubulares apresentam uma elevada eficiência luminosa, necessitando no entanto de utilizar lu- minárias (armaduras, na linguagem corrente) próprias, que normalmente são bastante inestéticas. Quanto às lâmpadas fluorescentes compactas (CFL), são, devido ao desenvolvimento tecnológico verificado nos últimos anos, uma alternativa excelente às lâmpadas incandescentes clássicas. A qualidade da luz produzida é agora muito próxima destas últimas e o seu peso tem vindo a diminuir significativamente, incorporando balastros electrónicos que eliminam a “trepidação” da luz e proporcionando um arranque rápido, sendo o seu preço actual muito mais baixo. A sua evolução foi também focaliza- da no tamanho (que no passado era demasiado grande) e no formato, por forma a compatibilizá-las esteticamente com as lâmpadas incandescentes. Comparativamente com as lâmpadas incandescentes, apresentam um consumo energético 5 a 6 vezes inferior e um tempo médio de vida que pode atingir as 15.000 horas (cerca de 15 vezes superior às lâmpadas incandescentes). Características técnicas e económicas das lâmpadas Incandescente Fluorescente Clássica Halogéneo Tubular Compacta Potência (W) 15-2000 20-2000 15-58 9-23 Eficiência luminosa (lm/W) 8-15 15-25 58-93 55-65 Duração (horas) 1000 2000 12000 a 18000 6000 a 15000 Índice de restituição de côr 90-100 90-100 85 a 98 82-90 Preço (€) 0,5 a 1 2 a 8 3 a 5 5 a 15 19 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 21. Porquê escolher uma lâmpada fluorescente compacta? • Um maior respeito pelo ambiente, pois consome 5 a 6 vezes menos que uma lâmpada incandescente equivalente; • Por razões de segurança: uma lâmpada de halogéneo pode, por exemplo, atingir a temperatura de 600°C e uma incandescente standard cerca de 230°C, com os consequentes riscos de queimaduras e de incêndio. As lâmpadas compactas (CFL) atingem no máximo cerca de 70°C, pelo que minimizam estes riscos; • Duram mais, cerca de 6 a 15 vezes mais que as lâmpadas incandescentes (o tempo de vida útil de uma lâmpada incandescente é de cerca de 1.000 horas, enquanto que as compactas apresentam um período de vida até às 15.000 horas); • Apresentam um custo global inferior, devido ao baixo custo de utilização. O quadro seguinte exemplifica uma comparação técnica/económica entre lâmpadas incandescentes e lâmpadas fluores- centes compactas. Exemplo de substituição de lâmpadas incandescentes por compactas fluorescentes Incandescente CFL Diferença face às incandescentes Potência (W) 75 15 –60 Fluxo luminoso (lm) 960 1.200 +240 Vida útil (hora) 1.000 12.000 +11.000 Nº de lâmpadas para a mesma vida útil 12 1 –– Preço médio de cada lâmpada (€) 0,5 9 –– Preço total das lâmpadas (€) 12*0,50=6 1x9 +3,0 Consumo em 1.000 h de utilização (kWh) 75 15 –60 Custo de energia em 1.000 h de utilização (€) 7,24 1,45 –5,79 Custo global no ciclo de vida de uma CFL (€) 92,85 26,37 –66,48 Nota: Assumiu-se o preço da energia de 0.0965 € / kWh (tarifa simples) Na figura seguinte visualizam-se as economias resultantes da utilização de lâmpadas fluorescentes compactas a partir das 1.500 horas de utilização, ou seja, a partir do primeiro ano e meio de utilização, assumindo um uso diário de 3 horas. Comparação da viabilidade económica entre as lâmpadas incandescentes e as CFL 0 15 30 45 60 75 90 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 Horas Euro CFL Incandescente Economias 20 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 22. Os principais inconvenientes das lâmpadas CFL residem no ainda elevado preço inicial, e no facto do fluxo luminoso não ser atingido imediatamente. Por estas razões não são aconselhadas para locais em que os períodos de utilização são mui- to curtos. O Decreto-Lei n.º 18/2000 de 29 de Fevereiro transcreveu para o direito interno os requisitos da etiquetagem energética das lâmpadas eléctricas para uso doméstico, proporcionando aos consumidores uma escolha mais racional deste tipo de equipamento. Esta etiqueta fornece a seguinte informação: • Classe de eficiência energética; • Fluxo luminoso em lumens (lm); • Potência absorvida pela lâmpada em Watt (W); • Duração de vida da lâmpada, i.e. o período depois do qual 50% das lâmpadas já não funcionam. Etiqueta energética para as lâmpadas No quadro seguinte indicam-se os valores correspondentes aos índices de eficiência energética para as diferentes classes de lâmpadas. De referir que a classe A destina-se essencialmente às lâmpadas fluorescentes sem balastro integrado, que apresentem níveis de eficiência elevado, satisfazendo as condições definidas na norma respectiva. Se uma lâmpada não for classificada na classe A, a sua classe de eficiência será determinada de acordo com os dados indicados no quadro se- guinte, sendo o índice de eficiência energética EI a razão entre a potência absorvida medida em laboratório e a potência de referência calculada de acordo com as normas estabelecidas. Classificação energética das lâmpadas Classe de eficiência energética Índice de eficiência energética A Para lâmpadas fluorescentes sem balastro integrado e de rendimento elevado B EI < 60% C 60% ≤ EI < 80% D 80% ≤ EI < 95% E 95% ≤ EI < 110% F 110% ≤ EI < 130% G EI ≥ 130% Classe de eficiência energética Fluxo luminoso Potência absorvida Tempo de vida médio 21 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 23. 3. EQUIPAMENTOS A ETIQUETAR 3.1. Ar condicionado A penetração de equipamentos de ar condicionado tem aumentado consideravelmente no nosso país, devido ao aumen- to do poder de compra que se repercute na crescente tendência de melhoria das condições de conforto. No entanto, es- tes equipamentos são responsáveis por uma parte significativa do aumento do consumo de energia eléctrica e, conse- quentemente da factura energética nas habitações onde são instalados. Em termos energéticos, a solução óptima seria que os edifícios fossem construídos de forma a que a utilização de sistemas activos de climatização fosse reduzida ao mí- nimo. Isto poderia ser realizado através da melhoria do nível de isolamento térmico e da utilização de soluções arquitec- tónicas que optimizam a ventilação natural e reduzam os ganhos solares e também pela escolha criteriosa dos materiais de construção. É neste sentido que foi revisto o Regulamento do Comportamento das Características Térmicas dos Edifí- cios (RCCTE), esperando-se que a sua aplicação se traduza numa melhor qualidade das edificações e numa menor neces- sidade da utilização destes sistemas para a obtenção das condições de conforto interior. O aumento de penetração dos sistemas de ar condicionado a nível Europeu levou a que a União Europeia tenha desen- volvido uma Directiva no sentido de estabelecer níveis mínimos de eficiência energética para estes sistemas. A etiqueta- gem dos equipamentos de ar condicionado encontra-se actualmente em preparação e poderá ajudar o mercado a ajustar- –se às fases de estabelecimento de níveis mínimos de eficiência energética. 3.2. Consumos de Stand-by Nas habitações, escritórios e em outros locais, um número crescente de equipamentos eléctricos consome energia eléc- trica quando colocados em modo de repouso (normalmente designado por modo stand-by), ou mesmo quando se en- contram desligados. Este desperdício de energia é devido fundamentalmente às características de funcionalidade que lhes estão inerentes, o que provoca que exista uma potência absorvida quando aparentemente não estão a desempenhar qual- quer função. Potências em modo stand-by (ou desligado) de alguns equipamentos Equipamento Potências em modo desligado ou stand-by (W) Televisão 0,1 – 13 Vídeo 5 – 19 Áudio compacto 0 – 18 Controlador de TV por cabo 8 – 14 Relógio com rádio 1 – 3 Micro-ondas 2 – 6 Carregador de bateria 2 – 4 Atendedor automático de chamadas 2 – 4 Fax 5 – 30 Telefone sem fios 2 – 7 Controlador de antena parabólica 14 – 20 Computador 0 – 4 Sistema Hi-fi 0 – 12 Leitor de CD 0 – 6 Áudio portátil 0 – 5 Máquina de café 0 – 4 Fogão eléctrico 0 – 4 Máquina de lavar roupa 0 – 5 22 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 24. De uma maneira simplificada, podem ser identificados três modos de operação dos equipamentos eléctricos: o modo li- gado quando o equipamento realiza a sua função principal (a televisão apresenta imagem, o carregador de bateria carre- ga a bateria, etc.), o modo stand-by quando o equipamento é alimentado electricamente, mas o equipamento não reali- za a sua função principal (a televisão aguarda por um sinal de controlo remoto para entrar no modo ligado) e o modo desligado quando o equipamento não desempenha qualquer função (ocorrendo perdas no transformador da fonte de ali- mentação, pelo facto do equipamento estar ligado à rede eléctrica). Os consumos globais em modo stand-by representam em média um acréscimo de cerca 380 kWh/ano ao consumo total de uma unidade de alojamento (cerca de 12% do consumo total), sendo expectável que este valor aumente rapidamente devido ao incremento dos equipamentos eléctricos nas habitações. Na tabela seguinte apresenta-se a gama de valores dos consumos em modo stand-by (e/ou modo desligado) para alguns equipamentos eléctricos de utilização doméstica. A implementação recente de serviços audiovisuais por cabo levou ao aparecimento das set-top boxes (permitem a recep- ção de sinais digitais em televisão, a ligação à internet e a ligação telefónica, entre outras funcionalidades) com consu- mos consideráveis. A massificação destes serviços carece de medidas de eficiência energética, constituindo um alvo de in- tervenção no sector doméstico. O problema do consumo em modo stand-by/desligado é essencialmente um problema de tecnologia, existindo actualmente soluções capazes de reduzir o consumo em stand-by/desligado em 90%, por um custo muito reduzido. No entanto, as bar- reiras de mercado, financeiras e de informação têm evitado a adopção massificada destas medidas. Neste sentido, a Comis- são Europeia está a preparar uma campanha de sensibilização dos construtores no sentido da optimização dos sistemas de stand-by, que será complementada com a extensão da etiquetagem energética a estes sistemas. É assim fundamental uma rápida decisão das entidades oficiais europeias sobre esta matéria, pois o consumo em stand–by não é normalmente indi- cado na ficha técnica dos equipamentos, não dando assim qualquer oportunidade de escolha ao consumidor. 3.2.1 O consumo de stand-by nos equipamentos audiovisuais Praticamente todos os sistemas “audiovisuais” incorporam um modo de funcionamento em repouso, que tem sido alvo de vários estudos por parte das entidades científicas. Com efeito, o consumo em modo de repouso (stand-by) deste tipo de equipamento é importante, conforme foi identificado numa amostra de 100 unidades de alojamento e cujos resultados se ilustram nas figuras seguintes. Nesta amostra, o período de stand-by (os videogravadores estão em média cerca de 23 horas por dia neste modo de funcionamento) é quase sempre superior ao período de funcionamento. Evolução horária dos diferentes modos Diagrama de carga médio de funcionamento dos equipamentos audiovisuais dos equipamentos audiovisuais Com base nas monitorizações realizadas, os consumos de stand-by para a globalidade dos equipamentos audiovisuais re- presentam cerca de 310 kWh, o equivalente a 30% do consumo total para estes sistemas. Relativamente aos televisores, o seu consumo médio anual é de cerca de 90 kWh/ano, sendo a componente imputada ao consumo de stand-by de 26% (24 kWh/ano). 0 10 20 30 40 50 60 70 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Potência(W) Stand-by Funcionamento 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Repartiçãodotempo Funcionamento Stand-by Desligado 23 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 25. 3.2.2. O consumo de stand-by nos equipamentos informáticos O desenvolvimento crescente da informática nos últimos anos modificou profundamente a paisagem energética das uni- dades de alojamento, nas quais se introduziu uma nova fonte de consumo significativo. A informática doméstica não po- de ser encarada como uma nova utilização de consumo marginal. O material informático, tal como a maioria dos equipa- mentos electrónicos, pode constituir uma fonte de consumos de stand-by considerável e de crescimento rápido. A figura seguinte demonstra o papel relevante do modo de utilização destes equipamentos numa amostra de 100 unida- des de alojamento, verificando-se que o período de tempo em modo stand-by (cerca de 30%) é superior ao período de tempo em funcionamento destes equipamentos. Evolução horária dos diferentes modos Diagrama de carga médio de funcionamento dos equipamentos informáticos dos equipamentos informáticos Da análise da figura anterior, podemos identificar os consumos significativos provocados pelo modo de operação em stand-by na mesma amostra com valores da ordem dos 60 kWh/ano, o que representa cerca de 30% do consumo total dos conjuntos informáticos (220 kWh/ano). Conselhos úteis: • Ao adquirir um equipamento verifique na ficha técnica se existe referência a estes consumos; • Evite os modos de stand-by. A maior parte das vezes o equipamento é deixado em stand-by sem nenhuma ne- cessidade. 4. INSTRUMENTOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Tradicionalmente, os equipamentos mais eficientes apresentam custos mais elevados, devido a resultarem de um proces- so produtivo mais evoluído e da incorporação de elementos de maior qualidade. No entanto, este acréscimo de investi- mento inicial é normalmente recuperado em pouco tempo, devido às economias de energia geradas, tornando economi- camente atractiva a sua aquisição. É suportado neste conceito que se têm baseado todas as estratégias nacionais e comunitárias conducentes à penetração das soluções energeticamente mais eficientes. Contudo, se no sector industrial e em alguns serviços esta “mensagem” foi razoavelmente bem internalizada pelos deci- sores, dado o peso enorme da componente energética na sua estrutura de custos, o mesmo já não aconteceu no sector residencial. De facto, a energia representa uma componente menos importante nas despesas das famílias, o que reduz o impacto daquela “mensagem”. Complementarmente, a ausência de campanhas de informação eficazes sobre as questões relacionadas com a energia e a sua utilização racional, também não têm contribuído para aumentar o grau de conscien- cialização dos decisores e consumidores em geral. 0 10 20 30 40 50 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Potência(W) Stand-by Funcionamento 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horas Repartiçãodotempo Funcionamento Stand-by Desligado 24 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 26. No entanto, a evolução tecnológica que se tem verificado nos últimos anos tem permitido a comercialização de equipa- mentos que apresentam reduções substanciais dos consumos energéticos e cujos preços são bastante competitivos face aos das soluções “tradicionais”, facilitando assim a sua maior penetração. Esta situação não é contudo ainda generalizá- vel a todos os equipamentos, pelo que é fundamental o desenvolvimento de planos de intervenção estruturados, dina- mizados pelo sector público em articulação estreita com o sector privado, conducente ao aparecimento e penetração das tecnologias mais eficientes. Este tipo de intervenção, genericamente designado por “mecanismos de transformação de mercado”, abrangerá acções di- rigidas para os diferentes actores envolvidos, com especial ênfase nos consumidores, pois são os seus comportamentos, quer ao nível da aquisição dos equipamentos, quer na sua utilização, que condicionam fortemente o consumo energéti- co. É pois fundamental implementar acções, informativas ou de outra índole, conducentes a alterar aqueles comporta- mentos, induzindo o conceito da racionalidade energética como um vector condicionador das suas opções. Nos pontos seguintes apresentam-se alguns dos instrumentos de “transformação de mercado” que foram implementados ao nível europeu e vocacionados essencialmente para os principais equipamentos de uso doméstico. 4.1. Transformação de mercado Os mecanismos de “transformação do mercado” destinam-se a incentivar, do lado da “procura”, a penetração dos equi- pamentos mais eficientes e, simultaneamente, estimular o sector da “oferta” para o desenvolvimento de produtos cada vez mais eficientes e a preços competitivos, tornando mais atraente a sua aquisição por parte dos utilizadores. A figura seguinte ilustra o processo de transformação de mercado de um dado produto ou serviço. Transformação do mercado no sentido de uma maior eficiência energética Nesta figura, o traço cheio representa um mercado típico de um produto (segue uma distribuição normal) antes da inter- venção, enquanto que o traço interrompido corresponde ao “mercado transformado”, i.e. depois da intervenção. Para transformar o mercado de um produto ou serviço é necessário: • que apareçam bons produtos no mercado; • que os bons produtos sejam a escolha de mais consumidores; • que os piores produtos saiam do mercado. 4.2. Instrumentos de transformação do mercado 4.2.1. Etiquetagem energética A etiquetagem energética, conforme foi já referido neste documento, é um instrumento claramente de carácter público que tem um efeito do tipo 2 da figura anterior (“Acção destinada ao consumidor”), destinando-se a aumentar a penetração dos bons produtos existentes no mercado. A etiquetagem permite que os produtos com melhor desempenho sejam reco- nhecidos como tal, fornecendo ao consumidor a informação necessária para uma escolha mais racional, contribuindo as- 3. Nivel mínimo Standard 2. Acções destinadas ao Consumidor 1. Aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras Performance Ineficientes Eficiente Produtos MELHORIA TECNOLÓGICA 25 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 27. sim para a melhoria do parque de equipamentos. O impacto de aplicação deste mecanismo traduz-se na redução de ener- gia consumida sem reduzir o nível de desempenho pretendido. No entanto, não permite a eliminação dos equipamentos menos eficientes. 4.2.2. Níveis mínimos de eficiência energética Instrumento também de carácter público (“Nível mínimo standard”), tem por objectivo eliminar do mercado os equipa- mentos menos eficientes, não contribuindo no entanto para uma maior penetração dos equipamento mais eficientes nem para o seu desenvolvimento. Trata-se de um instrumento de carácter obrigatório, aplicando-se já a frigoríficos, congela- dores e balastros para lâmpadas fluorescentes. Os níveis mínimos de eficiência energética para os equipamentos de frio são baseados na etiqueta energética, correspondendo à eliminação dos produtos de classe D, E, F e G do mercado. 4.2.3. Aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras A aquisição cooperativa de tecnologias inovadoras e eficientes (technology procurement) é um instrumento que permite ace- lerar a penetração de um produto, serviço ou processo no mercado. Este instrumento é baseado no “poder” dos comprado- res agrupados, sendo por isso dirigido ao sector privado, podendo no entanto existir também uma intervenção do Estado. Assim, um grande comprador ou um grupo de compradores define as características de um produto (rendimento energé- tico, nº de unidades anuais a adquirir e/ou custo final) e, contacta um conjunto de fabricantes (normalmente através de um concurso) no sentido de garantir o seu fabrico. Este processo tem vantagens para o comprador, pois garante o preço (normalmente mais reduzido do que o obtido na situação normal) e a qualidade do produto, e para o fabricante, que ga- rante assim o escoamento da sua produção. Inserido nesta perspectiva, têm sido desenvolvidos na Europa um conjunto de projectos destinados a aplicar os concei- tos de “transformação de mercado” aos equipamentos, dos quais se destacam os programas “Energy +”, “Energy Star” (adopção do programa americano de grande sucesso) e “Etiqueta GEEA”. Programa Energy + O Energy+ correspondeu à primeira experiência desenvolvida a nível europeu, com o objectivo de incitar o desenvolvi- mento e a penetração de frigoríficos e congeladores eficientes no mercado. Este programa, baseado no conceito de “com- pra agrupada”, foi bastante bem sucedido, tendo contribuído para o aparecimento de equipamentos de classe energética A+ (modelos 25% mais eficientes que as versões A standard) e A++ (modelos 45% mais eficientes que as versões A stan- dard). As listas dos produtos são regularmente actualizadas e encontram-se disponíveis no website wwwwww..eenneerrggyy--pplluuss..oorrgg. É de salientar a evolução do número de equipamentos disponíveis no mercado com estas características. Assim, em Julho de 2002 existiam 78 modelos, tendo este número crescido para 597 modelos em Outubro de 2003. A nível nacional e de acordo com os fabricantes, existiam, em Outubro de 2003, 32 modelos da lista Energy+ disponíveis no mercado. O au- mento do número destes aparelhos no mercado irá resultar num salto decisivo em eficiência energética no que respeita à produção e concepção de novos modelos. Etiqueta Energy Star O equipamento electrónico de escritório é responsável por uma grande parte do consumo de electricidade no sector ter- ciário, apresentando também uma taxa de penetração considerável no sector residencial. O objectivo desta etiqueta é sen- sibilizar os fabricantes para a redução do consumo de energia daqueles equipamentos em modo de stand-by. Assim, a Agência para a Protecção do Ambiente (EPA) em colaboração com o Departamento de Energia (DOE) dos EUA lan- çou em 1993 um programa voluntário de etiquetagem para o equipamento de escritório – o Programa Energy Star (o web- site wwwwww..eenneerrggyyssttaarr..oorrgg apresenta uma listagem completa de produtos Energy Star assim como outra informação rele- vante). Este programa obteve a adesão dos grandes fabricantes que passaram a introduzir as funções de economia de 26 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 28. 27 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial energia nos seus produtos. Por forma a incentivar a penetração destes produtos, a legislação americana não permite que o Governo dos EUA e as entidades da administração americana adquiram material electrónico que não tenham a etique- ta Energy Star, contribuíndo desta maneira para o aumento da eficiência energética dos seus serviços. Tendo em conta os resultados desta experiência, a Comissão Europeia decidiu aderir a este programa. A participação no programa é voluntária e o acordo prevê que os fabricantes, comerciantes ou revendedores dos produtos que respeitam as especificações exigidas sejam autorizados a utilizar o logo Energy Star. Os produtos abrangidos pelo acordo são es- sencialmente monitores, computadores e sistemas operativos mas também equipamentos de fax, scanners, fotocopiado- ras e impressoras. Etiqueta GEEA A etiqueta GEEA resultou de um programa voluntário de etiquetagem, iniciado em 1996, desenvolvido pelo Group for Energy Efficient Appliances (fórum de representantes de diferentes agências nacionais de energia e de departamentos go- vernamentais europeus) que actua em conjunto com a indústria em actividades voluntárias de informação no campo da eficiência energética aplicada a equipamentos de electrónica doméstica e de escritório. As etiquetas são aplicadas aos equipamentos mais eficientes disponíveis no mercado dos oito países aderentes que fa- zem parte do acordo voluntário GEEA. Todos os produtos distinguidos com esta etiqueta podem ser encontrados na ba- se de dados disponível em wwwwww..eeffffiicciieenntt--aapppplliiaanncceess..oorrgg. Anualmente são revistos os critérios utilizados para a determi- nação das características energéticas previstas na etiquetagem GEEA. 4.2.4. Impacto das acções desenvolvidas a nível europeu Nenhum instrumento permite aproveitar todo o potencial de eficiência energética existente, pelo que é necessário adop- tar um conjunto de instrumentos complementares por forma a atingir os objectivos pretendidos. São também necessárias medidas de apoio à aplicação destes instrumentos junto dos fabricantes, importadores, distribuidores, compradores e uti- lizadores dos equipamentos. Actualmente, sabe-se que a introdução da etiqueta energética para os equipamentos de frio contribuiu para a melhoria do nível de eficiência energética dos aparelhos vendidos, essencialmente devido à combinação dos esforços de fabrican- tes e dos consumidores. Com efeito, a venda dos modelos mais eficientes aumentou significativamente depois da criação da etiqueta energética. Em Portugal, entre 1994 e 1996, as vendas de aparelhos de classe A, B e C quase que duplicaram, enquanto que as vendas de aparelhos de classe E, F, e G baixaram fortemente durante o mesmo período. De um modo geral, em toda a Europa, é visível uma melhoria significativa na eficiência energética dos aparelhos vendi- dos, tal como se pode verificar pela análise da figura seguinte. Impacte da etiquetagem no mercado europeu de frigoríficos e congeladores 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% Vendas-partedemercado Mercado EU 1999 Mercado EU 1996 Mercado EU 1992 A B C D E F G Classe de eficiência energética
  • 29. Este tipo de abordagem não se limita aos electrodomésticos, sendo já aplicada aos edifícios e aos automóveis. De igual modo, em Portugal, o Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios corresponde a um nível de eficiência mínimo, não permitindo a construção de edifícios com desempenho energético reduzido, sendo também no- tória a melhoria da qualidade térmica das edificações construídas durante a última década. 5. POTENCIAL DE ECONOMIAS DE ENERGIA De um modo global, todas as análises efectuadas ao consumo energético no sector residencial indicam que existe um enor- me potencial de economias de energia, resultante por um lado da fraca eficiência que caracteriza o parque instalado e, por outro, pelos aspectos comportamentais dos utilizadores que normalmente não são consentâneos com os princípios da ra- cionalidade energética. Para a determinação deste potencial a nível nacional, foram considerados níveis distintos relativos aos aspectos tecnológicos dos equipamentos que serão analisados comparativamente com a situação actual. Assim temos: • “Parque”, que corresponde ao consumo dos equipamentos actualmente instalados; • “BAU” (do inglês “business as usual”) que corresponde ao consumo resultante da substituição de todos os equipamentos existentes nas unidades de alojamento por equipamentos com uma eficiência correspondente ao valor médio do mercado; • “Melhor do mercado”, que corresponde aos equipamentos de menor consumo energético actualmente dispo- níveis no mercado. De referir que a análise efectuada deve ser encarada apenas como um referencial, sendo os valores apresentados supor- tados pela análise dos equipamentos existentes no mercado e em monitorizações efectuadas no sector residencial. Consumos individuais dos equipamentos electrodomésticos A gama de frio doméstico apresenta, conforme foi já referido, um papel significativo na estrutura dos consumos domésti- cos, sendo o parque existente pouco eficiente do ponto de vista energético. A simples substituição dos equipamentos de frio existentes pelos equipamentos “médios” do mercado apresenta um potencial de redução de consumo energético va- riável entre 26% (frigorífico/combinado) e os 39% (congeladores). A substituição dos equipamentos do parque pelos me- lhores existentes no mercado conduz a economias da ordem dos 63% e 75% para frigoríficos/combinados e congelado- res, respectivamente. Estes factos evidenciam que a etiquetagem energética de equipamentos de frio apresenta condições para promover a eficiência energética, existindo um potencial bastante considerável para a redução de consumos. Em termos de consumo energético das máquinas de lavar roupa verifica-se que o consumo do parque instalado é supe- rior em cerca de 14% ao consumo da média dos equipamentos de mercado. Os melhores equipamentos podem, contudo, conduzir a reduções no consumo energético de cerca de 33%. 28 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 30. As máquinas de secar roupa e louça apresentam um potencial crescente de penetração no parque habitacional, verifican- do-se que a qualidade do parque em termos energéticos não se afasta muito da média dos equipamentos de mercado. No entanto, os melhores equipamentos do mercado podem conduzir a reduções de consumos energéticos de cerca de 52% nos secadores de roupa e de 37% nas máquinas de lavar louça. No caso dos fornos eléctricos e nos sistemas de iluminação há a salientar a semelhança nos consumos verificados entre os equipamentos do parque instalado e a média do mercado. No entanto, existe um afastamento significativo entre o con- sumo do parque instalado e os melhores equipamentos existentes, que se traduzem em reduções de 42% para os fornos eléctricos e 70% para os sistemas de iluminação. Para além das aplicações referidas, os consumos devido a stand-by constituem um fenómeno que tem sido ignorado ou pelo menos subestimado, constituindo uma prioridade de intervenção a sua redução. Um estudo muito recente 7 aponta o consumo de stand-by como aquele que apresenta o potencial de economias mais elevado, a par com os equipamentos de frio. Com efeito, estima-se que o potencial de redução do consumo de energia devido ao stand-by represente cerca de 86%, com inevitáveis repercussões na redução dos consumos eléctricos nos equipamentos informáticos e audiovisuais. Levando em consideração a taxa de penetração dos aparelhos em análise, verifica-se (ver figura seguinte) que os equi- pamentos que apresentam um maior potencial técnico-económico de economia de energia são os equipamentos de frio, a iluminação e os equipamentos audiovisuais, estes últimos em consequência da elevada parcela de consumo devido a stand-by. Potencial de economia na globalidade do sector residencial Face à evolução crescente de penetração de alguns equipamentos no mercado, o potencial total de economias geradas tende a aumentar rapidamente. Um obstáculo corrente à eficiência energética prende-se com o custo de aquisição dos equipamentos. No entanto, não é forçosamente verdade afirmar-se que os equipamentos mais eficientes são necessariamente os mais caros. Com efeito, existem no mercado electrodomésticos bastante eficientes (classe A de eficiência energética) cujo preço é inferior a outros menos eficientes. Informática 4% Iluminação 21% Forno Eléctrico 1% Congelador 19%Máquina Secar Roupa 2% Máquina Lavar Louça 3% Audiovisuais - TV, VCR, Hi-Fi 11% Máquina Lavar Roupa 4% Frigorífico / Combinado 35% 29 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial 7 Projecto Eureco
  • 31. 30 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial Potencial de economias de energia Se os consumidores optarem por adquirirem alguns dos modelos mais eficientes do mercado, reduzirão significati- vamente o seu consumo energético e também de água. Assim, na tabela seguinte faz-se uma comparação entre os consumos de energia eléctrica e água associados à uti- lização de um conjunto de equipamentos existentes numa habitação, utilizando duas situações designadas de ”Fa- mília standard” e “Família ecológica”, cuja diferença reside na classe de eficiência dos electrodomésticos instalados. Assim, a “Família standard” corresponde a uma situação em que a opção de compra dos equipamentos não foi ba- seada nos critérios de eficiência energética, sendo o parque instalado composto por um frigorífico classe C, uma ar- ca classe D e máquinas de lavar da classe G. Em contrapartida, a “Família ecológica”, que se preocupa com os pro- blemas energéticos e ambientais, só adquiriu equipamentos classe A, assumindo uma postura racional e eficiente na utilização da energia. Consumo anual de uma Consumo anual de uma “Família Standard” “Família Ecológica” Equipamentos Electricidade Água Electricidade Água (kWh) (m3) (kWh) (m3) Frigorífico 380 –– 140 –– Congelador 625 –– 225 –– Máquina de lavar louça 396 5,7 264 3,3 Máquina de lavar roupa 240 14,0 180 10,0 Forno eléctrico 306 –– 250 –– Computador 200 –– 95 –– Audiovisual 335 –– 220 –– Iluminação 500 –– 160 –– TToottaall 22..998822 1199,,77 11..553344 1133,,33 DDiiffeerreennççaa eennttrree aass dduuaass ssiittuuaaççõõeess --11..444488 --66,,44 A redução do consumo é significativa. A “Família ecológica” que optou por equipamentos eficientes, gasta menos 49% em electricidade e menos 32% em água nestas utilizações. Esta redução corresponde a uma economia de 143 € /ano em relação à “Família standard”, tendo em consideração que o preço da electricidade na tarifa normal da baixa ten- são é de 0,0965 € /kWh e que o preço do m3 da água é de 0,5 € /m3. A análise comparativa não engloba o investimento necessário na compra dos electrodomésticos segundo a classe de eficiência energética, porque os preços destes variam de acordo com as mais diversas características (ex.: mar- ca, estética, etc.) e por ser possível encontrar no mercado, electrodomésticos de classe A mais baratos do que equi- pamentos semelhantes mas de outras classes energéticas. A escolha na compra depende unicamente do consumi- dor, que deverá ter em atenção o consumo do equipamento e as suas características energéticas. Se todos os lares portugueses fizerem um esforço para consumir como a “Família ecológica” será possível reduzir o consumo de energia eléctrica no sector doméstico em cerca de 1.400 GWh, o que corresponde a cerca de 13% do consumo total de electricidade neste sector. Alargando a análise anterior a todas as famílias de equipamentos exis- tentes nas habitações portuguesas, i.e., substituindo todo o parque instalado por modelos da classe A, obtém-se um potencial técnico equivalente a 3.500 GWh/ano, isto é, cerca de 30% do consumo total de energia eléctrica do sector residencial.
  • 32. Controlar o consumo dos electrodomésticos constitui, assim, um objectivo fundamental para a comunidade. Torna-se im- perativo, por isso, reduzir o consumo dos equipamentos sem redução do conforto e funcionalidade proporcionado pelos mesmos, seleccionando no acto da compra, aparelhos económicos e mudando os comportamentos na sua utilização. 6. CONCLUSÕES O sector residencial representa uma parcela considerável do consumo eléctrico total nacional, com a agravante de apre- sentar uma tendência para forte crescimento nos próximos anos, resultante da melhoria do poder de compra que se tra- duz no aumento de conforto e do parque de equipamentos instalados. Os equipamentos mais consumidores numa unidade de alojamento são os equipamentos de frio, as máquinas de secar roupa e a iluminação, sendo de salientar o papel desempenhado pelo consumo de stand-by dos equipamentos electró- nicos, que cada vez mais proliferam no sector residencial. O potencial de economia de energia é em geral elevado devido à pouca eficiência energética do parque instalado, sendo mais elevado para a iluminação, para os equipamentos audiovisuais e equipamentos de frio. É pois possível identificar al- gumas oportunidades de utilização racional de energia no sector doméstico, numa estratégia de DSM (Demand Side Ma- nagement). Essas oportunidades podem dividir-se em redução de consumos e deslocamento de cargas. A redução dos consumos poderá ser conseguida através de: • utilização de equipamentos mais eficientes: todas as aplicações analisadas apresentam oportunidades de con- servação de energia na medida em que existem equipamentos mais eficientes no mercado. A substituição to- tal dos equipamentos existentes no parque habitacional pelos modelos actualmente mais eficientes, aquando da sua renovação, traduzir-se-á numa redução anual dos consumos eléctricos da ordem dos 3.500 GWh/ano, isto é, cerca de 30% do consumo total de energia eléctrica do sector residencial; • utilização mais racional dos equipamentos: uma componente importante na estrutura de consumos reside na deficiente utilização dos equipamentos por parte dos utilizadores. Quanto ao deslocamento de cargas, ou seja, a mudança do período de funcionamento de equipamentos das horas de ponta ou cheias do diagrama de carga para horas de vazio, é uma estratégia que pode e deve ser aplicada às máquinas de lavar louça e roupa. No entanto, para o consumidor tirar partido desta medida, deverá optar pela tarifa bi-horária, ob- tendo as vantagens económicas decorrentes da utilização daqueles equipamentos nos períodos de mais baixo custo ener- gético. A implementação desta medida numa habitação pode traduzir-se numa economia na factura eléctrica anual com- preendida entre os 33 e os 48 € (consideraram-se unicamente as máquinas de lavar e secar e equipamentos de frio). A etiquetagem energética dos equipamentos com aplicação no sector residencial tem-se afirmado como uma ferramenta de elevada utilidade para a prossecução da redução do consumo energético e de emissões de gases com efeito de estu- fa, apesar do seu curto “tempo de vida”. Com efeito, a sua influência no apoio à decisão na compra de novos electrodo- mésticos a par com a consciencialização “mais ecológica” do consumidor, tem permitido e continuará a fomentar a entra- da de novos equipamentos mais eficientes em detrimento de outros que poderão apresentar um custo mais apelativo, mas que sejam menos eficientes. A par da etiquetagem energética dos equipamentos, existem outros instrumentos que partilham a mesma “vontade energética” e que têm apresentado um grande sucesso internacional, ainda que pouco di- fundidos a nível nacional, constituindo a “aquisição agrupada” de tecnologias inovadoras um exemplo de referência, par- ticularmente no caso do projecto Energy+. Contudo, assiste-se à evolução de um mercado dinâmico, pelo que a actualização periódica dos requisitos a atingir deve ser um objectivo que não deve ser esquecido. A diminuição da dependência energética nacional implica também que a promoção destes instrumentos chegue aos actores envolvidos, consumidores, retalhistas, importadores e fabricantes, pe- lo que os mecanismos de eficiência energética necessitam de canais de divulgação abrangentes. 31 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 33. 7. BIBLIOGRAFIA [1] Nascimento, Carlos; Lopes, Carlos “Caracterização dos Consumos de Energia no Sector Doméstico”, Dezembro 1996 [2] Nascimento, Carlos; Lopes, Carlos “Monitorização dos Consumos de Energia Eléctrica no Sector Doméstico”, Dezem- bro 1997 [3] Direcção Geral de Energia, Ministério da Economia “Energia Portugal 2001”, Janeiro 2002 [4] Direcção Geral de Energia “Consumo de Energia no Sector Doméstico”, Dezembro 1989 [5] Group for Efficient Appliances EnR - Working Group, Final Report “Washing Machines, Driers and Dishwashers”, Junho 1995 [6] Group for Efficient Appliances, ADEME, “Study on Energy Efficiency Standards for Domestic Refrigeration Appliances”, Março 1993 [7] Lebot, Benoît; Lenci, Olivier; Mayer, Didier “Measuring Electricity Consumption by End-Use: Lessons learned from a Monitoring Project in the Residential Sector” [8] NOVEM, Huenges Wajer B.P.F., “Study of Standby Losses and Energy Savings Potential for Television and Video Re- corder Sets in Europe” (Part A), Setembro 1995 [9] Instituto Nacional de Estatística “Indicadores de conforto das famílias”, Lisboa 1995 [10] Universidade de Oxford. DELight – “Domestic efficient lighting” – European SAVE contract, Maio 1998 [11] Jérôme Adnot – “Energy Efficiency of Room Air – Conditioners”, 1999 [12] Enertech; Adene – “Eureco – Energy savings by using eficient end-uses appliances in the residential sector”, Maio 2002 [13] Ministério da economia – “Eficiência Energética e Energias Endógenas”, Dezembro 2001 [14] DGE – “Estatisticas rápidas – Energia”, 1992 a 1998 [15] DGE – “Informação ENERGIA” SITES PARA CONSULTA NA INTERNET www.clasponline.org www.efficient-appliances.org www.iea.org/effi www.perso.club-internet.fr/sidler/page9.html www.ademe.fr www.eande.lbl.gov www.eappc76.lbl.gov/tmacal/ees.cfm www.energy-plus.org www.mtprog.com www.edp.pt www.dge.pt www.ine.pt www.p3e-portugal.com 32 Eficiência energética em equipamentos e sistemas eléctricos no sector residencial
  • 34. Brochura editada no âmbito da Iniciativa Pública “ Eficiência Energética nos Edifícios” (P3E), promovida pela Direcção Geral de Geologia e Energia e executada por: Agência para a Energia, Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Laboratório Nacional de Engenharia Civil e Instituto Português da Qualidade. A P3E é financiada pelo Programa de Incentivos à Modernização da Economia (PRIME). Para mais informações: www.p3e-portugal.com ou ADENE - Agência para a Energia (tel.: 214 722 800)