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E.E. Prof.ª Irene Dias Ribeiro
Disciplina: Língua Portuguesa
Prof.ª Maria Inês S. Vitorino
2013
July Maira Vieira
Gabriela Vasconcelos B. Ozório
Sergio Reginaldo Martins Junior
Larissa Raiane Saul
Francine Regina
Capitães Da Areia
Biografia
De
Jorge Amado
Capitães da areia
O romance não tem propriamente um enredo
Aí que reside sua modernidade
Rompe com a tradição do romance
convencional
montado por meio de quadros
mais ou menos independentes
Narração
propriamente dita
O autor intercala:
Notícias de
jornal
Pequenas
Reflexões
poéticas
A força da narrativa advém do enredo solto, maleável,
que parece flutuar ao sabor das aventuras dos pequeninos
O livro é dividido em três partes. Antes
delas, no entanto, via uma seqüência de
pseudo-reportagens, explica-se que os
Capitães da Areia é um grupo de
menores abandonados e
marginalizados, que aterrorizam
Salvador. Os únicos que se relacionam
com eles são Padre José Pedro e uma
mãe-de-santo. O Reformatório é um
antro de crueldades, e a polícia os
caçam como os adultos antes do tempo.
Início da obra:
CARTAS À REDAÇÃO
CRIANÇAS LADRONAS
As aventuras sinistras dos ―capitães da
areia‖ — a cidade infestada por crianças
que vivem do furto — urge uma
providência do juiz de menores e do chefe
de policia — ontem houve mais um
assalto
Esse bando que vive da rapina se compõe,
pelo que se sabe, de um número superior a 100
crianças das mais diversas idades, indo desde os
8 aos 16 anos. Crianças que, naturalmente
devido ao desprezo dado à sua educação por pais
pouco servidos de sentimentos cristãos, se
entregaram no verdor dos anos a uma vida
criminosa. São chamados de ―Capitães da Areia‖
porque o cais é o seu quartel-general. E tem por
comandante um molecote dos seus 14 anos, que
é o mais terrível de todos, não só ladrão, como já
autor de um crime de ferimentos graves,
praticado na tarde de ontem. Infelizmente a
identidade deste chefe é desconhecida.
O que se faz necessário é uma urgente
providência da polícia e do juizado de menores
no sentido da extinção deste bando e para que
recolham esses precoces criminosos, que já não
deixam a cidade dormir em paz o seu sono tão
merecido, aos institutos de reforma de crianças
ou às prisões.
―Já por várias vezes o nosso jornal (...) tem
trazido notícias sobre a atividade criminosa dos
―Capitães da Areia. (...) Essas crianças que tão
cedo se dedicaram à tenebrosa carreira do crime
não têm moradia certa ou pelo menos a sua
moradia ainda não foi localizada. (...) fazendo jus
a uma imediata providência do juiz de menores e
do Dr. Chefe de Polícia‖.
1. Prólogo – “Cartas à Redação”:
 Reportagem publicada no Jornal da Tarde tratando do
assalto das crianças à casa de um rico
comerciante, num dos bairros mais aristocráticos da
capital;
 Carta do secretário do chefe de polícia ao mesmo
jornal, atribuindo a responsabilidade de coibir os
furtos das crianças ao juiz de menores;
 Carta do juiz de menores defendendo-se da
acusação de negligência;
 Carta da mãe de uma das crianças falando das
condições miseráveis do reformatório;
 Carta do padre José Pedro referendando as
acusações da mãe feitas ao reformatório;
 Carta do diretor do reformatório defendendo-se
das acusações da mãe e do padre;
 Reportagem elogiosa do mesmo jornal ao
reformatório.
Apresentação
Centrando a ação na vida dos menores
abandonados da cidade de Salvador, o
escritor aproveita para mostrar as brutais
diferenças de classe, e má distribuição de
renda e os efeitos da marginalidade nas
crianças e adolescentes discriminados por
um sistema social perverso.
Capitães da areia
narra o cotidiano de pobres crianças que
vivem num velho trapiche abandonado.
Liderados por Pedro Bala, menino
corajoso, filho de um grevista
morto, entregam-se a pequenos furtos para
sobreviver.
Jorge Leal Amado de Faria (nasceu em
de agosto de 1912 — morreu em 6 de
agosto de 2001) foi um dos mais famosos e
traduzidos escritores brasileiros de todos os
tempos.
Ele é o autor mais adaptado da televisão
brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta
do Agreste, Gabriela, Cravo e
Canela e Teresa Batista Cansada de
Guerra são criações suas, além de Dona Flor
e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres. A
obra literária de Jorge Amado conheceu
inúmeras adaptações para cinema , radio e
Televisão, além de ter sido tema de escolas de
samba por todo o Brasil. Seus livros foram
traduzidos em 55 países, em 49
idiomas,existindo também exemplares
em braille e em fitas gravadas para cegos.
Suas obras são umas das mais significativas da
moderna ficção brasileira, com 49 livros,
propondo uma literatura voltada para as raízes
nacionais. Em 1945, foi eleito deputado
federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB),
o que lhe rendeu fortes pressões políticas.
Como deputado, foi o autor da emenda que
garantiu a liberdade religiosa.
Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941
a 1942), em Paris (1948 a 1950) e
em Praga (1951 a 1952). Escritor
profissional, viveu exclusivamente dos direitos
autorais dos seus livros.
Em 1959 publicou Gabriela, Cravo e
Canela, que representou um momento de
mudança na produção literária do autor que até
então abordava temas sociais.Nesta segunda
fase faz uma crônica de costumes, marcada por
tipos populares, poderosos coronéis e mulheres
sensuais. Além de Gabriela, Cravo e Canela, os
romances Dona Flor e seus dois
maridos e Teresa Batista cansada de guerra são
representativos desta fase.
•O País do Carnaval, romance (1930)
•Cacau, romance (1933)
•Suor, romance (1934)
•Jubiabá, romance (1935)
•Mar morto, romance (1936)
•Capitães da areia, romance (1937)
•A estrada do mar, poesia (1938)
•ABC de Castro Alves, biografia (1941)
•O cavaleiro da esperança, biografia (1942)
•Terras do Sem-Fim, romance (1943)
•São Jorge dos Ilhéus, romance (1944)
•Bahia de Todos os Santos, guia (1945),
•Seara vermelha, romance (1946)
•O amor do soldado, teatro (1947)
Principais Obras
•O mundo da paz, viagens (1951)
•Os subterrâneos da liberdade, romance
(1954)
•Gabriela, cravo e canela, romance (1958)
•A morte e a morte de Quincas Berro
d'Água, romance (1961)
•Os velhos marinheiros ou o capitão de longo
curso, romance (1961)
•Os pastores da noite, romance (1964)
•O Compadre de Ogum, romance (1964)
•Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance
(1966)
•Tenda dos milagres, romance (1969)
•Teresa Batista cansada de guerra, romance
(1972)
•O gato Malhado e a andorinha Sinhá, historieta
infanto-juvenil (1976)
•Tieta do Agreste, romance (1977)
•Farda, fardão, camisola de dormir, romance
(1979)
•Do recente milagre dos pássaros, contos
(1979)
•O menino grapiúna, memórias (1982)
•A bola e o goleiro, literatura infantil (1984)
•Tocaia grande, romance (1984)
•O sumiço da santa, romance (1988)
•Navegação de cabotagem, memórias (1992)
•A descoberta da América pelos turcos, romance
(1994)
•O milagre dos pássaros , fábula (1997)
Resumo da Obra
Tendo como cenário as ruas e as areias
das praias de Salvador, Capitães da
Areia trata da vida de crianças sem família
que viviam em um velho armazém
abandonado no cais do porto. Os motivos
que as uniram eram os mais variados:
ficaram órfãs, foram abandonadas, ou
fugiram dos abusos e maus tratos
recebidos em casa.
Aproximadamente quarenta meninos de todas as
cores, entre nove e dezesseis anos, dormiam nas
ruínas do velho trapiche. Tinham como líder Pedro
Bala, rapaz de quinze anos, loiro, com uma cicatriz
no rosto. Generoso e valente, há dez anos
vagabundeava pelas ruas de Salvador, conhecendo
cada palmo da cidade.
Durante o dia, maltrapilhos, sujos e
esfomeados, mostravam-se para a
sociedade, perambulando pelas ruas, fumando
pontas de cigarro, mendigando comida ou
praticando pequenos furtos para poder comer. Esse
contato precoce com a dura realidade da vida
adulta fazia com que se tornassem agressivos e
desbocados.
Além desses pequenos expedientes, os Capitães
da Areia praticavam roubos maiores, o que os
tornou conhecidos, temidos e procurados pela
polícia, que estava em busca do esconderijo e
do chefe dos capitães. Esses meninos se pegos,
seriam enviados para o Reformatório de
Menores, visto pela sociedade como um
estabelecimento modelar para a criança em
processo de regeneração, com trabalho, comida
ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era
a opinião dos menores infratores. Sabendo que
lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo,
preferiam as agruras das ruas e da areia à essa
falsa instituição.
Um dia, Salvador foi assolada pela epidemia
de varíola. Como os pobres não tinham
acesso à vacina, muitos morriam, isolados
no lazareto. Almiro, o primeiro capitão a ser
infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve
outra sorte; saiu de lá, andando. Dora e o
irmão, Zequinha, perderam os pais durante
a epidemia. Ao saber que eram filhos de
bexiguentos, o povo fechava-lhes a porta na
cara. Não tendo onde ficar, os dois
acabaram no trapiche, levados por João
Grande e o Professor.
A confusão, causada pela presença de Dora
no armazém, foi contornada por Pedro. Os
meninos aceitaram-na no grupo e, depois de
algum tempo, vestida como um deles,
participava de todas as atividades e roubos
do bando. Pedro Bala considerava Dora mais
que uma irmã; era sua noiva. Ele que não
sabia o que era amor, viu-se apaixonado; o
que sentia era diferente dos encontros
amorosos com as negrinhas ou prostitutas
no areal.
Quando roubavam um palacete de um ricaço
na ladeira de São Bento, foram presos. Parte
do grupo conseguiu fugir da
delegacia, graças à intervenção de Bala que
acabou sendo levado para o Reformatório. Ali
sofreu muito, mas conseguiu fugir. Em
liberdade, preparou-se para libertar Dora.
Um mês no Reformatório feminino foi o
suficiente para acabar com a alegria e saúde
da menina que, ardendo em febre, se
encontrava na enfermaria.
Após renderem a irmã, Pedro, Professor e Volta-
Seca fugiram, levando Dora consigo.
Infelizmente, não resistindo, ela morreu na
manhã seguinte. Don'aninha embrulhou-a em
uma toalha de renda branca e Querido-de-Deus
levou-a em seu saveiro, jogando-a em alto mar.
Pedro Bala, inconsolável e muito triste, chorou
com todos a ausência de Dora. Alguns anos se
passaram e o destino de cada um do grupo foi
tomando rumo. Graças ao apoio de um poeta, o
Professor foi para o Rio, e já estava expondo
seus quadros. Pirulito, que já não roubava mais,
entrara para uma ordem religiosa. Sem-Pernas
morreu, quando fugia da polícia.
Volta-Seca estava fazendo o que sempre
tinha sonhado; aliou-se ao bando de seu
padrinho, Lampião, tornando-se um terrível
matador de polícia. Gato, perfeito gigolô e
vigarista, estava em Ilhéus, trapaceando
coronéis. Boa-Vida, tocador de violão e
armador de bagunças, pouco aparecia no
trapiche. João Grande embarcou como
marinheiro, num navio de carga do Lloyd.
Após o auxílio na greve dos condutores de
bonde, o bando Capitães da Areia de Pedro
Bala, tornou-se uma "brigada de
choque", intervindo em comício, greves e
em lutas de classes.
Assim como Pirulito, Bala havia encontrado
sua vocação. Passando a chefia do bando
para Barandão, seguiu para Aracaju, onde
iria organizar outra brigada. Anos depois,
Pedro Bala, conhecido organizador de
greves e perigoso inimigo da ordem
estabelecida, é perseguido pela polícia de
cinco estados.
Os Capitães da Areia são heróicos, "Robin
Hood"s que tiram dos ricos e guardam para
si (os pobres). O Comunismo é mostrado
como algo bom. No geral, as preocupações
sociais dominam, mas os problemas
existenciais dos garotos os transforma em
personagens únicos e corajosos.
Os Capitães da Areia
A primeira parte em si, conta
algumas histórias quase independentes
sobre alguns dos principais Capitães da
Areia.
O grupo chegava a quase cem, morando
num trapiche abandonado, mas tinha
líderes.
Personagens
Pedro Bala é o temido líder
dos Capitães da Areia.
Desde cedo foi chamado
assim, desde os seus cinco
anos, quando começou a
vagabundear nas ruas da
Bahia. Hoje tem 15 anos e
conhece todas as ruas e
becos da cidade. Bala é
considerado um herói por
seu bando, traz nos olhos e
na voz a autoridade de
chefe. Muitas vezes ele tem
que tomar decisões difíceis,
se arrisca no que for preciso
para lutar pelos meninos.
Vai descobrir o amor ao
lado de Dora.
Tomamos conhecimento de
sua origem por meio de um
expediente muito comum, o
retorno ao passado. Ficamos
então sabendo o porquê de
Pedro ter-se engajado no
grupo dos Capitães da Areia
(a morte do pai a bala, o
desconhecimento da mãe), o
modo como ele chega à
liderança, após derrotar o
mulato Raimundo numa luta.
Gato – é o galã dos
Capitães da Areia.
Bem-vestido, domina
a arte da jogatina,
trapaceando, com seu
baralho marcado,
todos os que se
aventuram numa
partida contra ele.
Além dos furtos e do
jogo, Gato consegue
dinheiro como cafetão
de uma prostituta
chamada Dalva.
BOA-VIDA – o
apelido traduz seu
caráter indolente e
sossegado.
Contenta-se com
pequenos furtos, o
suficiente para
contribuir para o
bem-estar do
grupo, e com
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que não interessam
mais ao Gato.
Professor é quem toma
conta do Trapiche quando
Pedro Bala se ausenta. O
braço direito de Bala é
também o ―intelectual‖ do
bando: coleciona uma
pequena biblioteca de
livros e revistas roubadas
que lê com grande
dificuldade. Ele se tornou
uma espécie de irmão
mais velho para todos,
aquele que conta
histórias incríveis,
aventuras mirabolantes,
enriquecidas por sua
imaginação.
JOÃO GRANDE – é
respeitado pelo grupo em
virtude de sua coragem e
da grande estatura. Ajuda e
protege os novatos do
bando contra atos tiranos
praticados pelos mais
velhos.
VOLTA SECA – admirador
do cangaceiro Lampião, a
quem chama de
padrinho, sonha um dia
participar de seu bando.
DORA – seus pais morreram,
vítimas da varíola, quando tinha
apenas 13 anos. É encontrada
com seu irmão mais novo, Zé
Fuinha, pelo Professor e por
João Grande. Ao chegar ao
trapiche abandonado, onde os
garotos dormem, Dora quase é
violentada, mas, tendo sido
protegida por João Grande, o
grupo a aceita, primeiro como a
mãe de que todos careciam,
depois como a valente mulher
de Pedro Bala.
Sem-Pernas –
deficiente físico, possui
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e humilhado por
policiais bêbados, que o
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volta de uma mesa na
delegacia até cair
extenuado, Sem-Pernas
conserva as marcas
psicológicas desse
episódio, que provocou
nele um ódio irrefreável
contra tudo e
todos, incluindo os
próprios integrantes
O ROUBO
“Porque naquelas casas, se o acolhiam,
se lhe davam comida e dormida, era como
cumprindo uma obrigação fastidiosa. Os donos
da casa evitavam se aproximar dele, e o
deixavam na sua sujeira, nunca tinham uma
palavra boa para ele. (...) Mas desta vez estava
sendo diferente. Desta vez não o deixaram na
cozinha com seus molambos, não o puseram a
dormir no quintal. Deram-lhe roupa, um quarto,
comida na sala de jantar. (...) Então os lábios de
Sem-Pernas se descerraram e ele soluçou,
chorou muito encostado ao peito de sua mãe. E
enquanto a abraçava e se deixava beijar,
soluçava porque a ia abandonar e, mais que
isso, a ia roubar. E ela talvez nunca soubesse
que o Sem-Pernas sentia que ia furtar a si
próprio também.”
Pirulito tinha o
chamado de Deus em sua
vida. Padre José Pedro, um
pobre sacerdote era amigo
dos capitães, ensinava-os e
foi ele que contribuiu para o
fim das relações
homossexuais no trapiche.
Foi ele também o
responsável pela religião de
Pirulito, que através dos
ensinamentos dos padres
buscava uma vida mais
correta chegando até a
abandonar o roubo.
Ator do filme de Cecília
Amado
PADRE JOSÉ PEDRO –
padre de origem humilde, só
conseguiu entrar para o
seminário por ter sido
apadrinhado pelo dono do
estabelecimento onde era
operário. Discriminado por não
possuir a cultura nem a
erudição dos colegas,
demonstra uma crença religiosa
sincera. Por isso, assume a
missão de levar conforto
espiritual às crianças
abandonadas da cidade, das
quais os Capitães da Areia são
o grande expoente.
Foto internet
QUERIDO-DE-DEUS – grande capoeirista
da Bahia, respeita o grupo liderado
por Pedro Bala e é respeitado por ele.
Ensina sua arte para alguns deles e exerce
grande influência sobre os garotos.
Dalva – É uma prostituta de uns trinta e
cinco anos, com corpo forte e rosto cheio
de sensualidade. Gato a deseja
imediatamente, tornando-a sua amante.
Tempo da Obra.
A obra apresenta tempo cronológico
demarcado pelos dias, meses, anos e
horas conforme exemplificam os
fragmentos:
"É aqui também que mora o chefe dos
Capitães da Areia, Pedro Bala. Desde
cedo foi chamado assim, desde seus 5
anos. Hoje tem 15 anos. Há dez anos
que vagabundeia nas ruas da Bahia."
O tempo psicológico
correspondente às lembranças e recordações
constantes na narrativa.
A fala de Zé Fuinha
(...) "Quando terminaram, o preto bateu as mãos
uma na outra, falou:
- Teu irmão disse que a mãe de você morreu de
bexiga...
- Papai também...
- Lá também morreu um...
- Teu pai?
- Não. Foi Almiro um do grupo."
O Trapiche Abandonado
Espaço
A narrativa se desenrola no Trapiche (hoje
Solar do Unhão e o Museu de Arte
Moderna); no Terreiro de Jesus (na época
era lugar de destaque comercial de
Salvador); onde os meninos circulavam na
esperança de conseguirem dinheiro e
comida devido ao trânsito de pessoas que
trabalhavam lá e passavam por lá; no
Corredor da Vitória área nobre de Salvador,
local visado pelo pelo grupo porque lá
habitavam as pessoas da alta sociedade
baiana, como o comendador mencionado no
início da narrativa.
“Sob a lua, num velho trapiche
abandonado, as crianças dormem.
Antigamente, aqui era o mar. Nas
grandes e negras pedras dos alicerces
do trapiche as ondas ora se
rebentavam fragorosas, ora vinham
se bater mansamente. A água
passava por baixo da ponte sob a qual
muitas crianças repousam agora,
iluminadas por uma réstia amarela de
lua.”
Foco Narrativo
A obra Capitães da Areia é narrada na
terceira pessoa, sendo o autor, Jorge
Amado, o narrador apenas o expectador.
Ele se comporta, durante todo o
desenvolvimento do tema, de maneira
indiferente, criando e narrando os
acontecimentos sem se envolver
diretamente com eles.
Estilo
Jorge Amado é sem dúvida o escritor brasileiro
mais "festejado" do século XX. Seus romances
ja foram traduzidos para mais de quarenta
idiomas; várias obras suas foram adaptadas
para a televisão, sendo exibidas em vários
países. É o melhor best-seller brasileiro de
todos os tempos. E isto não se dá pela sua
qualidade literária. É importante salientar que
Jorge Amado seguiu a tendência da época, não
burilando a linguagem como Graciliano Ramos
ou fazendo experimentalões na linguagem e
técnica narrativa. A que se deve então essa
enorme popularidade?
Um dos fatores que contribui para isso foi
o seu enfoque da realidade. É um autor
sem rodeios, que consegue ser incisivo
quando o momento exige, mas que
também é poético, suave, sempre
mantendo a sobriedade. Suas descrições
nunca ficam nelas mesmas, ele vai
além, interagindo o espaço descrito com
as personagens, ou ás vezes, divagando
sobre isso. Assim valoriza-se a
plasticidade da imagem em detrimento a
sua objetividade.
Verossimilhança
No século XX, tornou-se capítulo obrigatório
nos livros didáticos de literatura o chamado
―ROMANCE DE 30‖, movimento literário em
que ―o engajamento, qualquer que fosse o
valor tomado como absoluto pelo intelectual
participante, foi a tônica dos romancistas‖
(BOSI, 1994, p. 390). Neste contexto
podemos lembrar Jorge Amado, que com
Capitães de Areia elabora uma síntese das
utopias comunistas de sua geração com a
organização política de um grupo de meninos
em situação de rua.
Em ―Capitães...‖ Jorge Amado exemplifica
como e porquê os trombadinhas
existem, resistem, insistem, persistem e
subsistem - criando a verossimilhança.
Pedro Bala é o chefe de um grupo de
jovens arruaceiros que roubam para
sobreviver (é só a gente abrir os jornais
todos os dias para encontrar vários deles
por lá).
Nunca ninguém havia mencionado em
literatura um bando de jovens que
engenhosamente desafia as autoridades,
roubando a classe privilegiada e dividindo o
produto do roubo entre os seus camaradas
subnutridos - lembrando Robin Hood (o herói
mítico inglês, fora-da lei que roubava dos ricos
para dar aos pobres, no tempo do Rei Ricardo
Coração de Leão), mas ele não pode ser
comparado à vida dos meninos de rua em
Salvador – até os dias de hoje, em pleno
século XXI.
Movimento LiterárioA literatura brasileira em romances e
contos procura representar uma classe
social desfavorecida, marginalizada,
originada pela injusta distribuição de renda
do país.
As personagens desfavorecidas apareceram
em O Cortiço, de Aluízio Azevedo, mas
também em Memórias Póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis (personagens
desfavorecidas, como D. Plácida e
Prudêncio) e em ―Pai contra mãe‖ -
também de Machado de Assis..
No século XX, tornou-se capítulo obrigatório
nos livros didáticos de literatura o chamado
―ROMANCE DE 30‖, movimento literário em
que ―o engajamento, qualquer que fosse o
valor tomado como absoluto pelo intelectual
participante, foi a tônica dos romancistas‖
(BOSI, 1994, p. 390). Neste contexto
podemos lembrar Jorge Amado, que com
Capitães de Areia elabora uma síntese das
utopias comunistas de sua geração com a
organização política de um grupo de
meninos em situação de rua.
Em ―Capitães...‖ Jorge Amado exemplifica como e
porquê os trombadinhas existem, resistem, insistem,
persistem e subsistem - criando a verossimilhança.
Pedro Bala é o chefe de um grupo de jovens
arruaceiros que roubam para sobreviver (é só a
gente abrir os jornais todos os dias para encontrar
vários deles por lá). Nunca ninguém havia
mencionado em literatura um bando de jovens que
engenhosamente desafia as autoridades, roubando a
classe privilegiada e dividindo o produto do roubo
entre os seus camaradas subnutridos - lembrando
Robin Hood (o herói mítico inglês, fora-da lei que
roubava dos ricos para dar aos pobres, no tempo do
Rei Ricardo Coração de Leão), mas ele não pode ser
comparado à vida dos meninos de rua em Salvador –
até os dias de hoje, em pleno século XXI.
Conclusões
A elaboração da obra Capitães de Areia
resultou da vivência intensa do autor nas
ruas, becos e ladeiras da cidade, onde
mostra a desigualdade social e a
discriminação entre as raças, numa
sociedade que se negava a reconhecer que
somente os ricos tinham privilégios.
A triste conclusão é que continuam a fazer
parte da história da pátria, meninos novos
dominados e excluídos, apesar de
frequentarem cada vez mais espaços
públicos, não tem a oportunidade de ter
uma educação de qualidade, uma família ou
quaisquer encaminhamentos futuros. Vale a
pena à leitura, pois é um livro que relata a
realidade que passávamos e que
continuamos a passar, atuando assim na
nossa consciência social, política e
econômica.

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Capitães da Areia 3ª C - 2013

  • 1. E.E. Prof.ª Irene Dias Ribeiro Disciplina: Língua Portuguesa Prof.ª Maria Inês S. Vitorino 2013 July Maira Vieira Gabriela Vasconcelos B. Ozório Sergio Reginaldo Martins Junior Larissa Raiane Saul Francine Regina
  • 4. Capitães da areia O romance não tem propriamente um enredo Aí que reside sua modernidade Rompe com a tradição do romance convencional montado por meio de quadros mais ou menos independentes Narração propriamente dita O autor intercala: Notícias de jornal Pequenas Reflexões poéticas A força da narrativa advém do enredo solto, maleável, que parece flutuar ao sabor das aventuras dos pequeninos
  • 5. O livro é dividido em três partes. Antes delas, no entanto, via uma seqüência de pseudo-reportagens, explica-se que os Capitães da Areia é um grupo de menores abandonados e marginalizados, que aterrorizam Salvador. Os únicos que se relacionam com eles são Padre José Pedro e uma mãe-de-santo. O Reformatório é um antro de crueldades, e a polícia os caçam como os adultos antes do tempo.
  • 6. Início da obra: CARTAS À REDAÇÃO CRIANÇAS LADRONAS As aventuras sinistras dos ―capitães da areia‖ — a cidade infestada por crianças que vivem do furto — urge uma providência do juiz de menores e do chefe de policia — ontem houve mais um assalto
  • 7. Esse bando que vive da rapina se compõe, pelo que se sabe, de um número superior a 100 crianças das mais diversas idades, indo desde os 8 aos 16 anos. Crianças que, naturalmente devido ao desprezo dado à sua educação por pais pouco servidos de sentimentos cristãos, se entregaram no verdor dos anos a uma vida criminosa. São chamados de ―Capitães da Areia‖ porque o cais é o seu quartel-general. E tem por comandante um molecote dos seus 14 anos, que é o mais terrível de todos, não só ladrão, como já autor de um crime de ferimentos graves, praticado na tarde de ontem. Infelizmente a identidade deste chefe é desconhecida.
  • 8. O que se faz necessário é uma urgente providência da polícia e do juizado de menores no sentido da extinção deste bando e para que recolham esses precoces criminosos, que já não deixam a cidade dormir em paz o seu sono tão merecido, aos institutos de reforma de crianças ou às prisões.
  • 9. ―Já por várias vezes o nosso jornal (...) tem trazido notícias sobre a atividade criminosa dos ―Capitães da Areia. (...) Essas crianças que tão cedo se dedicaram à tenebrosa carreira do crime não têm moradia certa ou pelo menos a sua moradia ainda não foi localizada. (...) fazendo jus a uma imediata providência do juiz de menores e do Dr. Chefe de Polícia‖.
  • 10. 1. Prólogo – “Cartas à Redação”:  Reportagem publicada no Jornal da Tarde tratando do assalto das crianças à casa de um rico comerciante, num dos bairros mais aristocráticos da capital;  Carta do secretário do chefe de polícia ao mesmo jornal, atribuindo a responsabilidade de coibir os furtos das crianças ao juiz de menores;  Carta do juiz de menores defendendo-se da acusação de negligência;  Carta da mãe de uma das crianças falando das condições miseráveis do reformatório;  Carta do padre José Pedro referendando as acusações da mãe feitas ao reformatório;  Carta do diretor do reformatório defendendo-se das acusações da mãe e do padre;  Reportagem elogiosa do mesmo jornal ao reformatório.
  • 11. Apresentação Centrando a ação na vida dos menores abandonados da cidade de Salvador, o escritor aproveita para mostrar as brutais diferenças de classe, e má distribuição de renda e os efeitos da marginalidade nas crianças e adolescentes discriminados por um sistema social perverso. Capitães da areia narra o cotidiano de pobres crianças que vivem num velho trapiche abandonado. Liderados por Pedro Bala, menino corajoso, filho de um grevista morto, entregam-se a pequenos furtos para sobreviver.
  • 12. Jorge Leal Amado de Faria (nasceu em de agosto de 1912 — morreu em 6 de agosto de 2001) foi um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros de todos os tempos. Ele é o autor mais adaptado da televisão brasileira, verdadeiros sucessos como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Teresa Batista Cansada de Guerra são criações suas, além de Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres. A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmeras adaptações para cinema , radio e
  • 13. Televisão, além de ter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil. Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49 idiomas,existindo também exemplares em braille e em fitas gravadas para cegos. Suas obras são umas das mais significativas da moderna ficção brasileira, com 49 livros, propondo uma literatura voltada para as raízes nacionais. Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que lhe rendeu fortes pressões políticas. Como deputado, foi o autor da emenda que garantiu a liberdade religiosa.
  • 14. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941 a 1942), em Paris (1948 a 1950) e em Praga (1951 a 1952). Escritor profissional, viveu exclusivamente dos direitos autorais dos seus livros. Em 1959 publicou Gabriela, Cravo e Canela, que representou um momento de mudança na produção literária do autor que até então abordava temas sociais.Nesta segunda fase faz uma crônica de costumes, marcada por tipos populares, poderosos coronéis e mulheres sensuais. Além de Gabriela, Cravo e Canela, os romances Dona Flor e seus dois maridos e Teresa Batista cansada de guerra são representativos desta fase.
  • 15. •O País do Carnaval, romance (1930) •Cacau, romance (1933) •Suor, romance (1934) •Jubiabá, romance (1935) •Mar morto, romance (1936) •Capitães da areia, romance (1937) •A estrada do mar, poesia (1938) •ABC de Castro Alves, biografia (1941) •O cavaleiro da esperança, biografia (1942) •Terras do Sem-Fim, romance (1943) •São Jorge dos Ilhéus, romance (1944) •Bahia de Todos os Santos, guia (1945), •Seara vermelha, romance (1946) •O amor do soldado, teatro (1947) Principais Obras
  • 16. •O mundo da paz, viagens (1951) •Os subterrâneos da liberdade, romance (1954) •Gabriela, cravo e canela, romance (1958) •A morte e a morte de Quincas Berro d'Água, romance (1961) •Os velhos marinheiros ou o capitão de longo curso, romance (1961) •Os pastores da noite, romance (1964) •O Compadre de Ogum, romance (1964) •Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance (1966) •Tenda dos milagres, romance (1969) •Teresa Batista cansada de guerra, romance (1972)
  • 17. •O gato Malhado e a andorinha Sinhá, historieta infanto-juvenil (1976) •Tieta do Agreste, romance (1977) •Farda, fardão, camisola de dormir, romance (1979) •Do recente milagre dos pássaros, contos (1979) •O menino grapiúna, memórias (1982) •A bola e o goleiro, literatura infantil (1984) •Tocaia grande, romance (1984) •O sumiço da santa, romance (1988) •Navegação de cabotagem, memórias (1992) •A descoberta da América pelos turcos, romance (1994) •O milagre dos pássaros , fábula (1997)
  • 18. Resumo da Obra Tendo como cenário as ruas e as areias das praias de Salvador, Capitães da Areia trata da vida de crianças sem família que viviam em um velho armazém abandonado no cais do porto. Os motivos que as uniram eram os mais variados: ficaram órfãs, foram abandonadas, ou fugiram dos abusos e maus tratos recebidos em casa.
  • 19. Aproximadamente quarenta meninos de todas as cores, entre nove e dezesseis anos, dormiam nas ruínas do velho trapiche. Tinham como líder Pedro Bala, rapaz de quinze anos, loiro, com uma cicatriz no rosto. Generoso e valente, há dez anos vagabundeava pelas ruas de Salvador, conhecendo cada palmo da cidade. Durante o dia, maltrapilhos, sujos e esfomeados, mostravam-se para a sociedade, perambulando pelas ruas, fumando pontas de cigarro, mendigando comida ou praticando pequenos furtos para poder comer. Esse contato precoce com a dura realidade da vida adulta fazia com que se tornassem agressivos e desbocados.
  • 20. Além desses pequenos expedientes, os Capitães da Areia praticavam roubos maiores, o que os tornou conhecidos, temidos e procurados pela polícia, que estava em busca do esconderijo e do chefe dos capitães. Esses meninos se pegos, seriam enviados para o Reformatório de Menores, visto pela sociedade como um estabelecimento modelar para a criança em processo de regeneração, com trabalho, comida ótima e direito a lazer. No entanto, esta não era a opinião dos menores infratores. Sabendo que lá estariam sujeitos a todos os tipos de castigo, preferiam as agruras das ruas e da areia à essa falsa instituição.
  • 21. Um dia, Salvador foi assolada pela epidemia de varíola. Como os pobres não tinham acesso à vacina, muitos morriam, isolados no lazareto. Almiro, o primeiro capitão a ser infectado, ali morreu. Já Boa-Vida teve outra sorte; saiu de lá, andando. Dora e o irmão, Zequinha, perderam os pais durante a epidemia. Ao saber que eram filhos de bexiguentos, o povo fechava-lhes a porta na cara. Não tendo onde ficar, os dois acabaram no trapiche, levados por João Grande e o Professor.
  • 22. A confusão, causada pela presença de Dora no armazém, foi contornada por Pedro. Os meninos aceitaram-na no grupo e, depois de algum tempo, vestida como um deles, participava de todas as atividades e roubos do bando. Pedro Bala considerava Dora mais que uma irmã; era sua noiva. Ele que não sabia o que era amor, viu-se apaixonado; o que sentia era diferente dos encontros amorosos com as negrinhas ou prostitutas no areal.
  • 23. Quando roubavam um palacete de um ricaço na ladeira de São Bento, foram presos. Parte do grupo conseguiu fugir da delegacia, graças à intervenção de Bala que acabou sendo levado para o Reformatório. Ali sofreu muito, mas conseguiu fugir. Em liberdade, preparou-se para libertar Dora. Um mês no Reformatório feminino foi o suficiente para acabar com a alegria e saúde da menina que, ardendo em febre, se encontrava na enfermaria.
  • 24. Após renderem a irmã, Pedro, Professor e Volta- Seca fugiram, levando Dora consigo. Infelizmente, não resistindo, ela morreu na manhã seguinte. Don'aninha embrulhou-a em uma toalha de renda branca e Querido-de-Deus levou-a em seu saveiro, jogando-a em alto mar. Pedro Bala, inconsolável e muito triste, chorou com todos a ausência de Dora. Alguns anos se passaram e o destino de cada um do grupo foi tomando rumo. Graças ao apoio de um poeta, o Professor foi para o Rio, e já estava expondo seus quadros. Pirulito, que já não roubava mais, entrara para uma ordem religiosa. Sem-Pernas morreu, quando fugia da polícia.
  • 25. Volta-Seca estava fazendo o que sempre tinha sonhado; aliou-se ao bando de seu padrinho, Lampião, tornando-se um terrível matador de polícia. Gato, perfeito gigolô e vigarista, estava em Ilhéus, trapaceando coronéis. Boa-Vida, tocador de violão e armador de bagunças, pouco aparecia no trapiche. João Grande embarcou como marinheiro, num navio de carga do Lloyd. Após o auxílio na greve dos condutores de bonde, o bando Capitães da Areia de Pedro Bala, tornou-se uma "brigada de choque", intervindo em comício, greves e em lutas de classes.
  • 26. Assim como Pirulito, Bala havia encontrado sua vocação. Passando a chefia do bando para Barandão, seguiu para Aracaju, onde iria organizar outra brigada. Anos depois, Pedro Bala, conhecido organizador de greves e perigoso inimigo da ordem estabelecida, é perseguido pela polícia de cinco estados. Os Capitães da Areia são heróicos, "Robin Hood"s que tiram dos ricos e guardam para si (os pobres). O Comunismo é mostrado como algo bom. No geral, as preocupações sociais dominam, mas os problemas existenciais dos garotos os transforma em personagens únicos e corajosos.
  • 27. Os Capitães da Areia A primeira parte em si, conta algumas histórias quase independentes sobre alguns dos principais Capitães da Areia. O grupo chegava a quase cem, morando num trapiche abandonado, mas tinha líderes.
  • 28. Personagens Pedro Bala é o temido líder dos Capitães da Areia. Desde cedo foi chamado assim, desde os seus cinco anos, quando começou a vagabundear nas ruas da Bahia. Hoje tem 15 anos e conhece todas as ruas e becos da cidade. Bala é considerado um herói por seu bando, traz nos olhos e na voz a autoridade de chefe. Muitas vezes ele tem que tomar decisões difíceis, se arrisca no que for preciso para lutar pelos meninos. Vai descobrir o amor ao lado de Dora.
  • 29. Tomamos conhecimento de sua origem por meio de um expediente muito comum, o retorno ao passado. Ficamos então sabendo o porquê de Pedro ter-se engajado no grupo dos Capitães da Areia (a morte do pai a bala, o desconhecimento da mãe), o modo como ele chega à liderança, após derrotar o mulato Raimundo numa luta.
  • 30. Gato – é o galã dos Capitães da Areia. Bem-vestido, domina a arte da jogatina, trapaceando, com seu baralho marcado, todos os que se aventuram numa partida contra ele. Além dos furtos e do jogo, Gato consegue dinheiro como cafetão de uma prostituta chamada Dalva.
  • 31. BOA-VIDA – o apelido traduz seu caráter indolente e sossegado. Contenta-se com pequenos furtos, o suficiente para contribuir para o bem-estar do grupo, e com algumas mulheres que não interessam mais ao Gato.
  • 32. Professor é quem toma conta do Trapiche quando Pedro Bala se ausenta. O braço direito de Bala é também o ―intelectual‖ do bando: coleciona uma pequena biblioteca de livros e revistas roubadas que lê com grande dificuldade. Ele se tornou uma espécie de irmão mais velho para todos, aquele que conta histórias incríveis, aventuras mirabolantes, enriquecidas por sua imaginação.
  • 33. JOÃO GRANDE – é respeitado pelo grupo em virtude de sua coragem e da grande estatura. Ajuda e protege os novatos do bando contra atos tiranos praticados pelos mais velhos. VOLTA SECA – admirador do cangaceiro Lampião, a quem chama de padrinho, sonha um dia participar de seu bando.
  • 34. DORA – seus pais morreram, vítimas da varíola, quando tinha apenas 13 anos. É encontrada com seu irmão mais novo, Zé Fuinha, pelo Professor e por João Grande. Ao chegar ao trapiche abandonado, onde os garotos dormem, Dora quase é violentada, mas, tendo sido protegida por João Grande, o grupo a aceita, primeiro como a mãe de que todos careciam, depois como a valente mulher de Pedro Bala.
  • 35. Sem-Pernas – deficiente físico, possui uma perna coxa. Preso e humilhado por policiais bêbados, que o obrigaram a correr em volta de uma mesa na delegacia até cair extenuado, Sem-Pernas conserva as marcas psicológicas desse episódio, que provocou nele um ódio irrefreável contra tudo e todos, incluindo os próprios integrantes
  • 36. O ROUBO “Porque naquelas casas, se o acolhiam, se lhe davam comida e dormida, era como cumprindo uma obrigação fastidiosa. Os donos da casa evitavam se aproximar dele, e o deixavam na sua sujeira, nunca tinham uma palavra boa para ele. (...) Mas desta vez estava sendo diferente. Desta vez não o deixaram na cozinha com seus molambos, não o puseram a dormir no quintal. Deram-lhe roupa, um quarto, comida na sala de jantar. (...) Então os lábios de Sem-Pernas se descerraram e ele soluçou, chorou muito encostado ao peito de sua mãe. E enquanto a abraçava e se deixava beijar, soluçava porque a ia abandonar e, mais que isso, a ia roubar. E ela talvez nunca soubesse que o Sem-Pernas sentia que ia furtar a si próprio também.”
  • 37. Pirulito tinha o chamado de Deus em sua vida. Padre José Pedro, um pobre sacerdote era amigo dos capitães, ensinava-os e foi ele que contribuiu para o fim das relações homossexuais no trapiche. Foi ele também o responsável pela religião de Pirulito, que através dos ensinamentos dos padres buscava uma vida mais correta chegando até a abandonar o roubo. Ator do filme de Cecília Amado
  • 38. PADRE JOSÉ PEDRO – padre de origem humilde, só conseguiu entrar para o seminário por ter sido apadrinhado pelo dono do estabelecimento onde era operário. Discriminado por não possuir a cultura nem a erudição dos colegas, demonstra uma crença religiosa sincera. Por isso, assume a missão de levar conforto espiritual às crianças abandonadas da cidade, das quais os Capitães da Areia são o grande expoente. Foto internet
  • 39. QUERIDO-DE-DEUS – grande capoeirista da Bahia, respeita o grupo liderado por Pedro Bala e é respeitado por ele. Ensina sua arte para alguns deles e exerce grande influência sobre os garotos. Dalva – É uma prostituta de uns trinta e cinco anos, com corpo forte e rosto cheio de sensualidade. Gato a deseja imediatamente, tornando-a sua amante.
  • 40. Tempo da Obra. A obra apresenta tempo cronológico demarcado pelos dias, meses, anos e horas conforme exemplificam os fragmentos: "É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia, Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus 5 anos. Hoje tem 15 anos. Há dez anos que vagabundeia nas ruas da Bahia."
  • 41. O tempo psicológico correspondente às lembranças e recordações constantes na narrativa. A fala de Zé Fuinha (...) "Quando terminaram, o preto bateu as mãos uma na outra, falou: - Teu irmão disse que a mãe de você morreu de bexiga... - Papai também... - Lá também morreu um... - Teu pai? - Não. Foi Almiro um do grupo."
  • 43. Espaço A narrativa se desenrola no Trapiche (hoje Solar do Unhão e o Museu de Arte Moderna); no Terreiro de Jesus (na época era lugar de destaque comercial de Salvador); onde os meninos circulavam na esperança de conseguirem dinheiro e comida devido ao trânsito de pessoas que trabalhavam lá e passavam por lá; no Corredor da Vitória área nobre de Salvador, local visado pelo pelo grupo porque lá habitavam as pessoas da alta sociedade baiana, como o comendador mencionado no início da narrativa.
  • 44. “Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem. Antigamente, aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras dos alicerces do trapiche as ondas ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater mansamente. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por uma réstia amarela de lua.”
  • 45. Foco Narrativo A obra Capitães da Areia é narrada na terceira pessoa, sendo o autor, Jorge Amado, o narrador apenas o expectador. Ele se comporta, durante todo o desenvolvimento do tema, de maneira indiferente, criando e narrando os acontecimentos sem se envolver diretamente com eles.
  • 46. Estilo Jorge Amado é sem dúvida o escritor brasileiro mais "festejado" do século XX. Seus romances ja foram traduzidos para mais de quarenta idiomas; várias obras suas foram adaptadas para a televisão, sendo exibidas em vários países. É o melhor best-seller brasileiro de todos os tempos. E isto não se dá pela sua qualidade literária. É importante salientar que Jorge Amado seguiu a tendência da época, não burilando a linguagem como Graciliano Ramos ou fazendo experimentalões na linguagem e técnica narrativa. A que se deve então essa enorme popularidade?
  • 47. Um dos fatores que contribui para isso foi o seu enfoque da realidade. É um autor sem rodeios, que consegue ser incisivo quando o momento exige, mas que também é poético, suave, sempre mantendo a sobriedade. Suas descrições nunca ficam nelas mesmas, ele vai além, interagindo o espaço descrito com as personagens, ou ás vezes, divagando sobre isso. Assim valoriza-se a plasticidade da imagem em detrimento a sua objetividade.
  • 48. Verossimilhança No século XX, tornou-se capítulo obrigatório nos livros didáticos de literatura o chamado ―ROMANCE DE 30‖, movimento literário em que ―o engajamento, qualquer que fosse o valor tomado como absoluto pelo intelectual participante, foi a tônica dos romancistas‖ (BOSI, 1994, p. 390). Neste contexto podemos lembrar Jorge Amado, que com Capitães de Areia elabora uma síntese das utopias comunistas de sua geração com a organização política de um grupo de meninos em situação de rua.
  • 49. Em ―Capitães...‖ Jorge Amado exemplifica como e porquê os trombadinhas existem, resistem, insistem, persistem e subsistem - criando a verossimilhança. Pedro Bala é o chefe de um grupo de jovens arruaceiros que roubam para sobreviver (é só a gente abrir os jornais todos os dias para encontrar vários deles por lá).
  • 50. Nunca ninguém havia mencionado em literatura um bando de jovens que engenhosamente desafia as autoridades, roubando a classe privilegiada e dividindo o produto do roubo entre os seus camaradas subnutridos - lembrando Robin Hood (o herói mítico inglês, fora-da lei que roubava dos ricos para dar aos pobres, no tempo do Rei Ricardo Coração de Leão), mas ele não pode ser comparado à vida dos meninos de rua em Salvador – até os dias de hoje, em pleno século XXI.
  • 51. Movimento LiterárioA literatura brasileira em romances e contos procura representar uma classe social desfavorecida, marginalizada, originada pela injusta distribuição de renda do país. As personagens desfavorecidas apareceram em O Cortiço, de Aluízio Azevedo, mas também em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (personagens desfavorecidas, como D. Plácida e Prudêncio) e em ―Pai contra mãe‖ - também de Machado de Assis..
  • 52. No século XX, tornou-se capítulo obrigatório nos livros didáticos de literatura o chamado ―ROMANCE DE 30‖, movimento literário em que ―o engajamento, qualquer que fosse o valor tomado como absoluto pelo intelectual participante, foi a tônica dos romancistas‖ (BOSI, 1994, p. 390). Neste contexto podemos lembrar Jorge Amado, que com Capitães de Areia elabora uma síntese das utopias comunistas de sua geração com a organização política de um grupo de meninos em situação de rua.
  • 53. Em ―Capitães...‖ Jorge Amado exemplifica como e porquê os trombadinhas existem, resistem, insistem, persistem e subsistem - criando a verossimilhança. Pedro Bala é o chefe de um grupo de jovens arruaceiros que roubam para sobreviver (é só a gente abrir os jornais todos os dias para encontrar vários deles por lá). Nunca ninguém havia mencionado em literatura um bando de jovens que engenhosamente desafia as autoridades, roubando a classe privilegiada e dividindo o produto do roubo entre os seus camaradas subnutridos - lembrando Robin Hood (o herói mítico inglês, fora-da lei que roubava dos ricos para dar aos pobres, no tempo do Rei Ricardo Coração de Leão), mas ele não pode ser comparado à vida dos meninos de rua em Salvador – até os dias de hoje, em pleno século XXI.
  • 54. Conclusões A elaboração da obra Capitães de Areia resultou da vivência intensa do autor nas ruas, becos e ladeiras da cidade, onde mostra a desigualdade social e a discriminação entre as raças, numa sociedade que se negava a reconhecer que somente os ricos tinham privilégios.
  • 55. A triste conclusão é que continuam a fazer parte da história da pátria, meninos novos dominados e excluídos, apesar de frequentarem cada vez mais espaços públicos, não tem a oportunidade de ter uma educação de qualidade, uma família ou quaisquer encaminhamentos futuros. Vale a pena à leitura, pois é um livro que relata a realidade que passávamos e que continuamos a passar, atuando assim na nossa consciência social, política e econômica.