O documento discute os conceitos de fonética e fonologia. A fonética descreve a produção e percepção dos sons da fala enquanto a fonologia interpreta esses sons de acordo com os sistemas fonológicos das línguas. O documento também classifica os sons consoantes e vogais do português de acordo com seus modos e locais de articulação.
2. MASSINI-CAGLIARI, G.; CAGLIARI, L.C. Fonética. In:
MUSSALIN, F.; BENTES, A.C. Introdução à Linguística –
domínios e fronteiras 1. São Paulo: Cortez, 2012.
MORI, A. C. Fonologia. In: MUSSALIN, F.; BENTES, A.C.
Introdução à Linguística – domínios e fronteiras 1.
São Paulo: Cortez, 2012.
3. Fonética
Fonética e Fonologia – estudam os sons da fala – são ciências
relacionadas.
Fonética – descrever os sons da fala
a) a maneira como os sons são produzidos – Fonética
Articulatória (mostrando que movimentos do aparelho
fonador estão envolvidos na produção de sons da
fala);
b) a maneira como os sons são produzidos – Fonética
Acústica (propriedades físicas – acústicas – dos sons
que se propagam através do ar;
c) a maneira como os sons são percebidos pelos ouvinte
– Fonética Auditiva.
4. Fonética
Fonologia – interpretar os resultados obtidos por meio de
descrição (fonética) dos sons da fala, em função dos sistemas
de sons das línguas e dos modelos teóricos disponíveis. “Faz
parte do trabalho fonológico explicar o porquê de os falantes
de alguns dialetos do português do Brasil considerarem como
sendo o mesmo som as consoantes iniciais da palavras tapa e
tia [t] e [tʃ]”.
Fonética – descritiva / Fonologia – explicativa, interpretativa;
Por essa razão, uma transcrição fonética dos segmentos é
representada dentro de colchetes quadrados [] e transcrição
fonológica (fonêmica) dentro de barras simples inclinadas / /.
5. Fonética
Fonética Articulatória
A produção da fala: o processo de respiração ativa diferentes
mecanismos aerodinâmicos. Usa-se um mecanismo pulmonar
egressivo, ou seja, a fala se aproveita de uma modificação
causada sobre a corrente de ar que usamos para respirar
(expiração):
a) mecanismo aerodinâmico implosivo;
b) mecanismo aerodinâmico ejectivo;
c) mecanismo aerodinâmico velar; A corrente de ar é
modificada pelas cavidades supraglotais dando origem as
chamadas articulações fonéticas e os processos
articulatórios.
6. Fonética
Fonação: o processo de fonação compreende as
possibilidades articulatórias das estruturas da faringe e,
sobretudo, das cordas vocais, e podem ser classificado como:
Oclusiva Glotal – (Ah!, Eh!)
Fricativa Glotal – (house, horse)
Vozeamentos – sons sonoros (bolo, vaca, zebra)
Ensudercimento – sons surdos ( massa, faça)
Aspiração – sussurro (whispery voice)
Murmúrio – aspirada sonora (breathy voice)
Creaky Voice – som grave (cantor “baixo)
Falseto – som agudo
7. Fonética
Segmentos – segmentar a fala é analisar em pedaços
menores – segmentos – como vogais e consoantes.
Consoantes – classificam-se de acordo com os modos e
lugares de articulação. De acordo com os modos de
articulação, podem ser: a) oclusivos; b) nasais; c)
fricativos; d) africados; e) laterais; f) vibrantes; g)
retroflexos; h) aproximantes; De acordo com os lugares
de articulação, podem ser: a) labial ou bilabial; b)
labiodental; c) dental; d) alveolar; e) palatoalveolar; f)
alveopalatal; g) palatal; h) velar; i) uvular; j) faringal; k)
glotal;
8. Fonética
Prosódia – unidades maiores que os segmentos – sílabas,
moras silábicas, grupo tonal, etc.
Elementos Prosódicos: a) acento; b) ritmo; c) velocidade
de fala ou tempo; d) entoação; e) tessitura (espaço
compreendido entre o som mais grave e o mais agudo);
f) qualidade da voz (sonoro, aspirado, dental, velar, nasal,
fricativo, etc).
11. Fonologia
O linguista suíço Ferdinand de Saussure foi o primeiro a estabelecer que
a linguagem humana compreendia dois aspectos fundamentais: a língua
e a fala. Elas não ocorrem separadas, ambas são interdependentes, a
língua é ao mesmo tempo o instrumento e o produto da fala. A língua é
um sistema de signos formados pela união de significados e do
significante. O significante, na fala, é estudado pela Fonética –
articulatória e acusticamente. Na língua, o significante é estudado pela
Fonologia.
“ O Significado relaciona-se com o conceito ou ideia, isto é, a
representação mental de um objeto ou da realidade social em que os
falantes de uma língua se situam. O significado relaciona-se com a
expressão fônica do significado”.
12. Fonologia
O estudo dos fones em seus aspectos físicos, articulatórios e auditivos
corresponde à Fonética. O estudo dos fonemas como unidades
discretas, distintivas e funcionais é tarefa da Fonologia.
A diferença entre Fonética e Fonologia foi consolidada no Primeiro
Congresso Internacional de Linguistas realizado em Haia, 1928, a partir
do trabalho de três linguistas russos: Roman Jakobson, Nicolai
Trubetzkoy e Serge Karcevsky.
A Fonologia estuda as diferenças fônicas correlacionadas com as
diferenças de significado (ex. [p]ato / [m]ato), ou seja, estuda os fones
segundo a função que eles cumprem numa língua específica, os fones
relacionados ás diferenças de significado e a sua inter-relação
significativa para formar sílabas, morfemas e palavras.
13. Fonologia
Importância da Fonologia – um dos objetivos da Fonologia relaciona-se
com o desenvolvimento de ortografias, ou seja, o emprego de um
alfabeto para representar a escrita de uma língua.
Embora os sistemas alfabéticos de escrita sejam idealmente fonológicos,
diversos fatores de mudança linguística e extralinguística produzem
discrepâncias entre a estrutura fonológica das línguas e suas ortografias.
Os sistemas de escrita, portanto, não acompanham o desenvolvimento
dinâmico da língua oral, daí essa defasagem entre a fala e sua
representação gráfica, dando como resultado os problemas ortográficos
no momento de se escrever. O professor deveria, nesse caso, conhecer o
sistema fonológico da língua para poder explicar sobre os problemas de
ortografia.
14. Fonologia
O professor de língua estrangeira poderia resolver os problemas de
interferência, desenvolvimento estratégias que auxiliem o estudante a
superar a tendência de transpor o sistema fônico de sua língua materna
para a língua estrangeira.
O fonema – cada língua dispõe de um número determinado de
unidades fônicas cuja função é determinar a diferença de significado de
uma palavra em relação a uma outra.
Trubetzkoy – “as unidades fonológicas que, desde o ponto de vista da
língua em questão, não podem ser analisadas em unidades fonológicas
menores e sucessivas serão chamadas fonemas” – o fonema é a menor
unidade fonológica da língua de que se trata. A Fonologia procura
descobrir o que se crê pronunciar, considerando o fonema como a
imagem acústico-motora mais simples e significativa de uma língua.
15. Fonologia
Leonard Bloomfield - considera o fonema como uma propriedade observável,
do contrário resultaria apenas uma conveniência descritiva do analista. Definiu
o fonema como “unidades mínimas de traços fônicos distintivos”.
Gleason (1985) – define fonema como uma classe de sons que são (a)
foneticamente semelhantes e (b) mostram determinados esquemas de
distribuição, dependendo das características de cada língua ou dialeto. Por
exemplo, em alguns dialetos do português brasileiro, os fones [t] e [tʃ] formam
uma classe de sons que podem ser considerados foneticamente semelhantes,
cujo padrão de ocorrências está condicionado por um determinado contexto.
Toda língua possui um número restrito de sons cuja função é diferenciar o
significado de uma palavra em relação à outra. Os sons que exercem esse
papel chamam-se fonemas e ocorrem em sequências sintagmáticas,
combinando-se entre si de acordo com as regras fonológicas de cada língua.