O documento descreve a evolução dos sistemas de classificação dos seres vivos ao longo do tempo, desde as classificações práticas e racionais iniciais até às classificações verticais filogenéticas modernas que refletem as relações evolutivas. Explica também a nomenclatura binomial e os principais grupos taxonómicos, assim como as mudanças na divisão dos seres vivos em reinos propostas por diferentes cientistas.
2. Porquê classificar??
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Devido à existência de milhões de seres vivos, o homem sentiu a
necessidade de os classificar e agrupar segundo diferentes critérios, a
fim de consultar, transmitir e estudar mais facilmente dados sobre os
diferentes seres.
3. Porquê classificar??
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A Sistemática utiliza todos os conhecimentos sobre os seres vivos para
compreender as suas relações de parentesco e a sua história evolutiva e
assim desenvolver sistemas de classificação que refletem essas
relações.
A taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação dos
seres vivos e da nomenclatura dos grupos formados.
5. Evolução dos sistemas de classificação
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Sistemas de Classificação Práticos
São os mais primitivos.
São de natureza empírica.
Utilizam critérios arbitrários e subjetivos.
Têm em conta a satisfação das necessidades básicas do homem, sem
considerar quaisquer fundamentos científicos.
Exemplo: animais perigosos/não perigosos, comestíveis/não
comestíveis; plantas comestíveis/não comestíveis, medicinais,
daninhas…
6. Evolução dos sistemas de classificação
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Ao longo da História foram surgindo novas classificações:
Com uma base racional.
Mais objetivas que as práticas.
Utilizando critérios intrínsecos aos seres vivos (Exemplo: cor do
sangue, tipo de ovos, estrutura do coração, tipo de respiração,
reprodução, …).
Classificações Racionais
7. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificações Racionais
As primeiras classificações racionais tinham por base um número
restrito de características, escolhidas arbitrariamente,
Reuniam no mesmo grupo indivíduos muito diferentes (Exemplo: se
agrupar os animais pela capacidade de voar, inclui no mesmo grupo
aves, insectos e alguns mamíferos).
Classificações Artificiais
Com o tempo o homem sentiu necessidade de usar o maior número
possível de características para classificar os seres vivos, formando
grupos que englobam seres semelhantes.
Classificações Naturais
8. Evolução dos sistemas de classificação
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As classificações artificiais e as naturais:
Privilegiam apenas características estruturais
Não consideram o fator tempo, são estáticas são fixistas
Classificações Horizontais ou Fenéticas
9. Evolução dos sistemas de classificação
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Após Darwin e consequentemente após a implantação das ideias
evolucionistas:
as classificações passaram a ter em consideração o fator tempo –
carácter dinâmico da transformação dos organismos.
as semelhanças entre os seres vivos são interpretadas como
consequência da existência de um ancestral comum a partir do qual
os grupos divergiram, há mais ou menos tempo.
o grau de semelhança reflete o tempo em que se deu a divergência.
Classificações Verticais
(Filogenéticas ou Cladísticas)
Tentam reproduzir a história evolutiva dos seres vivos através de árvores
filogenéticas e de cladogramas.
12. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificações horizontais
Dendograma relaciona algumas espécies de
acordo com o grau de semelhança morfológica
entre elas.
Privilegiam as caraterísticas estruturais.
Não consideram o fator tempo.
13. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificações verticais
Cladograma
Árvore filogenética
14. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificações verticais
Árvore filogenética é uma representação
gráfica, em forma de uma árvore, das
relações evolutivas entre várias espécies ou
outras entidades que possam ter um
ancestral comum.
Cada nó com descendentes representa o
mais recente antepassado comum.
15. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificações verticais
Cladograma é um diagrama que
mostra as relações ancestrais
entre organismos.
Representa o padrão das relações
entre os nós da árvore.
Os pontos correspondem ao mais
recente antepassado comum.
Depois de cada ponto de
ramificação surge uma
característica derivada (ou
“evoluída”).
16. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificações verticais
Cladograma
A, B, C e D representam espécies.
Números a preto representam características
ancestrais, partilhadas pelas diferentes
espécies devido a terem um ancestral comum.
Números coloridos representam
características derivadas ou “evoluídas”
presentes nos indivíduos de um grupo e que não
existem no ancestral, revelando que houve
separação de um novo ramo – evolução.
18. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificação fenética e filogenética de lapa, craca e caranguejo.
As lapas e as cracas, através de uma
evolução convergente, desenvolveram
conchas cónicas semelhantes, o que
as liga em termos fenéticos.
Em termos evolutivos, as cracas e os
caranguejos (ambos crustáceos) estão
mais relacionados um com o outro do que
qualquer deles com a lapa, que é um
molusco.
19. Evolução dos sistemas de classificação
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Classificação fenética e filogenética de aves e crocodilos
20. Evolução dos sistemas de classificação
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O ato de classificar é artificial, estabelecido pelo Homem.
Qualquer sistema de classificação reflete, em cada época, o
grau de conhecimento científico, não havendo nenhuma
classificação definitiva.
Como serão as classificações biológicas no futuro?
21. Grupos taxonómicos
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Os grupos hierárquicos (taxa) estabelecidos por Lineu no seu sistema de
classificação - Systema Naturae – ainda hoje são usados.
Consideram-se 7 grupos taxonómicos principais:
Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género e Espécie.
São consideradas
categorias intermédias
entre os taxa principais
(subfilo, superclasse,
etc.).
22. Grupos taxonómicos
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No sentido ascendente:
o número de espécies vai aumentando,
cada grupo é mais abrangente,
aumenta a variabilidade.
Quando considerarmos, por exemplo,
dois seres vivos, eles são tanto mais
próximos quanto maior for o número de
taxa comuns a que pertencem, isto é,
quanto mais restrito for o nível do taxon
em que ambos estão incluídos.
23. Grupos taxonómicos
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A espécie é o único grupo taxonómico
natural.
Espécie – grupo de indivíduos que
partilham o mesmo fundo genético e têm
capacidade de se cruzar entre si,
originando descendentes férteis (estão
isolados de outras espécies ao nível
reprodutivo).
24. Nomenclatura
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A designação dos taxa é feita em latim, pois sendo uma língua morta,
mantém-se imutável, não está sujeita a uma evolução.
Os cientistas de todo o mundo utilizam a língua latina para designar os
grupos taxonómicos.
25. Nomenclatura
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Espécie
Lineu desenvolveu um sistema de nomenclatura binominal para
designar as espécies.
O nome da espécie consta sempre de duas palavras latinas ou latinizadas:
a primeira é um substantivo escrito com inicial maiúscula e
corresponde ao nome do género a que a espécie pertence;
a segunda palavra, escrita com inicial minúscula, designa-se por
epíteto específico ou restritivo específico, sendo geralmente um
adjetivo.
26. Nomenclatura
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Espécie
Quando uma espécie tem subespécies, utiliza-se uma nomenclatura
trinominal para as designar, isto é, escreve-se o nome da espécie
seguido de um terceiro termo designado por restritivo ou epíteto
subespecífico.
27. Nomenclatura
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Espécie
Os nomes do género, da espécie e da subespécie devem ser escritos
em itálico ou, quando escrito à mão, sublinhado.
À frente da designação da espécie pode escrever-se, em letra do
texto, o nome ou a abreviatura do nome do taxonomista que, pela
primeira vez, atribuiu aquele nome científico à espécie
considerada.
Pode citar-se a data da publicação do nome da espécie, sendo essa
data colocada a seguir ao nome do autor, separada por uma vírgula.
28. Nomenclatura
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Taxa superiores à espécie
A designação dos grupos superiores à espécie é uninominal, isto é,
consta de uma única palavra, que é um substantivo, escrita com inicial
maiúscula.
O nome da família dos animais obtém-se acrescentando a terminação
–idæ à raiz do nome de um dos géneros.
Nas plantas, geralmente, a terminação que caracteriza a:
família –aceæ,
ordem –ales,
classe –ae.
29. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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A divisão dos seres vivos em reinos tem variado continuamente, ao
longo dos tempos.
A classificação em dois reinos utilizada por Lineu
(1707-1778), incluía no:
Reino Animal os seres vivos sem clorofila e
com locomoção, e
Reino Planta, os seres vivos com clorofila e
sem locomoção (plantas, bactérias, fungos, …).
Esta classificação não conseguia incluir os seres
fotossintéticos e com locomoção, bem como os
não fotossintéticos e fixos.
30. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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A divisão dos seres vivos em reinos tem variado continuamente, ao
longo dos tempos.
A classificação, proposta por Haeckel (1834-
1919), em três reinos: Reino Animal, Reino Planta
e Reino Protista.
O Reino Protista incluía os seres pouco
diferenciados, isto é, de classificação duvidosa,
com características de animais e de plantas
(como bactérias, protozoários e fungos).
31. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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A divisão dos seres vivos em reinos tem variado continuamente, ao
longo dos tempos.
Com o desenvolvimento do microscópio
eletrónico, Copeland criou um quarto reino
(1956), o Reino Monera, que incluía os seres
procariontes.
O Reino Protista incluía eucariontes
unicelulares e fungos.
32. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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A divisão dos seres vivos em reinos tem variado continuamente, ao
longo dos tempos.
Em 1969, Whittaker propôs a classificação
em cinco reinos, criando o Reino dos Fungos.
Baseou-se nos seguintes critérios:
nível de organização estrutural,
tipo de nutrição,
interações nos ecossistemas.
34. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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A divisão dos seres vivos em reinos tem variado continuamente, ao
longo dos tempos.
Devido ao avanço da Ciência e da Tecnologia, em 1979, Whittaker
apresentou modificações ao seu sistema de classificação.
As algas multicelulares, devido ao seu baixo grau de diferenciação,
passaram a fazer parte do reino protista
35. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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A divisão dos seres vivos em reinos tem variado continuamente, ao
longo dos tempos.
Whittaker, 1979
36. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Classificação de Whittaker
Reino Monera - seres procariontes (como as bactérias e as cianofíceas),
autotróficos fotossintéticos ou quimiossintéticos, ou heterotróficos por
absorção (microconsumidores).
Reino Protista - seres eucariontes, unicelulares ou multicelulares com
pouca diferenciação de tecidos.
Inclui três grupos:
Protozoários - seres unicelulares heterotróficos por ingestão e
macroconsumidores.
Algas - seres fotossintéticos unicelulares e multicelulares sem
diferenciação tecidular
Mixomicetos – seres unicelulares heterotróficos por absorção,
microconsumidores e, geralmente, multinucleados (semelhantes a
fungos).
37. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Classificação de Whittaker
Reino Fungi - seres eucariontes geralmente multicelulares,
multinucleados, heterotróficos por absorção (microconsumidores).
Reino Plantae - seres eucariontes multicelulares fotossintéticos.
Reino Animalia - seres eucariontes multicelulares heterotróficos por
ingestão e macroconsumidores.
38. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Atualmente, alguns sistematas têm proposto outros
sistemas de classificação.
Lynn Margulis e Karlene Schwartz (1980) baseando-se principalmente
em dados morfológicos e moleculares consideram 2 super-reinos:
Prokarya engloba o reino Bacteria (sub-reinos Archaebacteria e Eubacteria).
Eukarya engloba os reinos Protista, Fungi, Animalia e Plantae.
39. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Atualmente, alguns sistematas têm proposto outros
sistemas de classificação.
40. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Atualmente, alguns sistematas têm proposto outros
sistemas de classificação.
Carl Woese (1990) baseando-se fundamentalmente na comparação de
sequências nucleotíticas de RNA ribossómico propõem um sistema de
três grandes domínios:
Eubacteria
Archaebacteria
Eukariota
(engloba os reinos Protista, Fungi,
Animalia e Plantae)
41. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Atualmente, alguns sistematas têm proposto outros
sistemas de classificação.
42. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Atualmente, alguns sistematas têm proposto outros
sistemas de classificação.
43. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Nota - Arqueobactérias
As arqueobactérias são capazes de sobreviver em ambientes muito
extremos.
As condições extremas de sobrevivência das arqueobactérias são
semelhantes às que terão existido na Terra primitiva, facto que levou a
que fossem consideradas os seres mais primitivos (daí a designação de
arqueobactérias).
Distinguem-se vários grupos de arqueobactérias:
termófilas vivem em águas quentes sulfurosas, como nas proximidades
de fontes termais;
halobactérias, que vivem somente em ambientes salgados, como em
salinas e salmouras;
metanógenas, produzem metano, em anaerobiose, a partir do dióxido
de carbono e do hidrogénio; vivem no fundo dos pântanos e no interior
do aparelho digestivo de alguns animais;
termoacidófilas, vivem em águas quentes e ácidas.
44. Evolução da classificação dos seres vivos
em Reinos
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Nota - Arqueobactérias
No que diz respeito à composição química, as arqueobactérias diferem
bastante das eubactérias
não possuem glicopeptídeos na parede celular,
o DNA está associado a histonas,
possuem vários tipos de RNA polimerases…),
atualmente, são consideradas
mas próximas filogeneticamente dos seres do domínio Eukaria
do que das restantes bactérias (domínio Eubacteria).