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Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: 
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) 
Uma universidade e um povoado das Missões gaúchas desbravam as 
fronteiras da sustentabilidade. 
Apresentação 
Empresa e universidade 
Cenário 
Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
Metodologia 
Ações 
Resultados 
Aprendizagens 
Desafios de sustentabilidade 
Passos e dicas 
Expediente 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa
Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo. Inspirado nesse mote, o 
BANCO REAL tem posto em prática, em compasso crescente, sua maneira 
de entender sustentabilidade: um modelo de negócio em que todos ganham – a 
empresa, o indivíduo, a sociedade e o meio ambiente. 
Princípio de uma sociedade que mantém as características necessárias para um 
sistema social justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero, a 
sustentabilidade orienta as ações do Banco em suas diversas áreas. 
No campo do investimento social, o BANCO REAL busca contribuir para que 
o Brasil prospere em direção ao desenvolvimento sustentável, favorecendo uma 
cultura de participação e co-responsabilidade, em favor das comunidades e de 
causas relevantes para o país. 
A Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do Banco também é responsável 
pela gestão do investimento social, e sua atuação é fundamentada na crença de que 
os indivíduos são agentes de seu próprio desenvolvimento, na necessária sintonia 
com os interesses legítimos da sociedade e na certeza de que alianças e parcerias 
potencializam o alcance de resultados. A sistematização do projeto desenvolvido 
com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) materializa bem 
esses valores. 
Chamado de Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e 
Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa, o 
projeto da UERGS foi uma das iniciativas vencedoras da 10ª edição do Concurso 
Banco Real Universidade Solidária. O concurso é uma ação conduzida em 
parceria entre o BANCO REAL e a Associação Civil Universidade Solidária 
(UniSol) e visa contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, colocar 
os conhecimentos adquiridos na universidade a serviço das comunidades pobres e 
apoiar a extensão universitária. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
O projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente foi desenvolvido na comunidade 
de Barro Preto, em São Luiz Gonzaga (RS), e trata da estruturação de um 
empreendimento de produção de vassouras de sorgo como estratégia de geração de 
renda para melhorar as condições de vida no campo. O trabalho foi submetido a 
um processo de avaliação qualitativa pelo método de estudo de caso e se distinguiu 
em critérios como maturidade de resultados e da gestão, foco de atuação, região 
geográfi ca e potencial de disseminação. O principal objetivo desta publicação 
é justamente contribuir para o desenvolvimento socioeconômico por meio da 
sistematização e disseminação de práticas bem-sucedidas. Também é intenção do 
BANCO REAL induzir refl exão e aprendizado para o aprimoramento dos projetos 
e da gestão de investimento social do Banco. 
Apresentação 
INÍCIO
A 10ª edição do Concurso Banco Real 
Universidade Solidária foi realizada em 2005 
e selecionou 10 projetos para serem apoiados. Um 
deles era proposto pela Universidade Estadual do 
Rio Grande do Sul (UERGS) e se chamou Cuidar 
de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e 
Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro 
Preto como Alternativa. A comunidade de Barro 
Preto está situada no município gaúcho de São Luiz 
Gonzaga (RS), a 20 quilômetros do centro da cidade. 
O projeto foi executado com verbas do concurso 
no período de 2005 a 2007. Em 2005, a iniciativa 
esteve sob a coordenação do Curso de Bacharelado 
em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial 
e, em 2006, do Curso Superior de Tecnologia em 
Agropecuária, ambos ligados à Unidade São Luiz 
Gonzaga da UERGS. 
A partir da observação das demandas locais 
e do aporte de seu conjunto de competências, a 
universidade estruturou as ações do projeto em 
torno de dois grandes objetivos: proporcionar uma 
alternativa de renda para a comunidade rural de Barro 
Preto e conscientizar os moradores para a necessidade 
de cuidar do meio ambiente de forma sustentável. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
Projeto de Barro Preto nasceu com dois 
objetivos: proporcionar uma alternativa 
de renda para a comunidade rural e 
conscientizar os moradores para a 
necessidade de cuidar do meio ambiente de 
forma sustentável. 
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O projeto buscava diminuir o êxodo rural e o 
desemprego em São Luiz Gonzaga. Para tanto, 
implementou uma linha de produção de vassouras de 
palha de sorgo, utensílio que era, até então, adquirido 
de fornecedores de fora da região.. 
Produção de vassouras de palha de sorgo 
foi indicada, pois partia de matéria-prima 
de fácil cultivo, para a fabricação de item 
adquirido fora da região. 
O sorgo é uma planta que não exige grandes 
extensões de terra para cultivo, não é suscetível a 
doenças ou pragas e se mostra economicamente viável 
em pequenas propriedades. Na comunidade de Barro 
Preto, predominam propriedades com área inferior 
a 10 hectares que operam em sistema de agricultura 
familiar. 
A intenção de promover alternativas de geração 
de renda para os agricultores de Barro Preto surgiu 
dentro da UERGS no primeiro semestre de 2004, 
com a realização de um diagnóstico socioeconômico 
das 23 famílias que ali residiam. O levantamento foi 
Empresa e universidade 
Responsabilidade social em dose dupla 
INÍCIO 
t d B t d
Empresa e universidade 
realizado pela disciplina Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários Regionais 
do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial. O 
trabalho constatou a necessidade urgente de promover alternativas de renda que 
pudessem garantir o sustento daquelas famílias. 
Por meio da seleção na edição 2005 do Concurso Banco Real Universidade 
Solidária, o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente recebeu apoio de R$ 20 
mil do BANCO REAL, para ser implementado em um período de nove meses. 
Com o objetivo de contribuir para o sucesso e garantir a sustentabilidade dos 
projetos desenvolvidos em 2005 no âmbito da parceria entre o BANCO REAL e a 
UniSol, os idealizadores do concurso decidiram não realizar nova edição em 2006. 
Com base nos resultados alcançados no ano anterior, renovaram o apoio ao projeto 
da comunidade de Barro Preto por mais nove meses, com um aporte adicional de 
R$ 20 mil até o fi m de 2007. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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“O projeto expôs a universidade para a região e para fora 
(da região), e para a própria Reitoria. Foram muito elogiados 
pela Reitoria. As matérias publicadas no jornal geraram o 
reconhecimento e deram respeitabilidade à Uergs, antes 
mesmo de (o projeto) ter resultados concretos. Quando viram 
que eram vassouras de palha de sorgo (a população) ficou 
muito contente.” 
Diretor da Região IV da UERGS 
INÍCIO 
O que é agricultura familiar? 
Sistema produtivo que se baseia no trabalho 
dos membros de uma família ou de pessoas 
agregadas em torno do núcleo familiar por relações 
de parentesco, sem a utilização de mão-de-obra 
assalariada ou de eventuais colaboradores.
Empresa e universidade 
Conheça o Concurso Banco Real Universidade Solidária 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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INÍCIO 
O Concurso Banco Real Universidade Solidária é uma ação conduzida em 
parceria entre o BANCO REAL e a Associação Civil Universidade Solidária 
(UniSol). A UniSol é uma organização sem fi ns lucrativos de interesse público 
(Oscip), cuja missão é promover o intercâmbio de conhecimentos entre 
universidade e comunidade, contribuindo para a formação cidadã de estudantes 
universitários e para o desenvolvimento social do Brasil. 
Criado em 1996 com o nome original de Prêmio Real Universidade Solidária, o 
concurso oferece aos melhores projetos de extensão universitária de Instituições 
de Ensino Superior (IES) recursos para a sua implementação. Seus principais 
objetivos são: 
• Contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, proporcionando 
ao estudante, pela prática na comunidade, a oportunidade de rever e trabalhar 
sistematicamente os conhecimentos adquiridos na universidade. 
• Colocar conhecimento das IES à disposição das comunidades pobres, de forma 
a contribuir para a melhoria de suas condições de vida. 
• Apoiar a extensão universitária, estimulando o intercâmbio de conhecimentos e 
a inserção na comunidade. 
O concurso elege as melhores propostas de intervenção de universidades em 
seus contextos geográfi cos de infl uência, que promovam alternativas de geração 
de renda e desenvolvimento sustentável. Tais propostas são formuladas por 
professores efetivos e executadas com a participação de estudantes, organizações 
comunitárias e parceiros locais. 
A participação das organizações comunitárias na execução do projeto constitui 
um dos pilares do concurso. Ela visa garantir que os benefícios do relacionamento 
com a universidade sejam plenamente apropriados e contribuam, de fato, para o 
fortalecimento e a sustentabilidade dos empreendimentos desenvolvidos no âmbito 
do projeto. 
A perspectiva da sustentabilidade também se expressa na condição de 
identifi cação e envolvimento de parcerias locais do concurso. Mais do que apontar 
a necessidade de mobilização de recursos da comunidade – fi nanceiros, materiais, 
técnicos, institucionais ou de qualquer outra natureza –, tal requisito estimula o 
comprometimento do setor público e da sociedade civil com o desenvolvimento 
local e sustentável. 
Concurso elege as melhores propostas de intervenção das 
universidades em suas comunidades, que promovam alternativas de 
geração de renda e desenvolvimento sustentável. 
Até 2005, o Concurso Banco Real Universidade Solidária constava do aporte de 
R$ 20 mil aos 10 melhores projetos apresentados por IES, para a implementação 
em um prazo entre seis e nove meses. Tais recursos eram consumidos dentro 
de proporções e rubricas específi cas, como compra de materiais de consumo, 
contratação de serviços de terceiros, aquisição de maquinário destinado à execução
Empresa e universidade 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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O Concurso Banco Real Universidade Solidária 
INÍCIO 
Conheça o Concurso Banco Real Universidade Solidária 
do projeto e ajudas de custo para a equipe executora (incluindo aí, bolsas para os 
estudantes envolvidos). 
Em 2006, os projetos selecionados passaram a ter a possibilidade de renovação, 
com novo aporte de recursos fi nanceiros para a continuidade das ações. Esse 
processo tem permitido envolver mais profundamente a UniSol, o BANCO REAL, 
as universidades, as comunidades e as equipes, reforçando os laços de cooperação 
entre os parceiros e potencializando o impacto das ações. 
A edição 2007 do concurso previu a cessão de R$ 40 mil para o apoio de cada 
um dos 10 melhores projetos apresentados, que tiveram o prazo de implementação 
ampliado para 12 meses. 
O edital do concurso também institucionalizou a possibilidade de as iniciativas 
bem-sucedidas pleitearem renovação de apoio por mais 12 meses. 
A opção por promover projetos de médio prazo e com mais recursos revela 
a preocupação do BANCO REAL e da UniSol em potencializar o impacto das 
iniciativas apoiadas, em direção à busca de maior autonomia e empoderamento das 
comunidades. 
Extensão universitária 
Processo educativo, cultural e científi co que articula o ensino e a pesquisa de forma 
indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A 
defi nição adotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária é do fórum Pró-reitores 
das IES públicas – Plano Nacional de Extensão 1997. 
Desenvolvimento sustentável 
Adotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária, a defi nição mais conhecida 
de desenvolvimento sustentável vem do relatório da Comissão Brundtland, em 1987: 
“Garantir o atendimento às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das 
futuras gerações de atender a suas próprias necessidades”. Ela foi concebida como um 
conjunto de ações voltadas à solução, ou no mínimo redução, de grandes problemas de 
ordem econômica, ambiental e social, tais como o esgotamento de recursos naturais, a 
desigualdade social ascendente e o crescimento econômico ilimitado. O desenvolvimento 
é uma ação de parceria entre 
o BANCO REAL e a UniSol. 
sustentável propõe integrar de forma equilibrada os aspectos ambientais, sociais e 
econômicos, em nossas decisões diárias. 
Geração de renda 
O Concurso Banco Real Universidade Solidária apóia projetos que buscam melhores 
condições de renda e trabalho para as comunidades, ao mesmo tempo em que consideram 
os resultados e impactos sociais e ambientais gerados pelas ações dos próprios projetos. 
Ou seja, não se trata de gerar renda a qualquer custo, mas de considerar aspectos como 
o protagonismo dos envolvidos, a autonomia da comunidade, o cuidado com as questões 
ambientais, e que condições são criadas para os resultados do projeto terem impacto no 
longo prazo.
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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INÍCIO 
O município gaúcho de São Luiz Gonzaga possui 37 mil habitantes e está 
situado a 533 quilômetros de Porto Alegre (RS), no noroeste do Estado, na 
famosa região das Missões. A comunidade de Barro Preto é uma das mais pobres 
de São Luiz Gonzaga. 
Desde os anos 70, a região das Missões enfrenta sucessivas mudanças no que 
se refere à economia produtiva e passou a ser uma das que apresentam maior 
desequilíbrio socioeconômico no Rio Grande do Sul. O instituído processo de 
capitalização da atividade agropecuária local é o pivô da situação. 
Há pouco mais de três décadas, a economia das Missões se apoiava na 
agricultura familiar, e essa forma de organização da produção era responsável pela 
maior parte da colheita de soja, milho e trigo e da criação de bovinos e suínos. 
Aos poucos, porém, a agricultura familiar foi sendo substituída pela agropecuária 
orientada para os grandes mercados internos e externos, priorizando o plantio de 
soja e trigo em larga escala. 
Nesse novo modelo, intensifi caram-se a utilização de insumos químicos e de 
agrotóxicos, a mecanização das lavouras e o desmatamento descontrolado. As 
migrações intra e inter-regionais começaram a fazer parte da rotina local, assim 
como a tendência à redução de empregos na agropecuária familiar, ainda hoje 
praticada precariamente por 80% dos agricultores. 
Esse somatório de fatores confi gurou um quadro de empobrecimento acelerado 
da região. O cenário agravou-se, a partir de meados dos anos 90, pelo prolongado 
ciclo de estiagens, quando entre 60% e 70% das safras se perderam. Atualmente, 
ao lado das grandes extensões de cultura de soja e trigo – que se encontram em 
mãos de apenas 20% dos produtores agrícolas –, convivem numerosas famílias de 
baixa renda, sem acesso à educação e aos serviços de saúde. 
A região das Missões enfrenta sucessivas mudanças na economia 
produtiva e passou a ser uma das que apresentam maior 
desequilibrio socioeconômico no Rio Grande do Sul. 
Cenário 
Atrás de potencialidades
Embora as estatísticas ofi ciais para o ano de 2004 situem o município de São 
Luiz Gonzaga no 46º. lugar no Índice de Desenvolvimento Sócio-Econômico 
do Estado (Idese – Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul), 
as pontuações desagregadas por renda, saúde e educação rebaixam o município 
respectivamente às posições 197, 95 e 208 no ranking do Estado. Os efeitos 
nocivos desses indicadores se manifestam sobretudo na população rural, que 
corresponde a aproximadamente 12% da população total. 
São Luiz Gonzaga apresenta, todavia, suas potencialidades e foi nelas que o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente se inspirou. Já em 1994, o 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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“Vimos como eram as máquinas e criamos a ‘maria eugênia’ 
(uma máquina para cortar a palha), e construímos as três 
outras atadeiras de vassouras. Também inventamos as 
agulhas de confecção.” 
Agricultor da comunidade de Barro Preto 
Macrozoneamento Agroecológico do Estado do Rio Grande do Sul, realizado pela 
Secretaria da Agricultura e Abastecimento, indicou a cultura do sorgo “vassoura” 
como alternativa para o desenvolvimento regional. 
A análise levou em conta vários fatores: condições climáticas, características 
do solo, a alta presença de pequenas propriedades (68% dos agricultores possuem 
áreas com até 10 hectares e 25% com menos de 5 hectares), a predominância de 
utilização de métodos rudimentares para a preparação do solo e o plantio (79% 
dos agricultores ainda executam essas tarefas com a ajuda de tração animal) e a 
possibilidade de obtenção de boa produtividade, com duas safras anuais. 
A recomendação governamental foi acolhida pelo escritório municipal da 
Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica de 
Extensão Rural (Emater/RS), que em 2004, cadastrou 17 famílias de Barro 
Preto para o programa Rio Grande do Sul Rural. Desde então, o programa vem 
proporcionando assistência técnica para a identifi cação de alternativas produtivas 
que sejam econômica e ambientalmente sustentáveis, em complementação à 
atividade vigente na região, que é a produção de alfafa para alimentação animal. 
INÍCIO 
Cenário 
A agricultura familiar foi sendo substituída pela 
agropecuária mecanizada e orientada para os 
grandes mercados internos e externos.
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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INÍCIO 
Essas potencialidades também foram reconhecidas pela UERGS que, sob a 
diretriz de contribuir para o desenvolvimento sustentável das vocações regionais, 
incluiu, em 2001, o Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão 
Agroindustrial entre as carreiras oferecidas na Unidade São Luiz Gonzaga. 
A postura institucional da universidade a aproximou naturalmente da Emater e 
de outras instituições que atuam com temas relacionados à agricultura familiar, tais 
como o Sindicato de Trabalhadores Rurais e a Escola Técnica Estadual Cruzeiro 
do Sul. Dessa estreita convivência interinstitucional nasceu o projeto Cuidar de 
Gente e do Meio Ambiente. 
Mas o município possui suas potencialidades, 
e são elas que um conjunto de organizações ativas 
na comunidade busca desenvolver. 
Cenário
Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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INÍCIO 
A comunidade de Barro Preto reúne fatores propícios à implementação de um 
projeto voltado à geração de renda e ao desenvolvimento sustentável. Cerca 
de 70% dos seus moradores têm por volta de 40 anos, o que sugere disposição e 
capacidade física para o trabalho. Noutra vertente, a tradição do associativismo, 
muito viva entre os agricultores locais, representa uma oportunidade para 
a reorganização da economia familiar, assentada no desenvolvimento de 
agroindústrias e no aproveitamento da produção local de leite, aves e suínos. 
Tais características já tinham sido percebidas em 2004, quando, com o apoio da 
Emater, os estudantes e professores do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento 
Rural e Gestão Agroindustrial, e um grupo de agricultores da comunidade de 
Barro Preto, formularam a proposta de intervenção social que seria submetida, 
no ano seguinte, ao Concurso Banco Real Universidade Solidária: constituir uma 
associação para implantar e gerir a agroindústria de vassouras de palha de sorgo na 
região. 
A idéia atraiu, logo de início, 10 das 23 famílias moradoras de Barro Preto, 
gerando grande expectativa especialmente nas mulheres, que vêem na produção 
e comercialização de vassouras uma alternativa de renda para a família, aliada 
à conservação do meio ambiente. Contudo, dois obstáculos precisavam ser 
superados para viabilizar a proposta: desenvolver os laços de solidariedade em 
torno de um empreendimento coletivo – capacitando técnica e gerencialmente os 
agricultores – e mobilizar os recursos fi nanceiros necessários para implementá-lo. 
A participação no Concurso Banco Real Universidade Solidária despontava como 
uma possibilidade de captação de recursos. 
Faixa etária dos moradores e tradição 
do associativismo favoreceram a implementação 
do projeto em Barro Preto.
Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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INÍCIO 
Os objetivos do projeto apresentado se estruturaram em torno da criação 
das condições requeridas para a produção de vassouras de palha de sorgo, 
na perspectiva da geração de renda e do desenvolvimento sustentável. Os 
princípios da agricultura familiar e da economia solidária orientaram o modelo de 
organização da produção. 
As atividades planejadas contemplavam a capacitação da comunidade para o 
trabalho solidário e o cultivo agroecológico do sorgo; a produção das vassouras; 
a identifi cação de mercados e a sensibilização do comércio local e regional, bem 
como de instituições públicas no município, para a compra dos lotes produzidos; 
a criação de um selo de origem do produto, para conquistar a preferência 
dos clientes locais; a ampliação e o fortalecimento dos laços de colaboração 
entre a universidade e outras instituições locais, visando à consolidação do 
empreendimento. 
Como parte de uma iniciativa de extensão universitária, o trabalho também 
englobava, a formação prática dos estudantes envolvidos com a execução do 
projeto e a elaboração de pesquisas e estudos de sistematização do conhecimento 
que estaria sendo gerado na experiência. 
“Alguns (alunos) já se formaram e estão trabalhando com 
sindicatos rurais (ou fazendo) consultoria. Outros foram fazer 
mestrado em extensão rural e desenvolvimento rural. O projeto 
serviu para mostrar campo específico de atuação. Alguns falam 
de formar um grupo para a prestação de serviços específicos 
nessa área.” 
Coordenadora da Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS 
Objetivos do projeto 
• Proporcionar uma alternativa de renda para a comunidade 
rural de Barro Preto. 
• Conscientizar os moradores para a necessidade de cuidar 
do meio ambiente de forma sustentável.
Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente | 1 | 2 | 3 | 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
INÍCIO 
O que é economia solidária? 
A economia solidária surge como alternativa à lógica da 
mercantilização, competição e acumulação que rege a economia 
de mercado. Ela se fundamenta em alguns princípios básicos que 
valorizam as relações de interdependência entre os diferentes 
agentes econômicos (produtores, consumidores, fi nanciadores, 
etc.); o conhecimento empírico e os recursos disponíveis pelos 
setores populares; as dinâmicas de troca e de compartilhamento 
de vivências, conhecimentos, recursos e decisões; o interesse 
coletivo sobre o interesse individual; o trabalho como meio de desenvolvimento pessoal (e não apenas 
como ocupação); a preservação da diversidade cultural e ambiental como fontes de riqueza social. Tais 
princípios se traduzem na constituição de empreendimentos econômicos coletivos e autogeridos – os 
grupos informais de trabalho, as associações econômicas e as cooperativas. 
Desenvolver laços de solidariedade em torno 
de um empreendimento coletivo e mobilizar recursos 
estavam entre os desafios.
implementação do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente a partir 
A de recursos advindos do Concurso Banco Real Universidade Solidária 
envolveu estudantes e professores do 4º e do 5º períodos do Curso de Bacharelado 
em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial e do Curso Superior de 
Tecnologia em Agropecuária – tanto na versão com ênfase em agroindústria 
quanto em sistemas de produção. Cada um dos dois ciclos de apoio assegurou a 
participação de 12 alunos na condição de bolsistas. 
O Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial 
esteve estruturado em oito semestres de meio período, e se dedicava a formar 
profi ssionais para atuar na área da administração rural, capacitados a coordenar, 
planejar e organizar propriedades rurais e agroindustriais, com vistas ao 
desenvolvimento rural sustentável. 
O Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária tem duração de sete 
semestres de meio período. A modalidade, com ênfase em agroindústria, busca 
formar profi ssionais para atuar em diversos segmentos da cadeia agroindustrial, 
habilitando-os a exercer atividades de gestão, planejamento, supervisão, direção 
e execução voltadas para a produção animal e vegetal, para o benefi ciamento e 
controle de matérias-primas agroindustriais, para os processos agroindustriais, para 
a qualidade e segurança de produtos e para as atividades do mercado. O curso com 
ênfase em sistemas de produção tem o objetivo de formar profi ssionais capacitados 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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a viabilizar soluções tecnológicas competitivas para o desenvolvimento da lavoura 
e da pecuária, aumentando a produtividade da cadeia e os interesses sociais da 
região. 
Além da equipe da universidade, o projeto conta com o suporte técnico, 
na condição de parceiros, de profi ssionais da Emater/RS, do Sindicato de 
Trabalhadores Rurais, da Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, do Serviço 
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Associação Comercial e Industrial 
de São Luiz Gonzaga. 
Estudantes 
A participação dos alunos ocorreu mediante a realização de visitas de orientação 
aos agricultores de Barro Preto, realizadas em conjunto com técnicos da Emater. 
A princípio, as visitas ocorriam quinzenalmente e mais tarde passaram a não 
ter periodicidade estabelecida, com os estudantes atendendo aos chamados dos 
agricultores conforme a demanda. 
Para tanto, os estudantes se dividiram em três grupos temáticos – produção, 
gestão e comercialização, responsáveis cada um pelo acompanhamento das 
atividades relacionadas respectivamente à cultura do sorgo e à confecção das 
vassouras; aos procedimentos e rotinas de gestão do empreendimento; e à pesquisa 
de mercado, divulgação do projeto e do produto. 
Metodologia 
Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
INÍCIO 
O projeto envolveu 12 alunos, na condição 
de bolsistas, em cada um dos dois ciclos. 
Estudantes realizaram visitas de orientação 
e prestaram consultoria.
A preparação dos alunos para o exercício da atividade se deu por meio da 
participação em reuniões semanais de planejamento e debate com professores 
da universidade e técnicos da Emater. Os estudantes também acompanharam os 
agricultores em várias ofi cinas de formação destinadas a eles. Os alunos recebiam 
bolsa mensal de R$ 70,00. 
Agricultores 
O acompanhamento recebido dos universitários e dos técnicos da Emater 
privilegiou o desenvolvimento de habilidades técnicas e subjetivas (pessoais) 
dos agricultores, como condição necessária ao alcance de bons resultados e à 
promoção de sua autonomia na gestão da agroindústria. Outros parceiros como o 
Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul 
também deram assessoria ao projeto. 
O processo de capacitação dos agricultores englobou ainda a participação em 
um curso de gestão ministrado pelo Senar e em outro na área de vendas, oferecido 
pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Adicionalmente, os 
agricultores visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo para conhecer a 
operação por completo. 
O processo de capacitação dos agricultores englobou ainda a participação em 
um curso de gestão ministrado pelo Senar e em outro na área de vendas, oferecido 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Adicionalmente, os 
agricultores visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo para conhecer a 
operação por completo. 
Agricultores participaram de cursos e 
visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo. 
Concurso Banco Real Universidade Solidária 
O acompanhamento realizado pelas equipes técnicas do Concurso Banco 
Real Universidade Solidária ao projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
se consumou a partir da análise de relatórios, da realização de quatro visitas 
de campo e de quatro encontros. Tais encontros reuniram, em São Paulo (SP), 
técnicos do BANCO REAL e da UniSol e representantes dos estudantes, 
universidades e das comunidades ligadas ao projeto Cuidar de Gente e do Meio 
Ambiente e a outros projetos apoiados no âmbito do concurso. 
Metodologia 
INÍCIO 
“Outro dia, a comunidade foi fazer uma reunião... Não 
foi difícil organizar a discussão, porque já sabíamos 
como fazer isto.” 
Agricultor da comunidade de Barro Preto 
“Os agricultores têm consciência da necessidade de 
estarem organizados para vencer as dificuldades.” 
Assessor da Emater
Compromisso, participação e formação. Sob esse tripé – e a genuína aliança 
entre professores, alunos e comunidade – se desenrolam as ações do projeto 
Cuidar de Gente e do Meio Ambiente em Barro Preto. 
Uma das primeiras atividades do trabalho ocorreu em setembro de 2005 – pouco 
depois da informação de que o projeto era um dos vencedores do Concurso Banco 
Real Universidade Solidária e antes mesmo de os recursos da premiação serem 
liberados, em novembro seguinte. 
Como parte do processo de capacitação, agricultores e estudantes visitaram uma 
agroindústria de vassouras de sorgo em operação no município de Criciumal (RS). 
A atividade teve o propósito de prover uma formação prática breve aos agricultores 
na produção da matéria-prima e na confecção das vassouras. 
Ali, os agricultores fi zeram contato inicial com as máquinas empregadas na 
produção das vassouras e receberam conselhos valiosos sobre os cuidados que 
devem ser observados no plantio, adubação, controle de pragas, colheita do sorgo e 
armazenamento da palha, bem como na produção e estocagem das vassouras. 
Os estudantes, por sua vez, encontraram na visita a primeira atividade de um 
projeto de extensão universitária que os colocaria verdadeiramente em contato 
com a realidade rural e lhes possibilitaria aproximar o aprendizado acadêmico 
da prática. A partir daquela ação, eles elaboraram uma apostila detalhando os 
aspectos observados e apresentando fotos das máquinas. Mais tarde, com base nas 
observações feitas em campo e nos registros, os agricultores puderam reproduzir 
algumas dessas máquinas e construir outras que os auxiliam no processo industrial. 
O terreno de 4,5 hectares utilizado para o plantio do sorgo foi totalizado pelo 
arrendamento de glebas de quatro diferentes proprietários e todas as famílias 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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agregadas ao projeto trabalharam arduamente 
nos mutirões organizados para retirar as pedras e preparar o solo para a 
semeadura. O empenho dos agricultores também se manifestou na organização 
da agroindústria, que foi inicialmente instalada num galpão cedido por um dos 
associados. Ainda que o espaço apresentasse condições precárias de trabalho, foi a 
solução que estava ao alcance do grupo na fase inaugural do projeto. 
A contribuição dos alunos e professores da UERGS na transferência de 
conhecimentos nas áreas de planejamento, de gestão e de produção deu aos 
agricultores o suporte necessário para a iniciativa evoluir. A participação dos 
Ações 
Um por todos e todos por um 
INÍCIO 
d j b lh d 
Terreno para a produção de sorgo veio do 
arrendamento de glebas e a limpeza da área 
se deu em mutirão.
professores na elaboração e condução do projeto, aportando experiências 
e vivências trazidas de outras universidades e locais de trabalho, além do 
envolvimento e dedicação de todo o corpo de colaboradores da Unidade São Luiz 
Gonzaga, fez toda a diferença nesse sentido. 
No segundo ciclo de apoio do Concurso Banco Real Universidade Solidária, os 
agricultores buscaram caminhos para equacionar a questão do local de produção. 
Um dos associados cedeu um terreno situado na própria comunidade, em regime 
de comodato. Os agricultores construíram um galpão de 120 metros quadrados no 
local, que foi inaugurado em fevereiro de 2008. 
A intenção do projeto de fundar uma associação para implantar e gerir a 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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agroindústria de vassouras de palha de sorgo na região se concretizou em março 
de 2006. A Associação de Produtores de Vassouras de Palha do Barro Preto 
(APVP-BP) foi constituída em assembléia para aprovação dos Estatutos realizada 
concomitantemente ao evento de lançamento da agroindústria, logo após a 
aquisição das primeiras máquinas. 
Estudantes estreitaram contato com a realidade 
O momento foi descrito pelos agricultores como a “concretização do sonho” 
e funcionou como novo estímulo a todos os envolvidos. A confi ança no futuro e 
o empenho pessoal mobilizaram a inventividade do grupo de agricultores, que 
passou a se dedicar a criar inovações tecnológicas – de pequenos instrumentos de 
corte a réplicas de máquinas em uso no mercado. Tais inovações trouxeram ganhos 
signifi cativos nas condições de trabalho, na produtividade e na rentabilidade do 
empreendimento. 
A Prefeitura de São Luiz Gonzaga também está entre os apoiadores do projeto, 
atendendo aos estudantes e agricultores em questões de logística, fornecimento de 
energia, execução de obras e de desenvolvimento da comunidade de Barro Preto. O 
transporte à comunidade de Barro Preto revelava-se um fator crítico para o projeto, 
daí a importância do apoio da prefeitura local para solucionar o problema. 
Ações 
INÍCIO 
rural e puderam aplicar aprendizados 
do universo acadêmico. 
Visita a agroindústria de vassouras serviu 
como formação prática
Aposta no coletivo 
Em sintonia com os princípios da economia solidária, todas as decisões 
relacionadas à concepção do projeto ou à sua implementação foram tomadas 
coletivamente, com o apoio da Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS. Além 
de garantir um bom nível de compromisso e de apropriação de informações, a 
ênfase na aplicação de dinâmicas participativas foi fundamental para desenvolver 
as habilidades de liderança, a criatividade na busca de soluções, os laços de 
solidariedade criados entre os agricultores e entre estes e os demais atores 
envolvidos. 
Outras instituições locais ou com sede no município – tais como o Senar e 
a Associação Comercial e Industrial – contribuíram para a capacitação dos 
agricultores em temas com os quais eles tinham pouca ou nenhuma familiaridade. 
E, mais do que apenas aportar conhecimentos específi cos sobre a produção, o 
gerenciamento do empreendimento ou a comercialização das vassouras – muito 
valorizados pelos agricultores e pelos estudantes –, as atividades formativas 
propiciaram a ampliação de habilidades para a convivência em grupo e o respeito 
às diferenças, além de maior capacidade de transitar em ambientes diversos. 
Pouco habituados a interagir com outros grupos, os agricultores passaram a 
participar de feiras locais e regionais, caso da Feira Internacional de Cooperativas 
(Feicoop), e de um seminário conjugado sobre economia solidária que acontece 
anualmente em Santa Maria (RS). A experiência trouxe nova perspectiva para os 
agricultores, que se viram como parte de um movimento mais amplo, de objetivos 
comuns, e se constituiu em oportunidade para novos contatos e aprendizagens. 
Outra estratégia de destaque na trajetória do projeto foi o amplo envolvimento da 
mídia local e de formadores de opinião para a divulgação do projeto e do produto. 
De fato, ambos se tornaram notícia no cenário regional e passaram a disputar a 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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atenção do jornal e das duas emissoras locais de rádio e a mobilizar o interesse 
da Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga e da prefeitura. Vale 
registrar, também, a participação dos agricultores no desfi le de 7 de Setembro 
de 2005 e em eventos promovidos pela Associação Comercial e Industrial, e o 
lançamento, em março de 2006, do selo de origem do produto. 
Ações 
INÍCIO 
Decisões são tomadas coletivamente.
Ações 
Além da montagem de instalações mais adequadas para abrigar a fabricação 
das vassouras, também constava como desafi o do projeto, em seu segundo ciclo 
de implementação, desbravar novos mercados, intensifi cando a participação da 
associação em feiras e outros eventos de interesse comercial, como fez em cinco 
feiras de negócios na região em 2007. Em 2008, produziu cartazes de divulgação e 
adotou o calendário anual da agroindústria como referência para a difusão do seu 
trabalho. 
Por fi m, um marco recente na estruturação do projeto foi a elaboração do 
regimento interno da APVP-BP, aprovado em assembléia em maio de 2008. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
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INÍCIO 
Linha do tempo 
2007 
Conclusão da implementação 
do segundo ciclo do projeto, 
focado na montagem de 
instalações mais adequadas 
para abrigar a fabricação de 
vassouras e ampliar as vendas. 
2006 
Criação da Associação de 
Produtores de Vassouras 
de Palha do Barro Preto, a 
APVP-BP; colheita de sorgo, 
manufatura de vassouras, 
divulgação e comercialização; 
conclusão do primeiro ciclo 
do projeto. Os bons resultados 
garantiram a renovação do 
apoio, para fi nanciar atividades 
por mais nove meses. 
2005 
Aprovação do projeto 
no Concurso Banco Real 
Universidade Solidária; visita a 
uma agroindústria de vassouras 
de sorgo em Criciumal e 
primeiro plantio; a primeira 
liberação de recursos do 
prêmio para apoiar o projeto 
ocorreu em novembro do 
mesmo ano. 
2004 
Realização de diagnóstico 
socioeconômico das 23 
famílias de agricultores de 
Barro Preto; convite aos 
agricultores para a formulação 
de um projeto de geração 
de renda aproveitando 
suas habilidades e as 
potencialidades da região. 
2008 
Inauguração de galpão próprio 
para a produção das vassouras; 
elaboração e aprovação 
do regimento interno da 
associação.
A implementação do projeto Cuidar de Gente do 
Meio Ambiente, a partir do apoio obtido por meio 
do Concurso Banco Real Universidade Solidária, 
provocou impacto em várias frentes. Conheça os 
principais resultados. 
Agricultores 
• O alto grau de participação dos agricultores desde 
a etapa de formulação do projeto, a premiação pelo 
Concurso Banco Real Universidade Solidária e o 
reconhecimento público da importância do trabalho 
agiram como fatores de fortalecimento da autoestima. 
A notoriedade do trabalho realizado também reforçou 
a identidade grupal, que, somada à elevação da auto-estima, 
impulsionou os agricultores a melhorarem a 
representatividade da comunidade de Barro Preto no 
Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, num 
claro sinal de ampliação de consciência quanto ao 
papel desempenhado pelo grupo na sociedade. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
• Os conhecimentos adquiridos por meio do 
projeto não se restringiram à habilidade técnica de 
manejar uma cultura e um produto com os quais os 
agricultores nunca tinham tido contato. Também 
foram adquiridas habilidades subjetivas como a 
capacidade de trabalhar em grupo e em parceria, 
de respeitar as diferenças, de se comunicar com 
diferentes públicos e defender idéias. 
• A expansão de conhecimentos e habilidades 
contribuiu para o grupo se sentir mais seguro 
diante dos problemas que surgiam e, também, para 
o desenvolvimento da criatividade na busca de 
soluções, as quais, quase sempre, se traduziam no 
pleno aproveitamento dos recursos disponíveis. 
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• No relacionamento com a universidade e com 
outros parceiros, os agricultores aprenderam as 
diversas etapas de gestão de um empreendimento 
altamente verticalizado como a produção e venda 
de vassouras de palha de sorgo: do preparo da terra 
à colheita, do processamento da matéria-prima 
à elaboração do produto fi nal, da montagem do 
sistema de vendas ao gerenciamento, passando pelo 
planejamento e controle de toda a operação e pela 
distribuição de lucros. 
• Atentos às demandas típicas do mercado por 
preço e qualidade, os agricultores melhoraram 
a produtividade do processo de fabricação de 
vassouras de 1 unidade/hora para 4 unidades/hora 
após o primeiro ciclo (2006) do projeto. No início de 
2008, a produtividade era da ordem de 12 unidades/ 
hora. Para atingir tais resultados, os agricultores 
ampliaram a área industrial e se familiarizaram 
melhor com o processo produtivo. A qualidade das 
Resultados 
O ganha-ganha do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
INÍCIO 
Auto-estima, identidade de grupo e 
papel na sociedade 
Aquisição de conhecimentos e habilidades 
requeridas no processo de produção 
Capacidade de gestão do 
empreendimento e de tomar decisões 
de forma autônoma 
Desenvolvimento da criatividade
vassouras também evoluiu e passou a ser controlada 
por um conjunto maior de variáveis, o que se refl etiu 
em maior durabilidade de produto e, portanto, em 
melhores condições para competir no mercado. 
• A produção do sorgo constitui oportunidade 
efetiva de novos negócios para os agricultores de 
Barro Preto, que têm como atividade principal a 
produção de alfafa. O sorgo também produz grãos 
que podem ser destinados à alimentação animal 
e reverter em ganhos extras para os agricultores. 
Além dessa possibilidade, os agricultores esboçam 
alternativas de aproveitamento das sobras da palha na 
fabricação de objetos utilitários ou de uso decorativo 
e, ainda, o início da produção de espécies frutíferas. 
Os primeiros passos concretos nessa direção devem 
ser dados ainda em 2008. Tais possibilidades 
responderiam a duas preocupações: diversifi car a 
produção para ocupar novos nichos no mercado e 
envolver os jovens em alternativas de geração de 
renda. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
• A renda média obtida com a venda das vassouras 
subiu de cerca de R$ 1.000,00/ano por família 
participante do projeto em 2006 para R$ 2.000,00 em 
2007. 
• O projeto ampliou a rede de contatos e de 
relacionamentos permanentes dos agricultores da 
comunidade de Barro Preto, que fi ca situada em área 
isolada. 
Sociedade 
• O projeto contribuiu para o desenvolvimento 
regional, respeitando vocações locais. Agiu, ainda, 
como estímulo à permanência do agricultor no campo, 
reduzindo as chances de migração para a cidade. 
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• O projeto serviu como exemplo bemsucedido 
de associativismo. À luz da experiência, outras 
iniciativas de organização da economia familiar estão 
surgindo com o apoio da prefeitura e das instituições 
de assistência agropecuária. É o caso da produção de 
bolachas, mel e laticínios. 
Universidade 
• Ao formar um “aluno cidadão”, que se interessa e 
se envolve com as questões municipais, a experiência 
de extensão universitária benefi cia também o 
município. Esse ganho se acentua ao se considerar 
que muitos alunos têm origem rural e, após a 
conclusão do curso, permanecem na cidade atuando 
profi ssionalmente. 
• Vencer o Concurso Banco Real Universidade 
Solidária trouxe visibilidade e reconhecimento ao 
trabalho da Unidade São Luiz Gonzaga dentro do 
município e na UERGS. 
Resultados 
INÍCIO 
Melhorias de produção 
e competitividade 
Ampliação do leque de mercados 
Renda dobrada 
Ampliação da rede 
de relacionamentos 
Associativismo e organização 
da economia familiar 
“Aluno cidadão” 
Visibilidade e reconhecimento 
Desenvolvimento regional 
e fixação no campo
• O projeto abriu nova perspectiva de ação para 
a extensão universitária – menos imediatista e 
de resultados mais perenes. Estimulou o debate 
interno sobre o papel da universidade e da 
extensão universitária e sobre a diferenciação entre 
assistencialismo e ações de promoção social. E 
fomentou a formulação de propostas de intervenção 
que contemplam maior participação da comunidade e 
de atores locais em sua implementação. 
• Outras unidades da UERGS também se sentiram 
atraídas a implementar projetos de extensão 
universitária. Sob inspiração da experiência de 
Barro Preto, no primeiro semestre de 2006 a UERGS 
promoveu um ciclo de conferências em suas diversas 
regiões administrativas, estimulando o debate de 
temas relevantes para o desenvolvimento local em 
cada uma delas. 
• A notoriedade do projeto extravasou o universo 
acadêmico, atraindo a atenção de mais atores que, 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
inspirados pela experiência, querem replicá-la 
em outros contextos. As demandas de assessoria 
e colaboração que chegam à Unidade São Luiz 
Gonzaga se originam tanto no próprio município 
como em outros da região, e ampliam a rede de 
relacionamentos e parcerias tão importantes à 
sobrevivência da instituição. 
Experiência inspiradora 
• A repercussão do projeto criou um precedente 
positivo perante as instituições do universo 
acadêmico, infl uenciando na obtenção de apoio a duas 
outras iniciativas da unidade São Luiz Gonzaga junto 
ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co 
e Tecnológico (CNPq) e a uma iniciativa junto à 
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio 
Grande do Sul (Fapergs). 
Novos apoios para a universidade 
• Quatro monografi as sobre a experiência de 
Barro Preto foram elaboradas por estudantes que 
se graduaram entre 2005 e 2006 no Curso de 
Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão 
Agroindustrial 
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Estudantes 
• A participação dos estudantes no projeto é vista 
por professores e alunos como uma expansão de 
horizontes. O trabalho permite buscar as informações 
necessárias para resolver os problemas que surgem, 
aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula 
em situações reais, além de promover a troca de 
experiências. 
• A possibilidade de conhecer de perto a realidade 
que cerca a vida dos agricultores e de formular 
estratégias factíveis para viabilizar o atendimento 
de suas necessidades constituiu uma oportunidade 
para os estudantes experimentarem novos campos 
de atuação profi ssional, a exemplo do trabalho em 
sindicatos rurais ou em consultoria. Inspirado pelas 
vivências em Barro Preto, um grupo de alunos 
ligado ao primeiro ciclo de apoio ao projeto formou, 
em março de 2007, o Grupo de Assessoria em 
Desenvolvimento Célula Missões, uma associação 
sem fi ns lucrativos que apóia a implementação de 
sistemas de organização para a agricultura familiar. 
Resultados 
INÍCIO 
Papel da universidade e da 
extensão universitária 
Universidade debate 
desenvolvimento local 
Ampliação de horizontes 
Maiores possibilidades de atuação 
profissional e de participação social 
Geração de conhecimento
Em pouco mais de dois anos de implementação 
do projeto, agricultores, estudantes, professores e 
assessores externos já foram capazes de identifi car 
diversas aprendizagens a serem consideradas. Elas 
podem ser assim resumidas: 
• O processo de maturação de uma iniciativa de 
geração de renda e desenvolvimento sustentável é 
lento, requer paciência e persistência. Mesmo que 
intangíveis, os resultados iniciais são fundamentais 
para assegurar a continuidade e a consistência dos 
resultados fi nais. 
• A qualidade dos resultados de um empreendimento 
coletivo está diretamente relacionada ao grau de 
compromisso do grupo. Esse compromisso se 
expressa por meio da confi ança de que o grupo é 
capaz de levar o projeto coletivo adiante; de sua 
abertura para trocar experiências, aprender a conviver 
com as diferenças e a respeitar os interesses dos 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
distintos atores que participam e/ou colaboram com o 
projeto; e da persistência diante dos contratempos que 
surgem. 
• A qualidade dos resultados também se associa à 
qualidade da participação de todos os interessados 
nos processos que se relacionam com a organização 
do grupo e a tomada de decisões. As decisões 
requerem a compreensão das situações e a discussão 
das alternativas para enfrentá-las. 
• A situação sobre a qual se vai atuar necessita 
ser bem conhecida. Neste sentido, o diagnóstico 
socioeconômico feito previamente pela UERGS 
e pela Emater representou fator de facilitação na 
identifi cação das famílias participantes do projeto e 
contribuiu para a defi nição da produção de vassouras 
de palha de sorgo como alternativa de geração 
de renda e de desenvolvimento sustentável na 
comunidade de Barro Preto. 
| 1 | 2 | 
• As parcerias e as diferentes modalidades de apoio 
externo precisam ser bem identifi cadas (profi ssionais 
e instituições que conhecem o produto e seu processo 
de produção) e nutridas, a partir de mecanismos 
adequados de troca de informações e coparticipação 
nas decisões. 
• O contato com outros grupos e experiências 
similares amplia os horizontes de conhecimento 
daqueles que estão envolvidos diretamente no 
projeto, contribui para o fortalecimento de sua auto-estima 
e permite sua inserção em movimentos mais 
amplos. Esses efeitos são importantes para projetar 
Aprendizagens 
Descobertas que ajudaram a crescer 
INÍCIO 
A atenção aos resultados 
é essencial desde o início 
Compromisso do grupo também 
é muito importante 
Participação qualificada de todos os 
interessados faz muita diferença 
Um diagnóstico bem feito 
é um bom começo 
Parcerias precisam ser bem 
identificadas e nutridas
uma perspectiva de longo prazo e para evitar o 
encastelamento da experiência em seu território 
original. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
• Em um projeto social, a capacidade de iniciativa 
do grupo apoiado potencializa os recursos fi nanceiros, 
técnicos ou outros aportados, funcionando como 
contrapartida e favorecendo a sustentabilidade 
do empreendimento. Na experiência de Barro 
Preto, essa capacidade se manifestou de várias 
formas: no arrendamento de áreas privadas para 
o plantio coletivo do sorgo; na cessão do galpão 
| 1 | 2 | 
para a instalação da fábrica; na criatividade dos 
agricultores para reproduzir máquinas (aumentando 
a produtividade média na fabricação das vassouras); 
e na tomada de decisão sobre aspectos relacionados 
à distribuição do trabalho segundo as aptidões e a 
repartição dos rendimentos. 
• Poucos recursos, quando bem aplicados, podem 
produzir resultados importantes. Isto signifi ca dizer 
que é necessário planejar a forma de sua utilização, 
o que implica bom nível de conhecimento sobre a 
especifi cidade do produto, de seu processo produtivo 
e de sua comercialização. Para os agricultores de 
Barro Preto, a inexperiência inicial com o plantio 
do sorgo resultou numa produtividade inferior à 
que é possível obter com a tecnologia adotada. Da 
mesma forma, falhas na logística de comercialização 
implicaram fl uxo de saída de produtos menor do que 
se havia estimado. Tais difi culdades foram sendo 
superadas pouco a pouco, a partir da refl exão sobre a 
experiência acumulada. 
Aprendizagens 
INÍCIO 
A abertura ao contato com outros 
grupos e experiências é benéfica 
Capacidade de iniciativa 
é contrapartida esperada 
Planejamento e conhecimento definem 
o sucesso de um projeto
Embora ainda recente, a experiência dos agricultores de Barro Preto já dá 
sinais positivos no que se refere à sua sustentabilidade, a exemplo da introdução 
de aperfeiçoamentos tecnológicos visando maior rentabilidade e do aumento de 
rentabilidade em si. Não obstante isso, o grupo de agricultores identifi ca desafi os 
para a consolidação do caminho que elegeram para a ampliação da renda familiar, 
entre os quais, ganham relevo: 
• A redefi nição das estratégias de comercialização do produto – Na 
percepção de todos os envolvidos no projeto, este é o principal gargalo para a 
sustentabilidade do empreendimento. Sua superação depende de inúmeros fatores 
relacionados à ampliação de mercados, ao aprimoramento das estratégias de 
marketing (visando ao fortalecimento da marca Barro Preto, que é como foram 
chamadas as vassouras) e à melhoria da logística requerida para a regularização 
do ritmo das vendas. Um passo importante para transpor esse desafi o foi a 
participação do grupo de agricultores, em 2007, em um curso de vendas ministrado 
pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Entre os frutos 
colhidos das novas técnicas aprendidas está a conquista da possibilidade de venda 
de vassouras, a partir de 2008, na Ceasa de Porto Alegre. 
• O desenvolvimento da capacidade de planejamento técnico e operacional 
e da gestão do empreendimento – Esse aspecto é particularmente importante 
quando se considera a baixa escolaridade que predomina entre os agricultores 
(quase a totalidade deles nem sequer completou o ensino fundamental) e deve 
contemplar o uso de ferramentas de fácil compreensão e manejo. 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
• A redefi nição dos objetivos e das modalidades de relacionamento com 
as instituições parceiras – Tanto a UERGS como a Emater – os dois principais 
parceiros dos agricultores – manifestam interesse em manter seu apoio ao 
projeto, mas consideram a necessidade de redefi nir os termos nos quais se baseia 
a relação de colaboração, orientando-a objetivamente para a autonomia do 
grupo. Este desafi o pressupõe redefi nir o papel dos alunos no acompanhamento 
do empreendimento, introduzindo, entre outras possibilidades, a modalidade 
de estágio curricular, com geração de produtos específi cos de interesse dos 
agricultores. Implica, também, a consolidação das parcerias comerciais com 
proprietários de estabelecimentos varejistas e dirigentes de órgãos públicos, neste 
último caso, para viabilizar o transporte ao local. 
• O fortalecimento da participação na Rede de Economia Solidária local 
– No curto prazo, o principal benefício se refere ao estreitamento das relações 
de colaboração com outras associações e cooperativas regionais e também com 
potenciais clientes. No longo prazo, a participação em redes como esta tende a 
consolidar a agroindústria como alternativa de renda e de desenvolvimento da 
agricultura familiar. O projeto Cuidar de Gente avança no quesito da participação 
na Rede de Economia Solidária local por meio da integração a uma cooperativa 
dedicada à venda de produtos rurais na região das Missões como iniciativa da 
Emater. 
Desafios de sustentabilidade 
Em busca de soluções para durar 
INÍCIO
Passos e dicas 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
INÍCIO 
O caminho das pedras do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente 
O Que Fazer Itinerário de São Luiz Gonzaga 
1: Identificar claramente 
o interesse das famílias 
integrantes do público-alvo do 
projeto. 
A UERGS realizou contatos com as famílias de Barro Preto. As famílias que demonstraram interesse no projeto 
passaram a constituir o seu grupo-alvo. 
2: Conceber coletivamente o 
projeto. 
A Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS tinha clareza de que o sucesso do projeto dependia do pleno envolvimento 
dos agricultores. Por isso, a sua concepção foi feita coletivamente, em encontros freqüentes. 
3: Capacitar os diretamente 
envolvidos – no caso, os 
agricultores – e fortalecer 
os laços de solidariedade do 
grupo. 
A capacitação em São Luiz Gonzaga acompanhou a etapa de concepção do projeto, introduzindo conceitos e 
informações técnicas e gerenciais. Nos encontros de capacitação, a UERGS adotou metodologias participativas e 
interativas voltadas para o desenvolvimento de habilidades de liderança, de criatividade na busca de soluções, de 
compartilhamento de decisões. 
4: Realizar estudos 
de viabilidade 
econômicofinanceira para o 
empreendimento e de mercado 
para o produto. 
Os estudantes tiveram participação ativa na elaboração desses estudos. 
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Passos e dicas 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
INÍCIO 
5: Conhecer experiências 
similares. 
As visitas técnicas e a participação em feiras e em seminários permitiram que os agricultores aprendessem com a 
experiência de outros grupos similares e evitassem repetir erros. 
6: Estabelecer e estreitar 
parcerias. 
A UERGS mobilizou apoio de um amplo conjunto de instituições, tais como Emater, Associação Comercial e 
Industrial (ACI), Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, prefeitura, Senar e Sindicato de Trabalhadores Rurais. 
Cada uma dessas instituições proporcionou apoio técnico ou político-institucional ao projeto, nas distintas fases 
da produção e da comercialização. 
7: Envolver a mídia. Esta iniciativa foi fundamental para dar visibilidade e criar um ambiente amigável à iniciativa em São Luiz 
Gonzaga. 
8: Manter contato freqüente 
com os agricultores, 
fomentando sua autonomia 
decisória. 
Nos primeiros momentos do projeto, os encontros realizados a cada 15 dias tiveram o propósito de capacitar 
técnica e gerencialmente os agricultores, conceber o próprio projeto e desenvolver o espírito de grupo, 
estimulando-se a prática das decisões coletivas. Esta orientação foi crucial para promover a autonomia do grupo, 
que progressivamente foi demonstrando capacidade crescente de identificar problemas, tomar e implementar 
decisões de forma autônoma. 
9: Divulgar o projeto no 
ambiente acadêmico e 
regional. 
Esta estratégia foi fundamental para dar visibilidade à iniciativa e para estimular o interesse de outras instâncias 
da UERGS e de instituições regionais. Os dois fatores contribuíram para consolidar uma imagem positiva de 
empreendimento de base associativa na região e para difundir as aprendizagens acumuladas. 
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Expediente 
Esta é uma publicação da Diretoria de 
Desenvolvimento Sustentável do BANCO 
REAL elaborada a partir da avaliação de 
resultados do projeto Cuidar de Gente 
e do Meio Ambiente: A Produção 
e Comercialização de Vassouras 
na Comunidade Barro Preto como 
Alternativa, apoiado pelo Concurso Banco 
Real Universidade Solidária no período 
2005-2007. 
BANCO REAL 
Diretoria de Desenvolvimento Sustentável 
Maria Luiza Pinto e Paiva 
Superintendência de Ação Social 
Laura Oltramare 
Coordenação da área de projetos sociais 
Andréa Regina 
Coordenação do Concurso Banco Real 
Universidade Solidária 
Eloisa Martins 
Coordenação do processo de avaliação e 
sistematização 
Andréa Regina 
Fábio Santiago 
Karine Bueno 
Mariana Brunini Suchodolski 
Apoio técnico em avaliação 
Lúcia Peixoto Calil 
(Sal da Terra – Consultoria em 
Desenvolvimento Social Ltda.) 
Eduardo Marino (Caos Consultoria) 
Associação Civil Universidade Solidária 
(UniSol) Superintendência-executiva 
Waldenor Barros Moraes Filho 
Coordenação de projetos 
Daniela Lemos 
Consultoria voluntária 
Luiz Fernando Coelho de Souza 
Waldenor Barros Moraes Filho 
Projeto Cuidar de Gente e do 
Meio Ambiente: A Produção e 
Comercialização de Vassouras na 
Comunidade Barro Preto como 
Alternativa 
Coordenação 
Lucinéia Felipin Woitchunas 
Ana Margarete Rodrigues M. Ferreira 
Ivar Antonio Sartori 
Professores responsáveis 
Ana Margarete Rodrigues M. Ferreira 
Fernanda Leal Leães 
João Tomás Fuhrmeister Biavaschi 
Ivar Antonio Sartori 
Luciano Streck 
Professores colaboradores 
Fernanda Leal Leães 
Wagner Brod Beskow 
Luciano Streck 
Alunado 
Adriane Silva dos Santos 
Alexandra Lisboa 
Alfredo Mighiuti 
Antonia Borque Lopes 
Camila Carvalho Rauber 
A Produção e Comercialização de 
Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa 
Elizandra Antonov 
Gilson Gomes Boaventura dos Santos 
Greissi Deboni Guimarães 
Ilone da Silva Rustick 
Ivan Jacson Preuss 
James Diego Roth 
Jaqueline Mallmann Hass 
Joni Paiani 
José Oto Kieling Klein 
Lúcia Daiane Copetti 
Marcus Vinícius Bolzan 
Maikel Piemiz Zimmermann 
Maria Salkovski Junges 
Marta Maria Schneider 
Nilza Barbosa Shröpfer 
Patrícia Brun da Silva 
Reni Aparecida da Silva Silveira 
Rodrigo Brun 
Roger Kochhann da Silva 
Sinara Teresinha Horn 
Texto original 
Lúcia Peixoto Calil 
(Sal da Terra – Consultoria em 
Desenvolvimento Social Ltda.) 
Edição de textos 
Sandra Mara Costa (Mc&Pop/Mtb 21.399) 
Revisão 
Alfredo Iamauti 
Projeto gráfi co e editoração 
Studio 113 
Fotos 
Paulo Leite 
Agradecimentos 
A todas as pessoas — especialmente 
agricultores, estudantes e professores — 
que participaram do processo de avaliação 
do projeto Cuidar de Gente e do Meio 
Ambiente: A Produção e Comercialização 
de Vassouras na Comunidade Barro Preto 
como Alternativa. 
Agosto de 2008 
Todas as informações que constam 
neste documento refl etem a experiência 
de iniciativas sociais apoiadas ou 
desenvolvidas pelo Banco Real, em 
sintonia com suas práticas para promoção 
do desenvolvimento sustentável. Ao 
replicar esta experiência, alguns resultados 
podem ser diferentes em razão das muitas 
variáveis presentes em projetos sociais, 
bem como das diversas soluções aplicáveis 
a cada projeto. É sempre recomendável o 
envolvimento de especialistas na área de 
desenvolvimento sustentável. 
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Produção de vassouras de sorgo gera renda em comunidade rural

  • 1. Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) Uma universidade e um povoado das Missões gaúchas desbravam as fronteiras da sustentabilidade. Apresentação Empresa e universidade Cenário Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente Metodologia Ações Resultados Aprendizagens Desafios de sustentabilidade Passos e dicas Expediente A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa
  • 2. Dar certo, fazendo a coisa certa, do jeito certo. Inspirado nesse mote, o BANCO REAL tem posto em prática, em compasso crescente, sua maneira de entender sustentabilidade: um modelo de negócio em que todos ganham – a empresa, o indivíduo, a sociedade e o meio ambiente. Princípio de uma sociedade que mantém as características necessárias para um sistema social justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero, a sustentabilidade orienta as ações do Banco em suas diversas áreas. No campo do investimento social, o BANCO REAL busca contribuir para que o Brasil prospere em direção ao desenvolvimento sustentável, favorecendo uma cultura de participação e co-responsabilidade, em favor das comunidades e de causas relevantes para o país. A Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do Banco também é responsável pela gestão do investimento social, e sua atuação é fundamentada na crença de que os indivíduos são agentes de seu próprio desenvolvimento, na necessária sintonia com os interesses legítimos da sociedade e na certeza de que alianças e parcerias potencializam o alcance de resultados. A sistematização do projeto desenvolvido com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) materializa bem esses valores. Chamado de Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa, o projeto da UERGS foi uma das iniciativas vencedoras da 10ª edição do Concurso Banco Real Universidade Solidária. O concurso é uma ação conduzida em parceria entre o BANCO REAL e a Associação Civil Universidade Solidária (UniSol) e visa contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, colocar os conhecimentos adquiridos na universidade a serviço das comunidades pobres e apoiar a extensão universitária. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa O projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente foi desenvolvido na comunidade de Barro Preto, em São Luiz Gonzaga (RS), e trata da estruturação de um empreendimento de produção de vassouras de sorgo como estratégia de geração de renda para melhorar as condições de vida no campo. O trabalho foi submetido a um processo de avaliação qualitativa pelo método de estudo de caso e se distinguiu em critérios como maturidade de resultados e da gestão, foco de atuação, região geográfi ca e potencial de disseminação. O principal objetivo desta publicação é justamente contribuir para o desenvolvimento socioeconômico por meio da sistematização e disseminação de práticas bem-sucedidas. Também é intenção do BANCO REAL induzir refl exão e aprendizado para o aprimoramento dos projetos e da gestão de investimento social do Banco. Apresentação INÍCIO
  • 3. A 10ª edição do Concurso Banco Real Universidade Solidária foi realizada em 2005 e selecionou 10 projetos para serem apoiados. Um deles era proposto pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e se chamou Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa. A comunidade de Barro Preto está situada no município gaúcho de São Luiz Gonzaga (RS), a 20 quilômetros do centro da cidade. O projeto foi executado com verbas do concurso no período de 2005 a 2007. Em 2005, a iniciativa esteve sob a coordenação do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial e, em 2006, do Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária, ambos ligados à Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS. A partir da observação das demandas locais e do aporte de seu conjunto de competências, a universidade estruturou as ações do projeto em torno de dois grandes objetivos: proporcionar uma alternativa de renda para a comunidade rural de Barro Preto e conscientizar os moradores para a necessidade de cuidar do meio ambiente de forma sustentável. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa Projeto de Barro Preto nasceu com dois objetivos: proporcionar uma alternativa de renda para a comunidade rural e conscientizar os moradores para a necessidade de cuidar do meio ambiente de forma sustentável. | 1 | 2 | 3 | 4 | O projeto buscava diminuir o êxodo rural e o desemprego em São Luiz Gonzaga. Para tanto, implementou uma linha de produção de vassouras de palha de sorgo, utensílio que era, até então, adquirido de fornecedores de fora da região.. Produção de vassouras de palha de sorgo foi indicada, pois partia de matéria-prima de fácil cultivo, para a fabricação de item adquirido fora da região. O sorgo é uma planta que não exige grandes extensões de terra para cultivo, não é suscetível a doenças ou pragas e se mostra economicamente viável em pequenas propriedades. Na comunidade de Barro Preto, predominam propriedades com área inferior a 10 hectares que operam em sistema de agricultura familiar. A intenção de promover alternativas de geração de renda para os agricultores de Barro Preto surgiu dentro da UERGS no primeiro semestre de 2004, com a realização de um diagnóstico socioeconômico das 23 famílias que ali residiam. O levantamento foi Empresa e universidade Responsabilidade social em dose dupla INÍCIO t d B t d
  • 4. Empresa e universidade realizado pela disciplina Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários Regionais do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial. O trabalho constatou a necessidade urgente de promover alternativas de renda que pudessem garantir o sustento daquelas famílias. Por meio da seleção na edição 2005 do Concurso Banco Real Universidade Solidária, o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente recebeu apoio de R$ 20 mil do BANCO REAL, para ser implementado em um período de nove meses. Com o objetivo de contribuir para o sucesso e garantir a sustentabilidade dos projetos desenvolvidos em 2005 no âmbito da parceria entre o BANCO REAL e a UniSol, os idealizadores do concurso decidiram não realizar nova edição em 2006. Com base nos resultados alcançados no ano anterior, renovaram o apoio ao projeto da comunidade de Barro Preto por mais nove meses, com um aporte adicional de R$ 20 mil até o fi m de 2007. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | “O projeto expôs a universidade para a região e para fora (da região), e para a própria Reitoria. Foram muito elogiados pela Reitoria. As matérias publicadas no jornal geraram o reconhecimento e deram respeitabilidade à Uergs, antes mesmo de (o projeto) ter resultados concretos. Quando viram que eram vassouras de palha de sorgo (a população) ficou muito contente.” Diretor da Região IV da UERGS INÍCIO O que é agricultura familiar? Sistema produtivo que se baseia no trabalho dos membros de uma família ou de pessoas agregadas em torno do núcleo familiar por relações de parentesco, sem a utilização de mão-de-obra assalariada ou de eventuais colaboradores.
  • 5. Empresa e universidade Conheça o Concurso Banco Real Universidade Solidária A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | INÍCIO O Concurso Banco Real Universidade Solidária é uma ação conduzida em parceria entre o BANCO REAL e a Associação Civil Universidade Solidária (UniSol). A UniSol é uma organização sem fi ns lucrativos de interesse público (Oscip), cuja missão é promover o intercâmbio de conhecimentos entre universidade e comunidade, contribuindo para a formação cidadã de estudantes universitários e para o desenvolvimento social do Brasil. Criado em 1996 com o nome original de Prêmio Real Universidade Solidária, o concurso oferece aos melhores projetos de extensão universitária de Instituições de Ensino Superior (IES) recursos para a sua implementação. Seus principais objetivos são: • Contribuir para a formação cidadã do futuro profi ssional, proporcionando ao estudante, pela prática na comunidade, a oportunidade de rever e trabalhar sistematicamente os conhecimentos adquiridos na universidade. • Colocar conhecimento das IES à disposição das comunidades pobres, de forma a contribuir para a melhoria de suas condições de vida. • Apoiar a extensão universitária, estimulando o intercâmbio de conhecimentos e a inserção na comunidade. O concurso elege as melhores propostas de intervenção de universidades em seus contextos geográfi cos de infl uência, que promovam alternativas de geração de renda e desenvolvimento sustentável. Tais propostas são formuladas por professores efetivos e executadas com a participação de estudantes, organizações comunitárias e parceiros locais. A participação das organizações comunitárias na execução do projeto constitui um dos pilares do concurso. Ela visa garantir que os benefícios do relacionamento com a universidade sejam plenamente apropriados e contribuam, de fato, para o fortalecimento e a sustentabilidade dos empreendimentos desenvolvidos no âmbito do projeto. A perspectiva da sustentabilidade também se expressa na condição de identifi cação e envolvimento de parcerias locais do concurso. Mais do que apontar a necessidade de mobilização de recursos da comunidade – fi nanceiros, materiais, técnicos, institucionais ou de qualquer outra natureza –, tal requisito estimula o comprometimento do setor público e da sociedade civil com o desenvolvimento local e sustentável. Concurso elege as melhores propostas de intervenção das universidades em suas comunidades, que promovam alternativas de geração de renda e desenvolvimento sustentável. Até 2005, o Concurso Banco Real Universidade Solidária constava do aporte de R$ 20 mil aos 10 melhores projetos apresentados por IES, para a implementação em um prazo entre seis e nove meses. Tais recursos eram consumidos dentro de proporções e rubricas específi cas, como compra de materiais de consumo, contratação de serviços de terceiros, aquisição de maquinário destinado à execução
  • 6. Empresa e universidade A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | O Concurso Banco Real Universidade Solidária INÍCIO Conheça o Concurso Banco Real Universidade Solidária do projeto e ajudas de custo para a equipe executora (incluindo aí, bolsas para os estudantes envolvidos). Em 2006, os projetos selecionados passaram a ter a possibilidade de renovação, com novo aporte de recursos fi nanceiros para a continuidade das ações. Esse processo tem permitido envolver mais profundamente a UniSol, o BANCO REAL, as universidades, as comunidades e as equipes, reforçando os laços de cooperação entre os parceiros e potencializando o impacto das ações. A edição 2007 do concurso previu a cessão de R$ 40 mil para o apoio de cada um dos 10 melhores projetos apresentados, que tiveram o prazo de implementação ampliado para 12 meses. O edital do concurso também institucionalizou a possibilidade de as iniciativas bem-sucedidas pleitearem renovação de apoio por mais 12 meses. A opção por promover projetos de médio prazo e com mais recursos revela a preocupação do BANCO REAL e da UniSol em potencializar o impacto das iniciativas apoiadas, em direção à busca de maior autonomia e empoderamento das comunidades. Extensão universitária Processo educativo, cultural e científi co que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A defi nição adotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária é do fórum Pró-reitores das IES públicas – Plano Nacional de Extensão 1997. Desenvolvimento sustentável Adotada pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária, a defi nição mais conhecida de desenvolvimento sustentável vem do relatório da Comissão Brundtland, em 1987: “Garantir o atendimento às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender a suas próprias necessidades”. Ela foi concebida como um conjunto de ações voltadas à solução, ou no mínimo redução, de grandes problemas de ordem econômica, ambiental e social, tais como o esgotamento de recursos naturais, a desigualdade social ascendente e o crescimento econômico ilimitado. O desenvolvimento é uma ação de parceria entre o BANCO REAL e a UniSol. sustentável propõe integrar de forma equilibrada os aspectos ambientais, sociais e econômicos, em nossas decisões diárias. Geração de renda O Concurso Banco Real Universidade Solidária apóia projetos que buscam melhores condições de renda e trabalho para as comunidades, ao mesmo tempo em que consideram os resultados e impactos sociais e ambientais gerados pelas ações dos próprios projetos. Ou seja, não se trata de gerar renda a qualquer custo, mas de considerar aspectos como o protagonismo dos envolvidos, a autonomia da comunidade, o cuidado com as questões ambientais, e que condições são criadas para os resultados do projeto terem impacto no longo prazo.
  • 7. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | INÍCIO O município gaúcho de São Luiz Gonzaga possui 37 mil habitantes e está situado a 533 quilômetros de Porto Alegre (RS), no noroeste do Estado, na famosa região das Missões. A comunidade de Barro Preto é uma das mais pobres de São Luiz Gonzaga. Desde os anos 70, a região das Missões enfrenta sucessivas mudanças no que se refere à economia produtiva e passou a ser uma das que apresentam maior desequilíbrio socioeconômico no Rio Grande do Sul. O instituído processo de capitalização da atividade agropecuária local é o pivô da situação. Há pouco mais de três décadas, a economia das Missões se apoiava na agricultura familiar, e essa forma de organização da produção era responsável pela maior parte da colheita de soja, milho e trigo e da criação de bovinos e suínos. Aos poucos, porém, a agricultura familiar foi sendo substituída pela agropecuária orientada para os grandes mercados internos e externos, priorizando o plantio de soja e trigo em larga escala. Nesse novo modelo, intensifi caram-se a utilização de insumos químicos e de agrotóxicos, a mecanização das lavouras e o desmatamento descontrolado. As migrações intra e inter-regionais começaram a fazer parte da rotina local, assim como a tendência à redução de empregos na agropecuária familiar, ainda hoje praticada precariamente por 80% dos agricultores. Esse somatório de fatores confi gurou um quadro de empobrecimento acelerado da região. O cenário agravou-se, a partir de meados dos anos 90, pelo prolongado ciclo de estiagens, quando entre 60% e 70% das safras se perderam. Atualmente, ao lado das grandes extensões de cultura de soja e trigo – que se encontram em mãos de apenas 20% dos produtores agrícolas –, convivem numerosas famílias de baixa renda, sem acesso à educação e aos serviços de saúde. A região das Missões enfrenta sucessivas mudanças na economia produtiva e passou a ser uma das que apresentam maior desequilibrio socioeconômico no Rio Grande do Sul. Cenário Atrás de potencialidades
  • 8. Embora as estatísticas ofi ciais para o ano de 2004 situem o município de São Luiz Gonzaga no 46º. lugar no Índice de Desenvolvimento Sócio-Econômico do Estado (Idese – Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul), as pontuações desagregadas por renda, saúde e educação rebaixam o município respectivamente às posições 197, 95 e 208 no ranking do Estado. Os efeitos nocivos desses indicadores se manifestam sobretudo na população rural, que corresponde a aproximadamente 12% da população total. São Luiz Gonzaga apresenta, todavia, suas potencialidades e foi nelas que o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente se inspirou. Já em 1994, o A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | “Vimos como eram as máquinas e criamos a ‘maria eugênia’ (uma máquina para cortar a palha), e construímos as três outras atadeiras de vassouras. Também inventamos as agulhas de confecção.” Agricultor da comunidade de Barro Preto Macrozoneamento Agroecológico do Estado do Rio Grande do Sul, realizado pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento, indicou a cultura do sorgo “vassoura” como alternativa para o desenvolvimento regional. A análise levou em conta vários fatores: condições climáticas, características do solo, a alta presença de pequenas propriedades (68% dos agricultores possuem áreas com até 10 hectares e 25% com menos de 5 hectares), a predominância de utilização de métodos rudimentares para a preparação do solo e o plantio (79% dos agricultores ainda executam essas tarefas com a ajuda de tração animal) e a possibilidade de obtenção de boa produtividade, com duas safras anuais. A recomendação governamental foi acolhida pelo escritório municipal da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater/RS), que em 2004, cadastrou 17 famílias de Barro Preto para o programa Rio Grande do Sul Rural. Desde então, o programa vem proporcionando assistência técnica para a identifi cação de alternativas produtivas que sejam econômica e ambientalmente sustentáveis, em complementação à atividade vigente na região, que é a produção de alfafa para alimentação animal. INÍCIO Cenário A agricultura familiar foi sendo substituída pela agropecuária mecanizada e orientada para os grandes mercados internos e externos.
  • 9. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | INÍCIO Essas potencialidades também foram reconhecidas pela UERGS que, sob a diretriz de contribuir para o desenvolvimento sustentável das vocações regionais, incluiu, em 2001, o Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial entre as carreiras oferecidas na Unidade São Luiz Gonzaga. A postura institucional da universidade a aproximou naturalmente da Emater e de outras instituições que atuam com temas relacionados à agricultura familiar, tais como o Sindicato de Trabalhadores Rurais e a Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul. Dessa estreita convivência interinstitucional nasceu o projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente. Mas o município possui suas potencialidades, e são elas que um conjunto de organizações ativas na comunidade busca desenvolver. Cenário
  • 10. Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | INÍCIO A comunidade de Barro Preto reúne fatores propícios à implementação de um projeto voltado à geração de renda e ao desenvolvimento sustentável. Cerca de 70% dos seus moradores têm por volta de 40 anos, o que sugere disposição e capacidade física para o trabalho. Noutra vertente, a tradição do associativismo, muito viva entre os agricultores locais, representa uma oportunidade para a reorganização da economia familiar, assentada no desenvolvimento de agroindústrias e no aproveitamento da produção local de leite, aves e suínos. Tais características já tinham sido percebidas em 2004, quando, com o apoio da Emater, os estudantes e professores do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial, e um grupo de agricultores da comunidade de Barro Preto, formularam a proposta de intervenção social que seria submetida, no ano seguinte, ao Concurso Banco Real Universidade Solidária: constituir uma associação para implantar e gerir a agroindústria de vassouras de palha de sorgo na região. A idéia atraiu, logo de início, 10 das 23 famílias moradoras de Barro Preto, gerando grande expectativa especialmente nas mulheres, que vêem na produção e comercialização de vassouras uma alternativa de renda para a família, aliada à conservação do meio ambiente. Contudo, dois obstáculos precisavam ser superados para viabilizar a proposta: desenvolver os laços de solidariedade em torno de um empreendimento coletivo – capacitando técnica e gerencialmente os agricultores – e mobilizar os recursos fi nanceiros necessários para implementá-lo. A participação no Concurso Banco Real Universidade Solidária despontava como uma possibilidade de captação de recursos. Faixa etária dos moradores e tradição do associativismo favoreceram a implementação do projeto em Barro Preto.
  • 11. Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | INÍCIO Os objetivos do projeto apresentado se estruturaram em torno da criação das condições requeridas para a produção de vassouras de palha de sorgo, na perspectiva da geração de renda e do desenvolvimento sustentável. Os princípios da agricultura familiar e da economia solidária orientaram o modelo de organização da produção. As atividades planejadas contemplavam a capacitação da comunidade para o trabalho solidário e o cultivo agroecológico do sorgo; a produção das vassouras; a identifi cação de mercados e a sensibilização do comércio local e regional, bem como de instituições públicas no município, para a compra dos lotes produzidos; a criação de um selo de origem do produto, para conquistar a preferência dos clientes locais; a ampliação e o fortalecimento dos laços de colaboração entre a universidade e outras instituições locais, visando à consolidação do empreendimento. Como parte de uma iniciativa de extensão universitária, o trabalho também englobava, a formação prática dos estudantes envolvidos com a execução do projeto e a elaboração de pesquisas e estudos de sistematização do conhecimento que estaria sendo gerado na experiência. “Alguns (alunos) já se formaram e estão trabalhando com sindicatos rurais (ou fazendo) consultoria. Outros foram fazer mestrado em extensão rural e desenvolvimento rural. O projeto serviu para mostrar campo específico de atuação. Alguns falam de formar um grupo para a prestação de serviços específicos nessa área.” Coordenadora da Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS Objetivos do projeto • Proporcionar uma alternativa de renda para a comunidade rural de Barro Preto. • Conscientizar os moradores para a necessidade de cuidar do meio ambiente de forma sustentável.
  • 12. Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente | 1 | 2 | 3 | A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa INÍCIO O que é economia solidária? A economia solidária surge como alternativa à lógica da mercantilização, competição e acumulação que rege a economia de mercado. Ela se fundamenta em alguns princípios básicos que valorizam as relações de interdependência entre os diferentes agentes econômicos (produtores, consumidores, fi nanciadores, etc.); o conhecimento empírico e os recursos disponíveis pelos setores populares; as dinâmicas de troca e de compartilhamento de vivências, conhecimentos, recursos e decisões; o interesse coletivo sobre o interesse individual; o trabalho como meio de desenvolvimento pessoal (e não apenas como ocupação); a preservação da diversidade cultural e ambiental como fontes de riqueza social. Tais princípios se traduzem na constituição de empreendimentos econômicos coletivos e autogeridos – os grupos informais de trabalho, as associações econômicas e as cooperativas. Desenvolver laços de solidariedade em torno de um empreendimento coletivo e mobilizar recursos estavam entre os desafios.
  • 13. implementação do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente a partir A de recursos advindos do Concurso Banco Real Universidade Solidária envolveu estudantes e professores do 4º e do 5º períodos do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial e do Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária – tanto na versão com ênfase em agroindústria quanto em sistemas de produção. Cada um dos dois ciclos de apoio assegurou a participação de 12 alunos na condição de bolsistas. O Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial esteve estruturado em oito semestres de meio período, e se dedicava a formar profi ssionais para atuar na área da administração rural, capacitados a coordenar, planejar e organizar propriedades rurais e agroindustriais, com vistas ao desenvolvimento rural sustentável. O Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária tem duração de sete semestres de meio período. A modalidade, com ênfase em agroindústria, busca formar profi ssionais para atuar em diversos segmentos da cadeia agroindustrial, habilitando-os a exercer atividades de gestão, planejamento, supervisão, direção e execução voltadas para a produção animal e vegetal, para o benefi ciamento e controle de matérias-primas agroindustriais, para os processos agroindustriais, para a qualidade e segurança de produtos e para as atividades do mercado. O curso com ênfase em sistemas de produção tem o objetivo de formar profi ssionais capacitados A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | a viabilizar soluções tecnológicas competitivas para o desenvolvimento da lavoura e da pecuária, aumentando a produtividade da cadeia e os interesses sociais da região. Além da equipe da universidade, o projeto conta com o suporte técnico, na condição de parceiros, de profi ssionais da Emater/RS, do Sindicato de Trabalhadores Rurais, da Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Estudantes A participação dos alunos ocorreu mediante a realização de visitas de orientação aos agricultores de Barro Preto, realizadas em conjunto com técnicos da Emater. A princípio, as visitas ocorriam quinzenalmente e mais tarde passaram a não ter periodicidade estabelecida, com os estudantes atendendo aos chamados dos agricultores conforme a demanda. Para tanto, os estudantes se dividiram em três grupos temáticos – produção, gestão e comercialização, responsáveis cada um pelo acompanhamento das atividades relacionadas respectivamente à cultura do sorgo e à confecção das vassouras; aos procedimentos e rotinas de gestão do empreendimento; e à pesquisa de mercado, divulgação do projeto e do produto. Metodologia Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente INÍCIO O projeto envolveu 12 alunos, na condição de bolsistas, em cada um dos dois ciclos. Estudantes realizaram visitas de orientação e prestaram consultoria.
  • 14. A preparação dos alunos para o exercício da atividade se deu por meio da participação em reuniões semanais de planejamento e debate com professores da universidade e técnicos da Emater. Os estudantes também acompanharam os agricultores em várias ofi cinas de formação destinadas a eles. Os alunos recebiam bolsa mensal de R$ 70,00. Agricultores O acompanhamento recebido dos universitários e dos técnicos da Emater privilegiou o desenvolvimento de habilidades técnicas e subjetivas (pessoais) dos agricultores, como condição necessária ao alcance de bons resultados e à promoção de sua autonomia na gestão da agroindústria. Outros parceiros como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e a Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul também deram assessoria ao projeto. O processo de capacitação dos agricultores englobou ainda a participação em um curso de gestão ministrado pelo Senar e em outro na área de vendas, oferecido pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Adicionalmente, os agricultores visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo para conhecer a operação por completo. O processo de capacitação dos agricultores englobou ainda a participação em um curso de gestão ministrado pelo Senar e em outro na área de vendas, oferecido A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Adicionalmente, os agricultores visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo para conhecer a operação por completo. Agricultores participaram de cursos e visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo. Concurso Banco Real Universidade Solidária O acompanhamento realizado pelas equipes técnicas do Concurso Banco Real Universidade Solidária ao projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente se consumou a partir da análise de relatórios, da realização de quatro visitas de campo e de quatro encontros. Tais encontros reuniram, em São Paulo (SP), técnicos do BANCO REAL e da UniSol e representantes dos estudantes, universidades e das comunidades ligadas ao projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente e a outros projetos apoiados no âmbito do concurso. Metodologia INÍCIO “Outro dia, a comunidade foi fazer uma reunião... Não foi difícil organizar a discussão, porque já sabíamos como fazer isto.” Agricultor da comunidade de Barro Preto “Os agricultores têm consciência da necessidade de estarem organizados para vencer as dificuldades.” Assessor da Emater
  • 15. Compromisso, participação e formação. Sob esse tripé – e a genuína aliança entre professores, alunos e comunidade – se desenrolam as ações do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente em Barro Preto. Uma das primeiras atividades do trabalho ocorreu em setembro de 2005 – pouco depois da informação de que o projeto era um dos vencedores do Concurso Banco Real Universidade Solidária e antes mesmo de os recursos da premiação serem liberados, em novembro seguinte. Como parte do processo de capacitação, agricultores e estudantes visitaram uma agroindústria de vassouras de sorgo em operação no município de Criciumal (RS). A atividade teve o propósito de prover uma formação prática breve aos agricultores na produção da matéria-prima e na confecção das vassouras. Ali, os agricultores fi zeram contato inicial com as máquinas empregadas na produção das vassouras e receberam conselhos valiosos sobre os cuidados que devem ser observados no plantio, adubação, controle de pragas, colheita do sorgo e armazenamento da palha, bem como na produção e estocagem das vassouras. Os estudantes, por sua vez, encontraram na visita a primeira atividade de um projeto de extensão universitária que os colocaria verdadeiramente em contato com a realidade rural e lhes possibilitaria aproximar o aprendizado acadêmico da prática. A partir daquela ação, eles elaboraram uma apostila detalhando os aspectos observados e apresentando fotos das máquinas. Mais tarde, com base nas observações feitas em campo e nos registros, os agricultores puderam reproduzir algumas dessas máquinas e construir outras que os auxiliam no processo industrial. O terreno de 4,5 hectares utilizado para o plantio do sorgo foi totalizado pelo arrendamento de glebas de quatro diferentes proprietários e todas as famílias A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | agregadas ao projeto trabalharam arduamente nos mutirões organizados para retirar as pedras e preparar o solo para a semeadura. O empenho dos agricultores também se manifestou na organização da agroindústria, que foi inicialmente instalada num galpão cedido por um dos associados. Ainda que o espaço apresentasse condições precárias de trabalho, foi a solução que estava ao alcance do grupo na fase inaugural do projeto. A contribuição dos alunos e professores da UERGS na transferência de conhecimentos nas áreas de planejamento, de gestão e de produção deu aos agricultores o suporte necessário para a iniciativa evoluir. A participação dos Ações Um por todos e todos por um INÍCIO d j b lh d Terreno para a produção de sorgo veio do arrendamento de glebas e a limpeza da área se deu em mutirão.
  • 16. professores na elaboração e condução do projeto, aportando experiências e vivências trazidas de outras universidades e locais de trabalho, além do envolvimento e dedicação de todo o corpo de colaboradores da Unidade São Luiz Gonzaga, fez toda a diferença nesse sentido. No segundo ciclo de apoio do Concurso Banco Real Universidade Solidária, os agricultores buscaram caminhos para equacionar a questão do local de produção. Um dos associados cedeu um terreno situado na própria comunidade, em regime de comodato. Os agricultores construíram um galpão de 120 metros quadrados no local, que foi inaugurado em fevereiro de 2008. A intenção do projeto de fundar uma associação para implantar e gerir a A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | agroindústria de vassouras de palha de sorgo na região se concretizou em março de 2006. A Associação de Produtores de Vassouras de Palha do Barro Preto (APVP-BP) foi constituída em assembléia para aprovação dos Estatutos realizada concomitantemente ao evento de lançamento da agroindústria, logo após a aquisição das primeiras máquinas. Estudantes estreitaram contato com a realidade O momento foi descrito pelos agricultores como a “concretização do sonho” e funcionou como novo estímulo a todos os envolvidos. A confi ança no futuro e o empenho pessoal mobilizaram a inventividade do grupo de agricultores, que passou a se dedicar a criar inovações tecnológicas – de pequenos instrumentos de corte a réplicas de máquinas em uso no mercado. Tais inovações trouxeram ganhos signifi cativos nas condições de trabalho, na produtividade e na rentabilidade do empreendimento. A Prefeitura de São Luiz Gonzaga também está entre os apoiadores do projeto, atendendo aos estudantes e agricultores em questões de logística, fornecimento de energia, execução de obras e de desenvolvimento da comunidade de Barro Preto. O transporte à comunidade de Barro Preto revelava-se um fator crítico para o projeto, daí a importância do apoio da prefeitura local para solucionar o problema. Ações INÍCIO rural e puderam aplicar aprendizados do universo acadêmico. Visita a agroindústria de vassouras serviu como formação prática
  • 17. Aposta no coletivo Em sintonia com os princípios da economia solidária, todas as decisões relacionadas à concepção do projeto ou à sua implementação foram tomadas coletivamente, com o apoio da Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS. Além de garantir um bom nível de compromisso e de apropriação de informações, a ênfase na aplicação de dinâmicas participativas foi fundamental para desenvolver as habilidades de liderança, a criatividade na busca de soluções, os laços de solidariedade criados entre os agricultores e entre estes e os demais atores envolvidos. Outras instituições locais ou com sede no município – tais como o Senar e a Associação Comercial e Industrial – contribuíram para a capacitação dos agricultores em temas com os quais eles tinham pouca ou nenhuma familiaridade. E, mais do que apenas aportar conhecimentos específi cos sobre a produção, o gerenciamento do empreendimento ou a comercialização das vassouras – muito valorizados pelos agricultores e pelos estudantes –, as atividades formativas propiciaram a ampliação de habilidades para a convivência em grupo e o respeito às diferenças, além de maior capacidade de transitar em ambientes diversos. Pouco habituados a interagir com outros grupos, os agricultores passaram a participar de feiras locais e regionais, caso da Feira Internacional de Cooperativas (Feicoop), e de um seminário conjugado sobre economia solidária que acontece anualmente em Santa Maria (RS). A experiência trouxe nova perspectiva para os agricultores, que se viram como parte de um movimento mais amplo, de objetivos comuns, e se constituiu em oportunidade para novos contatos e aprendizagens. Outra estratégia de destaque na trajetória do projeto foi o amplo envolvimento da mídia local e de formadores de opinião para a divulgação do projeto e do produto. De fato, ambos se tornaram notícia no cenário regional e passaram a disputar a A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | atenção do jornal e das duas emissoras locais de rádio e a mobilizar o interesse da Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga e da prefeitura. Vale registrar, também, a participação dos agricultores no desfi le de 7 de Setembro de 2005 e em eventos promovidos pela Associação Comercial e Industrial, e o lançamento, em março de 2006, do selo de origem do produto. Ações INÍCIO Decisões são tomadas coletivamente.
  • 18. Ações Além da montagem de instalações mais adequadas para abrigar a fabricação das vassouras, também constava como desafi o do projeto, em seu segundo ciclo de implementação, desbravar novos mercados, intensifi cando a participação da associação em feiras e outros eventos de interesse comercial, como fez em cinco feiras de negócios na região em 2007. Em 2008, produziu cartazes de divulgação e adotou o calendário anual da agroindústria como referência para a difusão do seu trabalho. Por fi m, um marco recente na estruturação do projeto foi a elaboração do regimento interno da APVP-BP, aprovado em assembléia em maio de 2008. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa | 1 | 2 | 3 | 4 | INÍCIO Linha do tempo 2007 Conclusão da implementação do segundo ciclo do projeto, focado na montagem de instalações mais adequadas para abrigar a fabricação de vassouras e ampliar as vendas. 2006 Criação da Associação de Produtores de Vassouras de Palha do Barro Preto, a APVP-BP; colheita de sorgo, manufatura de vassouras, divulgação e comercialização; conclusão do primeiro ciclo do projeto. Os bons resultados garantiram a renovação do apoio, para fi nanciar atividades por mais nove meses. 2005 Aprovação do projeto no Concurso Banco Real Universidade Solidária; visita a uma agroindústria de vassouras de sorgo em Criciumal e primeiro plantio; a primeira liberação de recursos do prêmio para apoiar o projeto ocorreu em novembro do mesmo ano. 2004 Realização de diagnóstico socioeconômico das 23 famílias de agricultores de Barro Preto; convite aos agricultores para a formulação de um projeto de geração de renda aproveitando suas habilidades e as potencialidades da região. 2008 Inauguração de galpão próprio para a produção das vassouras; elaboração e aprovação do regimento interno da associação.
  • 19. A implementação do projeto Cuidar de Gente do Meio Ambiente, a partir do apoio obtido por meio do Concurso Banco Real Universidade Solidária, provocou impacto em várias frentes. Conheça os principais resultados. Agricultores • O alto grau de participação dos agricultores desde a etapa de formulação do projeto, a premiação pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária e o reconhecimento público da importância do trabalho agiram como fatores de fortalecimento da autoestima. A notoriedade do trabalho realizado também reforçou a identidade grupal, que, somada à elevação da auto-estima, impulsionou os agricultores a melhorarem a representatividade da comunidade de Barro Preto no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, num claro sinal de ampliação de consciência quanto ao papel desempenhado pelo grupo na sociedade. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa • Os conhecimentos adquiridos por meio do projeto não se restringiram à habilidade técnica de manejar uma cultura e um produto com os quais os agricultores nunca tinham tido contato. Também foram adquiridas habilidades subjetivas como a capacidade de trabalhar em grupo e em parceria, de respeitar as diferenças, de se comunicar com diferentes públicos e defender idéias. • A expansão de conhecimentos e habilidades contribuiu para o grupo se sentir mais seguro diante dos problemas que surgiam e, também, para o desenvolvimento da criatividade na busca de soluções, as quais, quase sempre, se traduziam no pleno aproveitamento dos recursos disponíveis. | 1 | 2 | 3 | • No relacionamento com a universidade e com outros parceiros, os agricultores aprenderam as diversas etapas de gestão de um empreendimento altamente verticalizado como a produção e venda de vassouras de palha de sorgo: do preparo da terra à colheita, do processamento da matéria-prima à elaboração do produto fi nal, da montagem do sistema de vendas ao gerenciamento, passando pelo planejamento e controle de toda a operação e pela distribuição de lucros. • Atentos às demandas típicas do mercado por preço e qualidade, os agricultores melhoraram a produtividade do processo de fabricação de vassouras de 1 unidade/hora para 4 unidades/hora após o primeiro ciclo (2006) do projeto. No início de 2008, a produtividade era da ordem de 12 unidades/ hora. Para atingir tais resultados, os agricultores ampliaram a área industrial e se familiarizaram melhor com o processo produtivo. A qualidade das Resultados O ganha-ganha do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente INÍCIO Auto-estima, identidade de grupo e papel na sociedade Aquisição de conhecimentos e habilidades requeridas no processo de produção Capacidade de gestão do empreendimento e de tomar decisões de forma autônoma Desenvolvimento da criatividade
  • 20. vassouras também evoluiu e passou a ser controlada por um conjunto maior de variáveis, o que se refl etiu em maior durabilidade de produto e, portanto, em melhores condições para competir no mercado. • A produção do sorgo constitui oportunidade efetiva de novos negócios para os agricultores de Barro Preto, que têm como atividade principal a produção de alfafa. O sorgo também produz grãos que podem ser destinados à alimentação animal e reverter em ganhos extras para os agricultores. Além dessa possibilidade, os agricultores esboçam alternativas de aproveitamento das sobras da palha na fabricação de objetos utilitários ou de uso decorativo e, ainda, o início da produção de espécies frutíferas. Os primeiros passos concretos nessa direção devem ser dados ainda em 2008. Tais possibilidades responderiam a duas preocupações: diversifi car a produção para ocupar novos nichos no mercado e envolver os jovens em alternativas de geração de renda. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa • A renda média obtida com a venda das vassouras subiu de cerca de R$ 1.000,00/ano por família participante do projeto em 2006 para R$ 2.000,00 em 2007. • O projeto ampliou a rede de contatos e de relacionamentos permanentes dos agricultores da comunidade de Barro Preto, que fi ca situada em área isolada. Sociedade • O projeto contribuiu para o desenvolvimento regional, respeitando vocações locais. Agiu, ainda, como estímulo à permanência do agricultor no campo, reduzindo as chances de migração para a cidade. | 1 | 2 | 3 | • O projeto serviu como exemplo bemsucedido de associativismo. À luz da experiência, outras iniciativas de organização da economia familiar estão surgindo com o apoio da prefeitura e das instituições de assistência agropecuária. É o caso da produção de bolachas, mel e laticínios. Universidade • Ao formar um “aluno cidadão”, que se interessa e se envolve com as questões municipais, a experiência de extensão universitária benefi cia também o município. Esse ganho se acentua ao se considerar que muitos alunos têm origem rural e, após a conclusão do curso, permanecem na cidade atuando profi ssionalmente. • Vencer o Concurso Banco Real Universidade Solidária trouxe visibilidade e reconhecimento ao trabalho da Unidade São Luiz Gonzaga dentro do município e na UERGS. Resultados INÍCIO Melhorias de produção e competitividade Ampliação do leque de mercados Renda dobrada Ampliação da rede de relacionamentos Associativismo e organização da economia familiar “Aluno cidadão” Visibilidade e reconhecimento Desenvolvimento regional e fixação no campo
  • 21. • O projeto abriu nova perspectiva de ação para a extensão universitária – menos imediatista e de resultados mais perenes. Estimulou o debate interno sobre o papel da universidade e da extensão universitária e sobre a diferenciação entre assistencialismo e ações de promoção social. E fomentou a formulação de propostas de intervenção que contemplam maior participação da comunidade e de atores locais em sua implementação. • Outras unidades da UERGS também se sentiram atraídas a implementar projetos de extensão universitária. Sob inspiração da experiência de Barro Preto, no primeiro semestre de 2006 a UERGS promoveu um ciclo de conferências em suas diversas regiões administrativas, estimulando o debate de temas relevantes para o desenvolvimento local em cada uma delas. • A notoriedade do projeto extravasou o universo acadêmico, atraindo a atenção de mais atores que, A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa inspirados pela experiência, querem replicá-la em outros contextos. As demandas de assessoria e colaboração que chegam à Unidade São Luiz Gonzaga se originam tanto no próprio município como em outros da região, e ampliam a rede de relacionamentos e parcerias tão importantes à sobrevivência da instituição. Experiência inspiradora • A repercussão do projeto criou um precedente positivo perante as instituições do universo acadêmico, infl uenciando na obtenção de apoio a duas outras iniciativas da unidade São Luiz Gonzaga junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) e a uma iniciativa junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Novos apoios para a universidade • Quatro monografi as sobre a experiência de Barro Preto foram elaboradas por estudantes que se graduaram entre 2005 e 2006 no Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial | 1 | 2 | 3 | Estudantes • A participação dos estudantes no projeto é vista por professores e alunos como uma expansão de horizontes. O trabalho permite buscar as informações necessárias para resolver os problemas que surgem, aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula em situações reais, além de promover a troca de experiências. • A possibilidade de conhecer de perto a realidade que cerca a vida dos agricultores e de formular estratégias factíveis para viabilizar o atendimento de suas necessidades constituiu uma oportunidade para os estudantes experimentarem novos campos de atuação profi ssional, a exemplo do trabalho em sindicatos rurais ou em consultoria. Inspirado pelas vivências em Barro Preto, um grupo de alunos ligado ao primeiro ciclo de apoio ao projeto formou, em março de 2007, o Grupo de Assessoria em Desenvolvimento Célula Missões, uma associação sem fi ns lucrativos que apóia a implementação de sistemas de organização para a agricultura familiar. Resultados INÍCIO Papel da universidade e da extensão universitária Universidade debate desenvolvimento local Ampliação de horizontes Maiores possibilidades de atuação profissional e de participação social Geração de conhecimento
  • 22. Em pouco mais de dois anos de implementação do projeto, agricultores, estudantes, professores e assessores externos já foram capazes de identifi car diversas aprendizagens a serem consideradas. Elas podem ser assim resumidas: • O processo de maturação de uma iniciativa de geração de renda e desenvolvimento sustentável é lento, requer paciência e persistência. Mesmo que intangíveis, os resultados iniciais são fundamentais para assegurar a continuidade e a consistência dos resultados fi nais. • A qualidade dos resultados de um empreendimento coletivo está diretamente relacionada ao grau de compromisso do grupo. Esse compromisso se expressa por meio da confi ança de que o grupo é capaz de levar o projeto coletivo adiante; de sua abertura para trocar experiências, aprender a conviver com as diferenças e a respeitar os interesses dos A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa distintos atores que participam e/ou colaboram com o projeto; e da persistência diante dos contratempos que surgem. • A qualidade dos resultados também se associa à qualidade da participação de todos os interessados nos processos que se relacionam com a organização do grupo e a tomada de decisões. As decisões requerem a compreensão das situações e a discussão das alternativas para enfrentá-las. • A situação sobre a qual se vai atuar necessita ser bem conhecida. Neste sentido, o diagnóstico socioeconômico feito previamente pela UERGS e pela Emater representou fator de facilitação na identifi cação das famílias participantes do projeto e contribuiu para a defi nição da produção de vassouras de palha de sorgo como alternativa de geração de renda e de desenvolvimento sustentável na comunidade de Barro Preto. | 1 | 2 | • As parcerias e as diferentes modalidades de apoio externo precisam ser bem identifi cadas (profi ssionais e instituições que conhecem o produto e seu processo de produção) e nutridas, a partir de mecanismos adequados de troca de informações e coparticipação nas decisões. • O contato com outros grupos e experiências similares amplia os horizontes de conhecimento daqueles que estão envolvidos diretamente no projeto, contribui para o fortalecimento de sua auto-estima e permite sua inserção em movimentos mais amplos. Esses efeitos são importantes para projetar Aprendizagens Descobertas que ajudaram a crescer INÍCIO A atenção aos resultados é essencial desde o início Compromisso do grupo também é muito importante Participação qualificada de todos os interessados faz muita diferença Um diagnóstico bem feito é um bom começo Parcerias precisam ser bem identificadas e nutridas
  • 23. uma perspectiva de longo prazo e para evitar o encastelamento da experiência em seu território original. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa • Em um projeto social, a capacidade de iniciativa do grupo apoiado potencializa os recursos fi nanceiros, técnicos ou outros aportados, funcionando como contrapartida e favorecendo a sustentabilidade do empreendimento. Na experiência de Barro Preto, essa capacidade se manifestou de várias formas: no arrendamento de áreas privadas para o plantio coletivo do sorgo; na cessão do galpão | 1 | 2 | para a instalação da fábrica; na criatividade dos agricultores para reproduzir máquinas (aumentando a produtividade média na fabricação das vassouras); e na tomada de decisão sobre aspectos relacionados à distribuição do trabalho segundo as aptidões e a repartição dos rendimentos. • Poucos recursos, quando bem aplicados, podem produzir resultados importantes. Isto signifi ca dizer que é necessário planejar a forma de sua utilização, o que implica bom nível de conhecimento sobre a especifi cidade do produto, de seu processo produtivo e de sua comercialização. Para os agricultores de Barro Preto, a inexperiência inicial com o plantio do sorgo resultou numa produtividade inferior à que é possível obter com a tecnologia adotada. Da mesma forma, falhas na logística de comercialização implicaram fl uxo de saída de produtos menor do que se havia estimado. Tais difi culdades foram sendo superadas pouco a pouco, a partir da refl exão sobre a experiência acumulada. Aprendizagens INÍCIO A abertura ao contato com outros grupos e experiências é benéfica Capacidade de iniciativa é contrapartida esperada Planejamento e conhecimento definem o sucesso de um projeto
  • 24. Embora ainda recente, a experiência dos agricultores de Barro Preto já dá sinais positivos no que se refere à sua sustentabilidade, a exemplo da introdução de aperfeiçoamentos tecnológicos visando maior rentabilidade e do aumento de rentabilidade em si. Não obstante isso, o grupo de agricultores identifi ca desafi os para a consolidação do caminho que elegeram para a ampliação da renda familiar, entre os quais, ganham relevo: • A redefi nição das estratégias de comercialização do produto – Na percepção de todos os envolvidos no projeto, este é o principal gargalo para a sustentabilidade do empreendimento. Sua superação depende de inúmeros fatores relacionados à ampliação de mercados, ao aprimoramento das estratégias de marketing (visando ao fortalecimento da marca Barro Preto, que é como foram chamadas as vassouras) e à melhoria da logística requerida para a regularização do ritmo das vendas. Um passo importante para transpor esse desafi o foi a participação do grupo de agricultores, em 2007, em um curso de vendas ministrado pela Associação Comercial e Industrial de São Luiz Gonzaga. Entre os frutos colhidos das novas técnicas aprendidas está a conquista da possibilidade de venda de vassouras, a partir de 2008, na Ceasa de Porto Alegre. • O desenvolvimento da capacidade de planejamento técnico e operacional e da gestão do empreendimento – Esse aspecto é particularmente importante quando se considera a baixa escolaridade que predomina entre os agricultores (quase a totalidade deles nem sequer completou o ensino fundamental) e deve contemplar o uso de ferramentas de fácil compreensão e manejo. A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa • A redefi nição dos objetivos e das modalidades de relacionamento com as instituições parceiras – Tanto a UERGS como a Emater – os dois principais parceiros dos agricultores – manifestam interesse em manter seu apoio ao projeto, mas consideram a necessidade de redefi nir os termos nos quais se baseia a relação de colaboração, orientando-a objetivamente para a autonomia do grupo. Este desafi o pressupõe redefi nir o papel dos alunos no acompanhamento do empreendimento, introduzindo, entre outras possibilidades, a modalidade de estágio curricular, com geração de produtos específi cos de interesse dos agricultores. Implica, também, a consolidação das parcerias comerciais com proprietários de estabelecimentos varejistas e dirigentes de órgãos públicos, neste último caso, para viabilizar o transporte ao local. • O fortalecimento da participação na Rede de Economia Solidária local – No curto prazo, o principal benefício se refere ao estreitamento das relações de colaboração com outras associações e cooperativas regionais e também com potenciais clientes. No longo prazo, a participação em redes como esta tende a consolidar a agroindústria como alternativa de renda e de desenvolvimento da agricultura familiar. O projeto Cuidar de Gente avança no quesito da participação na Rede de Economia Solidária local por meio da integração a uma cooperativa dedicada à venda de produtos rurais na região das Missões como iniciativa da Emater. Desafios de sustentabilidade Em busca de soluções para durar INÍCIO
  • 25. Passos e dicas A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa INÍCIO O caminho das pedras do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente O Que Fazer Itinerário de São Luiz Gonzaga 1: Identificar claramente o interesse das famílias integrantes do público-alvo do projeto. A UERGS realizou contatos com as famílias de Barro Preto. As famílias que demonstraram interesse no projeto passaram a constituir o seu grupo-alvo. 2: Conceber coletivamente o projeto. A Unidade São Luiz Gonzaga da UERGS tinha clareza de que o sucesso do projeto dependia do pleno envolvimento dos agricultores. Por isso, a sua concepção foi feita coletivamente, em encontros freqüentes. 3: Capacitar os diretamente envolvidos – no caso, os agricultores – e fortalecer os laços de solidariedade do grupo. A capacitação em São Luiz Gonzaga acompanhou a etapa de concepção do projeto, introduzindo conceitos e informações técnicas e gerenciais. Nos encontros de capacitação, a UERGS adotou metodologias participativas e interativas voltadas para o desenvolvimento de habilidades de liderança, de criatividade na busca de soluções, de compartilhamento de decisões. 4: Realizar estudos de viabilidade econômicofinanceira para o empreendimento e de mercado para o produto. Os estudantes tiveram participação ativa na elaboração desses estudos. | 1 | 2 |
  • 26. Passos e dicas A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa INÍCIO 5: Conhecer experiências similares. As visitas técnicas e a participação em feiras e em seminários permitiram que os agricultores aprendessem com a experiência de outros grupos similares e evitassem repetir erros. 6: Estabelecer e estreitar parcerias. A UERGS mobilizou apoio de um amplo conjunto de instituições, tais como Emater, Associação Comercial e Industrial (ACI), Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, prefeitura, Senar e Sindicato de Trabalhadores Rurais. Cada uma dessas instituições proporcionou apoio técnico ou político-institucional ao projeto, nas distintas fases da produção e da comercialização. 7: Envolver a mídia. Esta iniciativa foi fundamental para dar visibilidade e criar um ambiente amigável à iniciativa em São Luiz Gonzaga. 8: Manter contato freqüente com os agricultores, fomentando sua autonomia decisória. Nos primeiros momentos do projeto, os encontros realizados a cada 15 dias tiveram o propósito de capacitar técnica e gerencialmente os agricultores, conceber o próprio projeto e desenvolver o espírito de grupo, estimulando-se a prática das decisões coletivas. Esta orientação foi crucial para promover a autonomia do grupo, que progressivamente foi demonstrando capacidade crescente de identificar problemas, tomar e implementar decisões de forma autônoma. 9: Divulgar o projeto no ambiente acadêmico e regional. Esta estratégia foi fundamental para dar visibilidade à iniciativa e para estimular o interesse de outras instâncias da UERGS e de instituições regionais. Os dois fatores contribuíram para consolidar uma imagem positiva de empreendimento de base associativa na região e para difundir as aprendizagens acumuladas. | 1 | 2 |
  • 27. Expediente Esta é uma publicação da Diretoria de Desenvolvimento Sustentável do BANCO REAL elaborada a partir da avaliação de resultados do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa, apoiado pelo Concurso Banco Real Universidade Solidária no período 2005-2007. BANCO REAL Diretoria de Desenvolvimento Sustentável Maria Luiza Pinto e Paiva Superintendência de Ação Social Laura Oltramare Coordenação da área de projetos sociais Andréa Regina Coordenação do Concurso Banco Real Universidade Solidária Eloisa Martins Coordenação do processo de avaliação e sistematização Andréa Regina Fábio Santiago Karine Bueno Mariana Brunini Suchodolski Apoio técnico em avaliação Lúcia Peixoto Calil (Sal da Terra – Consultoria em Desenvolvimento Social Ltda.) Eduardo Marino (Caos Consultoria) Associação Civil Universidade Solidária (UniSol) Superintendência-executiva Waldenor Barros Moraes Filho Coordenação de projetos Daniela Lemos Consultoria voluntária Luiz Fernando Coelho de Souza Waldenor Barros Moraes Filho Projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa Coordenação Lucinéia Felipin Woitchunas Ana Margarete Rodrigues M. Ferreira Ivar Antonio Sartori Professores responsáveis Ana Margarete Rodrigues M. Ferreira Fernanda Leal Leães João Tomás Fuhrmeister Biavaschi Ivar Antonio Sartori Luciano Streck Professores colaboradores Fernanda Leal Leães Wagner Brod Beskow Luciano Streck Alunado Adriane Silva dos Santos Alexandra Lisboa Alfredo Mighiuti Antonia Borque Lopes Camila Carvalho Rauber A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa Elizandra Antonov Gilson Gomes Boaventura dos Santos Greissi Deboni Guimarães Ilone da Silva Rustick Ivan Jacson Preuss James Diego Roth Jaqueline Mallmann Hass Joni Paiani José Oto Kieling Klein Lúcia Daiane Copetti Marcus Vinícius Bolzan Maikel Piemiz Zimmermann Maria Salkovski Junges Marta Maria Schneider Nilza Barbosa Shröpfer Patrícia Brun da Silva Reni Aparecida da Silva Silveira Rodrigo Brun Roger Kochhann da Silva Sinara Teresinha Horn Texto original Lúcia Peixoto Calil (Sal da Terra – Consultoria em Desenvolvimento Social Ltda.) Edição de textos Sandra Mara Costa (Mc&Pop/Mtb 21.399) Revisão Alfredo Iamauti Projeto gráfi co e editoração Studio 113 Fotos Paulo Leite Agradecimentos A todas as pessoas — especialmente agricultores, estudantes e professores — que participaram do processo de avaliação do projeto Cuidar de Gente e do Meio Ambiente: A Produção e Comercialização de Vassouras na Comunidade Barro Preto como Alternativa. Agosto de 2008 Todas as informações que constam neste documento refl etem a experiência de iniciativas sociais apoiadas ou desenvolvidas pelo Banco Real, em sintonia com suas práticas para promoção do desenvolvimento sustentável. Ao replicar esta experiência, alguns resultados podem ser diferentes em razão das muitas variáveis presentes em projetos sociais, bem como das diversas soluções aplicáveis a cada projeto. É sempre recomendável o envolvimento de especialistas na área de desenvolvimento sustentável. INÍCIO